por mais que o sr. Wick seja uma legião de um homem só, os filmes sempre tiveram um pé no chão. afinal, a coreografia minuciosa depende da fisicalidade do protgaonista e os incontáveis inimigos; enquanto isso, o underground assassino é um mundo interessante com regras bem rígidas. o que acontece se essas regras são quebradas? no caso aqui, sucesso - não uma incoerência dentro do filme, mas apenas mais um punhado de truques dessa série que fiz muito bem em dar uma segunda chance
o clímax liga o modo idiota por uns 20 minutos, mas de resto eu tô impressionado com como esse filme é acertado na concepção visual do mundo quântico. não é de se esperar que em 2023 A.D. um filme da Marvel tire nota alta em ambientação, ou que o diretor dos dois Ant-Man anteriores saiba dirigir ação tão empolgante assim. não sei qual é a ganja que os críticos tão fumando, talvez a CIA esteja pagando eles pra falar mal do filme pra variar
Jonathan Majors tem uma oportunidade estreita de vender o Kang, e ele tem sucesso, conferindo tanto um momento de vulnerabilidade como uma grande contradição que nos inquieta quando sabemos quão impiedoso ele pode ser. com isso e uma participação bem-vinda de um personagem de anos atrás, Quantumania toca no passado, entrega uma aventura deslumbrante e promete muito pro futuro do MCU
é muito legal que o estilo da Kelly Reichardt e a cinematografia se aplicam tão bem a esse tipo de história. a diretora traz aquela marca de cinema lento que, honestamente, nos 3 outros filmes dela que assisti, parece estar sempre construindo algo, prestes a acontecer algum acontecimento significante; além disso, ela facilmente confere um certo simbolismo a tudo que acontece, o que é muito oportuno quando o assunto é ecoterrorismo. e as cores terrosas parecem dar cobertura aos personagens - não um sinal de aprovação do filme, mas um modo intrigante de mostrar como eles fazem parte da natureza e têm razões pra acreditarem que estão fazendo o certo
Jesse Eisenberg é o centro desse sentimento desiludido, numa atuação severa que reprime tudo, mas quando as circunstâncias mudam e ele se abre pra outras coisas, o desempenho do ator é brilhante. por algum motivo eu costumo achar que atores bons não pisam na bola de vez em quando, mas tá aí o cara que fez o Lex Luthor
é incrível a quantidade de coisas acontecendo por pixel. incrível, mas não surpreendente, porque o diretor é o mesmo de Promare, que é como se tivesse misturado com o Kill La Kill dele mesmo, num um cenário que lembra Snowpiercer se os mocinhos não ligassem pra obliterar o trem. talvez na próxima vez eu consiga isolar a trama, porque de primeira não dá pra concentrar nela não
a mitologiazinha desse filme é bem legal e lida bem com o tema da família ter um controle sobre você que afeta até quando você realmente escolhe formar uma família com outra pessoa
é possível elogiar um filme por ter controle constante e gerar muita tensão e comoção de cenas tão simples, mas ainda dizer que não alcança excelência por se limitar a uma sequência tão básica de acontecimentos. é interessante isso, mas a trama deixa a desejar, e a melhora que seria necessária pra elevar o roteiro com o qual acabamos teria que ser nos mínimos detalhes do longa; dos confins da cabana, dos flashbacks breves que não compensam 100% a interrupção, das explicações alarmantes dos invasores
tira o frenesi brilhante que as perseguições breves no primeiro tinham, coloca uma caracterização maior dos personagens que revela um povo (incluindo um mascote sem charme nenhum) sem face alguma, tempere com características da década de merda que o filme foi lançado, como um moleque que vai virar músico de hair metal se ele não for atropelado nesse filme (sem spoilers). pior, esse segundo Mad Max é um exemplo de baixo orçamento só dando uma qualidade de incompleto, algo que o anterior não tinha.
mas eu provavelmente ainda vou assistir até Fury Road
com uma mansão lotada de gente, Gosford Park aceita o desafio e dá vida a dois mundos diferentes - ambos infinitamente divertidos, mas a verdadeira humanização do filme está com os inferiores, não com a crueldade dos seus patrões.
