Você passa o filme inteiro pensando no que vai acontecer mas como tem uns recursos audiovisuais meio inusitados fica a dúvida se algumas coisas são linguagem cinematográfica (a mão do diretor) ou se é tudo coisa da cabeça dela mesmo. Alguém conseguiu desvendar esse desfecho? Vou marcar no spoiler pra quem já assistiu refletir e até mesmo interagir se quiser:
.O filme da indícios de que o inquilino poderia ter ajudado a esconder o cadáver e/ou estar envolvido com o crime, eu quase comprei. Fico pensando o quanto deve ser difícil pra essa gente¹ que tem ficha suja...
.Fiquei com vontade de rever pra ter certeza de quem deu a facada e também para achar outras pistas, mas foi o pai mesmo, né?
.Achei legal o momento que ela lembra que a mãe do Ethan nunca confirmou ser a Jane só confirmou ser a mãe do Ethan, o que fez eu pensar como a gente as vezes escuta algo incompleto ou sem saber do todo e já leva como verdade para tirar nossas conclusões.
.Como a gente quer acreditar na protagonista compramos muito como ela enxerga as coisas. Quando todo mundo fica olhando enquanto ela se afasta, quem esta ali no meio a julgar juntos aos demais, somos nós (nosso olhar no lugar da câmera) e eu adoro esse nível de interação no cinema, vocês ainda acreditavam nela nesse ponto? Penso que nesse momento se dividimos em dois: Se vermos as coisas como telespectadores a gente confia que ela não está ficando doida mas se a gente se colocar ali naquela sala provavelmente a gente duvidaria, fico pensando o quanto deve ser difícil pra essa gente que toma remédios e faz tratamentos².
.No filme ela é sempre questionada se não faz nada da vida, acho que a vontade e a garra que ela tem para tentar proteger aquela família é uma maneira que ela achou de compensar pela morte da própria família.
.O Ethan super machistinha já sabe que nessa sociedade que vivemos ele sairá impune e que a culpa sempre recairá nas mulheres que são "doidas".
.Aquele papo de privacidade todo pareceu até ironia pois é só dar um google que tu acha tudo que você quer. (kkk)
.Enfim, infelizmente sinto que filme de terror bom nunca vai triunfar nessa plataforma pq tem muita gente querendo ver um pouco mais do mesmo e quando pega um filme com essa quantidade de camadas acaba não gostando e fica com saudade de mais um filme cheio de Jump Scare. Complicado a vida pra quem se propõe a fazer filme de terror, deve ser difícil pra essa gente³.
Pra mim é como o policial falou ao final, muita gente virá pedir desculpas por ter desconfiado. Espero que tenham gostado tanto quanto eu. Tks
Tenho uma analogia, que é a seguinte: questão de heroísmo, assim como nos quadrinhos, depende de quem chega por último pra salvar a cena. A ditadura diz ter chego por último pra salvar o Brasil do comunismo e os revolucionários dizem ter chego por último pra salvar o Brasil da ditadura. Sendo assim, quem são os heróis?
Os idealistas são poetas, professores, políticos quando podiam lutar democraticamente no campo das ideias, quando a ditadura toma de assalto e nunca mais devolve o país para o povo decidir os idealistas se tornam revolucionários e guerrilheiros (e eles possuíam N motivos igual o Marighella mesmo disse).
Ai vem alguém que diz: "Mas eu não concordo, eles deveriam ser reprendidos e presos"
Ok, eles também não concordavam com o que era feito com seus amigos, colegas, estudantes e por isso tudo isso aconteceu. Era um choque do estado super bem financiado reprimindo qualquer coisa que fosse contra o regime. Tempos sombrios, filme que se faz necessário.
Ps: Dispenso que venham defender politico de estimação no meu comentário.
No momento em que escrevo esse comentário (22/10/2020) não teve como não fazer um paralelo de uma cena do filme em relação aos episódios do Carrefour que estão se desenrolando aqui no Brasil:
Achei o filme sensa, me prendeu muito conforme as coisas vão se desenrolando. Acho que tem cena de ref. demais ao filme do Kubrick mas quero acreditar que a produção executiva pesou a mão pra fazer vender mais e para construir um trailer mais instigante ou algo assim. Achei sensacional a cena que o Willy Wonka Hippie cai na trap e tem as memórias revisitadas, fiquei super curioso de saber quais memórias/cenários são esses.
Momento choque de cultura: E a cena do copo de Whisky dentro do Hotel... a argumentação para o Danny beber tava fraca. Os gringos precisam aprender com o Gustavo Lima ou qualquer dupla sertaneja do Brasil como faz alguém se acabar na bebida, Rogerinho. Iijeaseuhahsueauhe
Christine não aceitar o próprio nome mostra o quanto ela não aceita que ninguém tome decisões por ela.
O engraçado é que a gente começa a pensar "a onde esse filme vai levar?" e depois percebe que na verdade ele já está levando, assim como a vida, por isso o filme é tão bonito, sua falta de pretensão encanta.
Christine é só uma pessoa normal, assim como todos nós. Fiquei bem feliz de saber que não aconteceu nada de ruim a ninguém, tava com medo de ficar triste com o desfecho, que bom que a Lady conseguiu a oportunidade dela na cidade grande. Meu coração ficou bem quentinho de saber que a relação dela com os pais só vai melhorar. Assim como a Lady Bird eu também sai de casa cedo cheio de insegurança do futuro e com um monte de coisas não respondidas, no final a gente descobre que gosta da nossa cidade, mas que precisa sair... A gente conhece o pessoal da igreja, da escola, do lugar que trabalhamos, conhecemos as casas, as ruas e sabemos que uma parte da gente esta ali. É muito bom ver no final do filme que ela aceitou melhor de onde veio, e quem ela é, mas só porque isso foi uma decisão dela, e não da pressão que a escola, a religião e o grupinho fazia. A mensagem do filme me lembrou a letra de duas músicas que gosto muito: Quase sem Querer (Legião) e Interior (5 a seco). É legal que o filme não tem um vilão, todo mundo está evoluindo e as vezes as pessoas não reagem como a gente esperava, assim como na vida real.
