Superpoderes na Inglaterra vitoriana em uma série da HBO. ... Em The Nevers acompanhamos um grupo de mulheres que despertaram superpoderes na Inglaterra do fim do século XIX. É uma trama superheróica de aventura no melhor estilo X-Men vitoriano com o ódio e a inveja como maiores motivadores do antagonismo. ... Por causa da época temos uma ambientação muito bem construída da Londres suja da virada do século e temas como misoginia, racismo, xenofobia e os mais diversos tipos de preconceito, mas tudo funcionando mais como pano de fundo do que combustível para dramas. ... Há também um mistério que ronda a origem do despertar dos poderes, mas ele é deixado muito mais para os personagens, pois logo no fim do primeiro episódio é revelado o estranho peixe mecânico que voou sobre Londres. Porém, depois de um tipo de nebulização na cidade ele foi imediatamente esquecido pelas pessoas e retomado apenas no último capítulo da temporada, deixando uma isca para ser desenvolvida mais para frente. ... O tom de aventura e a forma como o roteiro coloca as mulheres em papel de protagonismo total, somada ao cenário de superpoderes, tem assinatura clara de Joss Whedon. Pois se na década de 1990, o roteirista já havia conquistado o público com Buffy a Caça Vampiros, aqui ele retorna para algo similar ao revisitar vários elementos que costumava usar. ... Há uma certa pretensão de ser mais "adulta" por causa de algumas mortes e cenas de nudez desnecessárias. Porém ela é divertida e leve, mesmo os episódios com média de 60 minutos, eles não são cansativos e a série pode ser facilmente maratonada sem demonstrar cansaço.
Quem se negaria a brincar com os brinquedos mais desejados do universo? A Disney resolveu tornar isso uma proposta oficial para vários estúdios de animação japonesa que quisesse brincar com o cenário de Guerra nas Estrelas. ... Star Wars Visions é uma série antológica com nove curtas animados produzidos por diferentes criadores que exploram o cenário a partir de diferentes estilos de animação. ... Tudo foi elaborado com grande cuidado, pois mesmo curtos, os episódios possuem tramas e personagens envolventes mesmo partindo dos mais variados gênero narrativo. No entanto, poucos procuraram apresentar algo para além da mitologia mística da Força. ... É interessante que essa série mostra como o cenário que originalmente se inspirou na cultura japonesa dos samurais e dos filmes de Akira Kurosawa, resistiu ao tempo, inspirou novos mundos e agora pode ser oficialmente reimaginado. ... Assim, eu destaco o musical Tatooine Rhapsody que foge do básico Jedi Vs Sith para mostrar uma banda de rock perseguida pelo Jabba; The Ninth Jedi que poderia muito bem ser o piloto de uma série; The Duel, a versão mais Kurosawa de todas.
A vida itinerante é fascinante pelo ar de aventura, enfrentar o desconhecido sem saber onde dormir no dia seguinte. E qual o trabalho mais imprevisível do que um circo ou parque de diversões? ... Em Luna Park acompanhamos Nora, uma garota que vive num parque de diversões instalado em Roma que começa a descobrir segredos sobre seu passado depois de ler as cartas para uma jovem rica que entra em sua tenda. ... A série, ambientada no início da década de 1960, se desenvolve a partir de diversos pontos de conflito além da trama inicial, como as diferenças sociais dos trabalhadores do parque e a família de Nora; a geração que sobreviveu à guerra e outra que nem imagina o que é viver com medo do amanhã; o comunismo sendo tratado como ameaça que precisa ser espionado; o crime protegendo os ricos e famosos. ... Elementos que enriquecem os episódios com tramas paralelas à principal que também não foca no mistério, mas na descoberta e assimilação dos personagens ao se deparar com uma realidade muito mais complexa que poderiam imaginar. ... É interessante como a premissa, digna de uma novela mexicana, se entrelaça com a do mundo dos grandes astros do cinema e TV; gangsters; espiões; repórteres idealistas; ou um romance quase inocente. ... E apesar dos temas que poderiam recair para algo extremamente melodramático, o tom geral é leve com espaço para cenas mais cômicas em momentos pontuais. ... Com um ritmo narrativo embalado por uma trilha sonora diversificada que transita entre clássicos românticos italianos à músicas contemporâneas estadunidenses. ... Outro elemento de destaque é a ambientação e figurino, que ressuscita não apenas a época retratada, como o próprio Cine Città em seus momentos áureos ... O final que deixa um gancho enormemente desnecessário, mas com a boa recepção podemos esperar uma segunda temporada em breve.
O destino só é traçado depois que ele acontece, mas na ficção o passado é maleável assim como a própria realidade que se distorce de acordo com nossa imaginação. ... A série animada What If é um divertido exercício de possibilidades alternativas, pois depois de uma cronologia consolidada nós cinemas, nada mais interessante que brincar com acontecimentos alternativos. ... Inspirado num título recorrente dos quadrinhos do universo Marvel, What If apresenta nove episódios em que tudo que conhecíamos acontece de forma diferente, com outros personagens e identidades. ... A estética da animação utiliza rotoscopia e lembra uma mistura de desenhos Disney nas feições com a série do Superman feita pela Fleischer da década de 1940. Eu não gosto muito dessa técnica por perder um pouco da definição de traço e ao tentar se aproximar de algo mais real, apenas se distância. ... Como qualquer antologia, alguns episódios vão agradar mais que outros e assim destaco o primeiro com a Capitã Carter Britânica; o drama do Stephen Strange e os dois últimos que formam um arco de encerramento.
Quando The Handmaid's Tale estreou fomos apresentados a um cenário que podemos chamar de pós-apocaliptico: uma sociedade estamental, machista,fundamentalista cristã e super controladora na qual não imaginávamos que poderíamos chegar. ... Passados quatro anos infelizmente parece que a sociedade avançou nessa direção ao invés de se afastar. De todo modo, na ficção, June depois de libertar várias colegas e alguns de seus filhos, decide ficar em Gilead para continuar lutando por liberdade e em busca de sua filha Hannah. ... É mais uma temporada pesada que vai tratar de violência contra as mulheres, mas em especial os traumas decorrentes dessa violência. A culpa pela sobrevivência, a tentativa de encontrar justificativas pelos abusos sofridos, refugiados que não conseguem se adaptar a liberdade, crianças que não conheceram outro mundo. ... Existem migalhas de esperança, mas que sempre deixam o espectador apreensivo pelo que pode acontecer, a série nós acostumou a sempre que esperar pelo pior. ... Tive receio que a série pudesse entrar num vórtice de repetição, mas esse ano eles trouxeram inovação na forma como tratam os temas e até nas locações bastante variadas. Tudo sem atropelo, com a produção deixando a história progredir num bom ritmo. ... Temos então mais um impacto, quando em determinado momento June faz um depoimento sobre seu sofrimento em Gilead olhando diretamente para a câmera. Nesse momento ela não falava mais apenas sobre a série, mas sobre abusos e violências que ocorrem diariamente e nem ficamos sabendo.
Eventos mundiais sempre influenciam na forma como contamos histórias, e a Pandemia do Covid ainda trouxe uma experiência compartilhada: o isolamento (ou pelo menos era para isso ter acontecido). ... Histórias da Quarentena é mais uma dessas produções fruto do atual cenário mundial e que vez ou outra aparece nos catálogos de streaming. Neste caso, uma produção da Indonésia que reúne cinco curtas metragens de diferentes diretores e abordagens. ... E entre comédias e dramas, temos uma antologia com médios e baixos, mas que proporcionam uma chance interessante de ter contato com outras culturas ao mesmo tempo que descobrimos que as diferenças não são tão grandes como podemos imaginar. ... Assim, gostei da primeira história, sobre um ladrão assombrado pelo irmão que obedece os protocolos de segurança ao se livrar de um corpo; e o cozinheiro solitário. Mas no geral essa seleção de "curtas pandêmicos" foi a mais fraca.
