Eu fiz uma maratona bem rápida, pois a série tem uma história distópica de ficção científica muito interessante e viciante.É uma série bem produzida, as cores em tom sépia estão em destaque, como um reflexo da completa decadência, a falta de liberdade e direitos. The Man in the High Castle tem alguns elementos de ficção, mas é muito mais um thriller de espionagem, por exemplo.
O enredo central envolve alguns misteriosos filmes sendo transportados pela Resistência americana e procurados pelos Nazistas e Japoneses. Mas, o que eu mais gosto na série (isso serve pra qualquer outra) é não ter aquela coisa de "bom ou ruim", mas é claro, isso não significa que tudo na série é em tons de cinza, porque não é. O Império Nazista é mau em si mesmo, a ilustração do que foi em realidade, acompanhado pelo Império Japonês (que não é filiado ao Partido Nazista, mas, enquanto o aliado mais fraco, faz leis nazistas serem aceitas no seu território). Isso não significa que não possamos sentir e ter empatia por alguns personagens de diferentes lados, como o Obergruppenführer John Smith e o Inspetor Kido, mesmo eles tendo cometido atos cruéis, devido ao seu papel em seus regimes. Eu acho essencial esse excelente trabalho de desenvolvimento dos personagens.
É que fazer uma ficção distópica e colocar algumas bandeiras (nazista e japonesa) e outros detalhes é normal. Mas é realmente incrível ver como cada personagem tem sua personalidade formada por suas ações e até como eles são influenciados pelas circunstâncias e experiências em suas vidas neste universo alternativo. É, claro, ela tem seus pontos fracos, mas não vejo como nada que não dê pra suportar.
Eu tô muito curioso e otimista com o Bobby Cannavale. Eu o vi somente em "Boardwalk Empire", mas a impressão deixada foi tão, mas tão excelente que me fez querer vê-lo novamente. E, olha que coisa boa, o meu desejo vai ser realizado logo com uma série que promete tanto, pelo tema, por causa dos nomes envolvidos. Enfim, esperando.
É o fim. Eu, com certo atraso, estou postando algo sobre essa série que tem sido, durante muito tempo, parte da vida de muitas pessoas. Eu comecei a assistir Mad Men um pouco tarde, infelizmente. E, assim mesmo, me viciei e me tornei fã, como muitos outros. Depois de ver o último episódio, posso dizer que o sentimento que fica é como se tivesse perdido grandes amigos, sabe? Isso acontece com algumas séries, eu sei.
Vou colocar o trecho de uma (de várias) cena incrível e importante da série: ''Sonhei que estava em uma prateleira de uma geladeira. Alguém fecha a porta, a luz apaga e sei que todos estão lá fora comendo. Então eles abrem a porta e você os vê sorrindo. Eles estão felizes por verem você, mas talvez não estejam olhando para você... E talvez não peguem você... Então a porta se fecha de novo. A luz apaga.''
Então, o plot de cada personagem teve um lindo e merecido desfecho (menos um, infelizmente), mas com o Don Draper foi um pouco diferente, por causa da ambiguidade. "Mad Men" sempre fez abordagens interessantes, nunca parou de abrir novos caminhos, sempre fazendo uma perfeita contextualização de sua época.
Don Draper é um personagem brilhante, apesar de não simpatizar tanto com ele quanto com os outros da série. O significado da sua vida sempre foi algo muito complexo e bem trabalhado (poderíamos ficar horas e horas conversando sobre o personagem), uma hora percebemos que ele sempre quis ser amado, mas, em outros momentos, ele demonstra que nunca poderia confiar no amor. É que lembro a primeira temporada, quando ele diz: "O que você chama de amor foi inventado por caras como eu" (algo assim). Olha o quanto é interessante ver coisas que foram ditas na primeira temporada e, assim mesmo, ter um impacto enorme depois. Entre outras coisas, é como disse, um personagem complexo e interessante como quase todos os outros da série.
Eu poderia ficar escrevendo e escrevendo sobre todos os personagens, as minhas interpretações sobre cada um, mas é algo que demoraria um bocado, portanto, vou ficar apenas nisso mesmo. Eu estou ansioso para revê-lo em breve, como faço com todas as grandes séries, pois é, definitivamente, uma das melhores coisas já feitas pela televisão. Vai deixar saudades, ou melhor, já está deixando...
