Se por um lado acho que Jack Nicholson como par romântico não funciona muito, pois é creepy pra caramba, tanto pela idade avançada, como pelo personagem ser bastante asqueroso, e também não conseguir se livrar da vibe do Coringa na maior parte do tempo - sério, sempre que ele sorria a imagem dele em Batman se sobrepunha ao que estava vendo na tela -, por outro, isso confere ao personagem a aspereza necessária e algum charme um tanto fascinante, um tanto repulsivo, que é inerente ao próprio Nicholson, e isso torna Melvin Udall um personagem mais rico. Talvez isso tenho sido o motivo do Oscar de Melhor ator, o trabalho isoladamente não é nada de impressionante na filmografia dele, mas num filme tão formulaico, é a única coisa que se sobressai. O Oscar de Melhor Atriz para a Helen Hunt não chega a ser injusto, mas é uma interpretação somente correta.
edit: Ia me esquecendo, esse filme tem uma barriga gigante. Dava pra cortar uns 30 minutos, no mínimo.
Dos raros filmes que terminam e me deixam querendo mais daquele mundo, saber mais dos personagens. E consegue fazer isso mesmo tendo um voice-over que por vezes sufoca os personagens, mas nos momentos em que funciona, ou se afasta, cria o que sem dúvida nenhuma já é um dos meus coming of age preferidos porque evoca, ainda que com equivalentes norte-americanos, cenários da minha própria adolescência/infância..
Depois de Boyhood, Linklater só fez filmes mais ou menos, ter um filme bom dele me deixa muito feliz. E com a noticia de que estão discutindo ideias para um quarto filme da série Before, fico aliviado de saber que o homem ainda tem lenha pra queimar.
O filme brilha mesmo no segundo ato, porque a meia hora inicial de JSA é bem fraquinha. Muito por conta dos diálogos em inglês, mesmo que o texto em si não seja ruim, a entrega dos atores é um tanto desastrosa, faltou cuidado para trabalharem em volta disso ou que tivessem abandonado o inglês completamente. No entanto, o filme melhora consideravelmente quando foca na construção da relação entre os soldados do Norte e Sul, e como o conflito na região possibilita e condena a amizade entre eles. Até mesmo a direção do Park Chan Wook se torna mais inspirada.
Gosto muito de Drive, acho que o único problema me saltou aos... ouvidos(!) nessa revisita é a trilha que literalmente diz o que os personagens estão sentindo. Mas ao mesmo tempo contribui muito na construção da atmosfera. E são boas, então...
Edit: Rolei a página e encontrei comentários (previsíveis) criticando as atuações, que são perfeitas pela sutileza. E se disse que a trilha ajuda a construir a atmosfera, os silêncios, também criticados por amiguinhos, tem igual importância nesse aspecto. Além de criar e ser uma extensão do protagonista, seu instrumento para intimidar. E no silêncio se mostrar vulnerável.
"Quer ser um Tarantino", acusou outro. Primeiro, o que em Drive levou a pessoa a pensar no Tarantino? A explosão de violência, talvez? Ele patenteou isso? Mas Taranta a glorifica, aqui, o silêncio (poxa, sempre ele, também alvo de criticas), acentua o horror da coisa. Além disso, Tarantino nunca que conseguiria criar tamanha tensão afetiva como a que Winding Refn, junto de Gosling e Mulligan e do pequeno Kaden Leos, criam sem verborragia, pelo contrário, na troca de olhares e nos gestos.
Assistindo filme de 47 não pude deixar de pensar que o Del Toro o superaria, é um grande filme, o original, sem dúvidas, mas falta algo. Faltava àquele mundo... respirar? E nesse aspecto, tinha razão. Tecnicamente esse filme é impecavel, ou quase, faltou cortar uns 20 minutos...
Um filme de 2021 sai na frente para contar essa história, mas ainda assim o de 47 me parece mais tormentoso, insinua mais, apesar deste aqui ser mais gráfico. Del Toro (Del Toro!!!) abandona qualquer sugestão de algo mais, enquanto o original, se não deixa em aberto, em momentos chave, faz com que nos questionemos, assim como os personagens. É muito triste. Del Toro construiu o cenário perfeito para uma jornada onírica e apostou no ordinário.
Do elenco, Willem Defoe e Toni Collette estão muito bem, e Cate Blanchett, em momentos, principalmente mais para o final, não deixa nada a desejar se comparada a Helen Walker (embora ainda prefira essa última). Em compensação, Bradley Cooper e Rooney Mara exalam apatia. Não via a Rooney tão apagada desde outro pesadelo, aquele remake desastroso de Elm Street. Chega a ser sacanagem colocar este Stan que o Cooper dá vida ao de Tyrone Power. Todo charme e ambiguidade se perde.
