Não satisfeita em ser uma provável assassina depois de uma noite de bebedeira, na segunda temporada de Flight Attendant Cassie passou a dividir seu tempo de comissária de bordo com as reuniões no Alcoólicos Anônimos e espionar pessoas para a CIA (como agente civil e sem treinamento de campo). ... Claro que no primeiro episódio da temporada ela desobedece o que foi combinado, segue quem só deveria vigiar, quase é pega numa explosão que ocorre no carro da pessoa que perseguia e é jogada mais uma vez numa trama onde ela se torna a principal suspeita de uma série de assassinatos. ... A série mantém a estética hitchcockiana, com uma forte inspiração em Intriga Internacional. Sequências com telas que se dividem e desenvolvem ritmos diferenciados numa mescla de filmes e Hqs em movimento e emulando produções de espionagem setentistas com atmosfera complementada pela trilha sonora. ... Outro elemento que retorna são os surtos psicóticos da protagonista, uma espécie de transe onde ela discute com versões dela mesma mentalmente. Recurso que aconteciam durante os apagões na época que exagerava na bebida, mas permaneceu como uma espécie de sequela. ... A comédia dramática continua rocambolesca e divertida, mas perdeu um pouco do frescor da surpresa do primeiro ano, passando a sensação de algo reciclado, frequentemente colocando situações iguais as que já vimos antes. ... Com o passar dos episódios outras tramas se somam à principal com o retorno de pessoas do ano anterior em níveis de bizarrice variados, mas todas são amarradas até o último episódio que encerrou a série. ... O saldo foi bastante positivo, apesar do vilão do mistério não ser mistério pra ninguém e algumas linhas narrativas pareceram desnecessárias (como a stalker podcaster e o namoro, este último foi o único sem conclusão). Já o conflito do alcoolismo foi bem desenvolvido ao envolver a família e permitir um maior desenvolvimento do passado de Cassie. ... Temporada 7/10 Série 8/10
A rede de rádio e TV BBC é uma empresa estatal sediada no Reino Unido de reconhecimento mundial, embora um catálogo vasto, talvez são os documentários os mais lembrados por sua estrutura de voz monótona sobre qualquer assunto. ... O Mundo por Philomena Cunk é uma paródia dessas produções enciclopédicas que investigam o mundo a partir da perspectiva de uma apresentadora seriamente estudada no senso comum e afeita às teorias conspiratórias. ... Nessa minissérie em cinco partes, viajamos pela história da humanidade dos homens das cavernas até as mídias sociais conduzidos por uma apresentadora que tem na Wikipedia (se o artigo não for muito grande) sua maior fonte. ... É um programa de humor sarcástico que convida vários professores e pesquisadores, cada um referência em sua área, para responder perguntas estúpidas sobre a formação das primeiras sociedades ou observações mais ácidas quando menciona o espírito conquistador abençoado por Deus dos estadunidenses. ... A personagem possui vários programas na BBC e aqui no Brasil apareceu nos especiais de fim de ano Death To 2021 e Death to 2020, onde ela aparece mais pontualmente. E por mais que as linguagens sejam próximas, as retrospectivas funcionam melhor que esta série que mostra um humor bobo mais cansativo que ganha fôlego nos episódios finais por tratar de temas mais recentes. ... Todos especialistas sabiam que as perguntas seriam bizarras, mas foram incentivados a levar o mais a sério possível. E parte do humor é ver o desconforto, vergonha e a tentativa de não rir a cada questionamento ou observação. ... A série brinca com a linguagem dos documentários mais clássicos, da apresentadora tratando tudo com seriedade, mesmo sem saber sobre o que está falando, as escolhas de cenas e enquadramentos e até explica o uso da música clássica e sons de explosão fazendo closes em quadros de batalhas para ilustrar os eventos reais, mas com baixo orçamento. ... Disponível: #netflix ... 5,5/10
O mundo dos guerreiros nórdicos expande cada vez mais com a segunda temporada de Vikings Valhala. ... Essa temporada se distância ainda mais da série original ao deixar um pouco de lado as disputas por território e expandir o cenário a partir de dois núcleos de história, com os protagonistas divididos entre um esconderijo pagão e a jornada para Constantinopla. Somados a outros dois núcleos com menos tempo de tela, mas responsáveis por desenvolver a parte política da série. ... E apesar da narrativa estar pulverizada, os tempos destinados a cada uma são muito bem equilibrados, desenvolvendo personagens e tramas diferentes em tons e ritmos que não nos permite enjoar de nenhuma das histórias e nos leva de episódio a episódio sem cansar. ... O conflito entre a religião viking e o cristianismo continua tomando grande parte dos embates, com a religião antiga fazendo o possível para sobreviver enquanto os cristão levam suas ideias para todos os povos que a Igreja tem poder bélico para subjugar à ferro e fogo. ... Mas outras culturas também ganham espaço, em especial, graças à viagem de Leif e Harald para Constantinopla. Praticamente cada pessoa do grupo formado vinha de um local diferente e, assim, elementos de diferentes cultura e crenças se manifestavam. ... Vale ressaltar como o elenco teve uma considerável melhora, em especial o trio protagonista que agora estão muito mais naturais, contribuindo ainda mais para o envolvimento do espectador com a série. ... Disponível: #netflix ... 8,5/10
Recentemente Junji Ito, um dos grandes nomes do terror japonês nos quadrinhos, foi redescoberto no Brasil e sua extensa obra de contos macabros passou a ser publicada por inúmeras editoras. ... Para coroar esse fenômeno, tivemos uma feliz coincidência com o lançamento pela Netflix da série animada antológica Junji Ito - Histórias Macabras. Nele temos um vislumbre da mente doentia do autor que cria um horror que foge das convenções ocidentais e orientais, mas talvez por isso não é de fácil assimilação. ... Nesta série tivemos vinte contos adaptados em 12 episódios que transitam entre o surreal e o bizarro, com horrores não preocupados em assustar, mas provocar incômodo e agonia. Assim, cada história vai impactar o espectador de uma forma, mas já adianto que a melhor forma de aproveitá-los é de forma homeopática. ... Dentre tantos, eu recomendo os episódios 3 e 7, que trazem as histórias Balões Pendurados, sobre um fenômeno estranho de cabeças gigantes flutuantes e suicídios; e Cidade dos Túmulos, sobre uma povoado onde todos que morrem se transformam em túmulos de pedra e não podem ser removidos até a transformação completa. ... Outras duas histórias estão nos episódios 5 e 8, mas ambas dividem tempo com outros contos. O Cabelo Comprido no Sótão, sobre uma garota que o cabelo se recusa a ser cortado; e Camadas de Medo que apresenta uma maldição ancestral que transforma as pessoas em uma espécie de acumulados de camadas como se fossem árvores. ... Mas os pequenos resumos destes contos que mencionei apesar de estranhos, não fazem jus ao que realmente se mostra em tela. No entanto, a temporada é bem inconstante na qualidade e, pelo menos estes apresentam um desenvolvimento mais coeso e não exageram no histerismo do qual alguns outros se valem. ... 5,5/10
O mundo fantástico das fadas se chocou com o nosso, mas as consequências não foram nada agradáveis, especialmente para os seres mágicos que se tornaram alvos da xenofobia e preconceito. ... Em Carnival Row acompanhamos os conflitos de uma cidade prestes a explodir com os refugiados de uma guerra que revelou ao mundo que os humanos não estavam sozinhos. A história se desenvolve a partir de vários núcleos narrativos que pretende trazer ampla abrangência social ao cenário. ... Se o protagonismo se encontra entre um inspetor e uma fada com romance mal resolvido; encontramos os embates sociais por todos os lados, das ruas com abusos vindos da polícia, à alta sociedade que depende de novos ricos fantásticos e os dois grupos políticos numa espécie de câmara dos comuns britânica. ... Todos esses núcleos vão sendo desenvolvidos aos poucos e sendo permeados ao mesmo tempo por uma disputa por poder entre as famílias mais poderosas da cidade e um assassino em série misterioso com ares lovecraftianos. ... Narrativas empolgantes, mas que muitas vezes é atrapalhada pelo romance só casal principal que é pontual, mas quando o episódio resolve mergulhar nele é extremamente cansativo. ... A direção de arte assume a estética Vitoriana que agrega algumas características próprias, como se a história do nosso mundo tivesse se bifurcado no momento que as tais criaturas se revelaram após a revolta contra os humanos que estavam destruindo a natureza. ... E seguindo esta estética, temos um conceito de mundo e criaturas mais sujo, refletindo na trama violenta e que explora as relações de forma mais gráfica. Nesta perspectiva, o realismo (ainda que por meio de elementos fantásticos) é capturado também pela preocupação em trazer maior diversidade ao elenco. ... Outro elemento importante é que a mitologia que serviu como inspiração é a celta, como podemos ver nas criaturas escolhidas, e estas trazem características visuais mais orgânicas, como galhos e folhas. ... Continua nos comentários... 25 sem Foto do perfil de prestogaudio Racismo, xenofobia contra esses "estrangeiros" de asas e chifres que se refugiaram em Burgo permeiam toda a narrativa e trazem um grande potencial para a série que, depois de quase quatro anos de espera (a primeira temporada foi lançada em 2019), recebeu um sinal verde para agora em 2023 finalmente ganhar uma segunda e última temporada. ... 7,5/10
Não importa o quão perto do fim do mundo estamos, pois sempre teremos a velha disputa por território e poder. .. Last of Us é uma franquia de jogos digitais de muito sucesso que desde o início se apresentava a partir de uma narrativa cinematográfica, algo que dificilmente escaparia de uma versão em carne e osso. Depois de quase chegar nos cinemas, a mídia escolhida foi a TV, num seriado que deve render algumas temporadas pela HBO (caso o novo dono viciado em reality shows não decida cancelar por capricho). ... Desta forma, desde as primeiras notícias tudo foi muito cercado por expectativas, até que o seriado finalmente estreou com um episódio longo de 80 minutos que não tem pressa em posicionar o cenário e os personagens, que provavelmente devem morrer como moscas. ... Como grande parte das histórias com zumbis (eu sei que os monstros são outra coisa, mas tecnicamente não muda muito do que já conhecemos), a história começa num dia comum com os eventos do fim do mundo escalonando rapidamente. Em seguida somos levados vinte anos no futuro, onde encontramos uma sociedade que vive em em cidades fortaleza com clara tensão interna entre população comum, governantes (estado policial) e rebeldes (os Vagalumes que tentam reverter a ditadura instaurada). ... Apesar de nunca ter jogado, já ouvi algumas coisas sobre a trama, mas isso me permite com mais naturalidade analizar o primeiro episódio apenas como um espectador que gosta da temática de ação com corpos "possuídos" em busca de "cérebros". ... Desta forma, tivemos um início muito bom que, apesar de não ter nada autêntico, chamou a atenção pelas atuações e apresentação da trama. A forma como as peças foram colocadas me animam bastante e indicam potencial para a produção se destacar em meio a tantas outras similares que tivemos nos últimos anos. ... 8/10
