Criação mais icônica do escritor Neil Gaiman, Sandman foi um dos marcos revolucionários dos quadrinhos estadunidense, ele esteve num momento de mudança que ocorreu em fins dos anos 1980 e início dos 1990 que tornou as HQs de grandes editoras, uma possibilidade de leitura para adultos. ... Transpor Sandman para outra mídia sempre foi algo complexo, além de ter muitos fãs que invariavelmente vão reclamar de algo, a subjetividade e grandiosidade de algumas situações e cenários sempre pareceu impossível. Felizmente o desafio foi abraçado. ... A série da Netflix vem sendo desenvolvida a mais de um ano e adapta os dois primeiros arcos de histórias do personagem. Foram 10 episódios muito bem pensados para trazer parte da sensação da leitura com novas abordagens capazes de impactar o espectador da mesma forma que o leitor mais de 30 anos. ... É incrível como a direção e o roteiro dominam o ritmo da narrativa, pois por mais que cada episódio tenha por volta de uma hora, não se vê o tempo que se passa e, de repente, os episódios já acabaram. Mesmo quando o freio é acionado, como o quinto episódio na lanchonete, isso ocorre por um motivo que amplifica a potência da resolução. ... Não poderia ser diferente, mas o grande destaque vai para o sexto episódio, onde temos a adaptação de duas histórias fechadas icônicas das HQs e que servem tanto como respiro narrativo entre arcos, como transições, já que apresentam um desenvolvimento no protagonista. ... Apesar da boa qualidade ao longo de toda a temporada, senti um roteiro mais bem amarrado na primeira metade em relação ao terço final. O novo desafio tem tantos novos elementos de uma só vez que deixa a narrativa confusa, o deslocar do protagonismo para um novo personagem também contribui para o distanciamento do espectador. ... Tecnicamente temos efeitos especiais que se saem melhor nas ambientações mais fantásticas ou na inserção desses elementos em cenários reais, o contrário causa estranhamento (a capela do terceiro episódio é claramente uma construção digital). ... A atuação também merece destaque, pois temos um protagonista que está longe de ser eloquente, ele é sempre muito contido, sussurra ao invés de falar, mas convence e até se diferencia do que esperaríamos normalmente. Os outros atores caminham na mesma qualidade, cada um com sua característica e tempo de tela, que em geral se resume a apenas um episódio e nos deixa com vontade de ver mais.
Sem tempo para ver um filme, mas querendo se distrair matando saudade de um personagem que se tornou icônico no MCU? ... Em Eu Sou Groot acompanhamos ao longo de cinco episódios o alienígena vegetal crescendo depois de sua morte (morreu mesmo? O broto é um clone ou um filho?) no fim do primeiro filme de Guardiões da Galáxia. ... São pequenas aventuras solitárias de apenas três minutos onde vemos de certa forma um amadurecimento desde sua saída do vaso, descobertas e decepções, sempre com gags bem humoradas.
Com a morte do Arrowverso definitivamente decretada e o anúncio de apenas mais 13 episódios no ano que vem. Flash ainda vale a pena? ... Depois de um terrível início de temporada com crossovers fracos no arco Armageddon, a série começou com um oneshot dos filhos do Barry, um roteiro bastante infantil de efeito borboleta que nos levou para uma temporada que se caracteriza principalmente em episódios mais soltos e cronologicamente independentes. ... Tal característica, de certa forma, ajudou a tornar a temporada um pouco melhor. Os erros acabam não se prolongando tanto, ou pelo menos são diferentes em níveis variados de forma que somos capazes de encontrar alguns pontos bons ao longo da temporada. ... Do lado positivo vemos algumas discussões interessantes como o preconceito contra ex-presidiários que não são aceitos na sociedade depois de soltos; os lutos mal resolvidos que nos impedem de continuar a viver; o poder do jornalismo na luta contra as injustiças. ... Por outro lado, tudo é muito superficial, e quando algo se destaca positivamente, ele não chega nem aos pés dos pontos mais baixos que geralmente assumem resoluções bobas, bregas ou decepcionantes (Lanterna Verde se despediu antes mesmo de aparecer). ... A trama das forças fundamentais do universo também foram um desastre, praticamente um Power Rangers nos seus piores momentos. ... As atuações também decaíram bastante, claro que Flash nunca foi concorrente de Emmy ou algo assim, mas o Time Flash dessa fase final é bem desastroso Cecile, Allegra e Chester já estavam na série, mas ter apenas eles como suporte é desesperador. ... Temporada 5,5/10 Série 6/10
Depois de uma primeira leva de episódios explosiva, com um vilão ainda mais perigosos e toda a turma espalhada pelo mundo, a segunda parte a quarte temporada de Stranger Things foi lançada para colocar a casa em ordem. ... Os dois mega episódios encerram o arco do Vecna de maneira mais intensa, reunindo os quatro núcleos criados anteriormente de forma satisfatória e com melhoria no ritmo dos arcos secundários como o resgate na União Soviética com o russo picareta e irritante, ou mesmo os quatro amigos numa Kombi. ... Surpreendeu também a qualidade gráfica e de produção que torna as maiores bizrrices reais. Parece que todo o dinheiro investido nas temporadas passadas foram injetados de uma só vez nesse final (ainda que mantenha a estética mais tosca). ... A Netflix resolveu dividir os episódios em duas partes nesse ano, uma estratégia que vem se mostrando interessante e gera um engajamento do público mais duradouro que o tradicional efeito maratona. E foi por isso que a temporada foi dividida, de forma a provocar a audiência e deixar a conclusão em suspensão. ... Porém, a separação proposta pelo streaming de 7 e 2 episódios com diferença de algumas poucas semana entre eles soou um pouco estranha. Até pelo tamanho dos dois episódios, podemos quase considerar que são duas temporadas. A maior diferença é que o senso de perigo nessa segunda parte está no máximo e os poucos momentos de respiro na realidade servem para nos jogar cada vez mais para o explosivo final. ... Agora é esperar pela conclusão final daqui a dois anos (espero estar errado e que a próxima temporada venha ano que vem) onde o mundo pode colapsar se vez. E talvez os produtores tenham mais coragem para ceifar algumas vidas importantes. Mas de tudo que aconteceu eu só quero saber a resposta de uma coisa: De onde veio a espada do Conan? . Temporada 9/10 Série 8/10
Quando somos crianças pensamos como seremos quando crescer, mas talvez não gostamos dos rumos que o futuro nos reserva. ... Papergirls é uma série sobre quatro meninas que entregam jornais em sua vizinhança e vivem no final da década de 1980. Porém, sem querer, vão parar no meio de uma guerra entre grupos que querem manter o tempo sem mudança e rebeldes que querem liberdade para alterá-lo. ... Baseado nos quadrinhos de Brian K Vaugh e Cliff Chiang, a Amazon encontrou uma franquia com jovens adolescentes da década de 1980 encarando enormes confusões. A comparação com Stranger Things é inevitável, até por termos fresco na memória a quarta temporada, mas podemos dizer que ambas as histórias surfaram no mesmo hype de meados de 2010, pois ambas nasceram em 2016. ... O quadrinho foi concluído recentemente no Brasil e se encerra em 36 edições, e ainda que muitas mudanças ocorram de uma mídia para outra, isso deve render três temporadas cheias de bizarrices temporais. ... E como o conceito de guerra contra o cerceamento de liberdade e amadurecimento funcionam bem nessa série que fomenta conflitos entre as protagonistas e com versões delas mesmas de tempos diferentes. ... Assim, é interessante como para além do Scifi, acompanhamos as garotas descobrindo sobre si mesmas, um amadurecimento forçado ao se deparar com escolhas e descobertas que ainda não tinham sido feitas, sentimentos que estavam apenas surgindo, mas que suas versões futuras já passaram, para o bem ou para o mal. ... Como um tema de viagem no tempo, não tem como não pensar em possíveis paradoxos, mas pelo menos por enquanto o roteiro consegue se desviar muito bem disso, até por focar a narrativa apenas nas garotas. As descobertas que temos e o avançar da história ocorre apenas a partir delas. ... O primeiro episódio então não se apressa em apresentar bem as quatro protagonistas, e o cenário a partir de suas descobertas, mas isso deixou esse início um pouco arrastado. Situação que logo muda, já para o final desse primeiro episódio, quando encontra um bom equilíbrio de ritmo. ... As atuações também estão boas e, embora mais sutil, gostei como a produção trabalhou as cores dos quadrinhos (coloridas e com muito brilho) em pontos chave na fotografia, em especial quando se trata das viagens.
