Esse live-action da célebre animação da Walt Disney "A Guerra dos Dálmatas, ou 101 Dálmatas", lançada em 1961, sendo inspirada pela história "Os cento e um Dálmatas", de 1956. Chegou ao mundo pela direção de Stephen Hereck trazendo Pongo e Prenda re(construindo) a hilária história dos cães pintados.
O filme tem um roteiro simples e cômico reflexo de seu produtor John Hughes. O que contribui para que, rapidamente, a gente sinta afeição pelos inteligentes cães. O romance deles consegue fazer que seus donos, Roger Dearly (Jeff Daniels) e Anita Campbell (Joely Richardson). Para o terror de Cruela De Vil (Glenn Close), que fica entusiasmada com a possibilidade de criar um casaco de pele desenhado pela Anita com a pele dos dálmatas. Neste ponto, acredito que o filme poderia ter sido mais crítico quanto ao uso da pele de animais pela indústria da moda, sobretudo, a de alta costura.
Destaco a atuação da Gleen Close que é a personificação de Cruella! Ela me rendeu muitas risadas ao lado de seus cúmplices: Jasper (Hugh Laurie) e Horácio (Mark Willians). Além de uma imensa nostalgia da infância.
"Só porque você se acostuma com algo, não significa que você goste. Você se acostumou comigo". (Kevin)
"Precisamos falar sobre o Kevin" é a adaptação do livro homônimo escrito pela Lionel Shriver, sendo lançado em 2003. Lynne Ramsay traz a tona no longa uma proposta indigesta, por vezes, intimidadora: a psicopatia infantil. É incomodo pensar, que crianças possam ter uma psicopatia, apesar dos índices serem baixos, ela existe. Apesar de já saber, brevemente, a premissa do filme, fiquei impressionada com a delicadeza, no qual, ele foi construído.
Kevin (Jasper Newell/Ezra Miller) provoca um massacre dentro de sua escola. Mas, isso é pouco explorado, ao contrário de filmes acerca da temática, como Columbine (2002), focaliza no fato em si. Neste longa, a mãe Eva Katchadourian (Tilda Swinton), uma agente de viagens, relembra fatos de sua vida que poderiam ter contribuído para justificar a crueldade de seu filho para com as pessoas. Realizada em sua profissão, ela nunca quis ser mãe, dessa forma, Kevin foi fruto de gravidez compulsória, após se casar-se com seu marido, o fotografo Franklin (John C. Reilly). Com uma relação feliz e estável, tudo muda com a chegada de Kevin. Eva, desde a gravidez já dá sinais que se sente incomodada com o fato de estar grávida. Depois do nascimento dele, ela tem uma depressão pós-parto, que não é explorada, ou ela não sabia o que se passava. Isso ocorre com várias mulheres. Kevin ficava, constantemente, chorando. Quando ele fica mais grandinho, a mãe faz questão de falar para ele que "tinha uma vida feliz antes de sua chegada, mas que agora ela só sonhava em estar na França". Em contrapartida, ele também não demonstrava carinho ou sequer atenção por ela, com um temperamento "genioso", o que poderia ser só uma fase se perpetuou até a adolescência dele e ao meu foi piorando com o passar do tempo. Para ilustrar isso, foi utilizado muito a psicologia das cores, o vermelho sinalizando: amor, paixão, raiva, limite, sangue, dor...sempre contrastando com o azul: calma, paz, harmonia...
As memórias de Eva, são misturada com a realidade em que ela vive, após o atentado que o filho provocou: a perda do emprego, da sua casa, do seu status, da sua identidade. Essa nova condição contrasta com a antiga vida de classe média alta da família. Isso é cruel e muito pouco explorado, porque a vida das famílias, dos pais que têm filhos com essa personalidade destrutiva não é discutida pela sociedade, pouco menos, é dada a importância para essas pessoas. Apesar da responsabilização dos pais, que no fato coube apenas a Eva, é necessário "toda uma aldeia para educar uma criança", conforme diz o ditado africano. O filme provoca essa reflexão, porque julgar sempre é o caminho mais fácil. As pessoas que foram vítimas de Kevin queriam provocar a dor que ele causou em Eva, pois assim ele poderia ser atingido, mas isso não fazia diferença para Kevin, porque atingir Eva não fazia o seu filho se sentir atingido, porque ele, também, a queria atingir cruelmente. Portanto, cabe a sociedade se apropriar dessas discussões, ao invés de ignorá-las, porque essa atitude serve apenas de alimento para que mais jovens com este desvio se sintam encorajados a perpetuar dor e sofrimento a todos.
"Eu Tonya" é um filme biográfico da ex-patinadora americana Tonya Harding estrelado pela Margot Robbie. Este longa nos apresenta os bastidores do holofote curto e repentino do talento da atleta sob os patins. Ainda criança, ela foi incentivada pela sua controversa mãe Lavona (Allison Jammy), que, praticamente, a forçou, desde a tenra idade, a se dedicar as pistas de gelo. Desde então, a relação entre mãe e filha foi construída e marcada sob contornos incomuns. Quando Lavona passa a investir o seu humildade salário, que ganhava como garçonete na construção da carreira da filha como patinadora, ela se achava no direito de explorá-la psicologicamente, fisicamente, emocionalmente e socialmente. A disfuncionalidade familiar de Tonya a prejudicaria sem precedentes como atleta e, sobretudo, como uma pessoa independente. A falta de autoestima e sempre em busca do amor das pessoas ao seu redor, seja do seu agressivo marido Jeff Gilloly (Sebastian Stan) ou do público americano. Ela se dedicava exaustivamente nos treinos de patinação artística.
O filme foi construído com muita leveza e vai nos conduzindo para as polêmicas, que foram capazes de arruinar a carreira promissora da patinadora, por meio do humor, ao invés de narrar de forma dramática os acontecimentos, tal como ocorreram. Craig Gillespie remonta os acontecimentos com muita maestria, porque os fatos não ficam iguais uma do linha do tempo. A montagem fez parecer que a sucessão dos fatos ocorreram naturalmente. O uso da quebra parede para os personagens foi uma possibilidade de Tonya e outros dialogarem diretamente com o público, fiquei pensando se ao menos ela teve espaço, na época, para expor o que sentia sobre toda a situação. Tonya estava cercada por parasitas, isso é fato. Mas, a derrocada de sua promissora carreira, advém também da característica dos esportes de alta performance: exigirem sempre o improvável de seus atletas. Craig expõe, também, a face excludente dos jurados americanos quando
Tonya corre atrás de um dos jurados para questionar sua nota tão baixa, sendo que havia se apresentado tão bem e ele responde que não se tratava apenas da técnica. Ela não representava a família americana
Ou seja, não basta toda a dedicação, aprendizado e abdicação dos atletas é necessário compactuar de valores irreais. Fiquei pensando na outra atleta, a Nancy. Assim, como Tonya, ela foi vítima de uma conspiração e quase - apesar de ter ganho a medalha de prata, não se mostrou contente - teve sua carreira destruída.
Por último, destaco o casting e a caracterização, ambos ficaram idênticos a realidade e a trilha sonora que dialoga com cada cena, ficou incrível.
"O operário" é um filme cru e indigesto sobre a culpa e sua ação na mente e corpo de uma pessoa. O roteiro nos conduz, no primeiro momento, por meio do primeiro e segundo ato para a vida do torneiro mecânico Trevor Reznik (Cristian Bale). O personagem sofre de insônia há um ano e ao que parece isso é causado pela sua dedicação exaustiva ao trabalho. Mas, a partir desse fato, inicia-se uma trama psicológica interna no personagem que vai sendo exteriorizada para o seu ambiente. Todas as vezes em que Trevor vai cochilar ou tentar dormir ele começa a sofrer de uma desordem psíquica, que o personagem não a identifica instantemente.
Isso ocorre, porque Trevor está em processo de ressignificação de um trauma vivenciado por ele no ano anterior e como um mecanismo da mente humana, este trauma foi "escondido" no inconsciente do personagem, mas quando ele tentava dormir ou era exposto a situações complexas e agressivas iniciava um processo de paranoia. Apesar dele tentar viver a sua vida ignorando este sofrimento, o personagem o transparece fisicamente, por meio da falta de sono e apetite levando-o ao emagrecimento contínuo. Este aspecto cadavérico e, constantemente, cansado chama a atenção do personagem e de outros em que ele convive, mas é ignorado por Trevor. Como este mecanismo de defesa da mente - tornar o trauma consciente - falha. Trevor passa então a fazer uma projeção do seu "eu" para o exterior. Dessa forma, o personagem Ivan (John Sharian) como uma representação do inconsciente de Trevor passa a "persegui-lo" e, por isso, Trevor tenta eliminá-lo de qualquer forma. O trauma do personagem é tão grande que ele passa a carregar uma grande culpa pelo o que aconteceu e ela só se torna consciente para ele novamente, após um intenso desgaste que ele teve para entender, que ele era o verdadeiro "culpado". O longa vai dando pistas disso no decorrer das cenas e é explicito quando a câmera foca no livro Crime e Castigo do Fiodor Dostoievsky.
Eu fui totalmente surpreendida pelo desfecho, porque eu acreditei no personagem a todo momento, logo o plot twist foi super inesperado. A atuação do Bale é monstruosa, com certeza, este personagem fez parte do laboratório do Joaquim Phoenix para a construção do Coringa, as primeiras cenas de Trevor com Stive(Jennifer Jason Leigh) são parecidas com as cenas de Joker se preparando para ir ao Programa de TV. Concordo com alguns comentários abaixo sobre o filme ter influências do Clube da Luta (1999), algumas composições lembraram muito, sobretudo, a projeção Ivan.
na tentativa de dar um fim em Ivan e, assim, acabar com aquele que o perturba, consegue "capturá-lo" e matá-lo, enfim. Trevor então enrola Ivan em um tapete para desová-lo no mar. Contido, ao invés do "corpo" enrolado no tapete cair no mar, o tapete se abre e se estende como se fosse para ele passar por cima, porque não existia uma pessoa o perseguindo além de seus próprios pensamentos.
