O céu pode esperar? No caso do jogador de futebol americano Joe Pendleton (Warren Beatty) sim. O atleta que se preparava para, enfim, jogar a partida da sua vida teve seu sonho interrompido abruptamente. E aconteceu o mais improvável, sua morte estaria programada apenas para 2025, é engraçado ver que em 1978 (ano de gravação do filme), o século XXI era visto como muito distante.
Bom, diante deste equívoco, Joe fez tentativas - engraçadas - para retornar para a terra. Mas, com a impossibilidade de retornar com o seu corpo que já havia sido cremado, ele junto com os agentes do céu começou a estudar em qual vida e corpo seria mais apropriado e interessante para reencarnar.
Durante esses estudos, Joe foi pego por um senso de justiça que o encorajou a encarnar na pele de um grande empresário, para fazer uma reparação na vida de uma mulher, Bety Logan (Julie Christie). Ela estava sendo prejudicada pelos empreendimentos deste empresário que, concomitantemente, estava sofrendo tentativas de assassinato por sua mulher e seu amante. Com esse objetivo claro, a vivência de Joe na mansão rende cenas engraçadas e inusitadas pela situação. Até que os agentes do céu consegue encaixá-lo em um corpo com uma história e uma trajetória semelhante, para que ele retome a sua vida normalmente. Na verdade, quase, porque em um encontro "por acaso" com Bety, Joe ativa uma lembrança com ela e assim eles terminam juntos.
O filme oscila entre um drama e tragicomédia, alguns momentos são melancólicos e outros super engraçados, algo parecido com a vida mesmo.
No início achei um filme bem clichê: ação em que o tira vai "salvar", "socorrer", "proteger" alguém, o que me fez demorar a embarcar na história. Bom, este no caso, produzido por Sam Hargrave conta nas entrelinhas a história de três pais, o personagem principal Tyler Rake (Chris Hemsworth), Saju Rav (Randeep Hooda) e Ovi Mahajan Sr. (Pankaj Tripathi) que tem seus destinos definidos ou pré-definidos pela busca de Ovi Mahajan, filho de Ovi.
A história ocorre na cidade de Bangladesh, com um trânsito tanto quanto caótico favorece cenas de ação e suspense que surpreende muitas vezes, com carros que acertam alvos ou que atropelam "sem querer" os personagens que estão em luta corporal intensa. A cidade é comandada por um chefe do crime organizado: Amir Asif (Priyanshu Painyuli) que para punir Ovi sequestra o seu filho, porém, Ovi ordena que seja contratado um serviço de operação para resgatar seu filho. Nisso Tyler entra numa "missão suicida" de busca desfreada pelo garoto.
Durante as cenas é notável as diferenças sociais, as crianças eram preparadas para atirar, manusear armas, enquanto Ovi Jr. dedicava-se aos estudos e aos esportes. Mas, apesar de seu pai querer que ele tenha uma vida diferente. Ele acaba por cometer alguns delitos para manter a sua sobrevivência, tal como as crianças que são aliciadas por Amir. Destaco o protagonismo feminino do longa que surpreendeu positivamente.
Bom, o final ficou em aberto e devido ao grande sucesso que foi este filme, em 2020. Ele ganhará uma continuidade. Filme lançado no ápice do lockdown da pandemia do novo coravírus rendeu a Netflix records de visualização.
George C. Wolfe narra a dura história de violência, segregação, preconceito sob o manto da rainha do blues, Ma (Viola Davis). A princípio, achei a sua presença exagerada e aos poucos fui compreendendo o cerne da narrativa.
Eu esperava ouvir mais músicas da Ma e sua banda, pois eu tinha a expectativa de assistir um filme autobiográfico. Contudo, no final percebi que a "Voz do blues" é a voz todos os negros, sobretudo, os americanos que estavam (re)existindo em uma sociedade que só via uma finalidade deles: extrair o que eles têm de melhor e claro dar novas roupagens.
Os relatos dos músicos reforçam essa ideia. É bonito ver a alegria e a felicidades que eles tinham em tocar e viver da música. Com certeza, essa era uma oportunidade de afastar os demônios, as mágoas, as tristezas. Mas, menos para Levee (Chadwick Boseman) que muito traumatizado e atordoado tinha seus traumas aflorados pela impossibilidade de ser reconhecido tal como desejava, ser um músico reconhecido.
O que me incomodou no filme foi a falta de união entre os músicos. As atitudes rudes de Ma para com seus semelhantes, para mim, são injustificáveis. Porque me faz pensar que toda a imposição que ela tinha frente as pessoas brancas, era uma vontade de ser aceita e não, necessariamente, uma forma de "mostrar como ela deve ser respeitada", como ela tentava passar para as outras pessoas. Enquanto o seu empresário e o dono da gravadora, apesar de estarem em lados opostos se entendiam e faziam concessões entre si.
No fim, tanto Ma quando Levee se subordinaram a ordem predominante: Ma ao ceder os direitos de uso da sua voz a gravadora e Levee ao vender - contra a sua vontade - as músicas que compôs.
O final todos nós sabemos, eu conheci o gênero blues a partir de vozes de cantores brancos.
Achei incrível o filme, ainda mais, por ser baseado em uma história real. Para os parâmetros da época, final da década de 70, Alan Parker entrega um obra crua tal como a história que a origina. Acredito que o filme não objetiva julgar Bill ou o aquele lugar que o encarcerou, tampouco, condenar o país. Tal como é os filmes de histórias reais, a filmografia expõe o sofrimento dele e de outras pessoas e revela ao mundo uma outra perspectiva de punição. Sendo esta, extremamente truculenta que não considera os direitos humanos que são universais e nega o direito de reparação do erro da pessoa. Me senti sufocada ao ver que ele não entendia o que aquelas pessoas falavam e elas também não queria ouvi-lo. Ele ficou vários anos sem ao menos poder tentar se explicar é muito cruel! A trilha sonora faz jus ao prêmio que recebeu, ela é muito boa. Eu me senti muito envolvida com o drama do personagem.
O documentário é muito didático e achei bonita a sua construção. Mas, fiquei com a sensação de ser muito forçado e, ao mesmo tempo, ele faz um marketing sobre o trabalho do cantor. Isso é ruim? de maneira alguma. Só me traz a sensação que ele conta a história se colocando como um - único resultado - de toda a luta que foi feita para ele se reconhecido no seu trabalho e ter acessos que são até hoje negados para uma - grande parcela da população brasileira: - a população negra. Mas, ao mesmo tempo penso que este lugar é o daquele que oprime, exclui, segrega. Então, me questiono se é necessário estar nestes lugares. No mais, se faz necessário, principalmente, para a galera alienada neste país que trata tudo como "mimimi". Enfim...senti falta da Elza Soares nessa história!
