entrou pra minha lista de favoritos do cinema nacional. o filme é um prato cheio pra galera de literatura, mas não é cheio de jargão e algumas questões da área são colocadas de forma bem leve e interessante, como a questão da autoria, relação do autor com a edição, a "fronteira desguarnecida" entre vida real e autoficção, literatura engajada e literatura alienada - tudo isso passado por atuações competentes, texto enxuto e direção que não pesou a mão em criar um filme hermético, sempre contrapondo com elementos da própria vida pessoal deles.
Que documentário incrível e salta aos olhos a criatividade desses alunos, apesar dos lares desestruturados, o bullying e os turbilhões da adolescência. Como disseram aí embaixo, coutinho foi o maior entrevistador do Brasil.
Um bom filme, propoe uma boa relação entre o velho e o novo e as novas tecnologias/temáticas de mobilização da juventude. As atuações estão boas, só achei que a edição poderia ter cortado uns vinte minutos do filme. Achei meio arrastado.
Assisti ontem, no Rio, em sessão lotada em sala com 250 pessoas. O filme foi aplaudido de pé. Escrevi um texto no Medium sobre ele:
novo filme de Pedro Almodóvar, aguardado por muitos e anda lotando as salas de cinema por ser o encerramento da trilogia do desejo, iniciada com A lei do desejo e Má Educação. Fazendo incontáveis referências aos dois primeiros filmes, numa aula de economia narrativa potente, Almodóvar explica o porquê de todos os elementos de seu cinema, que o tornaram um dos cineastas mais brilhantes da atualidade, existirem: o trabalho com protagonistas femininas, a relação com a música, as cores, a subversão da Madri dos anos 80, os personagens LGBT, a crítica à Igreja Católica, numa mistura de comédia e drama que, convenientemente, rotularam seu estilo (há uma nuances de discussão entre gênero em estilo em Dolor y Gloria) com o nome mundialmente famoso, e não é o álbum da Lorde, de melodrama.
“Dolor y Gloria” é uma autoficção, segundo Almodóvar claramente pensando na escritura de roteiro— mas a execução acabou sendo o seu filme mais autobiográfico e dá para notar claramente o empenho das filmagens: os enquadramentos, o refinamento de alguns closes que se tornam verdadeiros quadros que somente a maturidade consegue pintar. Como disse uma amiga do protagonista: “o filme é o mesmo, seus olhos que mudaram” — e foi inevitável não pensar no seu filme “Abraços partidos”, onde o protagonista é cego, e a relação do diretor com a questão da visão, seja física ou com o ganho de maturidade.
A película gira ao redor de Salvador Mallo (interpretada na atuação da vida de Antonio Banderas), cineasta famoso e influente, cujo primeiro filme, Sabor, foi restaurado por uma Filmateca por ser considerado um clássico e será reexibido ao público em uma sessão em que ele deveria encerrar com um bate-papo junto ao enfant terrible Alberto, seu primeiro protagonista com quem rompeu relações após rodar o longo devido ao vício em heroína ter, na visão de Salvador, prejudicado a atuação de Alberto, que prometera estar limpo enquanto estivesse atuando. Interessante notar que a heroína era a droga em voga na Espanha quando Almodóvar começou seu trabalho como cineasta, provavelmente tendo conhecido vários atores que faziam uso da droaga e aqui ele retoma essa substância como a segunda protagonista do filme, quase igualando-a a um fármaco — mas essa ilusão não passou despercebida aos olhares mais atentos, como falarei mais adiante.
A partir desse caldo de cultura, Salvador entra em um fluxo de consciência em que ele reflete sua própria vida, sua obra, seus incontáveis problemas de saúde, a relação com antigos amigos, amantes e com os pais em uma infância pobre morando numa caverna num vilarejo espanhol e sua própria experiência com a heroína como uma forma, não de se livrar das dores de seus problemas de saúde, como ficou explícito, mas como uma forma de se reconectar com um ex-amor do passado(a verdadeira experiência) que retorna, a um encontro com Salvador, de um auto-exílio afim de se desintoxicar do abuso da mesma substância. Além de tudo, Salvador passa por uma fase que é considerada uma segunda morte para verdadeiros artistas: o bloqueio criativo — que o próprio Almodóvar admitiu ter passado antes, durante e depois de seu último filme, Julieta.
