Tudo que eu mais queria era que filmes românticos para adolescentes da Netflix fossem assim, apesar de genéricos e com roteiro quase cafona, a direção toma as rédeas e produz uma linda obra de arte, com vários enquadramentos que fogem do lugar comum e com atuações que conferem dignidade ao que é contado.
O mais desafiador desse filme, além dos cortes criativos, é ver que a edição caprichou em diversas voltas no tempo sem deixar tudo artificial, absolutamente todos os flashbacks acrescentam ao enredo, e o que tornou maçante no roteiro foram alguns pontos que não tem necessariamente a ver com os flashbacks.
Ao voltar à adolescência, o filme ao pouco vai desnudando o que estamos vendo, um intricado jogo de triângulo amoroso, que não tem absolutamente nada de novo, mas contado de forma muito talentosa. Aquele beijo triplo, por exemplo, ficou deliciosamente bem feito.
Pude notar que os sets vencidos pelos dois protagonistas que disputam o coração da mocinha seguem a linha de relacionamento que tiveram com ela: primeiramente um (o primeiro a fechar o set), depois o outro (o segundo a empatar o set), depois o primeiro... Logo, é tudo tão milimetricamente pensado e encaixado, que é possível sair com um sorriso no rosto pela história.
Infelizmente nem tudo são flores, a contar da duração excessiva de algumas cenas, que poderiam ser cortadas na edição ou enxugadas, de modo que a duração cansou um pouco, afinal, o que temos é muito simples em termos de profundidade dos personagens, e ainda bem a parte técnica consegue elevar o filme a outro patamar.
Zendaya está incrivelmente sexy, bem como os dois rapazes, explodindo testosterona. As cenas dos jogos estão muito bem feitas, com um ápice que realmente me faz tirar o fôlego. Hot! Filme muito bom, um romance nada inovador mas que, nas mãos de um verdadeiro cineasta, consegue traduzir a trama numa experiência singular imageticamente falando.
Um filme esteticamente feio, muito escuro. Em Duna, ao menos há uma boa fotografia e uma claridade que merece a atenção, mas aqui as locações não são nítidas, ao mesmo tempo em que o roteiro (?) falha em trazer à tona o ambiente, e discorre de um jeito bem cansado sobre a velha e batida redenção de um povo com um mistério do passado que envolve, também, laços de sangue. Poderia ter uns 30 minutos a menos se não fossem os usos abusivos da câmera lenta.
Alexandre Machafer é esforçado mesmo, tanto na direção quanto na atuação, mesmo que tudo aqui lembre a estética das novelas da Record. Por mais que o dragão tenha ficado excelente (bem melhor até do que o esperado), é basicamente figura decorativa em um roteiro por demais esquemático. Para um mundo fortemente cristão e com uma série de problemas tenebrosos em decorrência de tal fé, ouvir que a religião cristã "aceita a diversidade" foi demais para minha cabeça. Ao menos o roteiro, embora sem graça e de alguns personagens unidimensionais (com atuações e textos medianos pra ruim), sabe muito bem aonde quer chegar, de modo que as duas horas foram surpreendentemente adequadas à história narrada.
Total respeito a essa empreitada de reviver momentos da juventude, mas o filme infelizmente se perde em seus três núcleos: o rapaz com passagem pela Febem e sua relação com o pai; os meninos gays e a homofobia ao redor; o núcleo da personagem que dá nome ao título. Fiquei com a impressão de retalho, e de como a edição até tenta, mas no final o roteiro não consegue dar densidade a nada. Ainda assim, gosto dessa pegada regional com certo humor, e particularmente aqui, a fotografia tá linda demais, é um filme gostoso de assistir.
A única coisa boa é o visual de cartoon, porque tudo o mais é uma bagunça: excesso de personagens, de referências, de gags visuais, com um roteiro que precisa ser corrido pra dar conta de tudo, causando um distanciamento de tudo o que se passa. Fraquíssimo.
Impossível assistir a esse filme com fome! Um retrato intimista sobre o preparo culinário, com uma câmera e um jogo de cena quase impecáveis em relação ao enquadramento (embora um pouco cansativo na duração) no primeiro ato, e que aos poucos vai se imiscuindo ao simulacro balzaquiano da vida burguesa, com requintes que sustentam papéis sociais. No entanto, o lado intimista vem como um soco no estômago, e nossas relações particulares também se mostram cheias de (dis)sabores. Lindo.