David Michôd desenvolve no longa um rei incomum: ele não tinha a ambição de ser um e, portanto, cultivava uma boemia vida. Essa vida longe das tradições reais gerou uma intensa desconfiança sobre a capacidade de Hal (Timothée Chalamet) ser o futuro rei da Inglaterra. As circunstâncias o levaram ao reinado, mas sempre sob a desconfiança de seus conselheiros e aqueles que auxiliavam seu pai. Ao assumir o reinado, Hal apelido para os mais próximos se torna Henrique V e, assim, uma trama começa a ser formada.
Essa trama, o leva ao combate com o The Dauphin (Robert Pattinson) filho do rei da França. Essa guerra declarada por Henrique V toma contornos que vão contra ao que ele queria e, aos princípios que ele almejava para a Inglaterra, como o sacrifício de homens a troco de desavenças que poderiam ser desfeitas com base no diálogo. Essa ideia era controversa para época e o reinado a via como um sinal de fraqueza. O que levou Hal até as últimas consequências para "afirmar o poderio inglês". Ele foi testado e, incrivelmente, teve êxito no campo de batalha.
Achei o filme incrível, a trilha sonora, a fotografia e as atuações são maravilhosas, por favor, alguém escala o Pattinson para novos papéis como antagonista! Apesar de um papel curto ele se destaca muito! Timothée também está incrível. O problema que eu vejo no longa é essa ideia de que os reis pensava em seu povo em detrimento de tudo, um rei caridoso e amável e se tratando de Henrique V, a história diz ao contrário.
No primeiro momento, fiquei surpreendida pelo fato de ninguém da comunidade saber a fórmula do cristal, porque rompe com a ideia de saberes que são perpetuados ao longo de gerações pelas pessoas das comunidades e vilarejos. A composição das cenas parecem terem sidos inspiradas nas pinturas de Caravaggio, sobretudo, quando elas ocorrem na taverna. O jogo de luz e sombras é fantástico! Aqui o Herzog introduz aquilo que eu chamo de elementos que compõe a sua assinatura no cinema: a pata. Em outros filmes do diretor observei que há sempre um animal de, preferencia, silvestre em meio as cenas. Talvez, seja a forma dele nos lembrar que a natureza convive entre nós, apesar dos nossos dilemas e da sua exclusão para com ela.
Fisher Stevens, após uma notória carreira como ator (O Grande Hotel Buspestre - Mrs. Robins) tem desenvolvido vários trabalhos de direção merecendo atenção para os futuros trabalhos. O roteiro de Palmer parece simples, no primeiro momento, o trama se desenvolve com a reconstrução de "um ex-presidário, Palmer (Justin Timberlake) que retorna à sua cidade natal e forma um laço improvável com um menino abandonado por sua mãe viciada em drogas". Contudo, tal como é a vida cotidiana a história não é tão simples assim.
Entre as diversas perdas que colecionou desde que foi condenado, Palmer conquista o amor de uma criança, Sam (Ryder Allen), na medida, que busca reconstruir a sua vida, com o desafio de romper o estigma de ser um ex-apenado. As circunstâncias que resultaram na sua condenação no passado são reveladas a conta gotas ao longo do filme, mas elas resultam na crescente do personagem no decorrer da história.
Sam, a criança que passa a acreditar e confiar em Palmer desde o primeiro momento, não é uma criança qualquer. As suas particularidades, também, vão sendo reveladas pouco a pouco e se mostram muito atuais e pertinentes para estarem em produções fílmicas como esta. Achei muito sensível a construção do personagem em face aos seus dilemas pessoas e familiares. O encontro desses dois personagens faz jus ao ditado: "juntos somos mais fortes".
Fui completamente surpreendida pelo longa! Amei <3
Quentin Tarantino nos apresenta a derrota do III Reich de Adolfo Hitler (Martin Wuttke), sob a perspectiva da judia Shosanna (Mélanie Laurent) e do grupo anti-nazistas "Bastardos Inglórios", liderado por Brad Pitt (Aldo Reine). O longa não foge as clássicas características desse diretor peculiar: a divisão em capítulos, os diálogos e cenas longas e, por vezes, banhadas por muito sangue, reflexo da violência pungente.
A trama se desenvolve a partir da tensão construída pelo antagonista, o coronel Hanz Landa (Christoph Waltz), que como um "bom" defensor do Reich foi apelidado de "caçador de judeus", por ser dotado de uma exímia percepção de esconderijos e disfarces comumente usados pelos judeus e demais povos perseguidos por Hitler. Alguns dos personagens foram inspirados em pessoas reais para a composição da personalidade, estilo e temperamento, por exemplo, a atriz de cinema alemão Bridget von Hammersmark (Diane Kruger); o personagem de Brad Pitt foi inspirado no ator americano da década de 1950, Aldo Raine.
Tudo que foi acrescentado sobre este filme pode ser considerado um spoiler e nada melhor do que assisti-lo e ser pego, totalmente, de surpresa!!
Em quatro minutos temos a recordação da existência de animais que estão sofrendo às custas da nossa "beleza". O ser humano não satisfeito em aumentar a sua expectativa de vida - mas, agora se recusa a envelhecer - mata outras espécies para o seu bel-prazer.
Ainda não entendi essa "tradução" do longa, não tem nada a ver com a história, e introduz uma expectativa negativa, para o filme. Aliás, ele mira na personagem de Diane Keaton (Annie Hall) e acerta em Wood Allen (Ilvy Singer) que a todo momento só fala sobre si, ignora as necessidades e, por vezes, a vida de Annie Hall em detrimento a concepções que apesar de fundamentadas são justificativas cansativas ao seu comportamento tóxico.
Ao olhar o filme, tendo em vista o contexto do seu lançamento o filme traz os reflexos da liberdade sexual feminina, então, temos uma personagem (Annie Hall) ainda a mercê de Ilvy, sobretudo, no que tange a sua subsistência, já que sexualmente falando ela consegue se impor e colocar o seus desejos a frente dos desejos dele. O uso recreativo de drogas ilícitas também era uma novidade para a época é explorada no filme pela personagem de Keaton. Como em 1976-1977, os EUA estarem vivenciando o período pós-guerra do Vietña, me faz compreender o porquê este filme foi classificado como uma comédia.
Eu não consegui achá-lo cômico, pelo contrário, ele é triste e, por vezes, desesperado. Será que as escolhas femininas contribuíram para agravar o quatro dos homens desajustados? Tecnicamente, o filme inova na quebra da terceira parede, na transição das cenas e, principalmente, na fluidez do filme, achei ele muito rápido, inclusive.
O gosto pelo filme é muito pessoal, mas compreendo que muitas pessoas têm como exemplo de relacionamento casais chatos, incompatíveis e monótonos, o que me faz concordar que este filme é uma "Ode ao amor e aos infelizes".
Clint Eastwood se despede do western - gênero que lhe consagrou como astro do cinema mundial - como ator e, também, como diretor. Este filme de despedida é dedicado aos diretores consagrados do gênero, Sergio Leone e Don Siegal como uma forma de encerrar com maestria a parceria de sucesso entre ambos, que durante várias décadas compartilharam várias experiências de sucesso.
Para tanto, Clint traz em "Os imperdoáveis" uma despedida à altura, tanto pelo roteiro incrível de David Peoples, que aborda um faroeste em transição, quanto por recordar o histórico de homens valentes que resolviam suas desavenças com suas armas carregadas de balas ao punho. Mas, por outro lado, coloca como cerne da história a revolta das prostitutas ao ter uma delas agredida covardemente pelos vaqueiros do vilarejo. Este fato que nos filmes do gênero não teria notoriedade aqui é o estopim para um ex-executor (se é que podemos chamar assim uma pessoa que matava as pessoas, mas que persuadido pelo amor da mulher amada muda completamente de vida), regresse ao seu passado, a fim de, cumprir esta vingança em nome das prostitutas.
Aqui temos uma entrega do Clint como ator dando papel ao personagem William Muny, que aborda os dilemas deste forasteiro entre o luto da partida de sua esposa e as vidas que ele tirou ao longo de suas aventuras. Muny aparece, muitas vezes, arrependido por seu passado e justifica o seu fracasso no presente às más escolhas que teve na juventude. Após ele aceitar a proposta de Schofiedl Kid (Jainz Woolvett) para matar os vaqueiros essas memórias ficam ainda mais vivas no personagem.
Como diretor Clint foi impecável! As cenas são muito bem construídas. A história dos personagens são coesas e nos prendem a seus dilemas e questões. Este jogo que o filme estabelece em: relembrar a vida do personagem, voltar a ativa e apesar de toda a experiência de vida partir para um caminho desconhecido é uma metáfora do que foi um dia o western para Clint e para tantos que se aventuraram no gênero. Assim, fecha-se uma era de ouro com maestria e sucesso. Este longa ganhou o óscar em quatro categorias da cerimônia de 1993: melhor filme, melhor diretor, melhor ator coadjuvante e melhor montagem.
Jeff Rowe e Michael Rianda nos brinda com essa família irreverente, longe de ser uma família de propaganda de margarina e, isso, nos aproxima quase que, instantaneamente, dela. A personagem principal a cinéfila Katie, caloura da Universidade em busca de aceitação da sua família, para com o seu sonho cinematográfico e ao mesmo tempo à procura de sua tribo representa os dilemas do processo de início da vida adulta: definir uma profissão, entrar em uma autoescola, sair de casa e etc.
O que contribui para a realidade da animação é ambientação ao mundo digital e sua reviravolta ala Ex-Machina: Instinto Artificial (2014):
Pal (um celular) em revolta com o seu usuário e cansada com os frequentes "mau" uso de seus recursos inicia um plano de destruição dos humanos
. O que eu achei incrível é como Pal consegue identificar e apontar para os humanos suas diversas falhas, inclusive, as de ordem emocional. Isso eu achei fantástico!