As cenas mais sublimes de Dolor y Gloria, capazes de arrancar lágrimas, são protagonizadas por Penelope Cruz (interpretando a mãe do cineasta quando jovem) e o ator mirim que encarna já a complexidade de um Salvador adulto, mas ainda na infância. São nessas cenas em que se percebe melhor as nuances do protagonista: o interesse sexual pelo mesmo gênero, na emblemática cena em que desmaia frente a um homem nu, frente ao primeiro desejo (nome da película que Salvador roda e referência ao primeiro filme da trilogia, A lei do desejo) o asco pela Igreja ao ser obrigado a entrar em um seminário de padres por ser o único lugar onde poderia ser educado com bolsa de estudos — Almodóvar retrataria a experiência em estudar em um colégio católico no segundo filme da trilogia, Má Educação, em que aborda o abuso sexual por parte dos padres.
Nas cenas da infância entendemos mais sobre Almodóvar do que sobre Salvador, o que poderia ser uma falha de roteiro se criador e criatura não fossem a mesma pessoa e isso em nenhum momento é escondido do público. Todos os elementos do cinema de Almodóvar, ou quase todos, são explicados nessas cenas no período pré-Madri : o porquê da construção de protagonistas com mulheres fortes (na observação da mãe lavando roupa para fora, no rio, junto com as amigas vizinhas) , a relação do diretor com a trilha sonora (elas cantavam), a razão de usar suas famosas cores, o uso de referências a outras obras cinematográficas e porque existe uma linha muito tênue,em todos os seus filmes, entre o drama e o melodrama.
Com essa nova obra, em que Almodóvar (sempre na pele de Antonio Banderas que usa o figurino do próprio diretor) quebra a quarta parede em diversos momentos para refletir sobre o cinema, o que é criar, o que é a arte e sua relação com ela e a relação dela com o nosso próprio corpo enquanto realidade física e abstrata — dor na coluna e síndrome do pânico, em Salvador — ele entra em uma nova fase de sua carreira. Dolor y Gloria, assim como a fronteira entre o drama e a comédia, entre a dor e a glória, possui (e isso me preocupou) também uma linha muito tênue entre um filme de ponto final em uma carreira pavimentada com os dois adjetivos do título e uma obra de transição de um diretor que tem consciência de sua grandeza, sem soar megalomaníaco como Lars Von Trier, e que está pronto para criar novas películas e que nenhum grande crítico ousa arriscar o estilo ou, ainda, a temática. Há em Dolor y Gloria uma vontade de deixar tudo isso para trás, mas num lugar especial, como as memórias que ficaram de sua mãe.
Em resumo, pois é difícil falar de Dolor y Gloria com a responsabilidade que a obra merece e a responsabilidade de não estragar a experiência com o filme de quem vier a ler esse texto, estou de pleno acordo quando Almodóvar, à epoca da polêmica de outro diretor, Cuarón, lançar um filme de arte diretamente em plataforma de streaming, disse que as mídias digitais são válidas para revisitações de obras audiovisuais — mas a experiência do cinema enquanto potência de imagem, som e experiência coletiva não podem acabar e é preciso pensar em saídas para democratizar o cinema, pois Dolor y Gloria, tenho certeza, só está em cartaz nos bairros mais privilegiados de cada cidade do Brasil.
O cinema é a materialização da arte audiovisual, assim como o papel é a materialização da literatura e, sutilmente, em uma frase que mais gostei, Almodóvar expõe sua relação com as artes. Quando um amigo entra em seu apartamento, repleto de quadros e livros, afirma: “sua casa parece um museu”, ao que Salvador responde: “gastei tudo o que ganhei com esse apartamento”. Para Almodóvar a arte é material, é experiência, é sensorial, não pode ser algo transitório, mas algo que dure e que se possa tocar para que tenha uma realidade própria. Como escritor, não posso, no fim, deixar de destacar o que talvez alguns não tenham percebido, as belas cenas de Salvador (em suas noites insones) com seus livros físicos: ao passo que lia, sublinhava os livros; ao passo que sublinhava, a narração lia o trecho em uma clara alusão de como o próprio Almodóvar se utiliza da literatura para a construção de seus filmes e fonte de influência desde a infância, quando encontrou um livro em uma lixeira — uma justa homenagem a essa forma de arte ainda não vista, com tanta delicadeza, em toda sua filmografia, mas enquanto leitor, não escritor de sua própria vida e roteiros.
Com Dolor y Gloria, Almodóvar encerra (e consagra sua persona e obra no cânone dos grandes cineastas mundiasi) sua trilogia em ordem decrescente de absurdo ao drama, reafirmando que as escolhas humanas são frutos do desejo e que, seguindo uma linha de interpretação freudiana, nossa vida é definida sempre pelo desejo, especialmente o primeiro. O primeiro desejo.