Sobrevivendo à base da nostalgia, inclusive pelo elenco (o que garante, ao menos, o interesse até a sessão), se você sobreviver aos primeiros 80 minutos, você consegue, com esforço, chegar até o final. O filme parece que demora a começar, com um prólogo tão tedioso que a única coisa que salva é a tentativa de homenagear os outros filmes. Assim, a obra nunca caminha com as próprias pernas, sendo a resolução tão fria quanto seu cenário. Fraco.
Tirando a fotografia realmente bem bonita (a neve ficou, inclusive, melhor do que em "A sociedade da neve") todo o resto parece perdido, com um roteiro que atira pra todo o lado, sem saber se quer falar sobre um "nem tão" misterioso assassino, se quer focar nas relações familiares, ou nos traumas da menina. E o pior de tudo, qualquer núcleo desses soa superficial. Pelo fato de já sabermos desde início quem anda praticando o ato, o resultado é tão frio quanto o seu cenário, assim como a resolução de tudo. Esquecível.
Rapaz, fui esperando nada, mas entregaram uma comédia absolutamente divertida de assistir. Eu pensava que ficaria enjoada a música, mas basicamente o filme repete mais a introdução instrumental mesmo, de modo que não fica maçante de ver.
Algo que me pegou muito foi que o trailer, diferentemente de outras comédias nacionais, não entrega todas as piadas,e ainda não entrega a "virada de chave" do filme, com um pé num famoso filme do Nolan (não darei spoiler). E tirando a parede "invisível" que cerca o protagonista no cenário em que volta no tempo, todos os demais efeitos estão de muito bom gosto, a passagem dele para o passado está muito bem editada, Porchat consegue segurar o filme! Mas é a Evelyn Castro que arrebenta! Sandy consegue ao menos ter carisma o suficiente e uma excelente química com o Porchat, embora eu ache que ainda falta um tantinho pra ela no quesito atuação, mesmo que aqui ela tenha saído um pouco da sua zona de conforto.
É um filme que me surpreendeu positivamente, bem amarrado, bem divertido, com certos clichês mas tudo muito bem dirigido dentro de suas limitações e na proposta comercial da obra. Muito bom! Saí cantarolando do cinema.
Parece que a Prime se rendeu ao modo Netflix de falar com jovens, então tem tudo ali: o romance clichê, a loira padrão, o colega gay, o triângulo amoroso com um amigo... Já cheiramos o desfecho de longe. No entanto, a edição do filme é super esperta, os enquadramentos me agradam também, bem como algumas piadas que me fizeram rir. É o típico feijão com arroz juvenil bem feito, completamente descartável mas muito divertido de ver.
A edição desse filme é tenebrosa, de modo que o suspense quase não pega. Quase. Grazi é realmente impressionante em tela, engolindo a todos com sua presença e sua performance de mãe, que nos passa sempre a sensação dúbia de seu personagem.
No entanto, o filme em si tem cortes e enquadramentos típicos de novela, com aquele close irritante e quadros que ora nada acrescentam ora parecem ser cortados ao bel prazer. Faltou um exercício de roteiro para deixar tudo mais orgânico, porque infelizmente a edição desse jeito joga contra a tensão da obra.
Ainda assim, um final poderoso, que ainda abre margem à continuação, mesmo com atitudes bobas de seus personagens em lidar com a situação. De fato, edição e roteiro pesaram muito contra aqui, mas a atuação e a direção conseguem segurar as pontas.
Surpreendentemente, Nicolas Cage é o menos dos problemas aqui, diria até que salva o filme do desastre. O roteiro parece navegar entre um estudo de um homem e seu caso particular de aparecer em sonho para várias pessoas (e ter que lidar com as consequências disso) e uma crítica à mercantilização do sono, fazendo das horas dormidas um espaço também para a racionalidade instrumental, o que me lembrou muito a tentativa "não onírica" de Nolan em "A origem", mas muito mais bagunçado e sem criatividade alguma.
