A cena da empregada se equilibrando naquela postura que nenhum homem consegue imitar diz tudo, né? O filme tem umas cenas macabras bastante interessantes - aquelas cenas de fezes, aqueles animais empalhados na casa de campo... E a ambientação do filme é linda! Aquela cena em que a mulher corre atrás do filho por vários quarteirões do México dos anos 70, com inúmeros carros da época, é primorosa e deve ter sido bem difícil de ser gravada. Resta apenas uma dúvida: por que o nome Roma? Será "amor" ao contrário? kkkkkkkk
Mais um filme sobre homens que encontram mulheres mais talentosas que eles próprios e acabam se aproveitando delas para obter um sucesso que de outro modo não seria alcançado. "Grandes Olhos" e "Monsieur e Madame Adelman" vão na mesma linha. O amor aparece como um sentimento que acaba por escravizar a mulher, submetendo-a a um homem invejoso que quer diminuí-la. Aliás, também é um filme sobre frustração e inveja, por exemplo na figura do filho que não consegue dissociar sua imagem do pai, e do irritante Nethaniel; como Joan diz, escritores frustrados são péssimos inimigos. Eu diria que isso vale para artistas frustrados de modo geral - e Joe é um deles. Desnecessário dizer que a Glenn Close é fenomenal.
O final é ruinzinho né? Dá a impressão de que a Tully foi uma alucinação da Marlo. De todo modo, é interessante como Marlo integra em si as qualidades da babá. Antes de Tully, Marlo se reduz a uma "produtora de leite" (em excesso e que lhe causa dores) que não vê muito sentido em cuidar dos filhos. Após Tully, Marlo sobrevive (e passa a usar uma bengala, como ela mesmo profetizou) e consegue se conectar melhor com os filhos. De certo modo a babá é uma parte que Marlo perdeu, uma sabedoria juvenil que ela precisa recuperar para apreciar a doçura da vida. Doçura essa que é sintetizada naquela cena em que ela canta no karaoke com aquela filha fofíssima que ela tem. Outro ponto alto do filme é o retrato tragicômico que ele faz do sofrimento da mãe e da falta de participação do pai, que da juventude guardou somente a falta de compromisso.
Achei chato e obscuro, mas sem dúvida é muito inteligente. O filme captura nossa tendência de pensar em como as coisas poderiam ter sido diferentes se nossas escolhas fossem outras. O próprio protagonista se vê dominado por esse tipo de pensamento, tendo perdido a mãe por um trágico acaso pelo qual se sente culpado. Ao mesmo tempo ele se questiona se de fato ele tem livre arbítrio, ou se está submetido a um destino inexorável. Esses dramas existenciais se expressam por meio da tecnologia, como é típico do Black Mirror, e também da realidade contemporânea.
Não li o livro. Achei que fosse ser mais um desses filmes que forçam a barra para vc chorar, mas me surpreendi. Traz uma mensagem muito linda, de que as coisas podem ser muito intensas mesmo quando elas não podem ser extensas. Gosto muito daquela cena do balanço. Traduz lindamente a brevidade da vida.
Gostei bastante. São Francisco nos anos 70 é um mundo perdido. Os LGBTs sofriam muito e eram obrigados a lutar constantemente, mas eles conseguiam se divertir muito apesar disso. Aquelas cenas do Castro todo colorido são emocionantes... de pensar que aquilo acabou sendo soterrado pelo maremoto da AIDS
Achava que seria um filme muito longo mas me surpreendi e não fiquei entediado em nenhum momento. É o melhor retrato da inveja que eu já conheci. Mostra como esse sentimento combina o ódio e a admiração lado a lado, tanto que, quando morre a pessoa invejada, só resta ao invejoso um mundo árido sem o seu ídolo. Os figurinos são lindos. E aquela cena em que Mozart transforma a música de Salieri de forma intuitiva e brincalhona é antológica.
Chaplin era realmente um gênio. Era multitalentoso, até trilha sonora ele compunha. O filme equilibra comédia, romance e melancolia. O final é incrível: numa atitude de abnegação, o vagabundo cria condições para que sua amada enxergue, mesmo que isso signifique que ela passará a ver seus defeitos. O final em aberto mostra que é tarefa de cada um lidar com os momentos de desilusão (que também são momentos de oportunidade). Em suma, o filme transmite de forma poética e engraçada a sensação de impotência e de não estar a altura das coisas, que é representada pelo vagabundo, personagem atrapalhado e infantil num mundo adulto cruel.
