James Mangold (Logan, 2017) definitivamente se firma como um excepcional condutor neste "Ford Vs Ferrari". Um dos melhores filmes de 2019, colecionou diversas e merecidas premiações, incluindo dois Oscar (Melhor Edição e Melhor Edição de Som). Aliás a edição assinada pelo fera Michael McCusker (que editou Walk The Line, de 2005, também dirigido por Mangold) é um dos pontos fortes do filme, tendo vencido inúmeros prêmios. A trama é por si só interessante, a narrativa é redonda, as tomadas de corrida são de tirar o fôlego e as atuações de Bale e Damon dispensam comentários. É impossível terminar de ver e não ficar com aquela sensação de que acabou de assistir um grande filme. Dica: Confiram "The Call Of The Wild" (2020), também dirigido por Mangold, adaptação do clássico livro de Jack London, com Harrison Ford.
Independente da problematização sobre ser ou não feminista, acho que sempre devemos considerar um filme pela sua proposta. No caso estamos falando de uma peça de puro entretenimento no gênero "filmes de ação" com personagens de HQ's. Nesse sentido, "Birds of Prey" atende muito bem no quesito cenas de luta, edição, montagem e efeitos especiais. É trabalho árduo e competente de muita gente ali. Posto isso, merece ser visto só pelo fato de ser dirigido pela promissora sino americana Cathy Yan, que mais uma vez, a exemplo de seu trabalho prévio na comédia "Dead Pigs" (2018), mostrou ser capaz de explorar a profundidade das personagens e neste filme contou com um elenco de peso para isso. Tem muita ação, ótimos diálogos, é dinâmico e equilibra muito bem o humor e o drama, como deve ser num filme sobre heróis (e vilões) da DC. Mesmo perdendo um pouco de força e dinamismo nas cenas finais, é um bom filme. Destaque para as atuações do delicioso Ewan McGregor (sempre um deleite) e da contagiante Margot Robbie. Ansioso para vê-la novamente como Arlequina em "Gotham City Sirens" - esperado para 2022, no qual ela também trabalha na produção - e no aguardadíssimo "Bad Monkeys" (programado para 2023), escrito pelo estreante Matt Ruff.
A história de Marighella se confunde com a própria história política do Brasil, do PCB e da luta socialista neste país. Ele não mediu esforços. Estava imerso nisso dos pés à cabeça e morreu por isso. Aos detratores, sempre covardes, medíocres e frustrados, resta a amargura de reconhecer que, parafraseando Guimarães Rosa, pessoas como Marighella de fato não morrem, apenas voltam a se tornar encantadas. Carlos homem, político e guerreiro está imortalizado em sonhos e memórias que ciclicamente sempre hão de assombrar aqueles que desejam o povo prostrado e servil. A insurgência das ideias de lutadores como ele se consubstancia em cada levante popular que ocorrer em qualquer lugar ou época. Salve Carlos, homem leal.
A marca de Garland está lá. Para mim houve momentos do filme que lembraram bastante Ex-Machina. Ele definitivamente tem sua própria mise en scène. Já no roteiro não me pareceu que foi tão feliz, embora eu não tenha subsídio para opinar legitimamente, uma vez que não li o original. Não consigo deixar de pensar que a narrativa poderia ser um pouco mais dinâmica sem perder o foco nas questões extremamente psicológicas que o filme aborda. Portman, atriz por quem nutro admiração, me decepcionou. Não vi nela a mesma intensidade que já foi sua marca registrada (Cisne Negro). Para se ter uma ideia do que estou falando poderia comparar seu personagem aqui com o de Emilia de As Coisas Impossíveis do Amor (2009) - igualmente imperfeito, amargo, problemático e também em uma luta interior e exterior - no qual, em minha humilde opinião ela se saiu muitíssimo melhor. No geral o filme vai desagradar porque fica uma impressão de que não entrega o que promete. Claro, supondo que o que foi "prometido" é mais uma ficção científica tosca e sem qualquer sofisticação intelectual, marca do gênero no século 21.
A atuação de Mary Elizabeth Winstead realmente é o que justifica o filme, apesar das atmosferas bem trabalhadas em certas cenas e da trilha sonora e fotografia ok. Agora o que ninguém talvez tenha se perguntado é: são essas pessoas que estão cuidando e ensinando nossos filhos? Hahaha!
Interessante o fato de eu ser o primeiro a avaliar este filme aqui no site. Longe de ser um filme ruim, é quase impossível não pensar que L'homme de chevet pode ser o elo perdido que talvez tenha inspirado o sobrevalorizado Intouchables de 2011. Até porque o roteiro acaba resvalando, não tanto como o sucessor, na comédia. Entretanto o faz de forma muito mais sutil e sensível. Um drama denso, de ritmo um pouco arrastado mas que acaba funcionando. As citações de Rimbaud, Bukowski e outros escritores agradavelmente não soam pedantes e ajudam a refletir o tema do amor incondicional e puro e de como ele pode surgir onde menos se espera. Vale pela leveza da atuação da bela Sophie Marceau (007 - The World is Not Enough - 1999 e Braveheart - 1995) e pela oportunidade de ver Lambert em um papel tão diverso do usual. Além disso, Cartagena propicia um cenário único e belíssimo, retratado com maestria por Antoine Roch. Único longa sob a batuta de Alain Monne, para ser apreciado com um bom vinho e em boa companhia.