Em meio ao caos gerado por Pal e seus robôs, a família Micthell é obrigada a enfrentar suas diferenças, afim de parar o plano de Pal. Os diretores usaram diversos símbolos para isso como: o usos dos memes, filtros, piadas e referências a outros filmes na composição das cenas como: Exterminador do Futuro 2: o julgamento final (1991); 2001: uma odisseia no espaço (1968), o nome da Pal é uma referência a Hal, a inteligência artificial de Stanley Kubric; O Despertar dos Mortos (1978); A Noite dos Mortos Vivos (1968); O Caça Fantasmas (1984) e Kill Bill volume 1 (2003). Além desses, teve a referência ao episódio da oitava temporada de Game of Thrones "The Long Night" (A longa noite) (2019).
Tudo isso, deixou a animação muito divertida e leve de assistir. Eu gostei muito dos efeitos e dos gráficos utilizados. Será que é uma concorrente a melhor animação para o Óscar de 2022? Aguardaremos os próximos lançamentos.
Lembro-me como se fosse hoje as notícias aterradoras e as primeiras imagens sobre as ondas que engoliram a Tailândia em dezembro de 2004, naquela noite de domingo. Sempre que eu vejo este filme eu lembro-me de mim: aquela menina assustada com tudo aquilo e que, imediatamente, criou mil e uma teoria para justificar para si mesma a força da natureza. Este foi o meu assunto por vários dias na época minha família que teve que aturar (risos).
Quando eu vi este filme pela primeira vez, foi impossível não se emocionar. Acredito que eu não teria nem metade da força que aquela família teve em admitir que estava em meio a um desastre inédito e com uma destruição sem precedentes. J. A. Bayona reproduz fielmente a saga pela sobrevivência da família composta por María Belón Alvárez (Naomi Watts), Enrique (Quique) (Ewan McGregor) e os três filhos do casal: Lucas Belón (Tom Holland), Simón (Oaklee Pendergast) e Tomás Belón (Samuel Joslin). Aqui temos o ator Tom Holland esbanjando talento ao dar vida ao sobrevivente Lucas que no decorrer da história ajuda sua mãe a se resgatada e, também, outros pais e filhos se reencontrarem no caótico hospital tailandês.
O filme é emocionante e nos faz questionar o tamanho da nossa pequenez diante da natureza. Esta mesma natureza que nos encanta, fascina, nos faz ir de um lado para o outro para contemplá-la é a mesma que destrói, traz dores, marcas e perdas - físicas, econômicas, sentimentais e psicológicas - Tudo isso foi retratado no longa, que por sorte ou uma conspiração do acaso promove não só a sobrevivência dessa família, como o reencontro - emocionante - de cada um dos seus membros. Algo que no decorrer do filme fica evidente com os outros personagens coadjuvantes que a vida de muitos, infelizmente, não foram poupadas das ondas da morte como a da família Belón.
Uaau, o que aconteceu aqui? HAUSHuhasuh Primeiro eu não sabia que o filme era uma produção nacional e foi uma surpresa ver nossos atores globais em cena. Destaco a atuação de Murilo Benício e Irandhir, este último vem entregando papéis no cinema de tirar o fôlego e aqui não foi diferente! Segundo a trama é acida, crua e sangrenta! As críticas ao fajuto slogan "cidadão de bem" que tem ganhado força nos últimos anos. Achei indigesta algumas cenas, mas ao mesmo tempo, demonstraram a sádica face do ser humano que não consegue se desvincular do seu próprio umbigo e, por isso, é egoísta, invejoso, cruel, preconceituoso, intolerante e agressivo, sinônimos do que seria um "Animal Cordial".
Bom, achei a história por ser um encerramento com um tom de despedida. A solidão que essa mãe cultuava sem seus filhos em casa, sem os motivos para broncas, gritarias e piadas engraçadas sobre o cotidiano de uma mãe com seus diferentes filhos. Assisti o filme para homenagear o artista e senti que o filme se despediu do público como se fosse capaz de imaginar os duros anos que teríamos pela frente e o desfecho do seu criador. Por isso, considero os primeiros filmes da trilogia como melhores que este.
Como poderíamos imaginar que, este seria o encerramento da história da Dona Hermínia e também o último longa do talentosíssimo Paulo Gustavo? :(
"Call Me By Your Name" em português "Me Chame Pelo Seu Nome", dirigido por Luca Guadagnino, é a adaptação do livro homônimo escrito por André Aciman, lançado em 2007. Essa adaptação rendeu ao roteirista do longa, James Ivory, o Óscar de melhor roteiro adaptado em 2018.
A história do filme é retratada no verão de 1983, - este laço temporal me fez lembrar de um filme recente, o qual indico: Verão de 85, de François Ozon (2021) - quando um professor universitário de arqueologia Mr. Perlman(Michael Stuhlbarg) receber o aluno americano Oliver (Armie Hammer), para dar sequência aos trâmites acadêmicos em que ele tradicionalmente desenvolve durante o verão. Diferentemente, dos outros universitários que este professor acolhia em sua casa, Oliver, por meio de sua simpatia despertou a admiração, a curiosidade e até um pouco de antipatia de sua filho Elio (Timothée Chalamet). Os dois passam a fazer várias atividades de lazer juntos: curtir piscina, jogar vôlei, andar de bicicleta e até acompanhar algumas atividades acadêmicas do exímio professor. Aos poucos, a antipatia de Elio, para com Oliver dá lugar a uma paixão. O desenvolvimento dessa paixão vai sendo construída de forma tão fluída que eu me perguntava se o Oliver e as demais pessoas ao redor percebiam ou não, de tão sutil que foi sendo construída. O conflito do personagem para com o seus sentimentos e descobertas passam muita realidade e isso se deve a grande atuação de Timothée Chalamet. A cenas dos dois, bem como o romance que eles construíram junto ao medo do preconceito são incríveis!!
Destaco o desenvolvimento do núcleo familiar do personagem, apesar de ser visto como irreal ou fantasioso, eu não esperava outra atitude de um pai que era professor universitário, tão aberto e sensível para as questões da vida. Ele não só percebe o romance dos dois como, de certa forma, incentiva-os a vivenciar o que era só deles. Essa figura paterna, embora seja coadjuvante e pouco comentado é um personagem central para o desenvolvimento da história. Além de permitir a entrada de Oliver no seu ceio familiar, possibilita bases para que Oliver como seu convidado interaja, conheça e vivencie a experiência que o intercâmbio o proporcionava sem se apegar o moralismo ou ao exagerado as atividades acadêmicas. O diálogo entre Elio e Mr. Perlman nas cenas finais foi primoroso!
Este é o segundo longa que assisto do diretor Bong Joon-ho, o primeiro foi o incrível Parasita (2019). Nestes dois filmes, o diretor faz questão demarcar sua posição política frente as arbitrariedades econômicas, sociais, industriais e, sobretudo, humanas que não só formam essas dimensões, como estão imbricadas em suas casualidades, sejam elas boas ou ruins, às vezes, nos esquecemos que fazemos parte.
Okja me surpreendeu verdadeiramente! Eu não tinha a dimensão que a temática abordada seria uma crítica à indústria alimentícia. O roteiro se desenvolve à partir da posse da nova diretora da empresa agroquímica Mirando Corporation. Com slogan, sob "nova direção" Lucy Mirando (Tilda Swinton) tenta desvincular a empresa das ações do passado do seu pai e de sua irmã. Essa "limpeza" de imagem para a sociedade, no entanto, é pensada e desenvolvida à partir de um projeto ambicioso de aumento da linha de produção da carne suína.
Assim, a indústria passa a criar geneticamente super-porcos criados em laboratório. Contudo, para dar um ar caricato e divertido, a empresa distribuiu esses super-porcos para pequenos agricultores em todas as partes do globo, afim de, promover um concurso entre os produtores. Eis que a história se desenvolve entre a amizade do criado e criador: Mija (Ahn Seo Hyun) e Ojka. Alicerçado ao protagonismo infantil Bong Joon-ho apresenta na película, que os animais são detentores de sentimentos e não são insensíveis ao tratamento humano, pelo contrário. Apesar de Ojka ser um animal animado, o diretor faz questão dar ênfase no sentimento do animal, para com a vida que leva na montanha e depois apresenta o contraste de Ojka em cativeiro.
O filme de forma muito sutil levanta o debate sobre a necessidade da alta produção de carne para a população, sobretudo, a necessidade constante de novos cortes, sabores e para "incrementar" a alimentação. Contudo, o diretor apresenta esses fatos que são alvos constantes de discussões em telejornais à respeito da luta e defesa ao direito dos direito dos animais, mas deixa deixa em aberto a reflexão, pois ela cabe a cada repensar o seu consumo, isso torna o filme educativo e uma boa introdução para as pessoas que não estão tão envolvida com a temática.
"Qual é a graça da vida se não tivermos histórias para contar?" Ouvi essa frase pela primeira vez aos 10 anos, pelo meu pai, que sempre teve vários causos para contar da sua tão breve vida.
"Peixe Grande e suas histórias maravilhosas" é uma adaptação do livro "Peixe Grande ‑ Uma Fábula de Amor Entre Pai e Filho" do autor Daniel Wallace, lançado em 1998. Olha, que sagacidade de Tim Burton em dirigir este longa. Apesar de ser uma história simples de um pai que se encontra nos últimos dias de vida, ou seja, já no leito de morte e a busca de seu filho para dar sentindo na ausência do pai durante a sua infância e a veracidade nas histórias que ele contava. Este longa é de longe uma narrativa simplista. Afinal, "Um homem se transforma em suas próprias histórias. Elas vivem mesmo depois de sua morte. E é assim que ele se torna imortal”.
Esse resgate que Ed Bloom(Ewan McGregor) faz de suas memórias é uma forma de obter a sua própria essência, como se elas fossem a única herança que ele iria carregar consigo para sempre: sua caminhada diante os obstáculos da vida, a sua resiliência, a generosidade para com os outros, seus erros e, também, acertos. Isso era tudo o que ele era capaz de passar adiante para o seu filho, amigos e conhecidos, como uma ode a história narrada!