Não preciso nem dizer que o meu processo de amadurecimento nem se compara com o da Lady uma vez que ela por ser mulher sofre muito mais repressão sobre como deveria agir, inclusive achei bem bonitinho a empatia que ela teve pelo primeiro namoradinho, mesmo que aquilo doesse muito nela, é isso, filme perfeito, sutil, força para todos que estão passando por isso nesse momento, vai passar!
Fui assistir sozinho a noite em uma sala de cinema praticamente vazia, não preciso nem dizer, né? Agora vamos de spoiler para citar algumas boas sacadas e para não estragar a experiência de quem ainda não viu.
1° Assim como o colega Álvaro de Souza disse o filme desconstrói estereótipos. (como o do "negro mágico").
2°A cena do quarto vermelho fez eu assemelhar o poder da bruxa ao do filme premonição uma vez que ela escreve coisas que por mais que os personagens tentem evitar elas acabam acontecendo.
3° O filme consegue nos deixar curiosos quando ele mostra o quão poderosa é a bruxa ao ponto de transformar o guri em espantalho e desrespeitando assim as leis da física do nosso mundo, me lembrando algo mais Harry Potter naquelas cenas de transformação e ridicularização, algo bem fantasia mesmo. Mas nisso, você fica pensando: "o que mais será que ela consegue fazer que os outros antagonistas de filme de terror não conseguem?" (e sem "sujar as mãos" se bem que simbolicamente tudo é escrito com as próprias mãos e sangue, rs).
4° O filme une esse medo ficcional com alguns medos e traumas (históricos) reais ao junta-lo a esse contexto da guerra do Vietnã. (bem parecido com 'o Labirinto do Fauno' nesse sentido, onde a fantasia é fuga já que a realidade é bem pior) repare que, o Ramón diz que seu irmão voltou da guerra aos pedaços e mais à frente descobrimos que seu maior medo atual é um monstro desmembrado, gente, não tem como não lembrar dos filmes de guerra onde braços e pernas voam para todo lado quando as granadas explodem, sabe? E pensar nisso é muito pior do que esse terror de fantasia. Pensar nas injustiças do mundo (como tudo que esses personagens sofreram) sempre será o pior.
Enfim, gostei do filme com certeza entra na lista dos filmes de terror recentes que me agradaram assim como Babadook e outros. E sim, as cenas marcantes e as aparições são muito inspiradas em It mas numa vibe mais Del Toro, aquela coisa silenciosa e que parece durar eternidades.
Li uma galera comentando que esperava mais do final do filme... mas gente, a partir dele que podemos refletir e chegar a outras teorias, o que enriquece ainda mais a obra em todos seus detalhes...
Quem tiver com tempo para ler a minha interpretação sobre filme, segue TEXTÃO e SPOILERS:
Hitchcock não nos dá nenhuma informação privilegiada que possa nos ajudar a resolver o mistério. Dentro do bar uma pessoa teoriza sobre o fim dos tempos, a outra tenta ser mais científica citando que os pássaros são atraídos pelas luzes, já o xerife incrédulo cogita o assassinato do fazendeiro e mais adiante uma senhora acusa a chegada de Melanie a cidade como a real causadora de toda aquela situação. Nesse momento, podemos escolher acreditar em uma das possíveis "justificativas" que foram dadas mas Hitchcock nos pede paciência para realizar a sentença, aliás, como dito no filme "em uma democracia todos tem direito a um julgamento justo".
Depois dessa cena da acusação (logo após a cena do posto de gasolina) pensei que em algum momento a cidade toda ia realizar um caça as bruxas para cima da Melanie, mas afinal, será que não foi mais ou menos isso que aconteceu?!
Acredito que os pássaros no filme dizem mais da esfera psicológica daquela cidade. Melanie é relatada pela mãe como uma pessoa que sempre aparece nos jornais, ou seja, se trata de uma pessoa que seria facilmente identificada, a sua rejeição vai aumentando conforme ela vai sendo reconhecida e a quantidade de pássaros e de ataques vai aumentando também. Existem muitos olhares de rejeição para Melanie não por acaso os pássaros vivem a observá-la. Algumas frases são soltadas no filme e talvez elas reforcem essa teoria, como por exemplo:
"eles foram esmagados pelos prédios" logo em seguida a srta que pediu troco comenta: "mas ninguém ficou perturbando, todos foram embora como se nada tivesse acontecido". Evidenciando a diferença de algo que acontece em cidade pequenas VS cidade grande.
Também acho icônico logo depois desse encontro ela entrar em uma cabine telefônica transparente, onde ela sofre tentativa de ataques de todos os lados...
Curiosamente, os ataques param quando a mãe de Mitch aprova e acolhe Melanie.
Provavelmente a mãe de Mitch também acreditava que tudo aquilo era culpa de Melanie, mas depois daquele "apedrejamento" a família tem mais compaixão e passa a perceber que o problema não é a Melanie, mas sim, os pássaros.
Os pássaros então seriam os comentários maldosos da cidade que não deixavam o casal viver em harmonia e equilíbrio, tanto que os personagens se beijam somente uma vez e na maioria do tempo estão fugindo dos ataques e tentando proteger um ao outro e ainda sim, não abrem mão dessa relação. (lembrando que Mitch desistiu da professora e mesmo sem nenhum desses adventos mas não desistiu de Melanie)
E pode perceber que no final a irmã de Mitch pergunta se pode levar os periquitos pois eles são animais tão dóceis que não fariam mal a ninguém, acredito que isso tenha sido uma demonstração de aceitação pelo casal, já que, os periquitos na gaiola representam o amor desse casal simbolicamente falando.