Sim, a perfeição existe sim, é raríssima, mas de vez em quando a televisão nos mostra que é possível.
The Wire é muito eficaz em mostrar as mecanizações complexas da nossa sociedade de maneira tão brilhante e envolvente, esses círculos diferentes dentro da nossa sociedade, mas que ao se interligarem conseguem nos mostrar que as histórias são cíclicas. Alguns personagens saem por diversas razões, mas o lugar é logo preenchido por outra pessoa. As coisas na cidade podem até mudar, mas é interessante como mostram que não importa se há mudança nas pessoas se os métodos de funcionamento da cidade são os mesmos.
É repleto de personagens e todos inacreditavelmente bem construídos, mas apesar disso nenhum deles é protagonista, mas sim a cidade. E isso não é algo atingido facilmente por qualquer série.
E que final incrível, sério! O sistema é quebrado, as coisas não vão mudar tão facilmente.
PS: Eu poderia ficar durante horas conversando sobre os diversos personagens que acompanhei nessa série. Sobre os altos e baixos de cada um deles. Existem várias cenas memoráveis que poderia muito bem relembrar, mas quem assistiu sabe, a lista seria enorme.
É incrível que mesmo com apenas 6 episódios a série consegue mostrar bem suas histórias principais: houve uma eficaz progressão sobre a investigação, o casamento instável de Teddy e Tawney, um dos pontos mais interessantes e, claro, não podemos esquecer a situação bastante complexa entre Sr. Teddy e Janet. Ah, tivemos Amantha querendo descobrir o que quer, seguindo em frente...
Eu acho que agora a Amantha não vai guardar mágoas de Daniel. Que cena linda é a despedida deles (Jon também, aquele abraço em Daniel foi lindo). É bastante emocional, apesar de não ter choro ou algo do tipo, mas não precisa, né? Apesar de que ela se conteve nesse momento, rs. E depois o Daniel fazendo aquela brincadeira que eu não entendi, talvez por ela ser estranha (?). Um outro aspecto interessante em Rectify é seu humor discreto, digo isso porque não é como o humor que arranca gargalhadas, como acontece em outros excelentes dramas. Eu acho que é sempre por usar toda a anormalidade e ingenuidade de Daniel, fazendo com que sintamos a estranheza, rs.
E Daniel, ah... o Daniel! Ele finalmente não se sente como uma vítima. É só perceber que tivemos cada vez menos flashbacks dele na prisão, o que significa a sua vontade de seguir em frente. Então, é que o significado dos flashbacks mostrava como o Daniel ainda estava preso ao seu passado, como ele ainda não conseguia escapar, o que é compreensível. Ele querendo falar sobre o Kerwin com a Janet é uma coisa linda e cheia de significado, aliás, qualquer menção a Kerwin é emoção pura e quase me faz chorar. E ele indo à origem, ao mar e consequentemente tendo o seu encontro com a Tawney, sua menina Jesus. É uma cena de sonho estranha e maravilhosa. Essa sugestão de conexão espiritual entre eles, de fato, existe. Eu acho que a Tawney é a pessoa que pode fazer o Daniel realmente viver. Ela perdeu o equilíbrio desde quando ele chegou. Eu acho que ele a inspirou descobrir quem realmente ela é, mas ele não pode simplesmente esperar, tem que tentar mesmo sem ela, é o que vai fazer.
É incrível como praticamente tudo quer dizer alguma coisa em Rectify. Quando Daniel e Janet estão no restaurante, ele a convida para dançar, mas logo quando estão em pé são interrompidos, poxa vida! Olha como isso descreve bem a série, esses cortes. Isso acontece o tempo inteiro na vida, ainda mais se tratando da família Holden. O que podemos concluir disso? É que o mais importante é tentar, ele levantou e a convidou, simples. O mais importante é saber apreciar esses momentos pequenos com as pessoas que tanto gostamos. É o que tivemos nesses últimos episódios entre Daniel e Janet. E aquela última cena? Nossa, a Janet recebeu o melhor presente que poderia ter recebido de Daniel quando ele diz "Pode me fazer um favor? Pode tentar se perdoar?", liberando-a de qualquer culpa sobre o seu passado. Agora, é a vez do Daniel realmente seguir em frente, é isso que ele precisa para crescer. Vai ter todas as experiências que ele tanto quer nessa vida. E como um apaixonado que sou pelo personagem, estou naquela ansiedade!
