Não eram precisas 3 horas para se fazer um filme sobre um macaco gigante. Verdade. Mas isto é Peter Jackson, minha gente! Ele quer escala, quer abarrotar isto tudo com efeitos visuais e especiais e sonoros, adaptar-se ao desenvolvimento do CGI, sempre em dia, usando material de topo para a altura, sei lá, o tipo quer aventura, ação explosiva, romance, terror, grandes emoções, provocar sensações, dar experiências maiores que a vida, ele quer diversão, quer que a audiência aproveite a viagem ao máximo, inspirar, mudar vidas.
Sim, sim, este King Kong não tem o mesmo primor, cuidado, perfeição que a trilogia do Senhor dos Anéis tem. Chega a ser um filme inconsistente - ocupa muita parte da sua projeção a explorar certos personagens, depois deixa esses mesmos personagens de parte (algumas até passamos a detestar de um segundo para outro: Jack Black), sem finalidade, resumindo-se às figuras do Gorila e da Naomi Watts; não tem um tom definido, verdade. Mas ele quer provocar milhões de sensações ao mesmo tempo. Aqui, ele quis simplesmente animar as pessoas, comovê-las, assustá-las, tudo ao mesmo tempo.
E funciona lindamente. Aliás, este filme é lindo, em todos os aspectos. Que viagem! Este é uma obra JAMAIS enfadonha. Estava a ver o filme, mas estava dentro do filme também. Tudo é grandioso, tão imersivo, tão poderoso.
Isto é cinema, minha gente. Cinema clássico com morais clássicas; uma experiência na sua forma mais cinematográfica.
Se querem um mundo de mãos dadas, alegre, harmonioso, pacífico, de céu azul, onde todos adoram cantarolar e dançar as músicas da Carochinha, por favor, não se deem ao manipulativo e gritante trabalho de injetar ideias simplistas sobre o Cristianismo nas nossas mentes.
Se querem paz e união, respeitem todas as religiões.
Os ateus não são essas bestas desumanas que tanto adoram retratar. Ninguém é assim tão "vilanescamente" estúpido. Nós respeitamos os outros pontos de vista.
Somos inteligentes o suficiente para fazermos isso.
Francamente, não sei se dou vaias a isto ou se bato palmas. Este filme representa o rei das comédias acidentais. É impressionante como tudo aqui soa ridículo. É cinema feito da maneira mais catastrófica possível; uma verdadeira ruína cinematográfica.
O argumento é um colossal absurdo, marcado por uma overdose de subtramas vazias, estúpidas e que são rapidamente postas de parte - estabelece uma coisa e dissolve essa mesma coisa no segundo seguinte (?!).
Ah, para não falar que está torturante e constantemente a bater na mesma tecla. Diz Lisa: "Eu amo o Mark, já não amo o Johnny"; "Não amo o Johnny, amo o Mark". Este diálogo repete-se em todas as formas possíveis!
Bem, isto também para não referir as desnecessárias, longas e brutalmente embaraçosas cenas de amor. Piroso da forma mais pirosa possível!
A realização é soberba. O trabalho de câmera é primoroso - há planos dignos de wallpaper. A sério.
As atuações. Pois, as atuações. Isto.
Os personagens, bem, eu adoro os personagens deste filme! O Johnny é um ser humano espetacular, uma joia de pessoa, e eu senti imensa pena do coitado. Ele não merecia nada daquilo. A Lisa, pois, a Lisa é extremamente bipolar, digamos assim. O Mark é o pior melhor amigo de sempre. O Denny é um jovem com problemas. Sérios problemas. E a Claudette, a mãe da Lisa, é ainda o humano mais "humano" do filme, o que não significa que ela seja humana de todo.
Os personagens, os seus arcos dramáticos, as suas particularidades, são hilariantes!
Aliás, The Room é hilariante. Eu diverti-me imenso a ver isto! Não há nada de bom neste filme, e isso é ótimo!
Eu sinceramente acho que o Tommy Wiseau está de parabéns. Não são todos que conseguem fazer o que ele fez: tornar um filme terrível num verdadeiro clássico. Penso que não existe um filme mau tão bom quanto este.
Uma "obra-prima" que certamente ficou para a História. Nunca mais me esquecerei desta experiência.
PS: Dentro desta linha de "filmes tão maus que são bons" (ou diria obras de arte?), recomendo-vos o obscuro Axed (2012): umas das coisas mais engraçadas que já vi.
PS2: Fiquem atentos a este filme que será lançado este ano - The Disaster Artist. Realizado por James Franco, a longa contará a história dos bastidores do The Room.
DAMIEN CHAZELLE chegou para arrebentar escalas, estremecer espíritos... dominou, assaltou completamente, AGREDIU VIOLENTAMENTE o ecrã com explosões de néon, pura energia selvagem e animalesca, cores ultra-vibrantes, uma vivacidade extremamente pulsante...
LA LA LAND é a "BOMBA" do ano!
SONHOS! AMOR!
A REALIDADE, aqui... Here's to the fools who dream... Nós, todos...
A primeira cena, uma brilhante sequência... puro cinema... uma força, um entusiasmo...
O final... Etapas de uma vida sonhada...
Tudo sobre LA LA LAND é pura intensidade, fascinação absoluta... faz-nos acreditar que, por momentos, estamos a ver o melhor filme de sempre...
Estou ENCANTADO, APAIXONADO...!
Uma obra-prima GLORIOSA!
PS: Coincidência que os meus dois filmes preferidos de 2016 partilham semelhanças: estética idêntica, Los Angeles... mas algo subversivo...
Se The Neon Demon foi sobre o pesadelo... La La Land é sobre o sonho... :)
Um filme que deve ser visto por toda a gente; uma mensagem que abre as nossas mentes sobre o nosso mundo, sobre o humano, as nossas relações.
MOONLIGHT NÃO É SÓ SOBRE A NOSSA ATUALIDADE. É SOBRE QUALQUER ÉPOCA DA NOSSA HISTÓRIA. É SOBRE A VIDA. É COMPLETAMENTE ESSENCIAL. É UM GRITO UNIVERSAL!
Um retrato feito de silêncios, olhares; tudo é verdadeiro, puro, absoluto - esquecemos que estamos a ver um objeto ficcional, a criação dalguém!
Estamos diante de algo grandioso... uma obra-prima, um clássico... um documento fundamental...
Assim como eu já esperava, Monty Python and the Holy Grail foi uma dose (da pesada!) de humor incessantemente engraçado e original. Aqui, o famoso grupo britânico não hesitou criar da forma mais absurda possível situações hilariantes: há quebras geniais do universo diegético, momentos aleatórios de partir o coco a rir, piadas com violência grotesca, cenas e diálogos cómicos para nunca mais esquecer.
O filme é um festival de gargalhadas do primeiro ao último segundo, literalmente. Os créditos definem de uma maneira única toda a atmosfera da obra e, a partir daí, é só zombaria até ao final. Nunca a História foi tão divertida de se ver.
É tudo tão excêntrico, irreverente, inesperado, louco, mas ao mesmo tempo irresistível, divertido e estranhamente animado. É tudo tão invulgarmente hilariante: cavalos não existem, coelhos são obras malditas, para não falar das coitadas das vacas, o enredo é simples de uma forma simplesmente simples, pessoas que deviam estar mortas estão vivas e por isso são depois mortas, os franceses são extremamente estereotipados, a quarta parede é derrubada e o rei Artur confunde o 3 com o 5. O QUÊ!?
Em The Neon Demon, a obsessão é um elemento constantemente presente no espírito dos seres sonhadores. Los Angeles acolhe grandes ambições vindas de pequenas cidades. Jovens chegam e vão todos os dias. Sucesso e fracasso colidem no mesmo espaço. Pegam na aptidão que mais favorece as suas figuras e tentam ao máximo chegar ao topo da montanha com isso. Durante a escalada, vários agentes interrompem o percurso - uns para aparentemente ajudar, outros para simplesmente dificultar a jornada.
Jesse (Elle Fanning) é uma dessas almas recém-chegadas que pretende marcar o seu nome nesse concorrido mundo dos sonhos. Num momento que remete ao início de Bronson, ela diz que não tem nenhum verdadeiro talento. Não sabe cantar, dançar nem escrever. Mas afirma que é bonita e que pode fazer dinheiro com tal atributo. Então, decidida a ser modelo e mentindo sobre a sua idade (responde 19, tem 16), Jesse entra num universo que Nicolas Winding Refn assume ser venenoso e onde os seus ocupantes são autênticas belas cascas, que, por isso, parecem nem existir por dentro. Porque para eles, o que realmente conta naquela esfera social é o encanto exterior, e só. Pessoas sem tal característica, segundo eles, pouco ou nada valem.
Nesse ambiente de disputa, quem tem maior encanto e perfeição é quem sai verdadeiramente vencedor. Então, maravilhando artistas do negócio, a jovem é vista como um destaque, alguém especial, uma nova luz que ilumina uma antiga escuridão, "carne fresca", dizem. Ao mesmo tempo, é encarada como uma ameaça por outras modelos, que sentem estar a ficar a um passo atrás devido a alguém que chegou a Califórnia "há um minuto".
Mas até que ponto o aparecimento de novas oportunidades pode transformar uma pessoa? E até que ponto pode transformar as pessoas presentes à volta dessa pessoa? Da suposta inocência e desconhecimento ao narcisismo puro. Da inveja ao ódio na sua forma mais brutal. É isso que o cineasta quis aqui nos mostrar. O perigo da beleza e a mudança de personalidade devido ao contexto da fama e a sede de possuir o que o outro tem.