Essa temporada de séries da Warner, salvo exceções como Superman e Lois, todas foram mais fracas. Com Legends of Tomorrow ocorreu o mesmo, mas eu diria que não foi assim tão dramático. ... Lendas continua bizarro como sempre foi (isso é muito bom), ainda que a temporada não tenha sido tão ruim assim. Tudo começa com uma versão Se Beber não Case, com direito a David Bowie e a abdução da Sara Lance... É desse sequestro que temos a trama da vez: Aliens. ... A temporada se estrutura em dois grandes arcos com questões alienígenas amarrando uma a outra. Os primeiros sete episódios sempre se dividem em duas narrativas paralelas: as Lendas caçando Aliens pelo tempo; e Sara sobrevivendo a um mundo alienígena cor de rosa e mortal. ... Na segunda metade da temporada novas questões aparecem dos quais eu destaco uma estranha maternidade que aparece com um dos membros da tripulação e um tema mais pesado como vício e abstinência. ... O problema desse ano foi terem excedido no bobo, em quase tudo e ter um dos finais mais inacreditavelmente brega que as Lendas poderiam criar. Ainda assim, consegue produzir tramas interessantes que apresentam várias histórias paralelas que desenvolvem personagens diferentes do grupo a cada episódio dando a todos seu momento de protagonismo. ... Mais fraco que as temporada passadas, mas ainda divertida.
O fim da guerra não necessariamente significa tempos melhores, pois o pós guerra para os países que sofreram com os conflitos ainda é marcado por muito sofrimento. .. Em Sombras da Guerra conhecemos uma delegacia improvisada na Berlim de 1946 que tenta se restabelecer como instituição de combate ao crime auxiliados por um detetive nova-iorquino enviado para treinar e ajudar a resolver os casos resumidos a assassinatos e estupros. .. Além de toda a destruição e o surgimento de grupos que tentam estabelecer uma espécie de domínio, a cidade ainda sofre com uma fragmentação imposta pelos exércitos de ocupação dos Aliados que fazem a própria lei. .. A série começa com um vídeo propaganda da época que foi divulgado no pós guerra e mostrava a felicidade e esperança no rosto dos alemães. Em seguida faz um contraste com a realidade da qual encontramos a cidade em escombros e o povo que tenta se reencontrar e sobreviver à ocupação "libertadora". .. O roteiro mostra como pano de fundo as desigualdades entre os alemães que sobrevivem em meio as ruínas e os excessos dos exércitos invasores que mantém as melhores casas e fartura em comida, além de tratar os abusos (verbais e sexuais) às mulheres como algo banal. .. Até vemos uma tentativa de tornar a discussão mais complexa, no entanto, as tramas principais são muito maniqueístas, com vilões e heróis muito bem definidos, deixando apenas para os últimos episódios alguns poucos tons de cinza. .. Fica a sensação de preguiça na elaboração de algo mais consistentes, como um senhor do crime auxiliado por uma milícia formada de mulheres que ele "ajudou"; um psicopata parecido com o Justiceiro da Marvel; colaboradores de nazistas; e os russos (um clichê desnecessário) . Tecnicamente é uma produção muito boa que tem bons atores e história, com destaque para a direção de arte e fotografia que nos transporta para a Berlim completamente destruída. Infelizmente, algumas facilidades de roteiro enfraquecem a série.
O criador de Samurai Jack e The Clone Wars, duas das melhores animações seriadas dos anos 2000 que passava no Cartoon Network, retornou recentemente para mais uma produção ambiciosa: Primal. ... São 10 episódios que acompanhamos o cotidiano de sobrevivência de um homem das cavernas e seu parceiro animal numa liberdade poética que permite a convivência entre grandes lagartos e grandes mamíferos de vários períodos. ... E não pense que por ser um desenho é algo infantil, pois desde o início a violência e crueldade são bastante gráficas e apesar das ótimas sequências de ação, o protagonista também precisa lidar com problemas mais densos como luto, vingança e depressão. ... O roteiro de Genndy Tartakovsky hipnotiza, mesmo se valendo de técnicas mais tradicionais de animação 2D e nenhum diálogo, ouvimos apenas urros e gritos ao longo de quase 100% da temporada. ... Infelizmente tivemos uma falha incomoda em relação à continuidade por conta da organização dos episódios feita pela HBO que, apesar da pouca cronologia, ela existe e justamente a única alteração de ordem ocorreu no único episódio duplo qu se encontra no meio da série. Mudança que prejudicou o impacto emocional construído originalmente.
De vez em quando nos esquecemos quanto o sol pode ser perigoso, mas claro que Noite Adentro eleva isso a proporções inalcançáveis. ... E depois de uma temporada inteira fugindo do grande Astro com um avião de passageiros, o grupo de sobreviventes encontra um bunker militar onde recebem abrigo. ... A segunda temporada começa poucas semanas depois de se abrigarem e apesar de um início amigável, os atritos com os militares da OTAN crescem rapidamente. ... Este ano perdeu um pouco o senso de urgência que mantinha a tensão na temporada passada, o problema mortal do sol continua existindo, mas ele está sendo administrável. ... O que substitui inicialmente é a falta de comida que parte de um acidente, mas serve apenas como um pretexto não muito convincente para separar o grupo de protagonistas de forma que o antagonismo fica por conta dos próprios sobreviventes. Que por sua vez mais uma vez vemos como sociedades que se deixam dominar pelos militares estão fadadas a autodestruição. ... O roteiro também poderia ter desenvolvido mais a questão central do cenário sobre o sol, mas além do perigo que ele já representa, tivemos muito pouca informação nova sobre o fenômeno. ... E apesar de um ritmo inicial mais lento, a história consegue ganhar força com o passar dos episódios e termina com aquele gancho de deixar qualquer um desesperado para a nova temporada.
Em tempos de pandemia, onde a única viagem possível é ligar a Tv, as séries conquistaram o público e que forma melhor de espairecer do que um mega astro e conhecendo outros lugares? ... Long Way Up é uma série de jornada, mais do que turismo, nós acompanhamos uma dupla cruzando a América Latina com motos elétricas, a peculiaridade é que uma dessas pessoas é o astro Ewan McGregor em seu terceiro projeto de viagem com Charley Booman. ... Ao longo de 11 episódios vibramos com os perigos, dificuldades e vitórias numa iniciativa que, apesar de reunir uma equipe considerável, assumiu a responsabilidade de Cruzar 15.000 Km das Américas com motos elétricas. ... É interessante que está é a terceira grande viajem da dupla que são amigos de longa data e sempre que encontram brechas em suas agendas preparam essas grandes jornadas de moto. ... O ritmo da montagem é contagiante e assim engatamos nos episódios um atrás do outro de forma a conhecer melhor os dois amigos e a América Latina de ponta a ponta.
Costumamos associar a atual moda de zumbis com a série em quadrinhos/tv The Walking Dead, mas antes da obra do Robert Kirkman, em 1996 um estúdio de jogos digitais tinha trazido de volta o terror para os mortos andantes. ... Nesses 25 anos de franquia muita coisa aconteceu, mas o básico que precisamos saber é que nessa história, os zumbis são fruto de pesquisa sobre armas biológicas. ... A história desta animação, Infinite Darkness, lançada em 2021, traz de volta dois personagens sobreviventes do segundo jogo e se insere cronologicamente entre o quarto e o quinto da série principal. Mas não é essencial para entender e curtir a história. ... No filme acompanhamos Leon e Claire em narrativas separadas, mas com alguns pontos de conexão ao longo dos quatro episódios. Os dois se envolvem na conspiração de um general do governo dos EUA que incita uma guerra contra a China ao mesmo tempo que testa armas biológicas com tecnologia do T-Virus. ... Ainda preciso me acostumar com a animação CG de cutscene, mas as imagens estão bem fluidas, e passam quase despercebidas quando não temos pessoas como primeiro plano. .... A conspiração do governo não é nenhuma novidade e foi até criado um país asiático genérico para não se comprometerem, mas vemos algo de Afeganistão no Penamistão (a história se passa inclusive em 2006). E apesar do comum, temos boas cenas de ação com tiroteios contra zumbis e criaturas modificadas.
Apesar de todos os filmes e séries baseados em hqs, sempre um personagem vai me deixar sem reação, e não poderia ser outro que não o Superman. ... Depois de várias versões nas telas grandes e pequenas, Clark e Lois ganham mais uma série, com Superman and Lois. Com a diferença que agora eles tem que cuidar de dois filhos adolescentes além de salvar o mundo. ... A série conseguiu um feito muito agradável de trabalhar diferentes tramas para diferentes personagens de forma equilibrada tanto em tempo de tela, como em importância. ... De um lado temos o Superman e suas tramas multiversais/alienígenas; de outro Lois Lane investigando um empresário com interesses misteriosos em diversas partes dos EUA, explorando e destruindo cidades (eu veria uma série só dela sem problemas); enquanto que os gêmeos tem seus problemas adolescentes com conflitos familiares e a descoberta de poderes. ... Gostei muito do equilíbrio entre drama e ação com ótimo desenvolvimento de personagens (e não apenas no núcleo principal), easter eggs e participações especiais. Me incomoda algumas decisões e simplesmente ignorar a existência da Supergirl ou mesmo que eles estão num mundo que existe outros heróis (mesmo que eles não apareçam, alguns momentos parece que tudo se passa em algo independente). ... Mas além do roteiro, vale destacar a fotografia que, por meio da manipulação doa tons, tenta emular a estética dos filmes estrelado por Henry Cavill, de forma a trazer um ar mais cinematográfico do que as outras séries do arrowverso. ... Os efeitos especiais também seguem a mesma linha, são econômicos, mas muito eficientes quando necessários. E por mais que eu tenha gostado de todos os núcleos é o da Lois Lane que mais me empolga para a continuidade da série que já teve a segunda temporada confirmada.