Este filme está underrated aqui no Filmow. A trama é boa, foi bem dirigido por Mackenzie, que é um dos melhores diretores britânicos, a fotografia, de muito bom gosto, executada pelo premiado Giles Nuttgens e a música assinada por ninguém menos que David Byrne fazem deste um daqueles filmes destinados a serem notados apenas por "quem manja" se é que me entendem. Mas o ponto alto fica mesmo por conta das atuações impecáveis de McGregor que é, senão o melhor, um dos três melhores atores europeus de sua geração e das belas Tilda Swinton e Emily Mortimer. Destaque para as cenas "ardentes" que, muito provavelmente, justificaram o título brasileiro grotesco o qual em nada contribui para divulgar um longa que sem dúvida merece ser visto.
O gênero da ficção científica é prolífico é fornecer verdadeiras bombas cinematográficas, seja pelos enredos esdrúxulos ou pelo romanceamento ou foco na ação excessivos, que acabam comprometendo aquilo que deveria ser uma reflexão sobre o tempo, espaço e nossas inquietudes em relação à existência e ao desconhecido. Isso não ocorre com Interestelar. O que já era de se esperar, contando com a consultoria científica de ninguém menos do que Kip Thorne, um dos maiores físicos teóricos de nosso tempo. De saída é bom dizer que assistir ao longa apenas uma vez não será suficiente para absorver toda a gama de teoria física e astronômica que inspirou e permeia toda a história. Muitos termos, conceitos e aplicações do que é dito é inacessível ao grande público, o que de forma alguma compromete o aproveitamento do filme enquanto entretenimento, pelo contrário o deixa mais rico e interessante. Paralelos com outras obras do gênero podem não ser justos mas acabam sendo inevitáveis, uma vez que o tema tratado aqui é recorrente e já foi bastante explorado, nem sempre de maneira feliz (vide o terrível Gravity de 2013). Entretanto alguns aspectos acabam por remeter a bons exemplares como Contact (1997) e à obra mater da ficção científica de todos os tempos, 2001: A Space Odissey (1968), sobretudo a sequência final do último. Inclusive, um fato interessante é que tanto em Interestelar quanto em 2001 o planeta alvo das expedições é Saturno, tendo sido substituído por Júpiter no longa de Kubrick devido à impossibilidade de representar convincentemente os anéis do sexto planeta do Sistema Solar com os recursos disponíveis na época. Temos aqui uma cada vez mais rara conjunção de bom roteiro, produção, elenco (Matthew McConaughey está formidável), e direção impecáveis. Direção de arte e efeitos visuais excelentes (a representação do cilindro de O'neill é surpreendente). Recomendadíssimo!
Como é bom ver um filmaço e saber que ele foi feito nos dias atuais. Coisa rara. O roteiro e a direção de Chazelle só fazem confirmar a empolgação gerada pelo curta que antecedeu essa versão e que recebeu o prêmio do juri de melhor curta-metragem do Festival de Sundance de 2013. Em sua promissora carreira, Whiplash com certeza é seu maior acerto até agora. A história é interessante, muito bem contada e, principalmente, resolvida sem a necessidade de recursos manjados como elipses, metalinguagens e clichês afins. É impossível não traçar um paralelo entre esta trama e a de outro grande filme recente: Black Swan (2010) de Darren Aronofsky. Afinal, ambos contam histórias muito parecidas e focam num personagem em busca da lapidação obsessiva de seus talentos. A pressão e o assédio na figura de um mestre nada ético, a obstinação, a inveja, a frustração, a figura do pai/mãe solteiro e super protetor, o sacrifício na busca da perfeição e a consequente redenção, tudo está lá em ambos os filmes. Digamos que é feliz coincidência, uma vez que Chazelle também foi estudante de bateria e sofreu com a rudeza de um professor o que confere certo caráter autobiográfico ao filme. Nota também para a fotografia límpida de Sharone Meir, cuja crueza realística fecha perfeitamente com a intenção de se ater ao tema central, sem distrações e afetações desnecessárias. Produção e trilha sonora de muito bom gosto acompanham as atuações mais que sólidas de J.K. Simmons (por sinal sensacional) e Miles Teller. Enfim, para ser visto e revisto.
O fato de ter sido gravado ao longo de 12 anos (coisa que Linklater já havia feito de forma diferente na trilogia Antes do Amanhecer) é o que confere originalidade ao projeto e proporciona a tão badalada reflexão sobre o lapso de tempo e suas implicações, tanto na experiência estética do filme em si quanto nos desdobramentos relativos à percepção dos efeitos dessa síntese na tela. A trilha sonora, vale frisar, é de muito bom gosto e denota uma pesquisa musical da cena independente ao longo dos anos de gravação do filme, o que é outro fator que gera certo interesse. Agora um esforço para retirar algo dessa "super sessão da tarde": o roteiro mostra como o modo de vida ianque é chato, previsível e castrador. Numa perene reflexão, a completa absorção pelo sistema do personagem central vivido pelo promissor Ellar Coltrane nos recorda como nossa natureza pode ser esmagada por padrões de uma sociedade de consumo do porte dos Estados Unidos. Deixa claro como nossas vidas podem parecer programadas para que contestações pertinentes que fazemos na adolescência lá permaneçam em meio a toda a confusão e transitoriedade dessa idade tão desconfortável e desesperadora. Aquele velho papo de que a contracultura é filhote da cultura e vai fazer tudo o que a mamãe mandar. Afinal, até a revolta contra o sistema já está prevista no sistema (alô, Matrix?). Porém, mesmo com produção mais do que competente, boa fotografia e elenco, infelizmente Boyhood não empolga como filme, somente como realização cinematográfica. Interessante, apenas.