é compreensível que o assassinato esteja até no título dos lançamentos estrangeiros, mas se sequer faz bem ao espectador saber que há um crime hediondo na trama, fica a questão. vou só dizer que não é com jogos de lógica e uma série de reviravoltas que o filme vai te agradar, mas sim com um retrato completo de duas classes e os prazeres e tristezas de acompanhar dezenas de rostos cuidadosamente compostos pra uma metafórica foto destacar cada um deles
tradições e a Natureza têm presença aqui, ao contrário das ligações superficiais com esses temas do primeiro filme. o humano ganhou a confiança de um povo inteligente e a de uma mulher difícil por deserdar e conseguir domar o garanhão mais bravo do pedaço?... ok. tudo bem, dessa vez ele e sua família de diferentes realmente experimentam assimilar uma cultura nova, enfrentar expectativas diferentes e estabelecer um vínculo profundo com seus arredores, o que significa que nós passamos pelas mesmas coisas.
não que o filme tenha muito a dizer sobre esses assuntos - afinal, com uma das conlangs (línguas criadas do zero, dentro e fora do Cinema) supostamente mais funcionais da História, ainda escutamos os diálogos traduzidos pro inglês na maior parte do filme.
essa sequência também aproveitou a nova chance do vilão pra humanizá-lo. não precisando ser o avatar do império expansionista, agora ele é um ser humano com medo, um ângulo existencial e possíveis sentimentos com o personagem mais irritante do filme
a cena dos espelhos é incrível. lembra Hitchcock e muito a 2ª temporada de Lost
é verdade que o atrativo desse filme não é, apesar de todos as reviravoltas, exatamente ver as pontas serem amarradas no final, mas sim explorar os personagens. e esses personagens podem não ser tão memoráveis quanto em outros filmes do tipo, mas com certeza abastecem a tensão e justificam os flashbacks. mas o finalzinho foi bem clichê
muito bom ver o Jon Hamm exercitar os músculos com um personagem um pouco diferente. Jeff Bridges talvez um pouco bom demais comparado ao resto do elenco
é bom o compromisso com os temas da história, até "desviando" pra um segmento filmado nas trincheiras (honestamente, comecei a pesquisar filmes de guerra assim q este terminou). mas a franquia ainda tá mais pro lado bobo e entediante, infelizmente
uma era de Hollywood em que a magia do cinema é baseada em uma depravação épica em que a ética de trabalho é esturricada. tempos mais simples, uma indústria controlada pelas necessidades físicas dos seus membros. a energia e as risadas culpadas que o filme gera o tempo todo são particularmente particulares desse filme
consegue ainda ilustrar algumas jornadas trágicas no caminho. o monólogo da crítica de cinema, uau
anda despretensiosamente sobre a linha entre realismo e fantasia, assim como o protagonista dirige pela cidade, anda entre a casa e o trabalho e nas pausas tece poesia lapidada desse material bruto. tem uma ênfase na sua estrutura repetitiva que gera vários momentos de prazer inesperado - e se você já viu uma daquelas tirinhas de se recarregar a bateria após um dia cansativo com um agrado de alguém ou um tempo com o pet, este filme faz questão de servir esse propósito várias vezes
funciona bem quando está confinado ao laboratório. o que a repórter traz de fora é ótimo, mas ver o ex em ação nem tanto, porque o filme pesa a mão na doideira dele, infelizmente. se isso foi um problema pra você, o clímax felizmente cumpre a promessa de eclosão num espetáculo de efeitos especiais práticos (obviamente) e ainda usa aquele personagem problemático de maneira quase insignificante mas que ajuda a tornar esse final em um evento muito satisfatório. isto é, se o terror venéreo te agrada, se esses "prazeres da carne" são tão bons pra você quanto eu estou descobrindo serem pra mim
o falatório do Jeff Goldblum é de muito bom gosto aqui, e imagino que não deve ter sido tão bem usado assim até hoje (mas ainda tenho muitos filmes pra ver). os monólogos variam de pequenas observações excêntricas a explosões sem pudor de ideias fervilhando na cabeça dos artistas sobre a transformação do corpo humano. até quando o cientista se torna uma besta, ainda retém um jeito peculiar de falar
apesar de toda a alienação provida pelo constante fluxo de drogas na noite, esse é um filme sentimental; se Climax era talvez só choque e técnica dissonante pra alguns, Enter the Void é bem claro com a intenção de beber de uma fonte emocional familiar (às vezes até piegas) e tocante com cada longo movimento da câmera e cada espiada em pontos separados da noite em Tóquio.
