O filme se ambientado em Djibouti, uma zona fronteiriça entra França e a Somália. Em momento de intensos conflitos políticos e sociais, terroristas somalianos decidem sequestrar um ônibus escolar quando 21 crianças estavam a caminha da escola. Essas crianças é a turma inteira da professora americana, Jane Andersen (Olga Kurylenko).
A professora atenta aos conflitos preocupa-se com a falta de todos os seus alunos da classe e resolve ir até o caminho do ônibus. Isso não fica claro no filme como ela chegou até o ônibus, porque após os terroristas assumirem o controle do veículo eles param em um lugar desértico. Acredito que a furos no roteiro quanto a isso. Aliás, como a segurança nacional toma conhecimento, também, não ficou claro, só aparece a operação de resgate, que na verdade são apenas os atiradores de elite, porque não existe um plano de ação, mostrando total descaso daquelas pessoas com a vida das crianças. A professora ao conquistar a confiança dos somalianos passa a interceder entre eles e a "operação de resgate".
O longa ficou muito mal roteirizado, não deu ênfase no ato heroico da professora, não se ateve as crianças que estavam ali sofrendo em meio a um conflito armado e o título só faz a referência
ao tempo gasto pelos atiradores de elite para alvejar os terroristas, este fato foi puramente intuitivo, pois não mostra ser parte de um plano da operação de resgate
. Enfim, o filme poderia ter dado um olhar mais atencioso a este triste confronto em que crianças foram usadas como um escudo para chamar atenção para os problemas entre os somalianos e os franceses da época.
Finalmente chegou o reencontro dessas duas criaturas, mas achei tão pouco o contato que eles tiveram. Os gráficos usados são incríveis, aquele laser do Godzilla só não queimou minhas retinas, porque eu assisti no meu humilde notebook (rs). Queria muito ter assistido no cinema e quem sabe em 3D.
qual foi a necessidade da Monarch transportar Kong para a "Terra Oca", por vezes, enganando o coitado, sendo que depois ele não faz nada de efetivo lá ( só pegou o machadinho).
Entendo, que é um retorno as origens do Kong, mas ficou muito mal construído.
Para mim, ele foi apenas uma isca para a Space, porque assim, eles encontraram o portal de energia, através do Godzilla e eles puderam, enfim, energizar o Mechagodzilla.
Este último teve um super destaque de construção e revelou que o inimigo do filme não era nem Godzilla e muito menos Kong, o inimigo são os humanos (ficou algo ala Scobby Doo).
Senti falta do embate direto do Godzilla vs Kong proposto pelo título, ficou muito blasé o Kong até ser ressuscitado para ajudar o Godzilla a exterminar o Mechagodzilla.
O filme conta a narrativa de Cassie (Carey Mulligan), que se confunde com a história de Nina, sua melhor amiga, que aos poucos é revelada na trama. A princípio, Cassie é apresentada ao telespectador como uma mulher com duas personalidades distintas: durante o dia ela é uma moça pacata que mora com os pais e trabalha em uma cafeteria, mas a noite ela é uma mulher que frequenta o pub da cidade que se "embebeda" e, constantemente, é ajudada pelos homens mais cavaleiros do recinto.
Com esse enredo Emerald Fennell traz para o filme, o fato das mulheres serem vistas como um "alvo fácil", a partir do momento em que elas estão inconscientes pelo uso de álcool ou drogas. Todos os homens do pub que ela frequenta são bons e muito prestativos ao perceber que Cassie precisa de ajuda. Ees imediatamente, chamam um táxi, ou a faz andar, para suas casas. Isso não implica eles terem uma carreira ou um relacionamento estável, porque aquela mulher não faz diferença na vida deles, porque é apenas um modo de descarregar o seu desejo sexual.
Eis que a personagem do filme brinca com essa "possibilidade" e assusta seus algozes apenas revelando que está sóbria,
e, isso é motivo deles chamá-la de louca ou psicopata, em uma tentativa de desqualificar a mulher que é vítima na situação para transformá-la e vilã. Mas e eles? o que são?
No filme é trabalhado como a violência sexual tem várias nuances e é impactante para quem sofre em vários aspectos, seja emocional, físico, psicológico, financeiro que não se restringe apenas a vítima, ele se estende a todos que estão ao redor dela. Aliás, essa é a essência do filme: revelar as diferentes violências que ocorrem com as mulheres em detrimento do prazer, da carreira, da vida, do status de um homem. O sofrimento de Cassie transmutado pelo seu comportamento pelo triste incidente de Nina é a forma que a personagem encontrou para provar não só que
Nina foi violentada sexualmente e moralmente por pessoas que deveriam ter lhe acolhido,
mas que a sociedade é patriarcal, e sobretudo, machista, ou seja, não importa a violência sofrida por uma mulher, sempre terá aqueles que irão livrar a pele do agressor.
O filme lembrou muito o caso da brasileira, a modelo Mariana Ferrer que, inclusive, inaugurou um termo jurídico infame: o estupro culposo.
A história de Sileciadas é ambientada num pequeno vilarejo do norte da Espanha, no ano de 1609. O filme é baseado em fatos reais, quando na época ocorreu o maior "julgamento das bruxas da história" que se estendeu por toda a Espanha, no período da Inquisição. Em uma época que ecoava lendas sobre a existência de cultos pagãos, toda mulher que era considerada com trejeitos ou características que fossem semelhantes a "bruxas" eram queimadas.
Bom, neste filme, a história focaliza em cinco amigas: Ana (Amaia Aberasturi), Katalin (Garazi Urkola), María (Yune Nogueiras), Maider (Jone Laspiur), Olaia (Irati Saez de Urabain) e Oneka (Lorea Ibarra). Elas viviam no pequeno vilarejo, após a chegada do juiz da Inquisição Rostegui (Alex Brendemühl), acompanhando pelo conselheiro (Daniel Fanego), eles capturam as cinco amigas, porque elas geraram a desconfiança do padre Cristóbal (Asier Oruesagasti) de estarem realizando o Sabbath, um ritual demoníaco.
