Comédia romântica amena dos anos 80, mas felizmente escapa às construções de fórmula do gênero, em parte por conta das performances dos protagonistas: a personagem de Cher não segue o estereótipo que estamos acostumados a ver em filmes românticos, uma mulher divorciada que se aproxima dos 40 anos com tons grisalhos no cabelo, bem como Nicolas Cage, com sua atuação em "homenagem" aos filmes alemães expressionistas e a sua mão de madeira. Legal também ver Nova York nos anos 80, a neve, a silhueta da cidade, o Met.
Requer coragem fazer esse tipo de filme, é arriscado porque parece haver uma linha tênue entre o que seria uma abordagem sensível e honesta sobre a vida de Rocky Dennis e o outro extremo que se aproximaria de algo cartunesco e exageradamente autoindulgente.
Peter Bogdanovich acertou na mão, sem dúvida, e conseguiu entregar uma obra que tem sua própria vida, é espontâneo e real,
não apenas as questões de saúde de Rocky e as questões de exclusão social que decorriam disso, mas os problemas de abuso de substâncias vividos por sua mãe,
todos temas extremamente complexos com vários desdobramentos. Consigo enxergar vários tons de humanidade no que poderia ter sido um retrato de personagens unidimensionais, ao invés disso, vivemos e sentimos com os personagens, em seus defeitos, seus momentos de fraqueza, em suas pequenas alegrias, mas há muita dignidade em tudo isso.
Por conta da forma como a narrativa foi se construindo, a morte de Rocky, ao final, não deixou uma sensação de desolação apenas, há tristeza sim, mas há também ternura e inspiração.
Atuação absolutamente fenomenal de Stacy Keach. Creio que seja mais um exemplo do cinema mais intimista e autoral da Nova Hollywood e o quão poderoso o cinema pode ser em capturar elementos demasiadamente humanos. O boxe é menos tema central do filme e mais instrumento para contar um trecho de histórias desses personagens, cada um lidando com seus próprios fantasmas. Apesar de tudo, a esperança luta para se espremer entre as brechas de cada momento de recaída, de derrota, de frustração.
"- Doomed? that would be far easier. No, we simply fail without being doomed."
Ainda que talvez não saiba o suficiente sobre o pano de fundo que circunda a obra de Whit Stillman, realmente apreciei estar envolta na atmosfera criada pelo filme: Nova York na transição dos anos 80 para 90, neve, roupas bregas e cenários pomposos e decadentes. Talvez esse seja um dos sinais de que estamos assistindo a uma obra autêntica: ela convida você a entrar e se aconchegar nos seus braços por 90 minutos. E, por mais que o contexto seja estrangeiro, ainda assim se encontra algum ponto de encontro que pode produzir algum sentido para quem assiste.
Neste caso, não possuo identificação alguma com os personagens retratados: jovens neuróticos burgueses que não tem muito o que fazer da vida a não ser se autossabotar e jogar strip-poker. Apesar disso, é interessante ver como se desenvolvem as relações, sendo que cada personagem claramente tem uma função dentro da dinâmica de grupo: Charlie, por exemplo, é o neurótico do grupo que está sempre criando teorias e nomenclaturas metalinguísticas para descrever as experiências dele e de seus companheiros - e sobre o quanto todos ali estão "condenados" ao fracasso.
É possível sentir empatia por alguns dos personagens, justamente porque estão presos em algo que é maior e anterior a eles próprios - isto é, toda essa pira de status social, aparências e dinheiro, o que acaba por produzir um grande vazio alienante que se tenta preencher das mais variadas formas - e por vezes até conseguem se questionar sobre isso. Não é um filme muito memorável, mas foi uma cápsula do tempo interessante de se espiar.
" - That's life. No, for real. Okay? It just passes. It just fucking... fucking passes."
Como é surpreendente a habilidade humana de se flexibilizar, de se moldar a novas situações. Nada daquela bobagem de resiliência, porque isso implicaria algum tipo de ideal de força ou de indestrutibilidade, mas não, nós nos ferimos, sangramos, nos fragmentamos em mil pedaços e deixamos alguns para trás, que não podem voltar a ser a mesma coisa.
Acompanhamos um trecho da jornada de Ruben enquanto ele tenta dar sentido a todo o seu mundo novamente, um mundo que já não tinha sido muito gentil com ele em primeiro lugar. Não é à toa que ele passa o tempo todo ainda fixado em conseguir alcançar de volta o que tinha na vivência com Loulou e a banda deles, Black Gammon, um paraíso idílico nômade, repleto de criatividade, liberdade e amor, talvez o único espaço que ele (ambos) jamais tiveram.
Nesse sentido, a narrativa se constroi ao redor desse novo estranhamento de um mundo que já era hostil e não acolhedor. Desde a cena em que ele acorda dentro do trailer e focamos no som dos objetos cotidianos e básicos que nos proporcionam um mínimo de conforto, esquecemos o quanto o som de um café passando pode ser prazeroso - até o próximo dia em que o silêncio impera. A manipulação do som é incrível e acompanha proporcionalmente em intensidade as vivências de Ruben, nos fazendo ter o mínimo de dimensão sobre o que seria ter um de nossos sentidos retirado de um dia para o outro.