O longa conta a história cruzada de três amigos de infância: Jimmy, Dave Boyle e Sean, que apesar de adultos compartilham um drama com um clima de suspense para o desvendamento de três ocorrências durante a trama. A primeira é quando um dos amigos, Dave Boyle ainda criança, é raptado e brutalmente abusado durante dias. O segundo, já na segunda parte do filme, o assassinato de Katie filha de Jimmy(Sean Penn), e, concomitantemente, o assassinato de um estuprador.
A história ficou muito bem construída e desde o princípio leva o telespectador para conclusões que só ao final serão ou confirmadas ou totalmente frustradas. No meu caso foram frustradas rs, acredito que o filme foi construído para
incriminar Dave, sempre quando o aparecia era em meia luz ou no breu, enquanto, Jimmy e Sean estava sempre em espaços iluminados.
Mas, não só isso, a maneira que todos os olhava, afinal, ele tinha todos os motivos para confirmar as suspeitas do crime sobre ele. E, o motivo para essa condução ser tomada, que fica no ar. Dave era um homem violentado que sofria calado, tinha poucos amigos e contava com sua mulher e o amor de seu filho para sobreviver frente a imensa dor que sentia. Enquanto, os outros dois amigos apesar de ter seus dilemas amorosos e familiares tinham a sua vida normal. Até o crime contra Katie ocorrer.
Clint Eastwood me tirou completamente do lugar com este filme. Como os comentários abaixo, fiquei frustrada com o final do filme. Acredito que agora, ao invés de só Dave sofrer com o que sofreu. Sean e Jimmy carregaram a culpa pelo seu desfecho, apesar de demonstrarem que seguiriam a vida em frente. Dave também, tentou seguir em frente com a dor que carregava, mas foi consumido pela solidão e pela a incompreensão das pessoas.
O filme é sobre uma história real de uma das descobertas mais fantásticas da humanidade: a descoberta do Tutancâmon Britânico, em uma época que não havia equipamentos e disponibilidade técnica e científica para tal feito. E isso, foi revertido pela confiança de uma mulher (Pretty) que havia sonhado que encontraria um sítio arqueológico e do trabalho desempenhado de um simples escavador do vilarejo, Basil Brown.
A pesquisa feita por este homem em conjunto de técnicas elementares trouxe a tona uma história soterrada. Porém, o reconhecimento do feito só foi realizado tardiamente, revelando o quão grande é o ego do academicismo que despreza os saberes populares. Todo o esforço de Basil que, certamente, contribuíram para o desenvolvimento de métodos, pesquisas e técnicas arqueológicas foram suprimidos.
A história é fantástica, mas a forma que o Simon Stone apresentou é desanimadora. O roteiro é confuso, ao invés de focar na história central, ele mistura diversos acontecimentos: a guerra, o relacionamento homoafetivo de um dos membros da equipe da escavação, a doença da personagem, os dilemas do filho da personagem. Enfim, eu queria saber sobre o que se passava na cabeça da Pretty ao ver seu sonho se tornando real, dos sentimentos do Basil diante da descoberta de tudo aquilo. O filme nem mostrou O capacete de Sutton Hoo e os demais objetos que foram encontrados e hoje fazem parte do museu britânico.
Nas primeiras cenas Mazurky apresenta uma família americana padrão: o pai que trabalha fora, a mulher que se divide entre a casa e o seu trabalho, uma filha adolescente no ápice da sua "descoberta" do mundo. A princípio, está tudo bem. As cenas de intimidade do casal reforça a cumplicidade que eles têm. Mas, tudo muda quando o marido se convence de estar apaixonado por uma mulher que conheceu enquanto fazia compras, há pelo menos um ano. Lá se vão 17 anos de casamento da Erica.
Diante dessa mudança, ela recorre a companhia das amigas e a todo momento a única alternativa que lhe apresentada é a necessidade de dar a volta por cima da situação, ou seja, arrumar um outro companheiro. Até o médico ignora os sintomas físicos da separação repentina, e, recomenda à Erica, uma companhia, que poderia ser a dele.
Aos poucos ela até se rende a esse ideal, ao mesmo tempo, se permite viver, se redescobrir, sentir sensações novas. A história dela e a filha se entrelaça e isso ficou bonito, porque, no amor não há regras e nem idade, o fim é doloroso para todos(as). Quando Érica conhece Saul, parece que, ela conseguiu se reabrir para o desconhecido, um pintor apaixonado, desprovido de quaisquer inseguranças que queria apenas viver. Um refúgio perfeito! Mas, ainda assim, ela decide traçar o seu caminho só. Isso, eu achei brilhante, apesar de torcer para ela ficar com ele rs. Entendo a Érica: um relacionamento precisa primeiro fazer sentido, para então, ser necessário e naquele momento, o único relacionamento possível era da Érica com a liberdade.
Este filme nos conta uma história, que para mim, está frente do seu tempo! Uma pena que a indústria não aprendeu nada, se tivessem compreendido a ideia deste filme todas as "comédias românticas" dos últimos vinte anos seriam totalmente desnecessárias ao criarem várias personagens que só tem um objetivo: conquistar a qualquer custa migalhas de alguém.
Onde sonham as formigas verdes é um filme que apresenta, por meio da cultura aborígenes, a prepotência dessa cultura de desenvolvimento predatório, que busca a qualquer custo a acumulação de capital.
Herzog criou uma narrativa que evidencia a incompreensão entre as culturas. Sendo elas a aborígenes e a do homem (desenvolvimentista) ocidental. Se tratando de duas culturas distintas esse choque é normal, tendo em vista, que ambos não se conhecem e tampouco sabem os seus costumes. Os diálogos entre o chefe dos aborígenes e o geólogo deixa claro isso. Porém, parece que o homem ocidental tem uma insensibilidade que vai além do desconhecido:
a personagem que solicita a ajuda do geólogo para encontrar o seu cachorro que se perdeu entre o local de exploração ilustra isso. Ela, também, não foi incompreendida por seus iguais que não viram a importância que seu pet tinha em sua vida. Em contrapartida ao final do filme, o cãozinho "reaparece" entre os aborígenes, ou seja, eles o acolheu, para eles não era apenas um cãozinho, como aquele lugar não era apenas um local com solo abandonado
. Então, esse choque é perpetuado, também, entre os próprios ocidentais que a cada dia desenvolve e cria maneiras de aumentar o lapso de diferença entre si.
O filme tem vários elementos fantásticos que merece análise profunda: como a religião, a relação do homem com a terra, sobre o que é o desenvolvimento, o que nos define, e o que é o diferente.