Essas jovens mulheres que vivam em meio ao campo e a floresta, ao serem capturadas pelos membros da igreja são torturadas para darem vestígios de como eram realizadas essas praticas do ocultismo. Todavia, o que estes homens que sob o escudo da religião e do nome de Deus não compreendiam é que essas garotas iam para floresta para conversar, compartilhar seus solhos e, sobretudo, DANÇAR!!! Exercer a liberdade que é inerente ao ser humano, mas, desde que não seja realizado pelas mulheres, porque senão era - ou ainda o é - ofensivo para aqueles homens tão preocupados em machucar, agredir, eliminar o que eles não compreendiam. Como diz Friedrich Nietzsche: " E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música”.
O diretor estreante Florian Zeller nos brinda com uma história realista: o dilema de uma filha que tem um pai idoso com Alzheimer. Anne, sua filha, após conhecer um francês o Paul, ela decide morar em Paris e isso implicava ter que pensar em uma forma de não desamparar o seu pai.
O interessante do filme é que ele é narrado pelo seu personagem principal Anthonny ao invés de ser pela perspectiva de Anne. As nuances do comportamento do pai, são surpreendentes, por meio, do seu comportamento áspero e rude, ele recria os fatos para que a realidade seja um pouco mais palatável. Tendo em vista, todo o sofrimento que ele estava passando com a sua nova condição. Então, nós telespectadores, vemos, sentimos, duvidamos e nos surpreendemos com a condução das coisas, tal como o personagem. Tendo em vista, toda a sua angústia em tentar entender o que está acontecendo com a sua vida. A montagem das cenas, para mim, foram incríveis, porque ela faz o telespectador ficar vidrado em cada detalhe daquele ambiente, para como o personagem, se apegar em alguns detalhes que consiga se estabilizar dentro da história.
Hopkins está PERFEITO na atuação, em nenhum momento parece interpretação do ator, ele transmite todo o sofrimento do personagem ao mudar suas expressões, o tom de voz, a postura, de forma, muito rápida. O filme, contudo, não me surpreende, na sua condução, o apartamento, a forma como o personagem ouve música, parece muito com o filme Amor (2012) do diretor Michael Haneke, que para quem tiver curiosidade de assistir, dá uma boa dobradinha com The Father, mas adianto: Segura o coração.
François Ozon narra uma história curta mais de uma intensidade sem tamanho: o verão de dois jovens, o garoto tímido Alexis e o divertido David Gorman.
A história dos dois se cruzam no mar aberto, após Alexis ter se distraído com o tempo e ter deixado o barco de velas ala bandeira do Brasil, de nome curioso: "tapa na bunda" virar com a aproximação do mal tempo. David com o seu barco Calypso consegue trazer a margem, novamente, Alexis, mas, ao mesmo tempo o faz perder o chão para sempre.
A amizade deles toma proporções inesperadas. Achei interessante, a forma que o filme surpreende o telespectador. Em uma mistura de amor, amizade, felicidade, desejo, apego a gente é transportado para aquela situação e se vê preso dentro dos sentimentos do Alexis.
A animação do Wes Anderson apresenta de forma lúdica as consequências de um governo totalitário na condução da vida comum de uma cidade. O filme é muito realista ao abordar a podridão política, que não é capaz de respeitar as regras do jogo democrático.
Na história, o prefeito Kobayashi da cidade de Megasaki, fundamentado sob a lenda antiga sobre os gatos serem superiores aos cães cultiva uma aversão aos cachorros, Com isso, ele resolve criar uma fake news sobre a possível existência de uma gripe canina capaz de infectar os seres humanos. A desculpa foi perfeita para convencer as pessoas que era preciso desafazer de seus pets em nome da segurança pública da cidade. Então, todos os cães foram enviados para uma ilha distante, que recebia montantes de lixo, ela foi denominada: "Ilha dos cachorros" um depósito provisório para, posteriormente eles serem exterminados.
Com uma estética impecável e muito realista os cães foram sobrevivendo como dava naquele local inóspito até a chegada do pequeno Atari estava à procura do seu fiel cão Stop. São reveladas a vida de alguns cães antes de serem enviados para o extermínio.
É impossível não ver as semelhança da situação mostrada no filme com a atual pandemia da Covid-19, o uso de máscara pelos personagens, o medo de um inimigo invisível, o empenho dos cientistas para encontrar uma vacina ou antídoto para amenizar o tamanho do sofrimento em ter que ficar distante daqueles que mais gosta e, principalmente, como o negacionismo agrava ainda mais na condução do problema.
Sons do Silêncio é uma história peculiar: um músico independente que vive em um trailer fazendo shows na estrada com a sua namorada. Juntos os dois se apresentavam e estavam perto de dar alguns passos na carreira. Até que Ruben perde a audição subitamente.
Darius Marder foi muito sensível em abordar como essa nova condição afetou de sobremaneira o personagem utilizando o silêncio das cenas como uma forma de se comunicar com o telespectador, as angustias, a revolta, a expectativa de pode reverter a situação. A apresentação de como as pessoas que são surdas vivem, também, eu achei muito positivo alguns aspectos, como: as crianças acolheram Ruben como ele era, sem preconceitos ou defesas, as trocas que eram feita com os colegas da comunidade e como foi o aprendizado do personagem para uma nova realidade que ele precisava, primeiro, aceitar para se reencontrar nesse novo universo.
O que me incomodou muito no longa foi a maneira em que foi "jogado" o fato do Ruben ter sido ex usuário de drogas, essa forma de abordar a dependência dele, deu a entender que ele ficou surdo por causa do abuso dessas substância. Apesar de contribuir, o uso não é determinante. O fato do Ruben ter que ficar completamente isolado na comunidade, acredito que contribui para que ele desejasse, ainda mais, recuperar a sua vida que estava fora daquele local.