Eu acho que para muitas pessoas isso pode soar meramente simples, né? É simples. Mas é tão repleto de nuances e simbolismos que se torna algo poderoso. É só parar e pensar (ou sentir, é o mais apropriado) como esse show é feito com tanto cuidado e coração. Eu amo essas observações profundas nos personagens. E isso às vezes é transmitido através de imagens... Alguém se lembra de Daniel no campo de baseball observando a grama? É de cortar o coração. E agora que mencionei a grama, o que acontece numa dessas cenas do episódio? Quando ele e Janet estão indo para a prisão temos um foco da câmera no pisca-pisca do carro, o que pra mim é um detalhe que serve como um alerta de que estão indo para algum lugar importante. Ele fora da prisão, sentado na grama, observando de longe onde passou uma boa parte de sua vida. Rectify consegue extrair de situações "menores" a sua mais profunda beleza. É nesses momentos da vida que encontramos a essência dessa obra-prima maravilhosa.
Eu tô muito animado sobre o que o futuro reserva para a família Holden.
Penny Dreadful é uma surpresa, uma excelente surpresa. Eu confesso que não esperava algo tão belo (rs), tão repleto de diálogos eloquentes e de personagens que raramente passam despercebidos em algum momento, devido a sua humanidade bem desenhada pelos seus roteiristas. Claro, eu ouvi muitos elogios antes da série começar, mas como já disse, não esperava tudo isso. Ela se propôs a fazer uma mistura de mitos (Frankenstein, Dorian Gray, Lobisomem e etc…) de uma forma bastante interessante, nos proporcionando a revisitação a diversos seres fantásticos.
Eu achei a primeira temporada boa, todos os personagens continham seus segredos sombrios, mas ao decorrer dos episódios vão sendo desvendados lentamente (pode ter sido um problema para alguns, eu não tive problemas), porém, nunca deixando de fornecer alguma profundidade, isso tudo sendo intercalado com flashbacks. O meu problema (não tão grande, rs) com a primeira temporada é justamente a trama central, a busca de Mina, que levou a temporada inteira pra ter um desfecho, mas enfim, serviu como uma ótima base para esta temporada (2 season), que recentemente acabou.
O drama humano de cada personagem é tão carregado (há uma energia palpável em cada performance, é incrível) e tão poderoso que os choques emocionais são traumáticos. A cada linha os diálogos são carregados de significado, todos estão escondendo algo e cada palavra é muitíssimo bem trabalhada. O elenco é soberbo, eles retratam seus personagens problemáticos, complexos e obscuros com bastante intensidade. Existe aquele cuidado com os personagens, todos os plots ganham uma síntese. Ah, e claro. A melhor personagem e também mais exigida é Vanessa Ives (Eva Green) que é brilhante, sedutora, por vezes, assustadora.
O clima é denso, bastante credível no contexto da narrativa. Londres também oferece o cenário ideal: ação, sangrenta, criaturas sobrenaturais, sexo e etc, mas ela nunca se esquece de construir essa atmosfera.
Nessa temporada (2 season) temos uma conversa incrível entre Vanessa e John Clare que é sobre a ideia de fé e beleza. E dado conhecimento de John Clare com o seu criador, não é nenhuma surpresa que ele não tenha uma fé em algum tipo de poder superior. Em vez disso, ele admira as coisas bonitas em torno dele, tanto a que existe na natureza quanto toda a beleza criada pela humanidade. É um momento que faz pouco para avançar o enredo, não é? Mas enredo não é tão importante para Penny Dreadful como algo, digamos, o ambiente ou os poucos minutos entre os personagens atormentados que de alguma forma conseguem encontrar consolo no mais improvável dos lugares.
