O inexplicável horror de saber que esta vida é verdadeira.” Fernando Pessoa. O Holocausto. Campos de concentração. Imagens em preto e branco registrando aquilo q é irrepresentável: A bestialidade humanidade levada a cabo, a um ponto extremo. O parque de diversões da morte. Afundar o dedo na ferida da memória. Fazer doer para não esquecer. “Ainda há os que olham sinceramente para estas ruínas como se o velho monstro dos campos estivesse morto por baixo dos escombros…que fingem ter esperança à frente desta imagem que se afasta… como se curasse a peste totalitária. Nós que fingimos acreditar que isto tudo pertence a um único tempo e a um único país e que não olhamos à nossa volta. E que não ouvimos que se grita sem fim.”
A odisseia de um menino em busca da casa de seu amigo para devolver a este um caderno q fora trocado. Um lirismo seco e fabular. Precisão encantatória nos movimentos circulares, nos encontros, na jornada de descoberta de uma espécie de verdade, ou melhor, uma forma poética contida afeita as imagens em expansão sabe-se lá por quais mágicos mecanismos a vida se desenvolve assim como o cinema. Os passos do menino velozes, mas sem rumo certo. Uma busca antes moral, de uma beleza infantil e certeira no modo como apresenta a solidariedade entre dois meninos para além das normas do mundo adulto.
O amor numa sociedade controlada. Distopia aliada a um sarcasmo irônico q põe o dedo na ferida e expõe a fauna humana a suas ridículas premissas e normas sociais. Num futuro próximo ( ou quem sabe já em voga) é proibido ser solteiro. Estes são enviados a um hotel e tem 45 dias para arrumar um companheiro(a). Contudo, tudo é altamente controlado. As emoções não existem. Os sentimentos são regidos por uma absurda normatização. Aqueles q não encontrarem seus pares no tempo estipulado são transformados num animal de sua escolha. Uma naturalização do absurdo. Há um estranho humor q vibra em todas as situações mesmo as mais desesperadoras. Mecanizados e distantes os humanos são uma espécie de robôs a quem falta justamente a peça chamada emoção ainda q esta como se verá é algo q ainda pode escapar ao absurdo controlador de um mundo fechado sobre si mesmo.
Uma espécie de road movie fixo. Uma estrada q se constrói na dificuldade do diálogo com o outro. Apesar das descaradas diferenças de temperamento e em meio ao imenso espaço vazio pontuado por modos diversos de encarar a vida dois homens compartilham suas experiências: A dor de cada um e a felicidade do encontro com o outro naquilo q é comum a condição humana. O deserto, a estrada, a aridez e beleza da paisagem configuram a essência mesma deste filme. Um filme q é leve, belo e gostoso de assistir.
A figura central da trama é o Açougueiro, saído do curta-metragem "Carne", também do diretor Gaspar Noé. Essa criatura violenta, petrificada, fica vagando por labirintos obsessivos repletos de recalques, ódio contra estrangeiros e homossexuais, com a sempre onipresente figura da filha que ele deseja de maneira doentia. O filme cria uma atmosfera hermética onde a loucura crescente da personagem central está sempre aparente, seja nos tons amarelados da fotografia ou na narração em off. A obsessão é narrada como um diário absurdo. Um clássico do cinema moderno, cheio de poesia e fúria.
Um filme alegre, vivaz, colorido, ágil. Belo como o amor. Amores expressos tem a Hong Kong cosmopolita dos anos 90 como cenário e o amor como grande tema. “Quando estamos mais íntimos de alguém, estamos a 0,01 cm de proximidade”. Nada clichê o amor aqui é contado em duas pequenas e excêntricas histórias por entre latas de abacaxi com a data de validade vencidas, em meio a um restaurante de fast food e ao som da canção “california dreaming”. Afeito a uma linguagem próxima ao videoclipe e ao uso de metáforas sutis e delicadas. Uma colagem pop e inusual de elementos urbanos que formam as histórias de encontros e desencontros, começos e partidas, voos e decolagens. Um filme gostoso de se assistir.
Apenas um menino solitário.”Eles não ganham o campeonato desde 1966.Eu perdi aquele jogo, pq nesse dia eu tive o Billy. Oh, quem dera eu nunca o tivesse”. Fundo a solidão é cruel feito a perca de um campeonato, feito a falta de amor, feito o passado q não pode ser mudado.Lirismo sujo e marginal. Billy sai da prisão após cinco anos e quer apenas dar uma mijada, quer apenas descarregar. E telefones são dor e facadas nítidas em mim. O amor é tão bom feito um desencontro, feito um soco, uma porrada, uma adaga afiada cortando os pulsos. Todos precisam de amor. Anotem isso: Todos precisam de amor, Billy.
