Na semana que precedeu o dia das bruxas deste ano de 2022, a Netflix preparou uma série interessante, a antologia Gabinete de Curiosidades. Criado e apresentado por Guillermo del Toro, foram oito episódios lançados aos poucos, dois por dia. ... Nessa série temos a adaptação de contos de mistério com elementos de horror que reuniu um grande elenco de atores, roteiristas e diretores numa jornada que tematicamente remetia tanto à clássicos da TV como Além da Imaginação ou até os antigos gabinetes que reuniam curiosidades num mundo onde o turismo ainda era restrito para a alta elite e o desconhecido só podia ser alcançado por meio de relatos de viajantes e suas "lembranças". ... Como amarra entre os episódios, além de seu apresentador, temos variações sobre o tema da morte, sendo muitos deles focados naqueles que, de alguma forma, incomodam os que já conquistaram o descanso eterno. ... Assim, caminhamos ao longo da série, Del Toro faz as vias de "Caveira" dos Contos da Cripta, mas sem o sarcasmo, e com foco em ressaltar o responsável pela direção de cada episódio. O elenco é relativamente conhecido e nunca se repete, ainda que mantenha o padrão de qualidade, os diretores e o alto valor de produção complementam uma boa estrutura. ... Mas como todas as antologias, esta também sofre com muitos altos e baixos e a variação de abordagens exige do espectador aceitar que a proposta não é ter uma unidade tonal. Assim, ora mais voltado para o humor, ora para o drama, posso apenas aqueles que mais me agradaram, e são eles que falei brevemente a seguir: ... Começo pelo terceiro episódio, a Autopsia, que mostra o confronto de um legista com um assassino que vem matando pessoas e roubando identidades a dezenas de anos. Foi o mais agonizante do catálogo. ... Apesar de mais referências, foram apenas dois contos do Lovecraft que serviram se base para os episódios: Modelo Pickman, sobre um pintor que enlouquece aos poucos; e Sonhos na Casa da Bruxa, sobre um casal de gêmeos que consegue se comunicar mesmo depois da morte de um deles. ... E escolheram encerrar com chave se ouro, com o último episódio da série inspirado num conto do próprio Del Toro, e nele temos um horror gótico mais dramático que os anteriores e que se passa no início da década de 1950 acompanhando um casal de ornitólogos em pesquisa numa antiga casa isolada em uma ilha. Foi o mais exigente e emocionalmente intenso. ... Por fim, vale dizer que essa série é melhor consumida em partes, assistindo um ou outro episódio por dia.
É muito bom ver que a Disney finalmente vai explorar outras histórias para além dos Skywalker, Solo e agregados, é um universo muito grande e cheio de possibilidades que somente agora parece ter ganho a permissão de crescer. ... Star Wars: Histórias dos Jedi é uma série animada antológica a qual pretende-se que cada temporada seja focada em desenvolver um personagem ou período da grande franquia que a Disney tem em mãos. ... E nada melhor que começar com uma das Jedi mais populares e que só a pouco tempo ganhou sua versão em carne e osso: Ahsoka Tano desde seu nascimento no planeta Shili ao treinamento e a aceitação de sua maior missão. ... Mas em apenas 6 episódios ela vai muito além, pois conhecemos também o passado de outros Jedi anos desde alguns anos antes da Ameaça Fantasma como conde Dookan, Qui-Gon-Jin, Mace Windu, entre outros. ... Assim, vemos pedaços de um quebra-cabeças que ajudam a entender o universo desde antes das guerras separatistas e a própria decadência da Ordem Jedi capturada pelas leis do Conselho e Senado, nos provocando a ver ainda mais sobre cada um desses pequenos (mas precisos) recortes. ... Infelizmente a técnica é problemática, claro que a animação evoluiu desde o primeiro episódio 3D de Clone Wars em 2009, mas essa antologia teve pressa em finalizar e entregar a série. Os primeiros episódios passaram a sensação de pular etapas na renderização, ou um maior cuidado nas texturas e movimentos que estão muito duros e irreais, felizmente isso melhora no fim da temporada.
Na tentativa de se diferenciar da irmã mais velha Game of Thrones, Casa do Dragão surfa no sucesso, mas de forma mais localizada em conflitos palacianos que se dão muito mais ao longo do tempo que na imensidão do território de Westeros. ... Em especial na relação conflituosa da família Targaryen entre a princesa Rhaenyra, que desde a infância tinha o trono como destino; e sua (um dia melhor amiga) rainha Alicent Hightower, que casou e permaneceu ao lado do rei por toda a vida. ... A história começou com um golpe que tirou o trono daquela que seria a primeira rainha Targaryen, Rhaenys, se desenvolveu principalmente nos desentendimento entre as duas protagonistas ao longo de vários anos (até com troca de atrizes) reverberando entre os filhos de cada uma. ... Mas tal embate, que poderia trazer questões como a manipulação que Alicent recebia do pai, ou mesmo as tradições machistas que impediram Rhaenys de assumir o reino e criou uma condição constantemente tensa para a princesa. ... Escolheu ser apenas superficial. Sem assumir posições claras ou um texto que confrontasse a misoginia, ela acabou reforçando o preconceito repetidas vezes, em especial recorrendo a situações que colocavam as duas mulheres como eternas rivais. ... Além disso, a série passa a sensação que os outros personagens apenas orbitam as duas protagonistas, e carecem de desenvolvimento em vários momentos. Como a Mão do Rei que manipula sua filha desde sempre, mas que só vai ficar mais claro nos episódios finais; um soldado fundamentalista que é raso como uma pá; filhos de ambas mulheres que, além de um ou outro momento, em sua grande maioria, nem nos lembramos quem são; entre outros . ... Ainda assim, vale ressaltar a atuação do rei Viserys, visivelmente fraco e aparentemente despreparado para a posição, mas que ganha força e conquista o espectador e súditos ao longo da temporada. Inclusive com a progressão de uma infecção que o apodrece com o passar do tempo e episódios como uma metáfora da degradação do reino. ... Daemon também merece um espaço, irmão do rei que é muito mais proativo na defesa do reino se destacando e até antagonizando o rei por um tempo. Mas que tem espaço para uma jornada própria em busca de poder e reconhecimento (ainda que de forma bastante questionável). ... Enfim, é inegável que os efeitos especiais dos dragões e as locações são sensacionais, e mesmo o trabalho de atuação não tenho o que criticar. Mas ela é mais técnica que narrativa, desta última sobram clichês e repetições vazias e previsíveis, com cada episódio contando praticamente a mesma coisa, apenas variando a escala.
No começo de agosto escrevi uma resenha sobre o início de Anéis do Poder, um mergulho no mundo mágico do Tolkien em 3 episódios iniciais que serviriam como apresentação de todo uma nova realidade. ... Depois dos três primeiros episódios onde uma nova espécie/sociedade era apresentada, a história começou efetivamente sem nenhuma pressa, com o tempo da eterna vida de um elfo. E não, não estou reclamando, pois assim a produção se permitia mostrar certos núcleos, apenas quando necessário, sem inchar os episódios com sequências desnecessárias. ... Assim, temos uma trama que se divide em três núcleos principais e a partir destes temos algumas ramificações. De um lado a jornada de Galandriel em conseguir aliados para enfrentar o mal supostamente destruído; os protohobbits nômades indo de um lugar para o outro e precisando lidar com um barbudo que caiu do céu; Arondir, nas terras do sul, enfrentando o renascer dos orcs; e as interações entre Elrond e Turin, ora no reino dos anões, ora no dos elfos. ... Cada local tratado com cuidado e diferenças que se sobressaíam não apenas na estética, como também na narrativa. Movendo a trama em alguns pontos chave, principalmente nos últimos episódios, e deixando questões como a queda dos arrogantes e xenófobos nurmenorianos ou a organização de Mordor para a próxima temporada ... Os salvamentos de última hora e algumas facilidades são bem recorrentes e podem incomodar um pouco, mas eles se conectam ao tom épico heróico típico desse tipo de narrativa, ainda que num tom menos derrotista que nos textos do Tolkien. ... Enfim, estamos apenas no início da jornada, que promete muito caos com ascensão do mal e também muita desentendimentos entre os povos antes das alianças da guerra. Que venha a segunda temporada.
Uma das características mais básicas do Hulk é sua dualidade, o médico e o monstro, a calma e a raiva. Mas num mundo onde aprender a controlar a raiva é cotidiano, os desafios não estão no descontrole. ... Em Mulher-Hulk conhecemos a prima de Bruce Banner, uma ótima advogada que trabalha para a promotoria de Los Angeles, mas depois de um acidente que a transformou numa versão verde de si mesma e passou a assumir defender pessoas superpoderosas. ... É uma divertida comédia que lembra clássicos como Ally McBeal, mas com o tempero super da Marvel. Assim, com bom humor e muita ironia, a série aproveita da metalinguagem para brincar com ela mesma e com as críticas feitas pela internet desde que a personagem foi apresentada, ou mesmo sobre os filmes do MCU. ... Junto a isso, e talvez o ponto onde mais brilhe, é trabalhar o machismo do dia a dia que se manifesta em diferentes formas como a mega advogada precisando provar que é capaz a todo momento, ou quando seus sucessos profissionais são eclipsados por supostos fracassos no campo emocional (fracasso este que pode ser simplesmente não querer nada com ninguém). ... Com ótimo ritmo e grandes atuações, são poucas as vezes que deixa a comédia passar do tom, e nesse ponto é bom ressaltar que é sim uma produção de humor. Com uma estrutura narrativa onde personagens sempre retornam em arcos intercalados de forma a ajudar a não transparecer tanto a estrutura episódica e tornar a "maratona" bem prazerosa. ... O que não tem defesa são os efeitos especiais da protagonista, ela é uma personagem que exige com certa frequência essas trucagens digitais, e vemos um esforço grande para tudo funcionar muito bem, mas o rosto de Jen fica estranho e vez ou outra olha para o nada, ou parece estar descolada da cena real.