É visualmente esplêndida, com uma escrita complexa e com uma alta carga emocional que nos provoca boas reflexões, o que a torna uma brilhante série e também uma das melhores séries da atualidade.
White Bear (2x02), que na minha opinião é o melhor da série (não é meu favorito), é realmente destruidor e perturbador. Todos sabemos que as ideias de Black Mirror são excelentes, mas dentre todas, temos algumas que se destacam mais, seja por sua ideia ou execução. E White Bear tem a execução mais surpreendente de todos os outros episódios, por fazer nós enxergarmos (o desespero estampado no rosto da protagonista, cujos olhos choram de angústia e etc) a personagem como um ser humano e depois descobrirmos que existe algo por trás. O episódio contém críticas à televisão, direcionadas para quantidade de pessoas que assistem tv por inércia e que não pensam no que estão vendo. A conversão de "massa" em espectadores que só "vivem" através de seus telefones móveis e, o que é pior, acabam tendo um perverso senso de justiça que vai além do "olho por olho" e "dente por dente". O que se desenvolve aos poucos em White Bear é justamente um recheado de coisas, a punição eterna e aterrorizante com a qual os seres humanos gostam de se entreter.
A atriz, de quem não sei o nome (rs), está perfeita. O episódio, embora não seja tão rico emocionalmente como os anteriores, é mais interessado em tocar em outros pontos, como: desolação, medo e confusão. E a performance da atriz em transmitir todos esses temas é perfeita. O medo é tão notável no episódio porque realmente nos colocamos na posição dela, perdida e sem memórias. E tudo é desconfortável nessa série, cheia de "flashs" repentinos... E a câmera constantemente "trêmula" (rs) salienta a percepção disso, criando uma atmosfera que o episódio exigia ter.
“Se a tecnologia é uma droga — e ela se assemelha a uma droga –, então quais são, exatamente, seus efeitos colaterais? Essa área, entre o deleite e o desconforto, é onde Black Mirror, minha nova série dramática, está situada.”
Ao contrário de muitas outras séries, cujo enredo gira em torno da forma de cliffhangers, entre outras coisas, Olive Kitteridge é uma história marcada de forma densa pelo viés psicológico, cuja personagem principal é tão profunda, que faz com que a sigamos até o fim, maravilhados com a forma da escrita, onde tudo que presenciamos é importante e sempre, aos poucos, nos proporciona detalhes fundamentais sobre os personagens. Ao analisarmos a fundo, tudo fica muito mais enriquecedor, afinal, estamos falando de diálogos tão intensos que são capazes de nos atingir de maneira irreversível.
Transparent é a história de uma família, com quatro mentes conturbadas, que são introduzidas de maneira dinâmica e eficaz (e até com profundidade…), revelando alguns de seus problemas, que soam críveis. Todos eles têm problemas, com cada um propenso à compreensão e vidas de desesperos, silenciosos ou não. Existe consistência nas relações entre os irmãos, com diálogos afiados e ocasionalmente engraçados.
As estradas sempre me inquietaram. Há nelas um doce mistério, para além do óbvio convite em percorrê-las, do simplesmente ir. Há uma perspectiva de encontro, de cruzamento, como se elas levassem a um ponto só, como um referencial surgido em tempos remotos, que fez todos os caminhos despontarem e se multiplicarem, tanto e de tal forma que nós não nos apercebêssemos mais desse início, desse nos sabermos interligados aos outros, por onde quer que passássemos.
Esses caminhos múltiplos, lançados a partir de um norte comum, foram elaborados em cada episódio da segunda temporada de Rectify, materializando-se a partir das cenas nas quais Daniel percorria estradas, tão variadas quanto seu estado de espírito, mas tão estáveis quanto sua essência.
Leia mais aqui: http://zip.net/blpt7Z
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O Homem do Castelo Alto (2ª Temporada)
4.3 102 Assista AgoraEu fiz uma maratona bem rápida, pois a série tem uma história distópica de ficção científica muito interessante e viciante.É uma série bem produzida, as cores em tom sépia estão em destaque, como um reflexo da completa decadência, a falta de liberdade e direitos. The Man in the High Castle tem alguns elementos de ficção, mas é muito mais um thriller de espionagem, por exemplo.