Os sonhos são frios, chega um momento que a edição se perde entre esquetes e cenas constrangedoras (vergonha alheia a situação que puseram Cage na cena envolvendo tensão sexual). Um excelente argumento sendo bem mal desenvolvido, ao menos conta com uma direção eficiente e atuações que salvam o todo da mediocridade.
Último filme do mestre William Friedkin, eterno diretor da primeira e melhor versão de "O exorcista", é um exercício de diálogo e composição de argumentos num fatídico tribunal militar, continuação de "The Caine Mutiny" de 1954 com Humphrey Bogart e Robert Francis, tratando-se do julgamento dos acontecimentos ocorridos no navio, referente ao capitão destituído do seu navio por um oficial, com a desculpa de que estaria com insanidade mental, mas abrindo margem para um motim.
Toda a Marinha norte-americana sobrevive de hierarquias e papéis bem definidos, então o jogo de encenação e de contra-argumentação está baseado em comportamentos esperados, mas também questionáveis de seus oficiais. As disrupturas, no entanto, são sutis, e o ego em preservar uma instituição que sobrevive de imagens (como qualquer outra) é que dará o tom da graça aqui.
Psicólogos, médicos, técnicos, juízes... todos terão voz, e o filme navegará entre a comédia de absurdo e o julgamento pelos detalhes comportamentais de seus personagens. Uma construção de arquétipos interessante, ainda que não chegue aos pés da construção dialógica de um "Doze homens e uma sentença do Lumet, claramente um dos filmes inspiradores desse aqui.
Ainda assim, muito divertido, com um final que joga na nossa cara toda a plasticidade dos desdobramentos. Friedkin se despede do mundo da arte em grande estilo, deixando uma obra divertida e interessante de se acompanhar, que talvez merecesse um reconhecimento maior. Mas ainda assim, seu nome marcará para sempre a cinefilia mundial. Descanse em paz, mestre.
Um filme adolescente que, no fundo, não passa de um romance bobo, que tenta ser algo sério ao emular uma atmosfera sombria, mas nunca decola, por um simples motivo: idiotizam os personagens adultos, conferem aos adolescentes um deslumbre muito além das suas capacidades, apelam para uma nudez higienizada, tentam criar um texto poético, cheio de conveniências. Criando personagens unilaterais demais e com uma atuação dos protagonistas que lembra os momentos mais constrangedores de Bella e Edward, a Netflix entrega mais um romance juvenil esquecível.
O documentário representa uma continuação do que a Netflix vem fazendo sobre o uso das redes sociais, e apesar de apelar para certas correlações que ainda carecem de certa confiabilidade, o roteiro trás à tona a história dos fóruns da década de 1990, muito do 2chan e 4chan, e de como essa cultura alimentou o pensamento da extrema direito do início do século XXI. Uma radiografia muito interessante e que merece sim uma atenção maior. Trump, Bolsonaro e afins, portanto, são fruto de um pensamento muito enraizado do anonimato e da "zoeira" que nascera nas redes sociais. Alexandre de Moraes, juiz do Supremo do Brasil, está mais do que certo: é preciso combater os discursos de ódio e as fake news, pelo bem da própria democracia.
Clooney se sai tão burocrático na direção, que absolutamente passa despercebido, num filme sobre uma equipe de remo que tenta se agarrar a tantos clichês (a história de vida, a fase de superação), sem querer, no entanto, parecer apegado. O resultado é frio, mas ao mesmo tempo há ali alguma classe e alguma simpatia. A cena onde aparece um atleta negro competindo na Alemanha nazista e deixando claro que, na verdade, estava pondo à prova os próprios compatriotas, é bem satisfatória.
Tudo bem a protagonista pisar em ovos para conseguir uma entrevista exclusiva com o duque amigo de um agressor sexual, mas a direção estar com medo de narrar a história parece meio estranho. Assim, o resultado é um filme com rédeas a todo o tempo, e nós somos os espectadores empolgados, pois a história é boa. Ao menos as atuações estão muito boas, mas o resultado é isso: um clímax frio demais para seu potencial.
De uma energia inexplicável, você vê que é um filme diferente quando os protagonistas são os próprios produtores executivos e o diretor do longa. Focando na história de um emigrante latino nos EUA (mexicano, brasileiro, tanto faz), apaixonadíssimo por música, o filme é extremamente gracioso na composição do seu personagem.