História esta que se desenvolve como água no rio, apesar das pedras no caminho ela é capaz de desviar, abrigar outras espécies, encobrir o que é ruim no seu interior, promover a vida e trazer o que há de melhor de todos. Ser como o peixe é saber lidar contra maré, viver em cardume, mas ao mesmo tempo, saber ser sozinho. O peixe conhece a água como nenhum outro animal, pois vive dela e para com ela.
Não tem o que eu não tenha gostado do filme: AMEI tudo, o ambiente fantástico, as metáforas, os ensinamentos, a trilha sonora, fechar com Pearl Jam foi uma das surpresas mais gostosas!
Ang Lee (As Aventuras de Pi - 2012) escolhe como locação uma montanha para ser o local do nascimento da intensa e corajosa história de amor entre dois homens: Jack Twist (Jake Gyllenhaal) e Ennis Del Mar (Hearth Leadger). Os dois personagens remontam o estereótipo de cavaleiros rústicos, ou seja, os cowboy do interior dos Estados Unidos da America. Jack é um peão de touro dos rodeios da cidade, enquanto Ennis ganha a vida trabalhando em diversas funções.
A história deles se cruzam quando aceitam trabalhar como pastores de ovelhas na montanha denominada Brokeback. Esse lugar inóspito é cercado pela natureza selvagem, com tempestades de gelo, ursos e lobos. Este cenário, aparentemente, conversa com a solidez que os personagens demonstram no início do longa. Contudo é, também, neste lugar que floresce nos dois a sensibilidade, o cuidado e o amor entre eles. Para mim, este é o significado que a montanha traz para a narrativa.
Apesar deles terem se apaixonado um pelo o outro, este sentimento não é bem aceito por eles e após o trabalho eles tentam retornar para a vida cotidiana sem ater as mudanças que tiveram durante o período na Brokeback Mountain. Dessa forma, cada um foi construir a sua vida, Ennis casou-se com sua namorada Alma (Michelle Williams). Enquanto Twist tentou se aventurar com outras pessoas, sem sucesso, até casar-se com Lureen (Anne Hathaway), aparentemente, por interesses econômicos. Ao longo deste casamento Twist propôs a Ennis que os dois largassem tudo e fossem viver a história de amor deles. Mas, Ennis não via possibilidades reais neste relacionamento por causa das dores da não aceitação da sociedade e que viviam regada por preconceito aos homossexuais. Assim, Twist se contenta em encontrar seu amor esporadicamente.
Eu senti muito pelas esposas e os filhos dos dois que sofreram as consequências do amor que os dois cultivaram "as escondidas". Como eles não sabiam como lidar com seus sentimentos, eles fizeram o sacrifício de se relacionarem com outras pessoas, afim de, amenizar ou "normalizar" o que eles sentiam. Por isso, me compadeci com as personagens Alma e Lureen, sobretudo, Alma que após descobrir o romance sofreu calada a traição e ao desinteresse de seu marido. Além de sofrer as atitudes egoístas e machistas e Ennis para com ela. Esse comportamento dele só demostra o quão confortável ele estava dentro daquela estrutura patriarcal de "chefe de família " e aquele se sustenta a prole. Enquanto Twist precisa reforçar essas atitudes para ser aceito como o homem da sua família, por meio de xingamentos, na agressividade e, sobretudo, nos negócios da família. Ambos se renunciaram em detrimento da aceitação dos outros, isso faz o filme ser tão triste, porque eles tinham a oportunidade de ser quem eram, mas o medo, o preconceito e a não aceitação das pessoas para com as escolhas dos dois falaram mais alto.
Com certeza, Ang Lee escreveu o seu nome na história cinematográfica ao trazer as telas do cinema, em um período que dava os primeiros passos para as discussões acerca dos direitos da comunidade LGBTQIA+ e este é um importante filme sobre a temática.
O filme começa com uma história até interessante sobre uma linhagem, só que era nova? porque para existir o Scorpions (Hiroyuki Sanada), já era previsível que iria dar ruim aquela ideia de camponeses felizes no bosque. Então, ficou muito mal construído isso. Eu não gostei da ideia de divisão das lutas da forma que ocorreu, ngm tem que ser amiguinho não, ali é um jogo cada um defendendo a sua sobrevivência. O Raiden (Hiroyuki Sanada) é o novo Mestre dos Magos, só aparece para abrir portal e sumir, queria vê-lo lutando!!!!!!!!!!!! Simon McQuoid me economiza aí, né? Sem pé nem cabeça esse roteiro. Sub-zero(Joe Taslim) faz tudo no filme, praticamente, carrega ele nas costas e tem aquele fim? Decepcionante demais.
Este filme me impacta de diversas formas; baseado em história real do Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor), nascido no norte do Estados Unidos da América. Ele nasce livre em comparação aos outros negros que foram escravizados na mesma região. A princípio, teria a oportunidade de construir uma vida diferente aos seus conterrâneos. Isso se não fosse pelo fato de um dia ele ter sido sequestrado e vendido como um escravo para um mercador. Sem a chance de argumentar e de provar que aquilo era uma tremenda injustiça. Solomon tentou a todo custo se manter alheio aquela "nova" condição. Isso lhe rendeu vários açoites e penalidades por parte de seus "senhores". Assim, ele passa a vivenciar a luta de seus irmãos naquela penúria pela sobrevivência. Solomon sofre todos os horrores do escravagismo.
12 Anos de Escravidão é um filme cru tal como é a história de tantos negros que foram escravizados ao longo do tempo. Reflete a condição de uma pessoa escravizada, sobretudo, as mulheres que além de serem incumbidas pelo trabalho forçado eram submetidas aos estupros frequentes por parte de seus senhores. Aqui vemos, também, como uma família é totalmente modificada quando um pai, um marido é tirado de sua família fazendo deixando um vazio sobre o seu paradeiro e o que de fato havia acontecido.
É importante que essas histórias que nos marcam, nos impressionam sejam retratadas para não esquecermos do que o ser humano é capaz de fazer com o outro, apenas pelo fato de seu semelhante ter características diferentes.
Assistir este filme me deixou bem desconfortável. Logo no início ao ver que Theodore (Joaquim Phoenix) trabalhava com a elaboração de cartas eu tive a ideia que o personagem já trabalhava em meio a uma artificialidade, ou seja, ele enviava carta para as pessoas em nome delas. Pensar em uma sociedade que é incapaz de trocar palavras singelas com as pessoas que ama foi uma das primeiras das muitas reflexões que o filme me provocou.
A película, para mim, é uma ficção científica, mas que se mistura atual realidade em que vivemos. Ainda, não estamos ao ponto de nos relacionarmos inteiramente um sistema operacional, mas, a distância que nos foi imposta pela pandemia, reforçou novas habilidades para se relacionar, seja no campo afetivo, familiar ou de amizades. No decorrer da história, quando ainda não sabemos sobre o personagem eu achei fantástico esse ele conhecer Samantha (o sistema operacional) e achei por muito tempo que essa "pessoa" era imagem e semelhança de Theodore, fiquei surpreendida quando ela tinha posicionamentos próprios e se relacionava com outros humanos resultando até na interação entre eles.
Com a incapacidade de lidar com a realidade, o personagem se apega cegamente por aquela voz. Ao ponto dela controlar seus sentimentos e ações. Mas, ele não era capaz de estabelecer um vínculo com uma pessoa real. O que ficou claro, para mim, essa falta de confiança e aceitação daquilo que era diferente, tinha opiniões próprias, posicionamentos.
É um filme que faz pensar isso sem dúvidas e, por isso, ele é tão bom. Spike Jonze foi sagaz em nos apresentar essa perspectiva, que a cada dia se aproxima da nossa realidade.
O filme biográfico da dama do jazz, Billy Holliday (Andra Day)é forte e melancólico tal como a sua personagem. A história da cantora em ascensão, que por meio da sua voz, postura, sobretudo, pela sua liberdade econômica e sexual é capaz de perturbar de sobremaneira o FBI por conta de sua música, Strange Fruit, a composição forte regada por uma interpretação contundente, tornou-se uma ide a liberdade negra e hino contra o racismo.
O longa inicia-se com Billy cedendo uma entrevista sua aparência é fragilizada e a entrevistadora encarregada de frases racistas faz questão de questioná-la sobre os pontos mais delicados da sua vida. Assim, o filme começa a desenrolar a vida da cantora, o que me incomodou bastante, porque essa entrevistadora que dá o tom de narradora da história. Todavia, esse fio se perde no decorrer do longa e ao final ele não tem o desfecho ficando uma ponta solta: a entrevista terminou? rs Senti falta de cronologia da forma que foi apresentado os fatos e pela pouca mudança da personagem durante eles eu fiquei sem saber se era uma continuação, uma lembrança por causa da entrevista ou era uma mudança. O filme também é longo para o desenvolvimento.
A perseguição do governo americano, aqui representado pelo FBI só reforça o quanto o racismo é estrutural. Mais uma vez temos personagens que usam de má fé para persuadir o personagem (algo que se repete entre outros filmes da temporada de 2020). O que dificulta a união de todos para uma causa comum que todos sofrem, mas a possibilidade de sobressair ou ser reconhecido pelo opressor é sempre vista como o melhor caminho.
Por fim, a atuação da Andra Day é arrepiante! A risada dela ficou ecoando na minha cabeça por um longo tempo
101 Dálmatas
3.0 414 Assista AgoraEsse live-action da célebre animação da Walt Disney "A Guerra dos Dálmatas, ou 101 Dálmatas", lançada em 1961, sendo inspirada pela história "Os cento e um Dálmatas", de 1956. Chegou ao mundo pela direção de Stephen Hereck trazendo Pongo e Prenda re(construindo) a hilária história dos cães pintados.