Um brinde aos amantes da música, Let's Get Lost é um dos cada vez mais raros documentários verossímeis (um paradoxo, já que a palavra documentário pressupõe a verdade, nem sempre sendo assim). A linha de entrevista escolhida prima pela contundência e questões delicadas não são poupadas mesmo na entrevista com a mãe de Chet. Como numa boa biografia, autorizada ou não, as cenas vão revelando mais do que se espera e isso deleita mesmo quem não é fã, afinal a curiosidade é inerente a todo nós e ainda mais quando a personalidade em tela é um dos maiores músicos de jazz que já viveram. No quesito visual nada poderia ser mais apropriado que a atmosfera chique, pungente e quase erótica de um catálogo masculino de Calvin Klein, que é justamente a referência aqui, na fotografia p&b primorosa de Bruce Weber e cinematografia idem de Jeff Preiss. Sem dúvida o intimismo, marca registrada do estilo do trumpetista, permeia a direção artística e editorial deixando a sensação deliciosa de proximidade com sua rica, trágica e lendária trajetória. Julgamentos morais à parte, ao final do filme todos se sentirão velhos conhecidos do Chet.
Sabe aquele joguinho antigo chamado "Batalha Naval"? É aquele no qual você diz as coordenadas combinando uma letra na linha horizontal e um número na vertical (ou vice versa) e vê se acerta uma embarcação da esquadra inimiga. Pois esse filme deixou a impressão de que Woody Allen preferiu atingir mais um pedacinho de um encouraçado ou submarino do que se arriscar tentando acertar o tão cobiçado porta-aviões e acabar dando um tiro n'água. Não arrisca, não impressiona. Promete, mas não entrega nem de longe "aquele" filme que se espera quando se trata do diretor de Manhattan, Radio Days e tantas outras pérolas. Duas estrelas: uma pela atuação de Colin Firth e outra pela direção de fotografia primorosa de Darius Khondji.
Os anos 90 foram mesmo uma época de indefinição e tédio. Com a Internet discada, a Tv fechada ainda muito restrita e a MTV e as revistas juvenis ditando comportamentos, o que se viveu foi uma década de desinformação e ansiedade. Esse pastiche mal editado de Andrew Fleming (diretor de séries obscuras como The Wedding Band e longas nauseantes como The Craft) é tão pueril, incipiente e tolo que só mesmo um público adolescente alienado e terrivelmente mal formado como a juventude dos 90 poderia receber de forma positiva. Revendo hoje em dia chega a ser irritante a maneira atropelada como o filme se desenvolve.
Momentos cruciais do roteiro são decepados (como quando Eddy e Stuart se conhecem e firmam sua amizade) e sequências irrelevantes privilegiadas (como a cena do "scarry Larry"). Parece que o filme consiste em alguns episódios do que era pra ser mais um seriado de três temporadas comprimidos em apressados noventa e poucos minutos. Pra não dizer que nada se salva, a atuação de Josh Charles ganha em profundidade e chega a ser interessante quando comparada à performance pífia de Lara Flynn Boyle e Stephen (o mais jovem e menos talentoso do clã Baldwin). Como tiro de misericórdia, Andrew sequer se furtou de escancarar Jules e Jim de Truffaut como referência óbvia. É patético como os personagens supostamente intelectualizados (Eddy e Alex) julgam como pseudo-intelectual o personagem Stuart, quando de fato são todos frívolos e massificados comedores de pizza e bebedores de Buddweiser.
As citações são óbvias e pedantes e a trilha sonora procura claramente compensar a ausência de carga dramática da montagem toda. Mas enfim, como bem versou o poeta polaco Paulo Leminski: "Podem ficar com a realidade Esse baixo astral Em que tudo entra pelo cano
Eu quero viver de verdade Eu fico com o cinema americano"
A razão pela qual é justificável encarar os 87 minutos dessa sitcom estendida é o frescor e a presença doce e brilhante (não no sentido intelectual) de Greta Gerwig (sem ela seriam 2,5 estrelas). Não vou me ater muito ao valor dela como atriz, produtora ou diretora, ou de sua contribuição com o Mumblecore junto ao namorado Noah Baumbach até porque não assisti outros filmes com ela além do mais recente Frances-Ha de 2013 (dirigido por Noah e que mais parece a continuação em P&B deste Lola Versus) e No Strings Attached de 2011 que nem conta pois nesse caso seu papel era menor. Não, ainda não vi To Rome With Love (2012). O que se pode dizer de interessante do filme é a concepção (por tentar renovar o gênero) e por ser um filme honesto e leve.