Achei chato, pior que os outros filmes do Allen aos quais eu assisti. Há pontos positivos, no entanto, A fotografia é bonita, tem umas cenas assimétricas lindas. É um bom retrato da insegurança e mesquinhez nas relações. E chama atenção o tom confessional no filme, sobretudo no que tange a atração por mulheres mais jovens.
A ideia do palhaço que perdeu a graça por adquirir um ar de dignidade triste é muito interessante. E a parceria do palhaço velho com a jovem bailarina, numa transmissão de conhecimento, é linda: o palhaço já não crê em si mesmo, mas trabalha para que a bailarina ande com suas próprias pernas. A Thereza às vezes é excessivamente dramática, mas isso nem de longe tira o brilho de Luzes da Ribalta
Lindo! O filme fala muito sobre autenticidade. As cenas mais engraçadas são aquelas nas quais Chaplin está sendo palhaço sem perceber isso - e à medida que ele se percebe estrela do show sua capacidade de arrancar risos diminui, porque ele tem que entrar em esquemas. Num certo momento do filme ele tenta imitar o equilibrista para conquistar a moça, sem perceber que sua força está no fato de ele ser desajeitado. A postura de resignação do Chaplin no final é algo que eu ainda não entendi direito. Sem dúvida é uma opção corajosa, em vez de um mero final feliz. Mas por que Chaplin abandona o circo? Fico com a sensação de que todas suas experiências fizeram ele perder algo em si mesmo.
O filme é muito bonito. Acho os gritos dos japoneses muito engraçados. Shingen morre pelo tiro de um rifle, a mesma arma que dizimaria sua cavalaria futuramente. Mostra como as armas de fogo soterraram os samurais no passado.
Achei mal atuado, embora haja várias cenas lindíssimas, com ótima música. Por exemplo aquela cena em que 1900 se apaixona pela garota, no exato momento em que a música que ele toca é gravada. No final do filme, há uma outra cena memorável, em que o trompetista escuta a música no gramofone no navio em ruínas. Parece com aquela cena final do cinema paradiso abandonado. O Tornatore sabe contar histórias da época de ouro de coisas que já estão em ruínas, dando vida aos seus fantasmas.
O filme é simples e lindo. Dora, que não tem ninguém para escrever cartas, mas escreve cartas dos outros, vai aos poucos recuperando sua sensibilidade e reaprendendo a amar. Tenho a impressão de que ela havia se fechado em grande parte pelo abandono do pai, e a relação com Josué é uma forma dela se libertar desse trauma. Paralela a mudança da personagem vai acontecendo uma transformação no cenário. Inicialmente há uma cidade em que as pessoas são indiferentes umas às outras, ou então violentas. Ao fim, há o interior do Brasil, onde as pessoas são doces. Um aspecto curioso do filme, que eu não compreendo bem, é a referência ao cristianismo que ele faz: o pai do menino se chama Jesus, o caminhoneiro é evangélico, há aquela cena da romaria etc [spoiler][/spoiler]
Que filme engraçado. É um retrato de como a frequentemente se deve passar por cima dos outros para ascender numa sociedade capitalista. Outra coisa que o filme mostra é o problema da hiperespecialização (os problemas do protagonista vem em grande parte do fato dele não saber trabalhar com mais nada a não ser papel). Há uma crítica à relativização moral da classe média na forma como os pais lidam com a delinquência do filho: Os fins não justificam os meios, a não ser quando o problema é comigo. Adoro o humor negro desse filme, e acho muito engraçadas aquelas cenas em que o protagonista testa armas que pode usar: um revólver da SS, instrumentos de jardinagem, facas de todos os tipos, cutelos etc.