Segredos antigos de uma civilização perdida podem significar o fim de tudo que conhecemos. ... O Segredo do Templo chega a sua terceira e última temporada, oito anos se passaram desde que Atiye retornou ao seu universo para o templo Gobekli Tepe. Mas esse tempo não foi tão feliz, pois sua filha foi sequestrada no nascimento sem deixar nenhuma pista sobre seu paradeiro. .. Essa temporada se desenvolve principalmente em relação ao relacionamento da garota que agora tem oito anos e reencontra os pais, mas os poderes que ela manifesta vão servir de motivação para que inimigos obscuros se revelem. E assim, acompanhamos inimigos se tornando aliados e novos perigos aparecendo para tomar o lugar dos antigos. ... Mas infelizmente a série se perde num drama desequilibrado entre os personagens, alguns que exageram nas emoções, enquanto outros parecem acredita tanto num poder superior que se mostram apáticos. ... O ritmo também é muito ruim, desnecessariamente lento, se enrola com as relações familiares, quando poderia dar mais espaço para as investigações históricas e mitológicas, momento que a série brilha com histórias que mesclam lendas de diversos povos árabes com realidades paralelas e uma inevitável destruição da Terra. ... Disponível: #netflix ... Série 7/10 Temporada 6/10
Qual laço familiar é o mais forte? Com aquele que nascemos ou os que escolhemos estar ao nosso lado? ... Na segunda temporada de Superman e Lois as crises familiares se tornam-se o motor principal dos conflitos, a começar pelo envolvimento de Lois investigando uma seita de auto ajuda que a irmã se enfiou, enquanto precisa lidar com a "não filha" de outra realidade se acostumando com o novo universo né no qual sua mãe é casada com o responsável por destruir seu mundo; os adolescentes com problemas de drogas, aceitação e relacionamento; e uma versão bizarra/apocalíptica do Superman. ... E se a princípio o maior desafio de Clark parecia ser um conflito com os EUA querendo seu próprio exército de Superman e forçando o Superman a se submeter a ideia de "América em primeiro lugar". Temos uma virada de roteiro que mistura os objetivos da seita de auto ajuda com o Mundo Bizarro e o domínio de duas realidades. ... Essa temporada segue a mesma linha que a anterior com novos conflitos de narrativas divididas em pequenos núcleos que convergem para um único e catastrófico evento. ... Ela mantém a qualidade se desenvolvendo no equilíbrio de temas sérios e complexos como seitas que fazem lavagem cerebral em pessoas com vulnerabilidades e diferentes formas de relacionamento, ao mesmo tempo que tem mundos paralelos inspirados nas HQs da década de 1960 e pancadarias ocasionais. ... O cuidado técnico no trabalho com iluminação e tomadas menos comuns continua, mas os efeitos especiais de vez em quando não funciona como deveria, ainda que não atrapalhe assistir. ... Minha maior crítica, mas que para muitos é um dos motivos para fazer funcionar a série é a relação confusa com o Arrowverso, que na teoria compartilha do mesmo mundo, mas com exceção das aparições pontuais do John Diggle, mais nada é mencionado, o que cria uma incoerência bem grande. ... Disponível: #hboplus ... Temporada 9/10 Série 9.5/10
Quem nunca perdeu a noção de espaço por causa de um pernilongo ou mosca rondando ... Em Homem X Abelha acompanhamos Trevor Bigley, um zelador itinetante, uma pessoa que é contratada para cuidar de casas quando seus donos viajam. Em seu primeiro trabalho fica responsável por uma residência toda automatizada, com obras de arte caras por todos os cantos e um cachorro arteiro. ... As dificuldades geradas por trapalhadas já seriam inevitáveis, mas tudo fica ainda mais difícil por causa de uma abelha zanzando de um lado para o outro e a obsessão de matá-la de qualquer maneira. ... É impossível ver Rowan Atkinson e não lembrar da comédia física de Mr.Bean, e aqui temos algo muito semelhante, mas com um diferencial: o personagem possui falas. Ok, nada grandioso e até a premissa básica pode ser encontrada em um dos episódios da série de humor inglesa. ... E claro que esse tipo de comédia pressupõe um exagero, mas existe um limite aceitável, e infelizmente o roteiro vai escalonando de tal forma que ultrapassa a melhor das boas intenções até que o bobo perde a graça.
É socialmente mal visto alguém que não gosta de bebês, mas esses pequenos seres que só choram e fazem sujeira também não são amados por todos. ... A mini-série O Bebê vai mostrar como um destes serzinhos com rosto de joelho podem ser demoníacos. Para isso acompanhamos Natasha, uma mulher de 38 anos irritada com os recém nascidos de suas melhores amigas resolve viajar e daí as coisas ficam estranhas. ... A casa escolhida fica no pé de uma colina, de repente cai uma mulher e depois um bebê, este segundo ela salva e vai começar a persegui-la a partir de então, deixando um rastro de mortos por onde ela tenta abandoná-lo. ... Sem precisar de efeitos especiais (embora exista alguns) vamos conhecendo a maldade e os poderes da "inocente" criatura, enquanto sua origem nos é revelada aos poucos com todas as "mães" que ele teve. E as expressões do bebê são sensacionais, pois são naturais, mas ainda assim o tom da cena consegue exprimir o sentimento desejado com louvor. ... Mas não é apenas uma história de humor inglês sádico sobre maternidade, é também sobre depressão pós parto, solidão, mães solo, pressão da sociedade para as mulheres serem mães, homofobia, misoginia e a discussão sobre a responsabilidade de ter um filho. ... Dessa forma, o humor vai aos poucos tomando ares dramáticos ao longo da temporada com o cômico virando apenas pontual até deixar de existir. Talvez essa transição seja o mais fraco, pois embora tenhamos ritmo tanto narrativo, quanto em relação às revelações, de vez em quando os temas pedem mais profundidade e ela não chega, com a continuidade também um pouco prejudicada.
Anos atrás, antes da trilogia Disney, o universo de Star Wars era muito gasto, ele crescia em diferentes mídias e sua cronologia preenchia milhares de anos. Quando a Disney comprou quase tudo foi zerado para se transformar em balcão de ideias, são elas que estão servindo de base para a produção atual, mas não com o mesmo sucesso. ... Obi-Wan Kenobi é a mais recente série do cenário e acompanha o último Jedi, isolado e designado a cuidar do jovem Luke Skywalker, antes da Disney um livro desenvolvia esses anos de exílio como uma brilhante adaptação de western. E isso foi o que imaginamos que veríamos nessa série, mas não foi bem assim. ... A história se passa 10 anos após a queda da República e encontramos um Obi Wan proletário, vivendo na miséria e escondido em Tatoine, enquanto vigia o jovem Luke nas horas vagas, até que uma infante princesa Leia em seus afazeres políticos, é sequestrada e o ex Jedi é coagido a se envolver. ... Uma história de esconde-esconde com Obi Wan descobrindo que a resistência ao Império existe, apesar de seu desaparecimento e que os Inquisidores cruzam a galáxia em busca dos últimos manipuladores da força. ... Todos os elementos básicos para se gostar dessa história estão lá: alienígenas, Jedi, resistência contra um estado totalitário, o retorno de atores consagrados com a adição de novos em geral bem integrados. ... Mas a narrativa parece estar sempre em ponto morto, ou que estamos numa fase tutorial de um jogo, simplesmente não empolga. Além disso, alguns vilões como O Grande Inquisidor é uma completa decepção, parece que os anos não fizeram bem para sua dieta ou mesmo inteligência. ... Outro ponto é a indecisão dos produtores no público alvo, ela fica entre o infantil e o adulto sem ser nenhuma das duas, violento de mais em alguns casos, mas extremamente bobo e simplista em outros.
O segundo ano de Britannia retorna com um pouco mais de lendas e magia, mas se perde um pouco na quantidade de episódios. ... Em Britannia acompanhamos o avanço do Império Romano pelas ilhas britânicas ainda em meados do primeiro século. Ao fim da primeira temporada Roma tinha destruído os druidas e ganhava importância no território, com uma pequena esperança de resistência criada pela profecias. ... Mas nessa segunda temporada a história parece não andar, embora tenhamos pelo menos quatro frentes narrativas, cada uma delas desenvolveu muito pouco com o esconde-esconde com a Cait ao longo da temporada. ... Assim, claramente a série estendeu o segundo ano muito além do que tinha para contar, e dos dez episódios, os três últimos foram realmente empolgantes, enquanto os sete restantes se arrastavam com muito pouco para contar. Acredito que cinco episódios estaria perfeito para a temporada. ... Também existe uma característica engraçada, pois apesar de se passar no primeiro século depois de Cristo, a série tenta ser "modernosa" com uma linguagem despojada, trilha sonora descolada e muitas cores. No entanto, não utiliza essa estética não usual para o tipo de cenário, ainda assim não chega a atrapalhar e até cria um aspecto único. ... Enfim, das séries "históricas", está é uma das mais fracas e tenta se diferenciar com essas aproximações com nossa época, além de flertar mais fortemente com o fantástico, e justamente se beneficiária se abraçasse ainda mais essa parte mágica. Quem sabe na próxima temporada? ... Disponível: #starplus ... Temporada 6,5/10 Série 7/10
Enquanto o universo cinematográfico da DC não escolhe seu rumo e as séries de carne e osso tropeçam, a animação Young Justice se destaca. ... Nessa quarta temporada, ao longo de 26 episódios mais uma vez nos deparamos com temas como racismo e xenofobia servindo para pano de fundo, e tudo começa sob uma nova perspectiva: os mesmos problemas que atingem outro planeta. ... Dividido em vários arcos que podem tanto coincidir temporalmente como se suceder, núcleos de supers com objetivo de desvendar uma pesada baixa em suas fileiras que ocorre em Marte durante os preparativos do casamento da Miss Marte com o Superboy. ... Passamos pela Liga das Sombras (ou da Luz), para em seguida acompanharmos os heróis mágicos enfrentando uma crise contra Klarion e a descobrirmos qual a importância de Vadal Savage na história do nosso mundo. Até culminar num último arco com os kriptonianos presos na Zona Fantasma. ... Os preparativos do casamento soam sempre bregas (não importa que mundo estamos) e tais momentos poderiam ser mais diretos, ou pelo menos resumidos. Algo que daria mais espaço para a investigação sobre a morte do rei de Marte e os ataques que o planeta vem sofrendo. ... Apokolipse continua um fantasma constante em todos os movimentos da temporada como um grande mal que assombra todo o sistema solar desde as derrotas de Darkseid em anos passados. E sua ameaça se conecta no fim da temporada com uma trama paralela da Legião dos Super Heróis que enfrentam os fugitivos da Zona Fantasma mil anos no futuro. ... O peso da cronologia e o desenvolvimento dos personagens são facas de dois gumes, de um lado essa série consegue algo que não vemos nem nos quadrinhos, de outro existe um excesso de drama em alguns episódios que os torna cansativos. Nesse ponto quem se destaca é o Mutano que vem sofrendo desde a temporada passada.