A Turma da Mônica não é o único grupo de crianças das HQs brasileiras. ... Na série do Menino Maluquinho acompanhamos o garoto de panela na cabeça chegando à cidadezinha de interior chamada Benvinda e causando várias confusões com muita imaginação. ... Não é a primeira adaptação do personagem que já recebeu versões em três dimensões e em carne e osso. Desta vez as crianças recebem um traço aproximado ao criado pelo icônico Ziraldo, mas com um dinamismo maior e simplicidade que remete aos "cartoon cartoons" dos anos 90/2000. ... São episódios pequenos, de dez minutos em média, que convida o espectador a se divertir com os planos criativos de uma criança que tem como único objetivo se divertir.
Em 1995 a Pixar nos mostrou o que os brinquedo fazem quando seus donos não estão olhando, mas nem todos ficam traçando planos mirabolantes para manter o amor de seus donos, alguns gostam apenas de assassinar pessoas mesmo. ... Ninguém imaginava que um filme de terror sobre um boneco assassino fosse fazer tanto sucesso e gerar tantas continuações, muito menos que um dia ele ganharia uma série e que todas as histórias já contadas fossem assumidas como reais. ... Depois de noivas, filhos e cultos, chegou a vez de uma série que acompanha Jake, um garoto que depois de perder a mãe sofrer bullying no colégio fica cada vez mais isolado em casa com projetos artísticos macabros de escultura com cabeças de bonecos. ... A trama tem como mote principal expor a todo momento a hipocrisia da sociedade de aparências a partir da alta sociedade de Hanckensack, uma cidadezinha em New Jersey. É "encantador" o sarcasmo do boneco assassino tentando converter adeptos a um modo de vida que resolve qualquer problema com facadas e assassinatos eventuais. ... Em paralelo temos um bom desenvolvimento dos personagens que ganham complexidade aos poucos a partir de temas como família e sexualidade que são trabalhados por diferentes perspectivas e sempre com muita naturalidade. ... Surpreende também a violência, pois quem pensa que a série poderia pegar mais leve por ter crianças como protagonista, esqueça, o sangue rola solto com mortes bastante variadas e gráficas, sem se importar muito com a idade da vítima. ... Para completar, e retomando o que já comentei acima, a produção fez questão de revisitar e convidar vários dos sobreviventes dos filmes anteriores, retornando atores e personagens com traumas específicos e mostrando como o mundo da franquia tem vida própria. ... Por fim, vale ressaltar o bom trabalho de direção que além de ter um bom controle do ritmo de viradas de roteiro; utiliza os efeitos digitais de forma pontual, favorecendo as trucagens práticas e tornando cada movimento e expressão do Chucky real.
Demorou três anos, mas a segunda temporada da animação Primal finalmente chegou ao streaming e qualquer criação de Genndy Tartakovsky deve ser sempre lembrada. ... Assim, a história do homem das cavernas e seu companheiro tiranossauro continua imediatamente após os eventos do episódio final do primeiro ano: o sequestro de Mira por uma sociedade além mar. ... Foi uma forma de ampliar imensamente as possibilidades narrativas que até então estava concentrada no relacionamento da dupla. Assim, temos a oportunidade de ver diferentes culturas que fazem referência a algo análogo aos vikings, egípcios, babilônicos, entre outros, inclusive suas mitologias e sob a perspectiva da improvável dupla de amigos. ... E não é por ser uma animação que não seja tenso e sanguinário, a dupla corre risco de morrer a todo o momento, seja por fome, tempestades, outros humanos ou criaturas ainda maiores e mais perigosas. ... Da mesma forma que vemos o desespero quando algum deles é ferido, a tristeza da solidão, a parceria levada quase com aquele sarcasmo de uma amizade sincera, tudo apenas com olhares, gritos e o simples movimento do corpo. É estilizado, bruto, mas é real. ... Temporada 10/10 Série 9/10
Quantos assassinatos podem acontecer num único prédio? Depende da imaginação dos roteiristas. ... Only Murders in The Building foi um sucesso supostamente inesperado, mas com nomes como Steve Martin, John Robert Hoffman e Tina Fey envolvidos... Surfar na onda de podcasts de crimes reais talvez não fosse tão inesperado assim .. Nessa segunda temporada, o trio de amigos improváveis começa com uma questão muito complexa à resolver: quem matou a síndica no prédio com as agulhas de tricô (e no apartamento) de Mabel? ... De fãs de podcast sobre crimes eles viraram investigadores de sucesso e agora se transformam nos principais suspeitos do assassinato. Mas quem disse que essa condição não pode servir para algo? É o que o grupo descobre ao serem chamados para reboots, franquias e galerias de arte. ... A comédia continua com o mesmo tom sarcástico e improvável acompanhando o trio que tenta desvendar o novo crime enquanto descobre segredos do passado do prédio, deles mesmos e tentam evitar a prisão, já que tudo parece apontar para eles. ... A produção conseguiu manter o roteiro instigante, mesmo sem contar com o fator de ineditismo, trouxe coadjuvantes novos ao mesmo tempo que visitava pontualmente os antigos, sempre com um motivo bem definido. ... Foi interessante o papel dos fãs comentando sobre o Podcast do trio, tentando interferir e levantar seus suspeitos, inclusive criticando que a continuação estaria mais fraca ou sem foco, numa abordagem quase metalinguístico. ... No entanto, os bastidores do podcast ficaram em segundo plano, aparecendo de forma um pouco forçada e nem parecia que eles estavam gravando a segunda temporada do programa de áudio. ... Outro ponto de destaque é o episódio mais experimental da temporada, mas nesse caso foi um pouco menos imaginativo. O episódio mudo se repetiu, mas mais contido e dividindo espaço com grafismos de quebra-cabeças e purpurina mesclando elementos da história com subjetivos. ... Enfim, tecnicamente não chamou tanta atenção, mas se saiu bem nos novos mistérios e personagens que agregaram bem o elenco. ... Série 8,5/10 Temporada 8/10
Para algumas pessoas o mundo virtual é muito mais importante que o real, então porque não ficar apenas nele? ... Dead Pixels mostra três amigos viciados em MMO RPG que sobrevivem no mundo real para viver no universo de Kingdom Scrolls. Da obsessão por quests e disputas digitais em constante conflito com a indesejada realidade saltamos de forma orgânica às narrativas que são cotidianas e se confundem. ... É uma comédia inglesa que ao longo de doze episódios, divididos em duas temporadas vai trazer personagens bastante desagradáveis representando estereótipos de gamers que tem medo da vida social e se escondem em seus avatares com extrema agressividade. ... Apesar disso, a mediada que os conhecemos, passamos a nos afeiçoar e identificar certas manias. Ainda assim, não espere nada muito escrachado ou profundo, é uma mistura de escatologia verbal com vergonha alheia que hipnotiza e nos provoca sempre àquele riso incômodo. ... A segunda temporada explorou a discórdia entre os fãs do jogo com uma expansão que mudou personagens, trouxe novas gerações de jogadores, levou as antigas à procurar versões mais antigas (e sem a interferência de novatos que estão destruindo o que eles sempre gostavam) além de inserir itens que podem ser comprados com dinheiro de verdade, viciando e empobrecendo quem vai na armadilha. ... A produção acertou no dinamismo do roteiro e na forma que mostra ambos os mundos de forma complementar na vida dos personagens, ir do apartamento ou escritório para o cenário inspirado em World of Warcraft é tão natural como acordar ou almoçar. ... 7,5/10
Não importa quanto tempo passe, as cicatrizes sempre estarão lá, expostas, para nos lembrarmos, nos desafiando a superar dia após dia. ... Em Diabo em Ohio acompanhamos a psiquiatra que tenta ajudar uma garota que apareceu no hospital que trabalha depois de fugir de uma seita, em paralelo ao mistério em torno da garota, vemos os problemas da família da psiquiatra se aprofundando. ... A construção do mistério é interessante, mas o roteiro não se preocupa nunca com sutileza, de nomes muito conhecidos à pássaros que se jogam na janela ou o uso da trilha sonora, não temos com clareza se o horror pode ou não ser sobrenatural, mas também não se preocupa em esconder de onde bem o perigo. ... Criar todo um cenário escolar também pareceu desnecessário, mesmo que grande parte se desenvolva nesse ambiente, nada que aconteça é diferente do que já vimos inúmeras outras vezes. ... Foi engraçado identificar vários atores vindos das mais diversas séries que passando pelos episódios, muitas vezes apenas por um deles, mas todos com boa atuação. Claro que Emily Deschanel se destaca como a psiquiatra a qual divide espaço principalmente com Madeleine Arthur e Xaria Dotson que são as com mais tempo de tela. ... Enfim, uma trama com potencial, mas que acabou não trazendo nada de novo e nem ousou no roteiro ou formato. Assim, ao escolher pelo morno, deve passar despercebida.