Concordo com alguns comentários abaixo sobre as falas dos aborígenes, de fato, acredito que ficou imposto esse aspecto. Eu fiquei esperando ver as formigas também rs
Curly Sue é sobre a história de uma menina órfã que está sob os cuidados de um homem que a tem como filha, o Bill. A sua esperteza diante da fome, da falta de lar e a saudade da mãe é camuflada pelos truques e alguns trambiques que foi aprendendo na rua. Depois de um plano que parecia ser infalível eles tentam sensibilizar a advogada bem sucedida Grey.
Achei curioso a forma que Hugher apresenta essa personagem: ela carrega todo o estereótipo sexista. As mulheres bem sucedidas profissionalmente como sendo o oposto de mulheres que são mães e esposas. A forma em que os colegas de escritório falam com ela é como se a controlassem de alguma forma, pelo fato, dela não ter uma família formada, aparenta que ela pode lidar com os divórcios de seus clientes de uma forma arrebatadora.
O que muda com a chegada de Curly e de Bill na sua vida, é inegável que eles a preenche de sensibilidade a fazendo tomar outros rumos profissionais e amorosos. O final dá um calorzinho no coração <3
Herzog narra uma história no coração da densa floresta Amazônica que se confunde com suas próprias ambições! Fitz com certeza é a personificação de Herzog, não consigo pensar em algo diferente.
O sonho de Fitz em construir uma casa de ópera na floresta, já era para mim surreal, pelas características da localidade, a cultura e os costumes. Mas, o Herzog trabalha este contraste com maestria em apontar como uma cultura, como a indígena foi aos poucos invadida, silenciada, dizimada em detrimento dos sonhos em explorar e "descobrir" novas maneiras de fazer dinheiro.
A maneira como o brasileiro, é apresentado não foge muito dos dias atuais: soberbo, deslumbrado, aquele que busca a verossimilhança entre europeus a todo custo. Aquele que " lava as roupas na Europa porque acha a água de Manaus impura". Nada mudou.
Eu vibrei com a engenhoca de Fitz e o clima de tensão criado prevendo que qualquer coisa inesperada poderia acontecer a qualquer momento me contagiou. Acredito que o Herzog trabalhou bem esse aspecto em apresentar, após Aguirre: a Cólera dos Deuses, os indígenas primeiro como pessoas e segundo pessoas que apesar de serem duramente explorados são capazes de contribuir.
Obs: Bituca (Milton Nascimento) e Otelo no mesmo elenco. Fantástico.
A história do longa é sobre o casal formado por Malcom e Marie que deixaram seus incômodos passarem ao longo do tempo, com a típica visão que esses incômodos eram banais e corriqueiros, mas no final eles se tornaram grandes e impossíveis de guardar, levando a explosão dos personagens em palavras agressivas.
Os enquadramentos, os diálogos, e atuações são muito convincentes. E, em determinado momento do filme eu compreendi a dor de Marie em se dedicar tanto ao namorado, para no fim das contas ele "se esquecer" de agradecê-la ou mencioná-la durante a sua ascensão. Mas, depois fiquei pensando se não foi uma forma de preservá-la de tantas críticas diante da semelhanças entre a história dela com o personagem que ele criou para o filme.
Enfim, achei o filme longo e cansativo, quando terminei fiquei sem acreditar que fiquei mais de uma hora assistindo uma discussão.
Este é o filme mais confuso que eu assisto do Herzog. Não consegui entender algumas coisas do roteiro. Afinal Woyzeck era fazia parte de um experimento e por isso agia daquela forma ou ele era daquele jeito acelerado de ser? O romance entre ele a personagem de Eva Mattes ficou nebuloso para mim. De fato existia? ou fazia parte do imaginário de Woyzeck? Klaus Kinski de fato dá um show de atuação.
Fui envolvida ao clima sombrio e fúnebre do filme! Amei as ambientações que são marca registrada do Herzog, com certeza, contribuiu para a condução dessa fúnebre história. Foi o primeiro filme que assisti que não retrata o vampiro como algo a ser vangloriado, como é retratado nas produções mais recentes. Outro aspecto do Herzog que tomou a história foi a relação dos animais que aos poucos se adentram na cidade. No início do filme há o caminho do Harker ao encontro de Drácula que encontra-se distante. Após este primeiro contato, foi como se tivesse rompido o elo que separava o animalesco, o selvagem, o repugnante dos outros seres que viviam na cidade pacata de civilizada. Os animais ao retomar a este espaço começam a disputá-los com os poucos homens que, ainda, resistem ao ataque dançando e brincando em meio ao caos - nada diferente da nossa atual sociedade -; Obs: A caracterização de Klauss Kinski como Drácula ficou fantástica! Eu nem o reconheci.
Pensar em jovens mochileiros para mim sempre foi algo "normal". Mas, eu NUNCA tinha pensado nas pessoas que envelhecem na estrada. Uma história incrível sobre a delícia de ser quem é: pessoas que querem viver, simples.
Chloé Zhao nos apresenta uma história que contempla muito a sociedade pós-moderna em que estamos inseridos. Qual é o sentido de crescer e viver para sempre no mesmo lugar? Com a imensidão do mundo que se tem lá fora? Bem diante dos nossos olhos? Ao mesmo tempo o ritmo no qual o filme se desenvolve ele mostra que mesmo na estrada a rotina e o cansaço se fazem presente. O diferencial entre um e outro é as companhias que fazem esta forma de vida ser tão incrível aos olhos de quem vê.
A crítica ao sistema capitalista em si é latente e imperativa! Acredito que farei parte da geração de nômades de 60+. Merece todas as indicações no Globo de Ouro e tem minha torcida.
Herzog se distancia dos ambientes naturais, em comparação com os filmes anteriores, e parte para o território americano. Essa "virada" é simbolizada no movimento de seus personagens: Stroszek, Eva e Scheitz em busca da realização de seus sonhos na América. Essa América, leia-se: Estados Unidos da América é apresentada pelo consumo, desprovida de natureza, pois o ser se esvai pela demanda contínua do trabalho, animais silvestres são proibidos e o contato com a natureza se resume ao passeios no parque. Os diálogos entre os personagens revelam a frustração deles com essa América, muito bem representada pelo cobrador de hipotecas. É o segundo filme com essa temática que assisto nesta semana e os dois tem muito incomum: às vezes, o preço a se pagar por "condições melhores" será, muitas vezes, o preço de se ver em situações ainda mais degradantes do que o habitual ou fazendo mais do mesmo, porém agora sem poder questionar por isso. Apesar do movimento, da ação, da vontade, do desejo em lutar para ter o mínimo de dignidade e prazer nessa vida irá sempre se esbarrar nos muros, sejam eles linguísticos, culturais, econômicos e sociais.