É interessante porque começa onde as comédias românticas geralmente terminam, no pedido de casamento. Tem uma carga de "nova-iorquismo" considerável, o que não é de forma alguma desagradável, afinal se trata de uma cosmópole fascinante (quem pode menosprezar Nova Iorque?). Por esse ponto, é impossível não lembrar dos clássicos de Woddy Allen. Porém quando chegamos ao desdobramento do roteiro, a coisa complica. As situações propostas são até bacanas mas as resoluções nem tanto. A inverissimilidade da personagem de Greta também pesa um pouco, afinal é difícil sentir pena dela: bonita, estudando para concluir um doutorado em Literatura, dormindo com homens bonitos, tirando onda com os clientes no restaurante da mamãe e se divertindo até nos momentos de maior sofrimento emocional.
No mais, parece que em alguns momentos quiseram jogar fora os clichês de filmes consagrados do gênero mas exageraram um pouco, o que não torna o filme "inassistível" de forma alguma. Pelo contrário, até dei umas risadas.
À primeira vista parece se tratar de uma comédia bem insossa. Porém vou mostrar a vocês do que realmente se trata esse roteiro, revelando seus significados ocultos.
Temos aqui uma crítica pungente ao republicanismo americano, aquele de Nixon, Reagan e Bush: belicista, ufanista, opressor, manipulador dos setores da sociedade e da mídia. Essa ala conservadora da política americana, aqui representada pelo personagem de Bob Pickler (Ty Burrel), um modelo de líder que está ultrapassado, ninguém mais compra aquela mensagem de "Deus abençoe a América e ninguém mais". A America branca próspera e arrogante, cheia de hipocrisia que antecedeu o 11 de setembro. Ele nem chega a competir pela predileção popular, o que leva à criação de uma nova figura que representa e defende os valores tradicionalistas americanos: a amoral Laura Pickler, uma mulher branca, típica defensora da família americana, que não medirá esforços para manter a hegemonia republicana, mesmo que isso signifique ignorar os envolvimentos escusos do marido com o submundo, os vícios da sociedade americana (a prostituta Brooke, vivida por Olivia Wilde) e que devora mesmo sua filha. O ideal republicano é podre e inconsciente desde o berço, não medirá esforços para se manter no poder, nem que para isso tenha de recorrer ao que há de mais escroto no ideário ianque: Boyd Bolton, o caipira sulista sem caráter e muito cristão interpretado por Hugh Jackman ou mesmo "derreter e desfigurar" a própria nação americana (representada, no caso, pela manteiga!) A menina Destiny - que significa destino, em português - (Yara Shahidi) é Obama, o festejado novo destino da nova America que espera "esculpir" uma imagem melhor para si e para o mundo, um país que se reergueu da crise e da ameaça terrorista, um país que, como sua personagem conclama no discurso de vitória, ousa sonhar com dias melhores e mais justos. O casal que adota Destiny representa a população branca que aceitou Obama e sua mensagem social-humanitária. Eles temiam adotar um bebê, porque este correria o risco de ser criado pelos valores antigos, que eles tem dentro de si. Eles temem a si mesmos e expiam seus pecados acolhendo a menina negra (que coincidentemente tem raízes de fato africanas... alguma semelhança com o presidente democrata?). Justiça pela culpa? Tanto é assim como vos explico, que as esculturas no final do filme representam exatamente isso: a de Laura retrata a morte de Kennedy, ou seja, o ideal democrata morto, a tragédia do triunfo do poder oculto nos EUA que culminou com décadas de guerras e corrupção e finalmente o 11 de setembro. Algo que ela deseja celebrar e reviver. A de Destiny um bebê negro no colo da mãe, ou seja, o nascimento de uma nova nação, que a adversária tentará desfigurar, destruir, aniquilar a todo custo. Na verdade foi tudo muito bem trabalhado. A mensagem está lá em cada detalhe. Para mim esse filme é na verdade uma campanha de "fica Obama".
Um clássico. Antes da versão de Lang para a peça de Ferenc Molnár, houve uma tentativa inacabada em 1919, do diretor Michael Curtiz e uma outra boa adaptação em inglês dirigida por Frank Borzage. Mas o que me lembrei de curiosidade mesmo é de um desenho do Tom & Jerry inspirado provavelmente na versão de Lang, muito engraçado.
Quem não tiver a cabeça aberta para experiências cinematográficas, principalmente no que diz respeito a roteiros metalinguísticos, pode não gostar muito. Achei mais que válido e o resultado final ficou bem bacana. Destaque para a trilha excelente, para a interpretação notável do Sam Rockwell e para Walken, como sempre fora de série.
Ford vs Ferrari
3.9 713 Assista AgoraJames Mangold (Logan, 2017) definitivamente se firma como um excepcional condutor neste "Ford Vs Ferrari". Um dos melhores filmes de 2019, colecionou diversas e merecidas premiações, incluindo dois Oscar (Melhor Edição e Melhor Edição de Som). Aliás a edição assinada pelo fera Michael McCusker (que editou Walk The Line, de 2005, também dirigido por Mangold) é um dos pontos fortes do filme, tendo vencido inúmeros prêmios.
A trama é por si só interessante, a narrativa é redonda, as tomadas de corrida são de tirar o fôlego e as atuações de Bale e Damon dispensam comentários.
É impossível terminar de ver e não ficar com aquela sensação de que acabou de assistir um grande filme.
Dica: Confiram "The Call Of The Wild" (2020), também dirigido por Mangold, adaptação do clássico livro de Jack London, com Harrison Ford.
Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa
3.4 1,4KIndependente da problematização sobre ser ou não feminista, acho que sempre devemos considerar um filme pela sua proposta. No caso estamos falando de uma peça de puro entretenimento no gênero "filmes de ação" com personagens de HQ's.
Nesse sentido, "Birds of Prey" atende muito bem no quesito cenas de luta, edição, montagem e efeitos especiais. É trabalho árduo e competente de muita gente ali. Posto isso, merece ser visto só pelo fato de ser dirigido pela promissora sino americana Cathy Yan, que mais uma vez, a exemplo de seu trabalho prévio na comédia "Dead Pigs" (2018), mostrou ser capaz de explorar a profundidade das personagens e neste filme contou com um elenco de peso para isso.
Tem muita ação, ótimos diálogos, é dinâmico e equilibra muito bem o humor e o drama, como deve ser num filme sobre heróis (e vilões) da DC. Mesmo perdendo um pouco de força e dinamismo nas cenas finais, é um bom filme. Destaque para as atuações do delicioso Ewan McGregor (sempre um deleite) e da contagiante Margot Robbie. Ansioso para vê-la novamente como Arlequina em "Gotham City Sirens" - esperado para 2022, no qual ela também trabalha na produção - e no aguardadíssimo "Bad Monkeys" (programado para 2023), escrito pelo estreante Matt Ruff.
Marighella
4.1 112A história de Marighella se confunde com a própria história política do Brasil, do PCB e da luta socialista neste país. Ele não mediu esforços. Estava imerso nisso dos pés à cabeça e morreu por isso. Aos detratores, sempre covardes, medíocres e frustrados, resta a amargura de reconhecer que, parafraseando Guimarães Rosa, pessoas como Marighella de fato não morrem, apenas voltam a se tornar encantadas. Carlos homem, político e guerreiro está imortalizado em sonhos e memórias que ciclicamente sempre hão de assombrar aqueles que desejam o povo prostrado e servil. A insurgência das ideias de lutadores como ele se consubstancia em cada levante popular que ocorrer em qualquer lugar ou época. Salve Carlos, homem leal.
Loucamente Apaixonados
3.5 1,2K Assista AgoraQuem em sã consciência trocaria Jennifer Lawrence pela Felicity Jones duas vezes? Rsrs. Brincadeira.
Agora falando sério, o maís triste desse filme é ver o Anton Yelchin... RIP ;(
PS: Maldita Chrysler!
Aniquilação
3.4 1,6K Assista AgoraA marca de Garland está lá. Para mim houve momentos do filme que lembraram bastante Ex-Machina. Ele definitivamente tem sua própria mise en scène. Já no roteiro não me pareceu que foi tão feliz, embora eu não tenha subsídio para opinar legitimamente, uma vez que não li o original. Não consigo deixar de pensar que a narrativa poderia ser um pouco mais dinâmica sem perder o foco nas questões extremamente psicológicas que o filme aborda.
Portman, atriz por quem nutro admiração, me decepcionou. Não vi nela a mesma intensidade que já foi sua marca registrada (Cisne Negro). Para se ter uma ideia do que estou falando poderia comparar seu personagem aqui com o de Emilia de As Coisas Impossíveis do Amor (2009) - igualmente imperfeito, amargo, problemático e também em uma luta interior e exterior - no qual, em minha humilde opinião ela se saiu muitíssimo melhor.
No geral o filme vai desagradar porque fica uma impressão de que não entrega o que promete. Claro, supondo que o que foi "prometido" é mais uma ficção científica tosca e sem qualquer sofisticação intelectual, marca do gênero no século 21.
Smashed: De Volta à Realidade
3.5 178 Assista AgoraA atuação de Mary Elizabeth Winstead realmente é o que justifica o filme, apesar das atmosferas bem trabalhadas em certas cenas e da trilha sonora e fotografia ok.
Agora o que ninguém talvez tenha se perguntado é: são essas pessoas que estão cuidando e ensinando nossos filhos? Hahaha!
Anita e Garibaldi
2.5 39Credo! Que vergonha alheia!
Sentidos do Amor
4.1 1,2KSerá que o Saramago processou a BBC filmes por isso?
Cartagena
3.0 5Interessante o fato de eu ser o primeiro a avaliar este filme aqui no site. Longe de ser um filme ruim, é quase impossível não pensar que L'homme de chevet pode ser o elo perdido que talvez tenha inspirado o sobrevalorizado Intouchables de 2011. Até porque o roteiro acaba resvalando, não tanto como o sucessor, na comédia. Entretanto o faz de forma muito mais sutil e sensível. Um drama denso, de ritmo um pouco arrastado mas que acaba funcionando. As citações de Rimbaud, Bukowski e outros escritores agradavelmente não soam pedantes e ajudam a refletir o tema do amor incondicional e puro e de como ele pode surgir onde menos se espera. Vale pela leveza da atuação da bela Sophie Marceau (007 - The World is Not Enough - 1999 e Braveheart - 1995) e pela oportunidade de ver Lambert em um papel tão diverso do usual. Além disso, Cartagena propicia um cenário único e belíssimo, retratado com maestria por Antoine Roch. Único longa sob a batuta de Alain Monne, para ser apreciado com um bom vinho e em boa companhia.