Não consigo abstrair o teor racista do filme, embora eu ache que ele é uma bela representação do imaginário americano. Há uma cena muito interessante em que duas brancas, mantidas em cativeiro pelos índios, comportam-se como retardadas, mostrando a crença de que ceder ao modo de vida dos índios levaria à barbárie. Há algumas coisas muito engraçadas nesse filme, no entanto. Uma delas é o fato de um pastor, sempre armado, comandar uma tropa de rangers, preparado para pregar com balas quando a palavra de Deus falhar. Outra coisa hilária é o conhecimento inexplicável que o John Wayne tem da cultura e dos dialetos dos índios.
Esse filme condensa toda a tristeza do mundo. O sofrimento que o menino exprime não me parece ser apenas boa atuação - é algo que realmente veio do fundo daquele ator, provavelmente ele próprio sofrendo diante da falta de perspectivas no mundo adulto. Impotente num meio em que tudo se articula para massacrar a infância, o menino se apaixona pela liberdade do falcão. Gosta dele porque ele é selvagem e agradece ao animal por deixar a beleza de seu voo ser vislumbrada por breves momentos.
Esse filme me derruba, não importa quantas vezes eu assista a ele. É uma das animações mais profundas espiritualmente que eu conheço. Num mundo em que somos pressionados a encenar a felicidade o tempo todo, o filme aponta justamente na direção contrária ao revelar a importância da tristeza. Particularmente me emociono na cena em que a Felicidade passa o comando para a Tristeza, o que é essencial para que Riley reveja suas atitudes e busque a aproximação com os pais. Aquele momento em que ela respira profundamente e surge uma memória ao mesmo tempo amarela e azul é uma ótima demonstração de como felicidade e tristeza se misturam na melancolia e na saudade. Afinal, essas emoções não são antagônicas, e uma abre caminho para a outra, o que é lindamente demonstrado pelo fato dos olhos da Felicidade serem azuis, a cor da tristeza. E ao fim do filme, após ter de deixar pelo caminho muitas coisas, incluindo seu amigo imaginário, Riley acaba mais madura, com uma visão mais complexa do mundo. Em suma, é o retrato de como a dor é importante para o crescimento espiritual.
Que filme amoroso. Conseguiu captar aquela sensação de que as coisas passam rápido - nem vi o tempo passar enquanto assistia a esse filme. Também mostra como o rádio tinha o poder de estimular a imaginação das pessoas, muito mais que a televisão. Prova disso é o fato do grande herói do menino ser na vida real um cara baixinho e careca. Beware evil doers, wherever you are! Aquela cena logo no início do filme que mostra o mar num dia chuvoso é tão linda. Ela traz a essência da nostalgia, que faz brilhar mesmo os períodos nublados do passado.
muito cansativo pelo ritmo lento e pela repetição de trechos da primeira cena. Ainda assim um retrato muito interessante de como nossas percepções podem ser editadas de modo a construir múltiplos sentidos. É em grande parte esse caráter plástico da percepção que abre espaço para a paranoia, sensação que o filme transmite muito bem. A cena final é ótima e adoro aquele momento em que o Harry quebra a escultura de Jesus Cristo buscando nela uma escuta. Mistura de culpa cristã e paranoia decorrente da perda de privacidade causada pela tecnologia.
Aquelas cenas do fundo do mar são lindas e as músicas ajudam a coroá-las. O contraste entre o jeito galante do Jean Reno com os modos tímidos e graciosos do Jean Marc-Barr também é interessante, embora o enredo seja fraco. Em síntese: vale por aquelas cenas do mar.
Grandes Olhos
3.8 1,1K Assista grátisMinha nossa, que filme sufocante. Christoph Waltz tem talento para interpretar homens asquerosos.
Roma
4.1 1,4K Assista AgoraA cena da empregada se equilibrando naquela postura que nenhum homem consegue imitar diz tudo, né?
O filme tem umas cenas macabras bastante interessantes - aquelas cenas de fezes, aqueles animais empalhados na casa de campo... E a ambientação do filme é linda! Aquela cena em que a mulher corre atrás do filho por vários quarteirões do México dos anos 70, com inúmeros carros da época, é primorosa e deve ter sido bem difícil de ser gravada.
Resta apenas uma dúvida: por que o nome Roma? Será "amor" ao contrário? kkkkkkkk
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A Esposa
3.8 557 Assista AgoraMais um filme sobre homens que encontram mulheres mais talentosas que eles próprios e acabam se aproveitando delas para obter um sucesso que de outro modo não seria alcançado. "Grandes Olhos" e "Monsieur e Madame Adelman" vão na mesma linha.
