Enquanto uma onda de protestos contra o capitalismo toma a cidade de Madrid, sete executivos, encerrados numa sala, realizam uma peculiar entrevista de emprego. No formato semelhante à de um reality show, os participantes vão tecendo estratégias com o intuito de derrubar os seus adversários – ao final, apenas um conseguirá o cargo. Quase todo ambientado num único cenário, os diálogos são o ponto alto do filme – além das boas atuações e direção.
Não sem resistência, assisti a uma das últimas adaptações da Disney e gostei. Embora o enredo apresente algumas escorregadelas, visualmente o trabalho é bem bom - as imagens são de encher os olhos. E, talvez esse seja um dos primeiros filmes em que eu não vejo Angelina (por finalmente ter incorporado a aura da personagem, ela, ainda bem, não está lá).
Após ter adormecido com Inception, e não ter conseguido concluir Memento até hoje - filmes aclamados pelo público -, foi a trilogia Batman que me levou a "tentar outra vez" com o cinema de Nolan. Apresentando roteiro criativo, e atuações convincentes, The Prestige, de início, é um ótimo filme - consegue manter o espectador em suspenso durante toda a execução. O problema, infelizmente (para mim se deu desta forma), é o que vem a partir dos créditos finais. Não querendo desmerecer o trabalho do cara - como eu disse, a trama é bem engendrada, a direção é competente, fotografia, atuação, sonoplastia... Porém, tudo fica condensado em entretenimento. Ainda que tente trabalhar com temas referentes a ambição, os caminhos tortuosos que um está disposto a percorrer para conseguir notoriedade, isso acaba ficando superficial demais - quase infantil. Talvez eu esteja sendo pragmático, ao almejar que tudo apresente uma finalidade. No entanto, embora eu tenha gostado de ser enganado, não posso deixar de apontar tal incompletude.
E se passássemos a seguir à risca os ensinamentos bíblicos e, ao receber uma agressão na direita déssemos a outra face, o que nos aconteceria? Em seu trabalho de 1996, o diretor dinamarquês Lars Von Trier se propõe a refletir sobre essa questão. Bess é uma jovem que vive numa pacata comunidade da Escócia. Tendo sua vida regida pelo corpo social, suas ações são desempenhadas através do doutrinamento recebido pela instituição religiosa do lugarejo. Ao conhecer um estrangeiro, a bela moça encontra mais um motivo de felicidade, agora na instituição do casamento. E, mesmo um desditoso acontecimento, não é capaz de pôr à prova a fé inabalável tida por Bess. Assim, sua devoção a vai arrastando por caminhos de pérfida abnegação. Todo este esboço poderia ser resumido em uma única sentença: Lars, vem ser perfeito assim na minha lista de filmes prediletos! Muito obrigado pelas instruções, assim como por me tirar o sono das, pelo menos, próximas duas semanas.
De maneira facilitada e exponencial, é exibida aqui uma batalha de super egos. Resgatando este conflito para o nosso cotidiano, temos a rede como ferramenta auxiliadora a conseguirmos visibilidade; desta forma, boa parte de nós (usuários da rede) ambiciona por notoriedade. A meu ver, este é o tema central do filme. É ele o fim a justificar os meios. E, após uma semana de muitas leituras, nada mais reconfortante que uma obra leve e de fácil entendimento.
Comportando-se como um misantropo, Eugênio vive isolado na casa de campo em que cresceu com sua família. Num dia qualquer, Martín, um colega de infância, aparece na remota cidade à procura de pequenos serviços capazes de lhe gerar dinheiro – ao fim do verão, ele parte em direção a Buenos Aires, onde pretende restabelecer sua vida. Com enredo e cenário simples, uma bela fotografia e o pouco uso de diálogos, Marco Berger consegue produzir um lindo trabalho que exalta o afeto. Aqui os personagens não têm a necessidade de confrontar a sociedade – não há empecilhos suscetíveis a produzir o “amor recíproco infeliz” –, eles só precisam driblar seus anseios e medos. Ao público, nesta caminhada, nos é assegurada uma bela e “sui generis” experiência.