Apesar de Lars nos apresentar uma história de amor, capaz de superar os dogmas da igreja, a reprovação dos pais, o preconceito da pequena comunidade Bees. Ele não resistiu ao egoísmo, inerente ao ser humano, ao machismo e a misoginia.
Lars trabalhou de forma esplendida os conceitos de violência. Primeiro a psicológica por meio da própria família que em nome - do amor - tenta protegê-la dela mesma e do mundo privando seus desejos, vontades e da liberdade de ser quem é; e posteriormente, representado pela igreja, que em nome da religião a humilhava de diversas formas; a terceira a violência da sociedade perante o diferente. Bess era uma mulher sensível, sonhadora e, aparentemente, frágil (diante de tudo que ela já vinha passando) foi agredida socialmente diversas vezes: pelos olhares repulsivos, pelo apedrejamento, pela exclusão. A terceira a violência do seu marido que para ficar em paz consigo mesmo a manipulou de forma perversa e dolorosa.
No final vi o quanto ela era forte e como ela se cobrava para ter a aprovação de Deus e, assim, conseguir a aprovação daquelas pessoas ao seu redor. Achei fantástico os diálogos que ela faz consigo representando este Deus punitivo, sentenciador, intolerante, tal como as pessoas são!
Bom, Lars sendo Lars! Com certeza este filme dele está disputando com o meu preferido Dançando no Escuro!
O filme retrata como o empreendedorismo somado a migração para países ditos desenvolvidos seria capaz de solucionar todos os problemas das pessoas. Este drama familiar coreano ilustra bem os desafios de qualquer outra família migrante: a má adaptação, o sonho do marido, a nova vizinhança, a cultua, a crença os costumes. Apesar da má recepção do pequeno David avó traz um pouco do que seja um lar para essa família. Eu dei boas risadas para as estripulias dele! E acredito que se um dia tão tão distante eu venha a ser avó eu não serei uma avó de verdade! (e tomara!) haha
Gostei muito do filme. Achei sensível como foi conduzida a história. Davi Lynch faz uma homenagem a vida de John Merrick ao contar a sobre a dor, o preconceito e suas limitações. Poderia citar vários aspectos que me sensibilizaram neste filme: a inadequação do personagem naquela sociedade, a violência que ele sofria por todos, embora havia o discurso que queriam ajudá-lo, a volta por cima que ele deu nas dificuldades....Mas, me atenho a cena
que ele sai do vagão do trem e enfrenta os olhares (curiosos, afoitos e violentos das pessoas) e depois ele começa ser perseguido pelas pessoas na estação. Até que encurralado ele diz que também era humano.
E pensei em quantas vezes a gente tem que avisar aos nossos semelhantes que somos - todos - humanos. As pessoas parecem se esquecer... Não sei se a qualidade do filme que eu assisti estava muito boa, mas achei linda a gravação em preto e branco.
Herzog foi muito feliz ao abordar os meandros do desenvolvimento humano neste filme. Kasper era muito especial e sucumbiu ao descaso com o seu ser ao contornar algumas limitações que o impedia de viver, dignamente, em sociedade.
Como uma criança e também com o auxílio de várias delas, ele aprendeu a falar, a ler, a decodificar os símbolos e desenvolveu a habilidade com os instrumentos musicais. Aos poucos ele foi nos mostrando capacidades ainda mais avançadas que nos são comuns, mas porque fomos ensinados desde a tenra idade a reconhecê-los.
Destaco que as crianças com toda a curiosidade o tratava com uma pessoa normal. Enquanto, os adultos adotaram a característica comum a época: o olhar exótico ao que é diferente: a cultura, as características físicas, a condição biológica, a estatura e tal como os animais essas pessoas que não se encaixavam no estereótipo eram exibidas debaixo de uma tenda de circo.
Quanto ao roteiro fiquei pensando se a história contada pelo o homem que o deixa na cidade é verídica, pelo fato que na época crianças com alguma síndrome eram rejeitadas por suas famílias. A ideia de um pai de família compactuar com a reclusão de Kasper da sociedade não me desce.
Acredito que é um filme indispensável a todo educador(a) para refletir acerca do desenvolvimento e principalmente, para contribuir com as discussões sobre a inclusão tão necessária nas escolas e na sociedade em geral.
O mesmo trabalho que dignifica o homem, em pleno século XXI tem causado a sua destruição. Ao alcançar o "sucesso" as custas da dor, do escárnio e sofrimento dos seus semelhantes. O homem perdeu-se em futilidades que o distancia daquilo que é mais genuíno: ele mesmo.
Com certeza, os diretores fazem um retrato fiel do Brasil contemporâneo! As pessoas são todos os dias convencidas que são as unicamente responsáveis de tudo que passam, ou seja, desconsidera que vivemos em sociedade. E só por isso, não entendem que ação do outro, seja ela qual for, reverbera na vida dos demais.
O trabalho que é um meio de subsistência tornou-se a espécie de um prêmio aos que conseguem romper com todos os obstáculos impostos: falta, constante, de equipamentos que supra a necessidade do outro, a falta de qualificação, a falta de aparência, a falta de família, a falta...a falta.. a falta...Acredito que apenas a máquina estará apta a exercer esses papéis que o mundo do trabalho tem demandado, pelo menos até encontrarem outra coisa que seja ainda mais "perfeita".
O filme começa com um suspense interessante, mas só começa.
Eu estava com a expectativa de algo acontecer, de fato, com a personagem principal. No sentido, de ela descobrir algo que acontecia naquela cidade. O tio dela foi se desintegrando do personagem ao longo do filme (de cara lúcido que socorre a sobrinha a um cara que se "perde" dentro de uma cabine). Não deu para entender o que significava a cabine e qual era o seu efeito nas pessoas.
O núcleo do longa: os adolescentes que queria a qualquer custo serem populares da escola e que acolhem a novata meio a contra gosto me rendeu a cenas divertidas, mas só isso.
As cenas do parque me lembraram muito o filme Premonição e o final me remeteu a trama do filme Nós do Jordan Peele, acredito que estas referências me fizeram me frustrar ainda mais com o filme.
O Céu Pode Esperar
3.2 49 Assista AgoraO céu pode esperar? No caso do jogador de futebol americano Joe Pendleton (Warren Beatty) sim. O atleta que se preparava para, enfim, jogar a partida da sua vida teve seu sonho interrompido abruptamente. E aconteceu o mais improvável, sua morte estaria programada apenas para 2025, é engraçado ver que em 1978 (ano de gravação do filme), o século XXI era visto como muito distante.