O amor aparece como um sentimento que acaba por escravizar a mulher, submetendo-a a um homem invejoso que quer diminuí-la.
Aliás, também é um filme sobre frustração e inveja, por exemplo na figura do filho que não consegue dissociar sua imagem do pai, e do irritante Nethaniel; como Joan diz, escritores frustrados são péssimos inimigos. Eu diria que isso vale para artistas frustrados de modo geral - e Joe é um deles.
Desnecessário dizer que a Glenn Close é fenomenal.
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Tully
3.9 562 Assista AgoraO final é ruinzinho né? Dá a impressão de que a Tully foi uma alucinação da Marlo.
De todo modo, é interessante como Marlo integra em si as qualidades da babá. Antes de Tully, Marlo se reduz a uma "produtora de leite" (em excesso e que lhe causa dores) que não vê muito sentido em cuidar dos filhos. Após Tully, Marlo sobrevive (e passa a usar uma bengala, como ela mesmo profetizou) e consegue se conectar melhor com os filhos. De certo modo a babá é uma parte que Marlo perdeu, uma sabedoria juvenil que ela precisa recuperar para apreciar a doçura da vida. Doçura essa que é sintetizada naquela cena em que ela canta no karaoke com aquela filha fofíssima que ela tem.
Outro ponto alto do filme é o retrato tragicômico que ele faz do sofrimento da mãe e da falta de participação do pai, que da juventude guardou somente a falta de compromisso.
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Black Mirror: Bandersnatch
3.5 1,4KAchei chato e obscuro, mas sem dúvida é muito inteligente.
O filme captura nossa tendência de pensar em como as coisas poderiam ter sido diferentes se nossas escolhas fossem outras. O próprio protagonista se vê dominado por esse tipo de pensamento, tendo perdido a mãe por um trágico acaso pelo qual se sente culpado. Ao mesmo tempo ele se questiona se de fato ele tem livre arbítrio, ou se está submetido a um destino inexorável. Esses dramas existenciais se expressam por meio da tecnologia, como é típico do Black Mirror, e também da realidade contemporânea.
A Culpa é das Estrelas
3.7 4,0K Assista AgoraNão li o livro.
Achei que fosse ser mais um desses filmes que forçam a barra para vc chorar, mas me surpreendi. Traz uma mensagem muito linda, de que as coisas podem ser muito intensas mesmo quando elas não podem ser extensas.
Gosto muito daquela cena do balanço. Traduz lindamente a brevidade da vida.
Milk: A Voz da Igualdade
4.1 878Gostei bastante. São Francisco nos anos 70 é um mundo perdido. Os LGBTs sofriam muito e eram obrigados a lutar constantemente, mas eles conseguiam se divertir muito apesar disso. Aquelas cenas do Castro todo colorido são emocionantes... de pensar que aquilo acabou sendo soterrado pelo maremoto da AIDS
Sr. & Sra. Smith
3.4 1,8K Assista AgoraNão gosto de filmes de ação. Mas aquela cena da briga de casal em que Sr e Sra Smith destroem a casa inteira é fenomenal.
Amadeus
4.4 1,1KAchava que seria um filme muito longo mas me surpreendi e não fiquei entediado em nenhum momento. É o melhor retrato da inveja que eu já conheci. Mostra como esse sentimento combina o ódio e a admiração lado a lado, tanto que, quando morre a pessoa invejada, só resta ao invejoso um mundo árido sem o seu ídolo.
Os figurinos são lindos. E aquela cena em que Mozart transforma a música de Salieri de forma intuitiva e brincalhona é antológica.
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Luzes da Cidade
4.6 625 Assista AgoraChaplin era realmente um gênio. Era multitalentoso, até trilha sonora ele compunha.
O filme equilibra comédia, romance e melancolia. O final é incrível: numa atitude de abnegação, o vagabundo cria condições para que sua amada enxergue, mesmo que isso signifique que ela passará a ver seus defeitos. O final em aberto mostra que é tarefa de cada um lidar com os momentos de desilusão (que também são momentos de oportunidade).