Com toda a qualidade inerente ao cinema argentino, esta reunião de curtas trata da tensão passada por alguns indivíduos ao se depararem sexualmente atraídos por outros. Embora realizado por dois diretores, os seis curtas (três de cada um) apresentam semelhanças não apenas no que diz respeito à temática. Remetendo à literatura de Borges e, ainda mais, à literatura erótica do peruano Mario Vargas Llosa, as tramas geralmente ocorrem dentro da cabeça de um dos personagens. Não sabemos se o segundo, o que é desejado, partilha do mesmo interesse do primeiro – motivo, inclusive, capaz de fazer “aquele que deseja” hesitar em desempenhar a ação (partir para o ataque, em linguagem popular). Aos que, como eu, gostam do cinema argentino, indico muito tal “coletânea” de curtas.
Tenho assistido a tantos filmes densos ultimamente, que deparar-me com esta graciosa película foi um verdadeiro presente. Com enredo simples, este romance urbano aborda o encontro de León Godoy, um galante e bem sucedido arquiteto, e Ivana Cornejo, belíssima advogada que está separada há três anos. Até então, uma comédia romântica como qualquer outra, exceto pelo fato de o ilustre León portar aproximadamente 1,36m de altura. De forma leve e divertida, o diretor se vale deste trunfo à realização de um projeto muito bem acabado. Se há não muito tempo os anões eram vistos como aberrações, hoje ganham (ao menos no cinema argentino) o papel de protagonistas – auxiliando, ainda mais, na atenuação do preconceito. No mais, posso assegurar ter me divertido muito. Atuações (entenda-se, também, por dicção) e sonoplastia impecáveis – a ponto de eu não ter precisado do uso de legendas. Rio de Janeiro continua lindo, da mesma forma que continua sendo – sim, há uma bela cena no Rio. Enfim, produção super recomendada.
Apresentando má sonoplastia e passagens, a meu ver, dispensáveis, o início de Tatuagem é um fiasco. Porém, quando a mensagem que o longa quer passar começa a ganhar força, e assume formas cada vez mais inteligíveis, o filme desponta de maneira surpreendente – a ponto de quase esquecermos os fragmentos iniciais. Com aparência de manifesto, a produção é um tributo aos artistas e pessoas que tanto persistiram para driblar a ditadura. Esse intento está tão explícito no trabalho de Hilton Lacerda, que as cenas de nudez, por exemplo, são usadas fartamente; as de violência, por sua vez, são sublimadas – estas são vis, não podem dar fealdade ao filme. Aproveitando o ensejo da crítica, gostaria de agradecer às pessoas que tanto lutaram por um espaço menos caótico. Embora estejamos longe da perfeição, se comparamos com o finalzinho do século passado, o lugar encontra-se bem mais habitável.
“’O caos é uma ordem por decifrar.’ Livro dos Contrários”. Desta forma magistral dá-se início “O Homem Duplicado”, romance do único escritor de língua portuguesa a ser laureado com o Nobel de Literatura, José Saramago. Na trama, temos Tertuliano Máximo Afonso, um pacato e melancólico professor de História que, ao seguir a indicação fílmica dada por um colega de trabalho, descobre possuir um sósia. Instintivamente decide buscá-lo, a fim, inclusive, de assegurar sua própria sanidade. O mote deste, que mais parece um enredo fantástico, é simples: Saramago está apontando para o fenômeno da globalização. Através de seu narrador, defende que tal fenômeno implica na perda da singularidade – todos veem os mesmos filmes, escutam as mesmas músicas, usam as mesmas marcas, comem nos mesmos restaurantes, têm as mesmas ideologias... Logo, havendo uma padronização do indivíduo, qualquer um pode se reconhecer em outrem. Partindo ao filme do Villeneuve, posso dizer que gostei bem – exceto do final. No escrito, após o acidente que leva o ator e a namorada do primeiro à morte, Tertuliano assume a vida de Daniel, até receber o telefonema em que um novo sósia se apresenta. Cansado, resolve tomar uma atitude prática: põe um revólver na calça e vai ao encontro deste outro desconhecido. Assim, defendo que Saramago nos proporciona a não tão complicada organização do “caos”. Villeneuve, por sua vez, resolve dificultar um pouco mais.
PS: Não marquei fragmentos de spoiler, pois teço minha crítica através da obra original -- não torno pública passagens do filme, senão trechos do livro.