Com muita criatividade para retratar o ambiente de imersão rítmica vivido pelo Rudy, com muitas gags visuais e alívios fantasiosos (uma delícia a interação com o fantoche), o filme vai nos conquistando aos poucos, muito por conta da produção mesmo. Infelizmente algumas atuações estão bem abaixo, como o tom sempre over da mãe.
Ainda assim, quando o filme quase vai pra comédia romântica, é na verdade uma trajetória sobre o encontrar-se, que me lembrou um pouco "A pior pessoa do mundo", mas por um viés masculino e mais lúdico, e claro, muito mais modesto, mas tão eficiente quanto.
Confesso que eu esperava mais do roteiro, toda a construção até o clímax parece ser filmada com uma estética classicista, ou de Oscar bait ou preguiçosa mesmo.
No entanto, é inegável aqui que o filme todo se escora nas atuações femininas, sendo seu maior mérito e demérito até, já que os personagens masculinos são postos em segundo plano, inclusive o filho sobrevivente, que sempre está meio estranho aqui.
Mas ver a Hathaway e a Chastain num duelo de titãs, com traços típicos de sociopatia, performando sobre os papéis maternos em sentimentos de culpa, instrospectivos e invasivos, falando com o olhar, é tão gratificante que ao menos isso empolga.
A cena final que exigiu maior ação, não está bem de perto traduzindo a grandeza que poderia ter sido o filme, muito mais belo nos detalhes minimalistas dessas duas poderosas mães.
Inegavelmente é filmado com muito estilo, a direção de Arkasha Stevenson utiliza de planos nem sempre óbvios e conta com uma fotografia que confere excelente ambientação. Mas passado o prólogo, o roteiro parece não ajudar em nada a produção, que se alicerça num maniqueísmo barato. Por mais que sincera a lógica mainstream do que se espera da Igreja, mantém as dicotomia como o bem e o mal, o alvo às mulheres, o velho discurso medieval sobre poder, tudo de forma muito conveniente aos personagens. Agora piorar, o flerte com o sobrenatural quase põe tudo a perder, tirando o medo da igreja como instituição macabra real.
Queria que esse filme fosse dirigido pelo Nolan, uma brincadeira de mexer em coisas do passado trazendo consequências para o presente. Embora careça de uma explicação melhor e cheio de furos no roteiro, o filme mantém o interesse para saber até onde irão as consequências, e o que é melhor,esse interesse é mantido mesmo após o término da sessão.
Um documentário sincero e intimista sobre uma jovem fora dos padrões, crescendo em ambiente hostil (vulgo, escola). Interessante como parte do making of é inserido, ao mesmo tempo que entrevistas sinceras com personagens já adultos são mostrados. Uma biografia bem divertida de acompanhar, embora não lance nada de novo sobre o tema (o título engana, o romance nada mais é do que um episódio do filme).
Um filme argentino bem didático (seria efeito Netflix?), mas muito bem eficiente em mostrar um homem afundado em dívidas, típico empresário classe média, que não quer abrir mão da sua qualidade de vida, fazendo uma escolha inusitada para deixar a família em conforto. Pra ele, é bem melhor fazer festa pra filha, manter os garotos na escola particular, andar de carro, do que realmente abrir o jogo à família. Educação financeira e sexual aprendidas em casa são realmente duas ilusões que criamos. Embora o personagem merecesse se dar mal, meio complicado ser pelas mãos de quem foi, sem contar o tom novelesco do terço final. Ao menos as atuações continuam bem acima da média, cinema argentino consegue ter excelentes atores (e sem o Darín!).
Rivais
3.9 207Tudo que eu mais queria era que filmes românticos para adolescentes da Netflix fossem assim, apesar de genéricos e com roteiro quase cafona, a direção toma as rédeas e produz uma linda obra de arte, com vários enquadramentos que fogem do lugar comum e com atuações que conferem dignidade ao que é contado.
O mais desafiador desse filme, além dos cortes criativos, é ver que a edição caprichou em diversas voltas no tempo sem deixar tudo artificial, absolutamente todos os flashbacks acrescentam ao enredo, e o que tornou maçante no roteiro foram alguns pontos que não tem necessariamente a ver com os flashbacks.
