Em termos de roteiro e direção é péssimo, com personagens que parecem ter importância entrando e saindo de cena de forma desordenada e com o desenvolvimento da história sendo algo completamente desinteressante. Tecnicamente é ruim também, com uma fotografia e direção de arte tão chapados que parece as vezes que o filme foi feito todo em chroma key, trilha sonora muitas vezes descolada da ação e uma edição que no início parece Transformers de tão fragmentada e perdida e depois parece que só segue o piloto automático do filme saindo dos trilhos. Pra completar o fracasso, tem um clímax tão zoado que dá vontade até de rir e a cena final é ridícula.
É uma pena ver um filme tão ruim de Alfredson, que fez filmes tão bons quanto Deixe ela entrar e O espião que sabia demais e que aqui filma mal até plano/contra plano. Tá mais pra aqueles bonecos de neve brasileiros da região sul, isso sim.
Noé deveria sair algemado da sala de cinema depois da premiere desse troço aí. O "significado" é muito frágil, a estética e a fotografia só prestam pra dar dor de cabeça e cansar e o filme é repulsivo e de mau gosto como poucos que eu já vi. Pra viagem lisérgica é melhor rever Enter the void e pra ver nojeira e gente gritando já têm três Jackass, inclusive um em 3D. Podia servir de material anti-drogas do Proerd e só.
Tem uma ambientação boa e tal, mas a narrativa e os personagens são desenvolvidos muuuito superficialmente e o filme não chega a muito lugar não. Até o seu final tenso, competente e naturalmente catártico sumiu rapidamente da minha cabeça após o fim do filme.
O clipe de Minha Alma, do Rappa, dirigido pela Katia Lund fez muito mais com menos e há 20 anos atrás.
Confesso que demorei a adentrar completamente à imersão necessária que o filme propõe para se tornar completo e coeso em sua proposta, além de achar seu prólogo demasiadamente confuso e alongado. Mas a partir do momento em que você encontra a porta de entrada para o que está realmente "ali", o filme se torna algo tão sinestésico que é até difícil de se encontrar palavras para descrever. Além de ser visualmente surpreendente, com uma decupagem e fotografia hipnotizantes, é uma experiência formal, estética e narrativamente impressionante.
"-Não pode simplesmente dar fogos de artifício para as pessoas. -Por que? -Eles simbolizam o transitório -E não é isso que somos?"
Funciona melhor na primeira metade - por mais que muito mais fracionada que a segunda, e esse closes tortos do Pawlikowski não me descem muito, mas gosto mais desse do que de Ida. Para além dos belos enquadramentos e fotografia, que seguem gerando uma taxa de um print screen por minuto, aqui há uma fluidez mais natural da câmera em belos planos-sequência que dão peso para uma história que se constrói fragmentária. As elipses narrativas que vi alguns criticando não me incomodaram, pincelando um período de consolidação da Guerra Fria e da dualidade do período - chama atenção como é encenado o crescimento da importância e da proteção às fronteiras conforme o avanço da narrativa.
Por mais que no final careça de um peso maior, é bom ver um trabalho que vai de encontro aos filmes contemporâneos, cada vez mais enormes em duração e constrói seu universo a partir da concisão narrativa.
Delírio estético, homenagem ao cinema, experiência narrativa e visualmente transcendental... Existem milhares de combinações possíveis de classificações a dar a Paprika. Pode um filme tratar a temática dos sonhos de forma tão livre de amarras narrativas, como convencionalmente ocorre no cinema americano e ao mesmo tempo parecer muitas vezes se alongar demais e não sair do lugar? Para o bem e para o mal: tanto faz.
A Vizinhança do Tigre, em sua economia narrativa, evita a expositividade e constrói todo um universo interno e externo a partir de seus registros erguidos sob escombros, entre janelas, obras inacabadas e olhares periféricos. Chama atenção a forma como Uchôa arquiteta seu filme, evitando o excesso em termos estéticos e narrativos - indo de encontro a um caminho comum na cinematografia autoral e contemporânea brasileira - e erigindo sua narrativa em torno da fluidez das imagens e situações. Grande filme, que varia nuances entre a inocência jovem, o conflito com a violência externa, o presente vazio e a incerteza de um futuro com pouco mais que a insinuação.