Em suma, o filme transmite de forma poética e engraçada a sensação de impotência e de não estar a altura das coisas, que é representada pelo vagabundo, personagem atrapalhado e infantil num mundo adulto cruel.
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Manhattan
4.1 595 Assista AgoraAchei chato, pior que os outros filmes do Allen aos quais eu assisti. Há pontos positivos, no entanto,
A fotografia é bonita, tem umas cenas assimétricas lindas.
É um bom retrato da insegurança e mesquinhez nas relações.
E chama atenção o tom confessional no filme, sobretudo no que tange a atração por mulheres mais jovens.
Luzes da Ribalta
4.5 281 Assista AgoraA ideia do palhaço que perdeu a graça por adquirir um ar de dignidade triste é muito interessante. E a parceria do palhaço velho com a jovem bailarina, numa transmissão de conhecimento, é linda: o palhaço já não crê em si mesmo, mas trabalha para que a bailarina ande com suas próprias pernas.
A Thereza às vezes é excessivamente dramática, mas isso nem de longe tira o brilho de Luzes da Ribalta
O Circo
4.4 227 Assista AgoraLindo! O filme fala muito sobre autenticidade. As cenas mais engraçadas são aquelas nas quais Chaplin está sendo palhaço sem perceber isso - e à medida que ele se percebe estrela do show sua capacidade de arrancar risos diminui, porque ele tem que entrar em esquemas.
Num certo momento do filme ele tenta imitar o equilibrista para conquistar a moça, sem perceber que sua força está no fato de ele ser desajeitado.
A postura de resignação do Chaplin no final é algo que eu ainda não entendi direito. Sem dúvida é uma opção corajosa, em vez de um mero final feliz. Mas por que Chaplin abandona o circo? Fico com a sensação de que todas suas experiências fizeram ele perder algo em si mesmo.
[spoiler][/spoiler]
Kagemusha, a Sombra do Samurai
4.2 100 Assista AgoraO filme é muito bonito. Acho os gritos dos japoneses muito engraçados.
Shingen morre pelo tiro de um rifle, a mesma arma que dizimaria sua cavalaria futuramente. Mostra como as armas de fogo soterraram os samurais no passado.
A Lenda do Pianista do Mar
4.3 174Achei mal atuado, embora haja várias cenas lindíssimas, com ótima música. Por exemplo aquela cena em que 1900 se apaixona pela garota, no exato momento em que a música que ele toca é gravada.
No final do filme, há uma outra cena memorável, em que o trompetista escuta a música no gramofone no navio em ruínas. Parece com aquela cena final do cinema paradiso abandonado. O Tornatore sabe contar histórias da época de ouro de coisas que já estão em ruínas, dando vida aos seus fantasmas.
Central do Brasil
4.1 1,8K Assista AgoraO filme é simples e lindo.
Dora, que não tem ninguém para escrever cartas, mas escreve cartas dos outros, vai aos poucos recuperando sua sensibilidade e reaprendendo a amar. Tenho a impressão de que ela havia se fechado em grande parte pelo abandono do pai, e a relação com Josué é uma forma dela se libertar desse trauma.
Paralela a mudança da personagem vai acontecendo uma transformação no cenário. Inicialmente há uma cidade em que as pessoas são indiferentes umas às outras, ou então violentas. Ao fim, há o interior do Brasil, onde as pessoas são doces.
Um aspecto curioso do filme, que eu não compreendo bem, é a referência ao cristianismo que ele faz: o pai do menino se chama Jesus, o caminhoneiro é evangélico, há aquela cena da romaria etc
[spoiler][/spoiler]
O Corte
3.9 130Que filme engraçado. É um retrato de como a frequentemente se deve passar por cima dos outros para ascender numa sociedade capitalista. Outra coisa que o filme mostra é o problema da hiperespecialização (os problemas do protagonista vem em grande parte do fato dele não saber trabalhar com mais nada a não ser papel).
Há uma crítica à relativização moral da classe média na forma como os pais lidam com a delinquência do filho: Os fins não justificam os meios, a não ser quando o problema é comigo.
Adoro o humor negro desse filme, e acho muito engraçadas aquelas cenas em que o protagonista testa armas que pode usar: um revólver da SS, instrumentos de jardinagem, facas de todos os tipos, cutelos etc.