Quando seu maior inimigo ganha hegemonia, a única esperança é encontrar reencontrar amigos e forjar alianças. ... Cobra Kai chegou à quinta temporada com a academia da Cobra no auge, abrindo várias franquias e conquistando mais e mais alunos, o problema é que o novo líder do dojô é um empresário inescrupuloso que não se importa em passar por cima dos outros e quem precisa sacrificar. ... O ano começa com os Miyagui Do fechado, Kreese preso, Daniel traz um amigo do Japão para enfrentar Silver. Enquanto isso Miguel foi procurar o pai no México e Johnny seguiu atrás junto com seu filho. ... A ascensão e queda, assim como a superação e a aliança para enfrentar um "mal maior" se mantém, mas a trajetória é diferente, a trama consegue trazer algo novo e quebra o ciclo de repetição que já vinha esgotando a série. Da mesma forma, o momento "rinha de adolescentes" que começava a ficar protocolar, voltou a ganhar naturalidade na trama. ... O foco da narrativa também se volta para os adultos, com o núcleos dos adolescentes se concentrando apenas nos conflitos da Tory. Escolha que acabou diminuindo a importância das mulheres da história, felizmente, quando aparecem, ganham boas tramas. ... Do lado dos novos vilões, temos exemplares ainda mais bregas e caricatos, e mesmo que os capangas mais básicos não passem de arquétipos malvados, eles trazem um nível de ameaça maior e mais real. Algo que, somado à conclusão da temporada, pode representar uma dificuldade para o sexto ano, que já está confirmado. ... Temporada 9/10 Série 8,5/10
Todos os anos somos bombardeados por promessas das novas séries ou temporadas despontando como essenciais, obrigatórias, mas poucas conseguem sustentar esse título depois de finalmente serem lançadas. ... Para os fãs da obra de Tolkien, Anéis do Poder corresponde a toda a expectativa. Produzido pela Amazon Prime, seu anúncio ocorreu antes mesmo de ficarmos presos em nossas casas sem poder sair de casa, e com pequenas fotos ou teasers, todo o preparo valeu a pena. ... Foram exibidos apenas os dois primeiros episódios de um total de oito e já mostra toda a grandiosidade da Terra Média. Uma revisita para os antigos fãs ao mesmo tempo que um convite para novos, pois, ao se passar milhares de anos antes da história mais conhecida, os eventos ou personagem conhecidos são meros acenos para o que virá a acontecer. ... Assim, entramos nesse mundo com um exército de seres poderosos largando seu paraíso para enfrenta um grande mal que surgia além do mar em sequências já épicas de batalha, mesmo que apenas recortes de momentos que servem apenas como introdução. ... Em seguida passamos a conhecer cada povo, espécies e sociedades diferentes que se conectam de alguma forma, por bem ou por mal. Atritos entre os povos, preconceitos, mas também resiliência, curiosidade e empatia. Uma suposta paz que de tão desejada, sinais preocupantes são ignorados, da mesma forma que o trauma da guerra não permite que os soldados sobreviventes encontrem descanso. ... Tecnicamente também é deslumbrante, o cenário mais fantástico dos salões escavados na montanha ou as cidades brilhantes dos elfos são extremamente reais. Além de apresentarem uma interessante preocupação estética em criar unidade com os filmes dirigidos pelo Peter Jackson, algo até mais cuidadoso que a trilogia do Hobbit que veio anos depois. ... Enfim, um início muito promissor, com aprofundamento e diversificação do universo criado pelo Tolkien a tantos anos. Agora vamos ver o que o resto da temporada nos espera. ... 10/10 (nota sujeita a muita subjetividade)
Quando moramos com nossos pais vivemos sob as regras deles, não importa que idade temos, mas o controle é ainda mais rígido se somos apenas adolescentes (não importa se temos poderes ou não). ... Em Ms.Marvel acompanhamos Kalama Khan, uma nerd adolescente que é superfã da Capitã Marvel, ganha poderes e passa a enfrentar vilões enquanto precisa se preocupar em tirar nota na escola e se esconder dos pais super protetores. ... Os poderes, ou o uso consciente deles vai sendo mostrado aos poucos, passando pela descoberta, treino e efetivamente o combate. Mas antes de "ativar" o fã da Marvel que quer ver apenas a troca de socos e raios, esta série é focada para o público mais jovem, então as mais batidas questões sobre relacionamentos e amadurecimento são o principal do enredo. ... Outro elemento importante na construção da personagem, bastante retratado nas HQs e na série, é a relação da Kamala com a cultura muçulmana paquistanesa de sua família. Referências, costumes, roupas, festas e cobranças acabam compondo a base para descobrirmos quem é a personagem. ... E apesar dessa aproximação com o material original, também é onde mais se distância, pois observamos a mudança da origem dos poderes inumanos para algo interdimensional com efeitos cristalizados do Lanterna Verde e ligado às lendas de sua cultura paquistanesa. ... Na parte técnica, a produção tentou trazer alguns elementos que a diferenciasse das outras produções e mais conectado à idade da personagem, e assim ela assumiu uma estética cheia de grafismos que transita entre os quadrinhos, redes sociais e pichações que ganham vida na tela. ... Enfim, é a série funciona bem para o público que se destina, ela tem resoluções fáceis e principalmente infantis em um episódio parece estamos vendo uma versão do Esqueceram de Mim. Além de contar com uma versão do "Peter Parker" sem poderes.
Tekken é o que eu chamo de segunda geração dos jogos de luta, apesar dos limites das duas dimensões já terem sido quebrados em Virtua Fighter, foi Tekken que permaneceu no imaginário dos jogadores. ... A animação seriada Tekken Bloodline nos apresenta Jin Kazama, um garoto de uma linhagem de poderosos lutadores que vai treinar com o avô depois de perder a mãe no ataque de um monstro de pedra. Na sequência do treinamento, a disputa no Torneio para o Rei do Punho de Ferro. ... Misturando personagens de várias versões do jogo com um roteiro percorrendo um tipo de adaptação do terceiro com referência aos dois primeiros, Tekken Bloodline entrega uma trama simples, mas bem feita. Sem deixar espaço para narrativas secundárias, foca em Jin e descobrimos apenas o básico dos lutadores mais próximos, o que deixou espaço para novas temporadas. ... Tecnicamente, no entanto, a animação varia bastante de qualidade, por um lado apresenta dinamismo em lutas bem retratadas com direito a recursos especiais bem empregados não golpes mais fortes como faísca e até sequências em preto e branco com as linhas de ação vindas dos mangás. ... Por outro lado, alguns personagens tem um traço muito mal feito, anatomias retorcidas dependendo da cena, e má definição de volumes, como o rosto do Paul Phoenix que parece um pedaço de tronco com olhos e boca pintados de tão chapado. ... Entre médios e baixos, para mim falou alto a nostalgia e não apenas gostei, como espero por continuações.
A Patrulha do Destino sempre se definiu por dois termos: loucura e tragédia, mas justamente por causa da insanidade que o tom da série nunca foi muito dramático, ou pelo menos o humor sempre encontrava seu espaço até agora. ... A terceira temporada da Patrulha nos leva ao fundo do poço dos personagens que agora precisam lidar com a morte do Chefe, além dos próprios demônios. O "professor" controverso que reuniu pessoas com superpoderes e excluídas da sociedade nunca foi muito confiável, mas sempre demonstrou um estranho carinho por seus protegidos. Mas o que resta depois do fim? ... O ano começa com Jane perdida dentro de sua mente; o Homem-Robô com alguma debilidade mental; a Mulher-Elástica precisa assumir novas responsabilidades; o Homem-Negativo numa jornada espacial; e a jovem Dorothy lidando com o luto da melhor maneira que encontra. ... E assim seguimos nas maluquices de viagens no tempo e no submundo ou a ameaça da Irmandade do Dadá que deseja melhorar o mundo com uma intervenção artística de proporções mundiais. ... Pontualmente temos elementos loucos, mas interessantes, que mergulham nos traumas de cada personagem profundamente. Mas esse desenvolvimento é repetitivo e cansativo, também se mostrou uma temporada menos focada, com uma linha mestra difusa que prejudica na conexão com o público. ... Temporada 6/10 Série 8/10
Existe todo um misticismo em relação a gêmeos, que eles poderiam sentir o que o outro sente, ou mesmo um ser uma cópia indistinguível do outro. ... Em Echoes conhecemos Gina, uma empresária de sucesso que volta para sua antiga casa depois que a irmã gêmea, Leni, desaparece misteriosamente. Mas quem realmente desapareceu? Já que ambas tem um estranho ritual de trocar de identidade uma com a outra ano após ano? ... A série vai além do desaparecimento inicial, pois logo, segredos começam a ser descobertos por todos os lados, enquanto o espectador conhece parte do passado por meio de alucinações e flashbacks. ... A história se desenvolve num bom ritmo de revelações e viradas de roteiro apesar da premissa de gêmeas idênticas impossíveis de serem identificáveis por amigos próximos e familiares já soar absurda. ... Essa impossibilidade quase fantástica dá o tom de mistério e confusão onde ninguém sabe de nada e nem quem é quem. Isso funciona muito bem e mantém o espectador intrigado para continuar assistindo. ... No entanto, o roteiro acaba se valendo de muitas conveniências para determinadas situações acontecerem da forma como aconteceram nos episódios e isso além de tornar previsível, prejudica um pouco aceitarmos as escolhas e consequências tomadas. ... Todos os atores estão muito bem em seus personagens, sendo amáveis ou irritantes na medida que o roteiro exigia, mas claro que foi Michelle Monaghan que dominou a série com suas Leni, Gina e pequenas diferenças de uma sendo a outra. ... Inclusive os efeitos especiais que colocam as duas juntas em cena são perfeitos, ou pelo menos em grande parte da série, pois escorregaram numa sequência do último episódio que coloca a atriz num fundo verde que simplesmente não funciona. ...
Coitado dos Zumbis, eles não tem descanso nunca. Desta vez retornamos para Resident Evil. E não posso dizer que sou mega fã da franquia, joguei pouquíssimos jogos e me divertia com os filmes bizarros da Mila Jovovich, mas a galera vem se esforçando para fazer algo cada vez pior. ... Temos então a série de Resident Evil (que provavelmente não deve passar da primeira temporada), com uma história que tenta mostrar o início do fim e suas consequências alguns anos mais a frente. O futuro, em 2036, não tem nada que não vimos antes e a trama fica numa espécie de gato e rato com uma personagem fugindo da Umbrella. ... O maior problema é 2022, onde vemos como tudo começou, e saber que foi culpa de uma adolescente rebelde que invade os laboratórios mega secretos com a irmã para salvar as cobaias animais é decepcionante. Como se isso não bastasse, existe toda uma trama com adolescentes ora investigando, ora sofrendo bullying que nos provoca a repensar o motivo de estarmos assistindo aquilo. ... Quando chegamos nos dois últimos episódios o roteiro resolve abraçar o melodrama e o que era ruim ficou ainda pior. A única coisa que vale a pena são os 15 segundo de fama de um crocodilo gigante zumbi, mas mesmo ele acaba se tornando decepcionante. ... Em relação ao ritmo, também é desastroso, a série se arrasta por longos oito episódios mais longos do que deveria (com redundância da palavra mesmo) numa história que talvez fosse mais aceitável se fosse algo genérico de zumbis num tom adolescente. Mas escolheram linkar à Resident Evil, daí não tem muito como defender. ... Para quem ainda ficou com vontade de assistir, bem... A série foi cancelada, então, nada de segunda temporada. Mas pra não falar que tudo é ruim, os posters são muito bons.