Sobre essa perspectiva de costumes interioranos o filme é de 63 e mesmo 50 anos depois, se a Melanie morasse na minha cidade (13mil hab), ela também seria massacrada por comentários maldosos.
Espero que tenham gostado da minha interpretação, abraço galera do Filmow! :) **e Tadinho do Mitch, nem morando longe da cidade se livra dos bird tudo... kk
O personagem Buster Scruggs é um protagonista tão superconfiante que parece ter controle do rumo da história enquanto as coisas vão acontecendo, e então, vem o inesperado: o protagonista é vencido em um clássico duelo e algo ainda mais inesperado e surrealista está por acontecer... (assistam!). E assim o filme segue nos deixando desconfiado do que pode acontecer em toda e qualquer história.
Outro ponto é que a história do James Franco acabou me lembrando o final de "Onde os Fracos Não Tem Vez", pois não sabemos se o protagonista terá uma justiça divina, não sabemos se a sua quase morte no confronto com os nativos teria feito o personagem passar por uma transformação, o personagem fica quieto durante todo os acontecimentos, estamos esperando "provas" o suficiente para julgá-lo como merecedor ou não de seu possível destino nessa história toda... e então... outra surpresa!
E por último, o que mais amei foi a maneira que os personagens vão se revelando no último conto "The Mortal Remains" e como a luz vai mudando drasticamente sobre seus rostos, aquela fala dos caçadores de recompensa é sensacional.... O mais estranho é ter imaginado que os mais normais ali eram justamente eles (com toda aquela pose...) e na verdade descobrimos que era totalmente o contrário... HUAHUAHUA
Foi uma surpresa deliciosa assistir esse filme e eu certamente não sei ainda se "as pessoas são como furões" mas sei que devemos deixar um pouco nossas convicções e nossa autoconfiança sobre o que pode acontecer quando assistimos os filmes dos irmãos Coen. Me sinto aquecido para um próximo ou para assistir algum outra filme deles que ainda não conheço, abraço comunidade do Filmow!
1 - Muitos silêncios mas quando existem diálogos... meu amigo. 2 - O Travis tem um carisma que me lembra muito Belchior, inexplicável. 3 - O Hunter tem uma sensibilidade incrível e cuida dos seus pais e mães o filme todo.
Seguindo a interpretação de alguns comentários onde Deus (Javier) é uma pessoa vaidosa e precisa ser amada. O poema, então, seria a bíblia!?? E se sim, a própria mãe o leu e pegou um spoiler da coisa toda!?? Brincadeiras a parte... ainda não engoli esse filme, que revolta...
Um filme que não traz discursos prontos, realizado por um diretor que se aproxima muito mais da vida do que da razão politizada sócio-econômica para contar uma história.
Para mostrar a situação histórica de cuba o diretor nos leva as ruas, as casas (as geladeiras?) e nos faz olhar de dentro, nos faz pensar no singular, nos faz pensar como toda essa situação histórica impactou todo e qualquer individuo cubano. Um filme humano demais, antropólogo demais, criado com sentimentos reais e com as alegrias e tristezas de todos seus envolvidos.
Sobre o final e algumas de suas ironias não teve como não lembrar da letra do Engenheiros do Hawaii "Todo mundo já tomou a Coca-Cola, e a Coca-Cola já tomou conta da China".
Enfim, mais um filme para nunca se esquecer, mais um filme que mostrou que apesar dos pesares (para alguns) não é preciso muito para ser feliz.
Sinto-me atraído pela morte das sociedades Sinto os sinais da morte É preciso ler o passado, compreender o presente e sofrer o futuro É preciso descobrir e destruir de onde emergem Cesáres e Vígilios Cíceros e Augustos ... É preciso ultrapassar as limitações de reis, filósofos e capitães É preciso reconstruir épocas pretéritas, remotas, desconhecidas De todas as culturas do passado Culturas são flores que nascem, florescem e morrem Flores que se perdem na entranhas do tempo Onde deitam raízes provisórias É preciso morrer várias vezes..
Qualquer semelhança desse filme com o storytelling da música do Chico Buarque é mera coincidência (Geni e o Zepelim: vai com ele, vai, Geni! Você pode nos salvar, você vai nos redimir). Agora sempre que escuto Chico lembro de Dogville.
Galera, usando um minuto do tempo de vocês para divulgar um filme que eu acredito que seja necessário. (utilidade pública?!)
O documentário discute as definições que temos do que é ser masculino, mostrando que se esse definição existir dentro de um molde (meninos que não expressão sentimentos e não podem mostrar fraquezas) provavelmente isso vai gerar (e gera) homens com raivosos, machistas, amargurados e também pode levar a outros problemas mais sérios. (Assistam, tem no Netflix <3)
(Um grande obrigado pela recomendação ao amigo e professor, Bruno Jareta)
Ele mata o garoto por causa de algum trauma da infância com o pai? Achei aquela lembrança tão desconexa e enigmática... Naquela época ele já estava tão afetado quanto estava no final do filme?
Experiência transgressora é assistir esse filme através da tela de um smartphone e ver as pessoas dessa época utilizando aqueles telefones retrô. Quem acreditaria se eu dissesse que o telefone do futuro serve também para você assistir filmes?
Como continuar tendo uma vida normal com esses filmes nacionais de humor negro que ficam deixando tudo tão ordinário. Uma coxinha, um macarrão a putanesca, um liquidificador, uma vitamina de beterraba, uma prótese... hahaha
Achei uma graça esse filme, parece até que estou de visita na casa de uma velha parentesca, tudo parece muito familiar. As imagens do cotidiano são tão bem representadas, não há beleza nem elegantismo exagerado, existe apenas simplicidade de mais um conto "normal" do cotidiano.