Pecados Ardentes
3.1 49 Assista AgoraEste filme está underrated aqui no Filmow. A trama é boa, foi bem dirigido por Mackenzie, que é um dos melhores diretores britânicos, a fotografia, de muito bom gosto, executada pelo premiado Giles Nuttgens e a música assinada por ninguém menos que David Byrne fazem deste um daqueles filmes destinados a serem notados apenas por "quem manja" se é que me entendem. Mas o ponto alto fica mesmo por conta das atuações impecáveis de McGregor que é, senão o melhor, um dos três melhores atores europeus de sua geração e das belas Tilda Swinton e Emily Mortimer. Destaque para as cenas "ardentes" que, muito provavelmente, justificaram o título brasileiro grotesco o qual em nada contribui para divulgar um longa que sem dúvida merece ser visto.
Frenesi
3.9 272 Assista Agora"Mr. Rusk, you're not wearing your tie..."
Interestelar
4.3 5,7K Assista AgoraO gênero da ficção científica é prolífico é fornecer verdadeiras bombas cinematográficas, seja pelos enredos esdrúxulos ou pelo romanceamento ou foco na ação excessivos, que acabam comprometendo aquilo que deveria ser uma reflexão sobre o tempo, espaço e nossas inquietudes em relação à existência e ao desconhecido. Isso não ocorre com Interestelar. O que já era de se esperar, contando com a consultoria científica de ninguém menos do que Kip Thorne, um dos maiores físicos teóricos de nosso tempo.
De saída é bom dizer que assistir ao longa apenas uma vez não será suficiente para absorver toda a gama de teoria física e astronômica que inspirou e permeia toda a história. Muitos termos, conceitos e aplicações do que é dito é inacessível ao grande público, o que de forma alguma compromete o aproveitamento do filme enquanto entretenimento, pelo contrário o deixa mais rico e interessante.
Paralelos com outras obras do gênero podem não ser justos mas acabam sendo inevitáveis, uma vez que o tema tratado aqui é recorrente e já foi bastante explorado, nem sempre de maneira feliz (vide o terrível Gravity de 2013). Entretanto alguns aspectos acabam por remeter a bons exemplares como Contact (1997) e à obra mater da ficção científica de todos os tempos, 2001: A Space Odissey (1968), sobretudo a sequência final do último. Inclusive, um fato interessante é que tanto em Interestelar quanto em 2001 o planeta alvo das expedições é Saturno, tendo sido substituído por Júpiter no longa de Kubrick devido à impossibilidade de representar convincentemente os anéis do sexto planeta do Sistema Solar com os recursos disponíveis na época.
Temos aqui uma cada vez mais rara conjunção de bom roteiro, produção, elenco (Matthew McConaughey está formidável), e direção impecáveis. Direção de arte e efeitos visuais excelentes (a representação do cilindro de O'neill é surpreendente). Recomendadíssimo!
Whiplash: Em Busca da Perfeição
4.4 4,1K Assista AgoraComo é bom ver um filmaço e saber que ele foi feito nos dias atuais. Coisa rara. O roteiro e a direção de Chazelle só fazem confirmar a empolgação gerada pelo curta que antecedeu essa versão e que recebeu o prêmio do juri de melhor curta-metragem do Festival de Sundance de 2013. Em sua promissora carreira, Whiplash com certeza é seu maior acerto até agora.
A história é interessante, muito bem contada e, principalmente, resolvida sem a necessidade de recursos manjados como elipses, metalinguagens e clichês afins. É impossível não traçar um paralelo entre esta trama e a de outro grande filme recente: Black Swan (2010) de Darren Aronofsky. Afinal, ambos contam histórias muito parecidas e focam num personagem em busca da lapidação obsessiva de seus talentos. A pressão e o assédio na figura de um mestre nada ético, a obstinação, a inveja, a frustração, a figura do pai/mãe solteiro e super protetor, o sacrifício na busca da perfeição e a consequente redenção, tudo está lá em ambos os filmes. Digamos que é feliz coincidência, uma vez que Chazelle também foi estudante de bateria e sofreu com a rudeza de um professor o que confere certo caráter autobiográfico ao filme.
Nota também para a fotografia límpida de Sharone Meir, cuja crueza realística fecha perfeitamente com a intenção de se ater ao tema central, sem distrações e afetações desnecessárias. Produção e trilha sonora de muito bom gosto acompanham as atuações mais que sólidas de J.K. Simmons (por sinal sensacional) e Miles Teller.
Enfim, para ser visto e revisto.
Boyhood: Da Infância à Juventude
4.0 3,7K Assista AgoraO fato de ter sido gravado ao longo de 12 anos (coisa que Linklater já havia feito de forma diferente na trilogia Antes do Amanhecer) é o que confere originalidade ao projeto e proporciona a tão badalada reflexão sobre o lapso de tempo e suas implicações, tanto na experiência estética do filme em si quanto nos desdobramentos relativos à percepção dos efeitos dessa síntese na tela.
A trilha sonora, vale frisar, é de muito bom gosto e denota uma pesquisa musical da cena independente ao longo dos anos de gravação do filme, o que é outro fator que gera certo interesse.