Após conquistar o Oscar de melhor filme estrangeiro com “El Secreto de sus Ojos”, o diretor Juan José Campanella assegura, com seu novo filme, possuir um talento descomunal. Sua animação, bem superior a muitas que tenho visto ultimamente, apresenta um show de técnica – não fica devendo em nada às estadunidenses –, assim como dispõe de um bom enredo. Amadeo é um garoto tímido que sente real paixão por pebolim. Grosso, em contrapartida, tem idade afim, mostra destreza ao jogar futebol, e é irritantemente pedante. Não acostumado com fracassos, depois de desafiar e ser derrotado pelo primeiro numa partida de pebolim, Grosso foge da cidade – voltando anos depois, rico e famoso. Agora, ele quer acertar contas com o povoado, palco de seu único malogro. O filme tece, nas entrelinhas, uma crítica ferrenha ao governo. Seria Grosso uma alusão à gestão Kirchner? Aos que forem assistir, recomendo que vejam a cópia legendada, pois há uma ótima caracterização do povo argentino.
Desenvolvido através de um homicídio, o enredo de Kill Your Darlings apresenta esboços de discussões literárias – no que diz respeito à teoria literária, mesmo –, assim como perpassa pela mente de jovens rebeldes (não quaisquer jovens, mas Allen Ginsberg e Jack Kerouac, por exemplo), ávidos por revolucionar tanto a literatura, quanto o cenário a sua volta. Ainda que tenha gostado muito do filme – o roteiro é bem amarrado, a fotografia é belíssima, trilha sonora, atuações impecáveis –, não suponho que ele seja capaz de entreter o grande público. Não estou dizendo que a trama é monótona, longe disso – em comparação com On the Road, de Walter Salles (que se detém na construção dos personagens, assim como em desempenhar uma história redondinha), este aqui pode ser considerado bem ágil. No entanto, acredito que é necessário ter um conhecimento prévio do que foi a geração de escritores que ficou eternizada como “beatnik”, como também sentir interesse pelo tema. Aos que têm conhecimento e sentem interesse, bom filme!
Carrie White é uma adolescente retraída que, por apresentar um comportamento muito diferente dos outros de sua idade, é perseguida pelos colegas da escola em que estuda. Sua mãe, fanática religiosa e anacrônica, a educa sob os preceitos bíblicos. Seguindo a risca tais preceitos e usando de terrorismo psicológico, faz com que a garota seja conivente com os ensinamentos, acreditando livrá-la, assim, do mundo de pecados. Após forte humilhação, Carrie descobre possuir um poder que a difere, ainda mais, das outras pessoas. A partir desse evento, também, ela passa a questionar os valores impostos por sua mãe. Baseado na obra homônima de Stephen King, o filme, além de fazer um bom uso dos recursos tecnológicos, propõe discussões interessantes sobre, por exemplo: verdade absoluta, respeito à individualidade, perseguição, desejo por vingança etc. Embora não tenha gostado do final – logo após Carrie sair de cena –, gostei da ampla proposição de temas ao decorrer do longa, além de ter ficado entretido.
Típico filme que você resolve ver sem expectativa alguma (apenas para satisfazer alguém que muito lhe satisfaz), mas ao final acaba se surpreendendo. O enredo é básico e despretensioso, um ataque mundial de zumbis. Estes últimos, muitíssimo velozes... Tanto, a ponto do espectador não perceber que foi submetido a duas horas dum entretenimento vazio. Embora tenha gostado (nunca saberemos se pelo filme, ou por ter visto em HD 1080p) – levando-se em consideração os péssimos do gênero, este não está mal –, não recomendo.
Em 1966, impulsionado pela passagem de John Lennon por seu país, Antonio, um simpático professor de inglês, embarca em uma jornada com destino a Almería no intuito de conhecer o seu ídolo. Durante a viagem ele se depara com Belén, uma jovem que está partindo na esperança de poder decidir o seu futuro, e Juanjo, um garoto “fugitivo” que não suporta o comportamento autoritário de seu pai. Este súbito encontro é capaz de proporcionar grande mudança na vida dos três indivíduos. E, ao espectador, é oferecido um filme sutil e bem acabado – nos auxiliando a perceber o belo, assim como a valorizar as coisas simples da vida.
E não é que os portugueses também produzem filmes! Este aqui trata da história de uma família lisboeta, que vai viver no interior de Portugal. Chegando ali, passa a se envolver com os mistérios que rondam aquela terra e sua gente. A produção inicialmente é bem simpática. No entanto, à medida que o místico vai tomando conta da trama e percebemos estar diante de um enredo fantástico, isso desanima muito. Pois, o que poderia ser uma especulação sobre mitos locais, acaba justificando todo o filme. No mais, poderia ser muito bom... Até eles optarem pela predominância do improvável e, ao fim, acabarem fazendo mais do mesmo.