Outra coisa muito legal sobre o filme é a visibilidade que dá a comunidade de pessoas que são deficientes auditivas, as sutilezas da convivência e da linguagem que aquele grupo utiliza, algo que infelizmente, a maioria das pessoas não tem acesso ou interesse. Queria tirar um momento para apreciar a atuação de todos que fizeram parte dessa obra, não apenas Riz Ahmed que estava genial, mas todos os atores do centro de reabilitação no qual Ruben passa boa parte do tempo, não sei quais deles são, de fato, deficientes auditivos, mas todos fazem um ótimo trabalho. Em especial, Paul Raci como Joe. Acredito que a obra traga luz justamente a essas questões, não sobre a surdez em si enquanto a ausência ou perda de algo, mas como essa característica encontra lugar dentro da vida de um sujeito e pode assumir sentido de potência e singularidade.
A partir disso, observamos o total desconforto e negação (como poderia ser diferente?) de Ruben conforme ele navega as suas novas possibilidades de vida. Apesar de estar sempre mirando em um retorno a sua vida de antes, ele pode perceber que é possível encontrar um novo lugar para si, ainda que seja em um espaço e tempo outros. Não há nada mais humano do que chegar à realização de que tudo aquilo que fervorosamente queríamos não era nada daquilo que desejávamos.
Não é preciso longos monólogos ou fragmentos de "meu querido diário" para que possamos nos conectar com o que está sendo transmitido na obra, e isso é o mais marcante. O silêncio grita volumes, a canção que Autumn canta no início do filme - sob os deboches de "vadia" - e o olhar que ela sustenta ao longo da obra, são o suficiente para nos contar muitas coisas sobre a sua vida. Então, o que é assimilado é que quando uma mulher fala sobre seus sentimentos e expressa algo sobre seus afetos, é algo que a deixa vulnerável a ponto de sofrer ataques por isso, logo, parece ser algo do qual a personagem quer desesperadamente escapar, por isso guarda tudo para si - manter num mínimo as suas expressões faciais e se conter dentro de si mesma são formas de defesa contra um mundo tão invasivo e hostil.
Assim, ela silencia desde as palavras - a descoberta de que está grávida não vem acompanhada de grandes demonstrações de emoção - até a dor física, coisas como fazer uma perfuração caseira de piercing e os murros que ela dá na própria barriga não acompanham uma expressão de dor, nem perto disso.
É difícil de separar (e não acho também que deveríamos) de uma discussão política, o próprio fato do silenciamento perante homens que gritam, que nomeiam e que definem, que controlam e violentam (de pequenos atos como beijar a mão à força a um estupro que pode levar a uma gravidez indesejada), já nos leva a inúmeras hipóteses complexas. A questão do aborto é algo contemporâneo, os grupos fanáticos pró-vida fazem uma breve aparição em tela. Justamente porque a interrupção da gravidez não é o tema central do filme, é algo maior do que isso, mas que perpassa, sem dúvida, a possibilidade (ou não) das mulheres poderem ter o mínimo controle sobre seus corpos e o que acontece dentro deles. Nesta dimensão, pode-se pensar que Autumn representa vivências de tantas outras meninas e mulheres.
Assim, penso que a obra é construída pelos espaços vazios, pelos silêncios e com aquilo que não aparece, há um certo excesso que é sempre apagado e deixado de lado. Associo com a experiência que uma mulher que sofre uma violência grave deve sentir, um vazio oco cuja emoção sai em borbotões quando é resgatada por meio de algo tão inócuo e burocrático quanto um questionário de múltipla escolha, e talvez somente saia dessa forma, nesse curto espaço de tempo.
Uma das coisas mais geniais da obra é a relação que se desenrola entre as duas protagonistas, não penso em idealizar isso e falar em "sororidade" porque também não se trata disso, mas poder pensar que quando acontece uma relação de companheirismo e amizade (nesse caso também de parentesco) entre duas mulheres, ela pode ser extremamente potente, mesmo que seja só para ter alguém do lado que possa dizer "isso que aconteceu é uma droga mesmo", que senta junto com você em sua dor. Penso que é isso que Skylar faz com Autumn, ainda que ambas também encham a paciência uma da outra em alguns momentos.
Fiquei apaixonada pela narrativa que Eliza Hittman constroi e para onde ela direciona nosso olhar.
Por exemplo, quando Autumn está sendo questionada pela técnica da clínica, conforme as perguntas vão se tornando mais intensas, a câmera permanece no rosto da protagonista. Ou quando Autumn e Skylar seguram as mãos enquanto esta beija o menino que encontrou no ônibus.
São momentos únicos e fazem você pensar 'é por isso que eu amo cinema, porra!'
A linguagem cinematográfica usada por Ozu certamente não é mais a mesma a qual estamos acostumados contemporaneamente, mas há algo de universal na narrativa para a qual ele direciona o nosso olhar, por mais que já tenha passado mais de meio século da realização da obra, ainda conseguimos nos identificar profundamente.