Agora um esforço para retirar algo dessa "super sessão da tarde": o roteiro mostra como o modo de vida ianque é chato, previsível e castrador. Numa perene reflexão, a completa absorção pelo sistema do personagem central vivido pelo promissor Ellar Coltrane nos recorda como nossa natureza pode ser esmagada por padrões de uma sociedade de consumo do porte dos Estados Unidos. Deixa claro como nossas vidas podem parecer programadas para que contestações pertinentes que fazemos na adolescência lá permaneçam em meio a toda a confusão e transitoriedade dessa idade tão desconfortável e desesperadora. Aquele velho papo de que a contracultura é filhote da cultura e vai fazer tudo o que a mamãe mandar. Afinal, até a revolta contra o sistema já está prevista no sistema (alô, Matrix?).
Porém, mesmo com produção mais do que competente, boa fotografia e elenco, infelizmente Boyhood não empolga como filme, somente como realização cinematográfica. Interessante, apenas.
Let's Get Lost
4.4 8Um brinde aos amantes da música, Let's Get Lost é um dos cada vez mais raros documentários verossímeis (um paradoxo, já que a palavra documentário pressupõe a verdade, nem sempre sendo assim). A linha de entrevista escolhida prima pela contundência e questões delicadas não são poupadas mesmo na entrevista com a mãe de Chet. Como numa boa biografia, autorizada ou não, as cenas vão revelando mais do que se espera e isso deleita mesmo quem não é fã, afinal a curiosidade é inerente a todo nós e ainda mais quando a personalidade em tela é um dos maiores músicos de jazz que já viveram.
No quesito visual nada poderia ser mais apropriado que a atmosfera chique, pungente e quase erótica de um catálogo masculino de Calvin Klein, que é justamente a referência aqui, na fotografia p&b primorosa de Bruce Weber e cinematografia idem de Jeff Preiss.
Sem dúvida o intimismo, marca registrada do estilo do trumpetista, permeia a direção artística e editorial deixando a sensação deliciosa de proximidade com sua rica, trágica e lendária trajetória. Julgamentos morais à parte, ao final do filme todos se sentirão velhos conhecidos do Chet.
Magia ao Luar
3.4 569 Assista AgoraSabe aquele joguinho antigo chamado "Batalha Naval"? É aquele no qual você diz as coordenadas combinando uma letra na linha horizontal e um número na vertical (ou vice versa) e vê se acerta uma embarcação da esquadra inimiga. Pois esse filme deixou a impressão de que Woody Allen preferiu atingir mais um pedacinho de um encouraçado ou submarino do que se arriscar tentando acertar o tão cobiçado porta-aviões e acabar dando um tiro n'água. Não arrisca, não impressiona. Promete, mas não entrega nem de longe "aquele" filme que se espera quando se trata do diretor de Manhattan, Radio Days e tantas outras pérolas. Duas estrelas: uma pela atuação de Colin Firth e outra pela direção de fotografia primorosa de Darius Khondji.
Três Formas de Amar
3.8 272 Assista AgoraOs anos 90 foram mesmo uma época de indefinição e tédio. Com a Internet discada, a Tv fechada ainda muito restrita e a MTV e as revistas juvenis ditando comportamentos, o que se viveu foi uma década de desinformação e ansiedade. Esse pastiche mal editado de Andrew Fleming (diretor de séries obscuras como The Wedding Band e longas nauseantes como The Craft) é tão pueril, incipiente e tolo que só mesmo um público adolescente alienado e terrivelmente mal formado como a juventude dos 90 poderia receber de forma positiva. Revendo hoje em dia chega a ser irritante a maneira atropelada como o filme se desenvolve.
Momentos cruciais do roteiro são decepados (como quando Eddy e Stuart se conhecem e firmam sua amizade) e sequências irrelevantes privilegiadas (como a cena do "scarry Larry"). Parece que o filme consiste em alguns episódios do que era pra ser mais um seriado de três temporadas comprimidos em apressados noventa e poucos minutos. Pra não dizer que nada se salva, a atuação de Josh Charles ganha em profundidade e chega a ser interessante quando comparada à performance pífia de Lara Flynn Boyle e Stephen (o mais jovem e menos talentoso do clã Baldwin). Como tiro de misericórdia, Andrew sequer se furtou de escancarar Jules e Jim de Truffaut como referência óbvia. É patético como os personagens supostamente intelectualizados (Eddy e Alex) julgam como pseudo-intelectual o personagem Stuart, quando de fato são todos frívolos e massificados comedores de pizza e bebedores de Buddweiser.
As citações são óbvias e pedantes e a trilha sonora procura claramente compensar a ausência de carga dramática da montagem toda. Mas enfim, como bem versou o poeta polaco Paulo Leminski:
"Podem ficar com a realidade
Esse baixo astral
Em que tudo entra pelo cano
Eu quero viver de verdade
Eu fico com o cinema americano"
Lola Contra o Mundo
3.3 174A razão pela qual é justificável encarar os 87 minutos dessa sitcom estendida é o frescor e a presença doce e brilhante (não no sentido intelectual) de Greta Gerwig (sem ela seriam 2,5 estrelas). Não vou me ater muito ao valor dela como atriz, produtora ou diretora, ou de sua contribuição com o Mumblecore junto ao namorado Noah Baumbach até porque não assisti outros filmes com ela além do mais recente Frances-Ha de 2013 (dirigido por Noah e que mais parece a continuação em P&B deste Lola Versus) e No Strings Attached de 2011 que nem conta pois nesse caso seu papel era menor. Não, ainda não vi To Rome With Love (2012).