Entre altos e baixos, gostando ou não, The Walking Dead é um dos maiores sucesso midiáticos dos últimos tempos e com o fim da série principal depois de 11 anos, chegou o momento de expandir com novas séries. ... World Beyond é a versão teen do horror com ação de mortos que caminham com um grupo de adolescentes sobreviventes que vivem numa colônia em Omaha. E assim como a série principal, os zumbis são figurantes perigosos, mas o foco está nas relações humanas ou a dificuldade de estabelecer essas relações. ... Omaha é uma espécie de fortaleza estabelecida num bairro universitário que reúne quase 10 mil pessoas numa sociedade bastante controlada e segura, ainda que os traumas do passado se mantenham vivos em todos. ... Na série acompanhamos quatro adolescentes, que são seguidos por dois jovens adultos, que são seguidos pelo exército da República (um grupo que já apareceu em Walking Dead e Fear The Walking Dead, mas nunca de uma forma confiável). ... Não é ruim, os atores e a produção são bons, mas a forma como todos sobrevivem destoa do que já foi estabelecido anteriormente e parece que estamos acompanhando um jogo, mas sem ter controle das ações dos personagens, e assim assisti é bastante monótono e pouco crível (o máximo que algo com zumbis pode ser).
O que esperar depois que uma guerra acaba? Certamente não a paz, mas um vácuo de poder do qual os sobreviventes tentam preencher. ... Raio Negro é uma série que desde o primeiro episódio mostrou que não seria apenas mais uma em meio a tantas no catálogo de supers da CW. Logo nas primeiras cenas já vemos o racismo e abuso policial como tema central, cenas infelizmente do nosso cotidiano, mas incomuns nesse tipo de história. ... As temporadas foram passando e passamos a acompanhar o desenvolvimento da família Pierce, e como o racismo atinge de formas diferentes pessoas em diferentes meios sociais. Ainda que afete todos, simplesmente por causa da cor da pele. ... Nesta quarta e última temporada encontramos um herói mentalmente quebrado pela morte do amigo a ponto de desistir de sua vida super heróica e não aceitar seu papel na sociedade. Com a jornada de Jefferson Pierce reencontrando sua importância como super-herói e diretor de uma escola pública. ... Em paralelo a polícia racista e metafóbica enfrenta a luta das gangues, e um Tobias Whale como grande filantropo que incentiva políticas de registo de metas na cidade se Freeland. ... A estrutura de arcos foi mantida e isso é um dos melhores trunfos da série, que permite fechar arcos dramáticos com mais tempo que um episódio, sem precisar gastar uma temporada toda para isso (as outras produções deveriam seguir o exemplo). ... Porém, não sei o que aconteceu, a série continua com os temas relevantes e interessantes que a destacou, mas algo não funciona, as atuações estão fora de tom e de tempo, alguns efeitos estão mais bregas que o de costume e mesmo o ritmo esta prejudicando. Principalmente nos primeiros episódios, depois encontra um rumo, mas o início é bem fraco. ... Temporada 6.5/10 Série 7.5/10
O mundo já tem vários horrores que nenhuma ficção pode alcançar, com isso em mente temos a série antológica da Amazon Prime, Them, nos apresenta um desses horrores: o racismo. ... Acompanhamos uma família que, na década de 1950, se muda para uma nova casa nos subúrbios de Los Angeles. Porém, eles são negros e as "pessoas de bem" da vizinhança vão fazer de tudo para expulsá-los. ... Presenciamos a violência cotidiana que ocorre no corpo, na mente e na alma de cada pessoa da família. Traumas inacabáveis do qual não são permitidos o luto ou a reflexão, apenas cicatrizes sendo constantemente abertas e tornadas mais profundas. ... E até os elementos sobrenaturais que acompanham a trama se confundem aos traumas sofridos e vividos pelos personagens até levá-los à loucura. ... Em paralelo sabemos um pouco mais sobre a Betty, a vizinha que encabeça todos os ataques contra a família Emory, e embora nada do que faça seja justificável, ela também tem sua dose de sofrimento com as pressões sociais e o machismo que não a permite ter controle sobre a própria vida. ... Para além dessa temática e episódios muito pesados e impactantes, temos também um excelente cuidado técnico. Todas as ambientações de época (não apenas a década de 1950) são reais e nos levam à imersão, enquanto a estética de edição mistura elementos de várias épocas como os letreiros de titulo em contraste com as cores saturadas e a variada trilha de reinterpretações modernas. ... Talvez a quebra de ritmo entre os episódios 7 e 8 poderia ter acontecido de forma mais clara, mas não chega a comprometer o desenvolvimento. ... Não é fácil assistir todos episódios pela crueza e crueldade de alguns eventos, mas também não é fácil conviver com eles e muitas pessoas ainda sofrem com isso.
Quem imaginaria o império que se formaria depois da destruição daquele Império que existia numa galáxia muito e muito distante? ... Depois de mais de quarenta anos desde o primeiro Guerra nas Estrelas só podemos concluir uma coisa: o universo expandido foi, e continua sendo, vários parsecs à frente de qualquer um dos nove filmes da franquia. ... No cenário desta série em questão encontramos Bad Batch, a mais nova animação de Star Wars que acompanha um grupo de Clone Troopers "defeituosos", o Batalhão 99, que passam a ser caçados depois de não acatarem a Ordem 66. ... Como herdeira direta de Clone Wars, a temporada começa em paralelo com o final do sétimo ano da animação da Asoka e do terceiro filme da trilogia prequel. E o faz muito bem, inicia retomando a estética da produção anterior num primeiro episódio longa metragem, para em seguida assumir uma identidade própria. ... Temos uma série de ação, com muitos elementos políticos sendo trabalhados ao longo dos episódios, em especial os conflitos com os planetas que pensaram ter conquistado a liberdade com o fim da guerra. ... Sem contar as várias participações especiais como o Rex; os Kaminoanos; o Almirante Tarkin liderando o fim do projeto dos clones para diminuir os gastos do Império; um jovem Saw Guerreira, assim como a Hera Syndulla adolescente em Ryloth. ... Mesmo a inclusão da garotinha Ômega, uma aprendiz em Kamino que se junta ao grupo e faz o papel da ligação com o público infantil, não é à toa, pois tem uma função narrativa e um arco pessoal sem torná-la boba.
O crime não escolhe época para agir, e se ele existe, pode ter certeza que aqueles que mais lucram não são os que sujam as mãos. ... A Peste é uma série espanhola do canal Moviestar, transmitida aqui no Brasil pela HBO que apresentou uma mistura de investigação criminal com intrigas políticas na Sevilha do século XVI. ... E se na primeira temporada tínhamos como pano de fundo a peste negra, este segundo ano a doença é mais metafórica, o crime organizado conhecido na cidade por Garduna. ... É bastante interessante a forma como o roteiro adapta situações que estamos acostumados a acompanhar em histórias contemporâneas para o século XVI sem soar anacrônico, apenas talvez conclusões acima da média para época. ... O texto é também desenvolve questões relacionadas a uma das maiores fontes de lucro do crime, a exploração sexual de mulheres com a prostituição, além dos conchavos políticos que determinam a sobrevivência do próprio grupo criminoso na cidade. ... Por maiores as tentativas de evitar a exploração e até a criação de políticas públicas voltadas para cortar o financiamento do crime, a resistência a essas ações parte dos mais ricos da cidade que são os que mais lucram com a miséria. ... É uma série fácil de maratonas, tanto pelos poucos episódios, como pelo ótimo ritmo apresentado que rapidamente faz o espectador esquecer do tempo. ... A produção também é muito boa, atores e locações são extremamente convincentes, a ponto de sentirmos o cheiro da sujeira nas ruas da cidade e passarmos raiva ou nos pegar torcendo por determinado personagem. ... Em comparação, a primeira temporada foi mais interessante, ainda assim está segunda também vale muito a pena.