Os monólogos na floresta são o ponto alto do filme, fora a força das imagens que Lee sempre impulsiona com suas conclusões, mas fora isso é uma bagunça completa. Longa duração a troco de nada, personagens pouco cativantes e narrativa zero interessante. Pincela críticas sempre válidas à política (seja de qual época), às guerras e, claro, à situação racial, mas dessa vez fica tudo meio eclipsado pela qualidade duvidosa da história. Nem a boa atuação de Delroy Lindo mascara as falhas do filme.
Argumento que inicia de um ponto de partida interessante, mas que não encontra um caminho como filme. Os coadjuvantes são mal desenvolvidos, apresentados de forma corrida e alguns atores ficam subaproveitados (Bruce Dern, até Jennifer Jason Leigh que nem é lá tudo isso). Além disso, o protagonista não tem uma presença marcante em cena e mesmo com duração de quase duas horas o filme não tem peso algum, com exceção de algumas sequências capitaneadas por McConaughey - que está ótimo e não encontra par que divida o brilho. Por mais que a ambientação seja boa, falta mais qualidade na edição, roteiro e principalmente na direção.
Ainda que o universo Esquadrão Suicida no cinema siga sendo uma bobeira e o roteiro seja ainda ofensivamente ruim em 90% do filme, aqui pelo menos a parte gráfica é bem competente (as lutas na Casa dos Horrores e na delegacia principalmente), a direção tem seus momentos e o filme é bem fotografado.
Além disso, Ewan McGregor rouba a cena, Jurnee Smollet-Bell é um achado como Canário Negro e Margot Robbie tem talento e carisma suficiente pra segurar o filme. Porém novamente o que sobra é um filme bem esquecível ao final, com um clímax bastante apressado e bobo, que ajuda menos ainda nesse sentido.
A ideia de transpor um sci-fi para a década de 1950 funciona enquanto proposta visual, com uma bela direção de arte durante todo o filme e um clímax competente, mas infelizmente os méritos do filme ficam muito aquém das suas falhas. A direção tem escolhas estéticas falhas (telas pretas, decupagem pouco engenhosa e criativa, ritmo oscilante), o roteiro é extremamente verborrágico (toda a sequência inicial, a sequência da história da senhora) e é difícil criar qualquer empatia pelos personagens. A ideia de homenagem a uma cinematografia é legal, mas aqui fica a impressão que caberia melhor em um curta.
Ryan Gosling, antes de se tornar o cara-solitário-silencioso-buscando-identidade-depressivo (com o mesmo personagem em uns cinco ou seis filmes diferentes), sendo tudo isso aí e mais um pouco. Aqui porém, bem menos caricato e entregando se pá a melhor atuação da carreira (A Garota Ideal na cola).
Mais do que um filme de aventura bem executado, chama atenção como Lee é hábil ao contar uma história onde o foco principal é a própria narrativa e o gênero fantástico ao qual o próprio filme faz parte e, ao mesmo tempo, expandir a discussão sobre essas narrativas dentro de um contexto abrangente de pertencimento, família e crenças em geral.
Para além disso, Ang Lee dá um sentido a mais para todo o universo em CG do filme, o transformando como parte do próprio significado de fantasia que ele propõe e não abrindo mão de manter o foco no seu desenvolvimento narrativo ao invés de usar os efeitos como somente um deleite visual. Belo filme.
A intenção de se fazer um filme de apocalipse com um jovem "comum" de hoje, repleto de medos, solidão e inquietação é notável, colocando o personagem onde o isolamento é ao mesmo tempo uma prisão e a libertação para um mundo próprio, mas parece que a ideia funciona melhor enquanto ponto de partida do que em desenvolvimento.
Muitas partes da narrativa não evoluem ou soam tão artisticamente calculadas (os instrumentos musicais com coisas da casa, por exemplo) que fazem descolar um pouco do universo do filme, além de outros momentos que são previsíveis e causam a mesma impressão, parecendo um filme frouxo de zumbis. Intenção > Prática.