No entanto, o que eu não estava à espera era que The Neon Demon fosse o mais perturbador dos filmes de Refn. Na verdade, o realizador sempre gosta de ser extravagante. Ele procura sempre impressionar a audiência. Violência é o seu jogo. Criar imagens inesquecíveis e únicas também. Chocar, obviamente. Não é assim, aliás, que a sua filmografia se define? Mas não aguardava ver o que vi aqui. O seu cinema exótico acaba de atingir um outro nível: um Refn na sua forma mais animalesca.
Deste modo, a fotografia de Natasha Braier procura satisfazer os "fetiches" mais absolutos do cineasta dinamarquês: explosões de néon, contrastes de cores fortíssimas, brilhantes que assaltam o ecrã e décors com traços altamente estilizados. O filme parece um autêntico videoclipe de duas horas, com Cliff Martinez a assinar uma das melhores bandas sonoras dos últimos anos.
Assim é o cinema do Nicolas Winding Refn, carregado de um estilo absurdo: ou se ama ou se odeia. Com The Neon Demon o caso não é diferente - é outro divisor de águas. Mas, como todas as obras do seu criador, está destinado a ser um clássico dos filmes de culto.
Quanto a mim, amei. Melhor filme de 2016 e aposto que nenhum outro conseguirá tirá-lo dessa posição.
Esta é uma apreciação comparativa-triangular, tendo como vértices o romance do Stieg Larsson Män som hatar kvinnor lançado em 2005, a adaptação cinematográfica sueca com o mesmo nome realizada pelo Niels Arden Oplev em 2009 e a adaptação norte-americana The Girl with the Dragon Tattoo realizada pelo David Fincher em 2011.
Temos aqui um excelente livro e dois excelentes filmes. O meu primeiro contacto com esta história sombria e sangrenta foi com o filme do David Fincher. Eu simplesmente adorei-o. Achei-o um thriller bem construído em termos de atmosfera e história intrigante, com personagens totalmente curiosas e únicas. Mas com uma em especial. Fiquei fascinado com a figura misteriosa e complexa da Lisbeth Salander. E por este e outros motivos procurei o rapidamente obter o livro que baseou o filme. E é fantástico. Creio que é impossível ficarmos indiferentes perante as 500 e mais quantas páginas escritas pelo Larsson.
Porque o mistério da Harriet Vanger é intrigante. Porque a situação Mikael Blomkvist vs. Hans-Erik Wennerström é intrigante. Porque a investigação com progressos do Blomkvist num caso aparentemente morto há 40 anos é intrigante. E porque a Lisbeth Salander é uma das personagens mais intrigantes da literatura contemporânea e, agora, do cinema atual.
Um dos pontos que faz o livro do Stieg Larsson ser algo digno de elogios é como a sua história é tão simples mas incrivelmente detalhada. Cada pormenor é tratado com um rigor imenso e a narrativa nunca fica sem foco tanto na questão da possível perda de raciocínio por parte do escritor (e do leitor) como no "ritmo" da própria leitura. Todas as perspectivas, todas as possibilidades são abordadas. O Larsson não só escreveu uma boa história. Ele estudou-a muito bem.
Obviamente que certas particularidades e subtramas têm que ser reduzidas numa adaptação ao cinema de modo a criar uma trama cativante e que não canse o espectador devido a demasiado conteúdo informativo. Então, logo que finalizei o livro, vi a primeira adaptação que fizeram para o cinema da história do Larsson - o filme sueco Män som hatar kvinnor. E percebi logo que os guionistas Nikolaj Arcel e Rasmus Heisterberg lidaram muito bem com o material que tinham em mãos. Pegaram nos pontos mais importantes da história e estruturaram um thriller de duas horas e meia que nunca fica estafante nem demasiado cerebral. É, antes, um filme ágil no seu ritmo.
Após ter visto o filme, revi o do Fincher. É curioso notar que a adaptação assinada pelo ótimo Steven Zaillian agarra os pormenores que foram deixados de parte pela outra longa-metragem, buscando, assim, outros caminhos para dar seguimento à história. Um excelente exemplo é como o Zaillian quis apresentar a grande reviravolta do mistério, pondo de parte aquilo que o Larsson escreveu e simplificando o momento de uma maneira engenhosa. O argumentista, ainda, conseguiu escrever um excelente ato final que contempla perfeitamente aquilo que o objeto base contém - e nesse aspecto, infelizmente, o filme sueco mostrou-se relativamente desorganizado. Mesmo sendo uma adaptação menos fiel, The Girl with the Dragon Tattoo é ótimo.
Enquanto estava a ler o livro, cedo percebi o quão bem os intérpretes do filme do Fincher fizeram o seu trabalho. Eu "via" a cara do Daniel Craig no texto do Larsson, bem como a da Rooney Mara, do Christopher Plummer, do Stellan Skarsgård, da Robin Wright, etc. Por este motivo, quando vi a película sueca, já sabia que muito possivelmente não ficaria tão "afeiçoado" pela outra versão dos personagens. E, de facto, foi o que aconteceu. Apesar disso, é inegável que eles fazem um trabalho notável.
O Michael Nyqvist vive convincentemente na mente investigativa e curiosa do Mikael Blomkvist, resultando numa representação totalmente humana. Aliás, acho que nunca vi este ator em tão boa forma. Já o Daniel Craig, nas mãos do David Fincher, interpreta o jornalista de uma maneira mais charmosa e estilosa. E por dominar o personagem com absoluto carisma, o Daniel Craig faz um Mikael Blomkvist mais memorável.
O personagem que é desempenhado da maneira mais parecida entre os dois filmes é o velho Henrik Vanger. Tanto o Sven-Bertil Taube como o Christopher Plummer reencarnam o personagem do modo mais fantástico possível, sabendo transmitir toda a amargura sentida pelo homem ao longo dos anos. É impossível deixar de referir o aparentemente simpático Martin Vanger, que é vivido fabulosamente pelo Peter Haber e pelo Stellan Skarsgård.
Porém, de novo, a personagem que ganha mais destaque na história do Stieg Larsson é indiscutivelmente a Lisbeth Salander. Fascinante, sombria, distante, misteriosa e questionável pelos seus atos, a rapariga com uma tatuagem de dragão muito dificilmente sairá da cabeça do leitor/espectador. Há todo um sentido de complexidade à volta da personagem. Quem é ela? O que ela fez?
Para representar esta enigmática pessoa, as atrizes tinham que ser necessariamente talentosas. Na versão sueca, a Noomi Rapace faz uma atuação digna de nomeação para o Óscar, vestindo uma personalidade mais próxima daquela que está no livro. Ela consegue transmitir todo o senso de desprezo da Lisbeth, porém sugere uma mínima presença de sentimento por detrás daquela capa aparentemente dura. Já a Rooney Mara no filme do Fincher, bem, a conversa é outra. A sua Lisbeth é mais brutal, fria, violenta e impiedosa (no bom sentido!), e, por isso mesmo, mais memorável e fascinante.
Não menosprezando a versão sueca (que é, tal como já referi, um excelente filme), a minha preferência vai para o filme norte-americano (mesmo sendo menos fiel ao livro) pelos motivos já apresentados, e porque Oplev, vamos lá admitir, está longe de ser um Fincher. Ainda assim, foi uma experiência e tanto.
-Bem, visualmente o filme é muito bom. Não podemos negá-lo. Os Wachowski provaram, mais uma vez, que são grandes cineastas na parte visual. -O exagero da interpretação do Eddie Redmayne acaba por ser algo engraçado. Eu ri-me - e acho que isso é algo bom.
-COISAS MÁS:
-Que filme mal escrito. Parece que Os Wachowski se esqueceram de fazer uma trama minimamente decente entre tantas ideias desordenadas. -E por ter uma história extremamente mal construída, as sequências de ação foram incapazes de me deixar entusiasmado. Por causa disso, todo o filme torna-se chato. -Como se isto não bastasse, as performances são terríveis e o estudo de personagens é inexistente. A Mila Kunis não está carismática (e o seu papel necessitava que ela fosse), o Channing Tatum está numa porcaria aqui, o Douglas Booth, meu, como este sujeito é irritante e o Sean Bean, bem, no meio de tantos desempenhos desastrosos, ele não está muito mau. -Já os diálogos, esses sim, são muito maus. Explicações, explicações, explicações... Tudo soa falso. -A relação entre a Kunis e o Tatum não faz sentido. Eles não têm química. -Este filme é uma tortura. Demora 2 horas, mas mais parecem dois malditos anos!
Charlie Kaufman, em 1997, salvo erro, foi convidado por Jonathan Demme para fazer a adaptação cinematográfica do livro não-ficcional The Orchid Thief da jornalista americana Susan Orlean. Entretanto, com o projeto em mãos, Kaufman começou a sofrer aquilo que podemos chamar de 'writer's block', um bloqueio criativo. Então, Kaufman teve a ideia de fazer um filme sobre a sua dificuldade com adaptações, mas não desistindo de todo com a obra literária de Orlean. O argumento só viria a ser finalizado em novembro de 2000.
Ou seja, aquilo que ia ser The Orchid Thief: The Movie virou um guião mais autoral: Adaptation.. Deste modo, podemos concluir que o argumento de Adaptation. é sobre o processo que foi escrever... Adaptation.. Ainda mais, segundo consta nos créditos, Adaptation. continua a ser uma adaptação ao livro de Orlean, escrito não só por Charlie Kaufman como também pelo seu irmão gémeo, Donald Kaufman, que no filme também é personagem - um argumentista talentoso de filmes de suspense.