Para os produtores da franquia Walking Dead mortos caminhando pelo mundo não eram suficientes e nada como inserir um cataclisma nuclear para complicar ainda mais a situação. ... A sétima temporada de Fear The Walking Dead começa meses depois da explosão atômica no fim da temporada passada acompanhando inicialmente um sobrevivente solitário como artifício para apresentar a situação atual do Oeste estadunidense. ... A primeira metade da temporada se dedica a diferentes núcleos de personagens e como eles estão sobrevivendo no cenário radioativo. Mas é um nível muito inconstante e cansativo, tramas que se fossem abreviadas teriam mais impacto são prolongadas além do necessário e o drama (que move a maior parte da série) rapidamente se perde em decisões cansativas. ... E na tentativa de alguma inovação (mas nem tanta assim) o antagonismo principal de foca nos protagonistas, com um ou outro perigo extra como um grupo de pessoas que arrebanha os mortos e tira roupas e pertences deles, além dos militares que vimos em Beyond que desde a temporada 5 já se mostrava como ameaça. ... Mas daí temos meses de espera entre blocos de cinco episódios com médios e baixos, e penas alguns poucos momentos interessantes na construção do que poderia ser uma guerra e o apoteótico e comemorativo episódio 100. ... Pois é, a expectativa foi atropelada pela realidade como um bungue jump do qual você esqueceu de amarrar uma das pontas do elástico e cada episódio se transforma numa luta para chegar até o final e ter forças para assistir o próximo. A produção realmente se esforçou em no nível de ruindade que culmina na despedida da protagonista. ... Enfim, é incrível saber que a série ainda continua, bem como a franquia que já possui vários spinoffs em produção. ... Disponível: #starplay ... Temporada 5/10 Série 7/10
Inspirado no segundo livro de Stephen King, Chapelwaite nos apresenta uma interessante variação (mas também vários elementos que vemos com frequência) de um dos monstros mais clássicos do cinema e literatura. ... Na série acompanhamos Charles Boone e sua família que depois da morte da esposa, abandona o trabalho na baleeira para viver na mansão que acaba de herdar dos antepassados. No entanto, o pequeno vilarejo no Maine não aceita bem seus novos moradores. ... A narrativa segue uma estrutura bastante recorrente para filmes de terror, mas com uma aura mais gótica com a ambientação no ano de 1850. Preconceito, fanatismo, alucinações, loucura e uma doença misteriosa que tira a vida daqueles que são capturados por ela, servem de pistas para o verdadeiro mal que reside nas proximidades. ... A série teve um cuidado muito grande na progressão do sobrenatural que se apresenta para o espectador e mesmo os problemas mais mundanos se tornam interessantes ao longo dos episódios. ... Ainda assim, é a partir da segunda metade da temporada que nossa atenção é capturada em definitivo com a ação e o horror ganhando mais espaço. Minha maior crítica em relação ao ritmo fica por conta do último episódio que se destina a um grande epílogo e por mais que os atores realmente se entreguem aos papéis, se sobressaindo na parte dramática, poderia facilmente ser cortado alguns minutos.
Cada idade possui seu próprio desafio, das descobertas aos arrependimentos, vivemos apenas uma vida e precisamos fazer o melhor que podemos com o que temos. ... Picard é uma série de ação Scifi, mas também um drama reflexivo sobre as vitórias da vida e os desejos não conquistados, as decisões não escolhidas e que conta com um protagonista com mais de oitenta anos, algo muito raro em grandes produções estadunidenses. ... Nessa segunda temporada a história não se restringe apenas a contar as últimas aventuras do velho capitão da Enterprise, mas investiga a finitude de nossa existência e os caminhos que levam a ela permeando todas as tramas, das mais secundárias aos antagonistas. ... Assim, acompanhamos os heróis numa jornada pelo século XXI, tentando evitar que uma modificação no passado transforme o futuro da Federação e compartilhamento de conhecimento entre culturas da galáxia numa Confederação xenófoba e totalitária que conhecemos brevemente no segundo episódio. ... Da busca por entender a importância de não nos esquecermos que somo seres sociais e precisamos nos relacionar à superação de traumas, cada personagem enfrenta seus desafios dentro de uma mesma temática: o fim inevitável que cada um de nós irá encontrar. ... E apesar de toda essa reflexão, a série não deixa de lado as espécies alienígenas fantásticas, viagens pelo espaço e pelo tempo, sequências de luta, troca de tiros e espionagem. Tudo de uma forma equilibrada que emociona ao mesmo tempo que empolga pelo próximo episódio, pela próxima história, pela próxima temporada.
A Netflix não começou com Stranger Things, mas essa série foi um marco que redefiniu a plataforma de Streaming em 2016. A fórmula dos algoritmos que juntou a nostalgia da década de 1980 com um pouco de terror adolescente numa pílula única de várias horas de imersão. ... O primeiro ano foi realmente um sucesso, mas dar continuidade a ele se tornou uma tarefa difícil, já que a novidade não existia mais, como continuar agradando? Eles demoraram duas temporadas para não ficar apenas no mais do mesmo e acertaram mais uma vez nesta quarta temporada. ... Em certo sentido ela representa um retorno às origens, primeiro nos levando ao passado de Eleven, quando o laboratório de Hawkings estava em pleno funcionamento e mostra um ponto de virada da protagonista que só será inteiramente explicado no sétimo episódio. ... Além disso, a produção se permitiu a explorar mais o horror com elementos mais grotescos de corpos distorcidos e um vilão que representa perigo real, um Freddy Krueger, sem o sarcasmo cômico. Com os efeitos especiais e ambientação oitentista ganhando um upgrade bastante evidente. ... Vale ressaltar que a presença da época não ficou apenas nas piadas ou objetos de cena, mas fez parte do roteiro que abraçou a histeria coletiva que ocorreu nos EUA na década 1980 (e se espalhou no mundo nos anos seguintes) em que qualquer coisa poderia gerar uma caça às bruxas num fenômeno conhecidos por "Satanic Panic". ... Temos sim uma temporada melhor, mais interessante nos arcos que interessam, com um perigo que parece afetar o grupo de protagonistas. Por outro lado, o número excessivo de personagens que foram se somando com o passar dos anos torna o roteiro inchado. ... O núcleo adulto, composto pelo Hooper e a Joyce, é uma história à parte que poderia até ser lançado separado como um spinoff, não me entendam mal, eu gostei dele em grande parte, mas é tão orbital que não precisaria estar aqui. Mike, Will e Jonathan então, tem menos utilidade ainda, com algumas boas situações, mas também facilmente ignoráveis. ... E por mais que a Eleven sofrendo bullying e depois redescobrindo os poderes seja o centro da série; quem brilha mesmo é a galera de Hawkings com o Dustin e companhia, é neles que vemos os principais perigos e descobertas. ... E agora resta esperar pelos últimos dois episódios da temporada que ficaram para primeiro de julho. Entendo a ideia de dividir (embora não goste) para aproveitar um maior engajamento do público, mas isso poderia ser mais equilibrado. ... Temporada 9/10 Série 8/10
A terceira temporada da série antológica de animação Love Death and Robots veio com uma proposta um pouco diferente, vários episódios com maior duração em relação a anterior e organizados numa estrutura de triades: humor, ação de drama. ... Simplesmente é difícil não gostar de algum episódio, pois cada um, dramático ou cômico, conquista. E posso dizer que este ano eles se superaram tanto em narrativa como técnica. ... Assim, começamos com o retorno dos "Três Robôs" que desde o primeiro ano aparece para refletir sarcasticamente sobre a humanidade que no tempo deles já não existe mais. Aparentemente o humor pode parecer bobo, mas é quase um aceno crítico ao senso comum que encontramos sobre os sobrevivencialistas e milionários que ou destroem o mundo ou se isolam dele. ... Em seguida, em "Viagem Ruim" somos levados para um horror bastante gráfico na temática pirata e o destaque da direção de David Fincher. O horror continua no "O Mesmo Pulso da Máquina", mas numa narrativa mais dramática e existencial com a protagonista lidando com seus conflitos pessoais num cenário de sobrevivência em outro planeta e precisando carregar o corpo da colega astronauta por um planeta deserto. . Ambos episódios chamam atenção, o primeiro usa uma técnica digital que favorece o uso do sangue que explode na tela em meio as discussões morais sobre levar o monstro ou não para um local habitado. Enquanto o segundo brinca com o surreal psicodélico e existencial a partir da rotoscopia, é de tirar o fôlego. . O segundo ciclo inicia com uma origem inusitada para a praga zumbis que dificilmente será superada em "Noite dos Minimortos". O humor feito no que parece um jogo em 8bits de visão isométrica, é visual, dinâmico e divertido. O urso robô de "Matança em Grupo" também diverte pelo gore exagerado e a interação entre a equipe de soldados que nao dura por muito tempo, mas é o menos interessante dessa leva. . Enquanto em "Enxame", somos apresentados aquele velho questionamento sobre como a ganância da espécie humana pode significar seu fim. O principal elemento deste episódio é a estética biológica de cada criatura que participa de um sistema de simbiose galático. . Em seguida, voltamos para a comédia em "Ratos de Mason" nos mostrando um fazendeiro em confronto com as pragas mamíferas que insistem viver no celeiro, com peculiaridade que aqui as criaturinhas gozam de um enorme avanço tecnológico e tático. Engraçado e com uma pitada de crítica à guerra. ... Nos passos finais voltamos a histórias com soldados, desta vez numa missão dentro de uma caverna que os leva à experiências inesperadas. "Sepultados na Caverna" trabalha o horror a partir da surpresa e certo maravilhamento com o estranho, o design dos monstros e arquiteturas ancestrais bebe muito da fonte, mas também é responsável por dar vida à ela. Estou evitando spoilers, pois vale a descoberta. ... E por fim, na conclusão de uma ótima temporada temos aquele que deve ser o episódio mais complexo da série. A construção de "Fazendeiro" trabalha de forma completamente integrada a narrativa, estética e linguagem ao apresentar o embate de um soldado com surdez e uma espécie de sereia que tem a voz como arma. ... Ao acompanhar a perseguição alternada dos personagens, em poucos minutos nos é entregue muito além da beleza gráfica e da plasticidade dos movimentos, temos um conto entre a violência e o erotismo, a ganância e a loucura, o colonialismo e o fantástico expondo um relacionamento abusivo. ... Nesse conto eu só não entendi o título, já que o protagonista é definitivamente um soldado e em nenhum momento ele "cultiva" algo. No original, "Jibaro" significa camponês de montanha e o termo transita entre a América Andina e Porto Rico, sendo que neste último tornou-se também um estilo musical crioulo. ... Enfim, o texto acabou ficando muito maior que devia, mas essa temporada realmente se destaca das anteriores com episódios mais acertivos em cada um dos gêneros que se propõe, transitando entre técnicas, experimentando, e sempre impactando positivamente.
Ao assistir uma série antológica, na qual cada episódio apresenta uma história completamente diferente da outra, precisamos ajustar expectativas para experimentar o diferente. ... A antologia sempre tem uma linha mestre que pode ser tanto temática, como estética ou narrativa, mas a proposta é ter contato com variações. É isso que encontramos em Love Death and Robots, e nesta segunda temporada retornou com uma estrutura mais enxuta de apenas 9 episódios. ... E até para não me estender além dos caracteres permitidos pelo Instagram, vou apenas apontar alguns dos episódios que mais gostei. A começar pelo primeiro que mostra uma divertida revolta das máquinas onde o maior perigo não é o aspirador robô assassino na sua frente, mas um serviço de atendimento que não funciona. ... Em "Esquadrão de Extermínio" descobrimos um controle de natalidade levado às últimas consequências numa sociedade futurista onde foi alcançada a vida eterna por meio da tecnologia, mas nascimentos são proibidos. ... Acompanhamos pelos olhos de um policial designado para matar crianças, mas que começa a ter crise de consciência. A ambientação neonoir é claramente inspirada em Blade Runner. ... "Snow no Deserto" mistura Homem nas Trevas com um cenário futurista desértico e aliens, embora a trama já seja suficiente para nós mantermos interessados, chama a atenção os gráficos extremamente reais. ... "Grama Alta", por sua vez traz um conto de horror, o medo de ser esquecido no meio do nada ao descer do trem, ou um pouco mais que isso. A técnica escolhida é interessante, pois o traços, colorização e movimento dos personagens lembra stop motivo. ... Foi uma temporada menor, mas com menos erros, por outro lado também tivemos menos episódios extremamente memoráveis, principalmente do ponto de vista gráfico que em geral se resolvia na busca pelo hiperrealismo.