então, a duração do filme se justifica muito bem quando essa experiência espiritual lenta cria espaço pra mover o espectador, mas este provavelmente vai se perguntar, muitas vezes, por que nós acompanhamos, sei lá, um terço da duração mostrando o que acontece com aquele amigo cabeludo ou quando o filme fica um hora consecutiva (provavelmente) mostrando diversos casais fazendo sexo. não dá pra entender. é um filme surpreendentemente significativo no meio de outro desnecessário
lembra bastante Requiem for a Dream, se aquele filme não fosse um fracasso
eu vi que o diretor tinha mudado e já esperei uma sequência genérica, mas não é nada disso. parece um híbrido de documentário de uma equipe de male entertainers viajando com dramatizações das interações entre eles e os outros que encontram na jornada. a dinâmica dos personagens é muito natural, do mesmo jeito que o filme anterior tinha entre os momentos mais convencionais. isso é legal e tal, mas é assim o filme todo. não sei explicar, não é ruim, mas simplesmente não faz sentido como filme; um ou outro momento realmente tem significado nessa vibe, mas o resto do filme parece que tá pra acontecer algo interessante enquanto os personagens ficam fazendo sala até a próxima performance dos caras acender o fogo de novo. não é ruim, não é sem propósito, mas... pouco cinematográfico
o filme-dentro-do-filme é feito de um jeito tão despretensioso que a gente imagina como esse recurso poderia ter sido banal, mas acaba enriquecendo demais os temas da história. a parte "real" é intencionalmente entediante - ainda assim, por um bom tempo, e acaba sendo mais interessante intelectualmente do que emocionante -, exceto quando começa a música, que é maravilhosa.
mas é a "ficção" que é realmente adorável e desbloqueia o poder agridoce de Bergman Island. à Mia Wasikowska foi dada a liberdade para explodir de empolgação com a cerimônia de casamento e se entregar completamente ao romance trágico dela; assim como na parte real, existe uma doçura na qual as mulheres investem, mas dá em desilusão com a crueldade casual dos homens, mas essa questão presente no filme todo só realmente corta o coração quando a metalinguagem está em jogo
o pequeno enigma final mostra que, além desse recurso ser intrigante pra muitos espectadores, ele pode ser usado de maneira inteligente e apropriada sem abrir mão de simplicidade absoluta
ainda tenho problemas com essa coisa de filmes antigos em que uma "aventura" chega a certa conclusão e o filme volta pra 1ª marcha, pra depois começar outro tipo de filme por uma hora até acabar. é uma pena, porque o filme antes era maravilhoso, perseguindo pistas etéreas que, quando se revelam, facilmente causam arrepios
como uma chama iluminando uma sala escura, sugerindo requintes nas mesas e paredes e destacando personagens variados com um amarelo agradável, mas atrelando a eles sombras ameaçadoras. até quando o assassinato que desencadeia a "verdadeira" investigação só acontece na metade do filme, nos fomos gentilmente estimulados com intrigas prestes a estourarem.
ver o detetive trabalhar é muito satisfatório. o tema de amor bom ou amor ruim amarrando a trama toda é extremamente interessante, mas o filme realmente não está equipado pra nos transmitir a paixão trágica dos relacionamentos no roteiro. (fiquei pensando em quão incrível Linny seria se o potencial dela fosse alcançado, e o problema não é so a Gal Gadot.) ainda bem que o filme não depende desse aspecto de maneira nenhuma
uma das experiência mais imersivas que já tive, o filme nos transporta pra um mundo fascinante, contraditório, no qual vergonha e desinibição, auto-destruição e tabu se encontram como sombras e luz num chiaroscuro, todo exposto sem pudor em diálogos que são um fetiche à parte nesse cenário, vindo de personagens esquisitos que constantemente me fizeram sorrir com a ironia carregada por trás de cada fala que foi colocada no papel - mas ainda assim cheias de perguntas vitais sobre nossa relação com nossos corpos, arte, e a lei. os cenários são limitados - de modo intencional, assim como os últimos filmes do diretor -; isso não é ruim, e novamente evocam algo estranho no espectador com sua vaga artificialidade, além de contarem com paredes danificadas, escritórios decrépitos e enormes navios jogados à ferrugem. porém, o filme é transportivo em como os personagens povoam a tela, suas falas intencionalmente fora do eixo e que vão pintando uma pintura cada vez mais bizarra... e por mais que o conceito seja agressivamente alienador, eu posso atestar que a obra é muito instigante se você já está mais pra lá do que pra cá - do contrário, nem na filmografia do diretor você deveria começar por Crimes of the Future.