De tão bom que ficou Adaptation., os dois irmãos foram nomeados para os Óscares e a diversos outros prémios. Mas... nada consegue ser assim perfeitamente compreensível se não fosse o facto de que esse irmão gémeo é, na verdade, outra criação da cabeça de Kaufman.
Short Cuts faz poesia cinematográfica ao simplesmente retratar o quotidiano de umas dezenas de personagens num clima puramente urbano. Neste caso a Los Angeles dos anos 90. Todos estes casos comuns da vida, por mais banais que sejam, têm sempre algo para nos contar. Temos um polícia enervado com o seu cão, uma cantora de Jazz que é mãe de uma violoncelista enigmaticamente melancólica, um casal desesperado pela salvação do seu filho que foi atropelado, a mulher preocupada que atropelou tal filho, o marido alcoólatra dessa mulher preocupada que atropelou tal filho, um limpador de piscinas cuja a esposa é uma operadora de sexo por telemóvel, três amigos que vão acampar e que encontram algo inesperado... São diversas vidas.
E o melhor de tudo é que a obra jamais perde o seu rumo e é deliciosamente coesa, nunca deixando o espectador confuso em nenhum momento durante as três horas de película. Um feito absolutamente incrível. Fiquei completamente impressionado como tudo estava perfeitamente organizado na sua estrutura. Como os personagens variavam entre serem principais e secundários. A maneira como o Altman comanda a audiência nesta viagem extraordinariamente banal é... Nem tenho palavras, é uma experiência sensacional. Tudo deslumbra.
Paul Thomas Anderson e o seuMagnolia devem muito a este filme.
Indiana Jones and the Temple of Doom pode ter um argumento claramente inferior e mais desajeitado comparado ao seu precedente e conter um humor um bocado pateta, mas o espírito do primeiro filme ainda está aqui presente, mantendo o telespectador entusiasmado com toda a aventura, e pela realização e imaginação das cenas de ação.
A personagem da Scarlett Johansson é como uma ninfa camuflada que pretende explorar a natureza do prazer sexual humano. E antes de querer saber de outras coisas, ela centra-se nesse determinado objetivo e percebe que existe diversos casos: há aquele que mora sozinho em casa e tem saudades de uma companhia; há aquele que engata mulheres em festas noturnas; há aquele que tem uma infeliz doença que torna difícil a busca pelo prazer sexual; e, finalmente, há aquele que deixa a sua perversão sexual tomar proporções doentias.
Jonathan Glazer explora todas estas vertentes nesta fábula moderna da ficção-científica. O retrato da sociedade contemporânea, aqui localizada na Escócia, é bem determinado e aborda questões precisas através de cada personagem.
Under the Skin envolve mensagens subtis através de planos perfeitos. As metáforas são de interpretação livre, creio. Uma experiência fabulosa, desafiante. Navegamos por momentos contemplativos numa viagem perturbadora. A reprodução de pesadelos.
Esta atmosfera é-nos introduzida já desde o primeiro momento (completamente estranho) do filme. A banda sonora é ideal e perfeita - Mica Levi, atentos a este nome. Os poucos diálogos são quase todos improvisados. A Scarlett Johansson está fantástica.
O cinema sci-fi independente tem, definitivamente, um novo marco.
Para os verdadeiros fãs do famoso livro infantil de Maurice Sendak, esta adaptação aberta de Spike Jonze pode ser interpretada como quase um "insulto" à obra original, e eu até compreendo porquê. Algumas coisas foram acrescentadas (como o nome dos "monstros") e alguns mistérios que eram deixados a critério da imaginação do leitor para serem desvendados foram limitados nesta fita de 2009. O facto da obra-prima de oito frases de Sendak ter virado um filme de 101 minutos virou motivo de conversa.
E não foi só isso. Após o fim da produção, a Warner Bros. sentiu-se revoltada com o resultado final da obra, criticando que ela tinha pouco foco familiar, podendo ser considerada demasiado sombria para o público infantil. Os produtores ofereceram mais orçamento a Jonze para realizar umas cenas extras, mas este recusou a oportunidade admitindo que nunca quis que o filme fosse necessariamente familiar e que o seu principal objetivo sempre foi fazer uma longa-metragem sobre a infância.
Por outro lado, temos de ver que Spike Jonze teve sempre o apoio do próprio Sendak, que aprovava muitas das ideias do realizador. O autor e ilustrador chegou a comentar que o filme de Jonze provoca as mesmas emoções do livro e até enriquece a obra em geral.
Sob minha visão, o resultado, tal como o cineasta quis, foi um bonito filme bem escrito e realizado sobre a infância. Neste caso, é a exploração do imaginário do menino Max que é aqui retratado muito bem.
Ao contrário do livro, o argumento de Jonze e Eggers constrói uma personalidade para cada uma das "coisas selvagens". E temos conhecidos nomes de Hollywood que lhes dão voz como James Gandolfini, Paul Dano, Forest Whitaker, Chris Cooper, etc. Se bem que acho que faltou criar uma distinção mais complexa entre os personagens. Mesmo assim, eles são engraçados.
Achei bastante curioso aquilo que o enredo tece sobre a ideia de que o sol pode vir a explodir bem como toda a relação criada entre mãe e filho. Sinceramente, acredito que aquilo que o filme acrescenta são coisas favoráveis e eficazes.
Tirando alguns determinados aspectos que referi e o facto de achar que se o filme fosse um bocado mais curto seria melhor, a versão cinematográfica de Where the Wild Things Are consegue obter bons resultados, sendo capaz de divertir e emocionar plenamente.
Na época das ações anti-comunistas de McCarthy, as diversas acusações ditas por ele atingiam os mais diversos grupos de trabalhadores norte-americanos. Dentro do ciclo mais comum, estavam educadores, sindicalistas, renomados membros militares e cientistas. No entanto, aqueles que também não escapavam de tais investigações ordenadas pelo político eram alguns dos elementos pertencentes à indústria do entretenimento.
Provavelmente, o mais famoso caso foi o de Charlie Chaplin, que chegou a um momento da sua carreira que já não podia estar instalado em Hollywood devido às ações de poderosos grupos. No decorrer do tempo macarthista, Chaplin foi acusado de cometer "atividades anti-americanas".
Esta ação política tomou proporções tão drásticas que impedia os próprios artistas de terem liberdade de expressão. O que seriam das comédias do Chaplin sem a sua mente liberal?
Com intuito de operar na opinião pública, o jornalista Edward R. Murrow iniciou transmissões contras as atividades flagrantes de Joseph McCarthy. Good Night, and Good Luck. reconstrói esse episódio que marcou a história da televisão norte-americana.
Ao contrário da sua primeira encruzada como cineasta, George Clooney em Good Night opta por um visual mais minimalista. O curioso recurso ao preto e branco, para além de captar melhor a ambientação dos anos 50, também é uma forma de deixar o clima mais sufocante, "fechado" no interior dos estúdios televisivos. E funciona na perfeição. Embora os filmes realizados pelo Clooney tenham sempre uma intriga política, esta diferença visual e estrutural também é uma forma de aclamar a sua versatilidade.
É notável o desempenho do ator subestimado David Strathairn. Todos os maneirismos do Murrow estão nele.
Para além de ser uma excelente e intensa "guerra fria", Good Night, and Good Luck. é também uma ode à influência da televisão na sociedade. E, com subtileza, George Clooney honra o trabalho do seu pai, o apresentador e jornalista Nick Clooney.
George Clooney comanda esta viagem pelos bastidores das eleições presidenciais dos Estados Unidos. A disputa que sustenta a trama, ao contrário do esperado, são os democratas contra os próprios democratas. Os restantes são utilizados para meros "bate-bocas" entre colegas e o enredo decorre, assim, como um imprevisível jogo traiçoeiro.
Baseado numa peça teatral da autoria de Beau Willimon (criador da excelente série política House of Cards), The Ides of March inicia com leves toques humorísticos e boa disposição, mas, um novo clima sério e dramático é inserido quando ocorre uma reviravolta brutal. Tudo acontece num simples quarto de hotel - um diálogo entre um homem e uma mulher. Todo o filme difere quando Stephen Meyers (Ryan Gosling) pousa o telemóvel e muda a sua expressão facial para sempre.
Um sólido drama político com um ótimo argumento, uma realização simples (e certeira) e um elenco de topo.
Steven Spielberg ficou fascinado com a história de Oskar Schindler, devido à natureza paradoxal do industrial alemão. O próprio realizador não conseguiu acreditar inicialmente que um membro do partido nazista quisesse ajudar judeus.
O aclamado cineasta norte-americano ficou a conhecer o feito histórico de Schindler, em '83, quando tinha 37 anos. Porém, disse que era demaisado novo para realizar uma fita sobre o Holocausto. Quis esperar 10 anos.
Durante a espera, Spielberg sentiu-se bastante inseguro sobre o filme e quis contratar outros cineastas para assumir o seu papel atrás das câmeras. Roman Polanski recusou, porque não se sentia à vontade de realizar uma fita sobre tal assunto, apesar de ter vindo a realizar a sua própria obra sobre o Holocausto em 2002, com The Pianist. Martin Scorsese disse que o filme precisava de um realizador judeu.
Assim, Steven Spielberg realizou e produziu a obra. No entanto, Schindler’s List foi um grande desafio profissional e, acima de tudo, pessoal para o cineasta. Segundo relatos, Spielberg sentia-se profundamente em baixo no final do dia e isolava-se no seu quarto de hotel para ver episódios de Seinfield e conversar com Robin Williams para que o comediante animasse o seu dia.