O filme tem um roteiro simples e cômico reflexo de seu produtor John Hughes. O que contribui para que, rapidamente, a gente sinta afeição pelos inteligentes cães. O romance deles consegue fazer que seus donos, Roger Dearly (Jeff Daniels) e Anita Campbell (Joely Richardson). Para o terror de Cruela De Vil (Glenn Close), que fica entusiasmada com a possibilidade de criar um casaco de pele desenhado pela Anita com a pele dos dálmatas. Neste ponto, acredito que o filme poderia ter sido mais crítico quanto ao uso da pele de animais pela indústria da moda, sobretudo, a de alta costura.
Destaco a atuação da Gleen Close que é a personificação de Cruella! Ela me rendeu muitas risadas ao lado de seus cúmplices: Jasper (Hugh Laurie) e Horácio (Mark Willians). Além de uma imensa nostalgia da infância.
Precisamos Falar Sobre o Kevin
4.1 4,2K Assista Agora"Só porque você se acostuma com algo, não significa que você goste. Você se acostumou comigo". (Kevin)
"Precisamos falar sobre o Kevin" é a adaptação do livro homônimo escrito pela Lionel Shriver, sendo lançado em 2003. Lynne Ramsay traz a tona no longa uma proposta indigesta, por vezes, intimidadora: a psicopatia infantil. É incomodo pensar, que crianças possam ter uma psicopatia, apesar dos índices serem baixos, ela existe. Apesar de já saber, brevemente, a premissa do filme, fiquei impressionada com a delicadeza, no qual, ele foi construído.
Kevin (Jasper Newell/Ezra Miller) provoca um massacre dentro de sua escola. Mas, isso é pouco explorado, ao contrário de filmes acerca da temática, como Columbine (2002), focaliza no fato em si. Neste longa, a mãe Eva Katchadourian (Tilda Swinton), uma agente de viagens, relembra fatos de sua vida que poderiam ter contribuído para justificar a crueldade de seu filho para com as pessoas. Realizada em sua profissão, ela nunca quis ser mãe, dessa forma, Kevin foi fruto de gravidez compulsória, após se casar-se com seu marido, o fotografo Franklin (John C. Reilly). Com uma relação feliz e estável, tudo muda com a chegada de Kevin. Eva, desde a gravidez já dá sinais que se sente incomodada com o fato de estar grávida. Depois do nascimento dele, ela tem uma depressão pós-parto, que não é explorada, ou ela não sabia o que se passava. Isso ocorre com várias mulheres. Kevin ficava, constantemente, chorando. Quando ele fica mais grandinho, a mãe faz questão de falar para ele que "tinha uma vida feliz antes de sua chegada, mas que agora ela só sonhava em estar na França". Em contrapartida, ele também não demonstrava carinho ou sequer atenção por ela, com um temperamento "genioso", o que poderia ser só uma fase se perpetuou até a adolescência dele e ao meu foi piorando com o passar do tempo. Para ilustrar isso, foi utilizado muito a psicologia das cores, o vermelho sinalizando: amor, paixão, raiva, limite, sangue, dor...sempre contrastando com o azul: calma, paz, harmonia...
As memórias de Eva, são misturada com a realidade em que ela vive, após o atentado que o filho provocou: a perda do emprego, da sua casa, do seu status, da sua identidade. Essa nova condição contrasta com a antiga vida de classe média alta da família. Isso é cruel e muito pouco explorado, porque a vida das famílias, dos pais que têm filhos com essa personalidade destrutiva não é discutida pela sociedade, pouco menos, é dada a importância para essas pessoas. Apesar da responsabilização dos pais, que no fato coube apenas a Eva, é necessário "toda uma aldeia para educar uma criança", conforme diz o ditado africano. O filme provoca essa reflexão, porque julgar sempre é o caminho mais fácil. As pessoas que foram vítimas de Kevin queriam provocar a dor que ele causou em Eva, pois assim ele poderia ser atingido, mas isso não fazia diferença para Kevin, porque atingir Eva não fazia o seu filho se sentir atingido, porque ele, também, a queria atingir cruelmente. Portanto, cabe a sociedade se apropriar dessas discussões, ao invés de ignorá-las, porque essa atitude serve apenas de alimento para que mais jovens com este desvio se sintam encorajados a perpetuar dor e sofrimento a todos.
Eu, Tonya
4.1 1,4K Assista Agora"Eu Tonya" é um filme biográfico da ex-patinadora americana Tonya Harding estrelado pela Margot Robbie. Este longa nos apresenta os bastidores do holofote curto e repentino do talento da atleta sob os patins. Ainda criança, ela foi incentivada pela sua controversa mãe Lavona (Allison Jammy), que, praticamente, a forçou, desde a tenra idade, a se dedicar as pistas de gelo. Desde então, a relação entre mãe e filha foi construída e marcada sob contornos incomuns. Quando Lavona passa a investir o seu humildade salário, que ganhava como garçonete na construção da carreira da filha como patinadora, ela se achava no direito de explorá-la psicologicamente, fisicamente, emocionalmente e socialmente. A disfuncionalidade familiar de Tonya a prejudicaria sem precedentes como atleta e, sobretudo, como uma pessoa independente. A falta de autoestima e sempre em busca do amor das pessoas ao seu redor, seja do seu agressivo marido Jeff Gilloly (Sebastian Stan) ou do público americano. Ela se dedicava exaustivamente nos treinos de patinação artística.
O filme foi construído com muita leveza e vai nos conduzindo para as polêmicas, que foram capazes de arruinar a carreira promissora da patinadora, por meio do humor, ao invés de narrar de forma dramática os acontecimentos, tal como ocorreram. Craig Gillespie remonta os acontecimentos com muita maestria, porque os fatos não ficam iguais uma do linha do tempo. A montagem fez parecer que a sucessão dos fatos ocorreram naturalmente. O uso da quebra parede para os personagens foi uma possibilidade de Tonya e outros dialogarem diretamente com o público, fiquei pensando se ao menos ela teve espaço, na época, para expor o que sentia sobre toda a situação. Tonya estava cercada por parasitas, isso é fato. Mas, a derrocada de sua promissora carreira, advém também da característica dos esportes de alta performance: exigirem sempre o improvável de seus atletas. Craig expõe, também, a face excludente dos jurados americanos quando
Tonya corre atrás de um dos jurados para questionar sua nota tão baixa, sendo que havia se apresentado tão bem e ele responde que não se tratava apenas da técnica. Ela não representava a família americana
Por último, destaco o casting e a caracterização, ambos ficaram idênticos a realidade e a trilha sonora que dialoga com cada cena, ficou incrível.
O Operário
4.0 1,3K Assista Agora"O operário" é um filme cru e indigesto sobre a culpa e sua ação na mente e corpo de uma pessoa. O roteiro nos conduz, no primeiro momento, por meio do primeiro e segundo ato para a vida do torneiro mecânico Trevor Reznik (Cristian Bale). O personagem sofre de insônia há um ano e ao que parece isso é causado pela sua dedicação exaustiva ao trabalho. Mas, a partir desse fato, inicia-se uma trama psicológica interna no personagem que vai sendo exteriorizada para o seu ambiente. Todas as vezes em que Trevor vai cochilar ou tentar dormir ele começa a sofrer de uma desordem psíquica, que o personagem não a identifica instantemente.
Isso ocorre, porque Trevor está em processo de ressignificação de um trauma vivenciado por ele no ano anterior e como um mecanismo da mente humana, este trauma foi "escondido" no inconsciente do personagem, mas quando ele tentava dormir ou era exposto a situações complexas e agressivas iniciava um processo de paranoia. Apesar dele tentar viver a sua vida ignorando este sofrimento, o personagem o transparece fisicamente, por meio da falta de sono e apetite levando-o ao emagrecimento contínuo. Este aspecto cadavérico e, constantemente, cansado chama a atenção do personagem e de outros em que ele convive, mas é ignorado por Trevor. Como este mecanismo de defesa da mente - tornar o trauma consciente - falha. Trevor passa então a fazer uma projeção do seu "eu" para o exterior. Dessa forma, o personagem Ivan (John Sharian) como uma representação do inconsciente de Trevor passa a "persegui-lo" e, por isso, Trevor tenta eliminá-lo de qualquer forma. O trauma do personagem é tão grande que ele passa a carregar uma grande culpa pelo o que aconteceu e ela só se torna consciente para ele novamente, após um intenso desgaste que ele teve para entender, que ele era o verdadeiro "culpado". O longa vai dando pistas disso no decorrer das cenas e é explicito quando a câmera foca no livro Crime e Castigo do Fiodor Dostoievsky.
Eu fui totalmente surpreendida pelo desfecho, porque eu acreditei no personagem a todo momento, logo o plot twist foi super inesperado. A atuação do Bale é monstruosa, com certeza, este personagem fez parte do laboratório do Joaquim Phoenix para a construção do Coringa, as primeiras cenas de Trevor com Stive(Jennifer Jason Leigh) são parecidas com as cenas de Joker se preparando para ir ao Programa de TV. Concordo com alguns comentários abaixo sobre o filme ter influências do Clube da Luta (1999), algumas composições lembraram muito, sobretudo, a projeção Ivan.
Por último, destaco a cena em que Trevor
na tentativa de dar um fim em Ivan e, assim, acabar com aquele que o perturba, consegue "capturá-lo" e matá-lo, enfim. Trevor então enrola Ivan em um tapete para desová-lo no mar. Contido, ao invés do "corpo" enrolado no tapete cair no mar, o tapete se abre e se estende como se fosse para ele passar por cima, porque não existia uma pessoa o perseguindo além de seus próprios pensamentos.
O Rei
3.6 406David Michôd desenvolve no longa um rei incomum: ele não tinha a ambição de ser um e, portanto, cultivava uma boemia vida. Essa vida longe das tradições reais gerou uma intensa desconfiança sobre a capacidade de Hal (Timothée Chalamet) ser o futuro rei da Inglaterra. As circunstâncias o levaram ao reinado, mas sempre sob a desconfiança de seus conselheiros e aqueles que auxiliavam seu pai. Ao assumir o reinado, Hal apelido para os mais próximos se torna Henrique V e, assim, uma trama começa a ser formada.