Amor em fúria. Em pleno êxtase. Amor sob todas as nuances e perigos e delíros do laranja. Um sol amanhecendo/entardecendo. Uma plena forma vibrante e intensa. Música e Fotografia. O instante q passa, o q fica, o q permanece e adentra-se o coração intensamente. No amor todos perdem ou ganham. Forma tátil, visual de um sentido q reverte-se e reverbera num perigoso/delicioso jogo. Um casal. Um apartamento. O encontro dos corpos, das almas. Um filme deslumbrante e arrebatador permeado por um ritmo vibrante da pulsação cardíaca. Os abismos do jogo amoroso. O sentido pleno da expressão eu te amo. “Não importa o q aconteça daqui pra frente pois eu sei q nunca vou te esquecer”.
Eu era como a grama que não seria jamais arrancada”. Fernando Pessoa. Uma espécie de soco, de facada e de riso. O cinza predomina na paisagem e nas pessoas. Tudo é frio, gélido, distante, glacial. Lembrou-me pela temática e pelo modo de apresentá-la o cinema de Roy Andersson. Aqui há tbm um profundo silêncio q pode ser pensado ora como espaço para a reflexão, ora como o vazio. Os personagens vagam, andam, tentam o encontro, o salto ( no abismo) e dão de cara com o nada, com a solidão, com a falta, com a ausência. Deus certamente não veio por estar muito ocupado ou por não existir mesmo. Assim, todos apenas buscam a seu modo torto e desesperado a felicidade. Q por certo tbm não existe completamente. O tom é pessimista, triste e ao q tudo indica não há mesmo esperança nem para nós e nem para eles.
Ó rodas,engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!/ forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!/ em fúria fora e dentro de mim”. Cyberpunk experimental. Um ritmo insano, alucinado. Música industrial. Ruídos estridentes, barulhos agonizantes. Um pesadelo industrial no qual o homem é reduzido/retransformado em máquina, em metal. O lixo industrial encetado/refletido na desumanização pulsante de peças metálicas. Um filme porrada filmado num agressivo preto e branco q confere o tom perturbador desta experiência estética estremecedora.
A violência nossa. Um jogo de matar a ficção de fazer a ficção ser assassinada pela realidade. Mera ficção. Mera realidade. Bem vindos ao jogo! “Você tem ovos para emprestar?” e abre-se uma porta. Loucura? Sadismo? Assim o silêncio brinca de dar tiros. Nada tão gratuito como a realidade. Nada tão insano como a violência.
febre e festa. canção orgíaca e libertária. anarquismo. poesia e sexo. revolução. em preto e branco as cores são mais nítidas. o amor: eneida. "quem foi q disse q poesia não embala. quem foi q disse q poesia não embriaga". som, fúria, soco no estômago. arte indecente. lírica contestação, crítica, poesia em estado puro. brutal diamante. possessão dionisíaca.
Uma espécie de odisseia do vazio ao lugar nenhum. O personagem é um inadaptado, um típico loser desses q caíram fora das chamadas regras sociais: Não estuda, não trabalha, não faz nada. Em suma: Não quer fazer parte do “rebanho” dos q buscam e almejam objetivos nisso a q chamamos de vida. Simplesmente vaga por aí e encontra outros como ele. Essa sensação de vazio, de tédio q irrompe a cada cena dá um tom de total desesperança, de um mundo onde qualquer ação não parece mesmo valer a pena e por isso se muda ainda que sem objetivo algum para outros lugares numa circularidade sem finalidade alguma. Não há uma resposta ou um caminho para onde ser ir. O absurdo e o nonsense são estranhos ao mundo regrado por isso afundamos a deriva feito um improviso no jazz.
Excelente película! Gostei muitíssimo! Penso se tratar de um roteiro inteligente q trabalha com questões polêmicas de modo nada óbvio e essa originalidade dá ao filme um q de peculiar, de coisa q aguça nosso olhar para além da mera aparência. Acredito q se pode entender o título e a obra como um todo como sendo uma metáfora: A região selvagem seria um lugar desconhecido, uma zona fora dos limites do racional, daquilo q podemos compreender e assim se afiguraria de muitos modos: a sexualidade e suas nuances, o preconceito/ machismo, essa mistura de ficção científica com algo q beira o terror aliado ainda ao tom polêmico do prazer sexual sem amarras e neuroses faz do filme para mim algo de excepcional e altamente recomendável.
