ele captou demais a essência feminina do que é estar num relacionamento abusivo, necessidade de solitude e até mesmo a não-monogamia. Tudo isso em 1984.
Assisti o filme e fiquei bastante tocada, então decidi ir atrás do livro. Incrível como foi bem passado para a tela com primazia, em todos os seus detalhes mais importantes.
No livro é possível estabelecer um paralelo maior entre a relação de Leda com sua mãe e posteriormente com suas filhas:
"Minha mãe se envergonhava da natureza rude do meu pai e dos parentes dele, queria ser diferente, fingia, dentro daquele mundo, ser a dama bem-vestida e de bons modos. Mas, ao primeiro conflito, a máscara caía e ela também aderia ao comportamento, à linguagem dos outros, com uma violência semelhante. Eu a observava, surpresa e decepcionada, e planejava não ser como ela, tornar-me realmente diferente e demonstrar-lhe, desse modo, que era inútil e ruim que ela nos assustasse com seus 'vocês nunca mais vão me ver'. Era preciso que ela mudasse mesmo, ou que realmente fosse embora de casa, que nos abandonasse, que desaparecesse. Como eu sofria por ela e por mim, como eu me envergonhava de ter saído da barriga de alguém tão infeliz."
A ânsia em não ser igual à mãe aumenta de tal modo que é dela mesma que parte o ato de sim, ir embora de casa e deixar as filhas, como a mãe sempre ameaçara.
Posteriormente também é possível perceber que a mesma relação de asco que ela sente com a família napolitana é a mesma que sentia sobre a sua própria família, também napolitana. A semelhança de Leda com Nina se intensifica pela vontade de fugir, de buscar uma individualidade sufocada pela maternidade. A diferença, contudo, está onde ela mesma afirma, no livro: enquanto Leda consegue fugir e realizar o que pretendia, Nina arrisca ter o pescoço degolado por muito menos.
É um livro/filme extremamente sutil e delicado, tocando em pontos que, acredito eu, só realmente quem tem a vivência feminina consegue alcançar.
Definitivamente um filme de sensações. Acho que principalmente se você tem a anatomia feminina. Percebo que a diretora brinca bastante com essa discussão de gênero, tanto através do corpo, quanto através da exploração da sexualidade e sempre na base do desconforto.
O roteiro é um festival de plots e todos são muito bons. Começa por um caminho, vai por outro e termina em outro absolutamente diferente.
É uma quantidade absurda de camadas e todos os personagens são extremamente densos e profundos. O embate entre feminino x masculino se inicia desde o início, quando a protagonista utiliza a sua sexualidade enquanto moeda e ao final, quando ela explora essa mesma sexualidade em outro "corpo", em outro "gênero".
Além disso, também podemos ver esse embate nas relações entre ela e o personagem do "pai", numa relação que uma hora perpassa por uma vertente de sincero afeto e por outra caminha pela linha tênue e sutilmente velada do incesto. Ainda preciso de um tempo pra processar, mas, assim, puta filme.
Estou assistindo a filmografia de Almodóvar e é muito interessante ver como o estilo próprio do diretor (tanto relacionado à estética quanto ao roteiro) vai amadurecendo com o tempo. Em Lei do Desejo eu vejo toda a sede de Almodóvar em expor, tanto na escrita quanto em suas cores, temas que ele consegue aprofundar com mais calma em Volver e Má Educação, por exemplo. Aqui surge muito uma necessidade de expor tudo ao mesmo tempo agora, o que acaba ficando muito caótico pelo excesso de informações.
A trilogia do desejo (Mulheres à beira de um ataque de nervos, Lei do Desejo e Má Educação) é um bom parâmetro pra avaliar o amadurecimento de Almodóvar enquanto cineasta.
De todo modo, não posso negar que amei ver neste filme tanta coisa que, até então, surge como embrião para algo maior. Como todo filme dele da época dos anos 80 me atrai a cor muito mais marcante, o personagem de Antonio Banderas muito semelhante ao de Ata-me!, a necessidade de se colocar em cena através da figura de um diretor (que nessa época está em seu auge, diferente da figura que ele se coloca em Dor e Glória, por exemplo)... Lei do Desejo é um filme da safra dos anos 80 que se sobressai em qualidade dentro do absurdo de Almodóvar, tanto quanto O que fiz para merecer isto?, da mesma época.