O enredo central envolve alguns misteriosos filmes sendo transportados pela Resistência americana e procurados pelos Nazistas e Japoneses. Mas, o que eu mais gosto na série (isso serve pra qualquer outra) é não ter aquela coisa de "bom ou ruim", mas é claro, isso não significa que tudo na série é em tons de cinza, porque não é. O Império Nazista é mau em si mesmo, a ilustração do que foi em realidade, acompanhado pelo Império Japonês (que não é filiado ao Partido Nazista, mas, enquanto o aliado mais fraco, faz leis nazistas serem aceitas no seu território). Isso não significa que não possamos sentir e ter empatia por alguns personagens de diferentes lados, como o Obergruppenführer John Smith e o Inspetor Kido, mesmo eles tendo cometido atos cruéis, devido ao seu papel em seus regimes. Eu acho essencial esse excelente trabalho de desenvolvimento dos personagens.
É que fazer uma ficção distópica e colocar algumas bandeiras (nazista e japonesa) e outros detalhes é normal. Mas é realmente incrível ver como cada personagem tem sua personalidade formada por suas ações e até como eles são influenciados pelas circunstâncias e experiências em suas vidas neste universo alternativo. É, claro, ela tem seus pontos fracos, mas não vejo como nada que não dê pra suportar.
Quarry (1ª Temporada)
4.2 33 Assista AgoraQue série! Quando terminar a temporada, eu vou ter o prazer de escrever sobre a temporada.
Vinyl (1ª Temporada)
4.1 145Eu tô muito curioso e otimista com o Bobby Cannavale. Eu o vi somente em "Boardwalk Empire", mas a impressão deixada foi tão, mas tão excelente que me fez querer vê-lo novamente. E, olha que coisa boa, o meu desejo vai ser realizado logo com uma série que promete tanto, pelo tema, por causa dos nomes envolvidos. Enfim, esperando.
Mad Men (7ª Temporada)
4.6 387 Assista AgoraÉ o fim. Eu, com certo atraso, estou postando algo sobre essa série que tem sido, durante muito tempo, parte da vida de muitas pessoas. Eu comecei a assistir Mad Men um pouco tarde, infelizmente. E, assim mesmo, me viciei e me tornei fã, como muitos outros. Depois de ver o último episódio, posso dizer que o sentimento que fica é como se tivesse perdido grandes amigos, sabe? Isso acontece com algumas séries, eu sei.
Vou colocar o trecho de uma (de várias) cena incrível e importante da série: ''Sonhei que estava em uma prateleira de uma geladeira. Alguém fecha a porta, a luz apaga e sei que todos estão lá fora comendo. Então eles abrem a porta e você os vê sorrindo. Eles estão felizes por verem você, mas talvez não estejam olhando para você... E talvez não peguem você... Então a porta se fecha de novo. A luz apaga.''
Então, o plot de cada personagem teve um lindo e merecido desfecho (menos um, infelizmente), mas com o Don Draper foi um pouco diferente, por causa da ambiguidade. "Mad Men" sempre fez abordagens interessantes, nunca parou de abrir novos caminhos, sempre fazendo uma perfeita contextualização de sua época.
Don Draper é um personagem brilhante, apesar de não simpatizar tanto com ele quanto com os outros da série. O significado da sua vida sempre foi algo muito complexo e bem trabalhado (poderíamos ficar horas e horas conversando sobre o personagem), uma hora percebemos que ele sempre quis ser amado, mas, em outros momentos, ele demonstra que nunca poderia confiar no amor. É que lembro a primeira temporada, quando ele diz: "O que você chama de amor foi inventado por caras como eu" (algo assim). Olha o quanto é interessante ver coisas que foram ditas na primeira temporada e, assim mesmo, ter um impacto enorme depois. Entre outras coisas, é como disse, um personagem complexo e interessante como quase todos os outros da série.
Eu poderia ficar escrevendo e escrevendo sobre todos os personagens, as minhas interpretações sobre cada um, mas é algo que demoraria um bocado, portanto, vou ficar apenas nisso mesmo. Eu estou ansioso para revê-lo em breve, como faço com todas as grandes séries, pois é, definitivamente, uma das melhores coisas já feitas pela televisão. Vai deixar saudades, ou melhor, já está deixando...