O tempo do filme não é focado na ação ou na realização de grandes atos ou diálogos, boa parte da obra acontece justamente no cotidiano, no tempo transicional entre uma coisa e outra, no qual a vida também acontece! Creio que isso está associado à nossa ingênua valorização daquilo que é ativo somente, da mesma forma que valorizamos a juventude em toda a sua potência ainda a ser realizada. Mas, também há vida nas brechas entre uma ação e outra, no tédio que produz falta e nos movimenta.
Todos os personagens merecem seu próprio estudo específico, mas me marcou particularmente o patriarca da família Hirayama, interpretado pelo muso do Ozu, Chishû Ryû. Ele foge à uma caracterização estereotipada da velhice ou do que imaginamos que isso seja, somente "sabedoria" e "paciência". Ainda que o personagem transmita essa sabedoria conquistada pelo tempo, também conseguimos ver suas falhas - ele ainda vai beber com os amigos de longa data por mais que isso seja moralmente condenável para algúem da sua idade, e é neste momento que ele confessa suas frustrações em relação à vida e aos filhos. Parece que toda sabedoria também contém uma boa dose de sofrimento.
Mas, apesar disso, a vida segue. Ainda que passemos por perdas e o tempo passe sem nos dar espaço para elaborar tudo aquilo que vai nos acontecendo, e vá talvez nos roubando daquilo que pensávamos ser o sentido de nossa existência, aos poucos vamos vendo que tudo é transitório e se transforma. Talvez seja o suficiente apreciar o pôr do sol, apesar de tudo.
"- What the hell happened to you anyway? You look like 40 miles of rough road."
Luzes neon, milhas de estrada, o céu da Califórnia. Os desertos eternos e incrivelmente abertos, bem como os arranha-céus da cidade grande marcam universos de polarizações extremas que se convergem em uma ideia: solidão. A obra traduz uma narrativa que transmite a incomunicabilidade e a impossibilidade de diálogo. Quando isso se presentifica, há a ruptura de vínculos, de relações que se tornam tão insustentáveis que tão somente a morte ou um intenso fenômeno que se dê no Real pode "resolver".
O trauma não se dá apenas pelo retorno de fragmentos insuportáveis de determinada cena, mas também pela impossibilidade de recordar. Não conseguir lembrar de algo que nos aconteceu nos torna prisioneiros dessa vivência. E a carregamos conosco e a repetimos até que se consiga falar sobre ela por alguma via. A narrativa de Travis Henderson, nesse sentido, parece ser catártica: primeiro, ele perambula e caminha sem rumo, até não ver mais nenhum ser humano - o simbolismo do deserto como um lugar onde não há nenhuma possibilidade de troca humana, é somente ele com ele mesmo em suas memórias nebulosas e doloridas - até que se sinta pronto para retornar à civilização e à linguagem, mas isso se dá lenta e gradualmente.
É maravilhosa a relação que se desenvolve e se re-cria entre Travis e seu filho, Hunter. Nada de excessos de dramatização ou pedidos de perdão: as palavras são sob medida e por isso soam espontâneas e honestas. Como duas pessoas estranhas que já se conhecem intimamente, o inquietante e estranho que é, ao mesmo tempo, familiar.
Sinto que a narrativa de Paris, Texas vai se estruturando desta forma, começa com espaços e planos abertos que situam o espectador no caos e vazio traumático no qual o protagonista se encontra, até que vai se fechando, se moldando e culminando na cena do reencontro, primeiro com o filho, depois com a amada, Jane, em um cenário que é claustrofóbico, para dizer o mínimo.
Ao longo de tudo isso, Wim Wenders vai construindo cuidadosamente o caminho de Travis em meio aos seus próprios escombros, é possível pegar atalhos ou evitar a estrada principal, sem dúvida, mas para chegar ao outro lado, não se engane: não há outro caminho possível a não ser através deles!
Trilha sonora maravilhosa, um mosaico caleidoscópico de um retalho da história, que continua a ressoar ainda hoje, não é à toa que houve um remake de "they boys in the band" agora!
Hoje estava lendo o texto do Freud "O Inquietante" e descobri que uma das obras que ele aborda como exemplo de impressão bizarra e desconfortável que a literatura nos causa é o conto "O Homem de Areia" de E.T.A. Hoffmann, que aparece nesse filme (a primeira história da Olympia).
O olhar de Lucien é inquietante, frio e fixo ao longo de todo o filme, quando ele mata os coelhos, quando ele denuncia o professor, quando ele faz amor com France...no início pensei que era apenas inocência, mas há algo de inumano em suas motivações. Todo o contexto da segunda guerra me faz lembrar o conceito de banalidade do mal de Hannah Arendt. Gostei do estilo narrativo acessível do Louis Malle (outro filme que vi dele não era assim!), mas a partir de um certo ponto, o filme se tornou longo demais. Uma curiosidade é que o protagonista, Pierre Blasé, morreu em um acidente de carro um ano depois do lançamento de Lacombe, Lucien, com apenas 20 anos de idade...sinistro, né?
Apesar da dupla Carpenter + Russell, não envelheceu nem um pouco bem e hoje seguramente entra para o hall dos filmes "tão ruins que são bons". Vale a pena pelos momentos de ouro que oferece, como poder ver Peter Fonda e Kurt Russell surfando enquanto este persegue Steve Buscemi...Fuckin' A!