Este longa de Paul Thomas Anderson, me faz questionar a existência da casualidade. Com uma película muito bem amarrada, tudo conversa no filme: a trilha sonora, os diálogos, os cenários, os enigmas que são "disparados" na tela, os caminhos.
A princípio, me remete, literalmente, uma história de pais refletida em seus filhos. Ao menos quatro personagens têm narrativas que derivam das decisões, das violências e, principalmente da falta da figura paterna em suas vidas, figura esta que deveria proteger, amar, cuidar. A toxicidade destes pais, para com seus filhos revela neles uma característica em comum: todos lutam à sua maneira pela aceitabilidade: seja sendo um grande apresentador, pela inteligência acima da média, o uso de drogas, a busca pela perfeição estética, ou desmistificando a "arte da conquista".
Dessa forma, eles vão mascarando suas dores, mágoas, desafios. Apesar dessa falta que traumatiza e impõe marcas eternas, o filme, para mim, fala sobre perdão, sobretudo, do auto perdão: ter a coragem de se perdoar e compreender que algumas senão, às várias, situações em que nos passa durante à vida são frutos de situações que não teríamos como agir diferente, porque não dependem exatamente da nossa ação sobre elas e, também, porque era a única ação possível no momento, seja ela boa ou ruim. No caso dos personagens de Magnólia, o inverso ocorre: primeiros eles perdoam, para depois se perdoarem.
Por isso, o versículo bíblico tão repetido ao longo das cenas é tão coerente, com o seu final:
Isaac Donato entrega o filme curioso: a história sobre uma mulher idosa, de 67 anos que a cada aniversário comemora como se tivesse 7. O longa concentra-se em grande parte no momento de preparação da festa, nota-se que, essa preparação não é feita por Açucena, mas sim, por seus vizinhos fiéis. O jeito que eles falavam dela parecia remete a uma figura onipresente, e foi assim, em boa parte do filme, porque, todos conheciam bem o que ela gostava e deixava de gostar, mas ela neste momento que antecede a confraternização ficou em falta. Acredito que a ênfase na primeira parte do filme em cada detalhe poderiam ser mais enxutos. A ideia de resgate aos vilarejos interioranos é interessante, pois mostra a união das pessoas, o cuidado, o interesse, a vontade pelo festejo. Isso é Brasil e isso me agrada muito. Só que o clima de suspense em torno da personagem me incomodou, a todo momento eu queria saber logo quem era e o porquê de seus gostos tão peculiares (como o porque da ordem para expor as bonecas na cama, porque a devoção pelo rosa entre outros).
"E você, conseguiu o queria desta vida, mesmo assim? Eu consegui. E o que você queria? Me chamar de amado, para me sentir amado na terra".
Alejandro G. Iñárritu foi muito feliz em roteirizar e produzir essa obra prima!!!! O filme é sobre um ator Riggan Thomsonque (Michael Keaton) que está em "decadência" na carreira, após passar grande parte dela dando vida ao Birdman, o aclamado super herói. Ele se vê diante da possibilidade de provar para todos que ele é um ator capaz de representar outros papéis e dar vida a outras histórias, mas ao invés do cinema, ele escolhe o teatro. Apesar do enredo ser simples, a história não é tão simples assim e a sua condução pode parecer um tanto confusa para alguns, porque o filme tem um plano-sequência e, olha não teria como ser diferente! A história flui de uma maneira que prende até o último segundo.
O filme me lembrou muito a produção do Cisne Negro (Darren Aronofsky), pela dedicação do personagem e, também, por ser um pássaro que conduz a história. Valeu todos os prêmios ganhos na temporada 2015, inclusive, os Oscars melhor filme e melhor roteiro original.
O filme narra a história do relacionamento de Joel Barish (Jim Carrey) e Clementine Kruczynski (Kate Winslet), sob a perspectiva do término do casal. Após uma discussão fora de hora, r um pouco banal, Clem toma a decisão de romper com Joel e para acelerar o período de sofrimento pelo ex-namorado, ela decide se submeter ao experimento de limpeza de suas memórias deste relacionamento em específico. Joel, apesar de estar abalado, busca se reconciliar com Clem, mas o improvável ocorre: ela não se lembra mais do amado. Arrasado e à procura de explicações, Joel descobre por um amigo que ela tinha feito este procedimento. Então, ele busca a clínica para ter mais esclarecimentos e se sente convencido a fazer o mesmo.
Essa escolha é motivada pela raiva e pelo sentimento de vingança. "Ora, se ela foi capaz de fazer isso, porque eu irei ficar aqui me recordando dela?" Ele se prepara para colocar um fim em definitivo naquilo tudo. E assim, o romance, bem como eles se conheceram, o que os aproximava, e, também, aquilo que os distanciadas são mostradas, por meio das memórias do Joel, que em determinado momento se funde as memórias de Clem. Essa "viagem" pelo hipocampo do personagem nos releva as imagens que modificam o seu sistema límbico fazendo-o reviver todos os sentimentos que ele teve durante a vida: momentos da infância, desejos, vergonhas, humilhações, felicidades e tristezas levando o personagem a compreender que ele foi feliz e aquela mulher, apesar de todos os defeitos, foi uma potência para ele se abrir a novas perspectivas da vida, ou seja, perspectivas essas que só fazia sentido, se ela estivesse ao seu lado. E, assim, ele decide boicotar o experimento.
E por isso, o filme é tão fantástico: a atuação incrível do Jim Carry (eu amo as atuações dele em drama) somada a da Kate nos rende reflexões e sentimentos de como lidar com tudo aquilo e se formos pensar que a gente passa por decepções e tristezas, constantemente, será que teríamos coragem de apagá-las? Fantástico!
Foi uma felicidade assistir a animação no Dia Internacional da Mulher!
Carlos López Estrada e Don Hall apresenta uma história que traz uma protagonista e em cima dela vem desenvolvendo-a de forma que parece que ela irá conseguir resolver todas as atrapalhadas que fez no passado. Mas, ao longo da história vi que ela divide esse protagonismo com a Namaari.