No final da produção, o realizador recusou ser pago e acreditou convictamente que o filme seria um fracasso.
Bom...
Podemos afirmar que 1993 acabou por ser um ano totalmente glorioso e histórico para este cineasta extraordinário. Primeiramente, lançou Jurassic Park, uma experiência inesquecível, uma novidade para os nossos olhos. Posteriormente, lançou às salas de cinema a sua obra-prima dramática.
"Um dos melhores filmes de todos os tempos". Sim, o filme é digno desta fama. Os feitos do Oskar Schindler são retratados com brilhantismo.
O argumento fabuloso do Steven Zaillian oferece uma abordagem ambígua e genial sobre a personalidade do Schindler. Créditos, também, para o belíssimo desempenho do Liam Neeson - esta é, indiscutivelmente, a performance da sua carreira.
A fotografia do Janusz Kaminski é simplesmente perfeita. O preto e branco arrepia. E a menina do casaco vermelho? Bom, a meu ver, simboliza o choque de Oskar Schindler face a todo aquele caos.
Entre interpretações soberbas (Ralph Fiennes e Ben Kingsley são magníficos), cenas com monólogos notáveis e a criação do retrato triste mas esperançoso, Schindler’s List é uma obra de arte sublime realizada por um contador de histórias eternamente incrível.
Um ano antes de ter assinado a sua obra-prima, Damien Chazelle escreveu Grand Piano, um espantoso thriller hitchcockiano. A montagem de cortar a respiração de Whiplash está aqui presente de forma idêntica.
Orquestrado como um espetáculo de suspense, Grand Piano é um trabalho fantástico do realizador espanhol Eugenio Mira contando com um jogo assombroso entre Elijah Wood e John Cusack. Uma experiência '90-min' desafiante e inquietante.
Um excelente filme incompreendido com um desfecho brilhante.
A adolescência decadente do escritor nova-iorquino Jim Carroll. São os anos '70 e a delinquência juvenil toma proporções mais elevadas do que nunca. O mundo das drogas, a prostituição e crimes armados são aqui retratados com um realismo cru.
Há que dar crédito ao esforço bem consigo do Leonardo DiCaprio, que mostrou aqui a todo o mundo o seu talento colossal na arte da representação. Além disso, este drama biográfico foi, também, uma ótima catapulta para um senhor chamado Mark Wahlberg.
Contudo, The Basketball Diaries peca por ser narrativamente desorganizado e por ter um desfecho que tenta transmitir-nos uma mensagem motivacional, mas que, na verdade, nos entrega uma bandeja indiferente e sem criatividade.
É um filme que, provavelmente, impressionará pessoas que ainda não tiveram a oportunidade de ver obras que obtiveram, anos depois, resultados notavelmente superiores que este, como Mysterious Skin e Requiem for a Dream.
Tenho um passado um bocado embaraçoso com este filme. Amo cinema. Verdade pura. Mas não gostei de Taxi Driver quando o vi pela primeira vez.
Tinha eu 14 anos. Na verdade, ainda estava a começar nesta coisa de ver filmes. Lembro-me vagamente de ter gostado imenso da performance do De Niro. No entanto, assim que surgiram os créditos finais, pensei: "É isto? É isto que esta louvada obra-prima absoluta tem para me mostrar? Só isto? Um tipo revoltado com as ruas de Nova Iorque?"
E agora, no dia 31 de Agosto de 2015, com os meus 17 anos de vida, revi pela primeira vez Taxi Driver. E, não, idiota, não é apenas um filme sobre um gajo revoltado com as ruas de Nova Iorque. É um retrato brilhante sobre a solidão. É uma crítica explícita ao descontrolo das grandes metrópoles na sociedade moderna. E apresenta um dos mais profundos e geniais estudos de personagem da História do Cinema. Aliás, Taxi Driver tem um dos personagens mais emblemáticos de sempre.
Mais: é uma das películas mais influentes. O que seria do Driver do Ryan Gosling se não fosse Taxi Driver? O que seria de grande parte do estilo do próprio Quentin Tarantino se não fosse Taxi Driver?!
O Martin Scorsese é um mestre e este seu filme é uma obra de arte absoluta. Acho que não consigo perdoar-me por não ter gostado dele da primeira vez que o vi...
Woody Allen é um cineasta que compreende bem os seus personagens, sabendo criar uma personalidade totalmente convincente e complexa que capte toda a essência humana deles.
Em Crimes and Misdemeanors existem duas história paralelas - uma sobre um homem que teve uma infância religiosa e que agora tem de suportar um pecado e outra sobre um realizador de documentários de pouco sucesso que se apaixona por uma bela mulher que já está interessada por um produtor bem sucedido.
Tudo isto envolvido na excelente qualidade habitual do argumento e da realização do Allen - na minha opinião, este é um dos seus melhores trabalhos como realizador; a utilização de poucos cortes dá espaço a planos-sequência e planos longos muito bons.
Senhoras e Senhores, Woody Allen na sua melhor fase!
O controverso cineasta dinamarquês Lars von Trier pinta um retrato cru e profundamente doloroso sobre uma jovem mãe que imigra para os Estados Unidos para alcançar o seu próprio sonho americano e salvar o seu filho.
Até um certo ponto, Dancer in the Dark dá alguma esperança à sua protagonista. Só que a polémica fama do realizador de Dogville começa a chamar à atenção e aquilo que era um reflexo de uma rapariga sonhadora passa a ser o mais terrível pesadelo que pode ocorrer a uma pessoa inocente.
Através disso, von Trier faz uma forte crítica ao feroz sistema legislativo norte-americano e a uma sociedade de natureza desumana.
O que passamos a ver é um musical que, ao contrário dos diversos hollywoodianos que retratam felicidade e outras coisas boas da vida, emprega um significado mais profundo e triste à obra.
Senti-me devastado, instável e absolutamente melancólico. Este filme tem, sem sombra de dúvida, um dos finais mais cruéis de todos os tempos.
O nome do mais recente disco do cantor solo Llewyn Davis chama-se Inside Llewyn Davis. O que se passa dentro da mente de Llewyn Davis? Até onde ele pretende chegar para concretizar o seu sonho? O que já aconteceu? E o que ainda terá de enfrentar?
A mais recente obra dos aclamados irmãos cineastas é sobre um protagonista complexo que vive num clima frio e difícil. Com habilidade narrativa e recorrendo a metáforas, os Coen aos poucos evidencia-nos do que se trata exatamente esta história de um homem perdido no caminho do seu próprio objetivo.
Temos aqui um dos mais desafiantes da filmografia dos cineastas. No entanto, analisando bem a essência das suas cenas e quando compreendemos o que de facto se passa com Llewyn Davis, chegamos à conlusão de que este se trata de mais um filme muito inteligente e admirável dos realizadores.
Outra coisa: temos aqui uma das fotografias mais belas desta nossa década. Enquadramentos simplesmente perfeitos.
Logo após o lançamento de Two Lovers (em 2008), Joaquin Phoenix comentou em público que aquele seria o seu último filme e que nunca mais iria atuar no desejo de seguir uma carreira como músico de hip hop. A imprensa explodiu.
Até 2010, com as suas aparições ocasionais nas ruas, a celebridade era vista aparentemente abatida, estranha e, segundo muitos, sem higiene. Até que, no mesmo ano, o Casey Affleck lançou um documentário sobre a mudança de personalidade de Phoenix, filmando o seu percurso desde o momento em que fez o polémico anúncio.
Diversos críticos de cinema, incluindo Roger Ebert, escreviam nos seus textos que I'm Still Here tratava-se de um documentário profundamente triste e doloroso sobre o rumo que a vida do famoso actor tinha tomado. Pois... até Casey Affleck admitir, poucos dias depois, que tudo se tratava de um falso documentário.
Quando comecei a ver I'm Still Here, já tinha conhecimento da história e, portanto, já sabia que se tratava de um mockumentary. Mas mesmo depois de ficarmos a saber isso, é engraçado reparar o quão bem-feita esta piada estilo-Andy Kaufman é. Piada essa que não só evidencia o quão talentoso o Joaquin Phoenix é na arte da representação como também é uma carta de amor a essa arte (coisa que o filme ironicamente faz justamente o contrário). Porque, afinal de contas, o Phoenix desconstruiu-se durante dois anos, nunca saindo do seu personagem. Um trabalho fenomenal. Enganou genialmente.
I’m Still Here é um filme fabuloso sobre a mente humana, as escolhas arriscadas e o mundo que as celebridades enfrentam diariamente. Casey Affleck capta tudo isso espetacularmente.
E a cena final é perfeita. Um dos desfechos existencialmente mais belos que alguma vez vi. E supostamente, segundo Casey Affleck, a cena teria inicialmente mais 3 minutos. Por mim, poderia ter até 20 minutos.
King Kong
3.3 999 Assista AgoraNão eram precisas 3 horas para se fazer um filme sobre um macaco gigante. Verdade. Mas isto é Peter Jackson, minha gente! Ele quer escala, quer abarrotar isto tudo com efeitos visuais e especiais e sonoros, adaptar-se ao desenvolvimento do CGI, sempre em dia, usando material de topo para a altura, sei lá, o tipo quer aventura, ação explosiva, romance, terror, grandes emoções, provocar sensações, dar experiências maiores que a vida, ele quer diversão, quer que a audiência aproveite a viagem ao máximo, inspirar, mudar vidas.