Muito antes da fantasia conquistar à todos com Senhor dos Anéis, o cinema tinha produções que ficaram marcados na memória como A Lenda ou História sem Fim. Assim, nessa onda de remakes e continuações chegou a vez do retorno de Willow. . A história da série avança 16 anos depois que a paz foi conquistada após a derrota da Rainha Bruxa Bavmorda. Nesse tempo a jovem Elora Danan foi escondida sob a ameaça de um grande mal que traria ruína à todos; Sorsha tornou-se a rainha, sempre assombrada por pesadelos premonitórios; Madmartigan nunca parou de se aventurar até não retornar mais; e Willow voltou para sua família e seu povo. . Quando os príncipes descobrem que não são livres justamente por serem da realeza, tentam se revelar e um deles é sequestrado, daí passamos a acompanhar a jornada de um improvável grupo de pretensos heróis na tentativa de resgate ao mesmo tempo que aprendem e amadurecem. . A aventura infanto-juvenil segue a mesma ideia do filme original com as esperadas atualizações de nosso tempo, seja em relação à trama, gráficos (ainda que utilizem bastante maquiagem e efeitos práticos), e escolha do elenco. . O roteiro foi inteligente ao não se prender apenas às referências ao filme original, elas existe, mas são bem inseridas de forma que o universo criado não ficou estático esperando pela continuação. Outros problemas e perigos aconteceram e inclusive borram a noção dicotômica de bem e mal, estes não necessariamente ligados à mitologia principal do Vorme que quer destruir e controlar tudo. . E mesmo que não seja trabalhado durante a série, o roteiro mostra que os conflitos gerados por ganância e mesquinhez humana também trazem consequências trágicas (ainda que mais narrativas que gráficas, assim como uma produção bem limpa em relação ao sangue). . Outro cuidado é que os desafios secundários, que aparecem ao longo dos episódios,nunca se caracterizam totalmente como fillers, sempre tem algo que ajuda no desenvolvimento da trama ou personagens principais. . 7/10
Quando um filme sobre um boneco assassino foi lançado na década de 1980, ninguém poderia imaginar o quão longe ele poderia chegar, não apenas em longevidade, mas em histórias que poderiam ser contadas. . Chucky chega na sua segunda temporada mais uma vez surpreendendo, graças ao que só pode ser uma carta branca dos produtores, Don Mancini explora seu assassino sádico e cínico sem chegar à exaustão. Brincando de forma tão natural com o cinema de horror por meio de referências diretas ou mesmo críticas que a própria franquia assume, tudo sempre com um sanguinário bom humor. . Neste ano o trio de adolescentes sobreviventes (e os atores ainda tem menos de 18 anos) são internados num colégio católico interno depois de serem responsabilizados pelo acidente explosivo do irmão menor de um deles. Chucky, que supostamente tinha sido destruído quando o caminhão de bonecos explodiu (sim, várias explosões), retorna em várias e diferentes versões (todas brilhantemente interpretadas pela dublagem de Brad Dourif). . Em paralelo temos a trama da Tiffany, guiada por sua paixão doentia por Nica Pierce, a tentativa de enganar todos que ela é uma atriz mundialmente famosa, além do retorno de Glen e Glenda, em versão de carne e osso e duplicada (a binariedade binária do personagem retomada desde que era apenas um boneco). . Daí mergulhamos nessas duas histórias que, aos poucos, vai se encontrando ao longo de oito episódios em inúmeras referências que passam desde Pânico ou Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado à Exorcista, Silêncio dos Inocentes Apocalipse Now e até uma clássica imagem da Pietà. . Bizarrices seguidas de bizarrices com muito, mas muito sangue para todos os lados e sempre nos surpreendendo com os rumos da narrativa (ainda sinto pelas perdas ao longo dos episódios). Que por trás disso é possível encontrar abordagens sérias sobre homofobia, bullying, masculinidade tóxica, sem perder o horror e a comédia de vista. . E para completar, ele tem efeitos tão simples, mas também tão reais que passamos a sentir medo daquele boneco desengonçado, boca suja e mortal. . Temporada 8,5/10 Série 8,5/10
Depois da fuga resta o medo, o trauma daquilo que não pode ser resolvido facilmente e mesmo depois de matar os monstros que nos assombram, as cicatrizes não deixam de existir. ... A quinta temporada de The Handmaid's Tale finalmente parece apontar para uma esperança, com June em segurança no Canadá. No entanto, isso não dura por muito tempo, pois além de ainda não ter libertado sua filha Hanna, o trauma acumulado ao longo dos anos a impele para o combate. ... Foi uma temporada que pareceu mais branda que as anteriores, provavelmente em resposta às seguidas críticas do sadismo crescente ano após ano. Ainda mantendo um bom ritmo, ela se desenrola a partir de principalmente três núcleos: June e sua família; Serena e Gilead ora focado no comandante Joseph, ora na Tia Lydia. ... Presenciamos o acirramento político, ao mesmo tempo que Gilead mostra sua força militar, também sugere mudanças com a criação de um território neutro para repatriar os refugiados estadunidenses que passaram a sofrer com a crescente xenofobia canadense. ... Esta é uma proposta controversa e de pouca confiança mesmo entre os comandantes e que Joseph vende para conquistar a opinião pública internacional comparando com uma espécie de Hong Kong com leis próprias, mas ainda submetida à Gilead. ... Esta ano também acompanhamos um tipo de redenção para personagens como a Serena e Tia Lydia, não que elas tenham ficado boas do dia para a noite, mas que finalmente perceberam o quanto também eram vítimas de um sistema de violência e que elas não poderiam fazer nada para mudá-los sozinhas. ... Temporada 9/10 Série 9/10
O fim do mundo não acontece sempre com uma invasão alienígena, explosões atômicas ou meteoros, é mais provável que ele já tenha acabado e só não sabemos ainda. . Em Station Eleven acompanhamos Kirsten, uma jovem atriz de teatro que em meio ao caos de um acontecimento inesperado na peça é esquecida pelos responsáveis. Assim, quem a leva para casa é Jeevan, um criador de conteúdo desempregado que descobre sobre uma gripe sem precedentes com potencial de matar toda a população mundial. . Essa descrição toma apenas o primeiro episódio, que começa como uma noite qualquer, com notícias sobre uma gripe aparecendo na TV e que se tornam cada vez mais preocupantes (mas a maior parte das pessoas só passa a dar atenção quando é tarde de mais). Em paralelo vemos flash do que pode ser o futuro, uma Nova York a muito tempo abandonada. . A série assume várias linearidades nos episódios seguintes e passa a trabalhar com idas e vindas no tempo entre os momentos anteriores à crise e os anos que se seguiram à catástrofe pandêmica. Assumindo como ponto narrativo vinte anos depois da Pandemia e uma revista em quadrinhos permeando as histórias. . É uma ficção científica com drama e ação, mas diferente do que estamos acostumados, este roteiro não fala sobre grandes heróis, sociedades com déspotas renascidos das cinzas, grandes vilões maquiavélicos, mas sobre pessoas traumatizadas que tentam se encontrar no novo mundo e agem com violência pelo medo do desconhecido. . A escolha por essa narrativa múltipla é um trunfo ao mesmo tempo que um problema, pois permite o desenvolvimento de faces dos personagem aos poucos. Mas frequentemente atrapalha o ritmo da história, pois toda vez que encontra os clímax no final dos episódios, essa Catarse é descontinuada no seguinte, desenvolvendo outro momento do tempo que nem sempre estamos interessados ou acaba se prolongando muito além do necessário. . Nesse aspecto, são criados e apresentados muitos personagens interessantes, mas grande parte deles não tem espaço para desenvolver e uma economia em algumas histórias e até mais episódios ajudaria a não apressar algumas resoluções ou dar mais espaço para outros núcleos.
O futuro é apenas uma porta que não sabemos como abrir. ... Em Periféricos acompanhamos Flynne Fisher, uma garota num trabalho comum de uma loja que vende objetos feitos por impressoras 3D, ao tentar ganhar um dinheiro por fora numa suposta realidade virtual super realista, torna-se alvo de uma organização secreta. ... Esses vários elementos já seriam suficientes para muitas histórias, e mesmo assim nem riscamos a superfície de Periféricos que ainda mistura grupos paramilitares, guerras mundiais, stress pós traumático e até uma conspiração envolvendo viagem no tempo. Mas para não revelar em excesso, eu paro por aqui, ressaltando que tudo que mencionei se revela apenas no primeiro episódio. ... Esta ficção científica foi inspirada num livro de William Gibson, autor que popularizou o subgênero cyberpunk com Neuromancer na década de 1980. Informação que cria a expectativa de encontramos algumas questões como implantes tecnológicos e guerra de classes generalizada com megacorporações totalitárias dominando o mundo. ... E por mais que trabalhe com diversos elementos complexos, o roteiro se vale de recursos para não perde nenhum espectador sem chamar a audiência de burra. Um expositivo criativo e variado que possibilita a compreensão sem nunca parece pedante ou esnobe. ... Como o uso de uma amiga da protagonista que nos primeiros episódios resume e organiza tudo que acontece ajudando os menos atento aos acontecimentos, que são tecnicamente caóticos, mas bem apresentados o suficiente para não em nenhum momento ficarmos confusos. ... Atuações sólidas e uma ambientação cuidadosa em tornar real futuros próximos ou distantes finalizam a receita que tem tudo para se manter por mais algumas temporadas.
Muito antes dos Bruxos caçarem criaturas e serem caçados pelos humanos gananciosos, o mundo era povoado por diferentes clãs de Elfos. Mas quando os exércitos e os magos resolveram dar um golpe de estado em todos os reis que tudo começou a dar muito errado. ... The Witcher - Origem de Sangue volta mais de 1000 anos no tempo para mostrar o grande evento no qual sete valorosos e controversos heróis se juntaram para lutar contra a ganância, se vingar e de quebra criar os bruxos que conhecemos na série original. ... Lançado como uma minissérie em quatro partes, ela surgiu para preencher o hiato de temporadas de Witcher, mas ao recuar tantos anos no tempo, precisou nos apresentar todo um mundo novo. E para que isso acontecesse em tão pouco tempo, tudo precisou ser muito rápido. ... Assim, depois de uma interessante apresentação com o bardo Jaskier sendo salvo por uma entidade mágica que viaja no tempo e conta histórias esquecidas no momento que elas são mais uma vez necessárias, somos levados para a história em questão. Mas a partir do momento que vamos para esse passado, a trama que somos já estava em movimento e acelera mais e mais a cada minuto. ... Com um roteiro genérico e personagens que careciam de desenvolvimento e menos mudanças bruscas de personalidade, o que recebemos foi algo que passou a sensação de requentado com atropelo. Ao mesmo tempo que nada parece realmente novo, não parece ser preciso colocar na velocidade 2x para sentir a corrida acelerada de acontecimentos. ... Por fim, não é a pior coisa que já fizeram de fantasia recentemente, ela apresenta muita coisa interessante em potencial, mas falta cuidado em tanta coisa, do roteiro à produção, que desanima bastante.