The Wire (5ª Temporada)
4.6 115Sim, a perfeição existe sim, é raríssima, mas de vez em quando a televisão nos mostra que é possível.
The Wire é muito eficaz em mostrar as mecanizações complexas da nossa sociedade de maneira tão brilhante e envolvente, esses círculos diferentes dentro da nossa sociedade, mas que ao se interligarem conseguem nos mostrar que as histórias são cíclicas. Alguns personagens saem por diversas razões, mas o lugar é logo preenchido por outra pessoa. As coisas na cidade podem até mudar, mas é interessante como mostram que não importa se há mudança nas pessoas se os métodos de funcionamento da cidade são os mesmos.
É repleto de personagens e todos inacreditavelmente bem construídos, mas apesar disso nenhum deles é protagonista, mas sim a cidade. E isso não é algo atingido facilmente por qualquer série.
E que final incrível, sério! O sistema é quebrado, as coisas não vão mudar tão facilmente.
PS: Eu poderia ficar durante horas conversando sobre os diversos personagens que acompanhei nessa série. Sobre os altos e baixos de cada um deles. Existem várias cenas memoráveis que poderia muito bem relembrar, mas quem assistiu sabe, a lista seria enorme.
Rectify (3ª Temporada)
4.5 30É incrível que mesmo com apenas 6 episódios a série consegue mostrar bem suas histórias principais: houve uma eficaz progressão sobre a investigação, o casamento instável de Teddy e Tawney, um dos pontos mais interessantes e, claro, não podemos esquecer a situação bastante complexa entre Sr. Teddy e Janet. Ah, tivemos Amantha querendo descobrir o que quer, seguindo em frente...
Eu acho que agora a Amantha não vai guardar mágoas de Daniel. Que cena linda é a despedida deles (Jon também, aquele abraço em Daniel foi lindo). É bastante emocional, apesar de não ter choro ou algo do tipo, mas não precisa, né? Apesar de que ela se conteve nesse momento, rs. E depois o Daniel fazendo aquela brincadeira que eu não entendi, talvez por ela ser estranha (?). Um outro aspecto interessante em Rectify é seu humor discreto, digo isso porque não é como o humor que arranca gargalhadas, como acontece em outros excelentes dramas. Eu acho que é sempre por usar toda a anormalidade e ingenuidade de Daniel, fazendo com que sintamos a estranheza, rs.
E Daniel, ah... o Daniel! Ele finalmente não se sente como uma vítima. É só perceber que tivemos cada vez menos flashbacks dele na prisão, o que significa a sua vontade de seguir em frente. Então, é que o significado dos flashbacks mostrava como o Daniel ainda estava preso ao seu passado, como ele ainda não conseguia escapar, o que é compreensível. Ele querendo falar sobre o Kerwin com a Janet é uma coisa linda e cheia de significado, aliás, qualquer menção a Kerwin é emoção pura e quase me faz chorar. E ele indo à origem, ao mar e consequentemente tendo o seu encontro com a Tawney, sua menina Jesus. É uma cena de sonho estranha e maravilhosa. Essa sugestão de conexão espiritual entre eles, de fato, existe. Eu acho que a Tawney é a pessoa que pode fazer o Daniel realmente viver. Ela perdeu o equilíbrio desde quando ele chegou. Eu acho que ele a inspirou descobrir quem realmente ela é, mas ele não pode simplesmente esperar, tem que tentar mesmo sem ela, é o que vai fazer.
É incrível como praticamente tudo quer dizer alguma coisa em Rectify. Quando Daniel e Janet estão no restaurante, ele a convida para dançar, mas logo quando estão em pé são interrompidos, poxa vida! Olha como isso descreve bem a série, esses cortes. Isso acontece o tempo inteiro na vida, ainda mais se tratando da família Holden. O que podemos concluir disso? É que o mais importante é tentar, ele levantou e a convidou, simples. O mais importante é saber apreciar esses momentos pequenos com as pessoas que tanto gostamos. É o que tivemos nesses últimos episódios entre Daniel e Janet. E aquela última cena? Nossa, a Janet recebeu o melhor presente que poderia ter recebido de Daniel quando ele diz "Pode me fazer um favor? Pode tentar se perdoar?", liberando-a de qualquer culpa sobre o seu passado. Agora, é a vez do Daniel realmente seguir em frente, é isso que ele precisa para crescer. Vai ter todas as experiências que ele tanto quer nessa vida. E como um apaixonado que sou pelo personagem, estou naquela ansiedade!