Lembro que quando assisti pela primeira vez, já na minha adolescência, fiquei embasbacada com a qualidade técnica do filme. Hoje, reassistindo quase dez anos depois, continuo me embasbacando com a qualidade de roteiro, seleção de atores e direção de fotografia. Muito incrível saber que os atores foram selecionados dentro da periferia, a qualidade é absurda. O ator que faz Dadinho quando criança me impressiona até hoje na qualidade técnica — orgânica — de atuação. A escolha da paleta de cores é bem tendenciosa, me leva a Central do Brasil, acho que pela escolha de tons terrosos muito frequente nos filmes brasileiros. Também encontro a mesma paleta em Carandiru, mas acho que neste com uma influência maior de tons quentes, me remetendo a Almodóvar.
Cidade de Deus é uma obra de arte. Não consigo encontrar defeito em absolutamente nada desse filme.
É difícil a transição para algo tão radical como o veganismo. Isso porque desde que nasci fui doutrinada com a ideia equivocada de que leite, queijo, ovos e carne eram fundamentais para o meu desenvolvimento físico e mental. Hoje, no alto dos meus vinte e cinco anos, vejo que não foi culpa dos meus pais ou da geração anterior a eles, mas de uma indústria nociva que se utiliza de todos os meios para inviabilizar o pensamento óbvio de que comer animais e seus derivados não apenas adoece as pessoas, mas destrói o planeta através do consumo exorbitante de água para produzir, por exemplo, apenas um hambúrguer. Não é fácil a transição para o veganismo. Não é fácil abrir mão de todos os valores que fui constituída desde que nasci e descobrir que, na verdade, era tudo uma farsa. Leite e queijo, tão presentes na minha nutrição inicial, são, na verdade, agentes que fazem um mal extremo ao ser humano. O agronegócio nos mata de várias formas. Mata o planeta, acaba com a água, mata animais inocentes e nos adoece todos os dias. Não é fácil aceitar a mudança radical que o veganismo provoca no meu corpo, desde a transição até ligar a televisão, até sentir que é preciso não apenas força de vontade, mas disposição pra aguentar, inclusive, a insistência da minha família que parece não entender o que o veganismo, atualmente, significa para o mundo. Ainda bem que existem pessoas dispostas a tentar fazer esse cenário mudar de figura, mesmo com todo esse caos e estímulos constantes para você perder a disposição e a fé em mudanças positivas. Vivemos num cenário brasileiro caótico e as florestas, a água, os indígenas e os animais são a pauta que mais necessita que furemos essa bolha que vivemos e nos permitamos mudanças que ajam tão mais significativamente ao mundo além de banhos menos demorados. A maior causa do desmatamento é o agronegócio. A maior causa de doenças, mortes, desperdício de água e genocídio indígena é o agronegócio. Precisamos tomar alguma atitude.
Versão estupenda pra o cinema da peça Um bonde chamado desejo. Cate Blanchett é fenomenal, eu fico de cara. Captou exatamente a afetação de Blanche nos tempos modernos emoldurado na figura de uma perua caricata à beira de um colapso nervoso. Atriz incrível, adaptação sensacional. Vivien Leigh ficaria feliz demais de assistir essa versão.
"Eu sou sociável, me interesso pelos outros. E me acho inteligente. Tudo o que quero é conhecer pessoas e despertar o interesse delas por mim. Duvido que eu me case de novo e conviva com outro indivíduo, mas eu permaneço invisível. Não finja por um minuto que você olha pra mim, que eu não sou tão viva quanto você, e eu não sofro da categoria a que você está me forçando. Acho que, despida, sou mais atraente que meu ex marido, mas sou sexual e socialmente obsoleta. E ele não é. Tenho uma capacidade de perceber as pessoas como são que eu não tinha aos vinte. Eu alcanço o orgasmo na metade do tempo e sei como dar prazer, contudo não ouso mostrar a um homem que o acho atraente. Se eu fizer isso, ele pode reagir como se eu o tivesse insultado. Eu devo cumprir minhas pequenas tarefas e desaparecer."
Dói estar viva e obsoleta: a mulher madura, de Zoe Moss. 1970.
Modernizando Cenas de um Casamento, de Bergman, ao lado de, facilmente, uns dos melhores atores de sua geração.