Esse filme cresceu em mim conforme os dias foram passando, me pegava lembrando dele em vários momentos, ao som daquela trilha sonora maravilhosamente sensível e fodástica. Definitivamente tem a cara do Gregg Araki, que é um dos diretores que mais admiro por sempre, em qualquer obra, conseguir transmitir a sua personalidade e o seu toque singular no seu trabalho. Seu trabalho foi ficando mais sério conforme os anos foram passando, de filmes mais experimentais e artísticos/abstratos como "Doom Generation" e "Nowhere", passou a temas mais complexos até chegar em sua obra mais genial "Mysterious Skin".
Em White Bird in a Blizzard, talvez não tenha sido tão feliz quanto em seus outros filmes autorais pois aqui está nos entregando um material que não é realmente seu, mas uma adaptação de um romance, por isso compreendo a forma como vários pontos foram executados, mas, os principais elementos estão aqui presentes: a sexualidade e a sensualidade naturais e sem culpa, o humor adolescente e ácido, o coming of age, o estilo anos 80/90, a representatividade LGBT e de outras minorias sociais, a expressão singular e o senso de estética dos outsiders...inconfundível, este deve ser um filme do Gregg Araki <3
Bill Paxto é um puta diretor, ninguém consegue interpretar um sádico insano tão inocentemente quanto ele, haha, R.I.P. É uma pena que esse seu esforço como diretor tenha ficado um tanto quanto esquecido no passado. A arte da capa me lembra imediatamente a adaptação de algum livro do Stephen King, e a parte psicológica de desenvolvimento e interação entre as personagens não deixa a desejar nesse sentido (Stephen King curtiu tanto o filme que o elegeu como um dos melhores de horror de 2001, aliás).
Acredito que poderia ter sido melhor executado se tivesse algumas alterações no foco principal da história...O próprio título da história remete a algo mais abstrato do que o desfecho do filme nos oferece, fiquei frustrada.
O forte do filme foi a ambientação da infância de Fenton com o irmão e com o pai, colocá-la como um longo flashback fez parecer um daqueles contos morais do Twilight Zone e todo o horror (que era mais o horror do real da loucura do que propriamente sobrenatural) perdeu um pouco da sua força.
Ah, foi bonitinho em algumas cenas, com um final digno de fábula, mas o maior destaque do filme com certeza foi a floresta, que inclusive nem é a floresta de Aokigahara, grande parte foi filmada no estado de Massachussetts. De resto, não consegui sentir aproximação nenhuma entre as atuações do Matthew McConaughey e da Naomi Watts, as personagens simplesmente não parecem ter química, logo, o desenvolvimento e o desfecho da história perdem um pouco de força.
Esse filme da franquia Halloween foi um dos maiores filmes de horror em matéria de arrecadação, na história, só ficando atrás de "It" no ano de 2017. Certamente as expectativas estavam altas, em uma época de remakes e reboots cada vez mais ambiciosos e que prometem elevar nossa paixão cinematográfica pelo original ao infinito.
A estrutura estava prometendo: Jamie Lee Curtis, convencida pelo seu afilhado, Jake Gyllenhaal, estava confirmadíssima para reprisar sua performance como Laurie Strode; John Carpenter assinou a trilha sonora e contrataram uma atriz desconhecida - assim como Curtis foi em 1978 - para o tão cobiçado papel de Allyson, a neta que precisa lidar com a herança maldita de mulheres perseguidas por Michael Myers.
Enquanto eu escrevo essa humilde resenha, já há planos de uma nova sequência para esse filme, por que não, afinal os filmes de horror, mais do que qualquer outro gênero, são os mais maleáveis no que diz respeito a dobrar a realidade e adaptá-la a um universo ou outro. Essa burocratização do tipo "time is money" e o empurrar goela abaixo foi o que senti assistindo esse filme, não consegui realmente entrar dentro da história e me deixar levar por ela.
Todos os flashbacks, as cenas em que se mostra o rosto de Myers, as tentativas de repetição de cenas do Halloween de 1978 e a comercialização barata do empoderamento feminino (isso já é outra discussão, eu acredito que seja importante dar papeis fortes às mulheres, pois é algo real, mas aqui soou tão cliché) me fizeram sair desse filme um tanto quanto vazia. Talvez eu esteja esperando demais de um slasher, não é mesmo? Mas esse não foi nem divertido.
Com ou Sem Você
2.7 3Amg volta pra França, que rolê mais errado foi esse?!
Corações do Deserto
3.7 43-"you get all that traffic with no equipment is beyond me!"
Feitiço da Lua
3.4 203 Assista AgoraComédia romântica amena dos anos 80, mas felizmente escapa às construções de fórmula do gênero, em parte por conta das performances dos protagonistas: a personagem de Cher não segue o estereótipo que estamos acostumados a ver em filmes românticos, uma mulher divorciada que se aproxima dos 40 anos com tons grisalhos no cabelo, bem como Nicolas Cage, com sua atuação em "homenagem" aos filmes alemães expressionistas e a sua mão de madeira. Legal também ver Nova York nos anos 80, a neve, a silhueta da cidade, o Met.
Marcas do Destino
4.0 195"- ... Now you can go anywhere you want, baby."