Eu acho que para muitas pessoas isso pode soar meramente simples, né? É simples. Mas é tão repleto de nuances e simbolismos que se torna algo poderoso. É só parar e pensar (ou sentir, é o mais apropriado) como esse show é feito com tanto cuidado e coração. Eu amo essas observações profundas nos personagens. E isso às vezes é transmitido através de imagens... Alguém se lembra de Daniel no campo de baseball observando a grama? É de cortar o coração. E agora que mencionei a grama, o que acontece numa dessas cenas do episódio? Quando ele e Janet estão indo para a prisão temos um foco da câmera no pisca-pisca do carro, o que pra mim é um detalhe que serve como um alerta de que estão indo para algum lugar importante. Ele fora da prisão, sentado na grama, observando de longe onde passou uma boa parte de sua vida. Rectify consegue extrair de situações "menores" a sua mais profunda beleza. É nesses momentos da vida que encontramos a essência dessa obra-prima maravilhosa.
Eu tô muito animado sobre o que o futuro reserva para a família Holden.
Penny Dreadful (2ª Temporada)
4.5 620 Assista AgoraPenny Dreadful é uma surpresa, uma excelente surpresa. Eu confesso que não esperava algo tão belo (rs), tão repleto de diálogos eloquentes e de personagens que raramente passam despercebidos em algum momento, devido a sua humanidade bem desenhada pelos seus roteiristas. Claro, eu ouvi muitos elogios antes da série começar, mas como já disse, não esperava tudo isso. Ela se propôs a fazer uma mistura de mitos (Frankenstein, Dorian Gray, Lobisomem e etc…) de uma forma bastante interessante, nos proporcionando a revisitação a diversos seres fantásticos.
Eu achei a primeira temporada boa, todos os personagens continham seus segredos sombrios, mas ao decorrer dos episódios vão sendo desvendados lentamente (pode ter sido um problema para alguns, eu não tive problemas), porém, nunca deixando de fornecer alguma profundidade, isso tudo sendo intercalado com flashbacks. O meu problema (não tão grande, rs) com a primeira temporada é justamente a trama central, a busca de Mina, que levou a temporada inteira pra ter um desfecho, mas enfim, serviu como uma ótima base para esta temporada (2 season), que recentemente acabou.
O drama humano de cada personagem é tão carregado (há uma energia palpável em cada performance, é incrível) e tão poderoso que os choques emocionais são traumáticos. A cada linha os diálogos são carregados de significado, todos estão escondendo algo e cada palavra é muitíssimo bem trabalhada. O elenco é soberbo, eles retratam seus personagens problemáticos, complexos e obscuros com bastante intensidade. Existe aquele cuidado com os personagens, todos os plots ganham uma síntese. Ah, e claro. A melhor personagem e também mais exigida é Vanessa Ives (Eva Green) que é brilhante, sedutora, por vezes, assustadora.
O clima é denso, bastante credível no contexto da narrativa. Londres também oferece o cenário ideal: ação, sangrenta, criaturas sobrenaturais, sexo e etc, mas ela nunca se esquece de construir essa atmosfera.
Nessa temporada (2 season) temos uma conversa incrível entre Vanessa e John Clare que é sobre a ideia de fé e beleza. E dado conhecimento de John Clare com o seu criador, não é nenhuma surpresa que ele não tenha uma fé em algum tipo de poder superior. Em vez disso, ele admira as coisas bonitas em torno dele, tanto a que existe na natureza quanto toda a beleza criada pela humanidade. É um momento que faz pouco para avançar o enredo, não é? Mas enredo não é tão importante para Penny Dreadful como algo, digamos, o ambiente ou os poucos minutos entre os personagens atormentados que de alguma forma conseguem encontrar consolo no mais improvável dos lugares.