É indiscutivelmente um dos filmes atuais do gênero mais bonitos em termos de fotografia e efeitos visuais e uma obra que tem a marca de Villeneuve para a história de Philip K. Dick, mas ao mesmo tempo a contemplação e os debates morais e de identidade do filme se alongam mais do que o necessário. A primeira metade do filme fica girando e girando em torno de uma lógica que parece ser repetida ao extremo e acaba perdendo o impacto quando a segunda metade se inicia.
É um filme longo e pesado, para o bem e para o mal, com questões onde o roteiro parece não acompanhar a imensidão proposta por Villeneuve, tal qual acontece de forma mais orgânica em Ad Astra - outro exemplar recente do gênero. Porém, o respeito aos cânones do original e a revigoração da narrativa também estão lá, por mais que a sensação após o término da sessão seja que você está assistindo ao filme por dois dias inteiros.
Por mais que a impressão final seja positiva e Pryce e Hopkins estejam realmente muito bem, o início do filme é caótico demais, com as opções estéticas de Meirelles quase arruinando tudo antes de começar a andar. Os planos inclinados, câmera na mão, mudanças abruptas de foco, variações aleatórias de fotografia - o filme tem quebra de eixo -, flashbacks, etc parecem completamente fora de tom com o roteiro e as atuações, chamando tanta atenção a si mesmos que o material acaba eclipsado. Felizmente no terço final as coisas acontecem de forma mais natural e as situações fluem melhor, mas ainda assim a sensação de irregularidade é grande.
Se o elenco é de qualidade duvidosa (a única que escapa um pouco é a protagonista), Midsommar tem outros muitos problemas: 1) A ambientação naturalmente estranha e exótica é explorada de forma um pouco intrusiva, com excesso de trilha sonora em alguns momentos e um conflito com os americanos que de tão forçosamente absurdo as vezes traz mais risos involuntários do que estranheza; 2) A proteção aos códigos e condutas do povoado, próxima da reprodução dos filmes de bruxa é as vezes mal explorada (a proteção ao livro sagrado, a cena do menino mijando na árvore dos antepassados por exemplo) e o comportamento idiota dos protagonistas gera consequências e reações previsíveis dos personagens, 3) assim como no filme anterior, o diretor tenta e reafirma em muitos momentos que a estrutura do seu filme é de um terror diferente, quando na verdade justifica algo que deveria ficar injustificável (Hereditário) e repete o padrão protagonistas-imbecis-perdidos-em-um-ambiente-hostil de uma série de filmes terror comuns dos EUA (Midsommar).
No final, a impressão que fica é que o interessante prólogo e as questões iniciais do casal e da saúde mental, juntamente com as soluções visuais interessantes para os momentos delirantes ficam perdidos e são esvaziados em um todo desnecessariamente longo e com uma conclusão que varia entre o sugestivo e interessante e o bobo e engraçado. Mais uma vez fico com a impressão que Ari Aster não sabe explorar da melhor forma possível o potencial que deseja apresentar, assim como não sabe concluir seus filmes com o mesmo cinismo com que os desenvolve. O que pesa dessa vez, talvez, é que não há um ambiente tão imersivo como no filme anterior e não há uma Toni Collete que mascare a "magia" por trás das falhas.
Passado, presente, futuro, projeções, decepções, encontros, desencontros... O amor, a memória e as consequências de cada singelo encontro, olhar ou toque raramente foram tão bem representadas quanto em 2046. Wong Kar-Wai transforma o que havia de particular em Amor à flor da pele em algo universal e atemporal. Obra-prima.
As reclamações sobre as cinebiografias (alguns personagens mal desenvolvidos, algumas atuações caricatas - aqui em Leandro Hassum, pressa em alguns eventos etc) sempre estarão presentes em todos os filmes do gênero, e Domingues é habilidoso em contar uma história "baseada" na história de Simonal - como anunciado nos créditos iniciais.
Cinematograficamente corajoso nos plano-sequências (principalmente na bela abertura), quando passa dos momentos comuns de apresentação e consolidação do personagem, o roteiro, a direção e Fabrício Boliveira colocam Simonal como a figura dúbia que ficou conhecida posteriormente.