A série dos irmãos que encontram chaves mágicas na sua nova/velha casa chegou à terceira e última temporada com um final empolgante, embora mais infantilizado. ... A terceira temporada de Lock and Key começa com todos os problemas aparentemente resolvidos, a família parcialmente unida, e Tyler vivendo longe de casa sem memória de todos os eventos mágicos que viveu nos últimos anos. ... No entanto, sobrou uma ponta solta, pois o demônio que possuiu um soldado confederado ainda rondava a região e passa os episódios tentando reunir todas as chaves para abrir um portal para sua realidade e destruir o mundo dos "sacos de carne". ... As histórias, desafios e a imaginação para o uso das chaves ainda funcionam, mas parece que resolveram infantilizar as reações e grande parte dos problemas que aparecem na primeira metade da temporada acontece por burrice e irresponsabilidade dos personagens contrariando inclusive o desenvolvimento apresentado no ano anterior. ... Enfim, temos um encerramento burocrático, o roteiro parece destoar da construção feita até o momento e por mais que eu quisesse continuar a ver as aventuras dessa família, a produção não parecia saber exatamente o que fazer que não fosse repetitivo e decidiu tomar um direcionamento mais bobo. ... Temporada 6,5/10 Série 8/10
Poucas séries podem receber o título de fenômeno e por maiores que sejam as críticas, principalmente à ultima temporada, Game of Thrones certamente impactou a forma como as séries eram feitas. ... Assim, era inevitável que retornássemos para Westeros, e eis que temos House of Dragons onde conhecemos o que aconteceu cento e poucos anos antes da guerra dos tronos com a família mais cabeça quente do continente. ... O primeiro episódio funciona bem como reapresentação do universo, são mencionados os pequenos conflitos enquanto o maior, referente quem vai herdar o trono de ferro, se desenvolve com mais detalhes: uma outra guerra focada nos Targaryen e nos costumes misóginos de todo um mundo patriarcal. ... Premissa boa, mas que pelo primeiro episódio não me empolgou, tem toda a nostalgia provocada pelos dragões, nomes das famílias e os acordes da música tema que vez ou outra aparecem. Mas ainda não foi dessa vez, os próximos episódios prometem um avanço no tempo e um sobrevoo para outras localidades, vamos ver, no fim da temporada eu retorno com um parecer mais completo.
Nas últimas semanas a Netflix conquistou um de seus maiores acertos recentes com o lançamento de Sandman, mas quem achou que precisaria esperar pelo menos mais um ano para mais episódios, fomos surpreendidos por um extra especial. ... O episódio especial do Senhor dos Sonhos reúne duas histórias completas e praticamente independentes da cronologia que foram lançados entre as primeiras vinte edições da série em quadrinhos: Sonho dos Mil Gatos e Calíope. ... Se os episódios iniciais já podíamos perceber uma estrutura narrativa menos convencional, com arcos e episódios quase avulsos onde o protagonista poderia nem mesmo ser o Morfeus, nestas duas histórias extra temos a confirmação. ... Começamos com o Sonho dos Mil Gatos, que trabalha a ideia do poder transformador dos sonhos na realidade, pois bastou apenas mil seres humanos sonharem com um mundo onde eles estavam no topo da cadeia alimentar que isso aconteceu, reescrevendo a existência e deixando os gatos como meros animais de estimação. Agora uma gata, depois de sentir a maldade que existe nos homens e descobrir sobre esse outro mundo, leva a palavra da mudança. ... É uma trama bizarra, mas interessante que força a percepção do que é real ou poderia ser. Como forma de borrar um pouco a noção de realidade, a produção escolheu trazer essa história com uma animação 3D, mas que tenta se aproximar do real. ... Na história seguinte temos Calíope, uma das musas da mitologia grega, filha de Zeus e responsável por inspirar a humanidade a escrever grandes obras, capturada e negociada por dois escritores, um de sucesso e rico, e o outro que teve apenas um sucesso, mas passou a viver no bloqueio criativos. ... O medo de ser esquecido e a arrogância de uma suposta superioridade nos leva a um enredo que analogamente nos apresenta uma espécie de relacionamento abusivo, com violências físicas e verbais, além do paralelo de perda de liberdade com o próprio Sandman que dentro da cronologia também estava preso. ... O episódio é solitário, mas consegue nos capturar muito bem, além de dar um pequeno gostinho do que pode vir no futuro.
A conexão entre pessoas pode surgir de onde menos se espera, inclusive o peculiar gosto em escutar podcasts sobre crimes reais. ... No seriado Only Murders in The Building três pessoas improváveis se unem em prol de um objetivo: descobrir quem foi o assassino do suposto suicídio que ocorreu no condomínio onde moram. Tudo motivado por um podcast que os três escutam. ... É uma comédia dramática sobre pessoas solitárias que vão se revelando aos poucos um para o outro e para o espectador, na medida que novas pistas sobre o caso vão sendo encontradas e novas viradas de roteiro acontecem. ... A série se destaca pela interação entre os três personagens, principalmente os veteranos Steve Martin e Martin Short, que interpretam um ator e um diretor de teatro em ostracismo. A Selena Gomes completa o trio de vizinhos, mas mesmo com um foco maior do roteiro, sua presença além de eclipsada demora um pouco a ganhar naturalidade. ... Com os personagens apresentados, os roteiros ganham mais liberdade e começam a inserir elementos de flashback, alucinações ou mesmo uma discreta quebra da quarta parede. Avisando ao espectador que esta série não pretende se acomodar na mesmisse. ... Para coroar essa liberdade, o sétimo episódio é semi-mudo, nele acompanhamos um dos moradores do prédio que tem surdez, mas é um exímio leitor de lábios. O som, quando aparece, é geralmente da captação ambiente, e ainda assim é sem tratamento e abafado, apenas uma discreta trilha incidental foi inserida em momentos pontuais.
A ideia que a grama do vizinho é sempre mais verde também serve para séries, quando Westworld se resumia ao parque de robôs nos perguntávamos o que estaria ocorrendo no resto do mundo, mas depois que descobrimos desejamos nunca ter conhecido. ... A quarta temporada de Westworld avança um pouco no tempo em relação a anterior depois da destruição da máquina que via e conduzia o futuro de todos. Tal avanço serviu para reposicionar os personagens, ignorar alguns desenvolvimentos e preencher buracos narrativos. ... Assim vemos uma Dolores sem memória criando narrativas trágicas para uma empresa de jogos; Maeve isolada e fugindo; Caleb tentando uma vida comum; Bernard demonstrando conhecer todos os possíveis fins de mundo se aliando com humanos rebeldes; e o homem de preto seguindo sua jornada de pessoa mega rica que explora e mata quem o atrapalha. ... O cenário, por sua vez deu um passo a mais no domínio do mundo humanos pelas máquinas que aprimoraram seu controle sobre o futuro e os corpos; além de vermos a recriação do parque em diferentes níveis. São revisitas e reinterpretações de temas supostamente já resolvidos, mas que se aparecem mais uma vez na intenção de subverter o apresentado anteriormente de forma direta e às vezes metafórica sobre a questão da essência do ser humano e a liberdade sobre as próprias escolhas. ... A estrutura narrativa continua com aquele jogo de percepção que cruza realidades e tempos diferentes sem deixar clara sua ordem, para aos poucos convergir em mais uma trajetória de destruição, conflito de emoções, medos, esperanças e a inevitável extinção. ... Temporada: 8/10 Série: 8/10
Nunca paramos de errar e aprender com os erros (ou pelo menos deveríamos) e histórias adolescentes costumam sempre brincar com esse tema. ... Eu Nunca... Chega na sua terceira temporada com todo o grupinho de excluídos nerds com seus pares, mas inseguranças e questões além do nosso controle provocam a inevitável separação antes da metade dos episódios. ... O tempo do humor ainda funciona, bem como os momentos de drama; e os atores (em sua maioria) convencem como adolescentes em conflito, mas as idas e vindas e os dilemas já estão repetitivos. ... Por mais que o restante do elenco tenha ganhado mais espaço para desenvolvimento, contrapondo o roubo quase patológico de protagonismo que foi apresentado anteriormente, parece que a série não tem muito mais sobre o que falar que já não tenha mostrado antes. ... Até mesmo o elemento étnico da cultura indiana, que sempre traziam uma discussão ou piadas interessantes, vem perdendo a graça. ... Os últimos episódios ganham fôlego ao deixar os problemas de relacionamento um pouco em segundo plano, principalmente os medos em relação às despedidas. Inclusive poderia encerrar bem o seriado, resta saber se a próxima temporada os produtores vão desapegar e dar uma boa conclusão para a série.
O Gabinete de Curiosidades de Guillermo del Toro (1ª Temporada)
3.5 243 Assista AgoraNa semana que precedeu o dia das bruxas deste ano de 2022, a Netflix preparou uma série interessante, a antologia Gabinete de Curiosidades. Criado e apresentado por Guillermo del Toro, foram oito episódios lançados aos poucos, dois por dia.
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Nessa série temos a adaptação de contos de mistério com elementos de horror que reuniu um grande elenco de atores, roteiristas e diretores numa jornada que tematicamente remetia tanto à clássicos da TV como Além da Imaginação ou até os antigos gabinetes que reuniam curiosidades num mundo onde o turismo ainda era restrito para a alta elite e o desconhecido só podia ser alcançado por meio de relatos de viajantes e suas "lembranças".