Ao voltar à adolescência, o filme ao pouco vai desnudando o que estamos vendo, um intricado jogo de triângulo amoroso, que não tem absolutamente nada de novo, mas contado de forma muito talentosa. Aquele beijo triplo, por exemplo, ficou deliciosamente bem feito.
Pude notar que os sets vencidos pelos dois protagonistas que disputam o coração da mocinha seguem a linha de relacionamento que tiveram com ela: primeiramente um (o primeiro a fechar o set), depois o outro (o segundo a empatar o set), depois o primeiro... Logo, é tudo tão milimetricamente pensado e encaixado, que é possível sair com um sorriso no rosto pela história.
Infelizmente nem tudo são flores, a contar da duração excessiva de algumas cenas, que poderiam ser cortadas na edição ou enxugadas, de modo que a duração cansou um pouco, afinal, o que temos é muito simples em termos de profundidade dos personagens, e ainda bem a parte técnica consegue elevar o filme a outro patamar.
Zendaya está incrivelmente sexy, bem como os dois rapazes, explodindo testosterona. As cenas dos jogos estão muito bem feitas, com um ápice que realmente me faz tirar o fôlego. Hot! Filme muito bom, um romance nada inovador mas que, nas mãos de um verdadeiro cineasta, consegue traduzir a trama numa experiência singular imageticamente falando.
Rebel Moon - Parte 1: A Menina do Fogo
2.6 304 Assista AgoraUm filme esteticamente feio, muito escuro. Em Duna, ao menos há uma boa fotografia e uma claridade que merece a atenção, mas aqui as locações não são nítidas, ao mesmo tempo em que o roteiro (?) falha em trazer à tona o ambiente, e discorre de um jeito bem cansado sobre a velha e batida redenção de um povo com um mistério do passado que envolve, também, laços de sangue. Poderia ter uns 30 minutos a menos se não fossem os usos abusivos da câmera lenta.
Jorge da Capadócia
3.2 7Alexandre Machafer é esforçado mesmo, tanto na direção quanto na atuação, mesmo que tudo aqui lembre a estética das novelas da Record. Por mais que o dragão tenha ficado excelente (bem melhor até do que o esperado), é basicamente figura decorativa em um roteiro por demais esquemático. Para um mundo fortemente cristão e com uma série de problemas tenebrosos em decorrência de tal fé, ouvir que a religião cristã "aceita a diversidade" foi demais para minha cabeça. Ao menos o roteiro, embora sem graça e de alguns personagens unidimensionais (com atuações e textos medianos pra ruim), sabe muito bem aonde quer chegar, de modo que as duas horas foram surpreendentemente adequadas à história narrada.
Sem Coração
3.8 9Total respeito a essa empreitada de reviver momentos da juventude, mas o filme infelizmente se perde em seus três núcleos: o rapaz com passagem pela Febem e sua relação com o pai; os meninos gays e a homofobia ao redor; o núcleo da personagem que dá nome ao título. Fiquei com a impressão de retalho, e de como a edição até tenta, mas no final o roteiro não consegue dar densidade a nada. Ainda assim, gosto dessa pegada regional com certo humor, e particularmente aqui, a fotografia tá linda demais, é um filme gostoso de assistir.
Os Casagrandes: O Filme
2.1 2A única coisa boa é o visual de cartoon, porque tudo o mais é uma bagunça: excesso de personagens, de referências, de gags visuais, com um roteiro que precisa ser corrido pra dar conta de tudo, causando um distanciamento de tudo o que se passa. Fraquíssimo.
Guerra Civil
3.8 228Counter-Strike + Pokémon Snap , jogo de hetero X jogo de gay, mundo polarizado... Gostei, causa tensão
O Sabor da Vida
3.8 30Impossível assistir a esse filme com fome! Um retrato intimista sobre o preparo culinário, com uma câmera e um jogo de cena quase impecáveis em relação ao enquadramento (embora um pouco cansativo na duração) no primeiro ato, e que aos poucos vai se imiscuindo ao simulacro balzaquiano da vida burguesa, com requintes que sustentam papéis sociais. No entanto, o lado intimista vem como um soco no estômago, e nossas relações particulares também se mostram cheias de (dis)sabores. Lindo.