A imprevisibilidade dos atos do cantor e as consequências - reais - deles são o principal legado do filme para uma das narrativas mais interessantes de um dos ícones artísticos que o Brasil teve. Afinal: a história de Simonal foi uma grande comédia de erros? Teria o mesmo final caso ele fosse não fosse negro? O filme não busca responder, mas sua conclusão é suficiente para deixar o espectador engolindo a seco.
Fábula existencialista nonsense que funcionaria melhor se sua estrutura e direção fossem ainda mais cínicas em relação ao conteúdo. Funciona como passatempo, tem bom ritmo e uma protagonista cativante, mas, ainda que justificadamente, fica a sensação que o filme não chega a nenhum lugar.
Taylor Sheridan é de fato um excelente roteirista, vide Sicario e A Qualquer Custo e aqui não é diferente: grandes diálogos em uma ambientação silenciosa e repleta de segredos e camadas, que evitam o lugar comum. Mas alguns problemas narrativos, de direção e edição (o flashback mal incluído, certa pressa na resolução do crime e o tom de denúncia documental ao final) parecem um pouco soltos no filme e diluem um pouco da sua força.
A impressão é que com um nome mais experiente na direção Terra Selvagem teria mais atmosfera e seria aí sim um grande filme, vide os outros filmes roteirizados por Sheridan.
Boneco de Neve
2.4 462 Assista AgoraEm termos de roteiro e direção é péssimo, com personagens que parecem ter importância entrando e saindo de cena de forma desordenada e com o desenvolvimento da história sendo algo completamente desinteressante. Tecnicamente é ruim também, com uma fotografia e direção de arte tão chapados que parece as vezes que o filme foi feito todo em chroma key, trilha sonora muitas vezes descolada da ação e uma edição que no início parece Transformers de tão fragmentada e perdida e depois parece que só segue o piloto automático do filme saindo dos trilhos. Pra completar o fracasso, tem um clímax tão zoado que dá vontade até de rir e a cena final é ridícula.
É uma pena ver um filme tão ruim de Alfredson, que fez filmes tão bons quanto Deixe ela entrar e O espião que sabia demais e que aqui filma mal até plano/contra plano. Tá mais pra aqueles bonecos de neve brasileiros da região sul, isso sim.
Clímax
3.6 1,1K Assista AgoraNoé deveria sair algemado da sala de cinema depois da premiere desse troço aí. O "significado" é muito frágil, a estética e a fotografia só prestam pra dar dor de cabeça e cansar e o filme é repulsivo e de mau gosto como poucos que eu já vi. Pra viagem lisérgica é melhor rever Enter the void e pra ver nojeira e gente gritando já têm três Jackass, inclusive um em 3D. Podia servir de material anti-drogas do Proerd e só.
Os Miseráveis
4.0 161Tem uma ambientação boa e tal, mas a narrativa e os personagens são desenvolvidos muuuito superficialmente e o filme não chega a muito lugar não. Até o seu final tenso, competente e naturalmente catártico sumiu rapidamente da minha cabeça após o fim do filme.
O clipe de Minha Alma, do Rappa, dirigido pela Katia Lund fez muito mais com menos e há 20 anos atrás.
Longa Jornada Noite Adentro
3.6 63 Assista AgoraConfesso que demorei a adentrar completamente à imersão necessária que o filme propõe para se tornar completo e coeso em sua proposta, além de achar seu prólogo demasiadamente confuso e alongado. Mas a partir do momento em que você encontra a porta de entrada para o que está realmente "ali", o filme se torna algo tão sinestésico que é até difícil de se encontrar palavras para descrever. Além de ser visualmente surpreendente, com uma decupagem e fotografia hipnotizantes, é uma experiência formal, estética e narrativamente impressionante.
"-Não pode simplesmente dar fogos de artifício para as pessoas.
-Por que?
-Eles simbolizam o transitório
-E não é isso que somos?"