Noite e Neblina
4.6 207 Assista AgoraO inexplicável horror de saber que esta vida é verdadeira.” Fernando Pessoa. O Holocausto. Campos de concentração. Imagens em preto e branco registrando aquilo q é irrepresentável: A bestialidade humanidade levada a cabo, a um ponto extremo. O parque de diversões da morte. Afundar o dedo na ferida da memória. Fazer doer para não esquecer. “Ainda há os que olham sinceramente para estas ruínas como se o velho monstro dos campos estivesse morto por baixo dos escombros…que fingem ter esperança à frente desta imagem que se afasta… como se curasse a peste totalitária. Nós que fingimos acreditar que isto tudo pertence a um único tempo e a um único país e que não olhamos à nossa volta. E que não ouvimos que se grita sem fim.”
Onde Fica a Casa do Meu Amigo?
4.2 145 Assista AgoraA odisseia de um menino em busca da casa de seu amigo para devolver a este um caderno q fora trocado. Um lirismo seco e fabular. Precisão encantatória nos movimentos circulares, nos encontros, na jornada de descoberta de uma espécie de verdade, ou melhor, uma forma poética contida afeita as imagens em expansão sabe-se lá por quais mágicos mecanismos a vida se desenvolve assim como o cinema. Os passos do menino velozes, mas sem rumo certo. Uma busca antes moral, de uma beleza infantil e certeira no modo como apresenta a solidariedade entre dois meninos para além das normas do mundo adulto.
O Lagosta
3.8 1,5K Assista AgoraO amor numa sociedade controlada. Distopia aliada a um sarcasmo irônico q põe o dedo na ferida e expõe a fauna humana a suas ridículas premissas e normas sociais. Num futuro próximo ( ou quem sabe já em voga) é proibido ser solteiro. Estes são enviados a um hotel e tem 45 dias para arrumar um companheiro(a). Contudo, tudo é altamente controlado. As emoções não existem. Os sentimentos são regidos por uma absurda normatização. Aqueles q não encontrarem seus pares no tempo estipulado são transformados num animal de sua escolha. Uma naturalização do absurdo. Há um estranho humor q vibra em todas as situações mesmo as mais desesperadoras. Mecanizados e distantes os humanos são uma espécie de robôs a quem falta justamente a peça chamada emoção ainda q esta como se verá é algo q ainda pode escapar ao absurdo controlador de um mundo fechado sobre si mesmo.
De Qualquer Forma
3.5 5Uma espécie de road movie fixo. Uma estrada q se constrói na dificuldade do diálogo com o outro. Apesar das descaradas diferenças de temperamento e em meio ao imenso espaço vazio pontuado por modos diversos de encarar a vida dois homens compartilham suas experiências: A dor de cada um e a felicidade do encontro com o outro naquilo q é comum a condição humana. O deserto, a estrada, a aridez e beleza da paisagem configuram a essência mesma deste filme. Um filme q é leve, belo e gostoso de assistir.
Sozinho Contra Todos
4.0 313A figura central da trama é o Açougueiro, saído do curta-metragem "Carne", também do diretor Gaspar Noé. Essa criatura violenta, petrificada, fica vagando por labirintos obsessivos repletos de recalques, ódio contra estrangeiros e homossexuais, com a sempre onipresente figura da filha que ele deseja de maneira doentia. O filme cria uma atmosfera hermética onde a loucura crescente da personagem central está sempre aparente, seja nos tons amarelados da fotografia ou na narração em off. A obsessão é narrada como um diário absurdo. Um clássico do cinema moderno, cheio de poesia e fúria.
Amores Expressos
4.2 358 Assista AgoraUm filme alegre, vivaz, colorido, ágil. Belo como o amor. Amores expressos tem a Hong Kong cosmopolita dos anos 90 como cenário e o amor como grande tema. “Quando estamos mais íntimos de alguém, estamos a 0,01 cm de proximidade”. Nada clichê o amor aqui é contado em duas pequenas e excêntricas histórias por entre latas de abacaxi com a data de validade vencidas, em meio a um restaurante de fast food e ao som da canção “california dreaming”. Afeito a uma linguagem próxima ao videoclipe e ao uso de metáforas sutis e delicadas. Uma colagem pop e inusual de elementos urbanos que formam as histórias de encontros e desencontros, começos e partidas, voos e decolagens. Um filme gostoso de se assistir.
Buffalo '66
4.1 304 Assista AgoraApenas um menino solitário.”Eles não ganham o campeonato desde 1966.Eu perdi aquele jogo, pq nesse dia eu tive o Billy. Oh, quem dera eu nunca o tivesse”. Fundo a solidão é cruel feito a perca de um campeonato, feito a falta de amor, feito o passado q não pode ser mudado.Lirismo sujo e marginal. Billy sai da prisão após cinco anos e quer apenas dar uma mijada, quer apenas descarregar. E telefones são dor e facadas nítidas em mim. O amor é tão bom feito um desencontro, feito um soco, uma porrada, uma adaga afiada cortando os pulsos. Todos precisam de amor. Anotem isso: Todos precisam de amor, Billy.