Ghostbusters: Apocalipse de Gelo
2.7 83Sobrevivendo à base da nostalgia, inclusive pelo elenco (o que garante, ao menos, o interesse até a sessão), se você sobreviver aos primeiros 80 minutos, você consegue, com esforço, chegar até o final. O filme parece que demora a começar, com um prólogo tão tedioso que a única coisa que salva é a tentativa de homenagear os outros filmes. Assim, a obra nunca caminha com as próprias pernas, sendo a resolução tão fria quanto seu cenário. Fraco.
Herança Roubada
2.6 10Tirando a fotografia realmente bem bonita (a neve ficou, inclusive, melhor do que em "A sociedade da neve") todo o resto parece perdido, com um roteiro que atira pra todo o lado, sem saber se quer falar sobre um "nem tão" misterioso assassino, se quer focar nas relações familiares, ou nos traumas da menina. E o pior de tudo, qualquer núcleo desses soa superficial. Pelo fato de já sabermos desde início quem anda praticando o ato, o resultado é tão frio quanto o seu cenário, assim como a resolução de tudo. Esquecível.
Evidências do Amor
3.6 55Rapaz, fui esperando nada, mas entregaram uma comédia absolutamente divertida de assistir. Eu pensava que ficaria enjoada a música, mas basicamente o filme repete mais a introdução instrumental mesmo, de modo que não fica maçante de ver.
Algo que me pegou muito foi que o trailer, diferentemente de outras comédias nacionais, não entrega todas as piadas,e ainda não entrega a "virada de chave" do filme, com um pé num famoso filme do Nolan (não darei spoiler). E tirando a parede "invisível" que cerca o protagonista no cenário em que volta no tempo, todos os demais efeitos estão de muito bom gosto, a passagem dele para o passado está muito bem editada, Porchat consegue segurar o filme! Mas é a Evelyn Castro que arrebenta! Sandy consegue ao menos ter carisma o suficiente e uma excelente química com o Porchat, embora eu ache que ainda falta um tantinho pra ela no quesito atuação, mesmo que aqui ela tenha saído um pouco da sua zona de conforto.
É um filme que me surpreendeu positivamente, bem amarrado, bem divertido, com certos clichês mas tudo muito bem dirigido dentro de suas limitações e na proposta comercial da obra. Muito bom! Saí cantarolando do cinema.
Como Conquistar o Billy Walsh
2.5 19 Assista AgoraParece que a Prime se rendeu ao modo Netflix de falar com jovens, então tem tudo ali: o romance clichê, a loira padrão, o colega gay, o triângulo amoroso com um amigo... Já cheiramos o desfecho de longe. No entanto, a edição do filme é super esperta, os enquadramentos me agradam também, bem como algumas piadas que me fizeram rir. É o típico feijão com arroz juvenil bem feito, completamente descartável mas muito divertido de ver.
Uma Família Feliz
3.4 22A edição desse filme é tenebrosa, de modo que o suspense quase não pega. Quase. Grazi é realmente impressionante em tela, engolindo a todos com sua presença e sua performance de mãe, que nos passa sempre a sensação dúbia de seu personagem.
No entanto, o filme em si tem cortes e enquadramentos típicos de novela, com aquele close irritante e quadros que ora nada acrescentam ora parecem ser cortados ao bel prazer. Faltou um exercício de roteiro para deixar tudo mais orgânico, porque infelizmente a edição desse jeito joga contra a tensão da obra.
Ainda assim, um final poderoso, que ainda abre margem à continuação, mesmo com atitudes bobas de seus personagens em lidar com a situação. De fato, edição e roteiro pesaram muito contra aqui, mas a atuação e a direção conseguem segurar as pontas.
O Homem dos Sonhos
3.5 144Surpreendentemente, Nicolas Cage é o menos dos problemas aqui, diria até que salva o filme do desastre. O roteiro parece navegar entre um estudo de um homem e seu caso particular de aparecer em sonho para várias pessoas (e ter que lidar com as consequências disso) e uma crítica à mercantilização do sono, fazendo das horas dormidas um espaço também para a racionalidade instrumental, o que me lembrou muito a tentativa "não onírica" de Nolan em "A origem", mas muito mais bagunçado e sem criatividade alguma.