Guerra Fria
3.8 326 Assista AgoraFunciona melhor na primeira metade - por mais que muito mais fracionada que a segunda, e esse closes tortos do Pawlikowski não me descem muito, mas gosto mais desse do que de Ida. Para além dos belos enquadramentos e fotografia, que seguem gerando uma taxa de um print screen por minuto, aqui há uma fluidez mais natural da câmera em belos planos-sequência que dão peso para uma história que se constrói fragmentária. As elipses narrativas que vi alguns criticando não me incomodaram, pincelando um período de consolidação da Guerra Fria e da dualidade do período - chama atenção como é encenado o crescimento da importância e da proteção às fronteiras conforme o avanço da narrativa.
Por mais que no final careça de um peso maior, é bom ver um trabalho que vai de encontro aos filmes contemporâneos, cada vez mais enormes em duração e constrói seu universo a partir da concisão narrativa.
Paprika
4.2 503 Assista AgoraDelírio estético, homenagem ao cinema, experiência narrativa e visualmente transcendental... Existem milhares de combinações possíveis de classificações a dar a Paprika. Pode um filme tratar a temática dos sonhos de forma tão livre de amarras narrativas, como convencionalmente ocorre no cinema americano e ao mesmo tempo parecer muitas vezes se alongar demais e não sair do lugar? Para o bem e para o mal: tanto faz.
A Vizinhança do Tigre
3.9 44A Vizinhança do Tigre, em sua economia narrativa, evita a expositividade e constrói todo um universo interno e externo a partir de seus registros erguidos sob escombros, entre janelas, obras inacabadas e olhares periféricos. Chama atenção a forma como Uchôa arquiteta seu filme, evitando o excesso em termos estéticos e narrativos - indo de encontro a um caminho comum na cinematografia autoral e contemporânea brasileira - e erigindo sua narrativa em torno da fluidez das imagens e situações. Grande filme, que varia nuances entre a inocência jovem, o conflito com a violência externa, o presente vazio e a incerteza de um futuro com pouco mais que a insinuação.
Destacamento Blood
3.8 448 Assista AgoraOs monólogos na floresta são o ponto alto do filme, fora a força das imagens que Lee sempre impulsiona com suas conclusões, mas fora isso é uma bagunça completa. Longa duração a troco de nada, personagens pouco cativantes e narrativa zero interessante. Pincela críticas sempre válidas à política (seja de qual época), às guerras e, claro, à situação racial, mas dessa vez fica tudo meio eclipsado pela qualidade duvidosa da história. Nem a boa atuação de Delroy Lindo mascara as falhas do filme.
White Boy Rick
3.4 94 Assista AgoraArgumento que inicia de um ponto de partida interessante, mas que não encontra um caminho como filme. Os coadjuvantes são mal desenvolvidos, apresentados de forma corrida e alguns atores ficam subaproveitados (Bruce Dern, até Jennifer Jason Leigh que nem é lá tudo isso). Além disso, o protagonista não tem uma presença marcante em cena e mesmo com duração de quase duas horas o filme não tem peso algum, com exceção de algumas sequências capitaneadas por McConaughey - que está ótimo e não encontra par que divida o brilho. Por mais que a ambientação seja boa, falta mais qualidade na edição, roteiro e principalmente na direção.
Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa
3.4 1,4KAinda que o universo Esquadrão Suicida no cinema siga sendo uma bobeira e o roteiro seja ainda ofensivamente ruim em 90% do filme, aqui pelo menos a parte gráfica é bem competente (as lutas na Casa dos Horrores e na delegacia principalmente), a direção tem seus momentos e o filme é bem fotografado.
Além disso, Ewan McGregor rouba a cena, Jurnee Smollet-Bell é um achado como Canário Negro e Margot Robbie tem talento e carisma suficiente pra segurar o filme. Porém novamente o que sobra é um filme bem esquecível ao final, com um clímax bastante apressado e bobo, que ajuda menos ainda nesse sentido.
A Vastidão da Noite
3.5 576 Assista AgoraA ideia de transpor um sci-fi para a década de 1950 funciona enquanto proposta visual, com uma bela direção de arte durante todo o filme e um clímax competente, mas infelizmente os méritos do filme ficam muito aquém das suas falhas. A direção tem escolhas estéticas falhas (telas pretas, decupagem pouco engenhosa e criativa, ritmo oscilante), o roteiro é extremamente verborrágico (toda a sequência inicial, a sequência da história da senhora) e é difícil criar qualquer empatia pelos personagens. A ideia de homenagem a uma cinematografia é legal, mas aqui fica a impressão que caberia melhor em um curta.