O filme não é ruim, nem o original é perfeito. Ambos sofrem com o segundo ato, mas todas as mudanças que Del Toro e Morgan promoveram aqui ajudam a tornar esse remake mil vezes mais indolente.
Ao mesmo tempo que pode se criticar o quão desinteressante algumas das aventuras dessa temporada são, mas os finais eram tão poderosos no trato dos personagens, com relações sendo desenvolvidas com tanto cuidado e amor, com pay-offs extremamente satisfatórios de sementes plantadas em temporadas anteriores; que simplesmente sumia com qualquer indiferença da minha parte.
A vulnerabilidade emocional que Tennant brilhantemente consegue empregar ao seu Doutor foi ao longo da temporada quebrando qualquer defesa ainda erguida em mim contra ele, e, ao final, me levou as lágrimas, fiquei totalmente sem chão. Livros conseguem me fazer chorar, às vezes. Filmes/series, raramente. E na maioria se trata de poucas lágrimas. Pois essa temporada de Doctor Who se junta a Assassin's Fate, livro da Robin Hobb, como as únicas obras a me fazerem soluçar. Passei os últimos eps/especiais querendo abraçar o Tennant e nunca mais largar. Que homem!
Darei um tempo para assistir a era do Moffat - se demorar pra assistir como essa primeira do Davies, volto em 5 anos pra comentar o que achei do Smith e do Capaldi.
Não dou play num filme desse esperando personagens bem construídos, pelo contrario. Mas em Bloody Valentine encontramos um caso curioso. Vejam bem, filmes de terror que tem "adolescentes" sendo burros, se safam de algumas criticas justamente por isso. "Poxa, são burros, mas aos 16, quem não era?). Pois aqui temos um bando de marmanjo que trabalha numa mina agindo feito adolescentes, e dos mais irritantes.
Mas o filme não se utiliza disso para nos divertir. Tenta fazer com que nos importemos com um romancezinho ordinário entre dois cusões e uma sem sal. Tenta nos fazer rir com um abestado que me fez questionar se valia de fato manter meus olhos ou arrancá-los e dar com a cabeça na parede. A moça sem sal tem uma amiga histérica e ambas são inúteis, claro. De novo, o filme não pega essa gentinha desgraçada e mata de forma a nos provocar qualquer tipo de reação que não seja a indiferença.
Enfim, My Bloody Valentine tem todos os problemas dos slashers da época e nenhuma das virtudes dos que se sobressaiam. Falha em construir qualquer tipo de tensão.
Quem cresceu assistindo Sessão da Tarde é capaz de apontar o que está por vir facilmente, CODA se salva por fazer o feijão com arroz muito bem e o que não nos é familiar emprega vigor suficiente à história para elevá-lo acima dos demais filmes do tipo.
Emilia Jones é boa, mas o destaque vai, merecidamente, para o Troy Kotsur. Gostaria muito que ele levasse o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, que deve ficar com o Kodi Smit-Mcphee (prove me wrong, Academy!)
No Way Home cumpre o básico que era ser melhor que o desastroso Far From Home, filminho canalha que caga em toda história do personagem Peter Parker, mas isso é o suficiente? Pra mim não foi. Sim, sorri ao ver o Tobey e o Andrew interagindo, mas é um bagulho sem coração.
A única comparação possível é com aquelas compilações de sitcoms que, tendo as laughing tracks removidas, se tornam extremamente constrangedoras. Um filme inteiramente pensado pras redes sociais, só faltam os atores quebrarem a quarta parede. Vi algumas pessoas elogiando a atuação do Defoe, afirmando que esta versão do Duende Verde é mais ameaçadora que a orignal. E talvez para vocês que são fãs do MCU seja. Pra mim, não é, pelo simples motivo de eu não dar a minima para o mcuPeter, mcuMay, mcuMJ, ou a porra do Ned, que tiveram péssimas construções individuais nos filmes anteriores, assim como as relações entre eles, então me torno indiferente ao perigo proposto pelo Duende.
A porra do Ned. Que personagem desgraçado de ruim. O infeliz é viciado em protagonizar os momentos mais lamentáveis do filme. Que desserviço a saúde mental de quem se propõe a assistir esses filmes, cara. Que vontade de dar um tiro nele.