Quanto poder existe no passado? Quais os limites da ancestralidade? ... Em The Third Day descobrimos isso da pior forma em duas narrativas que se encontram na estranha ilha de Osea. ... Com apenas seis episódios, a minissérie é narrativamente dividida em duas partes na qual em ambas acompanhamos pais em crise. Na primeira metade temos Sam, um pai em luto que viaja até uma floresta para sofrer em paz, mas ao salvar uma garota de cometer suicídio descobre uma ilha da qual o único acesso por terra é uma estreita estrada que aparece na maré baixa. ... Meses depois, Cas, mãe de duas garotas chega na ilha à passeio e insiste em ficar mesmo tudo lhe dizendo o contrário. ... O roteiro se desenvolve num horror psicológico que ganha peso com a ambientação sufocante de uma sociedade isolada que tem seus costumes peculiares e pessoas estranhas ... Em ambas as partes tanto o protagonista como o espectador ficam em constante estado de perplexidade e atenção, pois cada novo passo parece levar os personagens à morte ou loucura. ... A paisagem da pequena ilha inglesa que nunca tem sol é bastante bonita, mas o destaque vai para as atuações que conta com um elenco de peso como Jude Law, Katherine Waterson, Emily Watson, ou mesmo as duas filhas da protagonista.
O que fazemos se nossa protagonista não quer voltar para uma nova temporada? Cancelamos a série? Trocamos atriz e fingimos que nada aconteceu? ... Em Batwoman não aconteceu nem uma coisa e nem outra, talvez um meio termo entre os dois com a troca da pessoa por trás da máscara. E não é que deu certo? ... Para uma série que era muito, muito ruim... talvez o desafio não seja tão grande, mas de uma forma ou de outra funcionou e temos uma segunda temporada melhor. ... Mas claro que não precisa esperar nada tão bom assim, pois a trama sempre se perde no tom excessivamente dramático com tentativas falhas de alivio cômico. ... O objetivo principal deste ano é a busca pela desaparecida Kate que ocorre em pelo menos duas frentes: o grupo da Batwoman atual com os Corvos nas suas costas de um lado e de outro a irmã maluca Alice numa jornada pessoal que, de vez em quando, encontra com o primeiro. ... Correndo por fora temos o Máscara Negra ganhando o domínio do submundo de Gotham e uma trama secreta que é retomada na segunda metade do ano. ... Mas o que mais surpreende é a forma como os lampejos de boas ideias ficam perdidos em meio a tanto NADA, até as pontuais críticas em relação a racismo, homofobia e violência e corrupção policial perdem o timing. ... Não resolveria, mas uns 8 episódios a menos ajudaria bastante no ritmo e na relevância da série. ... Temporada 5/10 Série 4/10
Em 2020 o mundo parou também para oa super-heróis e todas séries da Warner foram encerradas precocemente com o fim chegando apenas no início de 2021. ... Por isso a sétima temporada de Flash começou acelerada, com o Barry encerrando todas as tramas do ano passado nos primeiros três episódios para só então começar novas histórias. ... Mas, foi o ano mais fraco, começamos com arco de conclusão sobre a Mestre dos Espelhos que apresenta bons momentos, mas passa por algumas repetições narrativas que prejudicam a história. ... O arco seguinte sobre as forças elementais universais apresenta ideias legais e com grande potencial, mas em grande parte tudo é tosco, brega e desajeitadamente confuso. ... E quando chegamos no que seria a segunda metade da temporada com um novo arco (talvez) as histórias são desconexas e sem carisma. Temos novos personagens que são bobos e fracos se somando a despedida de alguns mais antigos deixando uma sensação bem clara que a série passa por um desgaste bem grande. ... Ainda assim existe alguns bons momentos que encontramos em tramas menores e paralelas como a prisão da Nevasca ou a investigação do Joe sobre a nova tenente da polícia. ... Sétima temporada 5.5/10 Série 7/10
A série sul coreana de zumbis da Netflix ganhou um episódio/longa metragem especial antes da esperada terceira temporada. ... A história de Kingdom Ashin of the North se passa na região da fronteira norte do território que hoje conhecemos por Coréia do Norte no início do período Joseon. ... Ele acompanha Ashin desde a sua infância, antes de fazer sua aparição no final da segunda temporada já adulta. Aqui ela se torna vitima do conflito entre as tribos de fronteira e acaba iniciando uma perigosa vingança. ... Embora curto (cerca de 1h30) o roteiro reserva bastante tempo para contextualização histórica, e mesmo assim ele continua com um pano de fundo confuso para quem não conhece a história do país. ... Apesar disso, em nenhum momento se torna cansativo e se volta muito mais para um drama de guerra que o terror de mortos vivos.
No mundo de Eternia bem distante daqui, na busca pela paz um guardião vai surgir (desafio a todos comentar de onde saiu esta frase). ... A Netflix realmente brinca com nossa nostalgia e nos trouxe uma nova versão/continuação dos Mestres do Universo que tanto referencia a série clássica da década de 1980, quanto encontra ecos no traço do reboot dos anos 2000. ... A série começa com um episódio que retoma o clima original e encerra de forma trágica e direcionando a temporada, que se passa alguns anos após estes eventos, com os heróis cruzando mundos em busca de restaurar a magia. ... Então, depois da morte de alguns dos principais personagens passamos a acompanhar uma Teela ressentida por todas as mentiras que lhe contaram desde a infância, mas também alguém que passou a traçar o próprio destino. ... Não apenas Teela, como também sua companheira Andra e a Maligna ganham destaque na história; e de outro lado temos um subplot messiânico tecnológico com o Triclope e o Mandíbula que eu quero ver até onde vai. ... Encontramos várias referências visuais, não apenas da primeira animação e da série animada dos anos 2000, mas aos brinquedos da Matell do início da década de 1980, com os veículos praticamente descolados do cenário. Minha unica crítica fica por conta da transformação meio Sailor Moon, do Príncipe Adam.
Quando somos crianças pensamos que os adultos tem certeza sobre tudo, mas ao "virarmos" adultos, descobrimos que nunca teremos certeza de nada e precisamos sempre arriscar por aquilo que queremos. ... Geração 30 e Poucos conta a história de Daniel e Matilda, dois colegas de escola que se reencontram quando adultos e se apaixonam. ... Se resumir bastante chegamos a isso, mas claro que nada poderia ser tão simples e ao longo de oito episódios embarcamos numa divertida comédia romântica ambientada em Napoli e a Ilha de Procida (menos de 4Km de Napoli). ... Só a historia dos encontros e desencontros dos dois adultos já seria divertida, mas a trama se divide em dois tempos: o presente que alterna entre Daniel e Matilda o protagonismo (com repetições de cena em pontos de vista diferentes) e 1998, quando conhecemos a infância dos dois protagonistas. ... O equilíbrio entre as épocas é feito sempre de forma a um conversar com o outro, seja na estética ou nas descobertas e acontecimentos, estratégia narrativa que facilita o espectador se identificar com os personagens. ... Mas a temática principal é explorar os relacionamentos em nossa geração onde podemos encontrar alguém apenas com o mexer de um dedo, que possui maiores liberdades, mas também sofre com desilusões e conflitos com as escolhas que já tomaram e vivem com o medo de assumir novos riscos. ... Enquanto que de outro lado temos os adolescentes inflamando a nostalgia do espectador, ao lidar com questões inocentes e engraçadas, mas sempre em diálogo com os desafios que vemos no presente. ... Vale ressaltar também a belíssima fotografia de Napoli e imediações além da especial ambientação noventista com a internet discada, as fitas de VHS, os disquetes e toda uma relação diferente com o tempo e a informação.
The Nevers (1ª Temporada)
3.7 32Superpoderes na Inglaterra vitoriana em uma série da HBO.
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Em The Nevers acompanhamos um grupo de mulheres que despertaram superpoderes na Inglaterra do fim do século XIX. É uma trama superheróica de aventura no melhor estilo X-Men vitoriano com o ódio e a inveja como maiores motivadores do antagonismo.
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Por causa da época temos uma ambientação muito bem construída da Londres suja da virada do século e temas como misoginia, racismo, xenofobia e os mais diversos tipos de preconceito, mas tudo funcionando mais como pano de fundo do que combustível para dramas.
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Há também um mistério que ronda a origem do despertar dos poderes, mas ele é deixado muito mais para os personagens, pois logo no fim do primeiro episódio é revelado o estranho peixe mecânico que voou sobre Londres. Porém, depois de um tipo de nebulização na cidade ele foi imediatamente esquecido pelas pessoas e retomado apenas no último capítulo da temporada, deixando uma isca para ser desenvolvida mais para frente.