Bom, diante deste equívoco, Joe fez tentativas - engraçadas - para retornar para a terra. Mas, com a impossibilidade de retornar com o seu corpo que já havia sido cremado, ele junto com os agentes do céu começou a estudar em qual vida e corpo seria mais apropriado e interessante para reencarnar.
Durante esses estudos, Joe foi pego por um senso de justiça que o encorajou a encarnar na pele de um grande empresário, para fazer uma reparação na vida de uma mulher, Bety Logan (Julie Christie). Ela estava sendo prejudicada pelos empreendimentos deste empresário que, concomitantemente, estava sofrendo tentativas de assassinato por sua mulher e seu amante. Com esse objetivo claro, a vivência de Joe na mansão rende cenas engraçadas e inusitadas pela situação. Até que os agentes do céu consegue encaixá-lo em um corpo com uma história e uma trajetória semelhante, para que ele retome a sua vida normalmente. Na verdade, quase, porque em um encontro "por acaso" com Bety, Joe ativa uma lembrança com ela e assim eles terminam juntos.
O filme oscila entre um drama e tragicomédia, alguns momentos são melancólicos e outros super engraçados, algo parecido com a vida mesmo.
Resgate
3.5 803No início achei um filme bem clichê: ação em que o tira vai "salvar", "socorrer", "proteger" alguém, o que me fez demorar a embarcar na história. Bom, este no caso, produzido por Sam Hargrave conta nas entrelinhas a história de três pais, o personagem principal Tyler Rake (Chris Hemsworth), Saju Rav (Randeep Hooda) e Ovi Mahajan Sr. (Pankaj Tripathi) que tem seus destinos definidos ou pré-definidos pela busca de Ovi Mahajan, filho de Ovi.
A história ocorre na cidade de Bangladesh, com um trânsito tanto quanto caótico favorece cenas de ação e suspense que surpreende muitas vezes, com carros que acertam alvos ou que atropelam "sem querer" os personagens que estão em luta corporal intensa. A cidade é comandada por um chefe do crime organizado: Amir Asif (Priyanshu Painyuli) que para punir Ovi sequestra o seu filho, porém, Ovi ordena que seja contratado um serviço de operação para resgatar seu filho. Nisso Tyler entra numa "missão suicida" de busca desfreada pelo garoto.
Durante as cenas é notável as diferenças sociais, as crianças eram preparadas para atirar, manusear armas, enquanto Ovi Jr. dedicava-se aos estudos e aos esportes. Mas, apesar de seu pai querer que ele tenha uma vida diferente. Ele acaba por cometer alguns delitos para manter a sua sobrevivência, tal como as crianças que são aliciadas por Amir. Destaco o protagonismo feminino do longa que surpreendeu positivamente.
Bom, o final ficou em aberto e devido ao grande sucesso que foi este filme, em 2020. Ele ganhará uma continuidade. Filme lançado no ápice do lockdown da pandemia do novo coravírus rendeu a Netflix records de visualização.
A Voz Suprema do Blues
3.5 540 Assista AgoraGeorge C. Wolfe narra a dura história de violência, segregação, preconceito sob o manto da rainha do blues, Ma (Viola Davis). A princípio, achei a sua presença exagerada e aos poucos fui compreendendo o cerne da narrativa.
Eu esperava ouvir mais músicas da Ma e sua banda, pois eu tinha a expectativa de assistir um filme autobiográfico. Contudo, no final percebi que a "Voz do blues" é a voz todos os negros, sobretudo, os americanos que estavam (re)existindo em uma sociedade que só via uma finalidade deles: extrair o que eles têm de melhor e claro dar novas roupagens.
Os relatos dos músicos reforçam essa ideia. É bonito ver a alegria e a felicidades que eles tinham em tocar e viver da música. Com certeza, essa era uma oportunidade de afastar os demônios, as mágoas, as tristezas. Mas, menos para Levee (Chadwick Boseman) que muito traumatizado e atordoado tinha seus traumas aflorados pela impossibilidade de ser reconhecido tal como desejava, ser um músico reconhecido.
O que me incomodou no filme foi a falta de união entre os músicos. As atitudes rudes de Ma para com seus semelhantes, para mim, são injustificáveis. Porque me faz pensar que toda a imposição que ela tinha frente as pessoas brancas, era uma vontade de ser aceita e não, necessariamente, uma forma de "mostrar como ela deve ser respeitada", como ela tentava passar para as outras pessoas. Enquanto o seu empresário e o dono da gravadora, apesar de estarem em lados opostos se entendiam e faziam concessões entre si.
No fim, tanto Ma quando Levee se subordinaram a ordem predominante: Ma ao ceder os direitos de uso da sua voz a gravadora e Levee ao vender - contra a sua vontade - as músicas que compôs.
O final todos nós sabemos, eu conheci o gênero blues a partir de vozes de cantores brancos.
O Expresso da Meia-Noite
4.1 476 Assista AgoraAchei incrível o filme, ainda mais, por ser baseado em uma história real.
Para os parâmetros da época, final da década de 70, Alan Parker entrega um obra crua tal como a história que a origina.
Acredito que o filme não objetiva julgar Bill ou o aquele lugar que o encarcerou, tampouco, condenar o país. Tal como é os filmes de histórias reais, a filmografia expõe o sofrimento dele e de outras pessoas e revela ao mundo uma outra perspectiva de punição. Sendo esta, extremamente truculenta que não considera os direitos humanos que são universais e nega o direito de reparação do erro da pessoa. Me senti sufocada ao ver que ele não entendia o que aquelas pessoas falavam e elas também não queria ouvi-lo. Ele ficou vários anos sem ao menos poder tentar se explicar é muito cruel!
A trilha sonora faz jus ao prêmio que recebeu, ela é muito boa. Eu me senti muito envolvida com o drama do personagem.
AmarElo - É Tudo Pra Ontem
4.6 354 Assista AgoraO documentário é muito didático e achei bonita a sua construção.
Mas, fiquei com a sensação de ser muito forçado e, ao mesmo tempo, ele faz um marketing sobre o trabalho do cantor. Isso é ruim? de maneira alguma.
Só me traz a sensação que ele conta a história se colocando como um - único resultado - de toda a luta que foi feita para ele se reconhecido no seu trabalho e ter acessos que são até hoje negados para uma - grande parcela da população brasileira: - a população negra.
Mas, ao mesmo tempo penso que este lugar é o daquele que oprime, exclui, segrega. Então, me questiono se é necessário estar nestes lugares. No mais, se faz necessário, principalmente, para a galera alienada neste país que trata tudo como "mimimi".
Enfim...senti falta da Elza Soares nessa história!