Os problemas apocalípticos do Eclipso exigiram que heróis e vilões de duas gerações se unissem, mas isso não significa que todo mundo ficou amigo. ... A terceira temporada de Stargirl começou com esse "elefante no armário" vilões que cansaram de ser perseguidos passaram a buscar aceitação e uma vaga na Sociedade da Justiça, enquanto os próprios heróis ficavam desconfortáveis com a questão. ... Em paralelo temos o verdadeiro Starman retornando dos mortos e indo morar na casa de Courtney, outra situação que também causa um enorme incômodo, pois só existe um cajado cósmico e ter voltado do túmulo não fez muito bem para confiar em antigos inimigos. ... Foi uma temporada sobre redenção com cada um dos personagens precisando se provar a todo momento, mas por causa do aumento do elenco recorrente, Courtney e a Sociedade da Justiça perderam um pouco de espaço, e seus dramas pessoais passaram a ser tratados de forma mais dispersa (com tudo muito bem amarrado no final). ... Infelizmente é perceptível a economia com os efeitos especiais nessa temporada, reservando os poderes mais épicos para momentos bem específicos, nossa sorte é que os roteiristas editores souberam dosar bem essa lacuna e conduziram os conflitos no limite do necessário sem que sentíssemos falta de algo. ... Uma pena que a série tenha sido cancelada, pois ela tinha potencial de crescer em spinoffs e até apontava a intenção para isso no futuro, mas que vai ficar apenas para a imaginação dos fãs. A jornada não tão longa de 10 anos que começou com Arrow está quase no fim, sei que Stargirl nunca se conectou totalmente com aquele universo, mas fazia parte de um mesmo espírito da década, ainda temos mais algumas despedidas, mas certamente essa foi uma das mais dignas. ... Série 8,5/10 Temporada 8,5/10
Antes da moda de fazer cerveja no quintal de casa, a centenária bebida era feita em fábricas, e os festivais pelo mundo contribuíam para que elas se tornassem conhecidas. ... Dentre as várias festas da cerveja, a Oktoberfest de Munique é a mais conhecida, mas apesar de já existir desde o início do século XIX, demorou quase cem anos para que ela ganhasse proporções internacionais. É sobre este período que a minissérie alemã Oktoberfest quer retratar. ... Assim, ambientado em 1900, nós passamos a acompanhar duas famílias do ramo da cerveja, os tradicionais Hoflinger e o rico e aventureiro Prank que chega à cidade com sua filha e promete revolucionar o festival com uma tenda para mais de seis mil pessoas. ... O drama histórico desenvolve um cenário de conflito generalizado, por conquista e domínio de território, entre gangues rivais de cervejeiros e taberneiros com assassinatos, vinganças e até um romance, no melhor estilo Romeu e Julieta em alto teor alcoólico. ... Além disso, aos poucos vamos entendendo o panorama político local, xenófobo e elitista que procura manter a hegemonia de apenas sete tradicionais cervejarias locais ao custo de muita violência e manipulação. ... É difícil encontrar algum personagem que não passe por cima de qualquer ética na série, mas os antagonismos funcionam bem de forma geral, dentro de espectros de comportamento mais ou menos naturais, meu único incomodo vai para o grupo de políticos e o empresário da Cervejaria Capital que acabaram caindo em bobas e rasas caricaturas. ... A subtrama dos Samoanos canibais também é bem problemática, ela aparece só pontualmente e sua função na trama é praticamente nula.
O que você faria se todas as noites quando dormisse viajasse no tempo e assumisse o corpo de alguma pessoa no passado? ... Tramas de viagem no tempo sempre trazem problemas, principalmente quando os personagens encontram com os próprios pais como Sete Vidas de Lea. Uma série francesa que acompanha uma garota ao longo de uma semana tentando consertar o passado sem destruir o presente. ... Tudo começa com Lea sobrevivendo a uma rave no canyon de um rio graças seu encontro com um cadáver. Ela é uma adolescente vivendo seus conflitos mas que prestes a poderes e todas as noites quando dorme, passa a viver em corpos diferentes em 1991 até descobrir o assassino do corpo que tinha encontrado. ... Ao viver essas vidas, mesmo que por apenas um dia, começa a entender melhor os próprios medos e descobrir os segredos que foram enterrados a tanto tempo. ... A trama usa os tropos narrativos e a estrutura do subgênero de viagem no tempo: a adaptação e euforia com as habilidades, o medo de mudar tudo para pior, a responsabilidade e a redenção ao abraçar de vez as consequências. Mas ao fazer desta forma formulada, demora a pegar ritmo, preocupando em ambientar o cenário (bem utilizado no início dos anos 1990), personagem e regras, antes de explorar algo específico. ... E ainda que algumas situações possam ser previsíveis, temos um bom desenvolvimento, sem se perder em buracos bobos que esse tipo de enredo pode gerar. Em parte por causa do recorte de tempo restrito e linear, com um bom equilíbrio entre o passado e o presente. ... Os atores também estão bem, o elenco principal dos jovens de 1991 teve o desafio de criar uma dupla personalidade para seus personagens convenceram, entre a verdadeira e os momentos que Lea assumia o corpo de um deles. ... Interessante minissérie fechada em sete capítulos.
No século XXVIII a Terra expandiu suas fronteiras para além do sistema solar, mas logo encontrou uma espécie alienígena que impediu esse avanço. Mas seriam esses seres piores que a ganância humana? ... Halo é inspirado numa franquia de jogos de sucesso sobre supersoldados controlados pelo governo central da Terra que enfrenta a espécie Covenant. Na série acompanhamos Master Chief, o principal soldado de um grupo reduzido de elite conhecido por Espartanos. ... Depois de uma missão de salvamento da qual mais de 150 pessoas foram mortas e a única sobrevivente, por ser considerada uma rebelde, recebeu a sentença de morte. Master então se revela e salva a garota, tudo sob influência de um artefato alienígena que trouxe de volta parte de sua memória. ... Nessa trama de ação espacial, percebemos uma crítica ao militarismo e controle de uma sociedade nuclear que sempre explorou os planetas da orla exterior e agora passa a enfrentar duas guerras ao mesmo tempo: contra os misteriosos alienígenas e contra os grupos de resistência que cansou de ser explorado. ... É interessante como o roteiro não esconde inspirações de nosso mundo contemporâneo, como os conflitos dos países ocidentais, sobretudo EUA, contra pequenos países pobres, mas possuidores das jazidas de combustível que permitem os terrestres expandir e conquistar ainda mais. ... Mas a história não avança muito além do que já vimos em outras histórias espaciais, na realidade fica atrás de séries recentes como a ótima The Expanse que trabalha as questões políticas e sociais muito bem sem deixar de lado a parte de ação explosiva e o Scifi. ... Assim, mesmo que apresente bons efeitos especiais, a sensação de mais do mesmo acaba não empolgando. O mesmo pode ser dito sobre os personagens, que parece lhes faltar carisma. ...
Foram onze temporadas e doze anos correndo de zumbis para The Walking Dead finalmente chegar ao fim, vida longa à Walking Dead, pois se a série principal termina, outras mais vão surgir e continuar a franquia. ... Não apenas continuações, pois a última temporada teve vinte e quatro episódios, divididos em três blocos de lançamentos que encerraram seus arcos principais ao longo de quase um ano e meio. Praticamente três temporadas diferentes, mas nomeada como se fosse apenas uma. ... Foi a bastante tempo, mas tudo começa em dois núcleos: Alexandria enfrentando a fome e um grupo de ninjas/militares fundamentalistas religiosos genérico, enquanto outro tentava se aliar com uma grande comunidade que descobriram existir no leste. É dela que teremos as principais tramas nas etapas finais. ... Temos vislumbres de vida normal nos moradores da "Comunidade", mas que levantam questões sobre o quão certo é reestabelecer o velho sistema de desigualdade, com castas sociais e privilégios de uns em detrimento de uma massa de trabalhadores. Com o tempo a trama nos mostra cada vez mais dificuldade para que esse sistema seja mantido. ... Apesar de algumas repetições temáticas, a forma se mostrou muito mais apurada, e além de expandir o cenário a cada episódio, a produção também se preocupou em desenvolver ao máximo os diversos protagonistas que sobreviveram ao longo das temporadas, e o fez tão bem quanto os novos antagonistas. ... Desta forma pudemos acompanhar do retorno de Maggie e reencontro com Negan, até experimentações narrativas como uma focada exclusivamente em Connie, explorando sua deficiência auditiva de forma a brincar com silêncios e ampliar a sensação de tensão. ... Sem entrar em spoilers, o último episódio foi um enorme desafio (sempre é) em especial porque parece que ninguém queria encerrar por definitivo. Tivemos um pouco de ação e algumas coisas ficaram corridas, pois o grande foco seria para o drama (com momentos de exagero novelesco e fins que não abraçam o término). ... Enfim, tudo indica que virão mais mortos-vivos nos próximos anos, em filmes e séries, e por enormes baixos que The Walking Dead passou, os anos finais pós Rick fizeram valer a pena. ... Série: 8/10 Temporada: 9/10
anos antes do melhor filme da franquia Star Wars recente, Rogue One, o futuro rebelde Cassian precisava fazer alguns golpes para sobreviver. ... Na série Andor acompanhamos um Cassian descrente com a sociedade em busca da irmã perdida, mas ao se envolver numa situação complicada com o Império e precisa se esconder. Em paralelo temos uma sequência de um passado não tão distante, mas quando Cassian era uma criança e morava num planeta florestal com uma espécie de "trupe" garotos perdidos, pelo menos até a queda de uma nave. ... Surpreende ser Star Wars e estar no streaming da Disney, pois apesar das crianças do planeta floresta, a trama principal apresenta desafios para os personagens que fogem do esperado para uma aventura nos moldes que estamos acostumados tornando-se mais íntima e lenta. ... Além disso, temos também o desenvolvimento da organização que permitiu o Império reinar por tanto tempo num território tão grande. Vemos como pequenos delitos (ou irrelevantes perante o poder imperial) são cada vez mais resolvidos à mão de ferro, aumentando o controle, mas também forçando uma fuga dos rebeldes para criação de um grupo. ... Dividido em arcos com dois ou três episódios, os doze capítulos guardam alguma ação explosiva, mas se destaca ao nos mostrar os bastidores de uma ditadura de forma mais crua, num nível pessoal e não sobre o escolhido do universo, mas alguém que faz o que pode para sobreviver.