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O tom de aventura e a forma como o roteiro coloca as mulheres em papel de protagonismo total, somada ao cenário de superpoderes, tem assinatura clara de Joss Whedon. Pois se na década de 1990, o roteirista já havia conquistado o público com Buffy a Caça Vampiros, aqui ele retorna para algo similar ao revisitar vários elementos que costumava usar.
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Há uma certa pretensão de ser mais "adulta" por causa de algumas mortes e cenas de nudez desnecessárias. Porém ela é divertida e leve, mesmo os episódios com média de 60 minutos, eles não são cansativos e a série pode ser facilmente maratonada sem demonstrar cansaço.
Star Wars: Visions (1ª Temporada)
3.7 58Quem se negaria a brincar com os brinquedos mais desejados do universo? A Disney resolveu tornar isso uma proposta oficial para vários estúdios de animação japonesa que quisesse brincar com o cenário de Guerra nas Estrelas.
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Star Wars Visions é uma série antológica com nove curtas animados produzidos por diferentes criadores que exploram o cenário a partir de diferentes estilos de animação.
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Tudo foi elaborado com grande cuidado, pois mesmo curtos, os episódios possuem tramas e personagens envolventes mesmo partindo dos mais variados gênero narrativo. No entanto, poucos procuraram apresentar algo para além da mitologia mística da Força.
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É interessante que essa série mostra como o cenário que originalmente se inspirou na cultura japonesa dos samurais e dos filmes de Akira Kurosawa, resistiu ao tempo, inspirou novos mundos e agora pode ser oficialmente reimaginado.
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Assim, eu destaco o musical Tatooine Rhapsody que foge do básico Jedi Vs Sith para mostrar uma banda de rock perseguida pelo Jabba; The Ninth Jedi que poderia muito bem ser o piloto de uma série; The Duel, a versão mais Kurosawa de todas.
Luna Park (1ª Temporada)
3.3 8 Assista AgoraA vida itinerante é fascinante pelo ar de aventura, enfrentar o desconhecido sem saber onde dormir no dia seguinte. E qual o trabalho mais imprevisível do que um circo ou parque de diversões?
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Em Luna Park acompanhamos Nora, uma garota que vive num parque de diversões instalado em Roma que começa a descobrir segredos sobre seu passado depois de ler as cartas para uma jovem rica que entra em sua tenda.
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A série, ambientada no início da década de 1960, se desenvolve a partir de diversos pontos de conflito além da trama inicial, como as diferenças sociais dos trabalhadores do parque e a família de Nora; a geração que sobreviveu à guerra e outra que nem imagina o que é viver com medo do amanhã; o comunismo sendo tratado como ameaça que precisa ser espionado; o crime protegendo os ricos e famosos.
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Elementos que enriquecem os episódios com tramas paralelas à principal que também não foca no mistério, mas na descoberta e assimilação dos personagens ao se deparar com uma realidade muito mais complexa que poderiam imaginar.
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É interessante como a premissa, digna de uma novela mexicana, se entrelaça com a do mundo dos grandes astros do cinema e TV; gangsters; espiões; repórteres idealistas; ou um romance quase inocente.
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E apesar dos temas que poderiam recair para algo extremamente melodramático, o tom geral é leve com espaço para cenas mais cômicas em momentos pontuais.
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Com um ritmo narrativo embalado por uma trilha sonora diversificada que transita entre clássicos românticos italianos à músicas contemporâneas estadunidenses.
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Outro elemento de destaque é a ambientação e figurino, que ressuscita não apenas a época retratada, como o próprio Cine Città em seus momentos áureos
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O final que deixa um gancho enormemente desnecessário, mas com a boa recepção podemos esperar uma segunda temporada em breve.
What If...? (1ª Temporada)
3.8 279 Assista AgoraO destino só é traçado depois que ele acontece, mas na ficção o passado é maleável assim como a própria realidade que se distorce de acordo com nossa imaginação.
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A série animada What If é um divertido exercício de possibilidades alternativas, pois depois de uma cronologia consolidada nós cinemas, nada mais interessante que brincar com acontecimentos alternativos.
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Inspirado num título recorrente dos quadrinhos do universo Marvel, What If apresenta nove episódios em que tudo que conhecíamos acontece de forma diferente, com outros personagens e identidades.
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A estética da animação utiliza rotoscopia e lembra uma mistura de desenhos Disney nas feições com a série do Superman feita pela Fleischer da década de 1940. Eu não gosto muito dessa técnica por perder um pouco da definição de traço e ao tentar se aproximar de algo mais real, apenas se distância.
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Como qualquer antologia, alguns episódios vão agradar mais que outros e assim destaco o primeiro com a Capitã Carter Britânica; o drama do Stephen Strange e os dois últimos que formam um arco de encerramento.
O Conto da Aia (4ª Temporada)
4.3 428 Assista AgoraQuando The Handmaid's Tale estreou fomos apresentados a um cenário que podemos chamar de pós-apocaliptico: uma sociedade estamental, machista,fundamentalista cristã e super controladora na qual não imaginávamos que poderíamos chegar.
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Passados quatro anos infelizmente parece que a sociedade avançou nessa direção ao invés de se afastar. De todo modo, na ficção, June depois de libertar várias colegas e alguns de seus filhos, decide ficar em Gilead para continuar lutando por liberdade e em busca de sua filha Hannah.
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É mais uma temporada pesada que vai tratar de violência contra as mulheres, mas em especial os traumas decorrentes dessa violência. A culpa pela sobrevivência, a tentativa de encontrar justificativas pelos abusos sofridos, refugiados que não conseguem se adaptar a liberdade, crianças que não conheceram outro mundo.
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Existem migalhas de esperança, mas que sempre deixam o espectador apreensivo pelo que pode acontecer, a série nós acostumou a sempre que esperar pelo pior.
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Tive receio que a série pudesse entrar num vórtice de repetição, mas esse ano eles trouxeram inovação na forma como tratam os temas e até nas locações bastante variadas. Tudo sem atropelo, com a produção deixando a história progredir num bom ritmo.
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Temos então mais um impacto, quando em determinado momento June faz um depoimento sobre seu sofrimento em Gilead olhando diretamente para a câmera. Nesse momento ela não falava mais apenas sobre a série, mas sobre abusos e violências que ocorrem diariamente e nem ficamos sabendo.
Histórias da Quarentena
2.5 1 Assista AgoraEventos mundiais sempre influenciam na forma como contamos histórias, e a Pandemia do Covid ainda trouxe uma experiência compartilhada: o isolamento (ou pelo menos era para isso ter acontecido).
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Histórias da Quarentena é mais uma dessas produções fruto do atual cenário mundial e que vez ou outra aparece nos catálogos de streaming. Neste caso, uma produção da Indonésia que reúne cinco curtas metragens de diferentes diretores e abordagens.
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E entre comédias e dramas, temos uma antologia com médios e baixos, mas que proporcionam uma chance interessante de ter contato com outras culturas ao mesmo tempo que descobrimos que as diferenças não são tão grandes como podemos imaginar.
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Assim, gostei da primeira história, sobre um ladrão assombrado pelo irmão que obedece os protocolos de segurança ao se livrar de um corpo; e o cozinheiro solitário. Mas no geral essa seleção de "curtas pandêmicos" foi a mais fraca.
Lendas do Amanhã (6ª Temporada)
3.4 17 Assista AgoraEssa temporada de séries da Warner, salvo exceções como Superman e Lois, todas foram mais fracas. Com Legends of Tomorrow ocorreu o mesmo, mas eu diria que não foi assim tão dramático.
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Lendas continua bizarro como sempre foi (isso é muito bom), ainda que a temporada não tenha sido tão ruim assim. Tudo começa com uma versão Se Beber não Case, com direito a David Bowie e a abdução da Sara Lance... É desse sequestro que temos a trama da vez: Aliens.
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A temporada se estrutura em dois grandes arcos com questões alienígenas amarrando uma a outra. Os primeiros sete episódios sempre se dividem em duas narrativas paralelas: as Lendas caçando Aliens pelo tempo; e Sara sobrevivendo a um mundo alienígena cor de rosa e mortal.
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Na segunda metade da temporada novas questões aparecem dos quais eu destaco uma estranha maternidade que aparece com um dos membros da tripulação e um tema mais pesado como vício e abstinência.