não dá pra entender porra nenhuma da trama, mas o personagem do Viggo Mortensen é fascinante, numa atuação que (só) parece não mudar de antes pra depois do que descobrimos sobre ele; quando a ocasional cena afunda brevemente o filme em melancolia, a reação controlada de Saul é a epítome de um mundo que parecia ter se livrado da dor
embora claramente associada à trend de adaptações young adult da década passada - e apesar de ter diálogos e certas caracterizações apropriadamente pedestres -, o primeiro filme de Hunger Games é bem mais ponderado e urgente do que aqueles fracassos que inundaram pelo menos o Cinema uns 10 anos atrás.
enquanto o cenário de ficção científica ou fantasia deveria ser uma fachada mal elaborada, cheia de buracos, o mundo aqui é crível; enquanto a trama deveria se dobrar pro público adolescente se indulgir em drama que não envelhece bem, o roteiro aqui se preocupa em explorar todo o impacto desse cenário cruel no psicológico de crianças. esse é um filme que começa com os ditadores discutindo calmamente o "esporte" do título e faz um corte abrupto pra gritos de uma criança oprimida; que sugere um histórico de revoltas no país e, quando um distrito explode em violência, esse protesto nunca mais é mencionado. pode ser uma ponta solta pros próximos filmes, mas não deixa de mostrar inteligência por trás das câmeras... e nada nesse filme requere que você assista o próximo.
não que seja errado levar em conta as preocupações adolescentes, inclusive o filme não deixa de fazer isso... embora, como de resto, isso funcione muito mais na esfera especulativa do que no íntimo, como é o caso do romance e do triângulo amoroso, que é um fracasso neste aspecto mas fascinante naquele, por causa da manipulação que os poderosos exercem constantemente sobre nossa heroína (eu não dou a mínima pro nosso tributo homem).
isso também é interessante, já que o filme é dirigido exclusivamente em close-ups e editado em ritmo de metralhadora, o que estabelece um tom nervoso e mais preocupado com as tribulações da protagonista que os sets distópicos, mas é a razão que a ação falha cada vez mais, tornando as lutas corpo a corpo em intervalos que a tela é incompreensível por alguns segundos e que terminam com um personagem morto.