Essa trama, o leva ao combate com o The Dauphin (Robert Pattinson) filho do rei da França. Essa guerra declarada por Henrique V toma contornos que vão contra ao que ele queria e, aos princípios que ele almejava para a Inglaterra, como o sacrifício de homens a troco de desavenças que poderiam ser desfeitas com base no diálogo. Essa ideia era controversa para época e o reinado a via como um sinal de fraqueza. O que levou Hal até as últimas consequências para "afirmar o poderio inglês". Ele foi testado e, incrivelmente, teve êxito no campo de batalha.
Achei o filme incrível, a trilha sonora, a fotografia e as atuações são maravilhosas, por favor, alguém escala o Pattinson para novos papéis como antagonista! Apesar de um papel curto ele se destaca muito! Timothée também está incrível. O problema que eu vejo no longa é essa ideia de que os reis pensava em seu povo em detrimento de tudo, um rei caridoso e amável e se tratando de Henrique V, a história diz ao contrário.
Coração de Cristal
3.8 18No primeiro momento, fiquei surpreendida pelo fato de ninguém da comunidade saber a fórmula do cristal, porque rompe com a ideia de saberes que são perpetuados ao longo de gerações pelas pessoas das comunidades e vilarejos.
A composição das cenas parecem terem sidos inspiradas nas pinturas de Caravaggio, sobretudo, quando elas ocorrem na taverna. O jogo de luz e sombras é fantástico!
Aqui o Herzog introduz aquilo que eu chamo de elementos que compõe a sua assinatura no cinema: a pata. Em outros filmes do diretor observei que há sempre um animal de, preferencia, silvestre em meio as cenas. Talvez, seja a forma dele nos lembrar que a natureza convive entre nós, apesar dos nossos dilemas e da sua exclusão para com ela.
Palmer
4.1 206Fisher Stevens, após uma notória carreira como ator (O Grande Hotel Buspestre - Mrs. Robins) tem desenvolvido vários trabalhos de direção merecendo atenção para os futuros trabalhos. O roteiro de Palmer parece simples, no primeiro momento, o trama se desenvolve com a reconstrução de "um ex-presidário, Palmer (Justin Timberlake) que retorna à sua cidade natal e forma um laço improvável com um menino abandonado por sua mãe viciada em drogas". Contudo, tal como é a vida cotidiana a história não é tão simples assim.
Entre as diversas perdas que colecionou desde que foi condenado, Palmer conquista o amor de uma criança, Sam (Ryder Allen), na medida, que busca reconstruir a sua vida, com o desafio de romper o estigma de ser um ex-apenado. As circunstâncias que resultaram na sua condenação no passado são reveladas a conta gotas ao longo do filme, mas elas resultam na crescente do personagem no decorrer da história.
Sam, a criança que passa a acreditar e confiar em Palmer desde o primeiro momento, não é uma criança qualquer. As suas particularidades, também, vão sendo reveladas pouco a pouco e se mostram muito atuais e pertinentes para estarem em produções fílmicas como esta. Achei muito sensível a construção do personagem em face aos seus dilemas pessoas e familiares. O encontro desses dois personagens faz jus ao ditado: "juntos somos mais fortes".
Fui completamente surpreendida pelo longa! Amei <3
Bastardos Inglórios
4.4 4,9K Assista AgoraQuentin Tarantino nos apresenta a derrota do III Reich de Adolfo Hitler (Martin Wuttke), sob a perspectiva da judia Shosanna (Mélanie Laurent) e do grupo anti-nazistas "Bastardos Inglórios", liderado por Brad Pitt (Aldo Reine). O longa não foge as clássicas características desse diretor peculiar: a divisão em capítulos, os diálogos e cenas longas e, por vezes, banhadas por muito sangue, reflexo da violência pungente.
A trama se desenvolve a partir da tensão construída pelo antagonista, o coronel Hanz Landa (Christoph Waltz), que como um "bom" defensor do Reich foi apelidado de "caçador de judeus", por ser dotado de uma exímia percepção de esconderijos e disfarces comumente usados pelos judeus e demais povos perseguidos por Hitler. Alguns dos personagens foram inspirados em pessoas reais para a composição da personalidade, estilo e temperamento, por exemplo, a atriz de cinema alemão Bridget von Hammersmark (Diane Kruger); o personagem de Brad Pitt foi inspirado no ator americano da década de 1950, Aldo Raine.
Tudo que foi acrescentado sobre este filme pode ser considerado um spoiler e nada melhor do que assisti-lo e ser pego, totalmente, de surpresa!!
Salve o Ralph
4.4 62Em quatro minutos temos a recordação da existência de animais que estão sofrendo às custas da nossa "beleza". O ser humano não satisfeito em aumentar a sua expectativa de vida - mas, agora se recusa a envelhecer - mata outras espécies para o seu bel-prazer.
DO - LO - RO - SO!!
Noivo Neurótico, Noiva Nervosa
4.1 1,1K Assista AgoraAinda não entendi essa "tradução" do longa, não tem nada a ver com a história, e introduz uma expectativa negativa, para o filme. Aliás, ele mira na personagem de Diane Keaton (Annie Hall) e acerta em Wood Allen (Ilvy Singer) que a todo momento só fala sobre si, ignora as necessidades e, por vezes, a vida de Annie Hall em detrimento a concepções que apesar de fundamentadas são justificativas cansativas ao seu comportamento tóxico.
Ao olhar o filme, tendo em vista o contexto do seu lançamento o filme traz os reflexos da liberdade sexual feminina, então, temos uma personagem (Annie Hall) ainda a mercê de Ilvy, sobretudo, no que tange a sua subsistência, já que sexualmente falando ela consegue se impor e colocar o seus desejos a frente dos desejos dele. O uso recreativo de drogas ilícitas também era uma novidade para a época é explorada no filme pela personagem de Keaton. Como em 1976-1977, os EUA estarem vivenciando o período pós-guerra do Vietña, me faz compreender o porquê este filme foi classificado como uma comédia.
Eu não consegui achá-lo cômico, pelo contrário, ele é triste e, por vezes, desesperado. Será que as escolhas femininas contribuíram para agravar o quatro dos homens desajustados? Tecnicamente, o filme inova na quebra da terceira parede, na transição das cenas e, principalmente, na fluidez do filme, achei ele muito rápido, inclusive.
O gosto pelo filme é muito pessoal, mas compreendo que muitas pessoas têm como exemplo de relacionamento casais chatos, incompatíveis e monótonos, o que me faz concordar que este filme é uma "Ode ao amor e aos infelizes".
Os Imperdoáveis
4.3 655Clint Eastwood se despede do western - gênero que lhe consagrou como astro do cinema mundial - como ator e, também, como diretor. Este filme de despedida é dedicado aos diretores consagrados do gênero, Sergio Leone e Don Siegal como uma forma de encerrar com maestria a parceria de sucesso entre ambos, que durante várias décadas compartilharam várias experiências de sucesso.
Para tanto, Clint traz em "Os imperdoáveis" uma despedida à altura, tanto pelo roteiro incrível de David Peoples, que aborda um faroeste em transição, quanto por recordar o histórico de homens valentes que resolviam suas desavenças com suas armas carregadas de balas ao punho. Mas, por outro lado, coloca como cerne da história a revolta das prostitutas ao ter uma delas agredida covardemente pelos vaqueiros do vilarejo. Este fato que nos filmes do gênero não teria notoriedade aqui é o estopim para um ex-executor (se é que podemos chamar assim uma pessoa que matava as pessoas, mas que persuadido pelo amor da mulher amada muda completamente de vida), regresse ao seu passado, a fim de, cumprir esta vingança em nome das prostitutas.
Aqui temos uma entrega do Clint como ator dando papel ao personagem William Muny, que aborda os dilemas deste forasteiro entre o luto da partida de sua esposa e as vidas que ele tirou ao longo de suas aventuras. Muny aparece, muitas vezes, arrependido por seu passado e justifica o seu fracasso no presente às más escolhas que teve na juventude. Após ele aceitar a proposta de Schofiedl Kid (Jainz Woolvett) para matar os vaqueiros essas memórias ficam ainda mais vivas no personagem.
Como diretor Clint foi impecável! As cenas são muito bem construídas. A história dos personagens são coesas e nos prendem a seus dilemas e questões. Este jogo que o filme estabelece em: relembrar a vida do personagem, voltar a ativa e apesar de toda a experiência de vida partir para um caminho desconhecido é uma metáfora do que foi um dia o western para Clint e para tantos que se aventuraram no gênero. Assim, fecha-se uma era de ouro com maestria e sucesso. Este longa ganhou o óscar em quatro categorias da cerimônia de 1993: melhor filme, melhor diretor, melhor ator coadjuvante e melhor montagem.
Um filmaço!
A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas
4.0 494Jeff Rowe e Michael Rianda nos brinda com essa família irreverente, longe de ser uma família de propaganda de margarina e, isso, nos aproxima quase que, instantaneamente, dela. A personagem principal a cinéfila Katie, caloura da Universidade em busca de aceitação da sua família, para com o seu sonho cinematográfico e ao mesmo tempo à procura de sua tribo representa os dilemas do processo de início da vida adulta: definir uma profissão, entrar em uma autoescola, sair de casa e etc.
O que contribui para a realidade da animação é ambientação ao mundo digital e sua reviravolta ala Ex-Machina: Instinto Artificial (2014):
Pal (um celular) em revolta com o seu usuário e cansada com os frequentes "mau" uso de seus recursos inicia um plano de destruição dos humanos
Em meio ao caos gerado por Pal e seus robôs, a família Micthell é obrigada a enfrentar suas diferenças, afim de parar o plano de Pal. Os diretores usaram diversos símbolos para isso como: o usos dos memes, filtros, piadas e referências a outros filmes na composição das cenas como: Exterminador do Futuro 2: o julgamento final (1991); 2001: uma odisseia no espaço (1968), o nome da Pal é uma referência a Hal, a inteligência artificial de Stanley Kubric; O Despertar dos Mortos (1978); A Noite dos Mortos Vivos (1968); O Caça Fantasmas (1984) e Kill Bill volume 1 (2003). Além desses, teve a referência ao episódio da oitava temporada de Game of Thrones "The Long Night" (A longa noite) (2019).