E esse Jon Watts vai ser o responsável pelo Quarteto Fantástico. Jesus, esse homem me odeia demais, está numa cruzada contra mim. Mas não irei me curvar e seguirei assistindo as tragédias que ele mandar.
contando com um elenco de feios, licorice pizza não se livra das amarras de ser uma fantasia adolescente e, mesmo sendo tecnicamente impressionante, é o mais fraco da filmografia do pta
Muitos ligam It Follows à Halloween, com razão, é claro, a Coisa é extremamente remanescente do Michael Myers, desde o caminhar lento e inevitável à câmera "stalker", que torna toda a experiência extremamente desconfortável pela familiaridade, uma vez que todos nós já tivemos a sensação de estarmos sendo observados. Mas a atmosfera de incerteza onírica reflete os melhores momentos da franquia Nightmare on Elm Street.
A sequência na praia me incomodava bastante, pois a Coisa tem a oportunidade de liquidar Jay, mas prefere... brincar com o cabelo dela? Mas nessa terceira visita me atentei a um aspecto importante: não se trata de um vilão sem personalidade que busca matar sem criatividade, indiferente às vitimas. Não, ela mexe com o psicológico. Um bom exemplo disso é quando leva três dias para atacar Greg, pois sabe o efeito que seu "hiato" tem sobre eles. Se isso não for o suficiente para convencer outras pessoas de que é uma escolha deliberada do diretor/roteirista, Hugh DIZ que a Coisa mexe com a cabeça das pessoas ao assumir a aparência de alguém conhecido, isso me dá confiança de que David Robert Mitchell sabia o que estava fazendo.
Vendo o filme sob essa luz, a "brincadeira" na praia faz mais sentido, pois tinha como objetivo espalhar o pânico entre o grupo de amigos. Infelizmente ainda acho o confronto final bobo, mas vale a pena lembrar que se trata de um grupo de jovens/adolescentes. Não sei se eu teria um plano muito melhor...
Como esperado, a galera aqui reclama do exagero, da não explicação dos poderes, das cenas de ação...estranhas(?), da comédia. Bem, to each their own, como dizem os gringos. Justo. Ou gosto é que nem c*.
Todas essas coisas são intencionais e feitas como ode ao cinema de gênero. Malignant ainda consegue ser mais interessante em sua abordagem do trauma causado por uma relação abusiva que o tão aclamado Invisible Man, de Leigh Whannell, e faz isso sem se levar a sério, sem declarar obviedades arrotando superioridade moral.
É preciso dizer que Paul Newman está excelente? Não, né?
Mastrantonio emprega uma ambiguidade imprescindível à Carmen, além de ser o tipo de pessoa que, quando sorri, você se pega sorrindo de volta, o que, também, é importantíssimo para o sucesso da personagem. Cruise consegue dar vulnerabilidade a Vincent, um personagem convencido que seria extremamente antipático nas mãos de um ator menor. A cena de Werewolves of London é carisma puro!
Infelizmente o filme larga Vincent e Carmen em determinado momento, a gente não vê a evolução dos dois na "arte" nem como casal e não é como se precisasse de muito tempo para isso. Duas, até uma cena, seria o suficiente. O arco do Eddie também poderia ser melhor trabalhado, principalmente no inicio.
Outro problema é que bilhar não emociona quem está em casa tomando café e não num bar com amigos...
Começa avisando sobre o que acontece com Larson numa tentativa barata de manipular a audiência dessa forma e não na construção da urgência dentro da própria história. Durante o filme tem o Andrew Garfield explicando tudo que o personagem sente, tudo! Se a gente vê o rapaz correndo a narração vai tipo assim: "Eu corri, lágrimas manchavam minhas bochechas enquanto meu desespero manchava as ruas de NY, dentro de mim o tick, tick cresce" hahaha é simplesmente insuportável.
Outro momento que me irritou é uma cena super séria entre dois personagens que é interrompida constantemente por Garfield e Vanessa Hudgens num numero engraçadinho.
O elenco é bom, obviamente, mas sinto que os personagens sofrem por conta do foco muito grande no Larson - sendo uma obra dele, não surpreende.
Uma biopic clara de Jonathan Larson teria sido a escolha mais acertada, ou diretor/roteirista melhores.
Esse foi o primeiro da franquia que eu assisti e revi várias vezes até ir atrás dos originais. Adorava na época e agora, tendo revisitado pela primeira vez em muitos anos, continuo adorando. Tem tudo o que falta no terceiro filme.