[/spoiler]
[spoiler]
Rastros de Ódio
4.1 266 Assista AgoraNão consigo abstrair o teor racista do filme, embora eu ache que ele é uma bela representação do imaginário americano. Há uma cena muito interessante em que duas brancas, mantidas em cativeiro pelos índios, comportam-se como retardadas, mostrando a crença de que ceder ao modo de vida dos índios levaria à barbárie.
Há algumas coisas muito engraçadas nesse filme, no entanto. Uma delas é o fato de um pastor, sempre armado, comandar uma tropa de rangers, preparado para pregar com balas quando a palavra de Deus falhar.
Outra coisa hilária é o conhecimento inexplicável que o John Wayne tem da cultura e dos dialetos dos índios.
[/spoiler]
[spoiler]
Kes
4.2 142Esse filme condensa toda a tristeza do mundo. O sofrimento que o menino exprime não me parece ser apenas boa atuação - é algo que realmente veio do fundo daquele ator, provavelmente ele próprio sofrendo diante da falta de perspectivas no mundo adulto.
Impotente num meio em que tudo se articula para massacrar a infância, o menino se apaixona pela liberdade do falcão. Gosta dele porque ele é selvagem e agradece ao animal por deixar a beleza de seu voo ser vislumbrada por breves momentos.
O Palhaço
3.6 2,2K Assista AgoraQue filme delicado! Capta a essência vulnerável do palhaço, que se faz à semelhança da criança.
Divertida Mente
4.3 3,2K Assista AgoraEsse filme me derruba, não importa quantas vezes eu assista a ele. É uma das animações mais profundas espiritualmente que eu conheço.
Num mundo em que somos pressionados a encenar a felicidade o tempo todo, o filme aponta justamente na direção contrária ao revelar a importância da tristeza.
Particularmente me emociono na cena em que a Felicidade passa o comando para a Tristeza, o que é essencial para que Riley reveja suas atitudes e busque a aproximação com os pais. Aquele momento em que ela respira profundamente e surge uma memória ao mesmo tempo amarela e azul é uma ótima demonstração de como felicidade e tristeza se misturam na melancolia e na saudade. Afinal, essas emoções não são antagônicas, e uma abre caminho para a outra, o que é lindamente demonstrado pelo fato dos olhos da Felicidade serem azuis, a cor da tristeza.
E ao fim do filme, após ter de deixar pelo caminho muitas coisas, incluindo seu amigo imaginário, Riley acaba mais madura, com uma visão mais complexa do mundo. Em suma, é o retrato de como a dor é importante para o crescimento espiritual.
[/spoiler]
[spoiler]
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A Era do Rádio
4.0 234 Assista AgoraQue filme amoroso. Conseguiu captar aquela sensação de que as coisas passam rápido - nem vi o tempo passar enquanto assistia a esse filme. Também mostra como o rádio tinha o poder de estimular a imaginação das pessoas, muito mais que a televisão. Prova disso é o fato do grande herói do menino ser na vida real um cara baixinho e careca. Beware evil doers, wherever you are!
Aquela cena logo no início do filme que mostra o mar num dia chuvoso é tão linda. Ela traz a essência da nostalgia, que faz brilhar mesmo os períodos nublados do passado.
A Conversação
4.0 231 Assista Agoramuito cansativo pelo ritmo lento e pela repetição de trechos da primeira cena. Ainda assim um retrato muito interessante de como nossas percepções podem ser editadas de modo a construir múltiplos sentidos. É em grande parte esse caráter plástico da percepção que abre espaço para a paranoia, sensação que o filme transmite muito bem.
A cena final é ótima e adoro aquele momento em que o Harry quebra a escultura de Jesus Cristo buscando nela uma escuta. Mistura de culpa cristã e paranoia decorrente da perda de privacidade causada pela tecnologia.
[/spoiler]
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Imensidão Azul
3.9 74Aquelas cenas do fundo do mar são lindas e as músicas ajudam a coroá-las. O contraste entre o jeito galante do Jean Reno com os modos tímidos e graciosos do Jean Marc-Barr também é interessante, embora o enredo seja fraco.
Em síntese: vale por aquelas cenas do mar.