como qualquer bom longa comercial, dá pra fazer uma lista enorme de erros e acertos (afinal, quais são os artistas interpretando canções originais da trilha sonora? Arcade Fire e... Taylor Swift), mas a estrutura já é excelente e só precisa de uma execução certeira, e é isso que eu espero do Francis Lawrence. Hunger Games é YA com profundidade emocional e, nossa, uma premissa que não serve de piada toda vez q eu penso nela
John Wick 3: Parabellum
3.9 1,0K Assista Agorapor mais que o sr. Wick seja uma legião de um homem só, os filmes sempre tiveram um pé no chão. afinal, a coreografia minuciosa depende da fisicalidade do protgaonista e os incontáveis inimigos; enquanto isso, o underground assassino é um mundo interessante com regras bem rígidas. o que acontece se essas regras são quebradas? no caso aqui, sucesso - não uma incoerência dentro do filme, mas apenas mais um punhado de truques dessa série que fiz muito bem em dar uma segunda chance
Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania
2.8 514 Assista Agorao clímax liga o modo idiota por uns 20 minutos, mas de resto eu tô impressionado com como esse filme é acertado na concepção visual do mundo quântico. não é de se esperar que em 2023 A.D. um filme da Marvel tire nota alta em ambientação, ou que o diretor dos dois Ant-Man anteriores saiba dirigir ação tão empolgante assim. não sei qual é a ganja que os críticos tão fumando, talvez a CIA esteja pagando eles pra falar mal do filme pra variar
Jonathan Majors tem uma oportunidade estreita de vender o Kang, e ele tem sucesso, conferindo tanto um momento de vulnerabilidade como uma grande contradição que nos inquieta quando sabemos quão impiedoso ele pode ser. com isso e uma participação bem-vinda de um personagem de anos atrás, Quantumania toca no passado, entrega uma aventura deslumbrante e promete muito pro futuro do MCU
Movimentos Noturnos
2.9 72 Assista Agoraé muito legal que o estilo da Kelly Reichardt e a cinematografia se aplicam tão bem a esse tipo de história. a diretora traz aquela marca de cinema lento que, honestamente, nos 3 outros filmes dela que assisti, parece estar sempre construindo algo, prestes a acontecer algum acontecimento significante; além disso, ela facilmente confere um certo simbolismo a tudo que acontece, o que é muito oportuno quando o assunto é ecoterrorismo. e as cores terrosas parecem dar cobertura aos personagens - não um sinal de aprovação do filme, mas um modo intrigante de mostrar como eles fazem parte da natureza e têm razões pra acreditarem que estão fazendo o certo
Jesse Eisenberg é o centro desse sentimento desiludido, numa atuação severa que reprime tudo, mas quando as circunstâncias mudam e ele se abre pra outras coisas, o desempenho do ator é brilhante. por algum motivo eu costumo achar que atores bons não pisam na bola de vez em quando, mas tá aí o cara que fez o Lex Luthor
Dead Leaves
3.7 25é incrível a quantidade de coisas acontecendo por pixel. incrível, mas não surpreendente, porque o diretor é o mesmo de Promare, que é como se tivesse misturado com o Kill La Kill dele mesmo, num um cenário que lembra Snowpiercer se os mocinhos não ligassem pra obliterar o trem. talvez na próxima vez eu consiga isolar a trama, porque de primeira não dá pra concentrar nela não
Casamento Sangrento
3.5 943 Assista Agoraa mitologiazinha desse filme é bem legal e lida bem com o tema da família ter um controle sobre você que afeta até quando você realmente escolhe formar uma família com outra pessoa
Batem à Porta
3.1 560 Assista Agoraé possível elogiar um filme por ter controle constante e gerar muita tensão e comoção de cenas tão simples, mas ainda dizer que não alcança excelência por se limitar a uma sequência tão básica de acontecimentos. é interessante isso, mas a trama deixa a desejar, e a melhora que seria necessária pra elevar o roteiro com o qual acabamos teria que ser nos mínimos detalhes do longa; dos confins da cabana, dos flashbacks breves que não compensam 100% a interrupção, das explicações alarmantes dos invasores
Mad Max 2: A Caçada Continua
3.8 476 Assista Agoratira o frenesi brilhante que as perseguições breves no primeiro tinham, coloca uma caracterização maior dos personagens que revela um povo (incluindo um mascote sem charme nenhum) sem face alguma, tempere com características da década de merda que o filme foi lançado, como um moleque que vai virar músico de hair metal se ele não for atropelado nesse filme (sem spoilers). pior, esse segundo Mad Max é um exemplo de baixo orçamento só dando uma qualidade de incompleto, algo que o anterior não tinha.
mas eu provavelmente ainda vou assistir até Fury Road
Monty Python em Busca do Cálice Sagrado
4.2 740 Assista Agoraalgumas piadas não envelheceram muito bem. elas são usadas em filmes até hoje
Assassinato em Gosford Park
3.5 190com uma mansão lotada de gente, Gosford Park aceita o desafio e dá vida a dois mundos diferentes - ambos infinitamente divertidos, mas a verdadeira humanização do filme está com os inferiores, não com a crueldade dos seus patrões.