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Como amarra entre os episódios, além de seu apresentador, temos variações sobre o tema da morte, sendo muitos deles focados naqueles que, de alguma forma, incomodam os que já conquistaram o descanso eterno.
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Assim, caminhamos ao longo da série, Del Toro faz as vias de "Caveira" dos Contos da Cripta, mas sem o sarcasmo, e com foco em ressaltar o responsável pela direção de cada episódio. O elenco é relativamente conhecido e nunca se repete, ainda que mantenha o padrão de qualidade, os diretores e o alto valor de produção complementam uma boa estrutura.
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Mas como todas as antologias, esta também sofre com muitos altos e baixos e a variação de abordagens exige do espectador aceitar que a proposta não é ter uma unidade tonal. Assim, ora mais voltado para o humor, ora para o drama, posso apenas aqueles que mais me agradaram, e são eles que falei brevemente a seguir:
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Começo pelo terceiro episódio, a Autopsia, que mostra o confronto de um legista com um assassino que vem matando pessoas e roubando identidades a dezenas de anos. Foi o mais agonizante do catálogo.
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Apesar de mais referências, foram apenas dois contos do Lovecraft que serviram se base para os episódios: Modelo Pickman, sobre um pintor que enlouquece aos poucos; e Sonhos na Casa da Bruxa, sobre um casal de gêmeos que consegue se comunicar mesmo depois da morte de um deles.
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E escolheram encerrar com chave se ouro, com o último episódio da série inspirado num conto do próprio Del Toro, e nele temos um horror gótico mais dramático que os anteriores e que se passa no início da década de 1950 acompanhando um casal de ornitólogos em pesquisa numa antiga casa isolada em uma ilha. Foi o mais exigente e emocionalmente intenso.
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Por fim, vale dizer que essa série é melhor consumida em partes, assistindo um ou outro episódio por dia.
Star Wars: Histórias dos Jedi (1ª Temporada)
4.2 32É muito bom ver que a Disney finalmente vai explorar outras histórias para além dos Skywalker, Solo e agregados, é um universo muito grande e cheio de possibilidades que somente agora parece ter ganho a permissão de crescer.
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Star Wars: Histórias dos Jedi é uma série animada antológica a qual pretende-se que cada temporada seja focada em desenvolver um personagem ou período da grande franquia que a Disney tem em mãos.
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E nada melhor que começar com uma das Jedi mais populares e que só a pouco tempo ganhou sua versão em carne e osso: Ahsoka Tano desde seu nascimento no planeta Shili ao treinamento e a aceitação de sua maior missão.
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Mas em apenas 6 episódios ela vai muito além, pois conhecemos também o passado de outros Jedi anos desde alguns anos antes da Ameaça Fantasma como conde Dookan, Qui-Gon-Jin, Mace Windu, entre outros.
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Assim, vemos pedaços de um quebra-cabeças que ajudam a entender o universo desde antes das guerras separatistas e a própria decadência da Ordem Jedi capturada pelas leis do Conselho e Senado, nos provocando a ver ainda mais sobre cada um desses pequenos (mas precisos) recortes.
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Infelizmente a técnica é problemática, claro que a animação evoluiu desde o primeiro episódio 3D de Clone Wars em 2009, mas essa antologia teve pressa em finalizar e entregar a série. Os primeiros episódios passaram a sensação de pular etapas na renderização, ou um maior cuidado nas texturas e movimentos que estão muito duros e irreais, felizmente isso melhora no fim da temporada.
A Casa do Dragão (1ª Temporada)
4.1 711 Assista AgoraNa tentativa de se diferenciar da irmã mais velha Game of Thrones, Casa do Dragão surfa no sucesso, mas de forma mais localizada em conflitos palacianos que se dão muito mais ao longo do tempo que na imensidão do território de Westeros.
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Em especial na relação conflituosa da família Targaryen entre a princesa Rhaenyra, que desde a infância tinha o trono como destino; e sua (um dia melhor amiga) rainha Alicent Hightower, que casou e permaneceu ao lado do rei por toda a vida.
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A história começou com um golpe que tirou o trono daquela que seria a primeira rainha Targaryen, Rhaenys, se desenvolveu principalmente nos desentendimento entre as duas protagonistas ao longo de vários anos (até com troca de atrizes) reverberando entre os filhos de cada uma.
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Mas tal embate, que poderia trazer questões como a manipulação que Alicent recebia do pai, ou mesmo as tradições machistas que impediram Rhaenys de assumir o reino e criou uma condição constantemente tensa para a princesa.
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Escolheu ser apenas superficial. Sem assumir posições claras ou um texto que confrontasse a misoginia, ela acabou reforçando o preconceito repetidas vezes, em especial recorrendo a situações que colocavam as duas mulheres como eternas rivais.
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Além disso, a série passa a sensação que os outros personagens apenas orbitam as duas protagonistas, e carecem de desenvolvimento em vários momentos. Como a Mão do Rei que manipula sua filha desde sempre, mas que só vai ficar mais claro nos episódios finais; um soldado fundamentalista que é raso como uma pá; filhos de ambas mulheres que, além de um ou outro momento, em sua grande maioria, nem nos lembramos quem são; entre outros .
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Ainda assim, vale ressaltar a atuação do rei Viserys, visivelmente fraco e aparentemente despreparado para a posição, mas que ganha força e conquista o espectador e súditos ao longo da temporada. Inclusive com a progressão de uma infecção que o apodrece com o passar do tempo e episódios como uma metáfora da degradação do reino.
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Daemon também merece um espaço, irmão do rei que é muito mais proativo na defesa do reino se destacando e até antagonizando o rei por um tempo. Mas que tem espaço para uma jornada própria em busca de poder e reconhecimento (ainda que de forma bastante questionável).
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Enfim, é inegável que os efeitos especiais dos dragões e as locações são sensacionais, e mesmo o trabalho de atuação não tenho o que criticar. Mas ela é mais técnica que narrativa, desta última sobram clichês e repetições vazias e previsíveis, com cada episódio contando praticamente a mesma coisa, apenas variando a escala.
O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder (1ª Temporada)
3.9 785 Assista AgoraNo começo de agosto escrevi uma resenha sobre o início de Anéis do Poder, um mergulho no mundo mágico do Tolkien em 3 episódios iniciais que serviriam como apresentação de todo uma nova realidade.
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Depois dos três primeiros episódios onde uma nova espécie/sociedade era apresentada, a história começou efetivamente sem nenhuma pressa, com o tempo da eterna vida de um elfo. E não, não estou reclamando, pois assim a produção se permitia mostrar certos núcleos, apenas quando necessário, sem inchar os episódios com sequências desnecessárias.
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Assim, temos uma trama que se divide em três núcleos principais e a partir destes temos algumas ramificações. De um lado a jornada de Galandriel em conseguir aliados para enfrentar o mal supostamente destruído; os protohobbits nômades indo de um lugar para o outro e precisando lidar com um barbudo que caiu do céu; Arondir, nas terras do sul, enfrentando o renascer dos orcs; e as interações entre Elrond e Turin, ora no reino dos anões, ora no dos elfos.
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Cada local tratado com cuidado e diferenças que se sobressaíam não apenas na estética, como também na narrativa. Movendo a trama em alguns pontos chave, principalmente nos últimos episódios, e deixando questões como a queda dos arrogantes e xenófobos nurmenorianos ou a organização de Mordor para a próxima temporada
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Os salvamentos de última hora e algumas facilidades são bem recorrentes e podem incomodar um pouco, mas eles se conectam ao tom épico heróico típico desse tipo de narrativa, ainda que num tom menos derrotista que nos textos do Tolkien.
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Enfim, estamos apenas no início da jornada, que promete muito caos com ascensão do mal e também muita desentendimentos entre os povos antes das alianças da guerra. Que venha a segunda temporada.
Mulher-Hulk: Defensora de Heróis
3.1 469 Assista AgoraUma das características mais básicas do Hulk é sua dualidade, o médico e o monstro, a calma e a raiva. Mas num mundo onde aprender a controlar a raiva é cotidiano, os desafios não estão no descontrole.
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Em Mulher-Hulk conhecemos a prima de Bruce Banner, uma ótima advogada que trabalha para a promotoria de Los Angeles, mas depois de um acidente que a transformou numa versão verde de si mesma e passou a assumir defender pessoas superpoderosas.
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É uma divertida comédia que lembra clássicos como Ally McBeal, mas com o tempero super da Marvel. Assim, com bom humor e muita ironia, a série aproveita da metalinguagem para brincar com ela mesma e com as críticas feitas pela internet desde que a personagem foi apresentada, ou mesmo sobre os filmes do MCU.
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Junto a isso, e talvez o ponto onde mais brilhe, é trabalhar o machismo do dia a dia que se manifesta em diferentes formas como a mega advogada precisando provar que é capaz a todo momento, ou quando seus sucessos profissionais são eclipsados por supostos fracassos no campo emocional (fracasso este que pode ser simplesmente não querer nada com ninguém).
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Com ótimo ritmo e grandes atuações, são poucas as vezes que deixa a comédia passar do tom, e nesse ponto é bom ressaltar que é sim uma produção de humor. Com uma estrutura narrativa onde personagens sempre retornam em arcos intercalados de forma a ajudar a não transparecer tanto a estrutura episódica e tornar a "maratona" bem prazerosa.
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O que não tem defesa são os efeitos especiais da protagonista, ela é uma personagem que exige com certa frequência essas trucagens digitais, e vemos um esforço grande para tudo funcionar muito bem, mas o rosto de Jen fica estranho e vez ou outra olha para o nada, ou parece estar descolada da cena real.
O Menino Maluquinho (1ª Temporada)
3.6 9A Turma da Mônica não é o único grupo de crianças das HQs brasileiras.
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Na série do Menino Maluquinho acompanhamos o garoto de panela na cabeça chegando à cidadezinha de interior chamada Benvinda e causando várias confusões com muita imaginação.