Os sonhos são frios, chega um momento que a edição se perde entre esquetes e cenas constrangedoras (vergonha alheia a situação que puseram Cage na cena envolvendo tensão sexual). Um excelente argumento sendo bem mal desenvolvido, ao menos conta com uma direção eficiente e atuações que salvam o todo da mediocridade.
A Corte Marcial da Nave da Revolta
3.5 10 Assista AgoraÚltimo filme do mestre William Friedkin, eterno diretor da primeira e melhor versão de "O exorcista", é um exercício de diálogo e composição de argumentos num fatídico tribunal militar, continuação de "The Caine Mutiny" de 1954 com Humphrey Bogart e Robert Francis, tratando-se do julgamento dos acontecimentos ocorridos no navio, referente ao capitão destituído do seu navio por um oficial, com a desculpa de que estaria com insanidade mental, mas abrindo margem para um motim.
Toda a Marinha norte-americana sobrevive de hierarquias e papéis bem definidos, então o jogo de encenação e de contra-argumentação está baseado em comportamentos esperados, mas também questionáveis de seus oficiais. As disrupturas, no entanto, são sutis, e o ego em preservar uma instituição que sobrevive de imagens (como qualquer outra) é que dará o tom da graça aqui.
Psicólogos, médicos, técnicos, juízes... todos terão voz, e o filme navegará entre a comédia de absurdo e o julgamento pelos detalhes comportamentais de seus personagens. Uma construção de arquétipos interessante, ainda que não chegue aos pés da construção dialógica de um "Doze homens e uma sentença do Lumet, claramente um dos filmes inspiradores desse aqui.
Ainda assim, muito divertido, com um final que joga na nossa cara toda a plasticidade dos desdobramentos. Friedkin se despede do mundo da arte em grande estilo, deixando uma obra divertida e interessante de se acompanhar, que talvez merecesse um reconhecimento maior. Mas ainda assim, seu nome marcará para sempre a cinefilia mundial. Descanse em paz, mestre.
O Fabricante de Lágrimas
2.1 80Um filme adolescente que, no fundo, não passa de um romance bobo, que tenta ser algo sério ao emular uma atmosfera sombria, mas nunca decola, por um simples motivo: idiotizam os personagens adultos, conferem aos adolescentes um deslumbre muito além das suas capacidades, apelam para uma nudez higienizada, tentam criar um texto poético, cheio de conveniências. Criando personagens unilaterais demais e com uma atuação dos protagonistas que lembra os momentos mais constrangedores de Bella e Edward, a Netflix entrega mais um romance juvenil esquecível.
A Rede Antissocial: Dos Memes ao Caos
3.3 9O documentário representa uma continuação do que a Netflix vem fazendo sobre o uso das redes sociais, e apesar de apelar para certas correlações que ainda carecem de certa confiabilidade, o roteiro trás à tona a história dos fóruns da década de 1990, muito do 2chan e 4chan, e de como essa cultura alimentou o pensamento da extrema direito do início do século XXI. Uma radiografia muito interessante e que merece sim uma atenção maior. Trump, Bolsonaro e afins, portanto, são fruto de um pensamento muito enraizado do anonimato e da "zoeira" que nascera nas redes sociais. Alexandre de Moraes, juiz do Supremo do Brasil, está mais do que certo: é preciso combater os discursos de ódio e as fake news, pelo bem da própria democracia.
Remando para o Ouro
3.5 16Clooney se sai tão burocrático na direção, que absolutamente passa despercebido, num filme sobre uma equipe de remo que tenta se agarrar a tantos clichês (a história de vida, a fase de superação), sem querer, no entanto, parecer apegado. O resultado é frio, mas ao mesmo tempo há ali alguma classe e alguma simpatia. A cena onde aparece um atleta negro competindo na Alemanha nazista e deixando claro que, na verdade, estava pondo à prova os próprios compatriotas, é bem satisfatória.
A Grande Entrevista
3.3 26 Assista AgoraTudo bem a protagonista pisar em ovos para conseguir uma entrevista exclusiva com o duque amigo de um agressor sexual, mas a direção estar com medo de narrar a história parece meio estranho. Assim, o resultado é um filme com rédeas a todo o tempo, e nós somos os espectadores empolgados, pois a história é boa. Ao menos as atuações estão muito boas, mas o resultado é isso: um clímax frio demais para seu potencial.