Sobre Meninos e Lobos
4.1 1,5K Assista AgoraO longa conta a história cruzada de três amigos de infância: Jimmy, Dave Boyle e Sean, que apesar de adultos compartilham um drama com um clima de suspense para o desvendamento de três ocorrências durante a trama. A primeira é quando um dos amigos, Dave Boyle ainda criança, é raptado e brutalmente abusado durante dias. O segundo, já na segunda parte do filme, o assassinato de Katie filha de Jimmy(Sean Penn), e, concomitantemente, o assassinato de um estuprador.
A história ficou muito bem construída e desde o princípio leva o telespectador para conclusões que só ao final serão ou confirmadas ou totalmente frustradas. No meu caso foram frustradas rs, acredito que o filme foi construído para
incriminar Dave, sempre quando o aparecia era em meia luz ou no breu, enquanto, Jimmy e Sean estava sempre em espaços iluminados.
Clint Eastwood me tirou completamente do lugar com este filme. Como os comentários abaixo, fiquei frustrada com o final do filme. Acredito que agora, ao invés de só Dave sofrer com o que sofreu. Sean e Jimmy carregaram a culpa pelo seu desfecho, apesar de demonstrarem que seguiriam a vida em frente. Dave também, tentou seguir em frente com a dor que carregava, mas foi consumido pela solidão e pela a incompreensão das pessoas.
A Mula
3.6 355 Assista AgoraNão importa o que seja feito para quem amamos, ainda será pouco.
Filmaço!
A Escavação
3.5 215 Assista AgoraO filme é sobre uma história real de uma das descobertas mais fantásticas da humanidade: a descoberta do Tutancâmon Britânico, em uma época que não havia equipamentos e disponibilidade técnica e científica para tal feito. E isso, foi revertido pela confiança de uma mulher (Pretty) que havia sonhado que encontraria um sítio arqueológico e do trabalho desempenhado de um simples escavador do vilarejo, Basil Brown.
A pesquisa feita por este homem em conjunto de técnicas elementares trouxe a tona uma história soterrada. Porém, o reconhecimento do feito só foi realizado tardiamente, revelando o quão grande é o ego do academicismo que despreza os saberes populares. Todo o esforço de Basil que, certamente, contribuíram para o desenvolvimento de métodos, pesquisas e técnicas arqueológicas foram suprimidos.
A história é fantástica, mas a forma que o Simon Stone apresentou é desanimadora. O roteiro é confuso, ao invés de focar na história central, ele mistura diversos acontecimentos: a guerra, o relacionamento homoafetivo de um dos membros da equipe da escavação, a doença da personagem, os dilemas do filho da personagem. Enfim, eu queria saber sobre o que se passava na cabeça da Pretty ao ver seu sonho se tornando real, dos sentimentos do Basil diante da descoberta de tudo aquilo. O filme nem mostrou O capacete de Sutton Hoo e os demais objetos que foram encontrados e hoje fazem parte do museu britânico.
Uma Mulher Descasada
3.8 19Nas primeiras cenas Mazurky apresenta uma família americana padrão: o pai que trabalha fora, a mulher que se divide entre a casa e o seu trabalho, uma filha adolescente no ápice da sua "descoberta" do mundo. A princípio, está tudo bem. As cenas de intimidade do casal reforça a cumplicidade que eles têm. Mas, tudo muda quando o marido se convence de estar apaixonado por uma mulher que conheceu enquanto fazia compras, há pelo menos um ano. Lá se vão 17 anos de casamento da Erica.
Diante dessa mudança, ela recorre a companhia das amigas e a todo momento a única alternativa que lhe apresentada é a necessidade de dar a volta por cima da situação, ou seja, arrumar um outro companheiro. Até o médico ignora os sintomas físicos da separação repentina, e, recomenda à Erica, uma companhia, que poderia ser a dele.
Aos poucos ela até se rende a esse ideal, ao mesmo tempo, se permite viver, se redescobrir, sentir sensações novas. A história dela e a filha se entrelaça e isso ficou bonito, porque, no amor não há regras e nem idade, o fim é doloroso para todos(as). Quando Érica conhece Saul, parece que, ela conseguiu se reabrir para o desconhecido, um pintor apaixonado, desprovido de quaisquer inseguranças que queria apenas viver. Um refúgio perfeito! Mas, ainda assim, ela decide traçar o seu caminho só. Isso, eu achei brilhante, apesar de torcer para ela ficar com ele rs. Entendo a Érica: um relacionamento precisa primeiro fazer sentido, para então, ser necessário e naquele momento, o único relacionamento possível era da Érica com a liberdade.
Este filme nos conta uma história, que para mim, está frente do seu tempo!
Uma pena que a indústria não aprendeu nada, se tivessem compreendido a ideia deste filme todas as "comédias românticas" dos últimos vinte anos seriam totalmente desnecessárias ao criarem várias personagens que só tem um objetivo: conquistar a qualquer custa migalhas de alguém.
Onde Sonham as Formigas Verdes
4.0 13Onde sonham as formigas verdes é um filme que apresenta, por meio da cultura aborígenes, a prepotência dessa cultura de desenvolvimento predatório, que busca a qualquer custo a acumulação de capital.
Herzog criou uma narrativa que evidencia a incompreensão entre as culturas. Sendo elas a aborígenes e a do homem (desenvolvimentista) ocidental. Se tratando de duas culturas distintas esse choque é normal, tendo em vista, que ambos não se conhecem e tampouco sabem os seus costumes. Os diálogos entre o chefe dos aborígenes e o geólogo deixa claro isso. Porém, parece que o homem ocidental tem uma insensibilidade que vai além do desconhecido:
a personagem que solicita a ajuda do geólogo para encontrar o seu cachorro que se perdeu entre o local de exploração ilustra isso. Ela, também, não foi incompreendida por seus iguais que não viram a importância que seu pet tinha em sua vida. Em contrapartida ao final do filme, o cãozinho "reaparece" entre os aborígenes, ou seja, eles o acolheu, para eles não era apenas um cãozinho, como aquele lugar não era apenas um local com solo abandonado
O filme tem vários elementos fantásticos que merece análise profunda: como a religião, a relação do homem com a terra, sobre o que é o desenvolvimento, o que nos define, e o que é o diferente.
Concordo com alguns comentários abaixo sobre as falas dos aborígenes, de fato, acredito que ficou imposto esse aspecto. Eu fiquei esperando ver as formigas também rs
A Malandrinha
3.0 186 Assista AgoraCurly Sue é sobre a história de uma menina órfã que está sob os cuidados de um homem que a tem como filha, o Bill. A sua esperteza diante da fome, da falta de lar e a saudade da mãe é camuflada pelos truques e alguns trambiques que foi aprendendo na rua. Depois de um plano que parecia ser infalível eles tentam sensibilizar a advogada bem sucedida Grey.