A forma como "o dragão" - ao meu ver se parece mais com um unicórnio - me surpreendeu! É a primeira vez, que vejo sendo representado pela figura feminina e a Sisu é legal demais! Amei o estilo hippie.
A mensagem sobre a necessidade de confiar nas pessoas, sobretudo, oferecer segundas chances me geraram conflitos rs. Ainda mais, quando
Namaari atira em Sisu, pow ali eu achei muita sacanagem. Apesar de Sisu ser um ser mitológico, a Raya sabia que ela iria trair a sua confiança, depois ela transferiu a culpa para a Raya, quando elas começam a lutar de novo. Mas, no fim, achei justo ela fazer a reparação com os pedaços da pedra, afinal ela que provocou todo aquele caos.
Por fim, amei os gráficos, estão muito realistas nas expressões dos rostos, na chuva que molha o cabelo no pelo da Sisu.
Greta Gerwig atualiza os clássicos sobre adolescentes, mas sem aquelas piadas infames sobre o biótipo das personagens, sem a sexualização da protagonista e sem as "disputas" entre os populares vs nerds e isso traz um tom mais real e menos caricato sobre o período da adolescência.
Não sei a dinâmica das escolas americanas mudaram, ou o fato deste filme trazer uma escola confessional, ou seja, católica ela se difere muito da ideia de como são as escolas americanas dos clássicos sobre a temática do final dos anos 90 e início dos anos 00.
No mais, gostei da maneira que os conflitos foram abordados e a condução da história.
Michael Cimino em um ato corajoso e, completamente, destemido expõe a sociedade a sua percepção sobre a falida Guerra do Vietnã, em um momento, que os americanos buscavam se recuperar desta ferida. Ele consegue sem ensaios atingir vários pontos de vista, ou seja, daqueles que sem escolha partem para o confronto, dos que ficam diante da ausência, dos vários tipos de violência existentes em uma guerra (o fato dos soldados estarem munidos com armas e bombas, elas parecem pequenas diante do estrago que alguns atos podem causar na vida de uma pessoa, quando misturadas com o sadismo), a destruição social e, sobretudo, cultural de um país (as variadas filas de civis tentando fugir daquele caos, misturado a submissão de seu povo diante daqueles que estavam ali trazendo tanto sofrimento e dor), a anestesia daqueles que conseguem retornar para casa, porque biologicamente, não foi morto, mas, que já não ver a vida pulsar.
O enredo escolhido para trazer todos estes elementos foi primoroso: três amigos que dividiam a vida, o trabalho na metalúrgica na cidade, os momentos de lazer com as caçadas nas montanhas, os amores, no caso de Mike e Nike, o festejo! Como eu achei lindíssimo o casamento, os detalhes da igreja, a participação dos amigos para que tudo fosse feito da forma que o amigo planejara, apesar de se sentir triste por causa dos detalhes com a relação com aquela mulher. A festa foi uma digna despedida! A alegria, a dança, a união, ali foram destacadas, principalmente, o carinho e a lealdade que eles compartilhavam.
quando os noivos vão tomar o vinho na taça compartilhada e a noiva cai na “maldição” da superstição ao deixar derramar em sua roupa as gotas de vinho, não só simbolizou que a vida do casal estaria “marcada” para sempre, como demarca o sangue que será derrubado logo em seguida.
As poucas cenas no Vietnã propriamente dita trazem uma outra face da violência da guerra e também do descompasso entre ambos, enquanto de um lado os americanos queriam matar rapidamente do outro a escolha era torturar e matar aos poucos. A roleta russa, ao mesmo tempo que usada para punir os inimigos, é usada para divertir um povo doente que mata seus conterrâneos a troco de dinheiro. Triste, sombrio e que sacada do Cimino, ao imergir o personagem Nike neste abismo.
Nike se sucumbe a este caos. Ele ganharia fácil a confiança dos chefes daquele “jogo”, tendo em vista a sua astúcia e, sobretudo, pelo fato dele ser americano, a sua morte seria a glória, por isso, era tão "valioso"
.
Bom, o filme é fantástico, acredito que outro filme sobre guerra que tem o mesmo poder de impacto como esse é a Lista de Schindler, 1993 (Steven Spielberg). Acredito que todas as minhas expectativas de filme foram inteiramente contempladas. A fotografia é incrível, o enredo da história, a condução, os cenários, os picos de emoção, a atuação dos atores a fidelidade aos fatos apresentados. Incrível.
Antônio Campos apresenta a história de um soldado que retorna da guerra e encontra no café uma atendente que seria, a partir de então, dona do seu amor. Apesar de sua mãe ter feito uma promessa para Deus, para trazer para a casa seu filho que estava em meio a guerra. E, a partir, deste enredo o diretor aborda uma sequência de desdobramentos que se misturam com a causalidade, a consequência de atos, aparentemente, individuais, mas que reverberam na vida das pessoas que residem naquele vilarejo e tudo isso sob a perspectiva do fundamentalismo religioso.
Aqui as figuras religiosas dos pastores são expostas no seu âmago mais cruel: aqueles que engana, violenta, exclui, confunde e que penetra na vida das pessoas de tal modo que as paralisa. Em face, de pessoas que apesar de terem sido doutrinadas desde pequenas para seguir os dogmas religiosos, se mantém sob estado de alerta entre o que é dito e a realidade das quais vivem. O pequeno Arvin Russell representa isso, sendo o pêndulo da história.
Todos os meus sentimentos foram tocados: a raiva, a compaixão, o asco, a revolta, a compreensão, o afeto mérito das excelentes atuações.
Este documentário é uma utilidade pública, parafraseando Arnaldo Jabor, que em 1999, disse: "O computador foi criado para resolver problemas que não tínhamos". Eu diria que as redes sociais foram criadas para potencializar a falsa ideia de união, tão comum e vendida entre as pessoas. Elas expõe essa fragilidade, ao permitir a articulação da população global, são costumes, culturas e diferenças diversas que as pessoas não são capazes de lidar.