PS: O plano-sequência é realmente impressionante.
Viveiro
3.2 762 Assista Agoraolha que sacanagem fizeram com seu argumento maneiro.zip
Os Irmãos Lobo
3.8 51"temos mais de cinco mil filmes em casa, mas sempre soubemos a diferença entre os filmes e a realidade"
Half Nelson: Encurralados
3.6 126Ryan Gosling, antes de se tornar o cara-solitário-silencioso-buscando-identidade-depressivo (com o mesmo personagem em uns cinco ou seis filmes diferentes), sendo tudo isso aí e mais um pouco. Aqui porém, bem menos caricato e entregando se pá a melhor atuação da carreira (A Garota Ideal na cola).
As Aventuras de Pi
3.9 4,4KMais do que um filme de aventura bem executado, chama atenção como Lee é hábil ao contar uma história onde o foco principal é a própria narrativa e o gênero fantástico ao qual o próprio filme faz parte e, ao mesmo tempo, expandir a discussão sobre essas narrativas dentro de um contexto abrangente de pertencimento, família e crenças em geral.
Para além disso, Ang Lee dá um sentido a mais para todo o universo em CG do filme, o transformando como parte do próprio significado de fantasia que ele propõe e não abrindo mão de manter o foco no seu desenvolvimento narrativo ao invés de usar os efeitos como somente um deleite visual. Belo filme.
A Noite Devorou o Mundo
3.2 362 Assista AgoraA intenção de se fazer um filme de apocalipse com um jovem "comum" de hoje, repleto de medos, solidão e inquietação é notável, colocando o personagem onde o isolamento é ao mesmo tempo uma prisão e a libertação para um mundo próprio, mas parece que a ideia funciona melhor enquanto ponto de partida do que em desenvolvimento.
Muitas partes da narrativa não evoluem ou soam tão artisticamente calculadas (os instrumentos musicais com coisas da casa, por exemplo) que fazem descolar um pouco do universo do filme, além de outros momentos que são previsíveis e causam a mesma impressão, parecendo um filme frouxo de zumbis. Intenção > Prática.
Blade Runner 2049
4.0 1,7K Assista AgoraÉ indiscutivelmente um dos filmes atuais do gênero mais bonitos em termos de fotografia e efeitos visuais e uma obra que tem a marca de Villeneuve para a história de Philip K. Dick, mas ao mesmo tempo a contemplação e os debates morais e de identidade do filme se alongam mais do que o necessário. A primeira metade do filme fica girando e girando em torno de uma lógica que parece ser repetida ao extremo e acaba perdendo o impacto quando a segunda metade se inicia.
É um filme longo e pesado, para o bem e para o mal, com questões onde o roteiro parece não acompanhar a imensidão proposta por Villeneuve, tal qual acontece de forma mais orgânica em Ad Astra - outro exemplar recente do gênero. Porém, o respeito aos cânones do original e a revigoração da narrativa também estão lá, por mais que a sensação após o término da sessão seja que você está assistindo ao filme por dois dias inteiros.
Dois Papas
4.1 962 Assista AgoraPor mais que a impressão final seja positiva e Pryce e Hopkins estejam realmente muito bem, o início do filme é caótico demais, com as opções estéticas de Meirelles quase arruinando tudo antes de começar a andar. Os planos inclinados, câmera na mão, mudanças abruptas de foco, variações aleatórias de fotografia - o filme tem quebra de eixo -, flashbacks, etc parecem completamente fora de tom com o roteiro e as atuações, chamando tanta atenção a si mesmos que o material acaba eclipsado. Felizmente no terço final as coisas acontecem de forma mais natural e as situações fluem melhor, mas ainda assim a sensação de irregularidade é grande.