Achei curioso a forma que Hugher apresenta essa personagem: ela carrega todo o estereótipo sexista. As mulheres bem sucedidas profissionalmente como sendo o oposto de mulheres que são mães e esposas. A forma em que os colegas de escritório falam com ela é como se a controlassem de alguma forma, pelo fato, dela não ter uma família formada, aparenta que ela pode lidar com os divórcios de seus clientes de uma forma arrebatadora.
O que muda com a chegada de Curly e de Bill na sua vida, é inegável que eles a preenche de sensibilidade a fazendo tomar outros rumos profissionais e amorosos.
O final dá um calorzinho no coração <3
Fitzcarraldo
4.2 148 Assista AgoraEu amei este filme!
Herzog narra uma história no coração da densa floresta Amazônica que se confunde com suas próprias ambições! Fitz com certeza é a personificação de Herzog, não consigo pensar em algo diferente.
O sonho de Fitz em construir uma casa de ópera na floresta, já era para mim surreal, pelas características da localidade, a cultura e os costumes. Mas, o Herzog trabalha este contraste com maestria em apontar como uma cultura, como a indígena foi aos poucos invadida, silenciada, dizimada em detrimento dos sonhos em explorar e "descobrir" novas maneiras de fazer dinheiro.
A maneira como o brasileiro, é apresentado não foge muito dos dias atuais: soberbo, deslumbrado, aquele que busca a verossimilhança entre europeus a todo custo. Aquele que " lava as roupas na Europa porque acha a água de Manaus impura". Nada mudou.
Eu vibrei com a engenhoca de Fitz e o clima de tensão criado prevendo que qualquer coisa inesperada poderia acontecer a qualquer momento me contagiou. Acredito que o Herzog trabalhou bem esse aspecto em apresentar, após Aguirre: a Cólera dos Deuses, os indígenas primeiro como pessoas e segundo pessoas que apesar de serem duramente explorados são capazes de contribuir.
Obs: Bituca (Milton Nascimento) e Otelo no mesmo elenco. Fantástico.
Malcolm & Marie
3.5 314 Assista AgoraA história do longa é sobre o casal formado por Malcom e Marie que deixaram seus incômodos passarem ao longo do tempo, com a típica visão que esses incômodos eram banais e corriqueiros, mas no final eles se tornaram grandes e impossíveis de guardar, levando a explosão dos personagens em palavras agressivas.
Os enquadramentos, os diálogos, e atuações são muito convincentes. E, em determinado momento do filme eu compreendi a dor de Marie em se dedicar tanto ao namorado, para no fim das contas ele "se esquecer" de agradecê-la ou mencioná-la durante a sua ascensão. Mas, depois fiquei pensando se não foi uma forma de preservá-la de tantas críticas diante da semelhanças entre a história dela com o personagem que ele criou para o filme.
Enfim, achei o filme longo e cansativo, quando terminei fiquei sem acreditar que fiquei mais de uma hora assistindo uma discussão.
Woyzeck
3.9 31Este é o filme mais confuso que eu assisto do Herzog.
Não consegui entender algumas coisas do roteiro. Afinal Woyzeck era fazia parte de um experimento e por isso agia daquela forma ou ele era daquele jeito acelerado de ser?
O romance entre ele a personagem de Eva Mattes ficou nebuloso para mim. De fato existia? ou fazia parte do imaginário de Woyzeck?
Klaus Kinski de fato dá um show de atuação.
Nosferatu: O Vampiro da Noite
4.0 248Fui envolvida ao clima sombrio e fúnebre do filme!
Amei as ambientações que são marca registrada do Herzog, com certeza, contribuiu para a condução dessa fúnebre história. Foi o primeiro filme que assisti que não retrata o vampiro como algo a ser vangloriado, como é retratado nas produções mais recentes.
Outro aspecto do Herzog que tomou a história foi a relação dos animais que aos poucos se adentram na cidade. No início do filme há o caminho do Harker ao encontro de Drácula que encontra-se distante. Após este primeiro contato, foi como se tivesse rompido o elo que separava o animalesco, o selvagem, o repugnante dos outros seres que viviam na cidade pacata de civilizada. Os animais ao retomar a este espaço começam a disputá-los com os poucos homens que, ainda, resistem ao ataque dançando e brincando em meio ao caos - nada diferente da nossa atual sociedade -;
Obs: A caracterização de Klauss Kinski como Drácula ficou fantástica! Eu nem o reconheci.
O Grande Hotel Budapeste
4.2 3,0KQue filmes gostoso de assistir! [2]
Como eu torci pelo Mrs. Gustave e Zero!!
Destaco os frames do filme, são lindíssimos.
Nomadland
3.9 896 Assista AgoraFantástico!
Pensar em jovens mochileiros para mim sempre foi algo "normal". Mas, eu NUNCA tinha pensado nas pessoas que envelhecem na estrada. Uma história incrível sobre a delícia de ser quem é: pessoas que querem viver, simples.
Chloé Zhao nos apresenta uma história que contempla muito a sociedade pós-moderna em que estamos inseridos. Qual é o sentido de crescer e viver para sempre no mesmo lugar? Com a imensidão do mundo que se tem lá fora? Bem diante dos nossos olhos? Ao mesmo tempo o ritmo no qual o filme se desenvolve ele mostra que mesmo na estrada a rotina e o cansaço se fazem presente. O diferencial entre um e outro é as companhias que fazem esta forma de vida ser tão incrível aos olhos de quem vê.
A crítica ao sistema capitalista em si é latente e imperativa! Acredito que farei parte da geração de nômades de 60+. Merece todas as indicações no Globo de Ouro e tem minha torcida.
Obs: Destaco a fotografia e a trilha sonora.
Stroszek
4.1 77Herzog se distancia dos ambientes naturais, em comparação com os filmes anteriores, e parte para o território americano.
Essa "virada" é simbolizada no movimento de seus personagens: Stroszek, Eva e Scheitz em busca da realização de seus sonhos na América. Essa América, leia-se: Estados Unidos da América é apresentada pelo consumo, desprovida de natureza, pois o ser se esvai pela demanda contínua do trabalho, animais silvestres são proibidos e o contato com a natureza se resume ao passeios no parque.
Os diálogos entre os personagens revelam a frustração deles com essa América, muito bem representada pelo cobrador de hipotecas. É o segundo filme com essa temática que assisto nesta semana e os dois tem muito incomum: às vezes, o preço a se pagar por "condições melhores" será, muitas vezes, o preço de se ver em situações ainda mais degradantes do que o habitual ou fazendo mais do mesmo, porém agora sem poder questionar por isso.