O que seria a continuidade de um filme mediano - produzido 24 anos depois do primeiro -, este aqui é derrocada total. Rechaçado, inclusive, pelos próprios argentinos (que costumam ter um ótimo gosto cinematográfico).
Comédia de costumes e um clássico do cinema argentino (los hermanos recomiendan), me foi válido para treinar o entendimento do castellano - posto ter assistido sem legendas... Querer mais que isso, é agir com "pragmatismo".
Após tentar a sorte em São Paulo, a jovem Hermila está de volta à remota Iguatu, cidadezinha no interior do Ceará. À espera do marido, com quem pretende abrir uma lojinha de CD’s e DVD’s piratas, gradativamente a personagem vai se dando conta de que foi enganada. Na ânsia de fugir daquele lugar, ela cria o “álter ego” Suely e passa a vender rifas, em que o ganhador terá direito a uma noite no paraíso... Ingressará no Céu de Suely. Realista ao extremo, o filme tece um exímio retrato de tão antiquada sociedade. Hermila quer fugir. Nós, espectadores, queremos ir junto com ela.
Cinema e literatura são expressões artísticas completamente distintas. Posso dizer, portanto, que a adaptação do único romance escrito por Nelson Rodrigues peca por ser quase fiel à obra original – há coisas que ficam boas apenas no papel. Enquanto o romance é virtuosíssimo, o filme só merece ser visto a cargo de curiosidade – para aqueles que, como eu, leram e adoraram o escrito. Levando-se em consideração que a adaptação é da década de 70, porém, dá para relevar um bocado de coisa.
Uma das questões levantadas por mim, ao fim da experiência de Praia do Futuro, foi: qual o fio condutor dessa trama tão peculiar? O filme trata do encontro afetivo entre o salva-vidas Donato e o alemão Konrad? Da relação conflituosa entre o primeiro e sua família – mais especificamente o seu irmão caçula? Ou tal fio está mais atrelado à história de vida do herói partido ao meio – no caso, o salva-vidas nordestino interpretado por Wagner Moura? Com uma fotografia deslumbrante, bela trilha sonora e dividido em capítulos, Praia do Futuro resume-se em um filme bem acabado. Sem falar no lirismo, que é encantador.
A Sra. Souza é uma imigrante portuguesa que vive na França com o seu neto Champion. Ele, por sua vez, é um garoto solitário que vislumbra momentos de felicidade ao estar em cima do seu triciclo. Percebendo a paixão do garoto, a gentil senhora estimula tal aptidão o presenteando com uma bicicleta. Na adolescência, Champion participará da competição Tour de France e, exatamente ali, acontece algo que mudará para sempre a vida do jovem ciclista. Perturbadoramente bom, com os seus gráficos singulares e o seu silêncio revelador, Les Triplettes de Belleville pode ser considerado um desses filmes ímpares. Altamente recomendável.
Ao ter uma conversa sobre sexo com a sua dermatologista, Murray, acidentalmente, insere o seu amigo Fioravante no mundo dos acompanhantes masculinos. Após um primeiro encontro bem sucedido, o pacato florista vai adentrando gradativamente no ramo. Apesar do tema aparentemente sexual (aparentemente visto esse viés ficar só no tema), o filme é leve e simpático. E, ainda que particularmente não goste quando o Woody Allen interpreta – mesmo que o filme não seja dele, está no elenco –, acho que aqui ele até se saiu bem.
Boyhood: Da Infância à Juventude
4.0 3,7K Assista Agora"A vida não é filme, você não entendeu.". Graças a Linklater, agora é.
O Que Você Faria?
3.7 113Enquanto uma onda de protestos contra o capitalismo toma a cidade de Madrid, sete executivos, encerrados numa sala, realizam uma peculiar entrevista de emprego. No formato semelhante à de um reality show, os participantes vão tecendo estratégias com o intuito de derrubar os seus adversários – ao final, apenas um conseguirá o cargo.
Quase todo ambientado num único cenário, os diálogos são o ponto alto do filme – além das boas atuações e direção.