Requer coragem fazer esse tipo de filme, é arriscado porque parece haver uma linha tênue entre o que seria uma abordagem sensível e honesta sobre a vida de Rocky Dennis e o outro extremo que se aproximaria de algo cartunesco e exageradamente autoindulgente.
Peter Bogdanovich acertou na mão, sem dúvida, e conseguiu entregar uma obra que tem sua própria vida, é espontâneo e real,
não apenas as questões de saúde de Rocky e as questões de exclusão social que decorriam disso, mas os problemas de abuso de substâncias vividos por sua mãe,
Por conta da forma como a narrativa foi se construindo, a morte de Rocky, ao final, não deixou uma sensação de desolação apenas, há tristeza sim, mas há também ternura e inspiração.
Cidade das Ilusões
3.6 26" - Hey kid. You want to spar a little? "
Atuação absolutamente fenomenal de Stacy Keach. Creio que seja mais um exemplo do cinema mais intimista e autoral da Nova Hollywood e o quão poderoso o cinema pode ser em capturar elementos demasiadamente humanos. O boxe é menos tema central do filme e mais instrumento para contar um trecho de histórias desses personagens, cada um lidando com seus próprios fantasmas. Apesar de tudo, a esperança luta para se espremer entre as brechas de cada momento de recaída, de derrota, de frustração.
Metropolitan
3.7 20"- Doomed? that would be far easier. No, we simply fail without being doomed."
Ainda que talvez não saiba o suficiente sobre o pano de fundo que circunda a obra de Whit Stillman, realmente apreciei estar envolta na atmosfera criada pelo filme: Nova York na transição dos anos 80 para 90, neve, roupas bregas e cenários pomposos e decadentes. Talvez esse seja um dos sinais de que estamos assistindo a uma obra autêntica: ela convida você a entrar e se aconchegar nos seus braços por 90 minutos. E, por mais que o contexto seja estrangeiro, ainda assim se encontra algum ponto de encontro que pode produzir algum sentido para quem assiste.
Neste caso, não possuo identificação alguma com os personagens retratados: jovens neuróticos burgueses que não tem muito o que fazer da vida a não ser se autossabotar e jogar strip-poker. Apesar disso, é interessante ver como se desenvolvem as relações, sendo que cada personagem claramente tem uma função dentro da dinâmica de grupo: Charlie, por exemplo, é o neurótico do grupo que está sempre criando teorias e nomenclaturas metalinguísticas para descrever as experiências dele e de seus companheiros - e sobre o quanto todos ali estão "condenados" ao fracasso.
É possível sentir empatia por alguns dos personagens, justamente porque estão presos em algo que é maior e anterior a eles próprios - isto é, toda essa pira de status social, aparências e dinheiro, o que acaba por produzir um grande vazio alienante que se tenta preencher das mais variadas formas - e por vezes até conseguem se questionar sobre isso. Não é um filme muito memorável, mas foi uma cápsula do tempo interessante de se espiar.
O Som do Silêncio
4.1 985 Assista Agora" - That's life. No, for real. Okay? It just passes. It just fucking... fucking passes."
Como é surpreendente a habilidade humana de se flexibilizar, de se moldar a novas situações. Nada daquela bobagem de resiliência, porque isso implicaria algum tipo de ideal de força ou de indestrutibilidade, mas não, nós nos ferimos, sangramos, nos fragmentamos em mil pedaços e deixamos alguns para trás, que não podem voltar a ser a mesma coisa.
Acompanhamos um trecho da jornada de Ruben enquanto ele tenta dar sentido a todo o seu mundo novamente, um mundo que já não tinha sido muito gentil com ele em primeiro lugar. Não é à toa que ele passa o tempo todo ainda fixado em conseguir alcançar de volta o que tinha na vivência com Loulou e a banda deles, Black Gammon, um paraíso idílico nômade, repleto de criatividade, liberdade e amor, talvez o único espaço que ele (ambos) jamais tiveram.
Nesse sentido, a narrativa se constroi ao redor desse novo estranhamento de um mundo que já era hostil e não acolhedor. Desde a cena em que ele acorda dentro do trailer e focamos no som dos objetos cotidianos e básicos que nos proporcionam um mínimo de conforto, esquecemos o quanto o som de um café passando pode ser prazeroso - até o próximo dia em que o silêncio impera. A manipulação do som é incrível e acompanha proporcionalmente em intensidade as vivências de Ruben, nos fazendo ter o mínimo de dimensão sobre o que seria ter um de nossos sentidos retirado de um dia para o outro.
Outra coisa muito legal sobre o filme é a visibilidade que dá a comunidade de pessoas que são deficientes auditivas, as sutilezas da convivência e da linguagem que aquele grupo utiliza, algo que infelizmente, a maioria das pessoas não tem acesso ou interesse. Queria tirar um momento para apreciar a atuação de todos que fizeram parte dessa obra, não apenas Riz Ahmed que estava genial, mas todos os atores do centro de reabilitação no qual Ruben passa boa parte do tempo, não sei quais deles são, de fato, deficientes auditivos, mas todos fazem um ótimo trabalho. Em especial, Paul Raci como Joe. Acredito que a obra traga luz justamente a essas questões, não sobre a surdez em si enquanto a ausência ou perda de algo, mas como essa característica encontra lugar dentro da vida de um sujeito e pode assumir sentido de potência e singularidade.