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O problema desse ano foi terem excedido no bobo, em quase tudo e ter um dos finais mais inacreditavelmente brega que as Lendas poderiam criar. Ainda assim, consegue produzir tramas interessantes que apresentam várias histórias paralelas que desenvolvem personagens diferentes do grupo a cada episódio dando a todos seu momento de protagonismo.
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Mais fraco que as temporada passadas, mas ainda divertida.
Sombras da Guerra (1ª Temporada)
3.7 16 Assista AgoraO fim da guerra não necessariamente significa tempos melhores, pois o pós guerra para os países que sofreram com os conflitos ainda é marcado por muito sofrimento.
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Em Sombras da Guerra conhecemos uma delegacia improvisada na Berlim de 1946 que tenta se restabelecer como instituição de combate ao crime auxiliados por um detetive nova-iorquino enviado para treinar e ajudar a resolver os casos resumidos a assassinatos e estupros.
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Além de toda a destruição e o surgimento de grupos que tentam estabelecer uma espécie de domínio, a cidade ainda sofre com uma fragmentação imposta pelos exércitos de ocupação dos Aliados que fazem a própria lei.
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A série começa com um vídeo propaganda da época que foi divulgado no pós guerra e mostrava a felicidade e esperança no rosto dos alemães. Em seguida faz um contraste com a realidade da qual encontramos a cidade em escombros e o povo que tenta se reencontrar e sobreviver à ocupação "libertadora".
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O roteiro mostra como pano de fundo as desigualdades entre os alemães que sobrevivem em meio as ruínas e os excessos dos exércitos invasores que mantém as melhores casas e fartura em comida, além de tratar os abusos (verbais e sexuais) às mulheres como algo banal.
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Até vemos uma tentativa de tornar a discussão mais complexa, no entanto, as tramas principais são muito maniqueístas, com vilões e heróis muito bem definidos, deixando apenas para os últimos episódios alguns poucos tons de cinza.
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Fica a sensação de preguiça na elaboração de algo mais consistentes, como um senhor do crime auxiliado por uma milícia formada de mulheres que ele "ajudou"; um psicopata parecido com o Justiceiro da Marvel; colaboradores de nazistas; e os russos (um clichê desnecessário)
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Tecnicamente é uma produção muito boa que tem bons atores e história, com destaque para a direção de arte e fotografia que nos transporta para a Berlim completamente destruída. Infelizmente, algumas facilidades de roteiro enfraquecem a série.
Primal (1ª Temporada)
4.5 51O criador de Samurai Jack e The Clone Wars, duas das melhores animações seriadas dos anos 2000 que passava no Cartoon Network, retornou recentemente para mais uma produção ambiciosa: Primal.
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São 10 episódios que acompanhamos o cotidiano de sobrevivência de um homem das cavernas e seu parceiro animal numa liberdade poética que permite a convivência entre grandes lagartos e grandes mamíferos de vários períodos.
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E não pense que por ser um desenho é algo infantil, pois desde o início a violência e crueldade são bastante gráficas e apesar das ótimas sequências de ação, o protagonista também precisa lidar com problemas mais densos como luto, vingança e depressão.
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O roteiro de Genndy Tartakovsky hipnotiza, mesmo se valendo de técnicas mais tradicionais de animação 2D e nenhum diálogo, ouvimos apenas urros e gritos ao longo de quase 100% da temporada.
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Infelizmente tivemos uma falha incomoda em relação à continuidade por conta da organização dos episódios feita pela HBO que, apesar da pouca cronologia, ela existe e justamente a única alteração de ordem ocorreu no único episódio duplo qu se encontra no meio da série. Mudança que prejudicou o impacto emocional construído originalmente.
Noite Adentro (2ª Temporada)
3.2 66 Assista AgoraDe vez em quando nos esquecemos quanto o sol pode ser perigoso, mas claro que Noite Adentro eleva isso a proporções inalcançáveis.
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E depois de uma temporada inteira fugindo do grande Astro com um avião de passageiros, o grupo de sobreviventes encontra um bunker militar onde recebem abrigo.
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A segunda temporada começa poucas semanas depois de se abrigarem e apesar de um início amigável, os atritos com os militares da OTAN crescem rapidamente.
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Este ano perdeu um pouco o senso de urgência que mantinha a tensão na temporada passada, o problema mortal do sol continua existindo, mas ele está sendo administrável.
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O que substitui inicialmente é a falta de comida que parte de um acidente, mas serve apenas como um pretexto não muito convincente para separar o grupo de protagonistas de forma que o antagonismo fica por conta dos próprios sobreviventes. Que por sua vez mais uma vez vemos como sociedades que se deixam dominar pelos militares estão fadadas a autodestruição.
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O roteiro também poderia ter desenvolvido mais a questão central do cenário sobre o sol, mas além do perigo que ele já representa, tivemos muito pouca informação nova sobre o fenômeno.
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E apesar de um ritmo inicial mais lento, a história consegue ganhar força com o passar dos episódios e termina com aquele gancho de deixar qualquer um desesperado para a nova temporada.
Long Way Up
4.0 2 Assista AgoraEm tempos de pandemia, onde a única viagem possível é ligar a Tv, as séries conquistaram o público e que forma melhor de espairecer do que um mega astro e conhecendo outros lugares?
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Long Way Up é uma série de jornada, mais do que turismo, nós acompanhamos uma dupla cruzando a América Latina com motos elétricas, a peculiaridade é que uma dessas pessoas é o astro Ewan McGregor em seu terceiro projeto de viagem com Charley Booman.
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Ao longo de 11 episódios vibramos com os perigos, dificuldades e vitórias numa iniciativa que, apesar de reunir uma equipe considerável, assumiu a responsabilidade de Cruzar 15.000 Km das Américas com motos elétricas.
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É interessante que está é a terceira grande viajem da dupla que são amigos de longa data e sempre que encontram brechas em suas agendas preparam essas grandes jornadas de moto.
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O ritmo da montagem é contagiante e assim engatamos nos episódios um atrás do outro de forma a conhecer melhor os dois amigos e a América Latina de ponta a ponta.
Resident Evil: No Escuro Absoluto
2.8 110Costumamos associar a atual moda de zumbis com a série em quadrinhos/tv The Walking Dead, mas antes da obra do Robert Kirkman, em 1996 um estúdio de jogos digitais tinha trazido de volta o terror para os mortos andantes.
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Nesses 25 anos de franquia muita coisa aconteceu, mas o básico que precisamos saber é que nessa história, os zumbis são fruto de pesquisa sobre armas biológicas.
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A história desta animação, Infinite Darkness, lançada em 2021, traz de volta dois personagens sobreviventes do segundo jogo e se insere cronologicamente entre o quarto e o quinto da série principal. Mas não é essencial para entender e curtir a história.
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No filme acompanhamos Leon e Claire em narrativas separadas, mas com alguns pontos de conexão ao longo dos quatro episódios. Os dois se envolvem na conspiração de um general do governo dos EUA que incita uma guerra contra a China ao mesmo tempo que testa armas biológicas com tecnologia do T-Virus.
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Ainda preciso me acostumar com a animação CG de cutscene, mas as imagens estão bem fluidas, e passam quase despercebidas quando não temos pessoas como primeiro plano.
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A conspiração do governo não é nenhuma novidade e foi até criado um país asiático genérico para não se comprometerem, mas vemos algo de Afeganistão no Penamistão (a história se passa inclusive em 2006). E apesar do comum, temos boas cenas de ação com tiroteios contra zumbis e criaturas modificadas.
Superman & Lois (1ª Temporada)
3.9 69 Assista AgoraApesar de todos os filmes e séries baseados em hqs, sempre um personagem vai me deixar sem reação, e não poderia ser outro que não o Superman.
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Depois de várias versões nas telas grandes e pequenas, Clark e Lois ganham mais uma série, com Superman and Lois. Com a diferença que agora eles tem que cuidar de dois filhos adolescentes além de salvar o mundo.
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A série conseguiu um feito muito agradável de trabalhar diferentes tramas para diferentes personagens de forma equilibrada tanto em tempo de tela, como em importância.
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De um lado temos o Superman e suas tramas multiversais/alienígenas; de outro Lois Lane investigando um empresário com interesses misteriosos em diversas partes dos EUA, explorando e destruindo cidades (eu veria uma série só dela sem problemas); enquanto que os gêmeos tem seus problemas adolescentes com conflitos familiares e a descoberta de poderes.