No centro dos EUA, a vida aos pés das Montanhas Rochosas parece ser a mais pacata possível, até que algo inexplicável acontece. ... Em Outer Range conhecemos uma família de fazendeiros no Wyoming que se encontram em decadência. Falta de dinheiro, a esposa de um dos filhos desaparecida a quase um ano, uma disputa por terras praticamente improdutivas. ... Mas além do drama familiar, ao mesmo tempo que ocorre uma morte após a briga no bar, um buraco que aparentemente leva para lugar nenhum aparece no meio do pasto, mas provoca visões do futuro para quem o toca. ... Uma mistura de drama com Scifi e elementos sobrenaturais com viagens no tempo e até uma possível seita? O roteiro vai levando o mistério aos poucos, quase como segundo plano em relação aos problemas da família com a fazenda vizinha e a cidade, ainda que ele esteja sempre presente. ... A produção soube abordar a temática de viagem no tempo de forma quase tímida e pontual, preparando o terreno para o fim da temporada que chega ao espectador organicamente. Pois mesmo com os dois últimos episódios imersos na loucura que os personagens vieram se afogando aos poucos, quando ela explode sem controle e a própria realidade é questionada, parece algo natural. ... Além disso, tecnicamente temos paisagens muito bonitas numa fotografia casada ao tema interiorano que nos remete a um western contemporâneo. Minha crítica fica por conta de alguns truques de câmera que aparecem muito espaçados e parecem não corresponder à estética que a própria série se estrutura.
Estamos mal acostumados com séries policiais que resolvem casos quase como mágica, episódio após episódio. Mas a realidade é muito mais complexa e tramas aparentemente simples podem deixar assassinos livres. ... 42 Dias de Escuridão vai apresentar um caso real que ocorreu no Chile do suposto sequestro de uma mulher que depois de 42 Dias com a mídia massacrando a família com várias teorias e a polícia não conduzindo bem a investigação, tem seu corpo encontrado num sótão da casa. ... O evento ocorreu em 2010 numa cidade no sul do país e se estendeu por mais pelo menos sete anos com o caso sendo reaberto na busca por uma resposta. Na série acompanhamos principalmente por meio de um advogado que resolve assumir não oficialmente o caso e investiga em paralelo para a família das irmãs da vítima. ... É uma história sobre erros e obsessão, de como ambas podem destroçar com as vidas dos ainda presentes e embora já nos seja revelado o paradeiro sequestrada, as pistas e o desenrolar da busca são mostrados aos poucos. O suficiente para pontuar um clima de tensão, que ganha mais corpo pelo local sempre nublado e a fotografia acizentada. ... Por ser um caso real, todas as informações são de conhecimento público, no entanto, elas são de alcance regional e nesse ponto a narrativa da série poderia explorar mais a dúvida, trabalhar mais com o mistério, pois desde o primeiro episódio já temos um suspeito. ... No entanto, a angústia de ter um culpado e ver todos os erros e becos sem saída que a polícia e a opinião pública tomam serviram como um bom combustível para embarcar no seriado. Até chegarmos aos episódios finais que avançam um pouco mais no tempo para coroar nossa desesperança na captura do culpado.
"A ignorância gera mais confiança que o conhecimento" Charles Darwin (?) Essa é apenas a primeira das frases póstumas de personalidades históricas que inicia a minissérie Pentavirato. ... Passamos a conhecer a mais antiga sociedade secreta que rege o mundo pelos bastidores, ou pelo menos, como os próprios líderes a consideram, a mais legal. Tirando a parte "legal" essa é uma teoria conspiratória bastante difundida que serve como base para a história. ... E aqui a conhecemos por dentro quando uma troca de líderes revela uma conspiração dentro da conspiração para acabar com tudo e enriquecer vendendo um supercomputador. E para isso acompanhamos o repórter Ken Scarborough, que ao tentar salvar sua carreira pode ser responsável por acabar com o mundo. ... É uma comédia boba, excêntrica e ácida criada pelo Mike Meyers que, por sinal, interpreta nove personagens diferentes. São poucos episódios, então consegue imprimir um ritmo satisfatório com piadas sobre como as pessoas trocam a privacidade por redes sociais, mas também apelam para escatologia. ... Além disso, é um spinoff de um filme de comédia romântica do próprio Meyers lançado em 1993, Married an Axe Murderer, mas em nenhum momento sentimos qualquer dependência de ter assistido esse filme (eu mesmo nem imagino que filme é esse).
Uma das diferenças entre loucura ou sanidade são os padrões criados pela sociedade que seguimos ou deixamos de seguir, mas tudo se complica quando várias vozes se encontram numa mesma cabeça. ... Em Cavaleiro da Lua somos apresentados ao mais novo superherói do universo Marvel, um "Batman" que veste bandagens brancas e tem várias personalidades com quem conversa vez ou outra, uma delas é o deus egípcio Khonshu. ... Toda essa loucura é apresentada aos poucos ao espectador que descobre junto com a mais entediante das personalidades do protagonista que ele nunca está sozinho. Começando em Londres, na vida nada empolgante de Steven Grant trabalhando num museu até que descobre sobre suas outras vidas. ... O roteiro vai nos revelando detalhes pouco a pouco sobre a misteriosa dupla identidade de Steven, a qual nem ele mesmo sabe e outras questões como: Quem é Marc Spector? Khonshu realmente existe? Qual o problema de Ammit? Quantas personalidades podem viver dentro de uma mesma pessoa? ... Uma série de ação e aventura com pitadas de humor, a fórmula mais básica da Marvel desta vez com viagens ao Egito e efeitos especiais que recriam criaturas mitológicas e trazem aquele gostinho do filme A Múmia. ... Com um ritmo de dinamismo crescente e uma história interessante, Oscar Isaac convence em todas suas faces que se manifesta e abre uma nova leva de seriados Marvel que se destaca pela independência em relação ao resto do cenário.
Seria possível viajar no tempo para corrigir todas nossas falhas e decepções? Mas o que seria das nossas vidas se pudéssemos sempre alterar o que nos desagrada? ... Na segunda temporada de Undone parece que Alma realmente estava viajando no tempo com ajuda do espírito do pai morto em busca de uma chance para nunca ter morrido. ... Assim, somos transportados para uma realidade completamente nova, onde Jacob pôde estar presente na vida de suas filhas. Mas apesar de aparentemente estar tudo bem, nem tudo é perfeito e novas cicatrizes aparecem. ... As tramas familiares continuam como o motor que inspiram a protagonista a descobrir e evoluir sua própria relação com a vida e os poderes de viagem e vislumbre do tempo. E embarcamos numa série de mistérios sobre sua mãe e avó, levando Alma, Becca e seu pai a descobrir sobre a ancestralidades e a fluidez do tempo. ... Mas e se essa nova realidade na verdade é apenas uma alucinação na mente de Alma? O mais importante é a jornada quase transcendental que provoca na protagonista e em nós reflexões sobre o fim e em aceitar que coisas ruins vão acontecer na vida e não temos como controlar tudo. ... Mais uma temporada impactante que nos envolve com as descobertas pessoais, numa ficção que mexe com o tempo, mas que aos poucos centra sua aventura na manipulação do passado apenas para ressaltá-lo numa metáfora sobre a vida. ... Disponível: #amazonprime ... 9/10
Um internato isolado no alto da montanha tinha que esconder algo, e assim que conhecemos Las Cumbres os mistérios começam a saltar de cada parte, com o sobrenatural sempre em destaque, mas logo descobrimos que os problemas podem ser muito mais mundanos. ... Nessa segunda temporada alguns segredos vão se desenrolando como os experimentos secretos do projeto Cortex se conectando com algumas descobertas sobre o passado do internato e uma possível "fonte da eternidade" com relações às bruxas e os monges do século XV. ... São boas ideias amarradas muito bem, mas que se desenvolvem de forma extremamente lenta, com tramas secundárias inúteis e desinteressantes que prejudicam muito o ritmo e consequentemente atrapalham na conexão com o espectador. ... Porém, seu maior problema está na repetição, praticamente todo episódio um ou mais internos tenta fugir, acontece algo que não dá certo e eles ficam de castigo, em geral algo sádico para em seguida tudo acontecer mais uma vez no dia seguinte. ... O pouco avanço na história principal ou desenvolvimento do passado dos personagens cansa. Daria para facilmente diminuir um terço dos oito episódios sem perder nada e ainda com possibilidade de acontecer ainda mais. ... Um grande acerto é a ambientação que nos leva a um antigo mosteiro na beira do penhasco e contornado por uma densa floresta sempre envolto em névoas. Acrescido a isso essa temporada parece criar passagens secretas em cada parede, deixando a construção ainda mais aterrorizante. ... Ainda que, claro, os fantasmas ou bruxas que podem ou não existir nos corredores, não são nada perante a estrutura de ensino prisional e exploradora que descobrimos servir também como laboratório com cobaias involuntárias. ... Disponível: #amazonprime ... 6,5/10
Sandman (1ª Temporada)
4.1 590 Assista AgoraCriação mais icônica do escritor Neil Gaiman, Sandman foi um dos marcos revolucionários dos quadrinhos estadunidense, ele esteve num momento de mudança que ocorreu em fins dos anos 1980 e início dos 1990 que tornou as HQs de grandes editoras, uma possibilidade de leitura para adultos.
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Transpor Sandman para outra mídia sempre foi algo complexo, além de ter muitos fãs que invariavelmente vão reclamar de algo, a subjetividade e grandiosidade de algumas situações e cenários sempre pareceu impossível. Felizmente o desafio foi abraçado.
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A série da Netflix vem sendo desenvolvida a mais de um ano e adapta os dois primeiros arcos de histórias do personagem. Foram 10 episódios muito bem pensados para trazer parte da sensação da leitura com novas abordagens capazes de impactar o espectador da mesma forma que o leitor mais de 30 anos.