Ninguém espera ser vítima de um crime, muito menos que está dando suporte a toda uma rede a partir de métodos terapêuticos. .... A impronunciável organização NXIVM foi manchete nos últimos anos pelas denúncias de que a empresa de marketing multinível criada pelo coach comportamental Keith Ranieri escondia uma seita de escravas sexuais. ... A segunda temporada de The Vow vai acompanhar o julgamento de Ranieri e investigar sua organização a partir de inúmeros relatos levantados por ex-membros e até mesmo pessoas que ainda lutam pela liberdade de seu líder. ... Gravada após a condenação, acompanhamos principalmente a perspectiva dos membros da NXIM que foram indiciados e julgados. Em especial as mulheres que faziam o círculo interno que estruturava a organização. ... Sua estrutura é mais enxuta que a primeira temporada de 2019, que se dedicou a mostrar o esqueleto funcional e histórico da NXIVM. Os atuais seis episódios focam nos depoimentos das vítimas com reconstrução de áudios e um acervo enorme de vídeos e gravações, muitas delas feitas pelo próprio réu ao longo dos anos. O egocentrismo produzindo as provas que um dia o condenariam. ... Assim, algumas das vítimas e cúmplices tomam o protagonismo da narrativa as quais elas mesmas são desconstruídas, em especial a braço direito e criadora da metodologia aplicada na instituição, Nancy Salzman. A descobrimos como mais uma vítima manipulada, ainda que não isenta de culpa e responsabilidade pelos que foram abusados e destruídos. ... Uma história incômoda, apesar de otimamente conduzida numa experiência hipnotizante. Ainda assim, vale ressaltar que os temas tratados podem são pesados, especialmente nos detalhes de violência psicológica e misógina que infelizmente pode acontecer a qualquer momento, ainda que em outros níveis, mas sem percebermos.
Em determinadas situações só podemos depender de nós mesmos para sobreviver. ... Respire é uma minissérie em seis episódios onde acompanhamos Liv, uma advogada de sucesso que precisa ir desesperadamente para Inuvik, uma cidadezinha no norte do Canadá. Seu voo é cancelado e ela consegue uma carona num monomotor com duas pessoas que encontra no aeroporto. ... O avião cai em um lago, o piloto morre e o copiloto também sofre um ferimento mortal, deixando a protagonista à própria sorte. Um filme de sobrevivência que coloca Liv à prova depois de tantos Bear Grils e Largados e Pelados, que esperamos que ela tenha assistido. ... E para não ficar apenas nas cenas mais intensas no meio do nada e luta pela sobrevivência, conhecemos melhor a personagem por meio de vários flashbacks das semanas que antecederam a viagem e alucinações cada vez mais reais. ... O roteiro é um pouco sádico na forma como os desafios são apresentados, criando problemas novos a vara instante, dos quais Liv consegue vencer numa mistura de sorte e bastante competência. Aspecto que dá força ao filme, pois erros e decisões questionáveis acontecem, mas em nenhum momento de uma forma deliberadamente ignorante, apenas para que a história ganhe mais drama. ... E embora os momentos dela como advogada sejam importantes para conhecermos Liv e entendermos seu arco de transformação, é a parte mais cansativa e poderia facilmente ser resumida.
A realidade é só uma construção de nossas percepções interagindo com um mundo que se modifica a partir da firma como o percebemos. ... 1899 é a mais nova série dos produtores da alemã Dark, que veio cercada de expectativa, mais uma vez nos trazendo mistérios praticamente insolúveis que inicia a partir do reencontro do navio Prometheus desaparecido no meio do oceano. ... A série desta vez é ambientada em 1899 (ta aí o título) onde acompanhamos a viagem a partir de alguns dos marujos e imigrantes em busca de uma nova vida na América. Mas a viagem parece fadada a não chegar ao seu destino depois do encontro em alto mar que desencadeou uma série de eventos a começar por mortes estranhas e uma escalada de violência com direito até a fundamentalismo religioso. ... Mas claro que não fica apenas nisso, pois em paralelo temos um desenvolvimento do desconhecido que influência todas essas questões e é o coração de 1899. Um roteiro intrigante, mas que demorou para me conquistar por completo, os primeiros episódios se dedica mais em apresentam os personagens, que são bons, mas a trama só engrena mesmo a partir de metade da temporada. ... No entanto, isso pode ser uma percepção enviesada pela expectativas inevitável e injusta, saber que são os mesmos criadores de outra história complexa que tem uma legião de fãs. Influenciado ou não, vale a pena continuar, pois a criatividade e caos organizado que vimos em Dark também vai se organizando aos poucos por aqui com direito a um ótimo gancho no fim. ... Tecnicamente temos ótimos e interessantes efeitos especiais que se misturam a uma cuidadosa construção na ambientação de época e na escolha do elenco multietnico, trazendo um transatlântico de babel com personagens falando em francês, alemão, japonês, inglês, espanhol e até português. ... Por fim, vale falar um pouco da polêmica que surgiu no twitter e tomou a internet, 1899 é um plágio da hq independente Black Silence de Mary Cagni. Então, li a revista quando lançou e reli hoje depois de terminar a série... Em poucas palavras: não, não existe plágio, apenas semelhanças circunstanciais. ... Semelhanças essas que vem de influências apreciadas de outras obras, das quais posso citar Enigma do Horizonte, Alien, Sunshine, Matrix, Westworld e até mesmo o próprio Dark, ao qual encontramos inclusive rimas visuais com que servem como easter egg para aqueles que a assistiram.
Depois de dois anos de espera (e até nem lembrar mais que existia) a série da freira superpoderosa que enfrenta demônios e anjos caídos pelo mundo retornou ao Netflix. ... E a segunda temporada já começa lidando com as consequências do retorno do anjo caído Adriel depois da explosão de parte do Vaticano. Ava foi dada como morta e se escondeu na Suíça; as outras freiras da Ordem da Espada Cruciforme tentam se reagrupar para a batalha contra o anjo; e Adriel ganhando seguidores por demonstrar seu poder, crescendo a ponto de criar a própria seita. ... Continuamos com o clima de Buffy a Caça Vampiros, mas com a dinâmica de fugitiva e a aparição de novas ordens religiosas secretas vindas deste e de outro mundo. Foi interessante como desenvolveram a figura do anjo, com uma dupla manipulação do arquétipo que, por um lado, o transforma numa criatura poderosa vinda de outra realidade que precisa ser eliminada, e de outro, utilizando a fé como ferramenta de manipulação e controle mundial. ... As pretensões da Netflix em atingir um público mais internacional reflete na maior abrangência geográfica da história, dando ênfase no trânsito para diversos países da Europa nos primeiros episódios, escolha que contribui num ritmo mais dinâmico, além de apresentar diferentes locações. ... Mas se por um lado encontramos esse background rico, por outro a série enfraqueceu em elementos técnicos como a coreografia das lutas menos fluídas que na temporada anterior; um roteiro que se perde em excessos de conveniências e pouca imaginação para solução de problemas simples; ou mesmo a estrutura episódica que acabou soando ultrapassada, e embora a Netflix incentive assistir tudo de uma só vez, a experiência é bastante cansativa.
É interessante como as séries alemãs do catálogo da Netflix se destacam, sempre apresentando grande cuidado nos roteiros e produção. ... Bárbaros nos mostra os confrontos entre as tribos germânicas e o Império Romano no ápice de suas conquistas territoriais. Depois de uma expressiva vitória no fim da temporada passada, os romanos retornam com ainda mais força, exigindo a união de todas as aldeias historicamente inimigas. ... Assim, acompanhamos não apenas as batalhas, mas as tentativas diplomáticas para evitar mais destruição, até mesmo a submissão ao invencível império. Mas de ambos os lados um sentimento de vingança torna os controversos acordos de paz e comerciais impossíveis e logo mais a guerra continua. ... O roteiro se preocupa em seguir os registros históricos, mas diferente da temporada passada, nesta consegue assumir um ritmo menos frenético. Estratégia que favorece a série que agora não se vale mais de tantas coincidências forçadas que aceleravam a trama. ... Mas o maior destaque ainda está na produção, a ambientação florestal com uma fotografia mais opaca e um bom trabalho de design que diferencia as diferentes tribos germanas nas indumentária e objetos. Outro elemento que chama a atenção é o idioma, que usa o latim para os romanos, exigindo ainda mais dos atores que não apenas estão falando num idioma que não é o materno, como é uma língua morta.
É interessante como as séries alemãs do catálogo da Netflix se destacam, sempre apresentando grande cuidado nos roteiros e produção. ... Bárbaros nos mostra os confrontos entre as tribos germânicas e o Império Romano no ápice de suas conquistas territoriais. Depois de uma expressiva vitória no fim da temporada passada, os romanos retornam com ainda mais força, exigindo a união de todas as aldeias historicamente inimigas. ... Assim, acompanhamos não apenas as batalhas, mas as tentativas diplomáticas para evitar mais destruição, até mesmo a submissão ao invencível império. Mas de ambos os lados um sentimento de vingança torna os controversos acordos de paz e comerciais impossíveis e logo mais a guerra continua. ... O roteiro se preocupa em seguir os registros históricos, mas diferente da temporada passada, nesta consegue assumir um ritmo menos frenético. Estratégia que favorece a série que agora não se vale mais de tantas coincidências forçadas que aceleravam a trama. ... Mas o maior destaque ainda está na produção, a ambientação florestal com uma fotografia mais opaca e um bom trabalho de design que diferencia as diferentes tribos germanas nas indumentária e objetos. Outro elemento que chama a atenção é o idioma, que usa o latim para os romanos, exigindo ainda mais dos atores que não apenas estão falando num idioma que não é o materno, como é uma língua morta.
A Comissária de Bordo (2ª Temporada)
3.4 32Não satisfeita em ser uma provável assassina depois de uma noite de bebedeira, na segunda temporada de Flight Attendant Cassie passou a dividir seu tempo de comissária de bordo com as reuniões no Alcoólicos Anônimos e espionar pessoas para a CIA (como agente civil e sem treinamento de campo).
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Claro que no primeiro episódio da temporada ela desobedece o que foi combinado, segue quem só deveria vigiar, quase é pega numa explosão que ocorre no carro da pessoa que perseguia e é jogada mais uma vez numa trama onde ela se torna a principal suspeita de uma série de assassinatos.