Pânico 4 não reconstrói cenários como o seu antecessor, mas consegue ser bem sucedido na reconstrução de Woodsboro, desde os policias com personalidade até os cinéfilos chatos e as tradições do pessoal do colégio, conferem autenticidade à cidade, o que torna os eventos mais divertidos de acompanhar.
Os personagens novos servem bem a um slasher. Gosto particularmente da Kirby, nunca vi a Hayden Panettiere tão carismática como está aqui.
Fãs teriam tacado fogo na casa do Wes Craven, mas teria sido do caralho se a Jill tivesse se dado bem no final. Mas como sempre a trindade se salvou sem maiores problemas. Uma pena.
Pânico 3 toma como pilar a história da família Prescott, mas ao não ter cuidado com a escrita da Sid, acaba por torna a revelação do terceiro ato bem insatisfatória. O tempo de tela reduzido da personagem se deve a agenda agitada da atriz, o que mereceria um desconto se a lacuna deixada por ela não tivesse sido preenchida com cenas esticadíssimas entre Gale e Dewey, com diálogos que tentam capturar a química entre os personagens dos primeiros filmes, só conseguindo tornar irritantes as interações entre eles.
O roteiro aposta na autoreferência para tornar aceitaveis decisões como o super aparelho que reproduz perfeitamente a voz das pessoas ou o clichê do vilão imortal à la Michael Myers, mas, se o primeiro filme era um comentário inteligente sobre o gênero terror, esse terceiro exala preguiça e pressa dos produtores.
Há dois momentos que eu gosto: uma sequência na réplica do cenário do primeiro filme, foi uma exigência do Wes Craven e podemos sentir isso e o final - mesmo que perda força no contexto maior da franquia que continuou após esse terceiro.
Com atores sendo escalados em cima da hora, inúmeras mudanças no roteiro com a produção já em andamento, Pânico 3 é o pior filme da franquia.
Falta o polimento de um Uncut Gems, mas Nicolas Winding Refn consegue criar sequências bem enervantes que te puxam para o frenesi que se torna a vida do personagem. Talvez me importasse mais com o protagonista não fosse ele tão nojento quanto os antagonistas, mas acredito que seja justamente a falta de moralidade dos personagens que torna o filme mais interessante e enriqueça possíveis revisitas.
Esse filme se torna brilhante uma vez que você já curte Twin Peaks e entende que os "televisismos" aqui nada mais são que o Lynch contando a história de uma adolescente sofrendo abusos físicos e mentais, das pessoas próximas e de seres de outras dimensões, enquanto brinca com as ferramentas da tv puritana e controladora da época. É aquela ideia que vemos na abertura de Blue Velvet - a vizinhança pacata, com velhinhos idosos acenando para bombeiros valentes, enquanto a cerca exala cheiro de tinta fresca e os jardins são repletos de rosas, mas que por baixo de tudo isso esconde muita podridão - , só que mais sutil. Sim, o filme inicia com uma televisão sendo destruída, mas da primeira vez que assisti, achei que o "FUCK YOU" do Lynch ficava só nisso, nessa revisita passei a ver o filme todo sobre essa luz e meu apreço por Fire Walk With Me cresceu demais.
Se Nolan tivesse dirigido esse filme, certeza que na sequência de perseguição ao trem teríamos uma trilha do Hans Zimmer explodindo ouvidos, mas Friedkin, muito mais sutil, usa os passos do Gene Hackman ecoando, sua respiração cansada, além dos sons de buzinas e do próprio trem em disparada, alcançando um resultado muito mais enervante - e menos irritante.
Os toques surrealistas tornam esse filme bem interessante, ainda que a pressa em contar a história impeça que as relações dos personagens sejam bem construídas em cena, depende muito do conhecimento (e aceitação) da lenda como forma de cimentá-las: "tal pessoa ama aquela outra porque é assim mesmo!".
Melhor É Impossível
4.0 684 Assista AgoraSe por um lado acho que Jack Nicholson como par romântico não funciona muito, pois é creepy pra caramba, tanto pela idade avançada, como pelo personagem ser bastante asqueroso, e também não conseguir se livrar da vibe do Coringa na maior parte do tempo - sério, sempre que ele sorria a imagem dele em Batman se sobrepunha ao que estava vendo na tela -, por outro, isso confere ao personagem a aspereza necessária e algum charme um tanto fascinante, um tanto repulsivo, que é inerente ao próprio Nicholson, e isso torna Melvin Udall um personagem mais rico. Talvez isso tenho sido o motivo do Oscar de Melhor ator, o trabalho isoladamente não é nada de impressionante na filmografia dele, mas num filme tão formulaico, é a única coisa que se sobressai. O Oscar de Melhor Atriz para a Helen Hunt não chega a ser injusto, mas é uma interpretação somente correta.
edit: Ia me esquecendo, esse filme tem uma barriga gigante. Dava pra cortar uns 30 minutos, no mínimo.