Sim, sim, este King Kong não tem o mesmo primor, cuidado, perfeição que a trilogia do Senhor dos Anéis tem. Chega a ser um filme inconsistente - ocupa muita parte da sua projeção a explorar certos personagens, depois deixa esses mesmos personagens de parte (algumas até passamos a detestar de um segundo para outro: Jack Black), sem finalidade, resumindo-se às figuras do Gorila e da Naomi Watts; não tem um tom definido, verdade. Mas ele quer provocar milhões de sensações ao mesmo tempo. Aqui, ele quis simplesmente animar as pessoas, comovê-las, assustá-las, tudo ao mesmo tempo.
E funciona lindamente. Aliás, este filme é lindo, em todos os aspectos. Que viagem! Este é uma obra JAMAIS enfadonha. Estava a ver o filme, mas estava dentro do filme também. Tudo é grandioso, tão imersivo, tão poderoso.
Isto é cinema, minha gente. Cinema clássico com morais clássicas; uma experiência na sua forma mais cinematográfica.
Grande!
Deus Não Está Morto 2
3.3 193 Assista AgoraCaros produtores de God's Not Dead 2,
Se querem um mundo de mãos dadas, alegre, harmonioso, pacífico, de céu azul, onde todos adoram cantarolar e dançar as músicas da Carochinha, por favor, não se deem ao manipulativo e gritante trabalho de injetar ideias simplistas sobre o Cristianismo nas nossas mentes.
Se querem paz e união, respeitem todas as religiões.
Os ateus não são essas bestas desumanas que tanto adoram retratar. Ninguém é assim tão "vilanescamente" estúpido. Nós respeitamos os outros pontos de vista.
Somos inteligentes o suficiente para fazermos isso.
Obrigado.
The Room
2.3 492Que lindo desastre!
Francamente, não sei se dou vaias a isto ou se bato palmas. Este filme representa o rei das comédias acidentais. É impressionante como tudo aqui soa ridículo. É cinema feito da maneira mais catastrófica possível; uma verdadeira ruína cinematográfica.
O argumento é um colossal absurdo, marcado por uma overdose de subtramas vazias, estúpidas e que são rapidamente postas de parte - estabelece uma coisa e dissolve essa mesma coisa no segundo seguinte (?!).
Ah, para não falar que está torturante e constantemente a bater na mesma tecla. Diz Lisa: "Eu amo o Mark, já não amo o Johnny"; "Não amo o Johnny, amo o Mark". Este diálogo repete-se em todas as formas possíveis!
Bem, isto também para não referir as desnecessárias, longas e brutalmente embaraçosas cenas de amor. Piroso da forma mais pirosa possível!
A realização é soberba. O trabalho de câmera é primoroso - há planos dignos de wallpaper. A sério.
As atuações. Pois, as atuações. Isto.
Os personagens, bem, eu adoro os personagens deste filme! O Johnny é um ser humano espetacular, uma joia de pessoa, e eu senti imensa pena do coitado. Ele não merecia nada daquilo. A Lisa, pois, a Lisa é extremamente bipolar, digamos assim. O Mark é o pior melhor amigo de sempre. O Denny é um jovem com problemas. Sérios problemas. E a Claudette, a mãe da Lisa, é ainda o humano mais "humano" do filme, o que não significa que ela seja humana de todo.
Os personagens, os seus arcos dramáticos, as suas particularidades, são hilariantes!
Aliás, The Room é hilariante. Eu diverti-me imenso a ver isto! Não há nada de bom neste filme, e isso é ótimo!
Eu sinceramente acho que o Tommy Wiseau está de parabéns. Não são todos que conseguem fazer o que ele fez: tornar um filme terrível num verdadeiro clássico. Penso que não existe um filme mau tão bom quanto este.
Uma "obra-prima" que certamente ficou para a História. Nunca mais me esquecerei desta experiência.
PS: Dentro desta linha de "filmes tão maus que são bons" (ou diria obras de arte?), recomendo-vos o obscuro Axed (2012): umas das coisas mais engraçadas que já vi.
PS2: Fiquem atentos a este filme que será lançado este ano - The Disaster Artist. Realizado por James Franco, a longa contará a história dos bastidores do The Room.
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraDAMIEN CHAZELLE chegou para arrebentar escalas, estremecer espíritos... dominou, assaltou completamente, AGREDIU VIOLENTAMENTE o ecrã com explosões de néon, pura energia selvagem e animalesca, cores ultra-vibrantes, uma vivacidade extremamente pulsante...
LA LA LAND é a "BOMBA" do ano!
SONHOS!
AMOR!
A REALIDADE, aqui... Here's to the fools who dream... Nós, todos...
A primeira cena, uma brilhante sequência... puro cinema... uma força, um entusiasmo...
O final... Etapas de uma vida sonhada...
Tudo sobre LA LA LAND é pura intensidade, fascinação absoluta... faz-nos acreditar que, por momentos, estamos a ver o melhor filme de sempre...
Estou ENCANTADO, APAIXONADO...!
Uma obra-prima GLORIOSA!
PS: Coincidência que os meus dois filmes preferidos de 2016 partilham semelhanças: estética idêntica, Los Angeles... mas algo subversivo...
Se The Neon Demon foi sobre o pesadelo... La La Land é sobre o sonho... :)
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraINDISPENSÁVEL!
Um filme que deve ser visto por toda a gente; uma mensagem que abre as nossas mentes sobre o nosso mundo, sobre o humano, as nossas relações.
MOONLIGHT NÃO É SÓ SOBRE A NOSSA ATUALIDADE. É SOBRE QUALQUER ÉPOCA DA NOSSA HISTÓRIA. É SOBRE A VIDA. É COMPLETAMENTE ESSENCIAL. É UM GRITO UNIVERSAL!
Um retrato feito de silêncios, olhares; tudo é verdadeiro, puro, absoluto - esquecemos que estamos a ver um objeto ficcional, a criação dalguém!
Estamos diante de algo grandioso... uma obra-prima, um clássico... um documento fundamental...
Monty Python em Busca do Cálice Sagrado
4.2 740 Assista AgoraAssim como eu já esperava, Monty Python and the Holy Grail foi uma dose (da pesada!) de humor incessantemente engraçado e original. Aqui, o famoso grupo britânico não hesitou criar da forma mais absurda possível situações hilariantes: há quebras geniais do universo diegético, momentos aleatórios de partir o coco a rir, piadas com violência grotesca, cenas e diálogos cómicos para nunca mais esquecer.
O filme é um festival de gargalhadas do primeiro ao último segundo, literalmente. Os créditos definem de uma maneira única toda a atmosfera da obra e, a partir daí, é só zombaria até ao final. Nunca a História foi tão divertida de se ver.
É tudo tão excêntrico, irreverente, inesperado, louco, mas ao mesmo tempo irresistível, divertido e estranhamente animado. É tudo tão invulgarmente hilariante: cavalos não existem, coelhos são obras malditas, para não falar das coitadas das vacas, o enredo é simples de uma forma simplesmente simples, pessoas que deviam estar mortas estão vivas e por isso são depois mortas, os franceses são extremamente estereotipados, a quarta parede é derrubada e o rei Artur confunde o 3 com o 5. O QUÊ!?
Tudo tão surreal. Lindo, adorei.
Demônio de Neon
3.2 1,2K Assista AgoraEm The Neon Demon, a obsessão é um elemento constantemente presente no espírito dos seres sonhadores. Los Angeles acolhe grandes ambições vindas de pequenas cidades. Jovens chegam e vão todos os dias. Sucesso e fracasso colidem no mesmo espaço. Pegam na aptidão que mais favorece as suas figuras e tentam ao máximo chegar ao topo da montanha com isso. Durante a escalada, vários agentes interrompem o percurso - uns para aparentemente ajudar, outros para simplesmente dificultar a jornada.
Jesse (Elle Fanning) é uma dessas almas recém-chegadas que pretende marcar o seu nome nesse concorrido mundo dos sonhos. Num momento que remete ao início de Bronson, ela diz que não tem nenhum verdadeiro talento. Não sabe cantar, dançar nem escrever. Mas afirma que é bonita e que pode fazer dinheiro com tal atributo. Então, decidida a ser modelo e mentindo sobre a sua idade (responde 19, tem 16), Jesse entra num universo que Nicolas Winding Refn assume ser venenoso e onde os seus ocupantes são autênticas belas cascas, que, por isso, parecem nem existir por dentro. Porque para eles, o que realmente conta naquela esfera social é o encanto exterior, e só. Pessoas sem tal característica, segundo eles, pouco ou nada valem.
Nesse ambiente de disputa, quem tem maior encanto e perfeição é quem sai verdadeiramente vencedor. Então, maravilhando artistas do negócio, a jovem é vista como um destaque, alguém especial, uma nova luz que ilumina uma antiga escuridão, "carne fresca", dizem. Ao mesmo tempo, é encarada como uma ameaça por outras modelos, que sentem estar a ficar a um passo atrás devido a alguém que chegou a Califórnia "há um minuto".
Mas até que ponto o aparecimento de novas oportunidades pode transformar uma pessoa? E até que ponto pode transformar as pessoas presentes à volta dessa pessoa? Da suposta inocência e desconhecimento ao narcisismo puro. Da inveja ao ódio na sua forma mais brutal. É isso que o cineasta quis aqui nos mostrar. O perigo da beleza e a mudança de personalidade devido ao contexto da fama e a sede de possuir o que o outro tem.
No entanto, o que eu não estava à espera era que The Neon Demon fosse o mais perturbador dos filmes de Refn. Na verdade, o realizador sempre gosta de ser extravagante. Ele procura sempre impressionar a audiência. Violência é o seu jogo. Criar imagens inesquecíveis e únicas também. Chocar, obviamente. Não é assim, aliás, que a sua filmografia se define? Mas não aguardava ver o que vi aqui. O seu cinema exótico acaba de atingir um outro nível: um Refn na sua forma mais animalesca.