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É incrível como a direção e o roteiro dominam o ritmo da narrativa, pois por mais que cada episódio tenha por volta de uma hora, não se vê o tempo que se passa e, de repente, os episódios já acabaram. Mesmo quando o freio é acionado, como o quinto episódio na lanchonete, isso ocorre por um motivo que amplifica a potência da resolução.
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Não poderia ser diferente, mas o grande destaque vai para o sexto episódio, onde temos a adaptação de duas histórias fechadas icônicas das HQs e que servem tanto como respiro narrativo entre arcos, como transições, já que apresentam um desenvolvimento no protagonista.
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Apesar da boa qualidade ao longo de toda a temporada, senti um roteiro mais bem amarrado na primeira metade em relação ao terço final. O novo desafio tem tantos novos elementos de uma só vez que deixa a narrativa confusa, o deslocar do protagonismo para um novo personagem também contribui para o distanciamento do espectador.
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Tecnicamente temos efeitos especiais que se saem melhor nas ambientações mais fantásticas ou na inserção desses elementos em cenários reais, o contrário causa estranhamento (a capela do terceiro episódio é claramente uma construção digital).
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A atuação também merece destaque, pois temos um protagonista que está longe de ser eloquente, ele é sempre muito contido, sussurra ao invés de falar, mas convence e até se diferencia do que esperaríamos normalmente. Os outros atores caminham na mesma qualidade, cada um com sua característica e tempo de tela, que em geral se resume a apenas um episódio e nos deixa com vontade de ver mais.
Eu Sou Groot (1ª Temporada)
3.6 57 Assista AgoraSem tempo para ver um filme, mas querendo se distrair matando saudade de um personagem que se tornou icônico no MCU?
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Em Eu Sou Groot acompanhamos ao longo de cinco episódios o alienígena vegetal crescendo depois de sua morte (morreu mesmo? O broto é um clone ou um filho?) no fim do primeiro filme de Guardiões da Galáxia.
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São pequenas aventuras solitárias de apenas três minutos onde vemos de certa forma um amadurecimento desde sua saída do vaso, descobertas e decepções, sempre com gags bem humoradas.
The Flash (8ª Temporada)
2.7 23 Assista AgoraCom a morte do Arrowverso definitivamente decretada e o anúncio de apenas mais 13 episódios no ano que vem. Flash ainda vale a pena?
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Depois de um terrível início de temporada com crossovers fracos no arco Armageddon, a série começou com um oneshot dos filhos do Barry, um roteiro bastante infantil de efeito borboleta que nos levou para uma temporada que se caracteriza principalmente em episódios mais soltos e cronologicamente independentes.
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Tal característica, de certa forma, ajudou a tornar a temporada um pouco melhor. Os erros acabam não se prolongando tanto, ou pelo menos são diferentes em níveis variados de forma que somos capazes de encontrar alguns pontos bons ao longo da temporada.
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Do lado positivo vemos algumas discussões interessantes como o preconceito contra ex-presidiários que não são aceitos na sociedade depois de soltos; os lutos mal resolvidos que nos impedem de continuar a viver; o poder do jornalismo na luta contra as injustiças.
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Por outro lado, tudo é muito superficial, e quando algo se destaca positivamente, ele não chega nem aos pés dos pontos mais baixos que geralmente assumem resoluções bobas, bregas ou decepcionantes (Lanterna Verde se despediu antes mesmo de aparecer).
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A trama das forças fundamentais do universo também foram um desastre, praticamente um Power Rangers nos seus piores momentos.
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As atuações também decaíram bastante, claro que Flash nunca foi concorrente de Emmy ou algo assim, mas o Time Flash dessa fase final é bem desastroso Cecile, Allegra e Chester já estavam na série, mas ter apenas eles como suporte é desesperador.
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Temporada 5,5/10
Série 6/10
Stranger Things (4ª Temporada)
4.2 1,0K Assista AgoraDepois de uma primeira leva de episódios explosiva, com um vilão ainda mais perigosos e toda a turma espalhada pelo mundo, a segunda parte a quarte temporada de Stranger Things foi lançada para colocar a casa em ordem.
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Os dois mega episódios encerram o arco do Vecna de maneira mais intensa, reunindo os quatro núcleos criados anteriormente de forma satisfatória e com melhoria no ritmo dos arcos secundários como o resgate na União Soviética com o russo picareta e irritante, ou mesmo os quatro amigos numa Kombi.
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Surpreendeu também a qualidade gráfica e de produção que torna as maiores bizrrices reais. Parece que todo o dinheiro investido nas temporadas passadas foram injetados de uma só vez nesse final (ainda que mantenha a estética mais tosca).
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A Netflix resolveu dividir os episódios em duas partes nesse ano, uma estratégia que vem se mostrando interessante e gera um engajamento do público mais duradouro que o tradicional efeito maratona. E foi por isso que a temporada foi dividida, de forma a provocar a audiência e deixar a conclusão em suspensão.
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Porém, a separação proposta pelo streaming de 7 e 2 episódios com diferença de algumas poucas semana entre eles soou um pouco estranha. Até pelo tamanho dos dois episódios, podemos quase considerar que são duas temporadas. A maior diferença é que o senso de perigo nessa segunda parte está no máximo e os poucos momentos de respiro na realidade servem para nos jogar cada vez mais para o explosivo final.
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Agora é esperar pela conclusão final daqui a dois anos (espero estar errado e que a próxima temporada venha ano que vem) onde o mundo pode colapsar se vez. E talvez os produtores tenham mais coragem para ceifar algumas vidas importantes. Mas de tudo que aconteceu eu só quero saber a resposta de uma coisa: De onde veio a espada do Conan?
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Temporada 9/10
Série 8/10
Paper Girls (1ª Temporada)
3.6 66Quando somos crianças pensamos como seremos quando crescer, mas talvez não gostamos dos rumos que o futuro nos reserva.
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Papergirls é uma série sobre quatro meninas que entregam jornais em sua vizinhança e vivem no final da década de 1980. Porém, sem querer, vão parar no meio de uma guerra entre grupos que querem manter o tempo sem mudança e rebeldes que querem liberdade para alterá-lo.
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Baseado nos quadrinhos de Brian K Vaugh e Cliff Chiang, a Amazon encontrou uma franquia com jovens adolescentes da década de 1980 encarando enormes confusões. A comparação com Stranger Things é inevitável, até por termos fresco na memória a quarta temporada, mas podemos dizer que ambas as histórias surfaram no mesmo hype de meados de 2010, pois ambas nasceram em 2016.
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O quadrinho foi concluído recentemente no Brasil e se encerra em 36 edições, e ainda que muitas mudanças ocorram de uma mídia para outra, isso deve render três temporadas cheias de bizarrices temporais.
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E como o conceito de guerra contra o cerceamento de liberdade e amadurecimento funcionam bem nessa série que fomenta conflitos entre as protagonistas e com versões delas mesmas de tempos diferentes.
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Assim, é interessante como para além do Scifi, acompanhamos as garotas descobrindo sobre si mesmas, um amadurecimento forçado ao se deparar com escolhas e descobertas que ainda não tinham sido feitas, sentimentos que estavam apenas surgindo, mas que suas versões futuras já passaram, para o bem ou para o mal.
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Como um tema de viagem no tempo, não tem como não pensar em possíveis paradoxos, mas pelo menos por enquanto o roteiro consegue se desviar muito bem disso, até por focar a narrativa apenas nas garotas. As descobertas que temos e o avançar da história ocorre apenas a partir delas.
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O primeiro episódio então não se apressa em apresentar bem as quatro protagonistas, e o cenário a partir de suas descobertas, mas isso deixou esse início um pouco arrastado. Situação que logo muda, já para o final desse primeiro episódio, quando encontra um bom equilíbrio de ritmo.
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As atuações também estão boas e, embora mais sutil, gostei como a produção trabalhou as cores dos quadrinhos (coloridas e com muito brilho) em pontos chave na fotografia, em especial quando se trata das viagens.
O Segredo do Templo – 3ª Temporada
2.9 7Segredos antigos de uma civilização perdida podem significar o fim de tudo que conhecemos.
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O Segredo do Templo chega a sua terceira e última temporada, oito anos se passaram desde que Atiye retornou ao seu universo para o templo Gobekli Tepe. Mas esse tempo não foi tão feliz, pois sua filha foi sequestrada no nascimento sem deixar nenhuma pista sobre seu paradeiro.
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Essa temporada se desenvolve principalmente em relação ao relacionamento da garota que agora tem oito anos e reencontra os pais, mas os poderes que ela manifesta vão servir de motivação para que inimigos obscuros se revelem. E assim, acompanhamos inimigos se tornando aliados e novos perigos aparecendo para tomar o lugar dos antigos.
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Mas infelizmente a série se perde num drama desequilibrado entre os personagens, alguns que exageram nas emoções, enquanto outros parecem acredita tanto num poder superior que se mostram apáticos.
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O ritmo também é muito ruim, desnecessariamente lento, se enrola com as relações familiares, quando poderia dar mais espaço para as investigações históricas e mitológicas, momento que a série brilha com histórias que mesclam lendas de diversos povos árabes com realidades paralelas e uma inevitável destruição da Terra.
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Disponível: #netflix
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Série 7/10
Temporada 6/10
Superman & Lois (2ª Temporada)
3.7 26 Assista AgoraQual laço familiar é o mais forte? Com aquele que nascemos ou os que escolhemos estar ao nosso lado?
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Na segunda temporada de Superman e Lois as crises familiares se tornam-se o motor principal dos conflitos, a começar pelo envolvimento de Lois investigando uma seita de auto ajuda que a irmã se enfiou, enquanto precisa lidar com a "não filha" de outra realidade se acostumando com o novo universo né no qual sua mãe é casada com o responsável por destruir seu mundo; os adolescentes com problemas de drogas, aceitação e relacionamento; e uma versão bizarra/apocalíptica do Superman.
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E se a princípio o maior desafio de Clark parecia ser um conflito com os EUA querendo seu próprio exército de Superman e forçando o Superman a se submeter a ideia de "América em primeiro lugar". Temos uma virada de roteiro que mistura os objetivos da seita de auto ajuda com o Mundo Bizarro e o domínio de duas realidades.
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Essa temporada segue a mesma linha que a anterior com novos conflitos de narrativas divididas em pequenos núcleos que convergem para um único e catastrófico evento.