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
3.6 2,8K Assista AgoraSe o elenco é de qualidade duvidosa (a única que escapa um pouco é a protagonista), Midsommar tem outros muitos problemas: 1) A ambientação naturalmente estranha e exótica é explorada de forma um pouco intrusiva, com excesso de trilha sonora em alguns momentos e um conflito com os americanos que de tão forçosamente absurdo as vezes traz mais risos involuntários do que estranheza; 2) A proteção aos códigos e condutas do povoado, próxima da reprodução dos filmes de bruxa é as vezes mal explorada (a proteção ao livro sagrado, a cena do menino mijando na árvore dos antepassados por exemplo) e o comportamento idiota dos protagonistas gera consequências e reações previsíveis dos personagens, 3) assim como no filme anterior, o diretor tenta e reafirma em muitos momentos que a estrutura do seu filme é de um terror diferente, quando na verdade justifica algo que deveria ficar injustificável (Hereditário) e repete o padrão protagonistas-imbecis-perdidos-em-um-ambiente-hostil de uma série de filmes terror comuns dos EUA (Midsommar).
No final, a impressão que fica é que o interessante prólogo e as questões iniciais do casal e da saúde mental, juntamente com as soluções visuais interessantes para os momentos delirantes ficam perdidos e são esvaziados em um todo desnecessariamente longo e com uma conclusão que varia entre o sugestivo e interessante e o bobo e engraçado. Mais uma vez fico com a impressão que Ari Aster não sabe explorar da melhor forma possível o potencial que deseja apresentar, assim como não sabe concluir seus filmes com o mesmo cinismo com que os desenvolve. O que pesa dessa vez, talvez, é que não há um ambiente tão imersivo como no filme anterior e não há uma Toni Collete que mascare a "magia" por trás das falhas.
2046 - Os Segredos do Amor
4.0 150 Assista AgoraPassado, presente, futuro, projeções, decepções, encontros, desencontros... O amor, a memória e as consequências de cada singelo encontro, olhar ou toque raramente foram tão bem representadas quanto em 2046. Wong Kar-Wai transforma o que havia de particular em Amor à flor da pele em algo universal e atemporal. Obra-prima.
Simonal
3.3 76 Assista AgoraAs reclamações sobre as cinebiografias (alguns personagens mal desenvolvidos, algumas atuações caricatas - aqui em Leandro Hassum, pressa em alguns eventos etc) sempre estarão presentes em todos os filmes do gênero, e Domingues é habilidoso em contar uma história "baseada" na história de Simonal - como anunciado nos créditos iniciais.
Cinematograficamente corajoso nos plano-sequências (principalmente na bela abertura), quando passa dos momentos comuns de apresentação e consolidação do personagem, o roteiro, a direção e Fabrício Boliveira colocam Simonal como a figura dúbia que ficou conhecida posteriormente.
A imprevisibilidade dos atos do cantor e as consequências - reais - deles são o principal legado do filme para uma das narrativas mais interessantes de um dos ícones artísticos que o Brasil teve. Afinal: a história de Simonal foi uma grande comédia de erros? Teria o mesmo final caso ele fosse não fosse negro? O filme não busca responder, mas sua conclusão é suficiente para deixar o espectador engolindo a seco.
Já Não Me Sinto em Casa Nesse Mundo
3.3 382 Assista AgoraFábula existencialista nonsense que funcionaria melhor se sua estrutura e direção fossem ainda mais cínicas em relação ao conteúdo. Funciona como passatempo, tem bom ritmo e uma protagonista cativante, mas, ainda que justificadamente, fica a sensação que o filme não chega a nenhum lugar.
Terra Selvagem
3.8 594 Assista AgoraTaylor Sheridan é de fato um excelente roteirista, vide Sicario e A Qualquer Custo e aqui não é diferente: grandes diálogos em uma ambientação silenciosa e repleta de segredos e camadas, que evitam o lugar comum. Mas alguns problemas narrativos, de direção e edição (o flashback mal incluído, certa pressa na resolução do crime e o tom de denúncia documental ao final) parecem um pouco soltos no filme e diluem um pouco da sua força.
A impressão é que com um nome mais experiente na direção Terra Selvagem teria mais atmosfera e seria aí sim um grande filme, vide os outros filmes roteirizados por Sheridan.
Homem-Aranha: De Volta ao Lar
3.8 1,9K Assista AgoraMarvel + John Hughes = Homem-Aranha: De Volta ao Lar