Deste modo, a fotografia de Natasha Braier procura satisfazer os "fetiches" mais absolutos do cineasta dinamarquês: explosões de néon, contrastes de cores fortíssimas, brilhantes que assaltam o ecrã e décors com traços altamente estilizados. O filme parece um autêntico videoclipe de duas horas, com Cliff Martinez a assinar uma das melhores bandas sonoras dos últimos anos.
Assim é o cinema do Nicolas Winding Refn, carregado de um estilo absurdo: ou se ama ou se odeia. Com The Neon Demon o caso não é diferente - é outro divisor de águas. Mas, como todas as obras do seu criador, está destinado a ser um clássico dos filmes de culto.
Quanto a mim, amei. Melhor filme de 2016 e aposto que nenhum outro conseguirá tirá-lo dessa posição.
Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres
4.2 3,1K Assista AgoraEsta é uma apreciação comparativa-triangular, tendo como vértices o romance do Stieg Larsson Män som hatar kvinnor lançado em 2005, a adaptação cinematográfica sueca com o mesmo nome realizada pelo Niels Arden Oplev em 2009 e a adaptação norte-americana The Girl with the Dragon Tattoo realizada pelo David Fincher em 2011.
Temos aqui um excelente livro e dois excelentes filmes. O meu primeiro contacto com esta história sombria e sangrenta foi com o filme do David Fincher. Eu simplesmente adorei-o. Achei-o um thriller bem construído em termos de atmosfera e história intrigante, com personagens totalmente curiosas e únicas. Mas com uma em especial. Fiquei fascinado com a figura misteriosa e complexa da Lisbeth Salander. E por este e outros motivos procurei o rapidamente obter o livro que baseou o filme. E é fantástico. Creio que é impossível ficarmos indiferentes perante as 500 e mais quantas páginas escritas pelo Larsson.
Porque o mistério da Harriet Vanger é intrigante. Porque a situação Mikael Blomkvist vs. Hans-Erik Wennerström é intrigante. Porque a investigação com progressos do Blomkvist num caso aparentemente morto há 40 anos é intrigante. E porque a Lisbeth Salander é uma das personagens mais intrigantes da literatura contemporânea e, agora, do cinema atual.
Um dos pontos que faz o livro do Stieg Larsson ser algo digno de elogios é como a sua história é tão simples mas incrivelmente detalhada. Cada pormenor é tratado com um rigor imenso e a narrativa nunca fica sem foco tanto na questão da possível perda de raciocínio por parte do escritor (e do leitor) como no "ritmo" da própria leitura. Todas as perspectivas, todas as possibilidades são abordadas. O Larsson não só escreveu uma boa história. Ele estudou-a muito bem.
Obviamente que certas particularidades e subtramas têm que ser reduzidas numa adaptação ao cinema de modo a criar uma trama cativante e que não canse o espectador devido a demasiado conteúdo informativo. Então, logo que finalizei o livro, vi a primeira adaptação que fizeram para o cinema da história do Larsson - o filme sueco Män som hatar kvinnor. E percebi logo que os guionistas Nikolaj Arcel e Rasmus Heisterberg lidaram muito bem com o material que tinham em mãos. Pegaram nos pontos mais importantes da história e estruturaram um thriller de duas horas e meia que nunca fica estafante nem demasiado cerebral. É, antes, um filme ágil no seu ritmo.
Após ter visto o filme, revi o do Fincher. É curioso notar que a adaptação assinada pelo ótimo Steven Zaillian agarra os pormenores que foram deixados de parte pela outra longa-metragem, buscando, assim, outros caminhos para dar seguimento à história. Um excelente exemplo é como o Zaillian quis apresentar a grande reviravolta do mistério, pondo de parte aquilo que o Larsson escreveu e simplificando o momento de uma maneira engenhosa. O argumentista, ainda, conseguiu escrever um excelente ato final que contempla perfeitamente aquilo que o objeto base contém - e nesse aspecto, infelizmente, o filme sueco mostrou-se relativamente desorganizado. Mesmo sendo uma adaptação menos fiel, The Girl with the Dragon Tattoo é ótimo.
Enquanto estava a ler o livro, cedo percebi o quão bem os intérpretes do filme do Fincher fizeram o seu trabalho. Eu "via" a cara do Daniel Craig no texto do Larsson, bem como a da Rooney Mara, do Christopher Plummer, do Stellan Skarsgård, da Robin Wright, etc. Por este motivo, quando vi a película sueca, já sabia que muito possivelmente não ficaria tão "afeiçoado" pela outra versão dos personagens. E, de facto, foi o que aconteceu. Apesar disso, é inegável que eles fazem um trabalho notável.
O Michael Nyqvist vive convincentemente na mente investigativa e curiosa do Mikael Blomkvist, resultando numa representação totalmente humana. Aliás, acho que nunca vi este ator em tão boa forma. Já o Daniel Craig, nas mãos do David Fincher, interpreta o jornalista de uma maneira mais charmosa e estilosa. E por dominar o personagem com absoluto carisma, o Daniel Craig faz um Mikael Blomkvist mais memorável.
O personagem que é desempenhado da maneira mais parecida entre os dois filmes é o velho Henrik Vanger. Tanto o Sven-Bertil Taube como o Christopher Plummer reencarnam o personagem do modo mais fantástico possível, sabendo transmitir toda a amargura sentida pelo homem ao longo dos anos. É impossível deixar de referir o aparentemente simpático Martin Vanger, que é vivido fabulosamente pelo Peter Haber e pelo Stellan Skarsgård.
Porém, de novo, a personagem que ganha mais destaque na história do Stieg Larsson é indiscutivelmente a Lisbeth Salander. Fascinante, sombria, distante, misteriosa e questionável pelos seus atos, a rapariga com uma tatuagem de dragão muito dificilmente sairá da cabeça do leitor/espectador. Há todo um sentido de complexidade à volta da personagem. Quem é ela? O que ela fez?
Para representar esta enigmática pessoa, as atrizes tinham que ser necessariamente talentosas. Na versão sueca, a Noomi Rapace faz uma atuação digna de nomeação para o Óscar, vestindo uma personalidade mais próxima daquela que está no livro. Ela consegue transmitir todo o senso de desprezo da Lisbeth, porém sugere uma mínima presença de sentimento por detrás daquela capa aparentemente dura. Já a Rooney Mara no filme do Fincher, bem, a conversa é outra. A sua Lisbeth é mais brutal, fria, violenta e impiedosa (no bom sentido!), e, por isso mesmo, mais memorável e fascinante.
Não menosprezando a versão sueca (que é, tal como já referi, um excelente filme), a minha preferência vai para o filme norte-americano (mesmo sendo menos fiel ao livro) pelos motivos já apresentados, e porque Oplev, vamos lá admitir, está longe de ser um Fincher. Ainda assim, foi uma experiência e tanto.
O Destino de Júpiter
2.5 1,3K Assista Agora-COISAS BOAS:
-Bem, visualmente o filme é muito bom. Não podemos negá-lo. Os Wachowski provaram, mais uma vez, que são grandes cineastas na parte visual.
-O exagero da interpretação do Eddie Redmayne acaba por ser algo engraçado. Eu ri-me - e acho que isso é algo bom.
-COISAS MÁS:
-Que filme mal escrito. Parece que Os Wachowski se esqueceram de fazer uma trama minimamente decente entre tantas ideias desordenadas.
-E por ter uma história extremamente mal construída, as sequências de ação foram incapazes de me deixar entusiasmado. Por causa disso, todo o filme torna-se chato.
-Como se isto não bastasse, as performances são terríveis e o estudo de personagens é inexistente. A Mila Kunis não está carismática (e o seu papel necessitava que ela fosse), o Channing Tatum está numa porcaria aqui, o Douglas Booth, meu, como este sujeito é irritante e o Sean Bean, bem, no meio de tantos desempenhos desastrosos, ele não está muito mau.
-Já os diálogos, esses sim, são muito maus. Explicações, explicações, explicações... Tudo soa falso.
-A relação entre a Kunis e o Tatum não faz sentido. Eles não têm química.
-Este filme é uma tortura. Demora 2 horas, mas mais parecem dois malditos anos!
Adaptação.
3.9 707 Assista AgoraCharlie Kaufman, em 1997, salvo erro, foi convidado por Jonathan Demme para fazer a adaptação cinematográfica do livro não-ficcional The Orchid Thief da jornalista americana Susan Orlean. Entretanto, com o projeto em mãos, Kaufman começou a sofrer aquilo que podemos chamar de 'writer's block', um bloqueio criativo. Então, Kaufman teve a ideia de fazer um filme sobre a sua dificuldade com adaptações, mas não desistindo de todo com a obra literária de Orlean. O argumento só viria a ser finalizado em novembro de 2000.
Ou seja, aquilo que ia ser The Orchid Thief: The Movie virou um guião mais autoral: Adaptation.. Deste modo, podemos concluir que o argumento de Adaptation. é sobre o processo que foi escrever... Adaptation.. Ainda mais, segundo consta nos créditos, Adaptation. continua a ser uma adaptação ao livro de Orlean, escrito não só por Charlie Kaufman como também pelo seu irmão gémeo, Donald Kaufman, que no filme também é personagem - um argumentista talentoso de filmes de suspense.