Destaque pra Adam Driver que, porra, desde Girls é meu ator favorito fácil. Ao lado da icônica Johansson eu não poderia avaliar esse filme com menos de cinco estrelas.
Sutilmente feminista, a crítica de Kiyoshi Kurosawa perpassa pela pragmática de uma jovem em contato com uma cultura tão distinta, e ao mesmo tempo revelar, de forma delicada e crua, como são dadas as relações em sociedade levando em consideração culturas tão diferentes e assumindo, contudo, o mesmo posicionamento diante da visão perante o feminino, a mulher. Ao mesmo tempo entra em conflito - ou apenas um delicioso choque - com a complexidade caoticamente organizada de Yoko. Mostra uma crítica abrangente que também parte do interno para formular sua análise: os sonhos da jovem são despedaçados em nome de algo que está além dela, a sua liberdade. Tendo isto em mente, podemos considerar os momentos graciosos dela com ela mesma sendo tão emocionantemente epifânicos que acabam por contagiar quem dele o assiste. Assim, claro, como os momentos de encontro dela com Okku, que não passa de mais uma alegoria sobre a individualidade da personagem de Yoko e a sua eterna reflexão acerca de liberdade. A sua pergunta final à Okku é apenas uma pergunta a ela mesma: O que você quer?
Através de uma extrema sutileza - méritos óbvios da direção belíssima de Bergman, além das atuações deslumbrantes de todos - a dor é evidente em cada cena, em cada olhar, em cada fala. Acabou por se encaixar com meu momento atual, e mais uma vez Bergman escreve sobre mim através de cada punhalada. Ressalva para Liv Ullmann que, como sempre, transmite com o olhar tudo o que não precisa ser dito.
Mais uma obra prima. Não consigo não favoritar todos os filmes de Bergman que assisto.
Fico feliz de presenciar o novo caminho evolutivo dos filmes da Disney. O tom lúdico no âmbito estético poderia ter sido melhor explorado; contudo, a nova guinada em relação às perspectivas das protagonistas, em geral, tem sido bastante benéfica: Clara é mais uma dessas novas personagens femininas fortes que vem ganhando notoriedade. Gosto da ideia de não precisar de um contexto de romance entre o casal principal, principalmente pela evidência de personagens negros em papeis de destaque. O espetáculo de balé com a bailarina negra foi um dos momentos mais belos e que mais evidenciam isto. Por outro lado, percebe-se que foi um filme feito às pressas, seguindo uma fórmula; e isto não é necessariamente negativo, contextualizando. A preguiça, contudo, marca forte presença no quesito estético das personagens, e na falhada exploração na maquiagem e no figurino do tom lúdico da proposta. Foi o mesmo desapontamento que senti ao assistir a versão de Burton de Alice. O roteiro se perde no fim, possui vários furos claros, e sem a menor evidência de alguma intenção de mascarar isso.
Fui a única que me incomodei com o fato de uma produção espanhola que pretende contar a história real de uma família espanhola colocar atores britânicos como os protagonistas?
Matrimilhas
2.9 31 Assista Agorao filme em si é uma grande besteira, mas a luisana é carismática demais, né
Faca no Coração
3.4 68 Assista AgoraComo pode Kate Moran ser a mulher mais linda do mundo
Noites de Lua Cheia
4.0 35Assisti esse filme na adolescência e não me tocou em nada. Hoje, aos 26, eu me vejo exatamente igual à protagonista.
Tive que viver intensamente os vinte e poucos pra entender Rohmer.
Mas vou te falar:
ele captou demais a essência feminina do que é estar num relacionamento abusivo, necessidade de solitude e até mesmo a não-monogamia. Tudo isso em 1984.
Hannah Sobe as Escadas
3.1 14Um filme muito chato onde a gente assiste por 1h20 a Greta Gerwig beijando homens feios.
Solitários
3.9 32 Assista AgoraNão recomendado para corações sensíveis, solitários ou que estejam passando por algum processo de perda.
Terminei e cá estou aos prantos.
Mr. Roosevelt
3.1 32 Assista AgoraUma coisa meio Lena Dunham
A Filha Perdida
3.6 573Assisti o filme e fiquei bastante tocada, então decidi ir atrás do livro.