O interessante é que não existem testemunhas que possam contar essa história, a única testemunha do que acontece em ambiente privado é um liquidificador, o que me fez lembrar uma letra do engenheiros: "A violência travestida faz seu trottoir em anúncios luminosos, lâminas de barbear.".
Acho que o diretor conseguiu provar seu ponto, quase parei de ver o filme quando acontece uma das cenas mais angustiantes que já vi num filme de romance (a construção dessa cena me lembrou muito um homem com a câmera, a cena dos trilhos) mas no final, tu fica com algo preso na garganta que não dá pra explicar. <3
"Ouvi uma piada uma vez: Um homem vai ao médico, diz que está deprimido. Diz que a vida parece dura e cruel. Conta que se sente só num mundo ameaçador onde o que se anuncia é vago e incerto." O médico diz: "O tratamento é simples. O grande palhaço Pagliacci está na cidade, assista ao espetáculo. Isso deve animá-lo." O homem se desfaz em lágrimas. E diz: "Mas, doutor... Eu sou o Pagliacci." Boa piada. Todo mundo ri. Rufam os tambores. Desce o pano.
Alguns questionamentos levantados: O paraíso precisaria ser nossa própria realidade numa versão perfeita? (Ou seria o que?). Estariam nesse suposto paraíso as pessoas que a gente mais gosta? (que aliás são imperfeitas). Um deus onipotente e onipresente precisa castigar e colocar num quartinho escuro (inferno) a alma de quem não retribui o amor e a devoção que ele exige, mesmo que o erro seja tão inocente quanto o de uma criança? Um deus onipotente não estaria controlando tudo o que chamamos de realidade para nos agradar? Enfim, o mistério profundo. Lindo filme. <3
É engraçado, eu assisti esse filme na infância e ele era apenas um filme divertido, hoje eu revi e percebo um filme cheio de críticas sociais em relação a como a infância vem sendo roubada das crianças, principalmente, a invasão ao mundo imaginativo. O que as crianças vem pensando com os novos brinquedos, jogos e tecnologias, que associam toda violência de uma guerra como se fosse algo natural no mundo que vivemos?
Uma das partes que mais me tocou é quando é perguntado para Allan o que há além da janela e Alan mostra claramente viver apenas na realidade da cidade, apenas a visão recortada de uma janela, não existe nada além dessa realidade para ninguém em lugar algum. Metáfora reforçada, ao final do filme, quando os Gorgonóides decidem sair da cidade a procura desse lugar imaginativo, pois eles não foram programados para viver a realidade das grandes corporativas. O que nos deixam outras perguntas: Qual realidade fomos programados para viver? Será que também fomos programados para perder e se esconder?
Outra parte interessantíssima é quando começa tocar uma música pop e a pai logo responde: "Estão fazendo guerra psicológica". Bem dizer, cada soldado usa coisas do cotidiano para mostrar como somos atacados por essa "guerra" o tempo todo: Os veículos de comunicação em massa, a publicidade veraz, o medo da violência diária, entre outras coisas, tudo isso afetando a relação das pessoas que vivem com diversos problemas, como raiva, depressão, insônia, etc... É como se todos os meios usados e testados na segunda guerra mundial tivessem sido dissolvidos para fazer um controle social em escala mundial mais efetivo. É valido notar também a provocação que faz Major Chip a Christy: "Está com medo? Todos estamos com medo, tem que estar louca para não estar com medo".
Com muita esperteza, Joe Dante, separa o telespectador em dois, os que irão entender a ironia do filme talvez se identifiquem mais com os pais de Alan que são mais conservadores e os que não entenderão talvez se identifiquem mais com os pais de Christy que estão mais ligados as ideias de um avanço tecnológico e de modernidade a qualquer preço.
Reparem que no final todas as diferenças entre os personagens são desfeitas por algo em comum: dinheiro. (O pai de Christy, em uma cena em frente a sua TV, diz que sua guerra preferida de todas é a 2° G. M., mostrando o quão algumas pessoas colaboram com a evolução militar que por consequência trás a evolução tecnológica, mas a custo do que? O comentário é totalmente insensível com todos que morreram nesse episódio trágico da história humana.)
Para finalizar, digo que esse é um daqueles filmes onde todas os diálogos tem um enorme significado e podem ser o começo de uma grande discussão em relação ao mundo que vivemos. Do mas é isso, ótima diversão e reflexão a todos e lembrem-se sempre:
"Uma mente não deve ser desperdiçada." - Major Chip Hazard.
A Mulher na Janela
3.0 1,1K Assista AgoraVocê passa o filme inteiro pensando no que vai acontecer mas como tem uns recursos audiovisuais meio inusitados fica a dúvida se algumas coisas são linguagem cinematográfica (a mão do diretor) ou se é tudo coisa da cabeça dela mesmo. Alguém conseguiu desvendar esse desfecho? Vou marcar no spoiler pra quem já assistiu refletir e até mesmo interagir se quiser:
.O filme da indícios de que o inquilino poderia ter ajudado a esconder o cadáver e/ou estar envolvido com o crime, eu quase comprei. Fico pensando o quanto deve ser difícil pra essa gente¹ que tem ficha suja...
.Fiquei com vontade de rever pra ter certeza de quem deu a facada e também para achar outras pistas, mas foi o pai mesmo, né?
.Achei legal o momento que ela lembra que a mãe do Ethan nunca confirmou ser a Jane só confirmou ser a mãe do Ethan, o que fez eu pensar como a gente as vezes escuta algo incompleto ou sem saber do todo e já leva como verdade para tirar nossas conclusões.
