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Últimas opiniões enviadas

  • Heloisa

    Sound of Metal é uma obra que faz jus ao nome "audiovisual", pois proporciona ao espectador uma experiência imersiva e sensorial através da imagem e, principalmente, do som. Eu diria que é quase um exercício prático de empatia.
    O filme inicia com ruídos do ajuste de som que antecede uma apresentação musical. Então, vemos um homem de cabelos descoloridos, sem camisa, cheio de tatuagens (e a mais visível é uma escrita "Please Kill Me" ao lado de 2 armas no peito) sentado numa bateria e começando a tocá-la. Batidas cada vez mais fortes e violentas formando uma música acelerada numa letra tão densa quanto, sendo cantada por uma mulher de cabelos ruivos. Essa cena de ritmo frenético do show então dá lugar pros mesmos personagens- o protagonista Ruben e a namorada Lou- deitados na cama pela manhã. Plano estático. O total silêncio do despertar. A fotografia utilizando a luz natural do sol e os tons claros do ambiente trazem a leveza que contrapõe à escuridão da noite anterior. Um contraste entre cenas que causa até certa estranheza. Ruben acorda, vê a companheira dormindo (percebemos que ela tem cicatrizes de auto mutilação no braço) e vai preparar o café da manhã. Logo no prólogo, o filme já trabalha com essa dualidade nos fazendo sentir em imagens e sons a destrutividade e a falsa calmaria que acometem os 2 personagens. Até que, em certo momento, Ruben começa a ter dificuldade em ouvir. Nós espectadores somos imersos nesse conflito agoniante do protagonista através de um design de som impecável. As vozes ficando distantes, distorcidas, os lábios movendo sem som, o vácuo sonoro dos ambientes; o ruído adaptando-se ao silêncio. Acho que adaptar é uma palavra bem importante aqui. Adaptar às mudanças bruscas e dolorosas que a vida impõem, a uma nova realidade, a uma nova linguagem e, sobretudo, a uma nova maneira de lidar com a própria destrutividade. O protagonista por meio da perda da audição é obrigado a encarar a si mesmo e a própria capacidade de adaptação. O vazio.

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    Sem música, sem namorada, sem trabalho, sem drogas, enfim, sem todo o externo que ele costumava utilizar como escape para acolher as angústias e as explosões de violência. Uma jornada nada fácil. Então, ele tem a oportunidade de entrar em sintonia com a "quietude" quando começa a frequentar a comunidade para surdos. Um lugar isolado- o que ilustra também o problema da inclusão na sociedade- onde só pessoas surdas podem habitar. Lá Ruben aprende a comunicar por meio da linguagem de sinais. Faz novas amizades. Tenta sentir a música de outras formas. Porém não consegue desconectar da vida anterior à surdez. "Não tem nada para você consertar aqui", diz o criador do projeto, Joe (um homem que ficou surdo na guerra e é ex-alcoolatra) ao protagonista quando percebe a negação de Ruben diante da nova condição. Essa não aceitação faz o protagonista vender tudo e usar o dinheiro para colocar implantes auditivos com a expectativa de recuperar a antiga vida. "Você age como viciado", diz novamente Joe a Ruben após o comunicado sobre a cirurgia. O vício em fugir da realidade imposta, o apego à ilusão de controle de algo incontrolável e o resgaste das seguranças que ajudaram no passado. Só que não dá pra fugir da realidade do sentido. A audição implantada artificialmente que volta numa frequência perturbadora, robótica, metalizada, falhada e nada natural. O fim da relação com Lou devido a transformação inevitável dos personagens. A tentativa de ficar preso numa estrutura de vida já não sustentável gera mais sofrimento.


    Sound of Metal nos leva numa viagem tão sensorial que ficamos sensibilizados junto com o protagonista ao constatar que nada será mesmo como antes. Um trabalho cinematográfico incrível que consegue colocar o espectador dentro das emoções e conflitos de Ruben nesse processo de reabilitação até a total auto aceitação. Apreciar os silêncios que sempre estiveram presentes, mas que ele nunca permitiu ouvir em meio ao caos. Me levou a pensar que a tal "quietude" não é apenas fruto da falta de som, e sim de quando se está plenamente consciente de si mesmo e da realidade.

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  • Heloisa

    Achei de uma sincronicidade enorme Soul ser lançado em 2020. Um ano em que todos os dias o tema da morte nos rondou coletivamente. Quando sentimos o peso da morte, sentimos também a importância da vida. E então qual o sentido de estar vivo? Onde está a nossa alma?
    O filme traz o protagonista Joe Gardner. Joe é um músico extremamente apaixonado por jazz que leciona música para crianças. Soul faz do amor ao jazz e da musicalidade elementos intrínsecos à estrutura da animação, assim como são essenciais na construção do personagem. Do título do filme, roteiro, ambientação, design de produção, design de som à dublagem rítmica(é interessante assistir no idioma original). 
    Joe é insatisfeito com a carreira de professor e tem o sonho de tornar-se famoso, então recebe o convite para tocar na banda de uma musicista renomada. Essa é a oportunidade perfeita e que ele acredita ser o propósito de toda a sua existência. Só que nesse mesmo dia, Joe sofre um acidente.