Amor Laranja
3.1 2Amor em fúria. Em pleno êxtase. Amor sob todas as nuances e perigos e delíros do laranja. Um sol amanhecendo/entardecendo. Uma plena forma vibrante e intensa. Música e Fotografia. O instante q passa, o q fica, o q permanece e adentra-se o coração intensamente. No amor todos perdem ou ganham. Forma tátil, visual de um sentido q reverte-se e reverbera num perigoso/delicioso jogo. Um casal. Um apartamento. O encontro dos corpos, das almas. Um filme deslumbrante e arrebatador permeado por um ritmo vibrante da pulsação cardíaca. Os abismos do jogo amoroso. O sentido pleno da expressão eu te amo. “Não importa o q aconteça daqui pra frente pois eu sei q nunca vou te esquecer”.
Baile de Outono
3.6 11Eu era como a grama que não seria jamais arrancada”. Fernando Pessoa. Uma espécie de soco, de facada e de riso. O cinza predomina na paisagem e nas pessoas. Tudo é frio, gélido, distante, glacial. Lembrou-me pela temática e pelo modo de apresentá-la o cinema de Roy Andersson. Aqui há tbm um profundo silêncio q pode ser pensado ora como espaço para a reflexão, ora como o vazio. Os personagens vagam, andam, tentam o encontro, o salto ( no abismo) e dão de cara com o nada, com a solidão, com a falta, com a ausência. Deus certamente não veio por estar muito ocupado ou por não existir mesmo. Assim, todos apenas buscam a seu modo torto e desesperado a felicidade. Q por certo tbm não existe completamente. O tom é pessimista, triste e ao q tudo indica não há mesmo esperança nem para nós e nem para eles.
Tetsuo, o Homem de Ferro
3.7 136Ó rodas,engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!/ forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!/ em fúria fora e dentro de mim”. Cyberpunk experimental. Um ritmo insano, alucinado. Música industrial. Ruídos estridentes, barulhos agonizantes. Um pesadelo industrial no qual o homem é reduzido/retransformado em máquina, em metal. O lixo industrial encetado/refletido na desumanização pulsante de peças metálicas. Um filme porrada filmado num agressivo preto e branco q confere o tom perturbador desta experiência estética estremecedora.
Violência Gratuita
3.8 740 Assista AgoraA violência nossa. Um jogo de matar a ficção de fazer a ficção ser assassinada pela realidade. Mera ficção. Mera realidade. Bem vindos ao jogo! “Você tem ovos para emprestar?” e abre-se uma porta. Loucura? Sadismo? Assim o silêncio brinca de dar tiros. Nada tão gratuito como a realidade. Nada tão insano como a violência.
Febre do Rato
4.0 657febre e festa. canção orgíaca e libertária. anarquismo. poesia e sexo. revolução. em preto e branco as cores são mais nítidas. o amor: eneida. "quem foi q disse q poesia não embala. quem foi q disse q poesia não embriaga". som, fúria, soco no estômago. arte indecente. lírica contestação, crítica, poesia em estado puro. brutal diamante. possessão dionisíaca.
Férias Permanentes
3.6 57 Assista AgoraUma espécie de odisseia do vazio ao lugar nenhum. O personagem é um inadaptado, um típico loser desses q caíram fora das chamadas regras sociais: Não estuda, não trabalha, não faz nada. Em suma: Não quer fazer parte do “rebanho” dos q buscam e almejam objetivos nisso a q chamamos de vida. Simplesmente vaga por aí e encontra outros como ele. Essa sensação de vazio, de tédio q irrompe a cada cena dá um tom de total desesperança, de um mundo onde qualquer ação não parece mesmo valer a pena e por isso se muda ainda que sem objetivo algum para outros lugares numa circularidade sem finalidade alguma. Não há uma resposta ou um caminho para onde ser ir. O absurdo e o nonsense são estranhos ao mundo regrado por isso afundamos a deriva feito um improviso no jazz.
A Região Selvagem
3.2 52 Assista AgoraExcelente película! Gostei muitíssimo! Penso se tratar de um roteiro inteligente q trabalha com questões polêmicas de modo nada óbvio e essa originalidade dá ao filme um q de peculiar, de coisa q aguça nosso olhar para além da mera aparência. Acredito q se pode entender o título e a obra como um todo como sendo uma metáfora: A região selvagem seria um lugar desconhecido, uma zona fora dos limites do racional, daquilo q podemos compreender e assim se afiguraria de muitos modos: a sexualidade e suas nuances, o preconceito/ machismo, essa mistura de ficção científica com algo q beira o terror aliado ainda ao tom polêmico do prazer sexual sem amarras e neuroses faz do filme para mim algo de excepcional e altamente recomendável.