Apollo 10 e Meio: Aventura na Era Espacial
3.7 56 Assista AgoraDos raros filmes que terminam e me deixam querendo mais daquele mundo, saber mais dos personagens. E consegue fazer isso mesmo tendo um voice-over que por vezes sufoca os personagens, mas nos momentos em que funciona, ou se afasta, cria o que sem dúvida nenhuma já é um dos meus coming of age preferidos porque evoca, ainda que com equivalentes norte-americanos, cenários da minha própria adolescência/infância..
Depois de Boyhood, Linklater só fez filmes mais ou menos, ter um filme bom dele me deixa muito feliz. E com a noticia de que estão discutindo ideias para um quarto filme da série Before, fico aliviado de saber que o homem ainda tem lenha pra queimar.
Zona de Risco
4.1 82 Assista AgoraO filme brilha mesmo no segundo ato, porque a meia hora inicial de JSA é bem fraquinha. Muito por conta dos diálogos em inglês, mesmo que o texto em si não seja ruim, a entrega dos atores é um tanto desastrosa, faltou cuidado para trabalharem em volta disso ou que tivessem abandonado o inglês completamente. No entanto, o filme melhora consideravelmente quando foca na construção da relação entre os soldados do Norte e Sul, e como o conflito na região possibilita e condena a amizade entre eles. Até mesmo a direção do Park Chan Wook se torna mais inspirada.
Drive
3.9 3,5K Assista AgoraGosto muito de Drive, acho que o único problema me saltou aos... ouvidos(!) nessa revisita é a trilha que literalmente diz o que os personagens estão sentindo. Mas ao mesmo tempo contribui muito na construção da atmosfera. E são boas, então...
Edit: Rolei a página e encontrei comentários (previsíveis) criticando as atuações, que são perfeitas pela sutileza. E se disse que a trilha ajuda a construir a atmosfera, os silêncios, também criticados por amiguinhos, tem igual importância nesse aspecto. Além de criar e ser uma extensão do protagonista, seu instrumento para intimidar. E no silêncio se mostrar vulnerável.
"Quer ser um Tarantino", acusou outro. Primeiro, o que em Drive levou a pessoa a pensar no Tarantino? A explosão de violência, talvez? Ele patenteou isso? Mas Taranta a glorifica, aqui, o silêncio (poxa, sempre ele, também alvo de criticas), acentua o horror da coisa. Além disso, Tarantino nunca que conseguiria criar tamanha tensão afetiva como a que Winding Refn, junto de Gosling e Mulligan e do pequeno Kaden Leos, criam sem verborragia, pelo contrário, na troca de olhares e nos gestos.
O Beco do Pesadelo
3.5 498 Assista AgoraAssistindo filme de 47 não pude deixar de pensar que o Del Toro o superaria, é um grande filme, o original, sem dúvidas, mas falta algo. Faltava àquele mundo... respirar? E nesse aspecto, tinha razão. Tecnicamente esse filme é impecavel, ou quase, faltou cortar uns 20 minutos...
Um filme de 2021 sai na frente para contar essa história, mas ainda assim o de 47 me parece mais tormentoso, insinua mais, apesar deste aqui ser mais gráfico. Del Toro (Del Toro!!!) abandona qualquer sugestão de algo mais, enquanto o original, se não deixa em aberto, em momentos chave, faz com que nos questionemos, assim como os personagens. É muito triste. Del Toro construiu o cenário perfeito para uma jornada onírica e apostou no ordinário.
Do elenco, Willem Defoe e Toni Collette estão muito bem, e Cate Blanchett, em momentos, principalmente mais para o final, não deixa nada a desejar se comparada a Helen Walker (embora ainda prefira essa última). Em compensação, Bradley Cooper e Rooney Mara exalam apatia. Não via a Rooney tão apagada desde outro pesadelo, aquele remake desastroso de Elm Street. Chega a ser sacanagem colocar este Stan que o Cooper dá vida ao de Tyrone Power. Todo charme e ambiguidade se perde.
O filme não é ruim, nem o original é perfeito. Ambos sofrem com o segundo ato, mas todas as mudanças que Del Toro e Morgan promoveram aqui ajudam a tornar esse remake mil vezes mais indolente.