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A série mantém a estética hitchcockiana, com uma forte inspiração em Intriga Internacional. Sequências com telas que se dividem e desenvolvem ritmos diferenciados numa mescla de filmes e Hqs em movimento e emulando produções de espionagem setentistas com atmosfera complementada pela trilha sonora.
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Outro elemento que retorna são os surtos psicóticos da protagonista, uma espécie de transe onde ela discute com versões dela mesma mentalmente. Recurso que aconteciam durante os apagões na época que exagerava na bebida, mas permaneceu como uma espécie de sequela.
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A comédia dramática continua rocambolesca e divertida, mas perdeu um pouco do frescor da surpresa do primeiro ano, passando a sensação de algo reciclado, frequentemente colocando situações iguais as que já vimos antes.
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Com o passar dos episódios outras tramas se somam à principal com o retorno de pessoas do ano anterior em níveis de bizarrice variados, mas todas são amarradas até o último episódio que encerrou a série.
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O saldo foi bastante positivo, apesar do vilão do mistério não ser mistério pra ninguém e algumas linhas narrativas pareceram desnecessárias (como a stalker podcaster e o namoro, este último foi o único sem conclusão). Já o conflito do alcoolismo foi bem desenvolvido ao envolver a família e permitir um maior desenvolvimento do passado de Cassie.
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Temporada 7/10
Série 8/10
O Mundo por Philomena Cunk (1ª Temporada)
4.2 31 Assista AgoraA rede de rádio e TV BBC é uma empresa estatal sediada no Reino Unido de reconhecimento mundial, embora um catálogo vasto, talvez são os documentários os mais lembrados por sua estrutura de voz monótona sobre qualquer assunto.
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O Mundo por Philomena Cunk é uma paródia dessas produções enciclopédicas que investigam o mundo a partir da perspectiva de uma apresentadora seriamente estudada no senso comum e afeita às teorias conspiratórias.
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Nessa minissérie em cinco partes, viajamos pela história da humanidade dos homens das cavernas até as mídias sociais conduzidos por uma apresentadora que tem na Wikipedia (se o artigo não for muito grande) sua maior fonte.
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É um programa de humor sarcástico que convida vários professores e pesquisadores, cada um referência em sua área, para responder perguntas estúpidas sobre a formação das primeiras sociedades ou observações mais ácidas quando menciona o espírito conquistador abençoado por Deus dos estadunidenses.
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A personagem possui vários programas na BBC e aqui no Brasil apareceu nos especiais de fim de ano Death To 2021 e Death to 2020, onde ela aparece mais pontualmente. E por mais que as linguagens sejam próximas, as retrospectivas funcionam melhor que esta série que mostra um humor bobo mais cansativo que ganha fôlego nos episódios finais por tratar de temas mais recentes.
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Todos especialistas sabiam que as perguntas seriam bizarras, mas foram incentivados a levar o mais a sério possível. E parte do humor é ver o desconforto, vergonha e a tentativa de não rir a cada questionamento ou observação.
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A série brinca com a linguagem dos documentários mais clássicos, da apresentadora tratando tudo com seriedade, mesmo sem saber sobre o que está falando, as escolhas de cenas e enquadramentos e até explica o uso da música clássica e sons de explosão fazendo closes em quadros de batalhas para ilustrar os eventos reais, mas com baixo orçamento.
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Disponível: #netflix
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5,5/10
Vikings: Valhalla (2ª Temporada)
3.4 22 Assista AgoraO mundo dos guerreiros nórdicos expande cada vez mais com a segunda temporada de Vikings Valhala.
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Essa temporada se distância ainda mais da série original ao deixar um pouco de lado as disputas por território e expandir o cenário a partir de dois núcleos de história, com os protagonistas divididos entre um esconderijo pagão e a jornada para Constantinopla. Somados a outros dois núcleos com menos tempo de tela, mas responsáveis por desenvolver a parte política da série.
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E apesar da narrativa estar pulverizada, os tempos destinados a cada uma são muito bem equilibrados, desenvolvendo personagens e tramas diferentes em tons e ritmos que não nos permite enjoar de nenhuma das histórias e nos leva de episódio a episódio sem cansar.
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O conflito entre a religião viking e o cristianismo continua tomando grande parte dos embates, com a religião antiga fazendo o possível para sobreviver enquanto os cristão levam suas ideias para todos os povos que a Igreja tem poder bélico para subjugar à ferro e fogo.
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Mas outras culturas também ganham espaço, em especial, graças à viagem de Leif e Harald para Constantinopla. Praticamente cada pessoa do grupo formado vinha de um local diferente e, assim, elementos de diferentes cultura e crenças se manifestavam.
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Vale ressaltar como o elenco teve uma considerável melhora, em especial o trio protagonista que agora estão muito mais naturais, contribuindo ainda mais para o envolvimento do espectador com a série.
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Disponível: #netflix
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8,5/10
Junji Ito: Histórias Macabras do Japão (1ª Temporada)
3.1 76Recentemente Junji Ito, um dos grandes nomes do terror japonês nos quadrinhos, foi redescoberto no Brasil e sua extensa obra de contos macabros passou a ser publicada por inúmeras editoras.
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Para coroar esse fenômeno, tivemos uma feliz coincidência com o lançamento pela Netflix da série animada antológica Junji Ito - Histórias Macabras. Nele temos um vislumbre da mente doentia do autor que cria um horror que foge das convenções ocidentais e orientais, mas talvez por isso não é de fácil assimilação.
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Nesta série tivemos vinte contos adaptados em 12 episódios que transitam entre o surreal e o bizarro, com horrores não preocupados em assustar, mas provocar incômodo e agonia. Assim, cada história vai impactar o espectador de uma forma, mas já adianto que a melhor forma de aproveitá-los é de forma homeopática.
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Dentre tantos, eu recomendo os episódios 3 e 7, que trazem as histórias Balões Pendurados, sobre um fenômeno estranho de cabeças gigantes flutuantes e suicídios; e Cidade dos Túmulos, sobre uma povoado onde todos que morrem se transformam em túmulos de pedra e não podem ser removidos até a transformação completa.
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Outras duas histórias estão nos episódios 5 e 8, mas ambas dividem tempo com outros contos. O Cabelo Comprido no Sótão, sobre uma garota que o cabelo se recusa a ser cortado; e Camadas de Medo que apresenta uma maldição ancestral que transforma as pessoas em uma espécie de acumulados de camadas como se fossem árvores.
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Mas os pequenos resumos destes contos que mencionei apesar de estranhos, não fazem jus ao que realmente se mostra em tela. No entanto, a temporada é bem inconstante na qualidade e, pelo menos estes apresentam um desenvolvimento mais coeso e não exageram no histerismo do qual alguns outros se valem.
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5,5/10
Carnival Row (1ª Temporada)
3.8 137 Assista AgoraO mundo fantástico das fadas se chocou com o nosso, mas as consequências não foram nada agradáveis, especialmente para os seres mágicos que se tornaram alvos da xenofobia e preconceito.
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Em Carnival Row acompanhamos os conflitos de uma cidade prestes a explodir com os refugiados de uma guerra que revelou ao mundo que os humanos não estavam sozinhos. A história se desenvolve a partir de vários núcleos narrativos que pretende trazer ampla abrangência social ao cenário.
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Se o protagonismo se encontra entre um inspetor e uma fada com romance mal resolvido; encontramos os embates sociais por todos os lados, das ruas com abusos vindos da polícia, à alta sociedade que depende de novos ricos fantásticos e os dois grupos políticos numa espécie de câmara dos comuns britânica.
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Todos esses núcleos vão sendo desenvolvidos aos poucos e sendo permeados ao mesmo tempo por uma disputa por poder entre as famílias mais poderosas da cidade e um assassino em série misterioso com ares lovecraftianos.
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Narrativas empolgantes, mas que muitas vezes é atrapalhada pelo romance só casal principal que é pontual, mas quando o episódio resolve mergulhar nele é extremamente cansativo.
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A direção de arte assume a estética Vitoriana que agrega algumas características próprias, como se a história do nosso mundo tivesse se bifurcado no momento que as tais criaturas se revelaram após a revolta contra os humanos que estavam destruindo a natureza.
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E seguindo esta estética, temos um conceito de mundo e criaturas mais sujo, refletindo na trama violenta e que explora as relações de forma mais gráfica. Nesta perspectiva, o realismo (ainda que por meio de elementos fantásticos) é capturado também pela preocupação em trazer maior diversidade ao elenco.
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Outro elemento importante é que a mitologia que serviu como inspiração é a celta, como podemos ver nas criaturas escolhidas, e estas trazem características visuais mais orgânicas, como galhos e folhas.
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25 sem
Foto do perfil de prestogaudio
Racismo, xenofobia contra esses "estrangeiros" de asas e chifres que se refugiaram em Burgo permeiam toda a narrativa e trazem um grande potencial para a série que, depois de quase quatro anos de espera (a primeira temporada foi lançada em 2019), recebeu um sinal verde para agora em 2023 finalmente ganhar uma segunda e última temporada.
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7,5/10
The Last of Us (1ª Temporada)
4.4 1,2K Assista AgoraNão importa o quão perto do fim do mundo estamos, pois sempre teremos a velha disputa por território e poder.
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Last of Us é uma franquia de jogos digitais de muito sucesso que desde o início se apresentava a partir de uma narrativa cinematográfica, algo que dificilmente escaparia de uma versão em carne e osso. Depois de quase chegar nos cinemas, a mídia escolhida foi a TV, num seriado que deve render algumas temporadas pela HBO (caso o novo dono viciado em reality shows não decida cancelar por capricho).
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Desta forma, desde as primeiras notícias tudo foi muito cercado por expectativas, até que o seriado finalmente estreou com um episódio longo de 80 minutos que não tem pressa em posicionar o cenário e os personagens, que provavelmente devem morrer como moscas.
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Como grande parte das histórias com zumbis (eu sei que os monstros são outra coisa, mas tecnicamente não muda muito do que já conhecemos), a história começa num dia comum com os eventos do fim do mundo escalonando rapidamente. Em seguida somos levados vinte anos no futuro, onde encontramos uma sociedade que vive em em cidades fortaleza com clara tensão interna entre população comum, governantes (estado policial) e rebeldes (os Vagalumes que tentam reverter a ditadura instaurada).
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Apesar de nunca ter jogado, já ouvi algumas coisas sobre a trama, mas isso me permite com mais naturalidade analizar o primeiro episódio apenas como um espectador que gosta da temática de ação com corpos "possuídos" em busca de "cérebros".
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Desta forma, tivemos um início muito bom que, apesar de não ter nada autêntico, chamou a atenção pelas atuações e apresentação da trama. A forma como as peças foram colocadas me animam bastante e indicam potencial para a produção se destacar em meio a tantas outras similares que tivemos nos últimos anos.