é compreensível que o assassinato esteja até no título dos lançamentos estrangeiros, mas se sequer faz bem ao espectador saber que há um crime hediondo na trama, fica a questão. vou só dizer que não é com jogos de lógica e uma série de reviravoltas que o filme vai te agradar, mas sim com um retrato completo de duas classes e os prazeres e tristezas de acompanhar dezenas de rostos cuidadosamente compostos pra uma metafórica foto destacar cada um deles
Avatar: O Caminho da Água
3.9 1,3K Assista Agoratradições e a Natureza têm presença aqui, ao contrário das ligações superficiais com esses temas do primeiro filme. o humano ganhou a confiança de um povo inteligente e a de uma mulher difícil por deserdar e conseguir domar o garanhão mais bravo do pedaço?... ok. tudo bem, dessa vez ele e sua família de diferentes realmente experimentam assimilar uma cultura nova, enfrentar expectativas diferentes e estabelecer um vínculo profundo com seus arredores, o que significa que nós passamos pelas mesmas coisas.
não que o filme tenha muito a dizer sobre esses assuntos - afinal, com uma das conlangs (línguas criadas do zero, dentro e fora do Cinema) supostamente mais funcionais da História, ainda escutamos os diálogos traduzidos pro inglês na maior parte do filme.
essa sequência também aproveitou a nova chance do vilão pra humanizá-lo. não precisando ser o avatar do império expansionista, agora ele é um ser humano com medo, um ângulo existencial e possíveis sentimentos com o personagem mais irritante do filme
A Professora de Piano
4.0 685 Assista Agorauma das melhores atuações que já vi, e a dinâmica dela com o xQc é muito interessante
Maus Momentos no Hotel Royale
3.6 339 Assista Agoraa cena dos espelhos é incrível. lembra Hitchcock e muito a 2ª temporada de Lost
é verdade que o atrativo desse filme não é, apesar de todos as reviravoltas, exatamente ver as pontas serem amarradas no final, mas sim explorar os personagens. e esses personagens podem não ser tão memoráveis quanto em outros filmes do tipo, mas com certeza abastecem a tensão e justificam os flashbacks. mas o finalzinho foi bem clichê
muito bom ver o Jon Hamm exercitar os músculos com um personagem um pouco diferente. Jeff Bridges talvez um pouco bom demais comparado ao resto do elenco
King's Man: A Origem
3.1 296 Assista Agoraé bom o compromisso com os temas da história, até "desviando" pra um segmento filmado nas trincheiras (honestamente, comecei a pesquisar filmes de guerra assim q este terminou). mas a franquia ainda tá mais pro lado bobo e entediante, infelizmente
Babilônia
3.6 332 Assista Agorauma era de Hollywood em que a magia do cinema é baseada em uma depravação épica em que a ética de trabalho é esturricada. tempos mais simples, uma indústria controlada pelas necessidades físicas dos seus membros. a energia e as risadas culpadas que o filme gera o tempo todo são particularmente particulares desse filme
consegue ainda ilustrar algumas jornadas trágicas no caminho. o monólogo da crítica de cinema, uau
Paterson
3.9 353 Assista Agoraanda despretensiosamente sobre a linha entre realismo e fantasia, assim como o protagonista dirige pela cidade, anda entre a casa e o trabalho e nas pausas tece poesia lapidada desse material bruto. tem uma ênfase na sua estrutura repetitiva que gera vários momentos de prazer inesperado - e se você já viu uma daquelas tirinhas de se recarregar a bateria após um dia cansativo com um agrado de alguém ou um tempo com o pet, este filme faz questão de servir esse propósito várias vezes
A Mosca
3.7 1,0Kfunciona bem quando está confinado ao laboratório. o que a repórter traz de fora é ótimo, mas ver o ex em ação nem tanto, porque o filme pesa a mão na doideira dele, infelizmente. se isso foi um problema pra você, o clímax felizmente cumpre a promessa de eclosão num espetáculo de efeitos especiais práticos (obviamente) e ainda usa aquele personagem problemático de maneira quase insignificante mas que ajuda a tornar esse final em um evento muito satisfatório. isto é, se o terror venéreo te agrada, se esses "prazeres da carne" são tão bons pra você quanto eu estou descobrindo serem pra mim
o falatório do Jeff Goldblum é de muito bom gosto aqui, e imagino que não deve ter sido tão bem usado assim até hoje (mas ainda tenho muitos filmes pra ver). os monólogos variam de pequenas observações excêntricas a explosões sem pudor de ideias fervilhando na cabeça dos artistas sobre a transformação do corpo humano. até quando o cientista se torna uma besta, ainda retém um jeito peculiar de falar
Hellboy
3.3 392 Assista Agoraservos de Deus verão você rancar seus chifres e vão dizer "esse filme é do demônio"
Enter The Void: Viagem Alucinante
4.0 871 Assista Agoraapesar de toda a alienação provida pelo constante fluxo de drogas na noite, esse é um filme sentimental; se Climax era talvez só choque e técnica dissonante pra alguns, Enter the Void é bem claro com a intenção de beber de uma fonte emocional familiar (às vezes até piegas) e tocante com cada longo movimento da câmera e cada espiada em pontos separados da noite em Tóquio.