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Não é a primeira adaptação do personagem que já recebeu versões em três dimensões e em carne e osso. Desta vez as crianças recebem um traço aproximado ao criado pelo icônico Ziraldo, mas com um dinamismo maior e simplicidade que remete aos "cartoon cartoons" dos anos 90/2000.
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São episódios pequenos, de dez minutos em média, que convida o espectador a se divertir com os planos criativos de uma criança que tem como único objetivo se divertir.
Chucky (1ª Temporada)
3.7 339 Assista AgoraEm 1995 a Pixar nos mostrou o que os brinquedo fazem quando seus donos não estão olhando, mas nem todos ficam traçando planos mirabolantes para manter o amor de seus donos, alguns gostam apenas de assassinar pessoas mesmo.
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Ninguém imaginava que um filme de terror sobre um boneco assassino fosse fazer tanto sucesso e gerar tantas continuações, muito menos que um dia ele ganharia uma série e que todas as histórias já contadas fossem assumidas como reais.
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Depois de noivas, filhos e cultos, chegou a vez de uma série que acompanha Jake, um garoto que depois de perder a mãe sofrer bullying no colégio fica cada vez mais isolado em casa com projetos artísticos macabros de escultura com cabeças de bonecos.
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A trama tem como mote principal expor a todo momento a hipocrisia da sociedade de aparências a partir da alta sociedade de Hanckensack, uma cidadezinha em New Jersey. É "encantador" o sarcasmo do boneco assassino tentando converter adeptos a um modo de vida que resolve qualquer problema com facadas e assassinatos eventuais.
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Em paralelo temos um bom desenvolvimento dos personagens que ganham complexidade aos poucos a partir de temas como família e sexualidade que são trabalhados por diferentes perspectivas e sempre com muita naturalidade.
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Surpreende também a violência, pois quem pensa que a série poderia pegar mais leve por ter crianças como protagonista, esqueça, o sangue rola solto com mortes bastante variadas e gráficas, sem se importar muito com a idade da vítima.
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Para completar, e retomando o que já comentei acima, a produção fez questão de revisitar e convidar vários dos sobreviventes dos filmes anteriores, retornando atores e personagens com traumas específicos e mostrando como o mundo da franquia tem vida própria.
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Por fim, vale ressaltar o bom trabalho de direção que além de ter um bom controle do ritmo de viradas de roteiro; utiliza os efeitos digitais de forma pontual, favorecendo as trucagens práticas e tornando cada movimento e expressão do Chucky real.
Primal (2ª Temporada)
4.4 23 Assista AgoraDemorou três anos, mas a segunda temporada da animação Primal finalmente chegou ao streaming e qualquer criação de Genndy Tartakovsky deve ser sempre lembrada.
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Assim, a história do homem das cavernas e seu companheiro tiranossauro continua imediatamente após os eventos do episódio final do primeiro ano: o sequestro de Mira por uma sociedade além mar.
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Foi uma forma de ampliar imensamente as possibilidades narrativas que até então estava concentrada no relacionamento da dupla. Assim, temos a oportunidade de ver diferentes culturas que fazem referência a algo análogo aos vikings, egípcios, babilônicos, entre outros, inclusive suas mitologias e sob a perspectiva da improvável dupla de amigos.
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E não é por ser uma animação que não seja tenso e sanguinário, a dupla corre risco de morrer a todo o momento, seja por fome, tempestades, outros humanos ou criaturas ainda maiores e mais perigosas.
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Da mesma forma que vemos o desespero quando algum deles é ferido, a tristeza da solidão, a parceria levada quase com aquele sarcasmo de uma amizade sincera, tudo apenas com olhares, gritos e o simples movimento do corpo. É estilizado, bruto, mas é real.
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Temporada 10/10
Série 9/10
Only Murders in the Building (2ª Temporada)
4.0 88Quantos assassinatos podem acontecer num único prédio? Depende da imaginação dos roteiristas.
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Only Murders in The Building foi um sucesso supostamente inesperado, mas com nomes como Steve Martin, John Robert Hoffman e Tina Fey envolvidos... Surfar na onda de podcasts de crimes reais talvez não fosse tão inesperado assim
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Nessa segunda temporada, o trio de amigos improváveis começa com uma questão muito complexa à resolver: quem matou a síndica no prédio com as agulhas de tricô (e no apartamento) de Mabel?
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De fãs de podcast sobre crimes eles viraram investigadores de sucesso e agora se transformam nos principais suspeitos do assassinato. Mas quem disse que essa condição não pode servir para algo? É o que o grupo descobre ao serem chamados para reboots, franquias e galerias de arte.
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A comédia continua com o mesmo tom sarcástico e improvável acompanhando o trio que tenta desvendar o novo crime enquanto descobre segredos do passado do prédio, deles mesmos e tentam evitar a prisão, já que tudo parece apontar para eles.
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A produção conseguiu manter o roteiro instigante, mesmo sem contar com o fator de ineditismo, trouxe coadjuvantes novos ao mesmo tempo que visitava pontualmente os antigos, sempre com um motivo bem definido.
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Foi interessante o papel dos fãs comentando sobre o Podcast do trio, tentando interferir e levantar seus suspeitos, inclusive criticando que a continuação estaria mais fraca ou sem foco, numa abordagem quase metalinguístico.
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No entanto, os bastidores do podcast ficaram em segundo plano, aparecendo de forma um pouco forçada e nem parecia que eles estavam gravando a segunda temporada do programa de áudio.
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Outro ponto de destaque é o episódio mais experimental da temporada, mas nesse caso foi um pouco menos imaginativo. O episódio mudo se repetiu, mas mais contido e dividindo espaço com grafismos de quebra-cabeças e purpurina mesclando elementos da história com subjetivos.
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Enfim, tecnicamente não chamou tanta atenção, mas se saiu bem nos novos mistérios e personagens que agregaram bem o elenco.
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Série 8,5/10
Temporada 8/10
Dead Pixels (1ª Temporada)
3.5 4Para algumas pessoas o mundo virtual é muito mais importante que o real, então porque não ficar apenas nele?
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Dead Pixels mostra três amigos viciados em MMO RPG que sobrevivem no mundo real para viver no universo de Kingdom Scrolls. Da obsessão por quests e disputas digitais em constante conflito com a indesejada realidade saltamos de forma orgânica às narrativas que são cotidianas e se confundem.
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É uma comédia inglesa que ao longo de doze episódios, divididos em duas temporadas vai trazer personagens bastante desagradáveis representando estereótipos de gamers que tem medo da vida social e se escondem em seus avatares com extrema agressividade.
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Apesar disso, a mediada que os conhecemos, passamos a nos afeiçoar e identificar certas manias. Ainda assim, não espere nada muito escrachado ou profundo, é uma mistura de escatologia verbal com vergonha alheia que hipnotiza e nos provoca sempre àquele riso incômodo.
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A segunda temporada explorou a discórdia entre os fãs do jogo com uma expansão que mudou personagens, trouxe novas gerações de jogadores, levou as antigas à procurar versões mais antigas (e sem a interferência de novatos que estão destruindo o que eles sempre gostavam) além de inserir itens que podem ser comprados com dinheiro de verdade, viciando e empobrecendo quem vai na armadilha.
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A produção acertou no dinamismo do roteiro e na forma que mostra ambos os mundos de forma complementar na vida dos personagens, ir do apartamento ou escritório para o cenário inspirado em World of Warcraft é tão natural como acordar ou almoçar.
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7,5/10
O Diabo em Ohio
2.8 90 Assista AgoraNão importa quanto tempo passe, as cicatrizes sempre estarão lá, expostas, para nos lembrarmos, nos desafiando a superar dia após dia.
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Em Diabo em Ohio acompanhamos a psiquiatra que tenta ajudar uma garota que apareceu no hospital que trabalha depois de fugir de uma seita, em paralelo ao mistério em torno da garota, vemos os problemas da família da psiquiatra se aprofundando.
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A construção do mistério é interessante, mas o roteiro não se preocupa nunca com sutileza, de nomes muito conhecidos à pássaros que se jogam na janela ou o uso da trilha sonora, não temos com clareza se o horror pode ou não ser sobrenatural, mas também não se preocupa em esconder de onde bem o perigo.
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Criar todo um cenário escolar também pareceu desnecessário, mesmo que grande parte se desenvolva nesse ambiente, nada que aconteça é diferente do que já vimos inúmeras outras vezes.
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Foi engraçado identificar vários atores vindos das mais diversas séries que passando pelos episódios, muitas vezes apenas por um deles, mas todos com boa atuação. Claro que Emily Deschanel se destaca como a psiquiatra a qual divide espaço principalmente com Madeleine Arthur e Xaria Dotson que são as com mais tempo de tela.
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Enfim, uma trama com potencial, mas que acabou não trazendo nada de novo e nem ousou no roteiro ou formato. Assim, ao escolher pelo morno, deve passar despercebida.
Cobra Kai (5ª Temporada)
3.8 183 Assista AgoraQuando seu maior inimigo ganha hegemonia, a única esperança é encontrar reencontrar amigos e forjar alianças.
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Cobra Kai chegou à quinta temporada com a academia da Cobra no auge, abrindo várias franquias e conquistando mais e mais alunos, o problema é que o novo líder do dojô é um empresário inescrupuloso que não se importa em passar por cima dos outros e quem precisa sacrificar.
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O ano começa com os Miyagui Do fechado, Kreese preso, Daniel traz um amigo do Japão para enfrentar Silver. Enquanto isso Miguel foi procurar o pai no México e Johnny seguiu atrás junto com seu filho.
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A ascensão e queda, assim como a superação e a aliança para enfrentar um "mal maior" se mantém, mas a trajetória é diferente, a trama consegue trazer algo novo e quebra o ciclo de repetição que já vinha esgotando a série. Da mesma forma, o momento "rinha de adolescentes" que começava a ficar protocolar, voltou a ganhar naturalidade na trama.
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O foco da narrativa também se volta para os adultos, com o núcleos dos adolescentes se concentrando apenas nos conflitos da Tory. Escolha que acabou diminuindo a importância das mulheres da história, felizmente, quando aparecem, ganham boas tramas.