.Como a gente quer acreditar na protagonista compramos muito como ela enxerga as coisas. Quando todo mundo fica olhando enquanto ela se afasta, quem esta ali no meio a julgar juntos aos demais, somos nós (nosso olhar no lugar da câmera) e eu adoro esse nível de interação no cinema, vocês ainda acreditavam nela nesse ponto? Penso que nesse momento se dividimos em dois: Se vermos as coisas como telespectadores a gente confia que ela não está ficando doida mas se a gente se colocar ali naquela sala provavelmente a gente duvidaria, fico pensando o quanto deve ser difícil pra essa gente que toma remédios e faz tratamentos².
.No filme ela é sempre questionada se não faz nada da vida, acho que a vontade e a garra que ela tem para tentar proteger aquela família é uma maneira que ela achou de compensar pela morte da própria família.
.O Ethan super machistinha já sabe que nessa sociedade que vivemos ele sairá impune e que a culpa sempre recairá nas mulheres que são "doidas".
.Aquele papo de privacidade todo pareceu até ironia pois é só dar um google que tu acha tudo que você quer. (kkk)
.Enfim, infelizmente sinto que filme de terror bom nunca vai triunfar nessa plataforma pq tem muita gente querendo ver um pouco mais do mesmo e quando pega um filme com essa quantidade de camadas acaba não gostando e fica com saudade de mais um filme cheio de Jump Scare. Complicado a vida pra quem se propõe a fazer filme de terror, deve ser difícil pra essa gente³.
Pra mim é como o policial falou ao final, muita gente virá pedir desculpas por ter desconfiado. Espero que tenham gostado tanto quanto eu. Tks
Marighella
3.9 1,1K Assista AgoraTenho uma analogia, que é a seguinte: questão de heroísmo, assim como nos quadrinhos, depende de quem chega por último pra salvar a cena. A ditadura diz ter chego por último pra salvar o Brasil do comunismo e os revolucionários dizem ter chego por último pra salvar o Brasil da ditadura. Sendo assim, quem são os heróis?
Os idealistas são poetas, professores, políticos quando podiam lutar democraticamente no campo das ideias, quando a ditadura toma de assalto e nunca mais devolve o país para o povo decidir os idealistas se tornam revolucionários e guerrilheiros (e eles possuíam N motivos igual o Marighella mesmo disse).
Ai vem alguém que diz: "Mas eu não concordo, eles deveriam ser reprendidos e presos"
Ok, eles também não concordavam com o que era feito com seus amigos, colegas, estudantes e por isso tudo isso aconteceu. Era um choque do estado super bem financiado reprimindo qualquer coisa que fosse contra o regime. Tempos sombrios, filme que se faz necessário.
Ps: Dispenso que venham defender politico de estimação no meu comentário.
Dr. Fantástico
4.2 665 Assista AgoraNo momento em que escrevo esse comentário (22/10/2020) não teve como não fazer um paralelo de uma cena do filme em relação aos episódios do Carrefour que estão se desenrolando aqui no Brasil:
o soldado hesitando a atirar em uma "propriedade privada" (máquina da coca-cola) enquanto está a um fio de puxar o gatilho para uma vida humana.
Doutor Sono
3.7 1,0K Assista AgoraAchei o filme sensa, me prendeu muito conforme as coisas vão se desenrolando. Acho que tem cena de ref. demais ao filme do Kubrick mas quero acreditar que a produção executiva pesou a mão pra fazer vender mais e para construir um trailer mais instigante ou algo assim. Achei sensacional a cena que o Willy Wonka Hippie cai na trap e tem as memórias revisitadas, fiquei super curioso de saber quais memórias/cenários são esses.
Momento choque de cultura:
E a cena do copo de Whisky dentro do Hotel... a argumentação para o Danny beber tava fraca. Os gringos precisam aprender com o Gustavo Lima ou qualquer dupla sertaneja do Brasil como faz alguém se acabar na bebida, Rogerinho. Iijeaseuhahsueauhe
Lady Bird: A Hora de Voar
3.8 2,1K Assista AgoraChristine não aceitar o próprio nome mostra o quanto ela não aceita que ninguém tome decisões por ela.
O engraçado é que a gente começa a pensar "a onde esse filme vai levar?" e depois percebe que na verdade ele já está levando, assim como a vida, por isso o filme é tão bonito, sua falta de pretensão encanta.
Christine é só uma pessoa normal, assim como todos nós. Fiquei bem feliz de saber que não aconteceu nada de ruim a ninguém, tava com medo de ficar triste com o desfecho, que bom que a Lady conseguiu a oportunidade dela na cidade grande. Meu coração ficou bem quentinho de saber que a relação dela com os pais só vai melhorar. Assim como a Lady Bird eu também sai de casa cedo cheio de insegurança do futuro e com um monte de coisas não respondidas, no final a gente descobre que gosta da nossa cidade, mas que precisa sair... A gente conhece o pessoal da igreja, da escola, do lugar que trabalhamos, conhecemos as casas, as ruas e sabemos que uma parte da gente esta ali. É muito bom ver no final do filme que ela aceitou melhor de onde veio, e quem ela é, mas só porque isso foi uma decisão dela, e não da pressão que a escola, a religião e o grupinho fazia. A mensagem do filme me lembrou a letra de duas músicas que gosto muito: Quase sem Querer (Legião) e Interior (5 a seco). É legal que o filme não tem um vilão, todo mundo está evoluindo e as vezes as pessoas não reagem como a gente esperava, assim como na vida real.
Não preciso nem dizer que o meu processo de amadurecimento nem se compara com o da Lady uma vez que ela por ser mulher sofre muito mais repressão sobre como deveria agir, inclusive achei bem bonitinho a empatia que ela teve pelo primeiro namoradinho, mesmo que aquilo doesse muito nela, é isso, filme perfeito, sutil, força para todos que estão passando por isso nesse momento, vai passar!