A partir disso, observamos o total desconforto e negação (como poderia ser diferente?) de Ruben conforme ele navega as suas novas possibilidades de vida. Apesar de estar sempre mirando em um retorno a sua vida de antes, ele pode perceber que é possível encontrar um novo lugar para si, ainda que seja em um espaço e tempo outros. Não há nada mais humano do que chegar à realização de que tudo aquilo que fervorosamente queríamos não era nada daquilo que desejávamos.
Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre
4.0 215 Assista Agora" - Don't you ever just wish you were a dude?"
Não é preciso longos monólogos ou fragmentos de "meu querido diário" para que possamos nos conectar com o que está sendo transmitido na obra, e isso é o mais marcante. O silêncio grita volumes, a canção que Autumn canta no início do filme - sob os deboches de "vadia" - e o olhar que ela sustenta ao longo da obra, são o suficiente para nos contar muitas coisas sobre a sua vida. Então, o que é assimilado é que quando uma mulher fala sobre seus sentimentos e expressa algo sobre seus afetos, é algo que a deixa vulnerável a ponto de sofrer ataques por isso, logo, parece ser algo do qual a personagem quer desesperadamente escapar, por isso guarda tudo para si - manter num mínimo as suas expressões faciais e se conter dentro de si mesma são formas de defesa contra um mundo tão invasivo e hostil.
Assim, ela silencia desde as palavras - a descoberta de que está grávida não vem acompanhada de grandes demonstrações de emoção - até a dor física, coisas como fazer uma perfuração caseira de piercing e os murros que ela dá na própria barriga não acompanham uma expressão de dor, nem perto disso.
É difícil de separar (e não acho também que deveríamos) de uma discussão política, o próprio fato do silenciamento perante homens que gritam, que nomeiam e que definem, que controlam e violentam (de pequenos atos como beijar a mão à força a um estupro que pode levar a uma gravidez indesejada), já nos leva a inúmeras hipóteses complexas. A questão do aborto é algo contemporâneo, os grupos fanáticos pró-vida fazem uma breve aparição em tela. Justamente porque a interrupção da gravidez não é o tema central do filme, é algo maior do que isso, mas que perpassa, sem dúvida, a possibilidade (ou não) das mulheres poderem ter o mínimo controle sobre seus corpos e o que acontece dentro deles. Nesta dimensão, pode-se pensar que Autumn representa vivências de tantas outras meninas e mulheres.
Assim, penso que a obra é construída pelos espaços vazios, pelos silêncios e com aquilo que não aparece, há um certo excesso que é sempre apagado e deixado de lado. Associo com a experiência que uma mulher que sofre uma violência grave deve sentir, um vazio oco cuja emoção sai em borbotões quando é resgatada por meio de algo tão inócuo e burocrático quanto um questionário de múltipla escolha, e talvez somente saia dessa forma, nesse curto espaço de tempo.
Uma das coisas mais geniais da obra é a relação que se desenrola entre as duas protagonistas, não penso em idealizar isso e falar em "sororidade" porque também não se trata disso, mas poder pensar que quando acontece uma relação de companheirismo e amizade (nesse caso também de parentesco) entre duas mulheres, ela pode ser extremamente potente, mesmo que seja só para ter alguém do lado que possa dizer "isso que aconteceu é uma droga mesmo", que senta junto com você em sua dor. Penso que é isso que Skylar faz com Autumn, ainda que ambas também encham a paciência uma da outra em alguns momentos.
Fiquei apaixonada pela narrativa que Eliza Hittman constroi e para onde ela direciona nosso olhar.
Por exemplo, quando Autumn está sendo questionada pela técnica da clínica, conforme as perguntas vão se tornando mais intensas, a câmera permanece no rosto da protagonista. Ou quando Autumn e Skylar seguram as mãos enquanto esta beija o menino que encontrou no ônibus.
Era uma Vez em Tóquio
4.4 187 Assista Agora" - Isn't life disappointing?"
" - Yes, it is. "
A linguagem cinematográfica usada por Ozu certamente não é mais a mesma a qual estamos acostumados contemporaneamente, mas há algo de universal na narrativa para a qual ele direciona o nosso olhar, por mais que já tenha passado mais de meio século da realização da obra, ainda conseguimos nos identificar profundamente.
O tempo do filme não é focado na ação ou na realização de grandes atos ou diálogos, boa parte da obra acontece justamente no cotidiano, no tempo transicional entre uma coisa e outra, no qual a vida também acontece! Creio que isso está associado à nossa ingênua valorização daquilo que é ativo somente, da mesma forma que valorizamos a juventude em toda a sua potência ainda a ser realizada. Mas, também há vida nas brechas entre uma ação e outra, no tédio que produz falta e nos movimenta.