Incrível como foi bem passado para a tela com primazia, em todos os seus detalhes mais importantes.
No livro é possível estabelecer um paralelo maior entre a relação de Leda com sua mãe e posteriormente com suas filhas:
"Minha mãe se envergonhava da natureza rude do meu pai e dos parentes dele, queria ser diferente, fingia, dentro daquele mundo, ser a dama bem-vestida e de bons modos. Mas, ao primeiro conflito, a máscara caía e ela também aderia ao comportamento, à linguagem dos outros, com uma violência semelhante. Eu a observava, surpresa e decepcionada, e planejava não ser como ela, tornar-me realmente diferente e demonstrar-lhe, desse modo, que era inútil e ruim que ela nos assustasse com seus 'vocês nunca mais vão me ver'. Era preciso que ela mudasse mesmo, ou que realmente fosse embora de casa, que nos abandonasse, que desaparecesse. Como eu sofria por ela e por mim, como eu me envergonhava de ter saído da barriga de alguém tão infeliz."
A ânsia em não ser igual à mãe aumenta de tal modo que é dela mesma que parte o ato de sim, ir embora de casa e deixar as filhas, como a mãe sempre ameaçara.
Posteriormente também é possível perceber que a mesma relação de asco que ela sente com a família napolitana é a mesma que sentia sobre a sua própria família, também napolitana. A semelhança de Leda com Nina se intensifica pela vontade de fugir, de buscar uma individualidade sufocada pela maternidade. A diferença, contudo, está onde ela mesma afirma, no livro: enquanto Leda consegue fugir e realizar o que pretendia, Nina arrisca ter o pescoço degolado por muito menos.
É um livro/filme extremamente sutil e delicado, tocando em pontos que, acredito eu, só realmente quem tem a vivência feminina consegue alcançar.
A Filha Perdida
3.6 573Esse filme me tocou de uma forma muito forte e intensa.
Titane
3.5 390 Assista AgoraDefinitivamente um filme de sensações. Acho que principalmente se você tem a anatomia feminina. Percebo que a diretora brinca bastante com essa discussão de gênero, tanto através do corpo, quanto através da exploração da sexualidade e sempre na base do desconforto.
O roteiro é um festival de plots e todos são muito bons. Começa por um caminho, vai por outro e termina em outro absolutamente diferente.
É uma quantidade absurda de camadas e todos os personagens são extremamente densos e profundos. O embate entre feminino x masculino se inicia desde o início, quando a protagonista utiliza a sua sexualidade enquanto moeda e ao final, quando ela explora essa mesma sexualidade em outro "corpo", em outro "gênero".
Além disso, também podemos ver esse embate nas relações entre ela e o personagem do "pai", numa relação que uma hora perpassa por uma vertente de sincero afeto e por outra caminha pela linha tênue e sutilmente velada do incesto. Ainda preciso de um tempo pra processar, mas, assim, puta filme.
A Quarta Parede
2.9 5Um dos piores filmes que já vi na vida.
1h30 que eu preferiria ter passado me mutilando.
A Lei do Desejo
3.8 317 Assista AgoraEstou assistindo a filmografia de Almodóvar e é muito interessante ver como o estilo próprio do diretor (tanto relacionado à estética quanto ao roteiro) vai amadurecendo com o tempo. Em Lei do Desejo eu vejo toda a sede de Almodóvar em expor, tanto na escrita quanto em suas cores, temas que ele consegue aprofundar com mais calma em Volver e Má Educação, por exemplo. Aqui surge muito uma necessidade de expor tudo ao mesmo tempo agora, o que acaba ficando muito caótico pelo excesso de informações.
A trilogia do desejo (Mulheres à beira de um ataque de nervos, Lei do Desejo e Má Educação) é um bom parâmetro pra avaliar o amadurecimento de Almodóvar enquanto cineasta.
De todo modo, não posso negar que amei ver neste filme tanta coisa que, até então, surge como embrião para algo maior. Como todo filme dele da época dos anos 80 me atrai a cor muito mais marcante, o personagem de Antonio Banderas muito semelhante ao de Ata-me!, a necessidade de se colocar em cena através da figura de um diretor (que nessa época está em seu auge, diferente da figura que ele se coloca em Dor e Glória, por exemplo)... Lei do Desejo é um filme da safra dos anos 80 que se sobressai em qualidade dentro do absurdo de Almodóvar, tanto quanto O que fiz para merecer isto?, da mesma época.