então, a duração do filme se justifica muito bem quando essa experiência espiritual lenta cria espaço pra mover o espectador, mas este provavelmente vai se perguntar, muitas vezes, por que nós acompanhamos, sei lá, um terço da duração mostrando o que acontece com aquele amigo cabeludo ou quando o filme fica um hora consecutiva (provavelmente) mostrando diversos casais fazendo sexo. não dá pra entender. é um filme surpreendentemente significativo no meio de outro desnecessário
lembra bastante Requiem for a Dream, se aquele filme não fosse um fracasso
Magic Mike XXL
3.2 469 Assista Agoraeu vi que o diretor tinha mudado e já esperei uma sequência genérica, mas não é nada disso. parece um híbrido de documentário de uma equipe de male entertainers viajando com dramatizações das interações entre eles e os outros que encontram na jornada. a dinâmica dos personagens é muito natural, do mesmo jeito que o filme anterior tinha entre os momentos mais convencionais. isso é legal e tal, mas é assim o filme todo. não sei explicar, não é ruim, mas simplesmente não faz sentido como filme; um ou outro momento realmente tem significado nessa vibe, mas o resto do filme parece que tá pra acontecer algo interessante enquanto os personagens ficam fazendo sala até a próxima performance dos caras acender o fogo de novo. não é ruim, não é sem propósito, mas... pouco cinematográfico
A Ilha de Bergman
3.5 37 Assista Agorao filme-dentro-do-filme é feito de um jeito tão despretensioso que a gente imagina como esse recurso poderia ter sido banal, mas acaba enriquecendo demais os temas da história. a parte "real" é intencionalmente entediante - ainda assim, por um bom tempo, e acaba sendo mais interessante intelectualmente do que emocionante -, exceto quando começa a música, que é maravilhosa.
mas é a "ficção" que é realmente adorável e desbloqueia o poder agridoce de Bergman Island. à Mia Wasikowska foi dada a liberdade para explodir de empolgação com a cerimônia de casamento e se entregar completamente ao romance trágico dela; assim como na parte real, existe uma doçura na qual as mulheres investem, mas dá em desilusão com a crueldade casual dos homens, mas essa questão presente no filme todo só realmente corta o coração quando a metalinguagem está em jogo
o pequeno enigma final mostra que, além desse recurso ser intrigante pra muitos espectadores, ele pode ser usado de maneira inteligente e apropriada sem abrir mão de simplicidade absoluta
Um Corpo que Cai
4.2 1,3K Assista Agoraainda tenho problemas com essa coisa de filmes antigos em que uma "aventura" chega a certa conclusão e o filme volta pra 1ª marcha, pra depois começar outro tipo de filme por uma hora até acabar. é uma pena, porque o filme antes era maravilhoso, perseguindo pistas etéreas que, quando se revelam, facilmente causam arrepios
Morte no Nilo
3.1 351 Assista Agoracomo uma chama iluminando uma sala escura, sugerindo requintes nas mesas e paredes e destacando personagens variados com um amarelo agradável, mas atrelando a eles sombras ameaçadoras. até quando o assassinato que desencadeia a "verdadeira" investigação só acontece na metade do filme, nos fomos gentilmente estimulados com intrigas prestes a estourarem.