Começa bem, desanda no meio, tenta se erguer da última metade até o final e termina melancólico. Mediano, mas a atuação do Othon segura os pontos, as falhas, tudo.
Sinceramente, nao sei o que a galera viu de tão complicado nesse filme. As pontas são bem amarradas, as atuações são boas, o suspense é crescente, a fotografia é linda - tão acostumados com produções hollywoodanas que estao com olhos viciados!
A galera do Filmow tá um porre! saudades quando isso era underground e geral trocava ideia sem pretensão sobre os filmes. Quando vão entender que não existe nada, propriamente, NOVO? Tudo é releitura de alguma coisa. Esse filme é muito bom! As atuações foram boas - se emocionou, funcionou - o roteiro é inteligente. Ok, um ou dois plots dão pra sacar - mas e daí? isso anula tudo? Tenho certeza que ao menos UM plot ninguém percebeu e veio ler aqui nos comentários, saiam do armário! A direção de arte é muito boa, a locação muito bem escolhida, gostei bastante. Assistam sem medo um bom entretenimento.
Minha Fama de Mau
3.2 123meu deus, que filme fraco, odeio o selo globo em cinebiografias higienizadas e sem o menor cuidado de pesquisa, um desserviço
Entre Nós
3.6 619 Assista Agoraentrou pra minha lista de favoritos do cinema nacional.
o filme é um prato cheio pra galera de literatura, mas não é cheio de jargão e algumas questões da área são colocadas de forma bem leve e interessante, como a questão da autoria, relação do autor com a edição, a "fronteira desguarnecida" entre vida real e autoficção, literatura engajada e literatura alienada - tudo isso passado por atuações competentes, texto enxuto e direção que não pesou a mão em criar um filme hermético, sempre contrapondo com elementos da própria vida pessoal deles.
Sobre Nós
2.8 47que bomba
Primos
2.5 158meh
Havaí
3.7 198ninguém explora tanto a tensão sexual homoerotica como o Berger!
Um Homem Fiel
3.3 59 Assista Agorafilme delicioso!
Obsessão
2.9 482 Assista AgoraCom o quê tu foi se meter, isabelle?
Nós
3.8 2,3K Assista Agorafilmão da porra!
O Unicórnio Assassino
1.5 6 Assista Agoranão aguentei ver esse chernobyl até o fim, ruim que só.
Masculino-Feminino
3.9 159 Assista AgoraDeus, que filme chato.
Nós
3.8 2,3K Assista AgoraBaita filme!
O Reino de Deus
4.1 335fotografia belíssima, de resto.. legalzinho.
Últimas Conversas
4.2 108Que documentário incrível e salta aos olhos a criatividade desses alunos, apesar dos lares desestruturados, o bullying e os turbilhões da adolescência. Como disseram aí embaixo, coutinho foi o maior entrevistador do Brasil.
Democracia em Vertigem
4.1 1,3KVocês vão pagar, e é dobrado, cada lágrima rolada nesse meu penar!
Rasga Coração
3.5 54Um bom filme, propoe uma boa relação entre o velho e o novo e as novas tecnologias/temáticas de mobilização da juventude. As atuações estão boas, só achei que a edição poderia ter cortado uns vinte minutos do filme. Achei meio arrastado.
Destaque para a trilha sonora!
Rastros de um Sequestro
3.8 563 Assista Agoraque plot!
Dor e Glória
4.2 619 Assista AgoraAssisti ontem, no Rio, em sessão lotada em sala com 250 pessoas. O filme foi aplaudido de pé. Escrevi um texto no Medium sobre ele:
novo filme de Pedro Almodóvar, aguardado por muitos e anda lotando as salas de cinema por ser o encerramento da trilogia do desejo, iniciada com A lei do desejo e Má Educação. Fazendo incontáveis referências aos dois primeiros filmes, numa aula de economia narrativa potente, Almodóvar explica o porquê de todos os elementos de seu cinema, que o tornaram um dos cineastas mais brilhantes da atualidade, existirem: o trabalho com protagonistas femininas, a relação com a música, as cores, a subversão da Madri dos anos 80, os personagens LGBT, a crítica à Igreja Católica, numa mistura de comédia e drama que, convenientemente, rotularam seu estilo (há uma nuances de discussão entre gênero em estilo em Dolor y Gloria) com o nome mundialmente famoso, e não é o álbum da Lorde, de melodrama.