Coringa
4.4 4,1K Assista AgoraComparações com Taxi Driver, quem mais percebeu?
Histórias Assustadoras para Contar no Escuro
3.1 551 Assista AgoraFui assistir sozinho a noite em uma sala de cinema praticamente vazia, não preciso nem dizer, né? Agora vamos de spoiler para citar algumas boas sacadas e para não estragar a experiência de quem ainda não viu.
1° Assim como o colega Álvaro de Souza disse o filme desconstrói estereótipos. (como o do "negro mágico").
2°A cena do quarto vermelho fez eu assemelhar o poder da bruxa ao do filme premonição uma vez que ela escreve coisas que por mais que os personagens tentem evitar elas acabam acontecendo.
3° O filme consegue nos deixar curiosos quando ele mostra o quão poderosa é a bruxa ao ponto de transformar o guri em espantalho e desrespeitando assim as leis da física do nosso mundo, me lembrando algo mais Harry Potter naquelas cenas de transformação e ridicularização, algo bem fantasia mesmo. Mas nisso, você fica pensando: "o que mais será que ela consegue fazer que os outros antagonistas de filme de terror não conseguem?" (e sem "sujar as mãos" se bem que simbolicamente tudo é escrito com as próprias mãos e sangue, rs).
4° O filme une esse medo ficcional com alguns medos e traumas (históricos) reais ao junta-lo a esse contexto da guerra do Vietnã. (bem parecido com 'o Labirinto do Fauno' nesse sentido, onde a fantasia é fuga já que a realidade é bem pior) repare que, o Ramón diz que seu irmão voltou da guerra aos pedaços e mais à frente descobrimos que seu maior medo atual é um monstro desmembrado, gente, não tem como não lembrar dos filmes de guerra onde braços e pernas voam para todo lado quando as granadas explodem, sabe? E pensar nisso é muito pior do que esse terror de fantasia. Pensar nas injustiças do mundo (como tudo que esses personagens sofreram) sempre será o pior.
Enfim, gostei do filme com certeza entra na lista dos filmes de terror recentes que me agradaram assim como Babadook e outros. E sim, as cenas marcantes e as aparições são muito inspiradas em It mas numa vibe mais Del Toro, aquela coisa silenciosa e que parece durar eternidades.
Os Pássaros
3.9 1,1KLi uma galera comentando que esperava mais do final do filme... mas gente, a partir dele que podemos refletir e chegar a outras teorias, o que enriquece ainda mais a obra em todos seus detalhes...
Quem tiver com tempo para ler a minha interpretação sobre filme, segue TEXTÃO e SPOILERS:
Hitchcock não nos dá nenhuma informação privilegiada que possa nos ajudar a resolver o mistério. Dentro do bar uma pessoa teoriza sobre o fim dos tempos, a outra tenta ser mais científica citando que os pássaros são atraídos pelas luzes, já o xerife incrédulo cogita o assassinato do fazendeiro e mais adiante uma senhora acusa a chegada de Melanie a cidade como a real causadora de toda aquela situação. Nesse momento, podemos escolher acreditar em uma das possíveis "justificativas" que foram dadas mas Hitchcock nos pede paciência para realizar a sentença, aliás, como dito no filme "em uma democracia todos tem direito a um julgamento justo".
Depois dessa cena da acusação (logo após a cena do posto de gasolina) pensei que em algum momento a cidade toda ia realizar um caça as bruxas para cima da Melanie, mas afinal, será que não foi mais ou menos isso que aconteceu?!
Acredito que os pássaros no filme dizem mais da esfera psicológica daquela cidade. Melanie é relatada pela mãe como uma pessoa que sempre aparece nos jornais, ou seja, se trata de uma pessoa que seria facilmente identificada, a sua rejeição vai aumentando conforme ela vai sendo reconhecida e a quantidade de pássaros e de ataques vai aumentando também. Existem muitos olhares de rejeição para Melanie não por acaso os pássaros vivem a observá-la. Algumas frases são soltadas no filme e talvez elas reforcem essa teoria, como por exemplo:
"eles foram esmagados pelos prédios" logo em seguida a srta que pediu troco comenta: "mas ninguém ficou perturbando, todos foram embora como se nada tivesse acontecido". Evidenciando a diferença de algo que acontece em cidade pequenas VS cidade grande.
Também acho icônico logo depois desse encontro ela entrar em uma cabine telefônica transparente, onde ela sofre tentativa de ataques de todos os lados...
Curiosamente, os ataques param quando a mãe de Mitch aprova e acolhe Melanie.
Provavelmente a mãe de Mitch também acreditava que tudo aquilo era culpa de Melanie, mas depois daquele "apedrejamento" a família tem mais compaixão e passa a perceber que o problema não é a Melanie, mas sim, os pássaros.
Os pássaros então seriam os comentários maldosos da cidade que não deixavam o casal viver em harmonia e equilíbrio, tanto que os personagens se beijam somente uma vez e na maioria do tempo estão fugindo dos ataques e tentando proteger um ao outro e ainda sim, não abrem mão dessa relação. (lembrando que Mitch desistiu da professora e mesmo sem nenhum desses adventos mas não desistiu de Melanie)
E pode perceber que no final a irmã de Mitch pergunta se pode levar os periquitos pois eles são animais tão dóceis que não fariam mal a ninguém, acredito que isso tenha sido uma demonstração de aceitação pelo casal, já que, os periquitos na gaiola representam o amor desse casal simbolicamente falando.
Sobre essa perspectiva de costumes interioranos o filme é de 63 e mesmo 50 anos depois, se a Melanie morasse na minha cidade (13mil hab), ela também seria massacrada por comentários maldosos.