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Gostei muito do equilíbrio entre drama e ação com ótimo desenvolvimento de personagens (e não apenas no núcleo principal), easter eggs e participações especiais. Me incomoda algumas decisões e simplesmente ignorar a existência da Supergirl ou mesmo que eles estão num mundo que existe outros heróis (mesmo que eles não apareçam, alguns momentos parece que tudo se passa em algo independente).
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Mas além do roteiro, vale destacar a fotografia que, por meio da manipulação doa tons, tenta emular a estética dos filmes estrelado por Henry Cavill, de forma a trazer um ar mais cinematográfico do que as outras séries do arrowverso.
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Os efeitos especiais também seguem a mesma linha, são econômicos, mas muito eficientes quando necessários. E por mais que eu tenha gostado de todos os núcleos é o da Lois Lane que mais me empolga para a continuidade da série que já teve a segunda temporada confirmada.
The Walking Dead: Um Novo Universo (1ª Temporada)
2.6 76 Assista AgoraEntre altos e baixos, gostando ou não, The Walking Dead é um dos maiores sucesso midiáticos dos últimos tempos e com o fim da série principal depois de 11 anos, chegou o momento de expandir com novas séries.
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World Beyond é a versão teen do horror com ação de mortos que caminham com um grupo de adolescentes sobreviventes que vivem numa colônia em Omaha. E assim como a série principal, os zumbis são figurantes perigosos, mas o foco está nas relações humanas ou a dificuldade de estabelecer essas relações.
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Omaha é uma espécie de fortaleza estabelecida num bairro universitário que reúne quase 10 mil pessoas numa sociedade bastante controlada e segura, ainda que os traumas do passado se mantenham vivos em todos.
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Na série acompanhamos quatro adolescentes, que são seguidos por dois jovens adultos, que são seguidos pelo exército da República (um grupo que já apareceu em Walking Dead e Fear The Walking Dead, mas nunca de uma forma confiável).
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Não é ruim, os atores e a produção são bons, mas a forma como todos sobrevivem destoa do que já foi estabelecido anteriormente e parece que estamos acompanhando um jogo, mas sem ter controle das ações dos personagens, e assim assisti é bastante monótono e pouco crível (o máximo que algo com zumbis pode ser).
Raio Negro (4ª Temporada)
3.1 16 Assista AgoraO que esperar depois que uma guerra acaba? Certamente não a paz, mas um vácuo de poder do qual os sobreviventes tentam preencher.
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Raio Negro é uma série que desde o primeiro episódio mostrou que não seria apenas mais uma em meio a tantas no catálogo de supers da CW. Logo nas primeiras cenas já vemos o racismo e abuso policial como tema central, cenas infelizmente do nosso cotidiano, mas incomuns nesse tipo de história.
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As temporadas foram passando e passamos a acompanhar o desenvolvimento da família Pierce, e como o racismo atinge de formas diferentes pessoas em diferentes meios sociais. Ainda que afete todos, simplesmente por causa da cor da pele.
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Nesta quarta e última temporada encontramos um herói mentalmente quebrado pela morte do amigo a ponto de desistir de sua vida super heróica e não aceitar seu papel na sociedade. Com a jornada de Jefferson Pierce reencontrando sua importância como super-herói e diretor de uma escola pública.
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Em paralelo a polícia racista e metafóbica enfrenta a luta das gangues, e um Tobias Whale como grande filantropo que incentiva políticas de registo de metas na cidade se Freeland.
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A estrutura de arcos foi mantida e isso é um dos melhores trunfos da série, que permite fechar arcos dramáticos com mais tempo que um episódio, sem precisar gastar uma temporada toda para isso (as outras produções deveriam seguir o exemplo).
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Porém, não sei o que aconteceu, a série continua com os temas relevantes e interessantes que a destacou, mas algo não funciona, as atuações estão fora de tom e de tempo, alguns efeitos estão mais bregas que o de costume e mesmo o ritmo esta prejudicando. Principalmente nos primeiros episódios, depois encontra um rumo, mas o início é bem fraco.
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Temporada 6.5/10
Série 7.5/10
Eles (1ª Temporada)
4.1 552 Assista AgoraO mundo já tem vários horrores que nenhuma ficção pode alcançar, com isso em mente temos a série antológica da Amazon Prime, Them, nos apresenta um desses horrores: o racismo.
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Acompanhamos uma família que, na década de 1950, se muda para uma nova casa nos subúrbios de Los Angeles. Porém, eles são negros e as "pessoas de bem" da vizinhança vão fazer de tudo para expulsá-los.
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Presenciamos a violência cotidiana que ocorre no corpo, na mente e na alma de cada pessoa da família. Traumas inacabáveis do qual não são permitidos o luto ou a reflexão, apenas cicatrizes sendo constantemente abertas e tornadas mais profundas.
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E até os elementos sobrenaturais que acompanham a trama se confundem aos traumas sofridos e vividos pelos personagens até levá-los à loucura.
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Em paralelo sabemos um pouco mais sobre a Betty, a vizinha que encabeça todos os ataques contra a família Emory, e embora nada do que faça seja justificável, ela também tem sua dose de sofrimento com as pressões sociais e o machismo que não a permite ter controle sobre a própria vida.
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Para além dessa temática e episódios muito pesados e impactantes, temos também um excelente cuidado técnico. Todas as ambientações de época (não apenas a década de 1950) são reais e nos levam à imersão, enquanto a estética de edição mistura elementos de várias épocas como os letreiros de titulo em contraste com as cores saturadas e a variada trilha de reinterpretações modernas.
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Talvez a quebra de ritmo entre os episódios 7 e 8 poderia ter acontecido de forma mais clara, mas não chega a comprometer o desenvolvimento.
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Não é fácil assistir todos episódios pela crueza e crueldade de alguns eventos, mas também não é fácil conviver com eles e muitas pessoas ainda sofrem com isso.
Star Wars: The Bad Batch (1ª Temporada)
4.0 26 Assista AgoraQuem imaginaria o império que se formaria depois da destruição daquele Império que existia numa galáxia muito e muito distante?
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Depois de mais de quarenta anos desde o primeiro Guerra nas Estrelas só podemos concluir uma coisa: o universo expandido foi, e continua sendo, vários parsecs à frente de qualquer um dos nove filmes da franquia.
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No cenário desta série em questão encontramos Bad Batch, a mais nova animação de Star Wars que acompanha um grupo de Clone Troopers "defeituosos", o Batalhão 99, que passam a ser caçados depois de não acatarem a Ordem 66.
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Como herdeira direta de Clone Wars, a temporada começa em paralelo com o final do sétimo ano da animação da Asoka e do terceiro filme da trilogia prequel. E o faz muito bem, inicia retomando a estética da produção anterior num primeiro episódio longa metragem, para em seguida assumir uma identidade própria.
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Temos uma série de ação, com muitos elementos políticos sendo trabalhados ao longo dos episódios, em especial os conflitos com os planetas que pensaram ter conquistado a liberdade com o fim da guerra.
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Sem contar as várias participações especiais como o Rex; os Kaminoanos; o Almirante Tarkin liderando o fim do projeto dos clones para diminuir os gastos do Império; um jovem Saw Guerreira, assim como a Hera Syndulla adolescente em Ryloth.
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Mesmo a inclusão da garotinha Ômega, uma aprendiz em Kamino que se junta ao grupo e faz o papel da ligação com o público infantil, não é à toa, pois tem uma função narrativa e um arco pessoal sem torná-la boba.
A Peste (2ª Temporada)
3.5 1O crime não escolhe época para agir, e se ele existe, pode ter certeza que aqueles que mais lucram não são os que sujam as mãos.
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A Peste é uma série espanhola do canal Moviestar, transmitida aqui no Brasil pela HBO que apresentou uma mistura de investigação criminal com intrigas políticas na Sevilha do século XVI.
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E se na primeira temporada tínhamos como pano de fundo a peste negra, este segundo ano a doença é mais metafórica, o crime organizado conhecido na cidade por Garduna.
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É bastante interessante a forma como o roteiro adapta situações que estamos acostumados a acompanhar em histórias contemporâneas para o século XVI sem soar anacrônico, apenas talvez conclusões acima da média para época.
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O texto é também desenvolve questões relacionadas a uma das maiores fontes de lucro do crime, a exploração sexual de mulheres com a prostituição, além dos conchavos políticos que determinam a sobrevivência do próprio grupo criminoso na cidade.
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Por maiores as tentativas de evitar a exploração e até a criação de políticas públicas voltadas para cortar o financiamento do crime, a resistência a essas ações parte dos mais ricos da cidade que são os que mais lucram com a miséria.