Malévola
3.7 3,8K Assista AgoraNão sem resistência, assisti a uma das últimas adaptações da Disney e gostei. Embora o enredo apresente algumas escorregadelas, visualmente o trabalho é bem bom - as imagens são de encher os olhos. E, talvez esse seja um dos primeiros filmes em que eu não vejo Angelina (por finalmente ter incorporado a aura da personagem, ela, ainda bem, não está lá).
O Grande Truque
4.2 2,0K Assista AgoraApós ter adormecido com Inception, e não ter conseguido concluir Memento até hoje - filmes aclamados pelo público -, foi a trilogia Batman que me levou a "tentar outra vez" com o cinema de Nolan. Apresentando roteiro criativo, e atuações convincentes, The Prestige, de início, é um ótimo filme - consegue manter o espectador em suspenso durante toda a execução. O problema, infelizmente (para mim se deu desta forma), é o que vem a partir dos créditos finais. Não querendo desmerecer o trabalho do cara - como eu disse, a trama é bem engendrada, a direção é competente, fotografia, atuação, sonoplastia... Porém, tudo fica condensado em entretenimento. Ainda que tente trabalhar com temas referentes a ambição, os caminhos tortuosos que um está disposto a percorrer para conseguir notoriedade, isso acaba ficando superficial demais - quase infantil. Talvez eu esteja sendo pragmático, ao almejar que tudo apresente uma finalidade. No entanto, embora eu tenha gostado de ser enganado, não posso deixar de apontar tal incompletude.
Ondas do Destino
4.2 334 Assista AgoraE se passássemos a seguir à risca os ensinamentos bíblicos e, ao receber uma agressão na direita déssemos a outra face, o que nos aconteceria? Em seu trabalho de 1996, o diretor dinamarquês Lars Von Trier se propõe a refletir sobre essa questão.
Bess é uma jovem que vive numa pacata comunidade da Escócia. Tendo sua vida regida pelo corpo social, suas ações são desempenhadas através do doutrinamento recebido pela instituição religiosa do lugarejo. Ao conhecer um estrangeiro, a bela moça encontra mais um motivo de felicidade, agora na instituição do casamento. E, mesmo um desditoso acontecimento, não é capaz de pôr à prova a fé inabalável tida por Bess. Assim, sua devoção a vai arrastando por caminhos de pérfida abnegação.
Todo este esboço poderia ser resumido em uma única sentença: Lars, vem ser perfeito assim na minha lista de filmes prediletos!
Muito obrigado pelas instruções, assim como por me tirar o sono das, pelo menos, próximas duas semanas.
O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro
3.5 2,6K Assista AgoraDe maneira facilitada e exponencial, é exibida aqui uma batalha de super egos. Resgatando este conflito para o nosso cotidiano, temos a rede como ferramenta auxiliadora a conseguirmos visibilidade; desta forma, boa parte de nós (usuários da rede) ambiciona por notoriedade. A meu ver, este é o tema central do filme. É ele o fim a justificar os meios.
E, após uma semana de muitas leituras, nada mais reconfortante que uma obra leve e de fácil entendimento.
Havaí
3.7 198Comportando-se como um misantropo, Eugênio vive isolado na casa de campo em que cresceu com sua família. Num dia qualquer, Martín, um colega de infância, aparece na remota cidade à procura de pequenos serviços capazes de lhe gerar dinheiro – ao fim do verão, ele parte em direção a Buenos Aires, onde pretende restabelecer sua vida. Com enredo e cenário simples, uma bela fotografia e o pouco uso de diálogos, Marco Berger consegue produzir um lindo trabalho que exalta o afeto. Aqui os personagens não têm a necessidade de confrontar a sociedade – não há empecilhos suscetíveis a produzir o “amor recíproco infeliz” –, eles só precisam driblar seus anseios e medos. Ao público, nesta caminhada, nos é assegurada uma bela e “sui generis” experiência.
Tensão Sexual, Volume 1: Volátil
3.2 37 Assista AgoraCom toda a qualidade inerente ao cinema argentino, esta reunião de curtas trata da tensão passada por alguns indivíduos ao se depararem sexualmente atraídos por outros. Embora realizado por dois diretores, os seis curtas (três de cada um) apresentam semelhanças não apenas no que diz respeito à temática. Remetendo à literatura de Borges e, ainda mais, à literatura erótica do peruano Mario Vargas Llosa, as tramas geralmente ocorrem dentro da cabeça de um dos personagens. Não sabemos se o segundo, o que é desejado, partilha do mesmo interesse do primeiro – motivo, inclusive, capaz de fazer “aquele que deseja” hesitar em desempenhar a ação (partir para o ataque, em linguagem popular).