O que se pode dizer de interessante do filme é a concepção (por tentar renovar o gênero) e por ser um filme honesto e leve.
É interessante porque começa onde as comédias românticas geralmente terminam, no pedido de casamento. Tem uma carga de "nova-iorquismo" considerável, o que não é de forma alguma desagradável, afinal se trata de uma cosmópole fascinante (quem pode menosprezar Nova Iorque?). Por esse ponto, é impossível não lembrar dos clássicos de Woddy Allen.
Porém quando chegamos ao desdobramento do roteiro, a coisa complica. As situações propostas são até bacanas mas as resoluções nem tanto. A inverissimilidade da personagem de Greta também pesa um pouco, afinal é difícil sentir pena dela: bonita, estudando para concluir um doutorado em Literatura, dormindo com homens bonitos, tirando onda com os clientes no restaurante da mamãe e se divertindo até nos momentos de maior sofrimento emocional.
No mais, parece que em alguns momentos quiseram jogar fora os clichês de filmes consagrados do gênero mas exageraram um pouco, o que não torna o filme "inassistível" de forma alguma. Pelo contrário, até dei umas risadas.
Butter: Deslizando na Trapaça
3.0 116 Assista AgoraÀ primeira vista parece se tratar de uma comédia bem insossa. Porém vou mostrar a vocês do que realmente se trata esse roteiro, revelando seus significados ocultos.
Temos aqui uma crítica pungente ao republicanismo americano, aquele de Nixon, Reagan e Bush: belicista, ufanista, opressor, manipulador dos setores da sociedade e da mídia. Essa ala conservadora da política americana, aqui representada pelo personagem de Bob Pickler (Ty Burrel), um modelo de líder que está ultrapassado, ninguém mais compra aquela mensagem de "Deus abençoe a América e ninguém mais". A America branca próspera e arrogante, cheia de hipocrisia que antecedeu o 11 de setembro. Ele nem chega a competir pela predileção popular, o que leva à criação de uma nova figura que representa e defende os valores tradicionalistas americanos: a amoral Laura Pickler, uma mulher branca, típica defensora da família americana, que não medirá esforços para manter a hegemonia republicana, mesmo que isso signifique ignorar os envolvimentos escusos do marido com o submundo, os vícios da sociedade americana (a prostituta Brooke, vivida por Olivia Wilde) e que devora mesmo sua filha. O ideal republicano é podre e inconsciente desde o berço, não medirá esforços para se manter no poder, nem que para isso tenha de recorrer ao que há de mais escroto no ideário ianque: Boyd Bolton, o caipira sulista sem caráter e muito cristão interpretado por Hugh Jackman ou mesmo "derreter e desfigurar" a própria nação americana (representada, no caso, pela manteiga!) A menina Destiny - que significa destino, em português - (Yara Shahidi) é Obama, o festejado novo destino da nova America que espera "esculpir" uma imagem melhor para si e para o mundo, um país que se reergueu da crise e da ameaça terrorista, um país que, como sua personagem conclama no discurso de vitória, ousa sonhar com dias melhores e mais justos. O casal que adota Destiny representa a população branca que aceitou Obama e sua mensagem social-humanitária. Eles temiam adotar um bebê, porque este correria o risco de ser criado pelos valores antigos, que eles tem dentro de si. Eles temem a si mesmos e expiam seus pecados acolhendo a menina negra (que coincidentemente tem raízes de fato africanas... alguma semelhança com o presidente democrata?). Justiça pela culpa? Tanto é assim como vos explico, que as esculturas no final do filme representam exatamente isso: a de Laura retrata a morte de Kennedy, ou seja, o ideal democrata morto, a tragédia do triunfo do poder oculto nos EUA que culminou com décadas de guerras e corrupção e finalmente o 11 de setembro. Algo que ela deseja celebrar e reviver. A de Destiny um bebê negro no colo da mãe, ou seja, o nascimento de uma nova nação, que a adversária tentará desfigurar, destruir, aniquilar a todo custo.
Na verdade foi tudo muito bem trabalhado. A mensagem está lá em cada detalhe. Para mim esse filme é na verdade uma campanha de "fica Obama".
Guerra Mundial Z
3.5 3,2K Assista AgoraGuerra Mundial ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ -_-
Coração Vadio
4.0 8Um clássico. Antes da versão de Lang para a peça de Ferenc Molnár, houve uma tentativa inacabada em 1919, do diretor Michael Curtiz e uma outra boa adaptação em inglês dirigida por Frank Borzage. Mas o que me lembrei de curiosidade mesmo é de um desenho do Tom & Jerry inspirado provavelmente na versão de Lang, muito engraçado.
Sete Psicopatas e um Shih Tzu
3.4 600Quem não tiver a cabeça aberta para experiências cinematográficas, principalmente no que diz respeito a roteiros metalinguísticos, pode não gostar muito. Achei mais que válido e o resultado final ficou bem bacana. Destaque para a trilha excelente, para a interpretação notável do Sam Rockwell e para Walken, como sempre fora de série.
Capitão Phillips
4.0 1,6K Assista AgoraE o Oscar vai para Tom Hanks. Sem mais.
Sobrenatural
3.4 2,4K Assista AgoraTosqueira! Não assusta nem criança esse filme.