Espero que tenham gostado da minha interpretação, abraço galera do Filmow! :)
**e Tadinho do Mitch, nem morando longe da cidade se livra dos bird tudo... kk
A Balada de Buster Scruggs
3.7 533 Assista AgoraUma obra fascinante, algumas coisas que me intrigaram muito:
O personagem Buster Scruggs é um protagonista tão superconfiante que parece ter controle do rumo da história enquanto as coisas vão acontecendo, e então, vem o inesperado: o protagonista é vencido em um clássico duelo e algo ainda mais inesperado e surrealista está por acontecer... (assistam!). E assim o filme segue nos deixando desconfiado do que pode acontecer em toda e qualquer história.
Outro ponto é que a história do James Franco acabou me lembrando o final de "Onde os Fracos Não Tem Vez", pois não sabemos se o protagonista terá uma justiça divina, não sabemos se a sua quase morte no confronto com os nativos teria feito o personagem passar por uma transformação, o personagem fica quieto durante todo os acontecimentos, estamos esperando "provas" o suficiente para julgá-lo como merecedor ou não de seu possível destino nessa história toda... e então... outra surpresa!
E por último, o que mais amei foi a maneira que os personagens vão se revelando no último conto "The Mortal Remains" e como a luz vai mudando drasticamente sobre seus rostos, aquela fala dos caçadores de recompensa é sensacional.... O mais estranho é ter imaginado que os mais normais ali eram justamente eles (com toda aquela pose...) e na verdade descobrimos que era totalmente o contrário... HUAHUAHUA
Foi uma surpresa deliciosa assistir esse filme e eu certamente não sei ainda se "as pessoas são como furões" mas sei que devemos deixar um pouco nossas convicções e nossa autoconfiança sobre o que pode acontecer quando assistimos os filmes dos irmãos Coen. Me sinto aquecido para um próximo ou para assistir algum outra filme deles que ainda não conheço, abraço comunidade do Filmow!
Paris, Texas
4.3 696 Assista Agoraalguns comentários rápidos:
1 - Muitos silêncios mas quando existem diálogos... meu amigo.
2 - O Travis tem um carisma que me lembra muito Belchior, inexplicável.
3 - O Hunter tem uma sensibilidade incrível e cuida dos seus pais e mães o filme todo.
Obrigado, Wim Wenders! <3
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraSegue a linha de raciocínio:
Seguindo a interpretação de alguns comentários onde Deus (Javier) é uma pessoa vaidosa e precisa ser amada. O poema, então, seria a bíblia!?? E se sim, a própria mãe o leu e pegou um spoiler da coisa toda!?? Brincadeiras a parte... ainda não engoli esse filme, que revolta...
A Forma da Água
3.9 2,7KUm filme com cenas inesquecíveis que ficarão para sempre na memória de quem o assistir porque o cinema é assim, o cinema encanta! *cliche mas true*
Cuba e o Cameraman
4.4 107 Assista AgoraUm filme que não traz discursos prontos, realizado por um diretor que se aproxima muito mais da vida do que da razão politizada sócio-econômica para contar uma história.
Para mostrar a situação histórica de cuba o diretor nos leva as ruas, as casas (as geladeiras?) e nos faz olhar de dentro, nos faz pensar no singular, nos faz pensar como toda essa situação histórica impactou todo e qualquer individuo cubano. Um filme humano demais, antropólogo demais, criado com sentimentos reais e com as alegrias e tristezas de todos seus envolvidos.
Sobre o final e algumas de suas ironias não teve como não lembrar da letra do Engenheiros do Hawaii "Todo mundo já tomou a Coca-Cola, e a Coca-Cola já tomou conta da China".
Enfim, mais um filme para nunca se esquecer, mais um filme que mostrou que apesar dos pesares (para alguns) não é preciso muito para ser feliz.
"Heeey Cristobaaaal!"
Garotas do ABC
3.3 31Para quem gostou do trechinho final assim como eu, aqui vai:
Sinto-me atraído pela morte das sociedades
Sinto os sinais da morte
É preciso ler o passado, compreender o presente e sofrer o futuro
É preciso descobrir e destruir de onde emergem
Cesáres e Vígilios
Cíceros e Augustos
...
É preciso ultrapassar as limitações de reis, filósofos e capitães
É preciso reconstruir épocas pretéritas, remotas, desconhecidas
De todas as culturas do passado
Culturas são flores que nascem, florescem e morrem
Flores que se perdem na entranhas do tempo
Onde deitam raízes provisórias
É preciso morrer várias vezes..
Dogville
4.3 2,0K Assista AgoraQualquer semelhança desse filme com o storytelling da música do Chico Buarque é mera coincidência (Geni e o Zepelim: vai com ele, vai, Geni! Você pode nos salvar, você vai nos redimir). Agora sempre que escuto Chico lembro de Dogville.
A Máscara em que Você Vive
4.5 201Galera, usando um minuto do tempo de vocês para divulgar um filme que eu acredito que seja necessário. (utilidade pública?!)
O documentário discute as definições que temos do que é ser masculino, mostrando que se esse definição existir dentro de um molde (meninos que não expressão sentimentos e não podem mostrar fraquezas) provavelmente isso vai gerar (e gera) homens com raivosos, machistas, amargurados e também pode levar a outros problemas mais sérios. (Assistam, tem no Netflix <3)
(Um grande obrigado pela recomendação ao amigo e professor, Bruno Jareta)
A Hora do Lobo
4.2 308Uma dúvida que ficou no final (na verdade várias). Os que assistiram o filme podem compartilhar a interpretação que tiveram da seguinte cena:
Ele mata o garoto por causa de algum trauma da infância com o pai? Achei aquela lembrança tão desconexa e enigmática... Naquela época ele já estava tão afetado quanto estava no final do filme?