Aos que, como eu, gostam do cinema argentino, indico muito tal “coletânea” de curtas.
Coração de Leão - O Amor não Tem Tamanho
3.5 87Tenho assistido a tantos filmes densos ultimamente, que deparar-me com esta graciosa película foi um verdadeiro presente. Com enredo simples, este romance urbano aborda o encontro de León Godoy, um galante e bem sucedido arquiteto, e Ivana Cornejo, belíssima advogada que está separada há três anos. Até então, uma comédia romântica como qualquer outra, exceto pelo fato de o ilustre León portar aproximadamente 1,36m de altura. De forma leve e divertida, o diretor se vale deste trunfo à realização de um projeto muito bem acabado. Se há não muito tempo os anões eram vistos como aberrações, hoje ganham (ao menos no cinema argentino) o papel de protagonistas – auxiliando, ainda mais, na atenuação do preconceito.
No mais, posso assegurar ter me divertido muito. Atuações (entenda-se, também, por dicção) e sonoplastia impecáveis – a ponto de eu não ter precisado do uso de legendas. Rio de Janeiro continua lindo, da mesma forma que continua sendo – sim, há uma bela cena no Rio. Enfim, produção super recomendada.
Tatuagem
4.2 923 Assista AgoraApresentando má sonoplastia e passagens, a meu ver, dispensáveis, o início de Tatuagem é um fiasco. Porém, quando a mensagem que o longa quer passar começa a ganhar força, e assume formas cada vez mais inteligíveis, o filme desponta de maneira surpreendente – a ponto de quase esquecermos os fragmentos iniciais.
Com aparência de manifesto, a produção é um tributo aos artistas e pessoas que tanto persistiram para driblar a ditadura. Esse intento está tão explícito no trabalho de Hilton Lacerda, que as cenas de nudez, por exemplo, são usadas fartamente; as de violência, por sua vez, são sublimadas – estas são vis, não podem dar fealdade ao filme. Aproveitando o ensejo da crítica, gostaria de agradecer às pessoas que tanto lutaram por um espaço menos caótico. Embora estejamos longe da perfeição, se comparamos com o finalzinho do século passado, o lugar encontra-se bem mais habitável.
O Homem Duplicado
3.7 1,8K Assista Agora“’O caos é uma ordem por decifrar.’ Livro dos Contrários”. Desta forma magistral dá-se início “O Homem Duplicado”, romance do único escritor de língua portuguesa a ser laureado com o Nobel de Literatura, José Saramago. Na trama, temos Tertuliano Máximo Afonso, um pacato e melancólico professor de História que, ao seguir a indicação fílmica dada por um colega de trabalho, descobre possuir um sósia. Instintivamente decide buscá-lo, a fim, inclusive, de assegurar sua própria sanidade.
O mote deste, que mais parece um enredo fantástico, é simples: Saramago está apontando para o fenômeno da globalização. Através de seu narrador, defende que tal fenômeno implica na perda da singularidade – todos veem os mesmos filmes, escutam as mesmas músicas, usam as mesmas marcas, comem nos mesmos restaurantes, têm as mesmas ideologias... Logo, havendo uma padronização do indivíduo, qualquer um pode se reconhecer em outrem.
Partindo ao filme do Villeneuve, posso dizer que gostei bem – exceto do final. No escrito, após o acidente que leva o ator e a namorada do primeiro à morte, Tertuliano assume a vida de Daniel, até receber o telefonema em que um novo sósia se apresenta. Cansado, resolve tomar uma atitude prática: põe um revólver na calça e vai ao encontro deste outro desconhecido. Assim, defendo que Saramago nos proporciona a não tão complicada organização do “caos”. Villeneuve, por sua vez, resolve dificultar um pouco mais.
PS: Não marquei fragmentos de spoiler, pois teço minha crítica através da obra original -- não torno pública passagens do filme, senão trechos do livro.
Um Time Show de Bola
3.3 137Após conquistar o Oscar de melhor filme estrangeiro com “El Secreto de sus Ojos”, o diretor Juan José Campanella assegura, com seu novo filme, possuir um talento descomunal. Sua animação, bem superior a muitas que tenho visto ultimamente, apresenta um show de técnica – não fica devendo em nada às estadunidenses –, assim como dispõe de um bom enredo.