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É uma série fácil de maratonas, tanto pelos poucos episódios, como pelo ótimo ritmo apresentado que rapidamente faz o espectador esquecer do tempo.
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A produção também é muito boa, atores e locações são extremamente convincentes, a ponto de sentirmos o cheiro da sujeira nas ruas da cidade e passarmos raiva ou nos pegar torcendo por determinado personagem.
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Em comparação, a primeira temporada foi mais interessante, ainda assim está segunda também vale muito a pena.
The Third Day
3.5 71 Assista AgoraQuanto poder existe no passado? Quais os limites da ancestralidade?
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Em The Third Day descobrimos isso da pior forma em duas narrativas que se encontram na estranha ilha de Osea.
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Com apenas seis episódios, a minissérie é narrativamente dividida em duas partes na qual em ambas acompanhamos pais em crise. Na primeira metade temos Sam, um pai em luto que viaja até uma floresta para sofrer em paz, mas ao salvar uma garota de cometer suicídio descobre uma ilha da qual o único acesso por terra é uma estreita estrada que aparece na maré baixa.
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Meses depois, Cas, mãe de duas garotas chega na ilha à passeio e insiste em ficar mesmo tudo lhe dizendo o contrário.
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O roteiro se desenvolve num horror psicológico que ganha peso com a ambientação sufocante de uma sociedade isolada que tem seus costumes peculiares e pessoas estranhas
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Em ambas as partes tanto o protagonista como o espectador ficam em constante estado de perplexidade e atenção, pois cada novo passo parece levar os personagens à morte ou loucura.
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A paisagem da pequena ilha inglesa que nunca tem sol é bastante bonita, mas o destaque vai para as atuações que conta com um elenco de peso como Jude Law, Katherine Waterson, Emily Watson, ou mesmo as duas filhas da protagonista.
Batwoman (2ª Temporada)
3.2 14 Assista AgoraO que fazemos se nossa protagonista não quer voltar para uma nova temporada? Cancelamos a série? Trocamos atriz e fingimos que nada aconteceu?
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Em Batwoman não aconteceu nem uma coisa e nem outra, talvez um meio termo entre os dois com a troca da pessoa por trás da máscara. E não é que deu certo?
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Para uma série que era muito, muito ruim... talvez o desafio não seja tão grande, mas de uma forma ou de outra funcionou e temos uma segunda temporada melhor.
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Mas claro que não precisa esperar nada tão bom assim, pois a trama sempre se perde no tom excessivamente dramático com tentativas falhas de alivio cômico.
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O objetivo principal deste ano é a busca pela desaparecida Kate que ocorre em pelo menos duas frentes: o grupo da Batwoman atual com os Corvos nas suas costas de um lado e de outro a irmã maluca Alice numa jornada pessoal que, de vez em quando, encontra com o primeiro.
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Correndo por fora temos o Máscara Negra ganhando o domínio do submundo de Gotham e uma trama secreta que é retomada na segunda metade do ano.
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Mas o que mais surpreende é a forma como os lampejos de boas ideias ficam perdidos em meio a tanto NADA, até as pontuais críticas em relação a racismo, homofobia e violência e corrupção policial perdem o timing.
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Não resolveria, mas uns 8 episódios a menos ajudaria bastante no ritmo e na relevância da série.
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Temporada 5/10
Série 4/10
The Flash (7ª Temporada)
2.7 39 Assista AgoraEm 2020 o mundo parou também para oa super-heróis e todas séries da Warner foram encerradas precocemente com o fim chegando apenas no início de 2021.
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Por isso a sétima temporada de Flash começou acelerada, com o Barry encerrando todas as tramas do ano passado nos primeiros três episódios para só então começar novas histórias.
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Mas, foi o ano mais fraco, começamos com arco de conclusão sobre a Mestre dos Espelhos que apresenta bons momentos, mas passa por algumas repetições narrativas que prejudicam a história.
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O arco seguinte sobre as forças elementais universais apresenta ideias legais e com grande potencial, mas em grande parte tudo é tosco, brega e desajeitadamente confuso.
...
E quando chegamos no que seria a segunda metade da temporada com um novo arco (talvez) as histórias são desconexas e sem carisma. Temos novos personagens que são bobos e fracos se somando a despedida de alguns mais antigos deixando uma sensação bem clara que a série passa por um desgaste bem grande.
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Ainda assim existe alguns bons momentos que encontramos em tramas menores e paralelas como a prisão da Nevasca ou a investigação do Joe sobre a nova tenente da polícia.
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Sétima temporada 5.5/10
Série 7/10
Kingdom: Ashin of the North
3.6 67 Assista AgoraA série sul coreana de zumbis da Netflix ganhou um episódio/longa metragem especial antes da esperada terceira temporada.
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A história de Kingdom Ashin of the North se passa na região da fronteira norte do território que hoje conhecemos por Coréia do Norte no início do período Joseon.
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Ele acompanha Ashin desde a sua infância, antes de fazer sua aparição no final da segunda temporada já adulta. Aqui ela se torna vitima do conflito entre as tribos de fronteira e acaba iniciando uma perigosa vingança.
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Embora curto (cerca de 1h30) o roteiro reserva bastante tempo para contextualização histórica, e mesmo assim ele continua com um pano de fundo confuso para quem não conhece a história do país.
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Apesar disso, em nenhum momento se torna cansativo e se volta muito mais para um drama de guerra que o terror de mortos vivos.
Mestres do Universo (1ª Temporada - Salvando Eternia: Parte 1)
3.3 143 Assista AgoraNo mundo de Eternia bem distante daqui, na busca pela paz um guardião vai surgir (desafio a todos comentar de onde saiu esta frase).
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A Netflix realmente brinca com nossa nostalgia e nos trouxe uma nova versão/continuação dos Mestres do Universo que tanto referencia a série clássica da década de 1980, quanto encontra ecos no traço do reboot dos anos 2000.
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A série começa com um episódio que retoma o clima original e encerra de forma trágica e direcionando a temporada, que se passa alguns anos após estes eventos, com os heróis cruzando mundos em busca de restaurar a magia.
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Então, depois da morte de alguns dos principais personagens passamos a acompanhar uma Teela ressentida por todas as mentiras que lhe contaram desde a infância, mas também alguém que passou a traçar o próprio destino.
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Não apenas Teela, como também sua companheira Andra e a Maligna ganham destaque na história; e de outro lado temos um subplot messiânico tecnológico com o Triclope e o Mandíbula que eu quero ver até onde vai.
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Encontramos várias referências visuais, não apenas da primeira animação e da série animada dos anos 2000, mas aos brinquedos da Matell do início da década de 1980, com os veículos praticamente descolados do cenário. Minha unica crítica fica por conta da transformação meio Sailor Moon, do Príncipe Adam.
Geração 30 e Poucos (1ª Temporada)
3.8 63 Assista AgoraQuando somos crianças pensamos que os adultos tem certeza sobre tudo, mas ao "virarmos" adultos, descobrimos que nunca teremos certeza de nada e precisamos sempre arriscar por aquilo que queremos.
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Geração 30 e Poucos conta a história de Daniel e Matilda, dois colegas de escola que se reencontram quando adultos e se apaixonam.
...
Se resumir bastante chegamos a isso, mas claro que nada poderia ser tão simples e ao longo de oito episódios embarcamos numa divertida comédia romântica ambientada em Napoli e a Ilha de Procida (menos de 4Km de Napoli).
...
Só a historia dos encontros e desencontros dos dois adultos já seria divertida, mas a trama se divide em dois tempos: o presente que alterna entre Daniel e Matilda o protagonismo (com repetições de cena em pontos de vista diferentes) e 1998, quando conhecemos a infância dos dois protagonistas.
...
O equilíbrio entre as épocas é feito sempre de forma a um conversar com o outro, seja na estética ou nas descobertas e acontecimentos, estratégia narrativa que facilita o espectador se identificar com os personagens.
...
Mas a temática principal é explorar os relacionamentos em nossa geração onde podemos encontrar alguém apenas com o mexer de um dedo, que possui maiores liberdades, mas também sofre com desilusões e conflitos com as escolhas que já tomaram e vivem com o medo de assumir novos riscos.
...
Enquanto que de outro lado temos os adolescentes inflamando a nostalgia do espectador, ao lidar com questões inocentes e engraçadas, mas sempre em diálogo com os desafios que vemos no presente.
...
Vale ressaltar também a belíssima fotografia de Napoli e imediações além da especial ambientação noventista com a internet discada, as fitas de VHS, os disquetes e toda uma relação diferente com o tempo e a informação.