Jeff Orlowski foi muito sagaz em produzir este filme/documentário durante o auge das redes sociais, sobretudo, em meio a pandemia do coronavirus e que elas se tornaram o elo dos relacionamentos. Os relatos dos engenheiros, produtores de conteúdos e demais funcionários e ex-funcionários das mais famosas plataformas digitais que dispomos são primorosos. O paralelo da família que é atingida diretamente pela tecnologia, é uma ilustração do dia a dia de todos nós, em maior ou menor grau.
Acredito que, as redes sociais, só potencializaram aquilo que já permeia a sociedade. As manipulações, padrões, intolerâncias, bolhas, violência e golpes só ganharam um terreno fértil para atingir as pessoas em larga escala. Mas, pouco evolui do que as sociedades, hoje globais são, A diferença é que há quem lucre com isso. Apesar dos alertas de saúde mental, principalmente, para as crianças e jovens sempre foram ignorados. Afinal, ao invés de uma babá eletrônica, agora tem o Youtube que é mais acessível, barato e pode estar a disposição das crianças quando elas bem entender. É só pesquisar qual é o pública alvo dos tablets.
Apesar dos duros casos que são noticiados, cotidianamente, sobre difamações, crimes, golpes, exposições sexuais de outras pessoas. As redes sociais, só ganharam a importância que precisam, após a propagação das fake news que emplacaram a eleição presidencial americana. Depois deste evento, percebo que houve uma mudança de olhar para essas plataformas, inclusive, mais cobranças e sanções por vendas e exposições dos dados de seus usuários.
Assisti no filme com a expectativa dele ser um terror psicológico, que foi se confirmando até eu perceber que não era exatamente isso, uma pena, porque seria fantástico que fosse. Apesar da qualidade dos diálogos, não consegui chegar a tamanha abstração e não foi por falta de tentativas rs
Hal Ashby apresenta em "Comingo Home" um filme que vai ao encontro do movimento criado após o grande período da Guerra do Vietnã (1955 - 1975), pelo cinema americano. O diretor ao invés de gravar as cenas de combate dentro dos campos de batalhas, que são verdadeiros mortíferos, focaliza a narrativa em um aspecto curioso e pouco abordado o - pós guerra de militares ex-combatentes - que doam suas vidas em nome da honra de seu país. Muitos desses soldados quando não são mortos, são duramente atingidos pela guerra seja psicologicamente ou fisicamente.
Ashby insere essas duas agressões na tela sem rodeios, após a partida do oficial Bob Hyde (Bruce Dern) rumo ao Vietnã, a sua mulher Sally (Jane Fonda), decide encontrar no trabalho voluntário no hospital de veteranos, um sentido para seus longos dias de espera do retorno do seu marido para casa.
Sally, aos poucos, foi se descobrindo em meio ao trabalho realizado. O drama vivido pelos ex-combatentes revelam o quão foi cruel a guerra. Ao conhecer Luke Martin (Jon Voight), um paciente um tanto quanto "revoltado" - com toda razão - pela sua condição física atual, ela se rende a transformação do tempo e passa a realizar incríveis mudanças. Ao invés de aguardar o marido para comprar o carro desejado, ela mesmo o faz. Muda o estilo do cabelo, muda-se para mais próximo da praia - aproveitando a companhia de uma amiga que fez, assim, que o seu marido partiu - e se rende a uma paixão, com Luke Martin.
Achei um retrato sensível e um tanto inusitado para a época, porque, além de apontar o quão danoso foi e, de certa maneira, é a guerra (muitos filmes vão exibir esses danos pela perspectiva do soldado). Ahsby traz a perspectiva da mulher, da esposa, da namorada, ou seja, da figura feminina que apesar de não lutar no campo diretamente, encara a luta da espera. Algo que não é muito pensado ou refletido, sobretudo, porque há uma imagem consensual da mulher em compasso de espera. Ela precisa estar sempre a espera do retorno do homem que parte, seja ele vivo, morto ou doente. Para isso, é necessário anular-se ou travar lutas contra o desejo, a vontade, o amor e a vida que pulsa. O filme brinca com a moralidade, com a fidelidade, com o amor e a renúncia.
Aaron Sorkin deu aula de história com este filme, simples assim.
O filme retrata a confluência política dos americanos na década de 1968. A partir da escolha de incriminar sob o viés político oito jovens Tom Hayden (Eddie Redmayne), Rennie Davies (Alex Sharp), Abbie Hoffman (Sacha Baron Cohen), Jerry Rubin (Jeremy Strong), David Dellinger (John Carroll Lynch), John Froines (Danny Flaherty), Lee Weiner (Noah Robbins) e Bobby Seale (Yahya Abdul-Mateen II) manifestantes por incitar um confronto entre civis e policiais, injustamente. Como um excelente longa de uma história real, as fotos originais bem como os vídeos foram incorporados à película, criando um único estado e favorecendo a realidade das atuações que foram fidedignas ao ocorrido.
Em um longo julgamento os oito indiciados foi um teatro. Com a promotoria já corrompida a justiça foi anulada, porém, encenada de forma inescrupulosa pela promotoria e, principalmente, pela figura do juiz que presidiu o julgamento. Não obstante, foi revelada o quão é seletiva e estruturalmente racista para com os cidadãos. Até o conceito do que é cidadão é posto em jogo, quando um cidadão negro tem o seu direito silenciado. Sem nenhuma surpresa, com exceção de Bobby Seale (Yahya Abdul-Mateen II) que teve pedido de exclusão da acusação pela promotoria, após vários atos racistas pelo juiz, que acatou o pedido.
15 Minutos de Guerra
3.3 38 Assista AgoraO filme se ambientado em Djibouti, uma zona fronteiriça entra França e a Somália. Em momento de intensos conflitos políticos e sociais, terroristas somalianos decidem sequestrar um ônibus escolar quando 21 crianças estavam a caminha da escola. Essas crianças é a turma inteira da professora americana, Jane Andersen (Olga Kurylenko).