Doctor Who (4ª Temporada)
4.6 266Ao mesmo tempo que pode se criticar o quão desinteressante algumas das aventuras dessa temporada são, mas os finais eram tão poderosos no trato dos personagens, com relações sendo desenvolvidas com tanto cuidado e amor, com pay-offs extremamente satisfatórios de sementes plantadas em temporadas anteriores; que simplesmente sumia com qualquer indiferença da minha parte.
A vulnerabilidade emocional que Tennant brilhantemente consegue empregar ao seu Doutor foi ao longo da temporada quebrando qualquer defesa ainda erguida em mim contra ele, e, ao final, me levou as lágrimas, fiquei totalmente sem chão. Livros conseguem me fazer chorar, às vezes. Filmes/series, raramente. E na maioria se trata de poucas lágrimas. Pois essa temporada de Doctor Who se junta a Assassin's Fate, livro da Robin Hobb, como as únicas obras a me fazerem soluçar. Passei os últimos eps/especiais querendo abraçar o Tennant e nunca mais largar. Que homem!
Darei um tempo para assistir a era do Moffat - se demorar pra assistir como essa primeira do Davies, volto em 5 anos pra comentar o que achei do Smith e do Capaldi.
O Dia dos Namorados Macabro
3.0 228Não dou play num filme desse esperando personagens bem construídos, pelo contrario. Mas em Bloody Valentine encontramos um caso curioso. Vejam bem, filmes de terror que tem "adolescentes" sendo burros, se safam de algumas criticas justamente por isso. "Poxa, são burros, mas aos 16, quem não era?). Pois aqui temos um bando de marmanjo que trabalha numa mina agindo feito adolescentes, e dos mais irritantes.
Mas o filme não se utiliza disso para nos divertir. Tenta fazer com que nos importemos com um romancezinho ordinário entre dois cusões e uma sem sal. Tenta nos fazer rir com um abestado que me fez questionar se valia de fato manter meus olhos ou arrancá-los e dar com a cabeça na parede. A moça sem sal tem uma amiga histérica e ambas são inúteis, claro. De novo, o filme não pega essa gentinha desgraçada e mata de forma a nos provocar qualquer tipo de reação que não seja a indiferença.
Enfim, My Bloody Valentine tem todos os problemas dos slashers da época e nenhuma das virtudes dos que se sobressaiam. Falha em construir qualquer tipo de tensão.
No Ritmo do Coração
4.1 754 Assista AgoraQuem cresceu assistindo Sessão da Tarde é capaz de apontar o que está por vir facilmente, CODA se salva por fazer o feijão com arroz muito bem e o que não nos é familiar emprega vigor suficiente à história para elevá-lo acima dos demais filmes do tipo.
Emilia Jones é boa, mas o destaque vai, merecidamente, para o Troy Kotsur. Gostaria muito que ele levasse o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, que deve ficar com o Kodi Smit-Mcphee (prove me wrong, Academy!)
Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa
4.2 1,8K Assista AgoraNo Way Home cumpre o básico que era ser melhor que o desastroso Far From Home, filminho canalha que caga em toda história do personagem Peter Parker, mas isso é o suficiente? Pra mim não foi. Sim, sorri ao ver o Tobey e o Andrew interagindo, mas é um bagulho sem coração.
A única comparação possível é com aquelas compilações de sitcoms que, tendo as laughing tracks removidas, se tornam extremamente constrangedoras. Um filme inteiramente pensado pras redes sociais, só faltam os atores quebrarem a quarta parede. Vi algumas pessoas elogiando a atuação do Defoe, afirmando que esta versão do Duende Verde é mais ameaçadora que a orignal. E talvez para vocês que são fãs do MCU seja. Pra mim, não é, pelo simples motivo de eu não dar a minima para o mcuPeter, mcuMay, mcuMJ, ou a porra do Ned, que tiveram péssimas construções individuais nos filmes anteriores, assim como as relações entre eles, então me torno indiferente ao perigo proposto pelo Duende.
A porra do Ned. Que personagem desgraçado de ruim. O infeliz é viciado em protagonizar os momentos mais lamentáveis do filme. Que desserviço a saúde mental de quem se propõe a assistir esses filmes, cara. Que vontade de dar um tiro nele.
E esse Jon Watts vai ser o responsável pelo Quarteto Fantástico. Jesus, esse homem me odeia demais, está numa cruzada contra mim. Mas não irei me curvar e seguirei assistindo as tragédias que ele mandar.