Cidade de Deus
4.2 1,8K Assista AgoraEsse filme é uma obra de arte!
Lembro que quando assisti pela primeira vez, já na minha adolescência, fiquei embasbacada com a qualidade técnica do filme. Hoje, reassistindo quase dez anos depois, continuo me embasbacando com a qualidade de roteiro, seleção de atores e direção de fotografia. Muito incrível saber que os atores foram selecionados dentro da periferia, a qualidade é absurda. O ator que faz Dadinho quando criança me impressiona até hoje na qualidade técnica — orgânica — de atuação.
A escolha da paleta de cores é bem tendenciosa, me leva a Central do Brasil, acho que pela escolha de tons terrosos muito frequente nos filmes brasileiros. Também encontro a mesma paleta em Carandiru, mas acho que neste com uma influência maior de tons quentes, me remetendo a Almodóvar.
Cidade de Deus é uma obra de arte. Não consigo encontrar defeito em absolutamente nada desse filme.
A Conspiração da Vaca: O Segredo da Sustentabilidade
4.4 212 Assista AgoraÉ difícil a transição para algo tão radical como o veganismo. Isso porque desde que nasci fui doutrinada com a ideia equivocada de que leite, queijo, ovos e carne eram fundamentais para o meu desenvolvimento físico e mental. Hoje, no alto dos meus vinte e cinco anos, vejo que não foi culpa dos meus pais ou da geração anterior a eles, mas de uma indústria nociva que se utiliza de todos os meios para inviabilizar o pensamento óbvio de que comer animais e seus derivados não apenas adoece as pessoas, mas destrói o planeta através do consumo exorbitante de água para produzir, por exemplo, apenas um hambúrguer.
Não é fácil a transição para o veganismo. Não é fácil abrir mão de todos os valores que fui constituída desde que nasci e descobrir que, na verdade, era tudo uma farsa. Leite e queijo, tão presentes na minha nutrição inicial, são, na verdade, agentes que fazem um mal extremo ao ser humano.
O agronegócio nos mata de várias formas. Mata o planeta, acaba com a água, mata animais inocentes e nos adoece todos os dias. Não é fácil aceitar a mudança radical que o veganismo provoca no meu corpo, desde a transição até ligar a televisão, até sentir que é preciso não apenas força de vontade, mas disposição pra aguentar, inclusive, a insistência da minha família que parece não entender o que o veganismo, atualmente, significa para o mundo.
Ainda bem que existem pessoas dispostas a tentar fazer esse cenário mudar de figura, mesmo com todo esse caos e estímulos constantes para você perder a disposição e a fé em mudanças positivas.
Vivemos num cenário brasileiro caótico e as florestas, a água, os indígenas e os animais são a pauta que mais necessita que furemos essa bolha que vivemos e nos permitamos mudanças que ajam tão mais significativamente ao mundo além de banhos menos demorados.
A maior causa do desmatamento é o agronegócio. A maior causa de doenças, mortes, desperdício de água e genocídio indígena é o agronegócio. Precisamos tomar alguma atitude.
O Pacote
2.6 248 Assista AgoraTeatro do absurdo em sua essência.
Doce Vingança
3.4 2,4K Assista AgoraPornô pra bolsominion.
Blue Jasmine
3.7 1,7K Assista AgoraVersão estupenda pra o cinema da peça Um bonde chamado desejo. Cate Blanchett é fenomenal, eu fico de cara. Captou exatamente a afetação de Blanche nos tempos modernos emoldurado na figura de uma perua caricata à beira de um colapso nervoso. Atriz incrível, adaptação sensacional. Vivien Leigh ficaria feliz demais de assistir essa versão.
Blade Runner: O Caçador de Andróides
4.1 1,6K Assista AgoraRoteiro muito bem construído, estética bem definida, narrativa impecável.
Nem Harrison Ford atuando de forma extremamente caricata consegue baixar o nível dessa obra de arte.