O climão do final me lembrou bastante as cenas de o bebê de rosemary, todos os olhos voltados contra Johan...
Léo e Bia
4.2 146Esse filme tem uma energia muito boa. <3
Contatos Imediatos do Terceiro Grau
3.7 577 Assista AgoraExperiência transgressora é assistir esse filme através da tela de um smartphone e ver as pessoas dessa época utilizando aqueles telefones retrô. Quem acreditaria se eu dissesse que o telefone do futuro serve também para você assistir filmes?
Reflexões de um Liquidificador
3.8 583 Assista AgoraComo continuar tendo uma vida normal com esses filmes nacionais de humor negro que ficam deixando tudo tão ordinário. Uma coxinha, um macarrão a putanesca, um liquidificador, uma vitamina de beterraba, uma prótese... hahaha
Achei uma graça esse filme, parece até que estou de visita na casa de uma velha parentesca, tudo parece muito familiar. As imagens do cotidiano são tão bem representadas, não há beleza nem elegantismo exagerado, existe apenas simplicidade de mais um conto "normal" do cotidiano.
O interessante é que não existem testemunhas que possam contar essa história, a única testemunha do que acontece em ambiente privado é um liquidificador, o que me fez lembrar uma letra do engenheiros: "A violência travestida faz seu trottoir em anúncios luminosos, lâminas de barbear.".
O Universo No Olhar
4.2 1,3KAcho que o diretor conseguiu provar seu ponto, quase parei de ver o filme quando acontece uma das cenas mais angustiantes que já vi num filme de romance (a construção dessa cena me lembrou muito um homem com a câmera, a cena dos trilhos) mas no final, tu fica com algo preso na garganta que não dá pra explicar. <3
Watchmen: O Filme
4.0 2,8K Assista Agora"Ouvi uma piada uma vez: Um homem vai ao médico, diz que está deprimido. Diz que a vida parece dura e cruel. Conta que se sente só num mundo ameaçador onde o que se anuncia é vago e incerto."
O médico diz: "O tratamento é simples. O grande palhaço Pagliacci está na cidade, assista ao espetáculo. Isso deve animá-lo."
O homem se desfaz em lágrimas. E diz: "Mas, doutor... Eu sou o Pagliacci."
Boa piada. Todo mundo ri. Rufam os tambores. Desce o pano.
Coraline e o Mundo Secreto
4.1 1,9K Assista AgoraAlguns questionamentos levantados:
O paraíso precisaria ser nossa própria realidade numa versão perfeita? (Ou seria o que?). Estariam nesse suposto paraíso as pessoas que a gente mais gosta? (que aliás são imperfeitas). Um deus onipotente e onipresente precisa castigar e colocar num quartinho escuro (inferno) a alma de quem não retribui o amor e a devoção que ele exige, mesmo que o erro seja tão inocente quanto o de uma criança? Um deus onipotente não estaria controlando tudo o que chamamos de realidade para nos agradar? Enfim, o mistério profundo. Lindo filme. <3
Pequenos Guerreiros
3.2 520 Assista AgoraÉ engraçado, eu assisti esse filme na infância e ele era apenas um filme divertido, hoje eu revi e percebo um filme cheio de críticas sociais em relação a como a infância vem sendo roubada das crianças, principalmente, a invasão ao mundo imaginativo. O que as crianças vem pensando com os novos brinquedos, jogos e tecnologias, que associam toda violência de uma guerra como se fosse algo natural no mundo que vivemos?
Uma das partes que mais me tocou é quando é perguntado para Allan o que há além da janela e Alan mostra claramente viver apenas na realidade da cidade, apenas a visão recortada de uma janela, não existe nada além dessa realidade para ninguém em lugar algum. Metáfora reforçada, ao final do filme, quando os Gorgonóides decidem sair da cidade a procura desse lugar imaginativo, pois eles não foram programados para viver a realidade das grandes corporativas. O que nos deixam outras perguntas: Qual realidade fomos programados para viver? Será que também fomos programados para perder e se esconder?
Outra parte interessantíssima é quando começa tocar uma música pop e a pai logo responde: "Estão fazendo guerra psicológica". Bem dizer, cada soldado usa coisas do cotidiano para mostrar como somos atacados por essa "guerra" o tempo todo: Os veículos de comunicação em massa, a publicidade veraz, o medo da violência diária, entre outras coisas, tudo isso afetando a relação das pessoas que vivem com diversos problemas, como raiva, depressão, insônia, etc... É como se todos os meios usados e testados na segunda guerra mundial tivessem sido dissolvidos para fazer um controle social em escala mundial mais efetivo. É valido notar também a provocação que faz Major Chip a Christy: "Está com medo? Todos estamos com medo, tem que estar louca para não estar com medo".
Com muita esperteza, Joe Dante, separa o telespectador em dois, os que irão entender a ironia do filme talvez se identifiquem mais com os pais de Alan que são mais conservadores e os que não entenderão talvez se identifiquem mais com os pais de Christy que estão mais ligados as ideias de um avanço tecnológico e de modernidade a qualquer preço.
Reparem que no final todas as diferenças entre os personagens são desfeitas por algo em comum: dinheiro. (O pai de Christy, em uma cena em frente a sua TV, diz que sua guerra preferida de todas é a 2° G. M., mostrando o quão algumas pessoas colaboram com a evolução militar que por consequência trás a evolução tecnológica, mas a custo do que? O comentário é totalmente insensível com todos que morreram nesse episódio trágico da história humana.)
Para finalizar, digo que esse é um daqueles filmes onde todas os diálogos tem um enorme significado e podem ser o começo de uma grande discussão em relação ao mundo que vivemos. Do mas é isso, ótima diversão e reflexão a todos e lembrem-se sempre:
"Uma mente não deve ser desperdiçada." - Major Chip Hazard.
Att