De tão bom que ficou Adaptation., os dois irmãos foram nomeados para os Óscares e a diversos outros prémios. Mas... nada consegue ser assim perfeitamente compreensível se não fosse o facto de que esse irmão gémeo é, na verdade, outra criação da cabeça de Kaufman.
Um guião sobre si mesmo.
Short Cuts: Cenas da Vida
4.0 97Short Cuts faz poesia cinematográfica ao simplesmente retratar o quotidiano de umas dezenas de personagens num clima puramente urbano. Neste caso a Los Angeles dos anos 90. Todos estes casos comuns da vida, por mais banais que sejam, têm sempre algo para nos contar. Temos um polícia enervado com o seu cão, uma cantora de Jazz que é mãe de uma violoncelista enigmaticamente melancólica, um casal desesperado pela salvação do seu filho que foi atropelado, a mulher preocupada que atropelou tal filho, o marido alcoólatra dessa mulher preocupada que atropelou tal filho, um limpador de piscinas cuja a esposa é uma operadora de sexo por telemóvel, três amigos que vão acampar e que encontram algo inesperado... São diversas vidas.
E o melhor de tudo é que a obra jamais perde o seu rumo e é deliciosamente coesa, nunca deixando o espectador confuso em nenhum momento durante as três horas de película. Um feito absolutamente incrível. Fiquei completamente impressionado como tudo estava perfeitamente organizado na sua estrutura. Como os personagens variavam entre serem principais e secundários. A maneira como o Altman comanda a audiência nesta viagem extraordinariamente banal é... Nem tenho palavras, é uma experiência sensacional. Tudo deslumbra.
Paul Thomas Anderson e o seuMagnolia devem muito a este filme.
Short Cuts é uma boa dose de puro cinema.
Indiana Jones e o Templo da Perdição
3.9 507 Assista AgoraIndiana Jones and the Temple of Doom pode ter um argumento claramente inferior e mais desajeitado comparado ao seu precedente e conter um humor um bocado pateta, mas o espírito do primeiro filme ainda está aqui presente, mantendo o telespectador entusiasmado com toda a aventura, e pela realização e imaginação das cenas de ação.
Sob a Pele
3.2 1,4K Assista AgoraA personagem da Scarlett Johansson é como uma ninfa camuflada que pretende explorar a natureza do prazer sexual humano. E antes de querer saber de outras coisas, ela centra-se nesse determinado objetivo e percebe que existe diversos casos: há aquele que mora sozinho em casa e tem saudades de uma companhia; há aquele que engata mulheres em festas noturnas; há aquele que tem uma infeliz doença que torna difícil a busca pelo prazer sexual; e, finalmente, há aquele que deixa a sua perversão sexual tomar proporções doentias.
Jonathan Glazer explora todas estas vertentes nesta fábula moderna da ficção-científica. O retrato da sociedade contemporânea, aqui localizada na Escócia, é bem determinado e aborda questões precisas através de cada personagem.
Under the Skin envolve mensagens subtis através de planos perfeitos. As metáforas são de interpretação livre, creio. Uma experiência fabulosa, desafiante. Navegamos por momentos contemplativos numa viagem perturbadora. A reprodução de pesadelos.
Esta atmosfera é-nos introduzida já desde o primeiro momento (completamente estranho) do filme. A banda sonora é ideal e perfeita - Mica Levi, atentos a este nome. Os poucos diálogos são quase todos improvisados. A Scarlett Johansson está fantástica.
O cinema sci-fi independente tem, definitivamente, um novo marco.
Onde Vivem os Monstros
3.8 2,4K Assista AgoraPara os verdadeiros fãs do famoso livro infantil de Maurice Sendak, esta adaptação aberta de Spike Jonze pode ser interpretada como quase um "insulto" à obra original, e eu até compreendo porquê. Algumas coisas foram acrescentadas (como o nome dos "monstros") e alguns mistérios que eram deixados a critério da imaginação do leitor para serem desvendados foram limitados nesta fita de 2009. O facto da obra-prima de oito frases de Sendak ter virado um filme de 101 minutos virou motivo de conversa.
E não foi só isso. Após o fim da produção, a Warner Bros. sentiu-se revoltada com o resultado final da obra, criticando que ela tinha pouco foco familiar, podendo ser considerada demasiado sombria para o público infantil. Os produtores ofereceram mais orçamento a Jonze para realizar umas cenas extras, mas este recusou a oportunidade admitindo que nunca quis que o filme fosse necessariamente familiar e que o seu principal objetivo sempre foi fazer uma longa-metragem sobre a infância.
Por outro lado, temos de ver que Spike Jonze teve sempre o apoio do próprio Sendak, que aprovava muitas das ideias do realizador. O autor e ilustrador chegou a comentar que o filme de Jonze provoca as mesmas emoções do livro e até enriquece a obra em geral.
Sob minha visão, o resultado, tal como o cineasta quis, foi um bonito filme bem escrito e realizado sobre a infância. Neste caso, é a exploração do imaginário do menino Max que é aqui retratado muito bem.
Ao contrário do livro, o argumento de Jonze e Eggers constrói uma personalidade para cada uma das "coisas selvagens". E temos conhecidos nomes de Hollywood que lhes dão voz como James Gandolfini, Paul Dano, Forest Whitaker, Chris Cooper, etc. Se bem que acho que faltou criar uma distinção mais complexa entre os personagens. Mesmo assim, eles são engraçados.
Achei bastante curioso aquilo que o enredo tece sobre a ideia de que o sol pode vir a explodir bem como toda a relação criada entre mãe e filho. Sinceramente, acredito que aquilo que o filme acrescenta são coisas favoráveis e eficazes.
Tirando alguns determinados aspectos que referi e o facto de achar que se o filme fosse um bocado mais curto seria melhor, a versão cinematográfica de Where the Wild Things Are consegue obter bons resultados, sendo capaz de divertir e emocionar plenamente.
Boa Noite e Boa Sorte
3.7 137Na época das ações anti-comunistas de McCarthy, as diversas acusações ditas por ele atingiam os mais diversos grupos de trabalhadores norte-americanos. Dentro do ciclo mais comum, estavam educadores, sindicalistas, renomados membros militares e cientistas. No entanto, aqueles que também não escapavam de tais investigações ordenadas pelo político eram alguns dos elementos pertencentes à indústria do entretenimento.
Provavelmente, o mais famoso caso foi o de Charlie Chaplin, que chegou a um momento da sua carreira que já não podia estar instalado em Hollywood devido às ações de poderosos grupos. No decorrer do tempo macarthista, Chaplin foi acusado de cometer "atividades anti-americanas".
Esta ação política tomou proporções tão drásticas que impedia os próprios artistas de terem liberdade de expressão. O que seriam das comédias do Chaplin sem a sua mente liberal?
Com intuito de operar na opinião pública, o jornalista Edward R. Murrow iniciou transmissões contras as atividades flagrantes de Joseph McCarthy. Good Night, and Good Luck. reconstrói esse episódio que marcou a história da televisão norte-americana.
Ao contrário da sua primeira encruzada como cineasta, George Clooney em Good Night opta por um visual mais minimalista. O curioso recurso ao preto e branco, para além de captar melhor a ambientação dos anos 50, também é uma forma de deixar o clima mais sufocante, "fechado" no interior dos estúdios televisivos. E funciona na perfeição. Embora os filmes realizados pelo Clooney tenham sempre uma intriga política, esta diferença visual e estrutural também é uma forma de aclamar a sua versatilidade.
É notável o desempenho do ator subestimado David Strathairn. Todos os maneirismos do Murrow estão nele.
Para além de ser uma excelente e intensa "guerra fria", Good Night, and Good Luck. é também uma ode à influência da televisão na sociedade. E, com subtileza, George Clooney honra o trabalho do seu pai, o apresentador e jornalista Nick Clooney.
Tudo pelo Poder
3.8 763 Assista AgoraGeorge Clooney comanda esta viagem pelos bastidores das eleições presidenciais dos Estados Unidos. A disputa que sustenta a trama, ao contrário do esperado, são os democratas contra os próprios democratas. Os restantes são utilizados para meros "bate-bocas" entre colegas e o enredo decorre, assim, como um imprevisível jogo traiçoeiro.
Baseado numa peça teatral da autoria de Beau Willimon (criador da excelente série política House of Cards), The Ides of March inicia com leves toques humorísticos e boa disposição, mas, um novo clima sério e dramático é inserido quando ocorre uma reviravolta brutal. Tudo acontece num simples quarto de hotel - um diálogo entre um homem e uma mulher. Todo o filme difere quando Stephen Meyers (Ryan Gosling) pousa o telemóvel e muda a sua expressão facial para sempre.
Um sólido drama político com um ótimo argumento, uma realização simples (e certeira) e um elenco de topo.
A Lista de Schindler
4.6 2,3K Assista AgoraSteven Spielberg ficou fascinado com a história de Oskar Schindler, devido à natureza paradoxal do industrial alemão. O próprio realizador não conseguiu acreditar inicialmente que um membro do partido nazista quisesse ajudar judeus.
O aclamado cineasta norte-americano ficou a conhecer o feito histórico de Schindler, em '83, quando tinha 37 anos. Porém, disse que era demaisado novo para realizar uma fita sobre o Holocausto. Quis esperar 10 anos.
Durante a espera, Spielberg sentiu-se bastante inseguro sobre o filme e quis contratar outros cineastas para assumir o seu papel atrás das câmeras. Roman Polanski recusou, porque não se sentia à vontade de realizar uma fita sobre tal assunto, apesar de ter vindo a realizar a sua própria obra sobre o Holocausto em 2002, com The Pianist. Martin Scorsese disse que o filme precisava de um realizador judeu.