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Ela mantém a qualidade se desenvolvendo no equilíbrio de temas sérios e complexos como seitas que fazem lavagem cerebral em pessoas com vulnerabilidades e diferentes formas de relacionamento, ao mesmo tempo que tem mundos paralelos inspirados nas HQs da década de 1960 e pancadarias ocasionais.
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O cuidado técnico no trabalho com iluminação e tomadas menos comuns continua, mas os efeitos especiais de vez em quando não funciona como deveria, ainda que não atrapalhe assistir.
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Minha maior crítica, mas que para muitos é um dos motivos para fazer funcionar a série é a relação confusa com o Arrowverso, que na teoria compartilha do mesmo mundo, mas com exceção das aparições pontuais do John Diggle, mais nada é mencionado, o que cria uma incoerência bem grande.
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Disponível: #hboplus
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Temporada 9/10
Série 9.5/10
Homem X Abelha: A Batalha (1ª Temporada)
3.4 70Quem nunca perdeu a noção de espaço por causa de um pernilongo ou mosca rondando
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Em Homem X Abelha acompanhamos Trevor Bigley, um zelador itinetante, uma pessoa que é contratada para cuidar de casas quando seus donos viajam. Em seu primeiro trabalho fica responsável por uma residência toda automatizada, com obras de arte caras por todos os cantos e um cachorro arteiro.
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As dificuldades geradas por trapalhadas já seriam inevitáveis, mas tudo fica ainda mais difícil por causa de uma abelha zanzando de um lado para o outro e a obsessão de matá-la de qualquer maneira.
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É impossível ver Rowan Atkinson e não lembrar da comédia física de Mr.Bean, e aqui temos algo muito semelhante, mas com um diferencial: o personagem possui falas. Ok, nada grandioso e até a premissa básica pode ser encontrada em um dos episódios da série de humor inglesa.
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E claro que esse tipo de comédia pressupõe um exagero, mas existe um limite aceitável, e infelizmente o roteiro vai escalonando de tal forma que ultrapassa a melhor das boas intenções até que o bobo perde a graça.
O Bebê
3.0 28 Assista AgoraÉ socialmente mal visto alguém que não gosta de bebês, mas esses pequenos seres que só choram e fazem sujeira também não são amados por todos.
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A mini-série O Bebê vai mostrar como um destes serzinhos com rosto de joelho podem ser demoníacos. Para isso acompanhamos Natasha, uma mulher de 38 anos irritada com os recém nascidos de suas melhores amigas resolve viajar e daí as coisas ficam estranhas.
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A casa escolhida fica no pé de uma colina, de repente cai uma mulher e depois um bebê, este segundo ela salva e vai começar a persegui-la a partir de então, deixando um rastro de mortos por onde ela tenta abandoná-lo.
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Sem precisar de efeitos especiais (embora exista alguns) vamos conhecendo a maldade e os poderes da "inocente" criatura, enquanto sua origem nos é revelada aos poucos com todas as "mães" que ele teve. E as expressões do bebê são sensacionais, pois são naturais, mas ainda assim o tom da cena consegue exprimir o sentimento desejado com louvor.
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Mas não é apenas uma história de humor inglês sádico sobre maternidade, é também sobre depressão pós parto, solidão, mães solo, pressão da sociedade para as mulheres serem mães, homofobia, misoginia e a discussão sobre a responsabilidade de ter um filho.
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Dessa forma, o humor vai aos poucos tomando ares dramáticos ao longo da temporada com o cômico virando apenas pontual até deixar de existir. Talvez essa transição seja o mais fraco, pois embora tenhamos ritmo tanto narrativo, quanto em relação às revelações, de vez em quando os temas pedem mais profundidade e ela não chega, com a continuidade também um pouco prejudicada.
Obi-Wan Kenobi
3.4 312 Assista AgoraAnos atrás, antes da trilogia Disney, o universo de Star Wars era muito gasto, ele crescia em diferentes mídias e sua cronologia preenchia milhares de anos. Quando a Disney comprou quase tudo foi zerado para se transformar em balcão de ideias, são elas que estão servindo de base para a produção atual, mas não com o mesmo sucesso.
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Obi-Wan Kenobi é a mais recente série do cenário e acompanha o último Jedi, isolado e designado a cuidar do jovem Luke Skywalker, antes da Disney um livro desenvolvia esses anos de exílio como uma brilhante adaptação de western. E isso foi o que imaginamos que veríamos nessa série, mas não foi bem assim.
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A história se passa 10 anos após a queda da República e encontramos um Obi Wan proletário, vivendo na miséria e escondido em Tatoine, enquanto vigia o jovem Luke nas horas vagas, até que uma infante princesa Leia em seus afazeres políticos, é sequestrada e o ex Jedi é coagido a se envolver.
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Uma história de esconde-esconde com Obi Wan descobrindo que a resistência ao Império existe, apesar de seu desaparecimento e que os Inquisidores cruzam a galáxia em busca dos últimos manipuladores da força.
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Todos os elementos básicos para se gostar dessa história estão lá: alienígenas, Jedi, resistência contra um estado totalitário, o retorno de atores consagrados com a adição de novos em geral bem integrados.
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Mas a narrativa parece estar sempre em ponto morto, ou que estamos numa fase tutorial de um jogo, simplesmente não empolga. Além disso, alguns vilões como O Grande Inquisidor é uma completa decepção, parece que os anos não fizeram bem para sua dieta ou mesmo inteligência.
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Outro ponto é a indecisão dos produtores no público alvo, ela fica entre o infantil e o adulto sem ser nenhuma das duas, violento de mais em alguns casos, mas extremamente bobo e simplista em outros.
Britannia (2ª Temporada)
3.6 8 Assista AgoraO segundo ano de Britannia retorna com um pouco mais de lendas e magia, mas se perde um pouco na quantidade de episódios.
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Em Britannia acompanhamos o avanço do Império Romano pelas ilhas britânicas ainda em meados do primeiro século. Ao fim da primeira temporada Roma tinha destruído os druidas e ganhava importância no território, com uma pequena esperança de resistência criada pela profecias.
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Mas nessa segunda temporada a história parece não andar, embora tenhamos pelo menos quatro frentes narrativas, cada uma delas desenvolveu muito pouco com o esconde-esconde com a Cait ao longo da temporada.
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Assim, claramente a série estendeu o segundo ano muito além do que tinha para contar, e dos dez episódios, os três últimos foram realmente empolgantes, enquanto os sete restantes se arrastavam com muito pouco para contar. Acredito que cinco episódios estaria perfeito para a temporada.
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Também existe uma característica engraçada, pois apesar de se passar no primeiro século depois de Cristo, a série tenta ser "modernosa" com uma linguagem despojada, trilha sonora descolada e muitas cores. No entanto, não utiliza essa estética não usual para o tipo de cenário, ainda assim não chega a atrapalhar e até cria um aspecto único.
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Enfim, das séries "históricas", está é uma das mais fracas e tenta se diferenciar com essas aproximações com nossa época, além de flertar mais fortemente com o fantástico, e justamente se beneficiária se abraçasse ainda mais essa parte mágica. Quem sabe na próxima temporada?
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Disponível: #starplus
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Temporada 6,5/10
Série 7/10
Justiça Jovem: Espectros (4ª Temporada)
4.1 19 Assista AgoraEnquanto o universo cinematográfico da DC não escolhe seu rumo e as séries de carne e osso tropeçam, a animação Young Justice se destaca.
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Nessa quarta temporada, ao longo de 26 episódios mais uma vez nos deparamos com temas como racismo e xenofobia servindo para pano de fundo, e tudo começa sob uma nova perspectiva: os mesmos problemas que atingem outro planeta.
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Dividido em vários arcos que podem tanto coincidir temporalmente como se suceder, núcleos de supers com objetivo de desvendar uma pesada baixa em suas fileiras que ocorre em Marte durante os preparativos do casamento da Miss Marte com o Superboy.
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Passamos pela Liga das Sombras (ou da Luz), para em seguida acompanharmos os heróis mágicos enfrentando uma crise contra Klarion e a descobrirmos qual a importância de Vadal Savage na história do nosso mundo. Até culminar num último arco com os kriptonianos presos na Zona Fantasma.
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Os preparativos do casamento soam sempre bregas (não importa que mundo estamos) e tais momentos poderiam ser mais diretos, ou pelo menos resumidos. Algo que daria mais espaço para a investigação sobre a morte do rei de Marte e os ataques que o planeta vem sofrendo.
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Apokolipse continua um fantasma constante em todos os movimentos da temporada como um grande mal que assombra todo o sistema solar desde as derrotas de Darkseid em anos passados. E sua ameaça se conecta no fim da temporada com uma trama paralela da Legião dos Super Heróis que enfrentam os fugitivos da Zona Fantasma mil anos no futuro.
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O peso da cronologia e o desenvolvimento dos personagens são facas de dois gumes, de um lado essa série consegue algo que não vemos nem nos quadrinhos, de outro existe um excesso de drama em alguns episódios que os torna cansativos. Nesse ponto quem se destaca é o Mutano que vem sofrendo desde a temporada passada.
Fear the Walking Dead (7ª Temporada)
2.7 55 Assista AgoraPara os produtores da franquia Walking Dead mortos caminhando pelo mundo não eram suficientes e nada como inserir um cataclisma nuclear para complicar ainda mais a situação.
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A sétima temporada de Fear The Walking Dead começa meses depois da explosão atômica no fim da temporada passada acompanhando inicialmente um sobrevivente solitário como artifício para apresentar a situação atual do Oeste estadunidense.
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A primeira metade da temporada se dedica a diferentes núcleos de personagens e como eles estão sobrevivendo no cenário radioativo. Mas é um nível muito inconstante e cansativo, tramas que se fossem abreviadas teriam mais impacto são prolongadas além do necessário e o drama (que move a maior parte da série) rapidamente se perde em decisões cansativas.
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E na tentativa de alguma inovação (mas nem tanta assim) o antagonismo principal de foca nos protagonistas, com um ou outro perigo extra como um grupo de pessoas que arrebanha os mortos e tira roupas e pertences deles, além dos militares que vimos em Beyond que desde a temporada 5 já se mostrava como ameaça.
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Mas daí temos meses de espera entre blocos de cinco episódios com médios e baixos, e penas alguns poucos momentos interessantes na construção do que poderia ser uma guerra e o apoteótico e comemorativo episódio 100.