“Dolor y Gloria” é uma autoficção, segundo Almodóvar claramente pensando na escritura de roteiro— mas a execução acabou sendo o seu filme mais autobiográfico e dá para notar claramente o empenho das filmagens: os enquadramentos, o refinamento de alguns closes que se tornam verdadeiros quadros que somente a maturidade consegue pintar. Como disse uma amiga do protagonista: “o filme é o mesmo, seus olhos que mudaram” — e foi inevitável não pensar no seu filme “Abraços partidos”, onde o protagonista é cego, e a relação do diretor com a questão da visão, seja física ou com o ganho de maturidade.
A película gira ao redor de Salvador Mallo (interpretada na atuação da vida de Antonio Banderas), cineasta famoso e influente, cujo primeiro filme, Sabor, foi restaurado por uma Filmateca por ser considerado um clássico e será reexibido ao público em uma sessão em que ele deveria encerrar com um bate-papo junto ao enfant terrible Alberto, seu primeiro protagonista com quem rompeu relações após rodar o longo devido ao vício em heroína ter, na visão de Salvador, prejudicado a atuação de Alberto, que prometera estar limpo enquanto estivesse atuando.
Interessante notar que a heroína era a droga em voga na Espanha quando Almodóvar começou seu trabalho como cineasta, provavelmente tendo conhecido vários atores que faziam uso da droaga e aqui ele retoma essa substância como a segunda protagonista do filme, quase igualando-a a um fármaco — mas essa ilusão não passou despercebida aos olhares mais atentos, como falarei mais adiante.
A partir desse caldo de cultura, Salvador entra em um fluxo de consciência em que ele reflete sua própria vida, sua obra, seus incontáveis problemas de saúde, a relação com antigos amigos, amantes e com os pais em uma infância pobre morando numa caverna num vilarejo espanhol e sua própria experiência com a heroína como uma forma, não de se livrar das dores de seus problemas de saúde, como ficou explícito, mas como uma forma de se reconectar com um ex-amor do passado(a verdadeira experiência) que retorna, a um encontro com Salvador, de um auto-exílio afim de se desintoxicar do abuso da mesma substância. Além de tudo, Salvador passa por uma fase que é considerada uma segunda morte para verdadeiros artistas: o bloqueio criativo — que o próprio Almodóvar admitiu ter passado antes, durante e depois de seu último filme, Julieta.
As cenas mais sublimes de Dolor y Gloria, capazes de arrancar lágrimas, são protagonizadas por Penelope Cruz (interpretando a mãe do cineasta quando jovem) e o ator mirim que encarna já a complexidade de um Salvador adulto, mas ainda na infância. São nessas cenas em que se percebe melhor as nuances do protagonista: o interesse sexual pelo mesmo gênero, na emblemática cena em que desmaia frente a um homem nu, frente ao primeiro desejo (nome da película que Salvador roda e referência ao primeiro filme da trilogia, A lei do desejo) o asco pela Igreja ao ser obrigado a entrar em um seminário de padres por ser o único lugar onde poderia ser educado com bolsa de estudos — Almodóvar retrataria a experiência em estudar em um colégio católico no segundo filme da trilogia, Má Educação, em que aborda o abuso sexual por parte dos padres.
Nas cenas da infância entendemos mais sobre Almodóvar do que sobre Salvador, o que poderia ser uma falha de roteiro se criador e criatura não fossem a mesma pessoa e isso em nenhum momento é escondido do público.
Todos os elementos do cinema de Almodóvar, ou quase todos, são explicados nessas cenas no período pré-Madri : o porquê da construção de protagonistas com mulheres fortes (na observação da mãe lavando roupa para fora, no rio, junto com as amigas vizinhas) , a relação do diretor com a trilha sonora (elas cantavam), a razão de usar suas famosas cores, o uso de referências a outras obras cinematográficas e porque existe uma linha muito tênue,em todos os seus filmes, entre o drama e o melodrama.
Com essa nova obra, em que Almodóvar (sempre na pele de Antonio Banderas que usa o figurino do próprio diretor) quebra a quarta parede em diversos momentos para refletir sobre o cinema, o que é criar, o que é a arte e sua relação com ela e a relação dela com o nosso próprio corpo enquanto realidade física e abstrata — dor na coluna e síndrome do pânico, em Salvador — ele entra em uma nova fase de sua carreira.