A professora atenta aos conflitos preocupa-se com a falta de todos os seus alunos da classe e resolve ir até o caminho do ônibus. Isso não fica claro no filme como ela chegou até o ônibus, porque após os terroristas assumirem o controle do veículo eles param em um lugar desértico. Acredito que a furos no roteiro quanto a isso. Aliás, como a segurança nacional toma conhecimento, também, não ficou claro, só aparece a operação de resgate, que na verdade são apenas os atiradores de elite, porque não existe um plano de ação, mostrando total descaso daquelas pessoas com a vida das crianças. A professora ao conquistar a confiança dos somalianos passa a interceder entre eles e a "operação de resgate".
O longa ficou muito mal roteirizado, não deu ênfase no ato heroico da professora, não se ateve as crianças que estavam ali sofrendo em meio a um conflito armado e o título só faz a referência
ao tempo gasto pelos atiradores de elite para alvejar os terroristas, este fato foi puramente intuitivo, pois não mostra ser parte de um plano da operação de resgate
Godzilla vs. Kong
3.1 799 Assista AgoraFinalmente chegou o reencontro dessas duas criaturas, mas achei tão pouco o contato que eles tiveram. Os gráficos usados são incríveis, aquele laser do Godzilla só não queimou minhas retinas, porque eu assisti no meu humilde notebook (rs). Queria muito ter assistido no cinema e quem sabe em 3D.
O roteiro do filme me fez ficar confusa:
qual foi a necessidade da Monarch transportar Kong para a "Terra Oca", por vezes, enganando o coitado, sendo que depois ele não faz nada de efetivo lá ( só pegou o machadinho).
Para mim, ele foi apenas uma isca para a Space, porque assim, eles encontraram o portal de energia, através do Godzilla e eles puderam, enfim, energizar o Mechagodzilla.
Senti falta do embate direto do Godzilla vs Kong proposto pelo título, ficou muito blasé o Kong até ser ressuscitado para ajudar o Godzilla a exterminar o Mechagodzilla.
Bela Vingança
3.8 1,3K Assista AgoraO filme conta a narrativa de Cassie (Carey Mulligan), que se confunde com a história de Nina, sua melhor amiga, que aos poucos é revelada na trama. A princípio, Cassie é apresentada ao telespectador como uma mulher com duas personalidades distintas: durante o dia ela é uma moça pacata que mora com os pais e trabalha em uma cafeteria, mas a noite ela é uma mulher que frequenta o pub da cidade que se "embebeda" e, constantemente, é ajudada pelos homens mais cavaleiros do recinto.
Com esse enredo Emerald Fennell traz para o filme, o fato das mulheres serem vistas como um "alvo fácil", a partir do momento em que elas estão inconscientes pelo uso de álcool ou drogas. Todos os homens do pub que ela frequenta são bons e muito prestativos ao perceber que Cassie precisa de ajuda. Ees imediatamente, chamam um táxi, ou a faz andar, para suas casas. Isso não implica eles terem uma carreira ou um relacionamento estável, porque aquela mulher não faz diferença na vida deles, porque é apenas um modo de descarregar o seu desejo sexual.
Eis que a personagem do filme brinca com essa "possibilidade" e assusta seus algozes apenas revelando que está sóbria,
No filme é trabalhado como a violência sexual tem várias nuances e é impactante para quem sofre em vários aspectos, seja emocional, físico, psicológico, financeiro que não se restringe apenas a vítima, ele se estende a todos que estão ao redor dela. Aliás, essa é a essência do filme: revelar as diferentes violências que ocorrem com as mulheres em detrimento do prazer, da carreira, da vida, do status de um homem. O sofrimento de Cassie transmutado pelo seu comportamento pelo triste incidente de Nina é a forma que a personagem encontrou para provar não só que
Nina foi violentada sexualmente e moralmente por pessoas que deveriam ter lhe acolhido,
O filme lembrou muito o caso da brasileira, a modelo Mariana Ferrer que, inclusive, inaugurou um termo jurídico infame: o estupro culposo.
Silenciadas
3.6 152 Assista AgoraA história de Sileciadas é ambientada num pequeno vilarejo do norte da Espanha, no ano de 1609. O filme é baseado em fatos reais, quando na época ocorreu o maior "julgamento das bruxas da história" que se estendeu por toda a Espanha, no período da Inquisição. Em uma época que ecoava lendas sobre a existência de cultos pagãos, toda mulher que era considerada com trejeitos ou características que fossem semelhantes a "bruxas" eram queimadas.
Bom, neste filme, a história focaliza em cinco amigas: Ana (Amaia Aberasturi), Katalin (Garazi Urkola), María (Yune Nogueiras), Maider (Jone Laspiur), Olaia (Irati Saez de Urabain) e Oneka (Lorea Ibarra). Elas viviam no pequeno vilarejo, após a chegada do juiz da Inquisição Rostegui (Alex Brendemühl), acompanhando pelo conselheiro (Daniel Fanego), eles capturam as cinco amigas, porque elas geraram a desconfiança do padre Cristóbal (Asier Oruesagasti) de estarem realizando o Sabbath, um ritual demoníaco.
Essas jovens mulheres que vivam em meio ao campo e a floresta, ao serem capturadas pelos membros da igreja são torturadas para darem vestígios de como eram realizadas essas praticas do ocultismo. Todavia, o que estes homens que sob o escudo da religião e do nome de Deus não compreendiam é que essas garotas iam para floresta para conversar, compartilhar seus solhos e, sobretudo, DANÇAR!!! Exercer a liberdade que é inerente ao ser humano, mas, desde que não seja realizado pelas mulheres, porque senão era - ou ainda o é - ofensivo para aqueles homens tão preocupados em machucar, agredir, eliminar o que eles não compreendiam. Como diz Friedrich Nietzsche: " E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música”.