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8/10
Willow (1ª Temporada)
3.1 41Muito antes da fantasia conquistar à todos com Senhor dos Anéis, o cinema tinha produções que ficaram marcados na memória como A Lenda ou História sem Fim. Assim, nessa onda de remakes e continuações chegou a vez do retorno de Willow.
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A história da série avança 16 anos depois que a paz foi conquistada após a derrota da Rainha Bruxa Bavmorda. Nesse tempo a jovem Elora Danan foi escondida sob a ameaça de um grande mal que traria ruína à todos; Sorsha tornou-se a rainha, sempre assombrada por pesadelos premonitórios; Madmartigan nunca parou de se aventurar até não retornar mais; e Willow voltou para sua família e seu povo.
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Quando os príncipes descobrem que não são livres justamente por serem da realeza, tentam se revelar e um deles é sequestrado, daí passamos a acompanhar a jornada de um improvável grupo de pretensos heróis na tentativa de resgate ao mesmo tempo que aprendem e amadurecem.
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A aventura infanto-juvenil segue a mesma ideia do filme original com as esperadas atualizações de nosso tempo, seja em relação à trama, gráficos (ainda que utilizem bastante maquiagem e efeitos práticos), e escolha do elenco.
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O roteiro foi inteligente ao não se prender apenas às referências ao filme original, elas existe, mas são bem inseridas de forma que o universo criado não ficou estático esperando pela continuação. Outros problemas e perigos aconteceram e inclusive borram a noção dicotômica de bem e mal, estes não necessariamente ligados à mitologia principal do Vorme que quer destruir e controlar tudo.
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E mesmo que não seja trabalhado durante a série, o roteiro mostra que os conflitos gerados por ganância e mesquinhez humana também trazem consequências trágicas (ainda que mais narrativas que gráficas, assim como uma produção bem limpa em relação ao sangue).
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Outro cuidado é que os desafios secundários, que aparecem ao longo dos episódios,nunca se caracterizam totalmente como fillers, sempre tem algo que ajuda no desenvolvimento da trama ou personagens principais.
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7/10
Chucky (2ª Temporada)
3.7 99 Assista AgoraQuando um filme sobre um boneco assassino foi lançado na década de 1980, ninguém poderia imaginar o quão longe ele poderia chegar, não apenas em longevidade, mas em histórias que poderiam ser contadas.
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Chucky chega na sua segunda temporada mais uma vez surpreendendo, graças ao que só pode ser uma carta branca dos produtores, Don Mancini explora seu assassino sádico e cínico sem chegar à exaustão. Brincando de forma tão natural com o cinema de horror por meio de referências diretas ou mesmo críticas que a própria franquia assume, tudo sempre com um sanguinário bom humor.
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Neste ano o trio de adolescentes sobreviventes (e os atores ainda tem menos de 18 anos) são internados num colégio católico interno depois de serem responsabilizados pelo acidente explosivo do irmão menor de um deles. Chucky, que supostamente tinha sido destruído quando o caminhão de bonecos explodiu (sim, várias explosões), retorna em várias e diferentes versões (todas brilhantemente interpretadas pela dublagem de Brad Dourif).
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Em paralelo temos a trama da Tiffany, guiada por sua paixão doentia por Nica Pierce, a tentativa de enganar todos que ela é uma atriz mundialmente famosa, além do retorno de Glen e Glenda, em versão de carne e osso e duplicada (a binariedade binária do personagem retomada desde que era apenas um boneco).
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Daí mergulhamos nessas duas histórias que, aos poucos, vai se encontrando ao longo de oito episódios em inúmeras referências que passam desde Pânico ou Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado à Exorcista, Silêncio dos Inocentes Apocalipse Now e até uma clássica imagem da Pietà.
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Bizarrices seguidas de bizarrices com muito, mas muito sangue para todos os lados e sempre nos surpreendendo com os rumos da narrativa (ainda sinto pelas perdas ao longo dos episódios). Que por trás disso é possível encontrar abordagens sérias sobre homofobia, bullying, masculinidade tóxica, sem perder o horror e a comédia de vista.
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E para completar, ele tem efeitos tão simples, mas também tão reais que passamos a sentir medo daquele boneco desengonçado, boca suja e mortal.
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Temporada 8,5/10
Série 8,5/10
O Conto da Aia (5ª Temporada)
4.0 172 Assista AgoraDepois da fuga resta o medo, o trauma daquilo que não pode ser resolvido facilmente e mesmo depois de matar os monstros que nos assombram, as cicatrizes não deixam de existir.
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A quinta temporada de The Handmaid's Tale finalmente parece apontar para uma esperança, com June em segurança no Canadá. No entanto, isso não dura por muito tempo, pois além de ainda não ter libertado sua filha Hanna, o trauma acumulado ao longo dos anos a impele para o combate.
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Foi uma temporada que pareceu mais branda que as anteriores, provavelmente em resposta às seguidas críticas do sadismo crescente ano após ano. Ainda mantendo um bom ritmo, ela se desenrola a partir de principalmente três núcleos: June e sua família; Serena e Gilead ora focado no comandante Joseph, ora na Tia Lydia.
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Presenciamos o acirramento político, ao mesmo tempo que Gilead mostra sua força militar, também sugere mudanças com a criação de um território neutro para repatriar os refugiados estadunidenses que passaram a sofrer com a crescente xenofobia canadense.
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Esta é uma proposta controversa e de pouca confiança mesmo entre os comandantes e que Joseph vende para conquistar a opinião pública internacional comparando com uma espécie de Hong Kong com leis próprias, mas ainda submetida à Gilead.
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Esta ano também acompanhamos um tipo de redenção para personagens como a Serena e Tia Lydia, não que elas tenham ficado boas do dia para a noite, mas que finalmente perceberam o quanto também eram vítimas de um sistema de violência e que elas não poderiam fazer nada para mudá-los sozinhas.
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Temporada 9/10
Série 9/10
Station Eleven
4.0 75O fim do mundo não acontece sempre com uma invasão alienígena, explosões atômicas ou meteoros, é mais provável que ele já tenha acabado e só não sabemos ainda.
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Em Station Eleven acompanhamos Kirsten, uma jovem atriz de teatro que em meio ao caos de um acontecimento inesperado na peça é esquecida pelos responsáveis. Assim, quem a leva para casa é Jeevan, um criador de conteúdo desempregado que descobre sobre uma gripe sem precedentes com potencial de matar toda a população mundial.
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Essa descrição toma apenas o primeiro episódio, que começa como uma noite qualquer, com notícias sobre uma gripe aparecendo na TV e que se tornam cada vez mais preocupantes (mas a maior parte das pessoas só passa a dar atenção quando é tarde de mais). Em paralelo vemos flash do que pode ser o futuro, uma Nova York a muito tempo abandonada.
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A série assume várias linearidades nos episódios seguintes e passa a trabalhar com idas e vindas no tempo entre os momentos anteriores à crise e os anos que se seguiram à catástrofe pandêmica. Assumindo como ponto narrativo vinte anos depois da Pandemia e uma revista em quadrinhos permeando as histórias.
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É uma ficção científica com drama e ação, mas diferente do que estamos acostumados, este roteiro não fala sobre grandes heróis, sociedades com déspotas renascidos das cinzas, grandes vilões maquiavélicos, mas sobre pessoas traumatizadas que tentam se encontrar no novo mundo e agem com violência pelo medo do desconhecido.
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A escolha por essa narrativa múltipla é um trunfo ao mesmo tempo que um problema, pois permite o desenvolvimento de faces dos personagem aos poucos. Mas frequentemente atrapalha o ritmo da história, pois toda vez que encontra os clímax no final dos episódios, essa Catarse é descontinuada no seguinte, desenvolvendo outro momento do tempo que nem sempre estamos interessados ou acaba se prolongando muito além do necessário.
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Nesse aspecto, são criados e apresentados muitos personagens interessantes, mas grande parte deles não tem espaço para desenvolver e uma economia em algumas histórias e até mais episódios ajudaria a não apressar algumas resoluções ou dar mais espaço para outros núcleos.
Periféricos (1ª Temporada)
3.6 90O futuro é apenas uma porta que não sabemos como abrir.
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Em Periféricos acompanhamos Flynne Fisher, uma garota num trabalho comum de uma loja que vende objetos feitos por impressoras 3D, ao tentar ganhar um dinheiro por fora numa suposta realidade virtual super realista, torna-se alvo de uma organização secreta.
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Esses vários elementos já seriam suficientes para muitas histórias, e mesmo assim nem riscamos a superfície de Periféricos que ainda mistura grupos paramilitares, guerras mundiais, stress pós traumático e até uma conspiração envolvendo viagem no tempo. Mas para não revelar em excesso, eu paro por aqui, ressaltando que tudo que mencionei se revela apenas no primeiro episódio.
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Esta ficção científica foi inspirada num livro de William Gibson, autor que popularizou o subgênero cyberpunk com Neuromancer na década de 1980. Informação que cria a expectativa de encontramos algumas questões como implantes tecnológicos e guerra de classes generalizada com megacorporações totalitárias dominando o mundo.
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E por mais que trabalhe com diversos elementos complexos, o roteiro se vale de recursos para não perde nenhum espectador sem chamar a audiência de burra. Um expositivo criativo e variado que possibilita a compreensão sem nunca parece pedante ou esnobe.
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Como o uso de uma amiga da protagonista que nos primeiros episódios resume e organiza tudo que acontece ajudando os menos atento aos acontecimentos, que são tecnicamente caóticos, mas bem apresentados o suficiente para não em nenhum momento ficarmos confusos.
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Atuações sólidas e uma ambientação cuidadosa em tornar real futuros próximos ou distantes finalizam a receita que tem tudo para se manter por mais algumas temporadas.
The Witcher: A Origem
3.0 54 Assista AgoraMuito antes dos Bruxos caçarem criaturas e serem caçados pelos humanos gananciosos, o mundo era povoado por diferentes clãs de Elfos. Mas quando os exércitos e os magos resolveram dar um golpe de estado em todos os reis que tudo começou a dar muito errado.
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The Witcher - Origem de Sangue volta mais de 1000 anos no tempo para mostrar o grande evento no qual sete valorosos e controversos heróis se juntaram para lutar contra a ganância, se vingar e de quebra criar os bruxos que conhecemos na série original.
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Lançado como uma minissérie em quatro partes, ela surgiu para preencher o hiato de temporadas de Witcher, mas ao recuar tantos anos no tempo, precisou nos apresentar todo um mundo novo. E para que isso acontecesse em tão pouco tempo, tudo precisou ser muito rápido.
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Assim, depois de uma interessante apresentação com o bardo Jaskier sendo salvo por uma entidade mágica que viaja no tempo e conta histórias esquecidas no momento que elas são mais uma vez necessárias, somos levados para a história em questão. Mas a partir do momento que vamos para esse passado, a trama que somos já estava em movimento e acelera mais e mais a cada minuto.