Tudo isso, deixou a animação muito divertida e leve de assistir. Eu gostei muito dos efeitos e dos gráficos utilizados. Será que é uma concorrente a melhor animação para o Óscar de 2022? Aguardaremos os próximos lançamentos.
O Impossível
4.1 3,1K Assista AgoraLembro-me como se fosse hoje as notícias aterradoras e as primeiras imagens sobre as ondas que engoliram a Tailândia em dezembro de 2004, naquela noite de domingo. Sempre que eu vejo este filme eu lembro-me de mim: aquela menina assustada com tudo aquilo e que, imediatamente, criou mil e uma teoria para justificar para si mesma a força da natureza. Este foi o meu assunto por vários dias na época minha família que teve que aturar (risos).
Quando eu vi este filme pela primeira vez, foi impossível não se emocionar. Acredito que eu não teria nem metade da força que aquela família teve em admitir que estava em meio a um desastre inédito e com uma destruição sem precedentes. J. A. Bayona reproduz fielmente a saga pela sobrevivência da família composta por María Belón Alvárez (Naomi Watts), Enrique (Quique) (Ewan McGregor) e os três filhos do casal: Lucas Belón (Tom Holland), Simón (Oaklee Pendergast) e Tomás Belón (Samuel Joslin). Aqui temos o ator Tom Holland esbanjando talento ao dar vida ao sobrevivente Lucas que no decorrer da história ajuda sua mãe a se resgatada e, também, outros pais e filhos se reencontrarem no caótico hospital tailandês.
O filme é emocionante e nos faz questionar o tamanho da nossa pequenez diante da natureza. Esta mesma natureza que nos encanta, fascina, nos faz ir de um lado para o outro para contemplá-la é a mesma que destrói, traz dores, marcas e perdas - físicas, econômicas, sentimentais e psicológicas - Tudo isso foi retratado no longa, que por sorte ou uma conspiração do acaso promove não só a sobrevivência dessa família, como o reencontro - emocionante - de cada um dos seus membros. Algo que no decorrer do filme fica evidente com os outros personagens coadjuvantes que a vida de muitos, infelizmente, não foram poupadas das ondas da morte como a da família Belón.
O Animal Cordial
3.4 618 Assista AgoraUaau, o que aconteceu aqui? HAUSHuhasuh
Primeiro eu não sabia que o filme era uma produção nacional e foi uma surpresa ver nossos atores globais em cena. Destaco a atuação de Murilo Benício e Irandhir, este último vem entregando papéis no cinema de tirar o fôlego e aqui não foi diferente!
Segundo a trama é acida, crua e sangrenta! As críticas ao fajuto slogan "cidadão de bem" que tem ganhado força nos últimos anos.
Achei indigesta algumas cenas, mas ao mesmo tempo, demonstraram a sádica face do ser humano que não consegue se desvincular do seu próprio umbigo e, por isso, é egoísta, invejoso, cruel, preconceituoso, intolerante e agressivo, sinônimos do que seria um "Animal Cordial".
Minha Mãe é uma Peça 3
3.7 571Bom, achei a história por ser um encerramento com um tom de despedida. A solidão que essa mãe cultuava sem seus filhos em casa, sem os motivos para broncas, gritarias e piadas engraçadas sobre o cotidiano de uma mãe com seus diferentes filhos. Assisti o filme para homenagear o artista e senti que o filme se despediu do público como se fosse capaz de imaginar os duros anos que teríamos pela frente e o desfecho do seu criador.
Por isso, considero os primeiros filmes da trilogia como melhores que este.
Como poderíamos imaginar que, este seria o encerramento da história da Dona Hermínia e também o último longa do talentosíssimo Paulo Gustavo? :(
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista Agora"Call Me By Your Name" em português "Me Chame Pelo Seu Nome", dirigido por Luca Guadagnino, é a adaptação do livro homônimo escrito por André Aciman, lançado em 2007. Essa adaptação rendeu ao roteirista do longa, James Ivory, o Óscar de melhor roteiro adaptado em 2018.
A história do filme é retratada no verão de 1983, - este laço temporal me fez lembrar de um filme recente, o qual indico: Verão de 85, de François Ozon (2021) - quando um professor universitário de arqueologia Mr. Perlman(Michael Stuhlbarg) receber o aluno americano Oliver (Armie Hammer), para dar sequência aos trâmites acadêmicos em que ele tradicionalmente desenvolve durante o verão. Diferentemente, dos outros universitários que este professor acolhia em sua casa, Oliver, por meio de sua simpatia despertou a admiração, a curiosidade e até um pouco de antipatia de sua filho Elio (Timothée Chalamet). Os dois passam a fazer várias atividades de lazer juntos: curtir piscina, jogar vôlei, andar de bicicleta e até acompanhar algumas atividades acadêmicas do exímio professor. Aos poucos, a antipatia de Elio, para com Oliver dá lugar a uma paixão. O desenvolvimento dessa paixão vai sendo construída de forma tão fluída que eu me perguntava se o Oliver e as demais pessoas ao redor percebiam ou não, de tão sutil que foi sendo construída. O conflito do personagem para com o seus sentimentos e descobertas passam muita realidade e isso se deve a grande atuação de Timothée Chalamet. A cenas dos dois, bem como o romance que eles construíram junto ao medo do preconceito são incríveis!!
Destaco o desenvolvimento do núcleo familiar do personagem, apesar de ser visto como irreal ou fantasioso, eu não esperava outra atitude de um pai que era professor universitário, tão aberto e sensível para as questões da vida. Ele não só percebe o romance dos dois como, de certa forma, incentiva-os a vivenciar o que era só deles. Essa figura paterna, embora seja coadjuvante e pouco comentado é um personagem central para o desenvolvimento da história. Além de permitir a entrada de Oliver no seu ceio familiar, possibilita bases para que Oliver como seu convidado interaja, conheça e vivencie a experiência que o intercâmbio o proporcionava sem se apegar o moralismo ou ao exagerado as atividades acadêmicas. O diálogo entre Elio e Mr. Perlman nas cenas finais foi primoroso!
Recomendo! Recomendo! Recomendo!
Okja
4.0 1,3K Assista AgoraEste é o segundo longa que assisto do diretor Bong Joon-ho, o primeiro foi o incrível Parasita (2019). Nestes dois filmes, o diretor faz questão demarcar sua posição política frente as arbitrariedades econômicas, sociais, industriais e, sobretudo, humanas que não só formam essas dimensões, como estão imbricadas em suas casualidades, sejam elas boas ou ruins, às vezes, nos esquecemos que fazemos parte.
Okja me surpreendeu verdadeiramente! Eu não tinha a dimensão que a temática abordada seria uma crítica à indústria alimentícia. O roteiro se desenvolve à partir da posse da nova diretora da empresa agroquímica Mirando Corporation. Com slogan, sob "nova direção" Lucy Mirando (Tilda Swinton) tenta desvincular a empresa das ações do passado do seu pai e de sua irmã. Essa "limpeza" de imagem para a sociedade, no entanto, é pensada e desenvolvida à partir de um projeto ambicioso de aumento da linha de produção da carne suína.
Assim, a indústria passa a criar geneticamente super-porcos criados em laboratório. Contudo, para dar um ar caricato e divertido, a empresa distribuiu esses super-porcos para pequenos agricultores em todas as partes do globo, afim de, promover um concurso entre os produtores. Eis que a história se desenvolve entre a amizade do criado e criador: Mija (Ahn Seo Hyun) e Ojka. Alicerçado ao protagonismo infantil Bong Joon-ho apresenta na película, que os animais são detentores de sentimentos e não são insensíveis ao tratamento humano, pelo contrário. Apesar de Ojka ser um animal animado, o diretor faz questão dar ênfase no sentimento do animal, para com a vida que leva na montanha e depois apresenta o contraste de Ojka em cativeiro.
O filme de forma muito sutil levanta o debate sobre a necessidade da alta produção de carne para a população, sobretudo, a necessidade constante de novos cortes, sabores e para "incrementar" a alimentação. Contudo, o diretor apresenta esses fatos que são alvos constantes de discussões em telejornais à respeito da luta e defesa ao direito dos direito dos animais, mas deixa deixa em aberto a reflexão, pois ela cabe a cada repensar o seu consumo, isso torna o filme educativo e uma boa introdução para as pessoas que não estão tão envolvida com a temática.
Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas
4.2 2,2K Assista Agora"Qual é a graça da vida se não tivermos histórias para contar?" Ouvi essa frase pela primeira vez aos 10 anos, pelo meu pai, que sempre teve vários causos para contar da sua tão breve vida.
"Peixe Grande e suas histórias maravilhosas" é uma adaptação do livro "Peixe Grande ‑ Uma Fábula de Amor Entre Pai e Filho" do autor Daniel Wallace, lançado em 1998. Olha, que sagacidade de Tim Burton em dirigir este longa. Apesar de ser uma história simples de um pai que se encontra nos últimos dias de vida, ou seja, já no leito de morte e a busca de seu filho para dar sentindo na ausência do pai durante a sua infância e a veracidade nas histórias que ele contava. Este longa é de longe uma narrativa simplista. Afinal, "Um homem se transforma em suas próprias histórias. Elas vivem mesmo depois de sua morte. E é assim que ele se torna imortal”.
Esse resgate que Ed Bloom(Ewan McGregor) faz de suas memórias é uma forma de obter a sua própria essência, como se elas fossem a única herança que ele iria carregar consigo para sempre: sua caminhada diante os obstáculos da vida, a sua resiliência, a generosidade para com os outros, seus erros e, também, acertos. Isso era tudo o que ele era capaz de passar adiante para o seu filho, amigos e conhecidos, como uma ode a história narrada!