Meu Pai
4.4 1,2K Assista AgoraO diretor estreante Florian Zeller nos brinda com uma história realista: o dilema de uma filha que tem um pai idoso com Alzheimer. Anne, sua filha, após conhecer um francês o Paul, ela decide morar em Paris e isso implicava ter que pensar em uma forma de não desamparar o seu pai.
O interessante do filme é que ele é narrado pelo seu personagem principal Anthonny ao invés de ser pela perspectiva de Anne. As nuances do comportamento do pai, são surpreendentes, por meio, do seu comportamento áspero e rude, ele recria os fatos para que a realidade seja um pouco mais palatável. Tendo em vista, todo o sofrimento que ele estava passando com a sua nova condição. Então, nós telespectadores, vemos, sentimos, duvidamos e nos surpreendemos com a condução das coisas, tal como o personagem. Tendo em vista, toda a sua angústia em tentar entender o que está acontecendo com a sua vida. A montagem das cenas, para mim, foram incríveis, porque ela faz o telespectador ficar vidrado em cada detalhe daquele ambiente, para como o personagem, se apegar em alguns detalhes que consiga se estabilizar dentro da história.
Hopkins está PERFEITO na atuação, em nenhum momento parece interpretação do ator, ele transmite todo o sofrimento do personagem ao mudar suas expressões, o tom de voz, a postura, de forma, muito rápida. O filme, contudo, não me surpreende, na sua condução, o apartamento, a forma como o personagem ouve música, parece muito com o filme Amor (2012) do diretor Michael Haneke, que para quem tiver curiosidade de assistir, dá uma boa dobradinha com The Father, mas adianto: Segura o coração.
Verão de 85
3.5 173 Assista AgoraFrançois Ozon narra uma história curta mais de uma intensidade sem tamanho: o verão de dois jovens, o garoto tímido Alexis e o divertido David Gorman.
A história dos dois se cruzam no mar aberto, após Alexis ter se distraído com o tempo e ter deixado o barco de velas ala bandeira do Brasil, de nome curioso: "tapa na bunda" virar com a aproximação do mal tempo. David com o seu barco Calypso consegue trazer a margem, novamente, Alexis, mas, ao mesmo tempo o faz perder o chão para sempre.
A amizade deles toma proporções inesperadas. Achei interessante, a forma que o filme surpreende o telespectador. Em uma mistura de amor, amizade, felicidade, desejo, apego a gente é transportado para aquela situação e se vê preso dentro dos sentimentos do Alexis.
Ilha dos Cachorros
4.2 655 Assista AgoraA animação do Wes Anderson apresenta de forma lúdica as consequências de um governo totalitário na condução da vida comum de uma cidade. O filme é muito realista ao abordar a podridão política, que não é capaz de respeitar as regras do jogo democrático.
Na história, o prefeito Kobayashi da cidade de Megasaki, fundamentado sob a lenda antiga sobre os gatos serem superiores aos cães cultiva uma aversão aos cachorros, Com isso, ele resolve criar uma fake news sobre a possível existência de uma gripe canina capaz de infectar os seres humanos. A desculpa foi perfeita para convencer as pessoas que era preciso desafazer de seus pets em nome da segurança pública da cidade. Então, todos os cães foram enviados para uma ilha distante, que recebia montantes de lixo, ela foi denominada: "Ilha dos cachorros" um depósito provisório para, posteriormente eles serem exterminados.
Com uma estética impecável e muito realista os cães foram sobrevivendo como dava naquele local inóspito até a chegada do pequeno Atari estava à procura do seu fiel cão Stop. São reveladas a vida de alguns cães antes de serem enviados para o extermínio.
É impossível não ver as semelhança da situação mostrada no filme com a atual pandemia da Covid-19, o uso de máscara pelos personagens, o medo de um inimigo invisível, o empenho dos cientistas para encontrar uma vacina ou antídoto para amenizar o tamanho do sofrimento em ter que ficar distante daqueles que mais gosta e, principalmente, como o negacionismo agrava ainda mais na condução do problema.
O Som do Silêncio
4.1 986 Assista AgoraSons do Silêncio é uma história peculiar: um músico independente que vive em um trailer fazendo shows na estrada com a sua namorada. Juntos os dois se apresentavam e estavam perto de dar alguns passos na carreira. Até que Ruben perde a audição subitamente.
Darius Marder foi muito sensível em abordar como essa nova condição afetou de sobremaneira o personagem utilizando o silêncio das cenas como uma forma de se comunicar com o telespectador, as angustias, a revolta, a expectativa de pode reverter a situação. A apresentação de como as pessoas que são surdas vivem, também, eu achei muito positivo alguns aspectos, como: as crianças acolheram Ruben como ele era, sem preconceitos ou defesas, as trocas que eram feita com os colegas da comunidade e como foi o aprendizado do personagem para uma nova realidade que ele precisava, primeiro, aceitar para se reencontrar nesse novo universo.
O que me incomodou muito no longa foi a maneira em que foi "jogado" o fato do Ruben ter sido ex usuário de drogas, essa forma de abordar a dependência dele, deu a entender que ele ficou surdo por causa do abuso dessas substância. Apesar de contribuir, o uso não é determinante. O fato do Ruben ter que ficar completamente isolado na comunidade, acredito que contribui para que ele desejasse, ainda mais, recuperar a sua vida que estava fora daquele local.
Magnólia
4.1 1,3K Assista AgoraEste longa de Paul Thomas Anderson, me faz questionar a existência da casualidade. Com uma película muito bem amarrada, tudo conversa no filme: a trilha sonora, os diálogos, os cenários, os enigmas que são "disparados" na tela, os caminhos.
A princípio, me remete, literalmente, uma história de pais refletida em seus filhos. Ao menos quatro personagens têm narrativas que derivam das decisões, das violências e, principalmente da falta da figura paterna em suas vidas, figura esta que deveria proteger, amar, cuidar. A toxicidade destes pais, para com seus filhos revela neles uma característica em comum: todos lutam à sua maneira pela aceitabilidade: seja sendo um grande apresentador, pela inteligência acima da média, o uso de drogas, a busca pela perfeição estética, ou desmistificando a "arte da conquista".