É visualmente esplêndida, com uma escrita complexa e com uma alta carga emocional que nos provoca boas reflexões, o que a torna uma brilhante série e também uma das melhores séries da atualidade.
Black Mirror (2ª Temporada)
4.4 753 Assista AgoraWhite Bear (2x02), que na minha opinião é o melhor da série (não é meu favorito), é realmente destruidor e perturbador. Todos sabemos que as ideias de Black Mirror são excelentes, mas dentre todas, temos algumas que se destacam mais, seja por sua ideia ou execução. E White Bear tem a execução mais surpreendente de todos os outros episódios, por fazer nós enxergarmos (o desespero estampado no rosto da protagonista, cujos olhos choram de angústia e etc) a personagem como um ser humano e depois descobrirmos que existe algo por trás. O episódio contém críticas à televisão, direcionadas para quantidade de pessoas que assistem tv por inércia e que não pensam no que estão vendo. A conversão de "massa" em espectadores que só "vivem" através de seus telefones móveis e, o que é pior, acabam tendo um perverso senso de justiça que vai além do "olho por olho" e "dente por dente". O que se desenvolve aos poucos em White Bear é justamente um recheado de coisas, a punição eterna e aterrorizante com a qual os seres humanos gostam de se entreter.
A atriz, de quem não sei o nome (rs), está perfeita. O episódio, embora não seja tão rico emocionalmente como os anteriores, é mais interessado em tocar em outros pontos, como: desolação, medo e confusão. E a performance da atriz em transmitir todos esses temas é perfeita. O medo é tão notável no episódio porque realmente nos colocamos na posição dela, perdida e sem memórias. E tudo é desconfortável nessa série, cheia de "flashs" repentinos... E a câmera constantemente "trêmula" (rs) salienta a percepção disso, criando uma atmosfera que o episódio exigia ter.
“Se a tecnologia é uma droga — e ela se assemelha a uma droga –, então quais são, exatamente, seus efeitos colaterais? Essa área, entre o deleite e o desconforto, é onde Black Mirror, minha nova série dramática, está situada.”
- Brooker (Criador).
Olive Kitteridge
4.5 103 Assista AgoraAo contrário de muitas outras séries, cujo enredo gira em torno da forma de cliffhangers, entre outras coisas, Olive Kitteridge é uma história marcada de forma densa pelo viés psicológico, cuja personagem principal é tão profunda, que faz com que a sigamos até o fim, maravilhados com a forma da escrita, onde tudo que presenciamos é importante e sempre, aos poucos, nos proporciona detalhes fundamentais sobre os personagens. Ao analisarmos a fundo, tudo fica muito mais enriquecedor, afinal, estamos falando de diálogos tão intensos que são capazes de nos atingir de maneira irreversível.
Texto completo: http://zip.net/bmqxsB
Transparent (1ª Temporada)
4.4 121 Assista AgoraTransparent é a história de uma família, com quatro mentes conturbadas, que são introduzidas de maneira dinâmica e eficaz (e até com profundidade…), revelando alguns de seus problemas, que soam críveis. Todos eles têm problemas, com cada um propenso à compreensão e vidas de desesperos, silenciosos ou não. Existe consistência nas relações entre os irmãos, com diálogos afiados e ocasionalmente engraçados.
Leia mais aqui: http://zip.net/bgpHsl
Rectify (2ª Temporada)
4.4 44As estradas sempre me inquietaram. Há nelas um doce mistério, para além do óbvio convite em percorrê-las, do simplesmente ir. Há uma perspectiva de encontro, de cruzamento, como se elas levassem a um ponto só, como um referencial surgido em tempos remotos, que fez todos os caminhos despontarem e se multiplicarem, tanto e de tal forma que nós não nos apercebêssemos mais desse início, desse nos sabermos interligados aos outros, por onde quer que passássemos.
Esses caminhos múltiplos, lançados a partir de um norte comum, foram elaborados em cada episódio da segunda temporada de Rectify, materializando-se a partir das cenas nas quais Daniel percorria estradas, tão variadas quanto seu estado de espírito, mas tão estáveis quanto sua essência.
Leia mais aqui: http://zip.net/blpt7Z