História esta que se desenvolve como água no rio, apesar das pedras no caminho ela é capaz de desviar, abrigar outras espécies, encobrir o que é ruim no seu interior, promover a vida e trazer o que há de melhor de todos. Ser como o peixe é saber lidar contra maré, viver em cardume, mas ao mesmo tempo, saber ser sozinho. O peixe conhece a água como nenhum outro animal, pois vive dela e para com ela.
Não tem o que eu não tenha gostado do filme: AMEI tudo, o ambiente fantástico, as metáforas, os ensinamentos, a trilha sonora, fechar com Pearl Jam foi uma das surpresas mais gostosas!
O Segredo de Brokeback Mountain
3.9 2,2K Assista AgoraAng Lee (As Aventuras de Pi - 2012) escolhe como locação uma montanha para ser o local do nascimento da intensa e corajosa história de amor entre dois homens: Jack Twist (Jake Gyllenhaal) e Ennis Del Mar (Hearth Leadger). Os dois personagens remontam o estereótipo de cavaleiros rústicos, ou seja, os cowboy do interior dos Estados Unidos da America. Jack é um peão de touro dos rodeios da cidade, enquanto Ennis ganha a vida trabalhando em diversas funções.
A história deles se cruzam quando aceitam trabalhar como pastores de ovelhas na montanha denominada Brokeback. Esse lugar inóspito é cercado pela natureza selvagem, com tempestades de gelo, ursos e lobos. Este cenário, aparentemente, conversa com a solidez que os personagens demonstram no início do longa. Contudo é, também, neste lugar que floresce nos dois a sensibilidade, o cuidado e o amor entre eles. Para mim, este é o significado que a montanha traz para a narrativa.
Apesar deles terem se apaixonado um pelo o outro, este sentimento não é bem aceito por eles e após o trabalho eles tentam retornar para a vida cotidiana sem ater as mudanças que tiveram durante o período na Brokeback Mountain. Dessa forma, cada um foi construir a sua vida, Ennis casou-se com sua namorada Alma (Michelle Williams). Enquanto Twist tentou se aventurar com outras pessoas, sem sucesso, até casar-se com Lureen (Anne Hathaway), aparentemente, por interesses econômicos. Ao longo deste casamento Twist propôs a Ennis que os dois largassem tudo e fossem viver a história de amor deles. Mas, Ennis não via possibilidades reais neste relacionamento por causa das dores da não aceitação da sociedade e que viviam regada por preconceito aos homossexuais. Assim, Twist se contenta em encontrar seu amor esporadicamente.
Eu senti muito pelas esposas e os filhos dos dois que sofreram as consequências do amor que os dois cultivaram "as escondidas". Como eles não sabiam como lidar com seus sentimentos, eles fizeram o sacrifício de se relacionarem com outras pessoas, afim de, amenizar ou "normalizar" o que eles sentiam. Por isso, me compadeci com as personagens Alma e Lureen, sobretudo, Alma que após descobrir o romance sofreu calada a traição e ao desinteresse de seu marido. Além de sofrer as atitudes egoístas e machistas e Ennis para com ela. Esse comportamento dele só demostra o quão confortável ele estava dentro daquela estrutura patriarcal de "chefe de família " e aquele se sustenta a prole. Enquanto Twist precisa reforçar essas atitudes para ser aceito como o homem da sua família, por meio de xingamentos, na agressividade e, sobretudo, nos negócios da família. Ambos se renunciaram em detrimento da aceitação dos outros, isso faz o filme ser tão triste, porque eles tinham a oportunidade de ser quem eram, mas o medo, o preconceito e a não aceitação das pessoas para com as escolhas dos dois falaram mais alto.
Com certeza, Ang Lee escreveu o seu nome na história cinematográfica ao trazer as telas do cinema, em um período que dava os primeiros passos para as discussões acerca dos direitos da comunidade LGBTQIA+ e este é um importante filme sobre a temática.
Mortal Kombat
2.7 1,0K Assista AgoraMortal Kombat raiz: melhores lutadores
Mortal Kombat nutela:
a marca te torna digno
Mortal Kombat
2.7 1,0K Assista AgoraO filme começa com uma história até interessante sobre uma linhagem, só que era nova? porque para existir o Scorpions (Hiroyuki Sanada), já era previsível que iria dar ruim aquela ideia de camponeses felizes no bosque. Então, ficou muito mal construído isso.
Eu não gostei da ideia de divisão das lutas da forma que ocorreu, ngm tem que ser amiguinho não, ali é um jogo cada um defendendo a sua sobrevivência. O Raiden (Hiroyuki Sanada) é o novo Mestre dos Magos, só aparece para abrir portal e sumir, queria vê-lo lutando!!!!!!!!!!!!
Simon McQuoid me economiza aí, né? Sem pé nem cabeça esse roteiro. Sub-zero(Joe Taslim) faz tudo no filme, praticamente, carrega ele nas costas e tem aquele fim? Decepcionante demais.
12 Anos de Escravidão
4.3 3,0KEste filme me impacta de diversas formas; baseado em história real do Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor), nascido no norte do Estados Unidos da América. Ele nasce livre em comparação aos outros negros que foram escravizados na mesma região. A princípio, teria a oportunidade de construir uma vida diferente aos seus conterrâneos. Isso se não fosse pelo fato de um dia ele ter sido sequestrado e vendido como um escravo para um mercador. Sem a chance de argumentar e de provar que aquilo era uma tremenda injustiça. Solomon tentou a todo custo se manter alheio aquela "nova" condição. Isso lhe rendeu vários açoites e penalidades por parte de seus "senhores". Assim, ele passa a vivenciar a luta de seus irmãos naquela penúria pela sobrevivência. Solomon sofre todos os horrores do escravagismo.
12 Anos de Escravidão é um filme cru tal como é a história de tantos negros que foram escravizados ao longo do tempo. Reflete a condição de uma pessoa escravizada, sobretudo, as mulheres que além de serem incumbidas pelo trabalho forçado eram submetidas aos estupros frequentes por parte de seus senhores. Aqui vemos, também, como uma família é totalmente modificada quando um pai, um marido é tirado de sua família fazendo deixando um vazio sobre o seu paradeiro e o que de fato havia acontecido.
É importante que essas histórias que nos marcam, nos impressionam sejam retratadas para não esquecermos do que o ser humano é capaz de fazer com o outro, apenas pelo fato de seu semelhante ter características diferentes.
Ela
4.2 5,8K Assista AgoraAssistir este filme me deixou bem desconfortável. Logo no início ao ver que Theodore (Joaquim Phoenix) trabalhava com a elaboração de cartas eu tive a ideia que o personagem já trabalhava em meio a uma artificialidade, ou seja, ele enviava carta para as pessoas em nome delas. Pensar em uma sociedade que é incapaz de trocar palavras singelas com as pessoas que ama foi uma das primeiras das muitas reflexões que o filme me provocou.
A película, para mim, é uma ficção científica, mas que se mistura atual realidade em que vivemos. Ainda, não estamos ao ponto de nos relacionarmos inteiramente um sistema operacional, mas, a distância que nos foi imposta pela pandemia, reforçou novas habilidades para se relacionar, seja no campo afetivo, familiar ou de amizades. No decorrer da história, quando ainda não sabemos sobre o personagem eu achei fantástico esse ele conhecer Samantha (o sistema operacional) e achei por muito tempo que essa "pessoa" era imagem e semelhança de Theodore, fiquei surpreendida quando ela tinha posicionamentos próprios e se relacionava com outros humanos resultando até na interação entre eles.
Com a incapacidade de lidar com a realidade, o personagem se apega cegamente por aquela voz. Ao ponto dela controlar seus sentimentos e ações. Mas, ele não era capaz de estabelecer um vínculo com uma pessoa real. O que ficou claro, para mim, essa falta de confiança e aceitação daquilo que era diferente, tinha opiniões próprias, posicionamentos.
É um filme que faz pensar isso sem dúvidas e, por isso, ele é tão bom. Spike Jonze foi sagaz em nos apresentar essa perspectiva, que a cada dia se aproxima da nossa realidade.
Estados Unidos Vs Billie Holiday
3.3 150 Assista AgoraO filme biográfico da dama do jazz, Billy Holliday (Andra Day)é forte e melancólico tal como a sua personagem. A história da cantora em ascensão, que por meio da sua voz, postura, sobretudo, pela sua liberdade econômica e sexual é capaz de perturbar de sobremaneira o FBI por conta de sua música, Strange Fruit, a composição forte regada por uma interpretação contundente, tornou-se uma ide a liberdade negra e hino contra o racismo.
O longa inicia-se com Billy cedendo uma entrevista sua aparência é fragilizada e a entrevistadora encarregada de frases racistas faz questão de questioná-la sobre os pontos mais delicados da sua vida. Assim, o filme começa a desenrolar a vida da cantora, o que me incomodou bastante, porque essa entrevistadora que dá o tom de narradora da história. Todavia, esse fio se perde no decorrer do longa e ao final ele não tem o desfecho ficando uma ponta solta: a entrevista terminou? rs
Senti falta de cronologia da forma que foi apresentado os fatos e pela pouca mudança da personagem durante eles eu fiquei sem saber se era uma continuação, uma lembrança por causa da entrevista ou era uma mudança. O filme também é longo para o desenvolvimento.
A perseguição do governo americano, aqui representado pelo FBI só reforça o quanto o racismo é estrutural. Mais uma vez temos personagens que usam de má fé para persuadir o personagem (algo que se repete entre outros filmes da temporada de 2020). O que dificulta a união de todos para uma causa comum que todos sofrem, mas a possibilidade de sobressair ou ser reconhecido pelo opressor é sempre vista como o melhor caminho.
Por fim, a atuação da Andra Day é arrepiante! A risada dela ficou ecoando na minha cabeça por um longo tempo