Dolor y Gloria, assim como a fronteira entre o drama e a comédia, entre a dor e a glória, possui (e isso me preocupou) também uma linha muito tênue entre um filme de ponto final em uma carreira pavimentada com os dois adjetivos do título e uma obra de transição de um diretor que tem consciência de sua grandeza, sem soar megalomaníaco como Lars Von Trier, e que está pronto para criar novas películas e que nenhum grande crítico ousa arriscar o estilo ou, ainda, a temática. Há em Dolor y Gloria uma vontade de deixar tudo isso para trás, mas num lugar especial, como as memórias que ficaram de sua mãe.
Em resumo, pois é difícil falar de Dolor y Gloria com a responsabilidade que a obra merece e a responsabilidade de não estragar a experiência com o filme de quem vier a ler esse texto, estou de pleno acordo quando Almodóvar, à epoca da polêmica de outro diretor, Cuarón, lançar um filme de arte diretamente em plataforma de streaming, disse que as mídias digitais são válidas para revisitações de obras audiovisuais — mas a experiência do cinema enquanto potência de imagem, som e experiência coletiva não podem acabar e é preciso pensar em saídas para democratizar o cinema, pois Dolor y Gloria, tenho certeza, só está em cartaz nos bairros mais privilegiados de cada cidade do Brasil.
O cinema é a materialização da arte audiovisual, assim como o papel é a materialização da literatura e, sutilmente, em uma frase que mais gostei, Almodóvar expõe sua relação com as artes. Quando um amigo entra em seu apartamento, repleto de quadros e livros, afirma: “sua casa parece um museu”, ao que Salvador responde: “gastei tudo o que ganhei com esse apartamento”. Para Almodóvar a arte é material, é experiência, é sensorial, não pode ser algo transitório, mas algo que dure e que se possa tocar para que tenha uma realidade própria. Como escritor, não posso, no fim, deixar de destacar o que talvez alguns não tenham percebido, as belas cenas de Salvador (em suas noites insones) com seus livros físicos: ao passo que lia, sublinhava os livros; ao passo que sublinhava, a narração lia o trecho em uma clara alusão de como o próprio Almodóvar se utiliza da literatura para a construção de seus filmes e fonte de influência desde a infância, quando encontrou um livro em uma lixeira — uma justa homenagem a essa forma de arte ainda não vista, com tanta delicadeza, em toda sua filmografia, mas enquanto leitor, não escritor de sua própria vida e roteiros.
Com Dolor y Gloria, Almodóvar encerra (e consagra sua persona e obra no cânone dos grandes cineastas mundiasi) sua trilogia em ordem decrescente de absurdo ao drama, reafirmando que as escolhas humanas são frutos do desejo e que, seguindo uma linha de interpretação freudiana, nossa vida é definida sempre pelo desejo, especialmente o primeiro. O primeiro desejo.
O Assassino de Clovehitch
3.2 262 Assista Agoraassistível
O Paciente - O Caso Tancredo Neves
3.4 65Começa bem, desanda no meio, tenta se erguer da última metade até o final e termina melancólico. Mediano, mas a atuação do Othon segura os pontos, as falhas, tudo.
Poderia Me Perdoar?
3.6 266Que delícia de filme! Como escritor, me identifiquei muito com o drama e até as piadas contra esse mercado. As atuações são deliciosas!
O Conto
4.1 339 Assista Agoraabalado até o ano que vem
Querida Mamãe
2.8 43Nem bom, nem ruim. Ok. Didático. Pra assistir com a família e é isso.
Fantasmas do Passado
3.1 74 Assista AgoraSinceramente, nao sei o que a galera viu de tão complicado nesse filme. As pontas são bem amarradas, as atuações são boas, o suspense é crescente, a fotografia é linda - tão acostumados com produções hollywoodanas que estao com olhos viciados!
É um bom filme e, nem de longe, merece essa nota.
O Segredo de Marrowbone
3.7 433 Assista AgoraA galera do Filmow tá um porre! saudades quando isso era underground e geral trocava ideia sem pretensão sobre os filmes. Quando vão entender que não existe nada, propriamente, NOVO? Tudo é releitura de alguma coisa. Esse filme é muito bom! As atuações foram boas - se emocionou, funcionou - o roteiro é inteligente. Ok, um ou dois plots dão pra sacar - mas e daí? isso anula tudo? Tenho certeza que ao menos UM plot ninguém percebeu e veio ler aqui nos comentários, saiam do armário!
A direção de arte é muito boa, a locação muito bem escolhida, gostei bastante. Assistam sem medo um bom entretenimento.