Todos os personagens merecem seu próprio estudo específico, mas me marcou particularmente o patriarca da família Hirayama, interpretado pelo muso do Ozu, Chishû Ryû. Ele foge à uma caracterização estereotipada da velhice ou do que imaginamos que isso seja, somente "sabedoria" e "paciência". Ainda que o personagem transmita essa sabedoria conquistada pelo tempo, também conseguimos ver suas falhas - ele ainda vai beber com os amigos de longa data por mais que isso seja moralmente condenável para algúem da sua idade, e é neste momento que ele confessa suas frustrações em relação à vida e aos filhos. Parece que toda sabedoria também contém uma boa dose de sofrimento.
Mas, apesar disso, a vida segue. Ainda que passemos por perdas e o tempo passe sem nos dar espaço para elaborar tudo aquilo que vai nos acontecendo, e vá talvez nos roubando daquilo que pensávamos ser o sentido de nossa existência, aos poucos vamos vendo que tudo é transitório e se transforma. Talvez seja o suficiente apreciar o pôr do sol, apesar de tudo.
Paris, Texas
4.3 695 Assista Agora"- What the hell happened to you anyway? You look like 40 miles of rough road."
Luzes neon, milhas de estrada, o céu da Califórnia. Os desertos eternos e incrivelmente abertos, bem como os arranha-céus da cidade grande marcam universos de polarizações extremas que se convergem em uma ideia: solidão. A obra traduz uma narrativa que transmite a incomunicabilidade e a impossibilidade de diálogo. Quando isso se presentifica, há a ruptura de vínculos, de relações que se tornam tão insustentáveis que tão somente a morte ou um intenso fenômeno que se dê no Real pode "resolver".
O trauma não se dá apenas pelo retorno de fragmentos insuportáveis de determinada cena, mas também pela impossibilidade de recordar. Não conseguir lembrar de algo que nos aconteceu nos torna prisioneiros dessa vivência. E a carregamos conosco e a repetimos até que se consiga falar sobre ela por alguma via. A narrativa de Travis Henderson, nesse sentido, parece ser catártica: primeiro, ele perambula e caminha sem rumo, até não ver mais nenhum ser humano - o simbolismo do deserto como um lugar onde não há nenhuma possibilidade de troca humana, é somente ele com ele mesmo em suas memórias nebulosas e doloridas - até que se sinta pronto para retornar à civilização e à linguagem, mas isso se dá lenta e gradualmente.
É maravilhosa a relação que se desenvolve e se re-cria entre Travis e seu filho, Hunter. Nada de excessos de dramatização ou pedidos de perdão: as palavras são sob medida e por isso soam espontâneas e honestas. Como duas pessoas estranhas que já se conhecem intimamente, o inquietante e estranho que é, ao mesmo tempo, familiar.
Sinto que a narrativa de Paris, Texas vai se estruturando desta forma, começa com espaços e planos abertos que situam o espectador no caos e vazio traumático no qual o protagonista se encontra, até que vai se fechando, se moldando e culminando na cena do reencontro, primeiro com o filho, depois com a amada, Jane, em um cenário que é claustrofóbico, para dizer o mínimo.
Ao longo de tudo isso, Wim Wenders vai construindo cuidadosamente o caminho de Travis em meio aos seus próprios escombros, é possível pegar atalhos ou evitar a estrada principal, sem dúvida, mas para chegar ao outro lado, não se engane: não há outro caminho possível a não ser através deles!
Gay USA
4.1 9 Assista Agora-Thank God they're out, they won't need shrinks!"
Trilha sonora maravilhosa, um mosaico caleidoscópico de um retalho da história, que continua a ressoar ainda hoje, não é à toa que houve um remake de "they boys in the band" agora!
De Volta Para Casa
3.0 191Esse filme é mais perdido do que cusco em tiroteio.
Aquário
3.6 163"Life's a bitch and then you die
That's why we get high
'Cause you never know when you gonna go"
Os Contos de Hoffmann
3.9 15 Assista AgoraHoje estava lendo o texto do Freud "O Inquietante" e descobri que uma das obras que ele aborda como exemplo de impressão bizarra e desconfortável que a literatura nos causa é o conto "O Homem de Areia" de E.T.A. Hoffmann, que aparece nesse filme (a primeira história da Olympia).
Lacombe Lucien
3.8 36O olhar de Lucien é inquietante, frio e fixo ao longo de todo o filme, quando ele mata os coelhos, quando ele denuncia o professor, quando ele faz amor com France...no início pensei que era apenas inocência, mas há algo de inumano em suas motivações. Todo o contexto da segunda guerra me faz lembrar o conceito de banalidade do mal de Hannah Arendt. Gostei do estilo narrativo acessível do Louis Malle (outro filme que vi dele não era assim!), mas a partir de um certo ponto, o filme se tornou longo demais.
Uma curiosidade é que o protagonista, Pierre Blasé, morreu em um acidente de carro um ano depois do lançamento de Lacombe, Lucien, com apenas 20 anos de idade...sinistro, né?
Fuga de Los Angeles
3.0 178 Assista AgoraApesar da dupla Carpenter + Russell, não envelheceu nem um pouco bem e hoje seguramente entra para o hall dos filmes "tão ruins que são bons". Vale a pena pelos momentos de ouro que oferece, como poder ver Peter Fonda e Kurt Russell surfando enquanto este persegue Steve Buscemi...Fuckin' A!