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Do lado dos novos vilões, temos exemplares ainda mais bregas e caricatos, e mesmo que os capangas mais básicos não passem de arquétipos malvados, eles trazem um nível de ameaça maior e mais real. Algo que, somado à conclusão da temporada, pode representar uma dificuldade para o sexto ano, que já está confirmado.
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Temporada 9/10
Série 8,5/10
O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder (1ª Temporada)
3.9 785 Assista AgoraTodos os anos somos bombardeados por promessas das novas séries ou temporadas despontando como essenciais, obrigatórias, mas poucas conseguem sustentar esse título depois de finalmente serem lançadas.
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Para os fãs da obra de Tolkien, Anéis do Poder corresponde a toda a expectativa. Produzido pela Amazon Prime, seu anúncio ocorreu antes mesmo de ficarmos presos em nossas casas sem poder sair de casa, e com pequenas fotos ou teasers, todo o preparo valeu a pena.
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Foram exibidos apenas os dois primeiros episódios de um total de oito e já mostra toda a grandiosidade da Terra Média. Uma revisita para os antigos fãs ao mesmo tempo que um convite para novos, pois, ao se passar milhares de anos antes da história mais conhecida, os eventos ou personagem conhecidos são meros acenos para o que virá a acontecer.
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Assim, entramos nesse mundo com um exército de seres poderosos largando seu paraíso para enfrenta um grande mal que surgia além do mar em sequências já épicas de batalha, mesmo que apenas recortes de momentos que servem apenas como introdução.
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Em seguida passamos a conhecer cada povo, espécies e sociedades diferentes que se conectam de alguma forma, por bem ou por mal. Atritos entre os povos, preconceitos, mas também resiliência, curiosidade e empatia. Uma suposta paz que de tão desejada, sinais preocupantes são ignorados, da mesma forma que o trauma da guerra não permite que os soldados sobreviventes encontrem descanso.
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Tecnicamente também é deslumbrante, o cenário mais fantástico dos salões escavados na montanha ou as cidades brilhantes dos elfos são extremamente reais. Além de apresentarem uma interessante preocupação estética em criar unidade com os filmes dirigidos pelo Peter Jackson, algo até mais cuidadoso que a trilogia do Hobbit que veio anos depois.
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Enfim, um início muito promissor, com aprofundamento e diversificação do universo criado pelo Tolkien a tantos anos. Agora vamos ver o que o resto da temporada nos espera.
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10/10 (nota sujeita a muita subjetividade)
Ms. Marvel
3.2 230 Assista AgoraQuando moramos com nossos pais vivemos sob as regras deles, não importa que idade temos, mas o controle é ainda mais rígido se somos apenas adolescentes (não importa se temos poderes ou não).
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Em Ms.Marvel acompanhamos Kalama Khan, uma nerd adolescente que é superfã da Capitã Marvel, ganha poderes e passa a enfrentar vilões enquanto precisa se preocupar em tirar nota na escola e se esconder dos pais super protetores.
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Os poderes, ou o uso consciente deles vai sendo mostrado aos poucos, passando pela descoberta, treino e efetivamente o combate. Mas antes de "ativar" o fã da Marvel que quer ver apenas a troca de socos e raios, esta série é focada para o público mais jovem, então as mais batidas questões sobre relacionamentos e amadurecimento são o principal do enredo.
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Outro elemento importante na construção da personagem, bastante retratado nas HQs e na série, é a relação da Kamala com a cultura muçulmana paquistanesa de sua família. Referências, costumes, roupas, festas e cobranças acabam compondo a base para descobrirmos quem é a personagem.
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E apesar dessa aproximação com o material original, também é onde mais se distância, pois observamos a mudança da origem dos poderes inumanos para algo interdimensional com efeitos cristalizados do Lanterna Verde e ligado às lendas de sua cultura paquistanesa.
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Na parte técnica, a produção tentou trazer alguns elementos que a diferenciasse das outras produções e mais conectado à idade da personagem, e assim ela assumiu uma estética cheia de grafismos que transita entre os quadrinhos, redes sociais e pichações que ganham vida na tela.
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Enfim, é a série funciona bem para o público que se destina, ela tem resoluções fáceis e principalmente infantis em um episódio parece estamos vendo uma versão do Esqueceram de Mim. Além de contar com uma versão do "Peter Parker" sem poderes.
Tekken: Bloodline (1ª Temporada)
3.2 24 Assista AgoraTekken é o que eu chamo de segunda geração dos jogos de luta, apesar dos limites das duas dimensões já terem sido quebrados em Virtua Fighter, foi Tekken que permaneceu no imaginário dos jogadores.
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A animação seriada Tekken Bloodline nos apresenta Jin Kazama, um garoto de uma linhagem de poderosos lutadores que vai treinar com o avô depois de perder a mãe no ataque de um monstro de pedra. Na sequência do treinamento, a disputa no Torneio para o Rei do Punho de Ferro.
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Misturando personagens de várias versões do jogo com um roteiro percorrendo um tipo de adaptação do terceiro com referência aos dois primeiros, Tekken Bloodline entrega uma trama simples, mas bem feita. Sem deixar espaço para narrativas secundárias, foca em Jin e descobrimos apenas o básico dos lutadores mais próximos, o que deixou espaço para novas temporadas.
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Tecnicamente, no entanto, a animação varia bastante de qualidade, por um lado apresenta dinamismo em lutas bem retratadas com direito a recursos especiais bem empregados não golpes mais fortes como faísca e até sequências em preto e branco com as linhas de ação vindas dos mangás.
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Por outro lado, alguns personagens tem um traço muito mal feito, anatomias retorcidas dependendo da cena, e má definição de volumes, como o rosto do Paul Phoenix que parece um pedaço de tronco com olhos e boca pintados de tão chapado.
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Entre médios e baixos, para mim falou alto a nostalgia e não apenas gostei, como espero por continuações.
Patrulha do Destino (3ª Temporada)
3.7 35 Assista AgoraA Patrulha do Destino sempre se definiu por dois termos: loucura e tragédia, mas justamente por causa da insanidade que o tom da série nunca foi muito dramático, ou pelo menos o humor sempre encontrava seu espaço até agora.
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A terceira temporada da Patrulha nos leva ao fundo do poço dos personagens que agora precisam lidar com a morte do Chefe, além dos próprios demônios. O "professor" controverso que reuniu pessoas com superpoderes e excluídas da sociedade nunca foi muito confiável, mas sempre demonstrou um estranho carinho por seus protegidos. Mas o que resta depois do fim?
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O ano começa com Jane perdida dentro de sua mente; o Homem-Robô com alguma debilidade mental; a Mulher-Elástica precisa assumir novas responsabilidades; o Homem-Negativo numa jornada espacial; e a jovem Dorothy lidando com o luto da melhor maneira que encontra.
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E assim seguimos nas maluquices de viagens no tempo e no submundo ou a ameaça da Irmandade do Dadá que deseja melhorar o mundo com uma intervenção artística de proporções mundiais.
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Pontualmente temos elementos loucos, mas interessantes, que mergulham nos traumas de cada personagem profundamente. Mas esse desenvolvimento é repetitivo e cansativo, também se mostrou uma temporada menos focada, com uma linha mestra difusa que prejudica na conexão com o público.
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Temporada 6/10
Série 8/10
Echoes
3.1 79 Assista AgoraExiste todo um misticismo em relação a gêmeos, que eles poderiam sentir o que o outro sente, ou mesmo um ser uma cópia indistinguível do outro.
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Em Echoes conhecemos Gina, uma empresária de sucesso que volta para sua antiga casa depois que a irmã gêmea, Leni, desaparece misteriosamente. Mas quem realmente desapareceu? Já que ambas tem um estranho ritual de trocar de identidade uma com a outra ano após ano?
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A série vai além do desaparecimento inicial, pois logo, segredos começam a ser descobertos por todos os lados, enquanto o espectador conhece parte do passado por meio de alucinações e flashbacks.
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A história se desenvolve num bom ritmo de revelações e viradas de roteiro apesar da premissa de gêmeas idênticas impossíveis de serem identificáveis por amigos próximos e familiares já soar absurda.
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Essa impossibilidade quase fantástica dá o tom de mistério e confusão onde ninguém sabe de nada e nem quem é quem. Isso funciona muito bem e mantém o espectador intrigado para continuar assistindo.
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No entanto, o roteiro acaba se valendo de muitas conveniências para determinadas situações acontecerem da forma como aconteceram nos episódios e isso além de tornar previsível, prejudica um pouco aceitarmos as escolhas e consequências tomadas.
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Todos os atores estão muito bem em seus personagens, sendo amáveis ou irritantes na medida que o roteiro exigia, mas claro que foi Michelle Monaghan que dominou a série com suas Leni, Gina e pequenas diferenças de uma sendo a outra.
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Inclusive os efeitos especiais que colocam as duas juntas em cena são perfeitos, ou pelo menos em grande parte da série, pois escorregaram numa sequência do último episódio que coloca a atriz num fundo verde que simplesmente não funciona.
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Resident Evil: A Série (1ª Temporada)
2.0 217 Assista AgoraCoitado dos Zumbis, eles não tem descanso nunca. Desta vez retornamos para Resident Evil. E não posso dizer que sou mega fã da franquia, joguei pouquíssimos jogos e me divertia com os filmes bizarros da Mila Jovovich, mas a galera vem se esforçando para fazer algo cada vez pior.
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Temos então a série de Resident Evil (que provavelmente não deve passar da primeira temporada), com uma história que tenta mostrar o início do fim e suas consequências alguns anos mais a frente. O futuro, em 2036, não tem nada que não vimos antes e a trama fica numa espécie de gato e rato com uma personagem fugindo da Umbrella.