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    Ele cai dentro de um bueiro e logo em seguida, já transformado em alma, aparece numa imensidão monocromática onde o colorido é somente o azul dos mortos. Todo o tom de realismo dado ao design da animação até então, desaparece. Joe agora é uma alma azul no universo comandado por seres de formas abstratas, e está numa espécie de esteira que leva centenas de almas em direção à grande luz branca e brilhante. Desesperado por entender que aquilo é a morte, Joe foge no sentido contrário e mergulha num abismo preto e branco. Então, os traços da animação assumem um estilo diferente, mais geométricos e como se fossem desenhados por giz branco numa lousa. O protagonista desliza entre essas linhas e formas como se adentrasse numa viagem aterrorizante entre as cordas e teclas de instrumentos musicais sendo tocados até, enfim, cair num lugar onírico de cores pastéis chamado Pré-Vida. Descobre-se que ali almas crianças são preparadas para nascer no mundo. Fingindo ser outra pessoa para fugir do Além Vida e visando voltar à Terra, Joe torna-se mentor da rebelde Alma 22 e tem o trabalho de ajuda-la a preencher o espaço vazio do passe que

    possibilita o nascimento: a missão. Mas a missão seria um propósito? Uma paixão? Uma profissão? Muito interessante como o filme aborda essa questão desconstruindo o conceito capitalista da matéria e de que “produzir muito e ser alguém” é o sentido da vida. Na verdade, quanto mais apegados ao ego e na ilusão de quem somos, mais distantes estamos da nossa verdadeira essência e mais ligados ficamos às ansiedades e angústias. Isso é inserido no filme de maneira bem clara através daqueles personagens monstruosos que vagueiam desconectados deles mesmos (e depois pela própria 22). Já o oposto disso, os heróis que salvam essas almas perdidas, são representados pelos “piratas hippies" que meditam e são o elo entre o universo e a realidade. A saída é o autoconhecimento e assim estar realmente presente no viver. Ou seja, a missão da vida é apreciar cada segundo da existência. Simples assim.
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    Joe precisou da 22, uma alma criança que nunca fora humana anteriormente, para reaprender essa visão mais instintiva e pura sobre a vida (porém muito sábia). Precisou aprender a “jazzar" no improviso que é viver. A paixão pelo piano é bastante importante sim, mas não é a totalidade. É apenas uma parte do que ele é, e quando entendida a real missão, a música foi também um elo com o universo; com o próprio universo. A arte é um instrumento para sentir a alma. E a partir do momento em que o protagonista aceita a morte do "antigo eu", recebe a oportunidade de renascer. Por outro lado, a 22 também precisou de um mentor como Joe para permitir-se

    compreender a beleza -apesar de toda a dureza- da vida. Uma experiência fora do modelo empresarial e mecânico adotado pelo sistema da Escola da Vida. Para então finalmente motivar-se a nascer no mundo. Aprendemos e ensinamos uns aos outros para evoluir.
    Soul é uma animação que trata de temas fortes de maneira delicada e com uma mensagem acolhedora. Foi um grande presente pro meu final de ano.

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  • Heloisa

    O filme é excelente, um suspense muito bem construído, roteiro, direção e com ótimas atuações. Porém quero deixar um aviso pra quem já passou por relações abusivas: o filme tem muito gatilho. Se vc não está bem com isso, evite assistir.
    É uma metáfora para o abuso: o homem pratica a violência contra a mulher mas quem leva a culpa é a vítima. O homem no papel de agressor é invisível para a nossa sociedade. A mulher sofre psicologicamente e fisicamente, quando tenta sair do relacionamento e contar aos outros é desacreditada e tida como louca. A protagonista Cecília de O Homem Invisível percorre essa trajetória tensa e sufocante da libertação do ciclo abusivo.

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  • Filmow
    Filmow

    O Oscar 2017 está logo aí e teremos o nosso tradicional BOLÃO DO OSCAR FILMOW!

    Serão 3 vencedores no Bolão com prêmios da loja Chico Rei para os três participantes que mais acertarem nas categorias da premiação. (O 1º lugar vai ganhar um kit da Chico Rei com 01 camiseta + 01 caneca + 01 almofada; o 2º lugar 01 camiseta da Chico Rei; e o 3º lugar 01 almofada da Chico Rei.)

    Vem participar da brincadeira com a gente, acesse https://filmow.com/bolao-do-oscar/ para votar.
    Boa sorte! :)

    * Lembrando que faremos uma transmissão ao vivo via Facebook e Youtube da Casa Filmow na noite da cerimônia, dia 26 de fevereiro. Confirme presença no evento https://www.facebook.com/events/250416102068445/

  • Marco Freitas
    Marco Freitas

    Oi, Heloisa. Gostei muito da sua lista de favoritos.

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