ver o detetive trabalhar é muito satisfatório. o tema de amor bom ou amor ruim amarrando a trama toda é extremamente interessante, mas o filme realmente não está equipado pra nos transmitir a paixão trágica dos relacionamentos no roteiro. (fiquei pensando em quão incrível Linny seria se o potencial dela fosse alcançado, e o problema não é so a Gal Gadot.) ainda bem que o filme não depende desse aspecto de maneira nenhuma
Crimes do Futuro
3.2 263 Assista Agorauma das experiência mais imersivas que já tive, o filme nos transporta pra um mundo fascinante, contraditório, no qual vergonha e desinibição, auto-destruição e tabu se encontram como sombras e luz num chiaroscuro, todo exposto sem pudor em diálogos que são um fetiche à parte nesse cenário, vindo de personagens esquisitos que constantemente me fizeram sorrir com a ironia carregada por trás de cada fala que foi colocada no papel - mas ainda assim cheias de perguntas vitais sobre nossa relação com nossos corpos, arte, e a lei. os cenários são limitados - de modo intencional, assim como os últimos filmes do diretor -; isso não é ruim, e novamente evocam algo estranho no espectador com sua vaga artificialidade, além de contarem com paredes danificadas, escritórios decrépitos e enormes navios jogados à ferrugem. porém, o filme é transportivo em como os personagens povoam a tela, suas falas intencionalmente fora do eixo e que vão pintando uma pintura cada vez mais bizarra... e por mais que o conceito seja agressivamente alienador, eu posso atestar que a obra é muito instigante se você já está mais pra lá do que pra cá - do contrário, nem na filmografia do diretor você deveria começar por Crimes of the Future.
não dá pra entender porra nenhuma da trama, mas o personagem do Viggo Mortensen é fascinante, numa atuação que (só) parece não mudar de antes pra depois do que descobrimos sobre ele; quando a ocasional cena afunda brevemente o filme em melancolia, a reação controlada de Saul é a epítome de um mundo que parecia ter se livrado da dor
Jogos Vorazes
3.8 5,0K Assista Agoraembora claramente associada à trend de adaptações young adult da década passada - e apesar de ter diálogos e certas caracterizações apropriadamente pedestres -, o primeiro filme de Hunger Games é bem mais ponderado e urgente do que aqueles fracassos que inundaram pelo menos o Cinema uns 10 anos atrás.
enquanto o cenário de ficção científica ou fantasia deveria ser uma fachada mal elaborada, cheia de buracos, o mundo aqui é crível; enquanto a trama deveria se dobrar pro público adolescente se indulgir em drama que não envelhece bem, o roteiro aqui se preocupa em explorar todo o impacto desse cenário cruel no psicológico de crianças. esse é um filme que começa com os ditadores discutindo calmamente o "esporte" do título e faz um corte abrupto pra gritos de uma criança oprimida; que sugere um histórico de revoltas no país e, quando um distrito explode em violência, esse protesto nunca mais é mencionado. pode ser uma ponta solta pros próximos filmes, mas não deixa de mostrar inteligência por trás das câmeras... e nada nesse filme requere que você assista o próximo.
não que seja errado levar em conta as preocupações adolescentes, inclusive o filme não deixa de fazer isso... embora, como de resto, isso funcione muito mais na esfera especulativa do que no íntimo, como é o caso do romance e do triângulo amoroso, que é um fracasso neste aspecto mas fascinante naquele, por causa da manipulação que os poderosos exercem constantemente sobre nossa heroína (eu não dou a mínima pro nosso tributo homem).
isso também é interessante, já que o filme é dirigido exclusivamente em close-ups e editado em ritmo de metralhadora, o que estabelece um tom nervoso e mais preocupado com as tribulações da protagonista que os sets distópicos, mas é a razão que a ação falha cada vez mais, tornando as lutas corpo a corpo em intervalos que a tela é incompreensível por alguns segundos e que terminam com um personagem morto.
como qualquer bom longa comercial, dá pra fazer uma lista enorme de erros e acertos (afinal, quais são os artistas interpretando canções originais da trilha sonora? Arcade Fire e... Taylor Swift), mas a estrutura já é excelente e só precisa de uma execução certeira, e é isso que eu espero do Francis Lawrence. Hunger Games é YA com profundidade emocional e, nossa, uma premissa que não serve de piada toda vez q eu penso nela