Licorice Pizza
3.5 598contando com um elenco de feios, licorice pizza não se livra das amarras de ser uma fantasia adolescente e, mesmo sendo tecnicamente impressionante, é o mais fraco da filmografia do pta
Monika e o Desejo
4.0 120 Assista AgoraPois nunca confunda tesão com amor
Corrente do Mal
3.2 1,8K Assista AgoraMuitos ligam It Follows à Halloween, com razão, é claro, a Coisa é extremamente remanescente do Michael Myers, desde o caminhar lento e inevitável à câmera "stalker", que torna toda a experiência extremamente desconfortável pela familiaridade, uma vez que todos nós já tivemos a sensação de estarmos sendo observados. Mas a atmosfera de incerteza onírica reflete os melhores momentos da franquia Nightmare on Elm Street.
A sequência na praia me incomodava bastante, pois a Coisa tem a oportunidade de liquidar Jay, mas prefere... brincar com o cabelo dela? Mas nessa terceira visita me atentei a um aspecto importante: não se trata de um vilão sem personalidade que busca matar sem criatividade, indiferente às vitimas. Não, ela mexe com o psicológico. Um bom exemplo disso é quando leva três dias para atacar Greg, pois sabe o efeito que seu "hiato" tem sobre eles. Se isso não for o suficiente para convencer outras pessoas de que é uma escolha deliberada do diretor/roteirista, Hugh DIZ que a Coisa mexe com a cabeça das pessoas ao assumir a aparência de alguém conhecido, isso me dá confiança de que David Robert Mitchell sabia o que estava fazendo.
Vendo o filme sob essa luz, a "brincadeira" na praia faz mais sentido, pois tinha como objetivo espalhar o pânico entre o grupo de amigos. Infelizmente ainda acho o confronto final bobo, mas vale a pena lembrar que se trata de um grupo de jovens/adolescentes. Não sei se eu teria um plano muito melhor...
Maligno
3.3 1,2KComo esperado, a galera aqui reclama do exagero, da não explicação dos poderes, das cenas de ação...estranhas(?), da comédia. Bem, to each their own, como dizem os gringos. Justo. Ou gosto é que nem c*.
Todas essas coisas são intencionais e feitas como ode ao cinema de gênero. Malignant ainda consegue ser mais interessante em sua abordagem do trauma causado por uma relação abusiva que o tão aclamado Invisible Man, de Leigh Whannell, e faz isso sem se levar a sério, sem declarar obviedades arrotando superioridade moral.
A Cor do Dinheiro
3.5 118 Assista AgoraÉ preciso dizer que Paul Newman está excelente? Não, né?
Mastrantonio emprega uma ambiguidade imprescindível à Carmen, além de ser o tipo de pessoa que, quando sorri, você se pega sorrindo de volta, o que, também, é importantíssimo para o sucesso da personagem. Cruise consegue dar vulnerabilidade a Vincent, um personagem convencido que seria extremamente antipático nas mãos de um ator menor. A cena de Werewolves of London é carisma puro!
Infelizmente o filme larga Vincent e Carmen em determinado momento, a gente não vê a evolução dos dois na "arte" nem como casal e não é como se precisasse de muito tempo para isso. Duas, até uma cena, seria o suficiente. O arco do Eddie também poderia ser melhor trabalhado, principalmente no inicio.
Outro problema é que bilhar não emociona quem está em casa tomando café e não num bar com amigos...
tick, tick... BOOM!
3.8 451Começa avisando sobre o que acontece com Larson numa tentativa barata de manipular a audiência dessa forma e não na construção da urgência dentro da própria história. Durante o filme tem o Andrew Garfield explicando tudo que o personagem sente, tudo! Se a gente vê o rapaz correndo a narração vai tipo assim: "Eu corri, lágrimas manchavam minhas bochechas enquanto meu desespero manchava as ruas de NY, dentro de mim o tick, tick cresce" hahaha é simplesmente insuportável.
Outro momento que me irritou é uma cena super séria entre dois personagens que é interrompida constantemente por Garfield e Vanessa Hudgens num numero engraçadinho.
O elenco é bom, obviamente, mas sinto que os personagens sofrem por conta do foco muito grande no Larson - sendo uma obra dele, não surpreende.
Uma biopic clara de Jonathan Larson teria sido a escolha mais acertada, ou diretor/roteirista melhores.
Pânico 4
3.2 2,7K Assista AgoraEsse foi o primeiro da franquia que eu assisti e revi várias vezes até ir atrás dos originais. Adorava na época e agora, tendo revisitado pela primeira vez em muitos anos, continuo adorando. Tem tudo o que falta no terceiro filme.
