letterboxd: lucasxsouto

O maior acerto da série é essa desmitificação da adolescência e de como uma geração é formada diretamente por consequência da outra. Euphoria, por sua essência, é sobre infância. Sobre como nossos traumas desde criança influenciam nossas decisões no futuro, mesmo que no primeiro momento não tenha uma clara ligação entre os acontecimentos.

O maior caso disso é o do Nate, que é um personagem que beira a psicopatia. E é de certa forma até "drogado" por uma injeção de pornografia quando era apenas uma criança e vê a figura do pai se desmanchar em hipocrisia, traição, e segredos. Obviamente os pais não são culpados por 100% do que os adolescentes fazem, mas a criação de uma criança é a chave principal para suas escolhas em Euphoria.

Interessante demais também como o filme brinca com sua montagem sempre paralela comparando os acontecimentos dos personagens em sua volta. Isso fica mais claro ainda nos dois últimos episódios(o penúltimo é meu favorito), onde a montagem é essencial para criar uma sensação muita forte de como os personagens estão presos em labirintos, mesmo que seja de formas diferentes. A recaída da Rue e a briga psicológica da Jules e Nate na festa, o aborto da Cassie, sua dança de gelo e o assalto do Fez. Tudo isso é posto em comparação a todo momento de como a vida pode ir para caminhos diferentes devido a problemas dentro de casa, sejam diretos(brigas entre os pais da Cassie, abandono da mãe da Jules) ou indiretos(morte do pai da Rue, traições do pai do Nate).

Euphoria termina assim sua primeira temporada com o seu próprio titulo, em uma euforia da Rue.

Eu poderia ainda citar as homenagens a Skins e até o próprio final tem algo semelhante, mas em Euphoria tudo isso é orquestrado muito melhor.

É legal sim, e tem ainda muito potencial, mas tem pequenos problemas que me incomodaram ao longo dos episódios. Por exemplo aquelas festas. São muuuuito sem sal, eu sempre pulava pq não acrescentava em nada ao reality. Os comentários da Gio não chegavam a atrapalhar, mas tb não acrescentavam em nada ao programa.

Outra coisa sobre a final que caí entre nós, provou um ponto fraco dessa fórmula que eles se votam, que é realmente o diferencial do programa mas que não conseguiu me agradar em nada em sua última votação, quando os participantes colocavam os mais populares em último pra ter mais chances deles ganharem o prêmio. Aí deu nisso que deu, né, os 3 últimos, que foram os protagonistas, não ficaram sequer em 2° lugar. Na minha opinião a votação final tinha que ser aberta ao público.

Mas segue o barco. É um entretenimento bom que consegue se sustentar com oq tem. Gera muitos personagens icônicos também, como o Raf que foi o melhor do programa na minha visão, seguido por o Dumaresq e os gêmeos, que jogaram MUITO bem.

106. É inegável que a fama repentina vem da onda do povo comprando álcool em gel e papel higiênico aos montes devido ao coronga vírus. Tirando isso, o filme é bom mesmo.

Tem uma premissa original que vai além da obviedade da alégoria politica que ele propõe no primeiro ato, abrindo caminho para várias interpretações. Não gostei da passagem temporal, acho que não favoreceu o protagonista, que no 2° ato tem um uma interrupção brusca na sua análise de personagem, mas felizmente não faz torcer menos por ele. Entretanto, isso afetou diretamente as decisões do protagonista na reta final, que sinceramente não me convenceu.

E o final... Bem. É isso. Falar que o final vai da interpretação de cada um é muito fácil, mas lembrando que pra isso, acho que o filme tem que apresentar um leque de possibilidades e de sugestões para X interpretação, oq não consegui enxergar muito bem aqui. Talvez dê uma revisita no futuro e consiga tirar mais coisas do filme.