Mulheres do Século XX
4.0 415 Assista Agora"Eu sou sociável, me interesso pelos outros. E me acho inteligente. Tudo o que quero é conhecer pessoas e despertar o interesse delas por mim. Duvido que eu me case de novo e conviva com outro indivíduo, mas eu permaneço invisível. Não finja por um minuto que você olha pra mim, que eu não sou tão viva quanto você, e eu não sofro da categoria a que você está me forçando. Acho que, despida, sou mais atraente que meu ex marido, mas sou sexual e socialmente obsoleta. E ele não é. Tenho uma capacidade de perceber as pessoas como são que eu não tinha aos vinte. Eu alcanço o orgasmo na metade do tempo e sei como dar prazer, contudo não ouso mostrar a um homem que o acho atraente. Se eu fizer isso, ele pode reagir como se eu o tivesse insultado. Eu devo cumprir minhas pequenas tarefas e desaparecer."
Dói estar viva e obsoleta: a mulher madura, de Zoe Moss. 1970.
História de um Casamento
4.0 1,9K Assista AgoraModernizando Cenas de um Casamento, de Bergman, ao lado de, facilmente, uns dos melhores atores de sua geração.
Destaque pra Adam Driver que, porra, desde Girls é meu ator favorito fácil. Ao lado da icônica Johansson eu não poderia avaliar esse filme com menos de cinco estrelas.
O Fim da Viagem, O Começo de Tudo
3.8 25 Assista AgoraSutilmente feminista, a crítica de Kiyoshi Kurosawa perpassa pela pragmática de uma jovem em contato com uma cultura tão distinta, e ao mesmo tempo revelar, de forma delicada e crua, como são dadas as relações em sociedade levando em consideração culturas tão diferentes e assumindo, contudo, o mesmo posicionamento diante da visão perante o feminino, a mulher. Ao mesmo tempo entra em conflito - ou apenas um delicioso choque - com a complexidade caoticamente organizada de Yoko. Mostra uma crítica abrangente que também parte do interno para formular sua análise: os sonhos da jovem são despedaçados em nome de algo que está além dela, a sua liberdade. Tendo isto em mente, podemos considerar os momentos graciosos dela com ela mesma sendo tão emocionantemente epifânicos que acabam por contagiar quem dele o assiste. Assim, claro, como os momentos de encontro dela com Okku, que não passa de mais uma alegoria sobre a individualidade da personagem de Yoko e a sua eterna reflexão acerca de liberdade. A sua pergunta final à Okku é apenas uma pergunta a ela mesma: O que você quer?
A Paixão de Ana
4.2 102Através de uma extrema sutileza - méritos óbvios da direção belíssima de Bergman, além das atuações deslumbrantes de todos - a dor é evidente em cada cena, em cada olhar, em cada fala. Acabou por se encaixar com meu momento atual, e mais uma vez Bergman escreve sobre mim através de cada punhalada.
Ressalva para Liv Ullmann que, como sempre, transmite com o olhar tudo o que não precisa ser dito.
Mais uma obra prima. Não consigo não favoritar todos os filmes de Bergman que assisto.
Mary Poppins
4.0 612 Assista AgoraO artista é a criança que nunca morreu.
O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos
3.0 229 Assista AgoraFico feliz de presenciar o novo caminho evolutivo dos filmes da Disney. O tom lúdico no âmbito estético poderia ter sido melhor explorado; contudo, a nova guinada em relação às perspectivas das protagonistas, em geral, tem sido bastante benéfica: Clara é mais uma dessas novas personagens femininas fortes que vem ganhando notoriedade. Gosto da ideia de não precisar de um contexto de romance entre o casal principal, principalmente pela evidência de personagens negros em papeis de destaque. O espetáculo de balé com a bailarina negra foi um dos momentos mais belos e que mais evidenciam isto.
Por outro lado, percebe-se que foi um filme feito às pressas, seguindo uma fórmula; e isto não é necessariamente negativo, contextualizando. A preguiça, contudo, marca forte presença no quesito estético das personagens, e na falhada exploração na maquiagem e no figurino do tom lúdico da proposta. Foi o mesmo desapontamento que senti ao assistir a versão de Burton de Alice.
O roteiro se perde no fim, possui vários furos claros, e sem a menor evidência de alguma intenção de mascarar isso.
O Impossível
4.1 3,1K Assista AgoraFui a única que me incomodei com o fato de uma produção espanhola que pretende contar a história real de uma família espanhola colocar atores britânicos como os protagonistas?