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Com um roteiro genérico e personagens que careciam de desenvolvimento e menos mudanças bruscas de personalidade, o que recebemos foi algo que passou a sensação de requentado com atropelo. Ao mesmo tempo que nada parece realmente novo, não parece ser preciso colocar na velocidade 2x para sentir a corrida acelerada de acontecimentos.
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Por fim, não é a pior coisa que já fizeram de fantasia recentemente, ela apresenta muita coisa interessante em potencial, mas falta cuidado em tanta coisa, do roteiro à produção, que desanima bastante.
Stargirl (3ª Temporada)
3.7 17 Assista AgoraOs problemas apocalípticos do Eclipso exigiram que heróis e vilões de duas gerações se unissem, mas isso não significa que todo mundo ficou amigo.
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A terceira temporada de Stargirl começou com esse "elefante no armário" vilões que cansaram de ser perseguidos passaram a buscar aceitação e uma vaga na Sociedade da Justiça, enquanto os próprios heróis ficavam desconfortáveis com a questão.
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Em paralelo temos o verdadeiro Starman retornando dos mortos e indo morar na casa de Courtney, outra situação que também causa um enorme incômodo, pois só existe um cajado cósmico e ter voltado do túmulo não fez muito bem para confiar em antigos inimigos.
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Foi uma temporada sobre redenção com cada um dos personagens precisando se provar a todo momento, mas por causa do aumento do elenco recorrente, Courtney e a Sociedade da Justiça perderam um pouco de espaço, e seus dramas pessoais passaram a ser tratados de forma mais dispersa (com tudo muito bem amarrado no final).
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Infelizmente é perceptível a economia com os efeitos especiais nessa temporada, reservando os poderes mais épicos para momentos bem específicos, nossa sorte é que os roteiristas editores souberam dosar bem essa lacuna e conduziram os conflitos no limite do necessário sem que sentíssemos falta de algo.
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Uma pena que a série tenha sido cancelada, pois ela tinha potencial de crescer em spinoffs e até apontava a intenção para isso no futuro, mas que vai ficar apenas para a imaginação dos fãs. A jornada não tão longa de 10 anos que começou com Arrow está quase no fim, sei que Stargirl nunca se conectou totalmente com aquele universo, mas fazia parte de um mesmo espírito da década, ainda temos mais algumas despedidas, mas certamente essa foi uma das mais dignas.
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Série 8,5/10
Temporada 8,5/10
Oktoberfest: Sangue e Cerveja
3.6 13Antes da moda de fazer cerveja no quintal de casa, a centenária bebida era feita em fábricas, e os festivais pelo mundo contribuíam para que elas se tornassem conhecidas.
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Dentre as várias festas da cerveja, a Oktoberfest de Munique é a mais conhecida, mas apesar de já existir desde o início do século XIX, demorou quase cem anos para que ela ganhasse proporções internacionais. É sobre este período que a minissérie alemã Oktoberfest quer retratar.
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Assim, ambientado em 1900, nós passamos a acompanhar duas famílias do ramo da cerveja, os tradicionais Hoflinger e o rico e aventureiro Prank que chega à cidade com sua filha e promete revolucionar o festival com uma tenda para mais de seis mil pessoas.
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O drama histórico desenvolve um cenário de conflito generalizado, por conquista e domínio de território, entre gangues rivais de cervejeiros e taberneiros com assassinatos, vinganças e até um romance, no melhor estilo Romeu e Julieta em alto teor alcoólico.
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Além disso, aos poucos vamos entendendo o panorama político local, xenófobo e elitista que procura manter a hegemonia de apenas sete tradicionais cervejarias locais ao custo de muita violência e manipulação.
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É difícil encontrar algum personagem que não passe por cima de qualquer ética na série, mas os antagonismos funcionam bem de forma geral, dentro de espectros de comportamento mais ou menos naturais, meu único incomodo vai para o grupo de políticos e o empresário da Cervejaria Capital que acabaram caindo em bobas e rasas caricaturas.
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A subtrama dos Samoanos canibais também é bem problemática, ela aparece só pontualmente e sua função na trama é praticamente nula.
As 7 Vidas de Lea (1ª Temporada)
4.1 51 Assista AgoraO que você faria se todas as noites quando dormisse viajasse no tempo e assumisse o corpo de alguma pessoa no passado?
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Tramas de viagem no tempo sempre trazem problemas, principalmente quando os personagens encontram com os próprios pais como Sete Vidas de Lea. Uma série francesa que acompanha uma garota ao longo de uma semana tentando consertar o passado sem destruir o presente.
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Tudo começa com Lea sobrevivendo a uma rave no canyon de um rio graças seu encontro com um cadáver. Ela é uma adolescente vivendo seus conflitos mas que prestes a poderes e todas as noites quando dorme, passa a viver em corpos diferentes em 1991 até descobrir o assassino do corpo que tinha encontrado.
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Ao viver essas vidas, mesmo que por apenas um dia, começa a entender melhor os próprios medos e descobrir os segredos que foram enterrados a tanto tempo.
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A trama usa os tropos narrativos e a estrutura do subgênero de viagem no tempo: a adaptação e euforia com as habilidades, o medo de mudar tudo para pior, a responsabilidade e a redenção ao abraçar de vez as consequências. Mas ao fazer desta forma formulada, demora a pegar ritmo, preocupando em ambientar o cenário (bem utilizado no início dos anos 1990), personagem e regras, antes de explorar algo específico.
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E ainda que algumas situações possam ser previsíveis, temos um bom desenvolvimento, sem se perder em buracos bobos que esse tipo de enredo pode gerar. Em parte por causa do recorte de tempo restrito e linear, com um bom equilíbrio entre o passado e o presente.
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Os atores também estão bem, o elenco principal dos jovens de 1991 teve o desafio de criar uma dupla personalidade para seus personagens convenceram, entre a verdadeira e os momentos que Lea assumia o corpo de um deles.
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Interessante minissérie fechada em sete capítulos.
Halo (1ª Temporada)
3.6 88No século XXVIII a Terra expandiu suas fronteiras para além do sistema solar, mas logo encontrou uma espécie alienígena que impediu esse avanço. Mas seriam esses seres piores que a ganância humana?
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Halo é inspirado numa franquia de jogos de sucesso sobre supersoldados controlados pelo governo central da Terra que enfrenta a espécie Covenant. Na série acompanhamos Master Chief, o principal soldado de um grupo reduzido de elite conhecido por Espartanos.
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Depois de uma missão de salvamento da qual mais de 150 pessoas foram mortas e a única sobrevivente, por ser considerada uma rebelde, recebeu a sentença de morte. Master então se revela e salva a garota, tudo sob influência de um artefato alienígena que trouxe de volta parte de sua memória.
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Nessa trama de ação espacial, percebemos uma crítica ao militarismo e controle de uma sociedade nuclear que sempre explorou os planetas da orla exterior e agora passa a enfrentar duas guerras ao mesmo tempo: contra os misteriosos alienígenas e contra os grupos de resistência que cansou de ser explorado.
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É interessante como o roteiro não esconde inspirações de nosso mundo contemporâneo, como os conflitos dos países ocidentais, sobretudo EUA, contra pequenos países pobres, mas possuidores das jazidas de combustível que permitem os terrestres expandir e conquistar ainda mais.
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Mas a história não avança muito além do que já vimos em outras histórias espaciais, na realidade fica atrás de séries recentes como a ótima The Expanse que trabalha as questões políticas e sociais muito bem sem deixar de lado a parte de ação explosiva e o Scifi.
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Assim, mesmo que apresente bons efeitos especiais, a sensação de mais do mesmo acaba não empolgando. O mesmo pode ser dito sobre os personagens, que parece lhes faltar carisma.
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The Walking Dead (11ª Temporada)
3.5 234 Assista AgoraForam onze temporadas e doze anos correndo de zumbis para The Walking Dead finalmente chegar ao fim, vida longa à Walking Dead, pois se a série principal termina, outras mais vão surgir e continuar a franquia.
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Não apenas continuações, pois a última temporada teve vinte e quatro episódios, divididos em três blocos de lançamentos que encerraram seus arcos principais ao longo de quase um ano e meio. Praticamente três temporadas diferentes, mas nomeada como se fosse apenas uma.
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Foi a bastante tempo, mas tudo começa em dois núcleos: Alexandria enfrentando a fome e um grupo de ninjas/militares fundamentalistas religiosos genérico, enquanto outro tentava se aliar com uma grande comunidade que descobriram existir no leste. É dela que teremos as principais tramas nas etapas finais.
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Temos vislumbres de vida normal nos moradores da "Comunidade", mas que levantam questões sobre o quão certo é reestabelecer o velho sistema de desigualdade, com castas sociais e privilégios de uns em detrimento de uma massa de trabalhadores. Com o tempo a trama nos mostra cada vez mais dificuldade para que esse sistema seja mantido.
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Apesar de algumas repetições temáticas, a forma se mostrou muito mais apurada, e além de expandir o cenário a cada episódio, a produção também se preocupou em desenvolver ao máximo os diversos protagonistas que sobreviveram ao longo das temporadas, e o fez tão bem quanto os novos antagonistas.
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Desta forma pudemos acompanhar do retorno de Maggie e reencontro com Negan, até experimentações narrativas como uma focada exclusivamente em Connie, explorando sua deficiência auditiva de forma a brincar com silêncios e ampliar a sensação de tensão.
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Sem entrar em spoilers, o último episódio foi um enorme desafio (sempre é) em especial porque parece que ninguém queria encerrar por definitivo. Tivemos um pouco de ação e algumas coisas ficaram corridas, pois o grande foco seria para o drama (com momentos de exagero novelesco e fins que não abraçam o término).
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Enfim, tudo indica que virão mais mortos-vivos nos próximos anos, em filmes e séries, e por enormes baixos que The Walking Dead passou, os anos finais pós Rick fizeram valer a pena.
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Série: 8/10
Temporada: 9/10
Andor (1ª Temporada)
4.2 173 Assista Agoraanos antes do melhor filme da franquia Star Wars recente, Rogue One, o futuro rebelde Cassian precisava fazer alguns golpes para sobreviver.
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Na série Andor acompanhamos um Cassian descrente com a sociedade em busca da irmã perdida, mas ao se envolver numa situação complicada com o Império e precisa se esconder. Em paralelo temos uma sequência de um passado não tão distante, mas quando Cassian era uma criança e morava num planeta florestal com uma espécie de "trupe" garotos perdidos, pelo menos até a queda de uma nave.
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Surpreende ser Star Wars e estar no streaming da Disney, pois apesar das crianças do planeta floresta, a trama principal apresenta desafios para os personagens que fogem do esperado para uma aventura nos moldes que estamos acostumados tornando-se mais íntima e lenta.