Pânico 4 não reconstrói cenários como o seu antecessor, mas consegue ser bem sucedido na reconstrução de Woodsboro, desde os policias com personalidade até os cinéfilos chatos e as tradições do pessoal do colégio, conferem autenticidade à cidade, o que torna os eventos mais divertidos de acompanhar.
Os personagens novos servem bem a um slasher. Gosto particularmente da Kirby, nunca vi a Hayden Panettiere tão carismática como está aqui.
Fãs teriam tacado fogo na casa do Wes Craven, mas teria sido do caralho se a Jill tivesse se dado bem no final. Mas como sempre a trindade se salvou sem maiores problemas. Uma pena.
Águas Rasas
3.4 1,3K Assista AgoraFilme com uma premissa batida que se torna divertido graças a direção competente de Collet-Serra e o carisma absurdo da Blake Lively.
Pânico 3
3.0 775 Assista AgoraPânico 3 toma como pilar a história da família Prescott, mas ao não ter cuidado com a escrita da Sid, acaba por torna a revelação do terceiro ato bem insatisfatória. O tempo de tela reduzido da personagem se deve a agenda agitada da atriz, o que mereceria um desconto se a lacuna deixada por ela não tivesse sido preenchida com cenas esticadíssimas entre Gale e Dewey, com diálogos que tentam capturar a química entre os personagens dos primeiros filmes, só conseguindo tornar irritantes as interações entre eles.
O roteiro aposta na autoreferência para tornar aceitaveis decisões como o super aparelho que reproduz perfeitamente a voz das pessoas ou o clichê do vilão imortal à la Michael Myers, mas, se o primeiro filme era um comentário inteligente sobre o gênero terror, esse terceiro exala preguiça e pressa dos produtores.
Há dois momentos que eu gosto: uma sequência na réplica do cenário do primeiro filme, foi uma exigência do Wes Craven e podemos sentir isso e o final - mesmo que perda força no contexto maior da franquia que continuou após esse terceiro.
Com atores sendo escalados em cima da hora, inúmeras mudanças no roteiro com a produção já em andamento, Pânico 3 é o pior filme da franquia.
Pusher
3.5 64Falta o polimento de um Uncut Gems, mas Nicolas Winding Refn consegue criar sequências bem enervantes que te puxam para o frenesi que se torna a vida do personagem. Talvez me importasse mais com o protagonista não fosse ele tão nojento quanto os antagonistas, mas acredito que seja justamente a falta de moralidade dos personagens que torna o filme mais interessante e enriqueça possíveis revisitas.
Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer
3.9 273 Assista AgoraEsse filme se torna brilhante uma vez que você já curte Twin Peaks e entende que os "televisismos" aqui nada mais são que o Lynch contando a história de uma adolescente sofrendo abusos físicos e mentais, das pessoas próximas e de seres de outras dimensões, enquanto brinca com as ferramentas da tv puritana e controladora da época. É aquela ideia que vemos na abertura de Blue Velvet - a vizinhança pacata, com velhinhos idosos acenando para bombeiros valentes, enquanto a cerca exala cheiro de tinta fresca e os jardins são repletos de rosas, mas que por baixo de tudo isso esconde muita podridão - , só que mais sutil. Sim, o filme inicia com uma televisão sendo destruída, mas da primeira vez que assisti, achei que o "FUCK YOU" do Lynch ficava só nisso, nessa revisita passei a ver o filme todo sobre essa luz e meu apreço por Fire Walk With Me cresceu demais.
Operação França
3.9 254 Assista AgoraSe Nolan tivesse dirigido esse filme, certeza que na sequência de perseguição ao trem teríamos uma trilha do Hans Zimmer explodindo ouvidos, mas Friedkin, muito mais sutil, usa os passos do Gene Hackman ecoando, sua respiração cansada, além dos sons de buzinas e do próprio trem em disparada, alcançando um resultado muito mais enervante - e menos irritante.
Se Meu Apartamento Falasse
4.3 423 Assista AgoraNenhum diálogo ruim nesse filme. Nenhum.
Excalibur
3.6 137 Assista AgoraOs toques surrealistas tornam esse filme bem interessante, ainda que a pressa em contar a história impeça que as relações dos personagens sejam bem construídas em cena, depende muito do conhecimento (e aceitação) da lenda como forma de cimentá-las: "tal pessoa ama aquela outra porque é assim mesmo!".
O Comboio do Medo
4.1 135Humanidade como fraqueza.