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Pois é, a expectativa foi atropelada pela realidade como um bungue jump do qual você esqueceu de amarrar uma das pontas do elástico e cada episódio se transforma numa luta para chegar até o final e ter forças para assistir o próximo. A produção realmente se esforçou em no nível de ruindade que culmina na despedida da protagonista.
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Enfim, é incrível saber que a série ainda continua, bem como a franquia que já possui vários spinoffs em produção.
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Disponível: #starplay
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Temporada 5/10
Série 7/10
Chapelwaite (1ª Temporada)
3.6 34 Assista AgoraInspirado no segundo livro de Stephen King, Chapelwaite nos apresenta uma interessante variação (mas também vários elementos que vemos com frequência) de um dos monstros mais clássicos do cinema e literatura.
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Na série acompanhamos Charles Boone e sua família que depois da morte da esposa, abandona o trabalho na baleeira para viver na mansão que acaba de herdar dos antepassados. No entanto, o pequeno vilarejo no Maine não aceita bem seus novos moradores.
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A narrativa segue uma estrutura bastante recorrente para filmes de terror, mas com uma aura mais gótica com a ambientação no ano de 1850. Preconceito, fanatismo, alucinações, loucura e uma doença misteriosa que tira a vida daqueles que são capturados por ela, servem de pistas para o verdadeiro mal que reside nas proximidades.
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A série teve um cuidado muito grande na progressão do sobrenatural que se apresenta para o espectador e mesmo os problemas mais mundanos se tornam interessantes ao longo dos episódios.
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Ainda assim, é a partir da segunda metade da temporada que nossa atenção é capturada em definitivo com a ação e o horror ganhando mais espaço. Minha maior crítica em relação ao ritmo fica por conta do último episódio que se destina a um grande epílogo e por mais que os atores realmente se entreguem aos papéis, se sobressaindo na parte dramática, poderia facilmente ser cortado alguns minutos.
Star Trek: Picard (2ª Temporada)
3.5 13 Assista AgoraCada idade possui seu próprio desafio, das descobertas aos arrependimentos, vivemos apenas uma vida e precisamos fazer o melhor que podemos com o que temos.
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Picard é uma série de ação Scifi, mas também um drama reflexivo sobre as vitórias da vida e os desejos não conquistados, as decisões não escolhidas e que conta com um protagonista com mais de oitenta anos, algo muito raro em grandes produções estadunidenses.
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Nessa segunda temporada a história não se restringe apenas a contar as últimas aventuras do velho capitão da Enterprise, mas investiga a finitude de nossa existência e os caminhos que levam a ela permeando todas as tramas, das mais secundárias aos antagonistas.
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Assim, acompanhamos os heróis numa jornada pelo século XXI, tentando evitar que uma modificação no passado transforme o futuro da Federação e compartilhamento de conhecimento entre culturas da galáxia numa Confederação xenófoba e totalitária que conhecemos brevemente no segundo episódio.
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Da busca por entender a importância de não nos esquecermos que somo seres sociais e precisamos nos relacionar à superação de traumas, cada personagem enfrenta seus desafios dentro de uma mesma temática: o fim inevitável que cada um de nós irá encontrar.
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E apesar de toda essa reflexão, a série não deixa de lado as espécies alienígenas fantásticas, viagens pelo espaço e pelo tempo, sequências de luta, troca de tiros e espionagem. Tudo de uma forma equilibrada que emociona ao mesmo tempo que empolga pelo próximo episódio, pela próxima história, pela próxima temporada.
Stranger Things (4ª Temporada)
4.2 1,0K Assista AgoraA Netflix não começou com Stranger Things, mas essa série foi um marco que redefiniu a plataforma de Streaming em 2016. A fórmula dos algoritmos que juntou a nostalgia da década de 1980 com um pouco de terror adolescente numa pílula única de várias horas de imersão.
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O primeiro ano foi realmente um sucesso, mas dar continuidade a ele se tornou uma tarefa difícil, já que a novidade não existia mais, como continuar agradando? Eles demoraram duas temporadas para não ficar apenas no mais do mesmo e acertaram mais uma vez nesta quarta temporada.
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Em certo sentido ela representa um retorno às origens, primeiro nos levando ao passado de Eleven, quando o laboratório de Hawkings estava em pleno funcionamento e mostra um ponto de virada da protagonista que só será inteiramente explicado no sétimo episódio.
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Além disso, a produção se permitiu a explorar mais o horror com elementos mais grotescos de corpos distorcidos e um vilão que representa perigo real, um Freddy Krueger, sem o sarcasmo cômico. Com os efeitos especiais e ambientação oitentista ganhando um upgrade bastante evidente.
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Vale ressaltar que a presença da época não ficou apenas nas piadas ou objetos de cena, mas fez parte do roteiro que abraçou a histeria coletiva que ocorreu nos EUA na década 1980 (e se espalhou no mundo nos anos seguintes) em que qualquer coisa poderia gerar uma caça às bruxas num fenômeno conhecidos por "Satanic Panic".
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Temos sim uma temporada melhor, mais interessante nos arcos que interessam, com um perigo que parece afetar o grupo de protagonistas. Por outro lado, o número excessivo de personagens que foram se somando com o passar dos anos torna o roteiro inchado.
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O núcleo adulto, composto pelo Hooper e a Joyce, é uma história à parte que poderia até ser lançado separado como um spinoff, não me entendam mal, eu gostei dele em grande parte, mas é tão orbital que não precisaria estar aqui. Mike, Will e Jonathan então, tem menos utilidade ainda, com algumas boas situações, mas também facilmente ignoráveis.
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E por mais que a Eleven sofrendo bullying e depois redescobrindo os poderes seja o centro da série; quem brilha mesmo é a galera de Hawkings com o Dustin e companhia, é neles que vemos os principais perigos e descobertas.
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E agora resta esperar pelos últimos dois episódios da temporada que ficaram para primeiro de julho. Entendo a ideia de dividir (embora não goste) para aproveitar um maior engajamento do público, mas isso poderia ser mais equilibrado.
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Temporada 9/10
Série 8/10
Amor, Morte e Robôs (Volume 3)
4.1 344 Assista AgoraA terceira temporada da série antológica de animação Love Death and Robots veio com uma proposta um pouco diferente, vários episódios com maior duração em relação a anterior e organizados numa estrutura de triades: humor, ação de drama.
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Simplesmente é difícil não gostar de algum episódio, pois cada um, dramático ou cômico, conquista. E posso dizer que este ano eles se superaram tanto em narrativa como técnica.
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Assim, começamos com o retorno dos "Três Robôs" que desde o primeiro ano aparece para refletir sarcasticamente sobre a humanidade que no tempo deles já não existe mais. Aparentemente o humor pode parecer bobo, mas é quase um aceno crítico ao senso comum que encontramos sobre os sobrevivencialistas e milionários que ou destroem o mundo ou se isolam dele.
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Em seguida, em "Viagem Ruim" somos levados para um horror bastante gráfico na temática pirata e o destaque da direção de David Fincher. O horror continua no "O Mesmo Pulso da Máquina", mas numa narrativa mais dramática e existencial com a protagonista lidando com seus conflitos pessoais num cenário de sobrevivência em outro planeta e precisando carregar o corpo da colega astronauta por um planeta deserto.
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Ambos episódios chamam atenção, o primeiro usa uma técnica digital que favorece o uso do sangue que explode na tela em meio as discussões morais sobre levar o monstro ou não para um local habitado. Enquanto o segundo brinca com o surreal psicodélico e existencial a partir da rotoscopia, é de tirar o fôlego.
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O segundo ciclo inicia com uma origem inusitada para a praga zumbis que dificilmente será superada em "Noite dos Minimortos". O humor feito no que parece um jogo em 8bits de visão isométrica, é visual, dinâmico e divertido. O urso robô de "Matança em Grupo" também diverte pelo gore exagerado e a interação entre a equipe de soldados que nao dura por muito tempo, mas é o menos interessante dessa leva.
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Enquanto em "Enxame", somos apresentados aquele velho questionamento sobre como a ganância da espécie humana pode significar seu fim. O principal elemento deste episódio é a estética biológica de cada criatura que participa de um sistema de simbiose galático.
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Em seguida, voltamos para a comédia em "Ratos de Mason" nos mostrando um fazendeiro em confronto com as pragas mamíferas que insistem viver no celeiro, com peculiaridade que aqui as criaturinhas gozam de um enorme avanço tecnológico e tático. Engraçado e com uma pitada de crítica à guerra.
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Nos passos finais voltamos a histórias com soldados, desta vez numa missão dentro de uma caverna que os leva à experiências inesperadas. "Sepultados na Caverna" trabalha o horror a partir da surpresa e certo maravilhamento com o estranho, o design dos monstros e arquiteturas ancestrais bebe muito da fonte, mas também é responsável por dar vida à ela. Estou evitando spoilers, pois vale a descoberta.
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E por fim, na conclusão de uma ótima temporada temos aquele que deve ser o episódio mais complexo da série. A construção de "Fazendeiro" trabalha de forma completamente integrada a narrativa, estética e linguagem ao apresentar o embate de um soldado com surdez e uma espécie de sereia que tem a voz como arma.
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Ao acompanhar a perseguição alternada dos personagens, em poucos minutos nos é entregue muito além da beleza gráfica e da plasticidade dos movimentos, temos um conto entre a violência e o erotismo, a ganância e a loucura, o colonialismo e o fantástico expondo um relacionamento abusivo.
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Nesse conto eu só não entendi o título, já que o protagonista é definitivamente um soldado e em nenhum momento ele "cultiva" algo. No original, "Jibaro" significa camponês de montanha e o termo transita entre a América Andina e Porto Rico, sendo que neste último tornou-se também um estilo musical crioulo.
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Enfim, o texto acabou ficando muito maior que devia, mas essa temporada realmente se destaca das anteriores com episódios mais acertivos em cada um dos gêneros que se propõe, transitando entre técnicas, experimentando, e sempre impactando positivamente.
Amor, Morte e Robôs (Volume 2)
3.8 371Ao assistir uma série antológica, na qual cada episódio apresenta uma história completamente diferente da outra, precisamos ajustar expectativas para experimentar o diferente.
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A antologia sempre tem uma linha mestre que pode ser tanto temática, como estética ou narrativa, mas a proposta é ter contato com variações. É isso que encontramos em Love Death and Robots, e nesta segunda temporada retornou com uma estrutura mais enxuta de apenas 9 episódios.