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Além disso, temos também o desenvolvimento da organização que permitiu o Império reinar por tanto tempo num território tão grande. Vemos como pequenos delitos (ou irrelevantes perante o poder imperial) são cada vez mais resolvidos à mão de ferro, aumentando o controle, mas também forçando uma fuga dos rebeldes para criação de um grupo.
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Dividido em arcos com dois ou três episódios, os doze capítulos guardam alguma ação explosiva, mas se destaca ao nos mostrar os bastidores de uma ditadura de forma mais crua, num nível pessoal e não sobre o escolhido do universo, mas alguém que faz o que pode para sobreviver.
The Vow (Parte 2)
4.0 6 Assista AgoraNinguém espera ser vítima de um crime, muito menos que está dando suporte a toda uma rede a partir de métodos terapêuticos.
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A impronunciável organização NXIVM foi manchete nos últimos anos pelas denúncias de que a empresa de marketing multinível criada pelo coach comportamental Keith Ranieri escondia uma seita de escravas sexuais.
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A segunda temporada de The Vow vai acompanhar o julgamento de Ranieri e investigar sua organização a partir de inúmeros relatos levantados por ex-membros e até mesmo pessoas que ainda lutam pela liberdade de seu líder.
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Gravada após a condenação, acompanhamos principalmente a perspectiva dos membros da NXIM que foram indiciados e julgados. Em especial as mulheres que faziam o círculo interno que estruturava a organização.
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Sua estrutura é mais enxuta que a primeira temporada de 2019, que se dedicou a mostrar o esqueleto funcional e histórico da NXIVM. Os atuais seis episódios focam nos depoimentos das vítimas com reconstrução de áudios e um acervo enorme de vídeos e gravações, muitas delas feitas pelo próprio réu ao longo dos anos. O egocentrismo produzindo as provas que um dia o condenariam.
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Assim, algumas das vítimas e cúmplices tomam o protagonismo da narrativa as quais elas mesmas são desconstruídas, em especial a braço direito e criadora da metodologia aplicada na instituição, Nancy Salzman. A descobrimos como mais uma vítima manipulada, ainda que não isenta de culpa e responsabilidade pelos que foram abusados e destruídos.
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Uma história incômoda, apesar de otimamente conduzida numa experiência hipnotizante. Ainda assim, vale ressaltar que os temas tratados podem são pesados, especialmente nos detalhes de violência psicológica e misógina que infelizmente pode acontecer a qualquer momento, ainda que em outros níveis, mas sem percebermos.
Respire!
2.8 101 Assista AgoraEm determinadas situações só podemos depender de nós mesmos para sobreviver.
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Respire é uma minissérie em seis episódios onde acompanhamos Liv, uma advogada de sucesso que precisa ir desesperadamente para Inuvik, uma cidadezinha no norte do Canadá. Seu voo é cancelado e ela consegue uma carona num monomotor com duas pessoas que encontra no aeroporto.
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O avião cai em um lago, o piloto morre e o copiloto também sofre um ferimento mortal, deixando a protagonista à própria sorte. Um filme de sobrevivência que coloca Liv à prova depois de tantos Bear Grils e Largados e Pelados, que esperamos que ela tenha assistido.
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E para não ficar apenas nas cenas mais intensas no meio do nada e luta pela sobrevivência, conhecemos melhor a personagem por meio de vários flashbacks das semanas que antecederam a viagem e alucinações cada vez mais reais.
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O roteiro é um pouco sádico na forma como os desafios são apresentados, criando problemas novos a vara instante, dos quais Liv consegue vencer numa mistura de sorte e bastante competência. Aspecto que dá força ao filme, pois erros e decisões questionáveis acontecem, mas em nenhum momento de uma forma deliberadamente ignorante, apenas para que a história ganhe mais drama.
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E embora os momentos dela como advogada sejam importantes para conhecermos Liv e entendermos seu arco de transformação, é a parte mais cansativa e poderia facilmente ser resumida.
1899 (1ª Temporada)
3.6 394 Assista AgoraA realidade é só uma construção de nossas percepções interagindo com um mundo que se modifica a partir da firma como o percebemos.
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1899 é a mais nova série dos produtores da alemã Dark, que veio cercada de expectativa, mais uma vez nos trazendo mistérios praticamente insolúveis que inicia a partir do reencontro do navio Prometheus desaparecido no meio do oceano.
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A série desta vez é ambientada em 1899 (ta aí o título) onde acompanhamos a viagem a partir de alguns dos marujos e imigrantes em busca de uma nova vida na América. Mas a viagem parece fadada a não chegar ao seu destino depois do encontro em alto mar que desencadeou uma série de eventos a começar por mortes estranhas e uma escalada de violência com direito até a fundamentalismo religioso.
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Mas claro que não fica apenas nisso, pois em paralelo temos um desenvolvimento do desconhecido que influência todas essas questões e é o coração de 1899. Um roteiro intrigante, mas que demorou para me conquistar por completo, os primeiros episódios se dedica mais em apresentam os personagens, que são bons, mas a trama só engrena mesmo a partir de metade da temporada.
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No entanto, isso pode ser uma percepção enviesada pela expectativas inevitável e injusta, saber que são os mesmos criadores de outra história complexa que tem uma legião de fãs. Influenciado ou não, vale a pena continuar, pois a criatividade e caos organizado que vimos em Dark também vai se organizando aos poucos por aqui com direito a um ótimo gancho no fim.
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Tecnicamente temos ótimos e interessantes efeitos especiais que se misturam a uma cuidadosa construção na ambientação de época e na escolha do elenco multietnico, trazendo um transatlântico de babel com personagens falando em francês, alemão, japonês, inglês, espanhol e até português.
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Por fim, vale falar um pouco da polêmica que surgiu no twitter e tomou a internet, 1899 é um plágio da hq independente Black Silence de Mary Cagni. Então, li a revista quando lançou e reli hoje depois de terminar a série... Em poucas palavras: não, não existe plágio, apenas semelhanças circunstanciais.
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Semelhanças essas que vem de influências apreciadas de outras obras, das quais posso citar Enigma do Horizonte, Alien, Sunshine, Matrix, Westworld e até mesmo o próprio Dark, ao qual encontramos inclusive rimas visuais com que servem como easter egg para aqueles que a assistiram.
Warrior Nun (2ª Temporada)
3.6 26 Assista AgoraDepois de dois anos de espera (e até nem lembrar mais que existia) a série da freira superpoderosa que enfrenta demônios e anjos caídos pelo mundo retornou ao Netflix.
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E a segunda temporada já começa lidando com as consequências do retorno do anjo caído Adriel depois da explosão de parte do Vaticano. Ava foi dada como morta e se escondeu na Suíça; as outras freiras da Ordem da Espada Cruciforme tentam se reagrupar para a batalha contra o anjo; e Adriel ganhando seguidores por demonstrar seu poder, crescendo a ponto de criar a própria seita.
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Continuamos com o clima de Buffy a Caça Vampiros, mas com a dinâmica de fugitiva e a aparição de novas ordens religiosas secretas vindas deste e de outro mundo. Foi interessante como desenvolveram a figura do anjo, com uma dupla manipulação do arquétipo que, por um lado, o transforma numa criatura poderosa vinda de outra realidade que precisa ser eliminada, e de outro, utilizando a fé como ferramenta de manipulação e controle mundial.
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As pretensões da Netflix em atingir um público mais internacional reflete na maior abrangência geográfica da história, dando ênfase no trânsito para diversos países da Europa nos primeiros episódios, escolha que contribui num ritmo mais dinâmico, além de apresentar diferentes locações.
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Mas se por um lado encontramos esse background rico, por outro a série enfraqueceu em elementos técnicos como a coreografia das lutas menos fluídas que na temporada anterior; um roteiro que se perde em excessos de conveniências e pouca imaginação para solução de problemas simples; ou mesmo a estrutura episódica que acabou soando ultrapassada, e embora a Netflix incentive assistir tudo de uma só vez, a experiência é bastante cansativa.
Bárbaros (2ª Temporada)
3.5 19 Assista AgoraÉ interessante como as séries alemãs do catálogo da Netflix se destacam, sempre apresentando grande cuidado nos roteiros e produção.
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Bárbaros nos mostra os confrontos entre as tribos germânicas e o Império Romano no ápice de suas conquistas territoriais. Depois de uma expressiva vitória no fim da temporada passada, os romanos retornam com ainda mais força, exigindo a união de todas as aldeias historicamente inimigas.
...
Assim, acompanhamos não apenas as batalhas, mas as tentativas diplomáticas para evitar mais destruição, até mesmo a submissão ao invencível império. Mas de ambos os lados um sentimento de vingança torna os controversos acordos de paz e comerciais impossíveis e logo mais a guerra continua.
...
O roteiro se preocupa em seguir os registros históricos, mas diferente da temporada passada, nesta consegue assumir um ritmo menos frenético. Estratégia que favorece a série que agora não se vale mais de tantas coincidências forçadas que aceleravam a trama.
...
Mas o maior destaque ainda está na produção, a ambientação florestal com uma fotografia mais opaca e um bom trabalho de design que diferencia as diferentes tribos germanas nas indumentária e objetos. Outro elemento que chama a atenção é o idioma, que usa o latim para os romanos, exigindo ainda mais dos atores que não apenas estão falando num idioma que não é o materno, como é uma língua morta.
Barbaren
4.0 2É interessante como as séries alemãs do catálogo da Netflix se destacam, sempre apresentando grande cuidado nos roteiros e produção.
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Bárbaros nos mostra os confrontos entre as tribos germânicas e o Império Romano no ápice de suas conquistas territoriais. Depois de uma expressiva vitória no fim da temporada passada, os romanos retornam com ainda mais força, exigindo a união de todas as aldeias historicamente inimigas.
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Assim, acompanhamos não apenas as batalhas, mas as tentativas diplomáticas para evitar mais destruição, até mesmo a submissão ao invencível império. Mas de ambos os lados um sentimento de vingança torna os controversos acordos de paz e comerciais impossíveis e logo mais a guerra continua.
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O roteiro se preocupa em seguir os registros históricos, mas diferente da temporada passada, nesta consegue assumir um ritmo menos frenético. Estratégia que favorece a série que agora não se vale mais de tantas coincidências forçadas que aceleravam a trama.
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Mas o maior destaque ainda está na produção, a ambientação florestal com uma fotografia mais opaca e um bom trabalho de design que diferencia as diferentes tribos germanas nas indumentária e objetos. Outro elemento que chama a atenção é o idioma, que usa o latim para os romanos, exigindo ainda mais dos atores que não apenas estão falando num idioma que não é o materno, como é uma língua morta.