Lídia

Isso fica óbvio também na conversa com a ex esposa de Arnold.

Iniciamos a terceira achando que Dolores vai acabar com a humanidade, por se sentir superior e ter raiva. Mas ela se depara com uma humanidade aprisionada em uma gaiola de ouro, como ela e os seus em westworld. Um falso paraíso foi criado, as pessoas não tem mais livre escolha e algumas tem até suas memórias mais traumatizantes apagadas.
Se um Deus da inteligência artificial foi criado Dolores aparece como um Lúcifer da inteligência artificial. É ela que oferece a maçã para Caleb, ou a chama dos deuses de Prometeu (chama essa que simbolicamente representa a chispa mental da consciência/conhecimento que era direito apenas dos Deuses do Olimpo). Ela oferece a saída da gaiola de ouro, uma gaiola confortável para muitos, mas que não tem espaço para aqueles que questionam, os curiosos, os insatisfeitos e divergentes. Mas essa saída custa caro, muito caro, mas é a única chance de mudança, não há nenhuma outra.
O pássaro poderá passar sua vida toda dentro de uma gaiola confortável, viver os 10 anos de sua espécie e depois morrer, mas viver na gaiola lhe custa o voo, ele nunca conhecerá mais nada além daquelas grades. Pode ser que decida voar e morra um dia depois, 1 ano depois ou também so 10 anos depois, pode ser que passe fome e frio, mas também pode ser que encontre comidas deliciosas que nao eram oferecidas na gaiola, viva aventuras incríveis, que conheça os vales do mundo e o céu, além de outros que também decidiram voar. Isso só é possível pela escolha.
E ela dá a escolha para Caleb, algo que o paraíso artificial nunca deu.
Ela não podia libertar uma outra espécie, essa escolha era da espécie, ela só podia oferecer.
Caleb morde a maçã.
“Toda vez que se morde a maçã do conhecimento se é expulso de algum paraíso”

Vi gente reclamando tb que nesse temporada pouco se explorou a transferência mental dos humanos para os hosts e concordo. Mas acredito que isso foi proposital, as cenas de Bernard com a ex esposa de Arnold deixa isso claro para mim.
Ela explica que enquanto o filho dela estiver em sua memória ele continua vivo. Ela decide não se matar pq se o fizesse não haveria ninguém para se lembrar do filho dela. A existência dele seria complementar apagada do mundo. Em uma transferência mental para um host todas as lembranças daquele humano são preservadas, e por consequência todas as pessoas que aquele humano se relacionou também são preservadas, se tornando eternas. É aí que Bernard entende.

Bom, achei a temporada bem boa de um modo geral. Achei que ela ficou mais palatável, mais óbvia e isso não foi necessariamente ruim, vários conceitos filosóficos e até psicanalíticos são jogados ao longo das duas temporadas e isso deixava muita gente perdida. A terceira veio colocando esses conceitos na prática e amarrando essas pontas.
Achei que a Maeve teve uma presença mais fraca do que nas outras em que ela era uma personagem mais central, parece que deram menos minutos de tela pra ela, achei isso uma falha. Fora o ultimo episódio ela se resume a so lutar coitada kkkk
William ficou perdido nessa, mas de qualquer forma já não achava ele um personagem tão necessário para a trama, mas é ruim ver um personagem tão bom subutilizado.
A morte do Serac é muito corrida, o último episódio não foi o melhor da temporada (pra mim foi o 5º trilha sonora impecável). Fiquei até meio confusa sobre como o Rehoboam absorve a Dolores e passa a obedecer o Caleb, a chave do Solomon tava dentro dela então?