Apesar do movimento, da ação, da vontade, do desejo em lutar para ter o mínimo de dignidade e prazer nessa vida irá sempre se esbarrar nos muros, sejam eles linguísticos, culturais, econômicos e sociais.
Ondas do Destino
4.2 335 Assista AgoraApesar de Lars nos apresentar uma história de amor, capaz de superar os dogmas da igreja, a reprovação dos pais, o preconceito da pequena comunidade Bees. Ele não resistiu ao egoísmo, inerente ao ser humano, ao machismo e a misoginia.
Lars trabalhou de forma esplendida os conceitos de violência.
Primeiro a psicológica por meio da própria família que em nome - do amor - tenta protegê-la dela mesma e do mundo privando seus desejos, vontades e da liberdade de ser quem é; e posteriormente, representado pela igreja, que em nome da religião a humilhava de diversas formas; a terceira a violência da sociedade perante o diferente. Bess era uma mulher sensível, sonhadora e, aparentemente, frágil (diante de tudo que ela já vinha passando) foi agredida socialmente diversas vezes: pelos olhares repulsivos, pelo apedrejamento, pela exclusão. A terceira a violência do seu marido que para ficar em paz consigo mesmo a manipulou de forma perversa e dolorosa.
No final vi o quanto ela era forte e como ela se cobrava para ter a aprovação de Deus e, assim, conseguir a aprovação daquelas pessoas ao seu redor. Achei fantástico os diálogos que ela faz consigo representando este Deus punitivo, sentenciador, intolerante, tal como as pessoas são!
Bom, Lars sendo Lars! Com certeza este filme dele está disputando com o meu preferido Dançando no Escuro!
Minari - Em Busca da Felicidade
3.9 551 Assista AgoraO filme retrata como o empreendedorismo somado a migração para países ditos desenvolvidos seria capaz de solucionar todos os problemas das pessoas. Este drama familiar coreano ilustra bem os desafios de qualquer outra família migrante: a má adaptação, o sonho do marido, a nova vizinhança, a cultua, a crença os costumes.
Apesar da má recepção do pequeno David avó traz um pouco do que seja um lar para essa família. Eu dei boas risadas para as estripulias dele! E acredito que se um dia tão tão distante eu venha a ser avó eu não serei uma avó de verdade! (e tomara!) haha
O Homem Elefante
4.4 1,0K Assista AgoraGostei muito do filme. Achei sensível como foi conduzida a história.
Davi Lynch faz uma homenagem a vida de John Merrick ao contar a sobre a dor, o preconceito e suas limitações.
Poderia citar vários aspectos que me sensibilizaram neste filme: a inadequação do personagem naquela sociedade, a violência que ele sofria por todos, embora havia o discurso que queriam ajudá-lo, a volta por cima que ele deu nas dificuldades....Mas, me atenho a cena
que ele sai do vagão do trem e enfrenta os olhares (curiosos, afoitos e violentos das pessoas) e depois ele começa ser perseguido pelas pessoas na estação. Até que encurralado ele diz que também era humano.
Não sei se a qualidade do filme que eu assisti estava muito boa, mas achei linda a gravação em preto e branco.
O Enigma de Kaspar Hauser
4.0 328Herzog foi muito feliz ao abordar os meandros do desenvolvimento humano neste filme. Kasper era muito especial e sucumbiu ao descaso com o seu ser ao contornar algumas limitações que o impedia de viver, dignamente, em sociedade.
Como uma criança e também com o auxílio de várias delas, ele aprendeu a falar, a ler, a decodificar os símbolos e desenvolveu a habilidade com os instrumentos musicais. Aos poucos ele foi nos mostrando capacidades ainda mais avançadas que nos são comuns, mas porque fomos ensinados desde a tenra idade a reconhecê-los.
Destaco que as crianças com toda a curiosidade o tratava com uma pessoa normal. Enquanto, os adultos adotaram a característica comum a época: o olhar exótico ao que é diferente: a cultura, as características físicas, a condição biológica, a estatura e tal como os animais essas pessoas que não se encaixavam no estereótipo eram exibidas debaixo de uma tenda de circo.
Quanto ao roteiro fiquei pensando se a história contada pelo o homem que o deixa na cidade é verídica, pelo fato que na época crianças com alguma síndrome eram rejeitadas por suas famílias. A ideia de um pai de família compactuar com a reclusão de Kasper da sociedade não me desce.
Acredito que é um filme indispensável a todo educador(a) para refletir acerca do desenvolvimento e principalmente, para contribuir com as discussões sobre a inclusão tão necessária nas escolas e na sociedade em geral.
Eu, Empresa
3.2 14O mesmo trabalho que dignifica o homem, em pleno século XXI tem causado a sua destruição. Ao alcançar o "sucesso" as custas da dor, do escárnio e sofrimento dos seus semelhantes. O homem perdeu-se em futilidades que o distancia daquilo que é mais genuíno: ele mesmo.
Com certeza, os diretores fazem um retrato fiel do Brasil contemporâneo!
As pessoas são todos os dias convencidas que são as unicamente responsáveis de tudo que passam, ou seja, desconsidera que vivemos em sociedade. E só por isso, não entendem que ação do outro, seja ela qual for, reverbera na vida dos demais.
O trabalho que é um meio de subsistência tornou-se a espécie de um prêmio aos que conseguem romper com todos os obstáculos impostos: falta, constante, de equipamentos que supra a necessidade do outro, a falta de qualificação, a falta de aparência, a falta de família, a falta...a falta.. a falta...Acredito que apenas a máquina estará apta a exercer esses papéis que o mundo do trabalho tem demandado, pelo menos até encontrarem outra coisa que seja ainda mais "perfeita".
Passagem Secreta
2.0 4 Assista AgoraO filme começa com um suspense interessante, mas só começa.
Eu estava com a expectativa de algo acontecer, de fato, com a personagem principal. No sentido, de ela descobrir algo que acontecia naquela cidade. O tio dela foi se desintegrando do personagem ao longo do filme (de cara lúcido que socorre a sobrinha a um cara que se "perde" dentro de uma cabine). Não deu para entender o que significava a cabine e qual era o seu efeito nas pessoas.
O núcleo do longa: os adolescentes que queria a qualquer custo serem populares da escola e que acolhem a novata meio a contra gosto me rendeu a cenas divertidas, mas só isso.
As cenas do parque me lembraram muito o filme Premonição e o final me remeteu a trama do filme Nós do Jordan Peele, acredito que estas referências me fizeram me frustrar ainda mais com o filme.