Amadeo é um garoto tímido que sente real paixão por pebolim. Grosso, em contrapartida, tem idade afim, mostra destreza ao jogar futebol, e é irritantemente pedante. Não acostumado com fracassos, depois de desafiar e ser derrotado pelo primeiro numa partida de pebolim, Grosso foge da cidade – voltando anos depois, rico e famoso. Agora, ele quer acertar contas com o povoado, palco de seu único malogro. O filme tece, nas entrelinhas, uma crítica ferrenha ao governo. Seria Grosso uma alusão à gestão Kirchner?
Aos que forem assistir, recomendo que vejam a cópia legendada, pois há uma ótima caracterização do povo argentino.
Versos de um Crime
3.6 666 Assista AgoraDesenvolvido através de um homicídio, o enredo de Kill Your Darlings apresenta esboços de discussões literárias – no que diz respeito à teoria literária, mesmo –, assim como perpassa pela mente de jovens rebeldes (não quaisquer jovens, mas Allen Ginsberg e Jack Kerouac, por exemplo), ávidos por revolucionar tanto a literatura, quanto o cenário a sua volta.
Ainda que tenha gostado muito do filme – o roteiro é bem amarrado, a fotografia é belíssima, trilha sonora, atuações impecáveis –, não suponho que ele seja capaz de entreter o grande público. Não estou dizendo que a trama é monótona, longe disso – em comparação com On the Road, de Walter Salles (que se detém na construção dos personagens, assim como em desempenhar uma história redondinha), este aqui pode ser considerado bem ágil. No entanto, acredito que é necessário ter um conhecimento prévio do que foi a geração de escritores que ficou eternizada como “beatnik”, como também sentir interesse pelo tema. Aos que têm conhecimento e sentem interesse, bom filme!
Carrie, a Estranha
2.8 3,5K Assista AgoraCarrie White é uma adolescente retraída que, por apresentar um comportamento muito diferente dos outros de sua idade, é perseguida pelos colegas da escola em que estuda. Sua mãe, fanática religiosa e anacrônica, a educa sob os preceitos bíblicos. Seguindo a risca tais preceitos e usando de terrorismo psicológico, faz com que a garota seja conivente com os ensinamentos, acreditando livrá-la, assim, do mundo de pecados. Após forte humilhação, Carrie descobre possuir um poder que a difere, ainda mais, das outras pessoas. A partir desse evento, também, ela passa a questionar os valores impostos por sua mãe.
Baseado na obra homônima de Stephen King, o filme, além de fazer um bom uso dos recursos tecnológicos, propõe discussões interessantes sobre, por exemplo: verdade absoluta, respeito à individualidade, perseguição, desejo por vingança etc. Embora não tenha gostado do final – logo após Carrie sair de cena –, gostei da ampla proposição de temas ao decorrer do longa, além de ter ficado entretido.
Guerra Mundial Z
3.5 3,2K Assista AgoraTípico filme que você resolve ver sem expectativa alguma (apenas para satisfazer alguém que muito lhe satisfaz), mas ao final acaba se surpreendendo. O enredo é básico e despretensioso, um ataque mundial de zumbis. Estes últimos, muitíssimo velozes... Tanto, a ponto do espectador não perceber que foi submetido a duas horas dum entretenimento vazio. Embora tenha gostado (nunca saberemos se pelo filme, ou por ter visto em HD 1080p) – levando-se em consideração os péssimos do gênero, este não está mal –, não recomendo.
Viver é Fácil Com os Olhos Fechados
3.8 102 Assista AgoraEm 1966, impulsionado pela passagem de John Lennon por seu país, Antonio, um simpático professor de inglês, embarca em uma jornada com destino a Almería no intuito de conhecer o seu ídolo. Durante a viagem ele se depara com Belén, uma jovem que está partindo na esperança de poder decidir o seu futuro, e Juanjo, um garoto “fugitivo” que não suporta o comportamento autoritário de seu pai. Este súbito encontro é capaz de proporcionar grande mudança na vida dos três indivíduos. E, ao espectador, é oferecido um filme sutil e bem acabado – nos auxiliando a perceber o belo, assim como a valorizar as coisas simples da vida.