Assim, Steven Spielberg realizou e produziu a obra. No entanto, Schindler’s List foi um grande desafio profissional e, acima de tudo, pessoal para o cineasta. Segundo relatos, Spielberg sentia-se profundamente em baixo no final do dia e isolava-se no seu quarto de hotel para ver episódios de Seinfield e conversar com Robin Williams para que o comediante animasse o seu dia.
No final da produção, o realizador recusou ser pago e acreditou convictamente que o filme seria um fracasso.
Bom...
Podemos afirmar que 1993 acabou por ser um ano totalmente glorioso e histórico para este cineasta extraordinário. Primeiramente, lançou Jurassic Park, uma experiência inesquecível, uma novidade para os nossos olhos. Posteriormente, lançou às salas de cinema a sua obra-prima dramática.
"Um dos melhores filmes de todos os tempos". Sim, o filme é digno desta fama. Os feitos do Oskar Schindler são retratados com brilhantismo.
O argumento fabuloso do Steven Zaillian oferece uma abordagem ambígua e genial sobre a personalidade do Schindler. Créditos, também, para o belíssimo desempenho do Liam Neeson - esta é, indiscutivelmente, a performance da sua carreira.
A fotografia do Janusz Kaminski é simplesmente perfeita. O preto e branco arrepia. E a menina do casaco vermelho? Bom, a meu ver, simboliza o choque de Oskar Schindler face a todo aquele caos.
Entre interpretações soberbas (Ralph Fiennes e Ben Kingsley são magníficos), cenas com monólogos notáveis e a criação do retrato triste mas esperançoso, Schindler’s List é uma obra de arte sublime realizada por um contador de histórias eternamente incrível.
Toque de Mestre
2.9 173 Assista AgoraUm ano antes de ter assinado a sua obra-prima, Damien Chazelle escreveu Grand Piano, um espantoso thriller hitchcockiano. A montagem de cortar a respiração de Whiplash está aqui presente de forma idêntica.
Orquestrado como um espetáculo de suspense, Grand Piano é um trabalho fantástico do realizador espanhol Eugenio Mira contando com um jogo assombroso entre Elijah Wood e John Cusack. Uma experiência '90-min' desafiante e inquietante.
Um excelente filme incompreendido com um desfecho brilhante.
Diário de um Adolescente
3.8 778 Assista AgoraA adolescência decadente do escritor nova-iorquino Jim Carroll. São os anos '70 e a delinquência juvenil toma proporções mais elevadas do que nunca. O mundo das drogas, a prostituição e crimes armados são aqui retratados com um realismo cru.
Há que dar crédito ao esforço bem consigo do Leonardo DiCaprio, que mostrou aqui a todo o mundo o seu talento colossal na arte da representação. Além disso, este drama biográfico foi, também, uma ótima catapulta para um senhor chamado Mark Wahlberg.
Contudo, The Basketball Diaries peca por ser narrativamente desorganizado e por ter um desfecho que tenta transmitir-nos uma mensagem motivacional, mas que, na verdade, nos entrega uma bandeja indiferente e sem criatividade.
É um filme que, provavelmente, impressionará pessoas que ainda não tiveram a oportunidade de ver obras que obtiveram, anos depois, resultados notavelmente superiores que este, como Mysterious Skin e Requiem for a Dream.
Taxi Driver
4.2 2,5K Assista AgoraTenho um passado um bocado embaraçoso com este filme. Amo cinema. Verdade pura. Mas não gostei de Taxi Driver quando o vi pela primeira vez.
Tinha eu 14 anos. Na verdade, ainda estava a começar nesta coisa de ver filmes. Lembro-me vagamente de ter gostado imenso da performance do De Niro. No entanto, assim que surgiram os créditos finais, pensei: "É isto? É isto que esta louvada obra-prima absoluta tem para me mostrar? Só isto? Um tipo revoltado com as ruas de Nova Iorque?"
E agora, no dia 31 de Agosto de 2015, com os meus 17 anos de vida, revi pela primeira vez Taxi Driver. E, não, idiota, não é apenas um filme sobre um gajo revoltado com as ruas de Nova Iorque. É um retrato brilhante sobre a solidão. É uma crítica explícita ao descontrolo das grandes metrópoles na sociedade moderna. E apresenta um dos mais profundos e geniais estudos de personagem da História do Cinema. Aliás, Taxi Driver tem um dos personagens mais emblemáticos de sempre.
Mais: é uma das películas mais influentes. O que seria do Driver do Ryan Gosling se não fosse Taxi Driver? O que seria de grande parte do estilo do próprio Quentin Tarantino se não fosse Taxi Driver?!
O Martin Scorsese é um mestre e este seu filme é uma obra de arte absoluta. Acho que não consigo perdoar-me por não ter gostado dele da primeira vez que o vi...
Crimes e Pecados
4.0 184Woody Allen é um cineasta que compreende bem os seus personagens, sabendo criar uma personalidade totalmente convincente e complexa que capte toda a essência humana deles.
Em Crimes and Misdemeanors existem duas história paralelas - uma sobre um homem que teve uma infância religiosa e que agora tem de suportar um pecado e outra sobre um realizador de documentários de pouco sucesso que se apaixona por uma bela mulher que já está interessada por um produtor bem sucedido.
Tudo isto envolvido na excelente qualidade habitual do argumento e da realização do Allen - na minha opinião, este é um dos seus melhores trabalhos como realizador; a utilização de poucos cortes dá espaço a planos-sequência e planos longos muito bons.
Senhoras e Senhores, Woody Allen na sua melhor fase!
Dançando no Escuro
4.4 2,3K Assista AgoraO controverso cineasta dinamarquês Lars von Trier pinta um retrato cru e profundamente doloroso sobre uma jovem mãe que imigra para os Estados Unidos para alcançar o seu próprio sonho americano e salvar o seu filho.
Até um certo ponto, Dancer in the Dark dá alguma esperança à sua protagonista. Só que a polémica fama do realizador de Dogville começa a chamar à atenção e aquilo que era um reflexo de uma rapariga sonhadora passa a ser o mais terrível pesadelo que pode ocorrer a uma pessoa inocente.
Através disso, von Trier faz uma forte crítica ao feroz sistema legislativo norte-americano e a uma sociedade de natureza desumana.
O que passamos a ver é um musical que, ao contrário dos diversos hollywoodianos que retratam felicidade e outras coisas boas da vida, emprega um significado mais profundo e triste à obra.
Senti-me devastado, instável e absolutamente melancólico. Este filme tem, sem sombra de dúvida, um dos finais mais cruéis de todos os tempos.
Inside Llewyn Davis - Balada de um Homem Comum
3.8 529 Assista AgoraO nome do mais recente disco do cantor solo Llewyn Davis chama-se Inside Llewyn Davis. O que se passa dentro da mente de Llewyn Davis? Até onde ele pretende chegar para concretizar o seu sonho? O que já aconteceu? E o que ainda terá de enfrentar?
A mais recente obra dos aclamados irmãos cineastas é sobre um protagonista complexo que vive num clima frio e difícil. Com habilidade narrativa e recorrendo a metáforas, os Coen aos poucos evidencia-nos do que se trata exatamente esta história de um homem perdido no caminho do seu próprio objetivo.
Temos aqui um dos mais desafiantes da filmografia dos cineastas. No entanto, analisando bem a essência das suas cenas e quando compreendemos o que de facto se passa com Llewyn Davis, chegamos à conlusão de que este se trata de mais um filme muito inteligente e admirável dos realizadores.
Outra coisa: temos aqui uma das fotografias mais belas desta nossa década. Enquadramentos simplesmente perfeitos.
Eu Ainda Estou Aqui
3.2 124Logo após o lançamento de Two Lovers (em 2008), Joaquin Phoenix comentou em público que aquele seria o seu último filme e que nunca mais iria atuar no desejo de seguir uma carreira como músico de hip hop. A imprensa explodiu.
Até 2010, com as suas aparições ocasionais nas ruas, a celebridade era vista aparentemente abatida, estranha e, segundo muitos, sem higiene. Até que, no mesmo ano, o Casey Affleck lançou um documentário sobre a mudança de personalidade de Phoenix, filmando o seu percurso desde o momento em que fez o polémico anúncio.
Diversos críticos de cinema, incluindo Roger Ebert, escreviam nos seus textos que I'm Still Here tratava-se de um documentário profundamente triste e doloroso sobre o rumo que a vida do famoso actor tinha tomado. Pois... até Casey Affleck admitir, poucos dias depois, que tudo se tratava de um falso documentário.
Quando comecei a ver I'm Still Here, já tinha conhecimento da história e, portanto, já sabia que se tratava de um mockumentary. Mas mesmo depois de ficarmos a saber isso, é engraçado reparar o quão bem-feita esta piada estilo-Andy Kaufman é. Piada essa que não só evidencia o quão talentoso o Joaquin Phoenix é na arte da representação como também é uma carta de amor a essa arte (coisa que o filme ironicamente faz justamente o contrário). Porque, afinal de contas, o Phoenix desconstruiu-se durante dois anos, nunca saindo do seu personagem. Um trabalho fenomenal. Enganou genialmente.
I’m Still Here é um filme fabuloso sobre a mente humana, as escolhas arriscadas e o mundo que as celebridades enfrentam diariamente. Casey Affleck capta tudo isso espetacularmente.
E a cena final é perfeita. Um dos desfechos existencialmente mais belos que alguma vez vi. E supostamente, segundo Casey Affleck, a cena teria inicialmente mais 3 minutos. Por mim, poderia ter até 20 minutos.