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O maior problema é 2022, onde vemos como tudo começou, e saber que foi culpa de uma adolescente rebelde que invade os laboratórios mega secretos com a irmã para salvar as cobaias animais é decepcionante. Como se isso não bastasse, existe toda uma trama com adolescentes ora investigando, ora sofrendo bullying que nos provoca a repensar o motivo de estarmos assistindo aquilo.
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Quando chegamos nos dois últimos episódios o roteiro resolve abraçar o melodrama e o que era ruim ficou ainda pior. A única coisa que vale a pena são os 15 segundo de fama de um crocodilo gigante zumbi, mas mesmo ele acaba se tornando decepcionante.
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Em relação ao ritmo, também é desastroso, a série se arrasta por longos oito episódios mais longos do que deveria (com redundância da palavra mesmo) numa história que talvez fosse mais aceitável se fosse algo genérico de zumbis num tom adolescente. Mas escolheram linkar à Resident Evil, daí não tem muito como defender.
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Para quem ainda ficou com vontade de assistir, bem... A série foi cancelada, então, nada de segunda temporada. Mas pra não falar que tudo é ruim, os posters são muito bons.
Locke & Key (3ª Temporada)
3.3 32 Assista AgoraA série dos irmãos que encontram chaves mágicas na sua nova/velha casa chegou à terceira e última temporada com um final empolgante, embora mais infantilizado.
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A terceira temporada de Lock and Key começa com todos os problemas aparentemente resolvidos, a família parcialmente unida, e Tyler vivendo longe de casa sem memória de todos os eventos mágicos que viveu nos últimos anos.
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No entanto, sobrou uma ponta solta, pois o demônio que possuiu um soldado confederado ainda rondava a região e passa os episódios tentando reunir todas as chaves para abrir um portal para sua realidade e destruir o mundo dos "sacos de carne".
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As histórias, desafios e a imaginação para o uso das chaves ainda funcionam, mas parece que resolveram infantilizar as reações e grande parte dos problemas que aparecem na primeira metade da temporada acontece por burrice e irresponsabilidade dos personagens contrariando inclusive o desenvolvimento apresentado no ano anterior.
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Enfim, temos um encerramento burocrático, o roteiro parece destoar da construção feita até o momento e por mais que eu quisesse continuar a ver as aventuras dessa família, a produção não parecia saber exatamente o que fazer que não fosse repetitivo e decidiu tomar um direcionamento mais bobo.
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Temporada 6,5/10
Série 8/10
A Casa do Dragão (1ª Temporada)
4.1 711 Assista AgoraPoucas séries podem receber o título de fenômeno e por maiores que sejam as críticas, principalmente à ultima temporada, Game of Thrones certamente impactou a forma como as séries eram feitas.
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Assim, era inevitável que retornássemos para Westeros, e eis que temos House of Dragons onde conhecemos o que aconteceu cento e poucos anos antes da guerra dos tronos com a família mais cabeça quente do continente.
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O primeiro episódio funciona bem como reapresentação do universo, são mencionados os pequenos conflitos enquanto o maior, referente quem vai herdar o trono de ferro, se desenvolve com mais detalhes: uma outra guerra focada nos Targaryen e nos costumes misóginos de todo um mundo patriarcal.
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Premissa boa, mas que pelo primeiro episódio não me empolgou, tem toda a nostalgia provocada pelos dragões, nomes das famílias e os acordes da música tema que vez ou outra aparecem. Mas ainda não foi dessa vez, os próximos episódios prometem um avanço no tempo e um sobrevoo para outras localidades, vamos ver, no fim da temporada eu retorno com um parecer mais completo.
Sandman (1ª Temporada)
4.1 590 Assista AgoraNas últimas semanas a Netflix conquistou um de seus maiores acertos recentes com o lançamento de Sandman, mas quem achou que precisaria esperar pelo menos mais um ano para mais episódios, fomos surpreendidos por um extra especial.
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O episódio especial do Senhor dos Sonhos reúne duas histórias completas e praticamente independentes da cronologia que foram lançados entre as primeiras vinte edições da série em quadrinhos: Sonho dos Mil Gatos e Calíope.
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Se os episódios iniciais já podíamos perceber uma estrutura narrativa menos convencional, com arcos e episódios quase avulsos onde o protagonista poderia nem mesmo ser o Morfeus, nestas duas histórias extra temos a confirmação.
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Começamos com o Sonho dos Mil Gatos, que trabalha a ideia do poder transformador dos sonhos na realidade, pois bastou apenas mil seres humanos sonharem com um mundo onde eles estavam no topo da cadeia alimentar que isso aconteceu, reescrevendo a existência e deixando os gatos como meros animais de estimação. Agora uma gata, depois de sentir a maldade que existe nos homens e descobrir sobre esse outro mundo, leva a palavra da mudança.
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É uma trama bizarra, mas interessante que força a percepção do que é real ou poderia ser. Como forma de borrar um pouco a noção de realidade, a produção escolheu trazer essa história com uma animação 3D, mas que tenta se aproximar do real.
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Na história seguinte temos Calíope, uma das musas da mitologia grega, filha de Zeus e responsável por inspirar a humanidade a escrever grandes obras, capturada e negociada por dois escritores, um de sucesso e rico, e o outro que teve apenas um sucesso, mas passou a viver no bloqueio criativos.
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O medo de ser esquecido e a arrogância de uma suposta superioridade nos leva a um enredo que analogamente nos apresenta uma espécie de relacionamento abusivo, com violências físicas e verbais, além do paralelo de perda de liberdade com o próprio Sandman que dentro da cronologia também estava preso.
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O episódio é solitário, mas consegue nos capturar muito bem, além de dar um pequeno gostinho do que pode vir no futuro.
Only Murders in the Building (1ª Temporada)
4.1 216A conexão entre pessoas pode surgir de onde menos se espera, inclusive o peculiar gosto em escutar podcasts sobre crimes reais.
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No seriado Only Murders in The Building três pessoas improváveis se unem em prol de um objetivo: descobrir quem foi o assassino do suposto suicídio que ocorreu no condomínio onde moram. Tudo motivado por um podcast que os três escutam.
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É uma comédia dramática sobre pessoas solitárias que vão se revelando aos poucos um para o outro e para o espectador, na medida que novas pistas sobre o caso vão sendo encontradas e novas viradas de roteiro acontecem.
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A série se destaca pela interação entre os três personagens, principalmente os veteranos Steve Martin e Martin Short, que interpretam um ator e um diretor de teatro em ostracismo. A Selena Gomes completa o trio de vizinhos, mas mesmo com um foco maior do roteiro, sua presença além de eclipsada demora um pouco a ganhar naturalidade.
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Com os personagens apresentados, os roteiros ganham mais liberdade e começam a inserir elementos de flashback, alucinações ou mesmo uma discreta quebra da quarta parede. Avisando ao espectador que esta série não pretende se acomodar na mesmisse.
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Para coroar essa liberdade, o sétimo episódio é semi-mudo, nele acompanhamos um dos moradores do prédio que tem surdez, mas é um exímio leitor de lábios. O som, quando aparece, é geralmente da captação ambiente, e ainda assim é sem tratamento e abafado, apenas uma discreta trilha incidental foi inserida em momentos pontuais.
Westworld (4ª Temporada)
3.6 122A ideia que a grama do vizinho é sempre mais verde também serve para séries, quando Westworld se resumia ao parque de robôs nos perguntávamos o que estaria ocorrendo no resto do mundo, mas depois que descobrimos desejamos nunca ter conhecido.
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A quarta temporada de Westworld avança um pouco no tempo em relação a anterior depois da destruição da máquina que via e conduzia o futuro de todos. Tal avanço serviu para reposicionar os personagens, ignorar alguns desenvolvimentos e preencher buracos narrativos.
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Assim vemos uma Dolores sem memória criando narrativas trágicas para uma empresa de jogos; Maeve isolada e fugindo; Caleb tentando uma vida comum; Bernard demonstrando conhecer todos os possíveis fins de mundo se aliando com humanos rebeldes; e o homem de preto seguindo sua jornada de pessoa mega rica que explora e mata quem o atrapalha.
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O cenário, por sua vez deu um passo a mais no domínio do mundo humanos pelas máquinas que aprimoraram seu controle sobre o futuro e os corpos; além de vermos a recriação do parque em diferentes níveis. São revisitas e reinterpretações de temas supostamente já resolvidos, mas que se aparecem mais uma vez na intenção de subverter o apresentado anteriormente de forma direta e às vezes metafórica sobre a questão da essência do ser humano e a liberdade sobre as próprias escolhas.
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A estrutura narrativa continua com aquele jogo de percepção que cruza realidades e tempos diferentes sem deixar clara sua ordem, para aos poucos convergir em mais uma trajetória de destruição, conflito de emoções, medos, esperanças e a inevitável extinção.
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Temporada: 8/10
Série: 8/10
Eu Nunca... (3ª Temporada)
4.1 100 Assista AgoraNunca paramos de errar e aprender com os erros (ou pelo menos deveríamos) e histórias adolescentes costumam sempre brincar com esse tema.
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Eu Nunca... Chega na sua terceira temporada com todo o grupinho de excluídos nerds com seus pares, mas inseguranças e questões além do nosso controle provocam a inevitável separação antes da metade dos episódios.
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O tempo do humor ainda funciona, bem como os momentos de drama; e os atores (em sua maioria) convencem como adolescentes em conflito, mas as idas e vindas e os dilemas já estão repetitivos.
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Por mais que o restante do elenco tenha ganhado mais espaço para desenvolvimento, contrapondo o roubo quase patológico de protagonismo que foi apresentado anteriormente, parece que a série não tem muito mais sobre o que falar que já não tenha mostrado antes.
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Até mesmo o elemento étnico da cultura indiana, que sempre traziam uma discussão ou piadas interessantes, vem perdendo a graça.
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Os últimos episódios ganham fôlego ao deixar os problemas de relacionamento um pouco em segundo plano, principalmente os medos em relação às despedidas. Inclusive poderia encerrar bem o seriado, resta saber se a próxima temporada os produtores vão desapegar e dar uma boa conclusão para a série.