Coisa Ruim
3.2 26E não é que os portugueses também produzem filmes! Este aqui trata da história de uma família lisboeta, que vai viver no interior de Portugal. Chegando ali, passa a se envolver com os mistérios que rondam aquela terra e sua gente.
A produção inicialmente é bem simpática. No entanto, à medida que o místico vai tomando conta da trama e percebemos estar diante de um enredo fantástico, isso desanima muito. Pois, o que poderia ser uma especulação sobre mitos locais, acaba justificando todo o filme.
No mais, poderia ser muito bom... Até eles optarem pela predominância do improvável e, ao fim, acabarem fazendo mais do mesmo.
Esperando la Carroza 2
1.5 1O que seria a continuidade de um filme mediano - produzido 24 anos depois do primeiro -, este aqui é derrocada total. Rechaçado, inclusive, pelos próprios argentinos (que costumam ter um ótimo gosto cinematográfico).
Esperando o Rabecão
3.6 25 Assista AgoraComédia de costumes e um clássico do cinema argentino (los hermanos recomiendan), me foi válido para treinar o entendimento do castellano - posto ter assistido sem legendas... Querer mais que isso, é agir com "pragmatismo".
O Céu de Suely
3.9 464 Assista AgoraApós tentar a sorte em São Paulo, a jovem Hermila está de volta à remota Iguatu, cidadezinha no interior do Ceará. À espera do marido, com quem pretende abrir uma lojinha de CD’s e DVD’s piratas, gradativamente a personagem vai se dando conta de que foi enganada. Na ânsia de fugir daquele lugar, ela cria o “álter ego” Suely e passa a vender rifas, em que o ganhador terá direito a uma noite no paraíso... Ingressará no Céu de Suely.
Realista ao extremo, o filme tece um exímio retrato de tão antiquada sociedade. Hermila quer fugir. Nós, espectadores, queremos ir junto com ela.
O Casamento
3.3 25Cinema e literatura são expressões artísticas completamente distintas. Posso dizer, portanto, que a adaptação do único romance escrito por Nelson Rodrigues peca por ser quase fiel à obra original – há coisas que ficam boas apenas no papel. Enquanto o romance é virtuosíssimo, o filme só merece ser visto a cargo de curiosidade – para aqueles que, como eu, leram e adoraram o escrito. Levando-se em consideração que a adaptação é da década de 70, porém, dá para relevar um bocado de coisa.
Praia do Futuro
3.4 934 Assista AgoraUma das questões levantadas por mim, ao fim da experiência de Praia do Futuro, foi: qual o fio condutor dessa trama tão peculiar? O filme trata do encontro afetivo entre o salva-vidas Donato e o alemão Konrad? Da relação conflituosa entre o primeiro e sua família – mais especificamente o seu irmão caçula? Ou tal fio está mais atrelado à história de vida do herói partido ao meio – no caso, o salva-vidas nordestino interpretado por Wagner Moura?
Com uma fotografia deslumbrante, bela trilha sonora e dividido em capítulos, Praia do Futuro resume-se em um filme bem acabado. Sem falar no lirismo, que é encantador.
As Bicicletas de Belleville
4.2 340A Sra. Souza é uma imigrante portuguesa que vive na França com o seu neto Champion. Ele, por sua vez, é um garoto solitário que vislumbra momentos de felicidade ao estar em cima do seu triciclo. Percebendo a paixão do garoto, a gentil senhora estimula tal aptidão o presenteando com uma bicicleta. Na adolescência, Champion participará da competição Tour de France e, exatamente ali, acontece algo que mudará para sempre a vida do jovem ciclista.
Perturbadoramente bom, com os seus gráficos singulares e o seu silêncio revelador, Les Triplettes de Belleville pode ser considerado um desses filmes ímpares. Altamente recomendável.
Amante a Domicílio
3.2 234 Assista AgoraAo ter uma conversa sobre sexo com a sua dermatologista, Murray, acidentalmente, insere o seu amigo Fioravante no mundo dos acompanhantes masculinos. Após um primeiro encontro bem sucedido, o pacato florista vai adentrando gradativamente no ramo.
Apesar do tema aparentemente sexual (aparentemente visto esse viés ficar só no tema), o filme é leve e simpático. E, ainda que particularmente não goste quando o Woody Allen interpreta – mesmo que o filme não seja dele, está no elenco –, acho que aqui ele até se saiu bem.