Música
3.0 52De uma energia inexplicável, você vê que é um filme diferente quando os protagonistas são os próprios produtores executivos e o diretor do longa. Focando na história de um emigrante latino nos EUA (mexicano, brasileiro, tanto faz), apaixonadíssimo por música, o filme é extremamente gracioso na composição do seu personagem.
Com muita criatividade para retratar o ambiente de imersão rítmica vivido pelo Rudy, com muitas gags visuais e alívios fantasiosos (uma delícia a interação com o fantoche), o filme vai nos conquistando aos poucos, muito por conta da produção mesmo. Infelizmente algumas atuações estão bem abaixo, como o tom sempre over da mãe.
Ainda assim, quando o filme quase vai pra comédia romântica, é na verdade uma trajetória sobre o encontrar-se, que me lembrou um pouco "A pior pessoa do mundo", mas por um viés masculino e mais lúdico, e claro, muito mais modesto, mas tão eficiente quanto.
Instinto Materno
3.4 65 Assista AgoraConfesso que eu esperava mais do roteiro, toda a construção até o clímax parece ser filmada com uma estética classicista, ou de Oscar bait ou preguiçosa mesmo.
No entanto, é inegável aqui que o filme todo se escora nas atuações femininas, sendo seu maior mérito e demérito até, já que os personagens masculinos são postos em segundo plano, inclusive o filho sobrevivente, que sempre está meio estranho aqui.
Mas ver a Hathaway e a Chastain num duelo de titãs, com traços típicos de sociopatia, performando sobre os papéis maternos em sentimentos de culpa, instrospectivos e invasivos, falando com o olhar, é tão gratificante que ao menos isso empolga.
A cena final que exigiu maior ação, não está bem de perto traduzindo a grandeza que poderia ter sido o filme, muito mais belo nos detalhes minimalistas dessas duas poderosas mães.
A Primeira Profecia
3.5 87Inegavelmente é filmado com muito estilo, a direção de Arkasha Stevenson utiliza de planos nem sempre óbvios e conta com uma fotografia que confere excelente ambientação. Mas passado o prólogo, o roteiro parece não ajudar em nada a produção, que se alicerça num maniqueísmo barato. Por mais que sincera a lógica mainstream do que se espera da Igreja, mantém as dicotomia como o bem e o mal, o alvo às mulheres, o velho discurso medieval sobre poder, tudo de forma muito conveniente aos personagens. Agora piorar, o flerte com o sobrenatural quase põe tudo a perder, tirando o medo da igreja como instituição macabra real.
Aporia
2.8 13 Assista AgoraQueria que esse filme fosse dirigido pelo Nolan, uma brincadeira de mexer em coisas do passado trazendo consequências para o presente. Embora careça de uma explicação melhor e cheio de furos no roteiro, o filme mantém o interesse para saber até onde irão as consequências, e o que é melhor,esse interesse é mantido mesmo após o término da sessão.
Você Foi Meu Primeiro Amor
2.8 1 Assista AgoraUm documentário sincero e intimista sobre uma jovem fora dos padrões, crescendo em ambiente hostil (vulgo, escola). Interessante como parte do making of é inserido, ao mesmo tempo que entrevistas sinceras com personagens já adultos são mostrados. Uma biografia bem divertida de acompanhar, embora não lance nada de novo sobre o tema (o título engana, o romance nada mais é do que um episódio do filme).
Descanse em Paz
2.8 27 Assista AgoraUm filme argentino bem didático (seria efeito Netflix?), mas muito bem eficiente em mostrar um homem afundado em dívidas, típico empresário classe média, que não quer abrir mão da sua qualidade de vida, fazendo uma escolha inusitada para deixar a família em conforto. Pra ele, é bem melhor fazer festa pra filha, manter os garotos na escola particular, andar de carro, do que realmente abrir o jogo à família. Educação financeira e sexual aprendidas em casa são realmente duas ilusões que criamos. Embora o personagem merecesse se dar mal, meio complicado ser pelas mãos de quem foi, sem contar o tom novelesco do terço final. Ao menos as atuações continuam bem acima da média, cinema argentino consegue ter excelentes atores (e sem o Darín!).