Nebraska
4.1 1,0K Assista AgoraFilme perfeito sem defeitos, me arrependo de não ter assistido antes. Um fdp de um exercício no espectro das emoções humanas.
"- Did you want to own a farm like your dad?"
"- I don't remember...and it doesn't matter"
Mr. Long
3.8 5Esse filme deveria ser utilizado como teste pra ver o grau de psicopatia das pessoas (principalmente aquela cena final)..
Sangue Ruim
4.0 84 Assista Agora-"É só ligar o rádio para encontrar a música que latejava dentro de nós"
*ruído de estática*
Pássaro Branco na Nevasca
3.6 442 Assista AgoraEsse filme cresceu em mim conforme os dias foram passando, me pegava lembrando dele em vários momentos, ao som daquela trilha sonora maravilhosamente sensível e fodástica. Definitivamente tem a cara do Gregg Araki, que é um dos diretores que mais admiro por sempre, em qualquer obra, conseguir transmitir a sua personalidade e o seu toque singular no seu trabalho. Seu trabalho foi ficando mais sério conforme os anos foram passando, de filmes mais experimentais e artísticos/abstratos como "Doom Generation" e "Nowhere", passou a temas mais complexos até chegar em sua obra mais genial "Mysterious Skin".
Em White Bird in a Blizzard, talvez não tenha sido tão feliz quanto em seus outros filmes autorais pois aqui está nos entregando um material que não é realmente seu, mas uma adaptação de um romance, por isso compreendo a forma como vários pontos foram executados, mas, os principais elementos estão aqui presentes: a sexualidade e a sensualidade naturais e sem culpa, o humor adolescente e ácido, o coming of age, o estilo anos 80/90, a representatividade LGBT e de outras minorias sociais, a expressão singular e o senso de estética dos outsiders...inconfundível, este deve ser um filme do Gregg Araki <3
Pássaro Branco na Nevasca
3.6 442 Assista Agorahttps://www.youtube.com/watch?v=N-T33P9IGhI
A Mão do Diabo
3.5 289Bill Paxto é um puta diretor, ninguém consegue interpretar um sádico insano tão inocentemente quanto ele, haha, R.I.P. É uma pena que esse seu esforço como diretor tenha ficado um tanto quanto esquecido no passado. A arte da capa me lembra imediatamente a adaptação de algum livro do Stephen King, e a parte psicológica de desenvolvimento e interação entre as personagens não deixa a desejar nesse sentido (Stephen King curtiu tanto o filme que o elegeu como um dos melhores de horror de 2001, aliás).
Acredito que poderia ter sido melhor executado se tivesse algumas alterações no foco principal da história...O próprio título da história remete a algo mais abstrato do que o desfecho do filme nos oferece, fiquei frustrada.
O forte do filme foi a ambientação da infância de Fenton com o irmão e com o pai, colocá-la como um longo flashback fez parecer um daqueles contos morais do Twilight Zone e todo o horror (que era mais o horror do real da loucura do que propriamente sobrenatural) perdeu um pouco da sua força.
O Mar de Árvores
3.3 92 Assista AgoraAh, foi bonitinho em algumas cenas, com um final digno de fábula, mas o maior destaque do filme com certeza foi a floresta, que inclusive nem é a floresta de Aokigahara, grande parte foi filmada no estado de Massachussetts. De resto, não consegui sentir aproximação nenhuma entre as atuações do Matthew McConaughey e da Naomi Watts, as personagens simplesmente não parecem ter química, logo, o desenvolvimento e o desfecho da história perdem um pouco de força.
Halloween
3.4 1,1KEsse filme da franquia Halloween foi um dos maiores filmes de horror em matéria de arrecadação, na história, só ficando atrás de "It" no ano de 2017. Certamente as expectativas estavam altas, em uma época de remakes e reboots cada vez mais ambiciosos e que prometem elevar nossa paixão cinematográfica pelo original ao infinito.
A estrutura estava prometendo: Jamie Lee Curtis, convencida pelo seu afilhado, Jake Gyllenhaal, estava confirmadíssima para reprisar sua performance como Laurie Strode; John Carpenter assinou a trilha sonora e contrataram uma atriz desconhecida - assim como Curtis foi em 1978 - para o tão cobiçado papel de Allyson, a neta que precisa lidar com a herança maldita de mulheres perseguidas por Michael Myers.
Enquanto eu escrevo essa humilde resenha, já há planos de uma nova sequência para esse filme, por que não, afinal os filmes de horror, mais do que qualquer outro gênero, são os mais maleáveis no que diz respeito a dobrar a realidade e adaptá-la a um universo ou outro. Essa burocratização do tipo "time is money" e o empurrar goela abaixo foi o que senti assistindo esse filme, não consegui realmente entrar dentro da história e me deixar levar por ela.
Todos os flashbacks, as cenas em que se mostra o rosto de Myers, as tentativas de repetição de cenas do Halloween de 1978 e a comercialização barata do empoderamento feminino (isso já é outra discussão, eu acredito que seja importante dar papeis fortes às mulheres, pois é algo real, mas aqui soou tão cliché) me fizeram sair desse filme um tanto quanto vazia. Talvez eu esteja esperando demais de um slasher, não é mesmo? Mas esse não foi nem divertido.