Rafael

A parte do Kano é totalmente sem sentido. O cara ACABOU de ver um réptil de outro mundo e fica de birra porque foi maltratado. Parece que marcaram "kano será raptado, o monstro aparece e ele depois de relutar resolve colaborar" e executaram isso da pior maneira possível. A mesma coisa o Raiden. O Raiden chama geral de despreparado pra pagar de mestre misterioso, mas fica só forçado. A cena da morte do Kung Lao teve impacto ZERO. O cara vê o amigo sendo pego, ele pode soltar CHAMAS PELA MÃO e mesmo assim ele fica paralisado? Como assim vei?

O mais interessante é a questão do preto e branco, junto ao silêncio de Cleo. Poder atuar sem dizer uma palavra é algo típico do cinema, onde a expressão precisa designar aquilo que se passa na cabeça da personagem. Cleo é uma empregada doméstica, que parece ter saído de uma zona rural para trabalhar na zona urbana da cidade do méxico. Alheia aos problemas, ela apenas vive. Ela é amada pelas crianças, mas suas demonstrações de carinho vem sempre como um pedido. Vi isto de perto com minha avó sendo empregada doméstica, o amor estava ali de alguma forma, mas a severidade de sua classe também em todos os pedidos. Cleo é uma vida sem começo e sem fim. É apenas viver. Seu objetivo é sobreviver, tendo seu teto e sem ter uma perspectiva de melhora. Sua vida está destinada a aguentar as severidades, de ser um ponto de descarrego das frustrações de Sofi, ao mesmo tempo que recebe mordomias em troca de sua lealdade. Assim como os escravos domésticos, que estavam próximos aos senhores, recebiam mais benefícios que outros escravizados. Cleo é escrava de sua classe e de políticas que não a possibilitam sair. Por isso o filme é todo focado nela, sendo a sua vida preto e branco. Sem cor, sem vida.