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E até para não me estender além dos caracteres permitidos pelo Instagram, vou apenas apontar alguns dos episódios que mais gostei. A começar pelo primeiro que mostra uma divertida revolta das máquinas onde o maior perigo não é o aspirador robô assassino na sua frente, mas um serviço de atendimento que não funciona.
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Em "Esquadrão de Extermínio" descobrimos um controle de natalidade levado às últimas consequências numa sociedade futurista onde foi alcançada a vida eterna por meio da tecnologia, mas nascimentos são proibidos.
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Acompanhamos pelos olhos de um policial designado para matar crianças, mas que começa a ter crise de consciência. A ambientação neonoir é claramente inspirada em Blade Runner.
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"Snow no Deserto" mistura Homem nas Trevas com um cenário futurista desértico e aliens, embora a trama já seja suficiente para nós mantermos interessados, chama a atenção os gráficos extremamente reais.
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"Grama Alta", por sua vez traz um conto de horror, o medo de ser esquecido no meio do nada ao descer do trem, ou um pouco mais que isso. A técnica escolhida é interessante, pois o traços, colorização e movimento dos personagens lembra stop motivo.
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Foi uma temporada menor, mas com menos erros, por outro lado também tivemos menos episódios extremamente memoráveis, principalmente do ponto de vista gráfico que em geral se resolvia na busca pelo hiperrealismo.
Além da Margem (1ª Temporada)
3.3 96 Assista AgoraNo centro dos EUA, a vida aos pés das Montanhas Rochosas parece ser a mais pacata possível, até que algo inexplicável acontece.
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Em Outer Range conhecemos uma família de fazendeiros no Wyoming que se encontram em decadência. Falta de dinheiro, a esposa de um dos filhos desaparecida a quase um ano, uma disputa por terras praticamente improdutivas.
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Mas além do drama familiar, ao mesmo tempo que ocorre uma morte após a briga no bar, um buraco que aparentemente leva para lugar nenhum aparece no meio do pasto, mas provoca visões do futuro para quem o toca.
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Uma mistura de drama com Scifi e elementos sobrenaturais com viagens no tempo e até uma possível seita? O roteiro vai levando o mistério aos poucos, quase como segundo plano em relação aos problemas da família com a fazenda vizinha e a cidade, ainda que ele esteja sempre presente.
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A produção soube abordar a temática de viagem no tempo de forma quase tímida e pontual, preparando o terreno para o fim da temporada que chega ao espectador organicamente. Pois mesmo com os dois últimos episódios imersos na loucura que os personagens vieram se afogando aos poucos, quando ela explode sem controle e a própria realidade é questionada, parece algo natural.
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Além disso, tecnicamente temos paisagens muito bonitas numa fotografia casada ao tema interiorano que nos remete a um western contemporâneo. Minha crítica fica por conta de alguns truques de câmera que aparecem muito espaçados e parecem não corresponder à estética que a própria série se estrutura.
42 Dias de Escuridão (1ª Temporada)
3.3 17Estamos mal acostumados com séries policiais que resolvem casos quase como mágica, episódio após episódio. Mas a realidade é muito mais complexa e tramas aparentemente simples podem deixar assassinos livres.
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42 Dias de Escuridão vai apresentar um caso real que ocorreu no Chile do suposto sequestro de uma mulher que depois de 42 Dias com a mídia massacrando a família com várias teorias e a polícia não conduzindo bem a investigação, tem seu corpo encontrado num sótão da casa.
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O evento ocorreu em 2010 numa cidade no sul do país e se estendeu por mais pelo menos sete anos com o caso sendo reaberto na busca por uma resposta. Na série acompanhamos principalmente por meio de um advogado que resolve assumir não oficialmente o caso e investiga em paralelo para a família das irmãs da vítima.
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É uma história sobre erros e obsessão, de como ambas podem destroçar com as vidas dos ainda presentes e embora já nos seja revelado o paradeiro sequestrada, as pistas e o desenrolar da busca são mostrados aos poucos. O suficiente para pontuar um clima de tensão, que ganha mais corpo pelo local sempre nublado e a fotografia acizentada.
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Por ser um caso real, todas as informações são de conhecimento público, no entanto, elas são de alcance regional e nesse ponto a narrativa da série poderia explorar mais a dúvida, trabalhar mais com o mistério, pois desde o primeiro episódio já temos um suspeito.
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No entanto, a angústia de ter um culpado e ver todos os erros e becos sem saída que a polícia e a opinião pública tomam serviram como um bom combustível para embarcar no seriado. Até chegarmos aos episódios finais que avançam um pouco mais no tempo para coroar nossa desesperança na captura do culpado.
O Pentavirato
2.9 13 Assista Agora"A ignorância gera mais confiança que o conhecimento" Charles Darwin (?) Essa é apenas a primeira das frases póstumas de personalidades históricas que inicia a minissérie Pentavirato.
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Passamos a conhecer a mais antiga sociedade secreta que rege o mundo pelos bastidores, ou pelo menos, como os próprios líderes a consideram, a mais legal. Tirando a parte "legal" essa é uma teoria conspiratória bastante difundida que serve como base para a história.
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E aqui a conhecemos por dentro quando uma troca de líderes revela uma conspiração dentro da conspiração para acabar com tudo e enriquecer vendendo um supercomputador. E para isso acompanhamos o repórter Ken Scarborough, que ao tentar salvar sua carreira pode ser responsável por acabar com o mundo.
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É uma comédia boba, excêntrica e ácida criada pelo Mike Meyers que, por sinal, interpreta nove personagens diferentes. São poucos episódios, então consegue imprimir um ritmo satisfatório com piadas sobre como as pessoas trocam a privacidade por redes sociais, mas também apelam para escatologia.
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Além disso, é um spinoff de um filme de comédia romântica do próprio Meyers lançado em 1993, Married an Axe Murderer, mas em nenhum momento sentimos qualquer dependência de ter assistido esse filme (eu mesmo nem imagino que filme é esse).
Cavaleiro da Lua
3.5 420 Assista AgoraUma das diferenças entre loucura ou sanidade são os padrões criados pela sociedade que seguimos ou deixamos de seguir, mas tudo se complica quando várias vozes se encontram numa mesma cabeça.
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Em Cavaleiro da Lua somos apresentados ao mais novo superherói do universo Marvel, um "Batman" que veste bandagens brancas e tem várias personalidades com quem conversa vez ou outra, uma delas é o deus egípcio Khonshu.
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Toda essa loucura é apresentada aos poucos ao espectador que descobre junto com a mais entediante das personalidades do protagonista que ele nunca está sozinho. Começando em Londres, na vida nada empolgante de Steven Grant trabalhando num museu até que descobre sobre suas outras vidas.
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O roteiro vai nos revelando detalhes pouco a pouco sobre a misteriosa dupla identidade de Steven, a qual nem ele mesmo sabe e outras questões como: Quem é Marc Spector? Khonshu realmente existe? Qual o problema de Ammit? Quantas personalidades podem viver dentro de uma mesma pessoa?
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Uma série de ação e aventura com pitadas de humor, a fórmula mais básica da Marvel desta vez com viagens ao Egito e efeitos especiais que recriam criaturas mitológicas e trazem aquele gostinho do filme A Múmia.
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Com um ritmo de dinamismo crescente e uma história interessante, Oscar Isaac convence em todas suas faces que se manifesta e abre uma nova leva de seriados Marvel que se destaca pela independência em relação ao resto do cenário.
Undone (2ª Temporada)
4.4 45Seria possível viajar no tempo para corrigir todas nossas falhas e decepções? Mas o que seria das nossas vidas se pudéssemos sempre alterar o que nos desagrada?
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Na segunda temporada de Undone parece que Alma realmente estava viajando no tempo com ajuda do espírito do pai morto em busca de uma chance para nunca ter morrido.
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Assim, somos transportados para uma realidade completamente nova, onde Jacob pôde estar presente na vida de suas filhas. Mas apesar de aparentemente estar tudo bem, nem tudo é perfeito e novas cicatrizes aparecem.
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As tramas familiares continuam como o motor que inspiram a protagonista a descobrir e evoluir sua própria relação com a vida e os poderes de viagem e vislumbre do tempo. E embarcamos numa série de mistérios sobre sua mãe e avó, levando Alma, Becca e seu pai a descobrir sobre a ancestralidades e a fluidez do tempo.
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Mas e se essa nova realidade na verdade é apenas uma alucinação na mente de Alma? O mais importante é a jornada quase transcendental que provoca na protagonista e em nós reflexões sobre o fim e em aceitar que coisas ruins vão acontecer na vida e não temos como controlar tudo.
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Mais uma temporada impactante que nos envolve com as descobertas pessoais, numa ficção que mexe com o tempo, mas que aos poucos centra sua aventura na manipulação do passado apenas para ressaltá-lo numa metáfora sobre a vida.
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Disponível: #amazonprime
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9/10
O Internato: Las Cumbres (2ª Temporada)
3.0 9 Assista AgoraUm internato isolado no alto da montanha tinha que esconder algo, e assim que conhecemos Las Cumbres os mistérios começam a saltar de cada parte, com o sobrenatural sempre em destaque, mas logo descobrimos que os problemas podem ser muito mais mundanos.
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Nessa segunda temporada alguns segredos vão se desenrolando como os experimentos secretos do projeto Cortex se conectando com algumas descobertas sobre o passado do internato e uma possível "fonte da eternidade" com relações às bruxas e os monges do século XV.
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São boas ideias amarradas muito bem, mas que se desenvolvem de forma extremamente lenta, com tramas secundárias inúteis e desinteressantes que prejudicam muito o ritmo e consequentemente atrapalham na conexão com o espectador.
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Porém, seu maior problema está na repetição, praticamente todo episódio um ou mais internos tenta fugir, acontece algo que não dá certo e eles ficam de castigo, em geral algo sádico para em seguida tudo acontecer mais uma vez no dia seguinte.
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O pouco avanço na história principal ou desenvolvimento do passado dos personagens cansa. Daria para facilmente diminuir um terço dos oito episódios sem perder nada e ainda com possibilidade de acontecer ainda mais.
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Um grande acerto é a ambientação que nos leva a um antigo mosteiro na beira do penhasco e contornado por uma densa floresta sempre envolto em névoas. Acrescido a isso essa temporada parece criar passagens secretas em cada parede, deixando a construção ainda mais aterrorizante.
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Ainda que, claro, os fantasmas ou bruxas que podem ou não existir nos corredores, não são nada perante a estrutura de ensino prisional e exploradora que descobrimos servir também como laboratório com cobaias involuntárias.
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Disponível: #amazonprime
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6,5/10