Dessa forma, eles vão mascarando suas dores, mágoas, desafios. Apesar dessa falta que traumatiza e impõe marcas eternas, o filme, para mim, fala sobre perdão, sobretudo, do auto perdão: ter a coragem de se perdoar e compreender que algumas senão, às várias, situações em que nos passa durante à vida são frutos de situações que não teríamos como agir diferente, porque não dependem exatamente da nossa ação sobre elas e, também, porque era a única ação possível no momento, seja ela boa ou ruim. No caso dos personagens de Magnólia, o inverso ocorre: primeiros eles perdoam, para depois se perdoarem.
Por isso, o versículo bíblico tão repetido ao longo das cenas é tão coerente, com o seu final:
"Mas se você não quiser deixá-los ir, mandarei sobre todo o seu território uma praga de rãs" - Êxodo, capítulo 8, versículo 2.
Açucena
3.2 7Isaac Donato entrega o filme curioso: a história sobre uma mulher idosa, de 67 anos que a cada aniversário comemora como se tivesse 7. O longa concentra-se em grande parte no momento de preparação da festa, nota-se que, essa preparação não é feita por Açucena, mas sim, por seus vizinhos fiéis. O jeito que eles falavam dela parecia remete a uma figura onipresente, e foi assim, em boa parte do filme, porque, todos conheciam bem o que ela gostava e deixava de gostar, mas ela neste momento que antecede a confraternização ficou em falta. Acredito que a ênfase na primeira parte do filme em cada detalhe poderiam ser mais enxutos.
A ideia de resgate aos vilarejos interioranos é interessante, pois mostra a união das pessoas, o cuidado, o interesse, a vontade pelo festejo. Isso é Brasil e isso me agrada muito. Só que o clima de suspense em torno da personagem me incomodou, a todo momento eu queria saber logo quem era e o porquê de seus gostos tão peculiares (como o porque da ordem para expor as bonecas na cama, porque a devoção pelo rosa entre outros).
Chocante
2.6 93Pior recomendação de filme que já tive.
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
3.8 3,4K Assista Agora"E você, conseguiu o queria desta vida, mesmo assim?
Eu consegui.
E o que você queria?
Me chamar de amado, para me sentir amado na terra".
Alejandro G. Iñárritu foi muito feliz em roteirizar e produzir essa obra prima!!!!
O filme é sobre um ator Riggan Thomsonque (Michael Keaton) que está em "decadência" na carreira, após passar grande parte dela dando vida ao Birdman, o aclamado super herói. Ele se vê diante da possibilidade de provar para todos que ele é um ator capaz de representar outros papéis e dar vida a outras histórias, mas ao invés do cinema, ele escolhe o teatro. Apesar do enredo ser simples, a história não é tão simples assim e a sua condução pode parecer um tanto confusa para alguns, porque o filme tem um plano-sequência e, olha não teria como ser diferente! A história flui de uma maneira que prende até o último segundo.
O filme me lembrou muito a produção do Cisne Negro (Darren Aronofsky), pela dedicação do personagem e, também, por ser um pássaro que conduz a história. Valeu todos os prêmios ganhos na temporada 2015, inclusive, os Oscars melhor filme e melhor roteiro original.
Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças
4.3 4,7K Assista AgoraO filme narra a história do relacionamento de Joel Barish (Jim Carrey) e Clementine Kruczynski (Kate Winslet), sob a perspectiva do término do casal. Após uma discussão fora de hora, r um pouco banal, Clem toma a decisão de romper com Joel e para acelerar o período de sofrimento pelo ex-namorado, ela decide se submeter ao experimento de limpeza de suas memórias deste relacionamento em específico. Joel, apesar de estar abalado, busca se reconciliar com Clem, mas o improvável ocorre: ela não se lembra mais do amado. Arrasado e à procura de explicações, Joel descobre por um amigo que ela tinha feito este procedimento. Então, ele busca a clínica para ter mais esclarecimentos e se sente convencido a fazer o mesmo.
Essa escolha é motivada pela raiva e pelo sentimento de vingança. "Ora, se ela foi capaz de fazer isso, porque eu irei ficar aqui me recordando dela?" Ele se prepara para colocar um fim em definitivo naquilo tudo. E assim, o romance, bem como eles se conheceram, o que os aproximava, e, também, aquilo que os distanciadas são mostradas, por meio das memórias do Joel, que em determinado momento se funde as memórias de Clem. Essa "viagem" pelo hipocampo do personagem nos releva as imagens que modificam o seu sistema límbico fazendo-o reviver todos os sentimentos que ele teve durante a vida: momentos da infância, desejos, vergonhas, humilhações, felicidades e tristezas levando o personagem a compreender que ele foi feliz e aquela mulher, apesar de todos os defeitos, foi uma potência para ele se abrir a novas perspectivas da vida, ou seja, perspectivas essas que só fazia sentido, se ela estivesse ao seu lado. E, assim, ele decide boicotar o experimento.
sem sucesso
E por isso, o filme é tão fantástico: a atuação incrível do Jim Carry (eu amo as atuações dele em drama) somada a da Kate nos rende reflexões e sentimentos de como lidar com tudo aquilo e se formos pensar que a gente passa por decepções e tristezas, constantemente, será que teríamos coragem de apagá-las? Fantástico!
Raya e o Último Dragão
4.0 646 Assista AgoraFoi uma felicidade assistir a animação no Dia Internacional da Mulher!
Carlos López Estrada e Don Hall apresenta uma história que traz uma protagonista e em cima dela vem desenvolvendo-a de forma que parece que ela irá conseguir resolver todas as atrapalhadas que fez no passado. Mas, ao longo da história vi que ela divide esse protagonismo com a Namaari.
A forma como "o dragão" - ao meu ver se parece mais com um unicórnio - me surpreendeu! É a primeira vez, que vejo sendo representado pela figura feminina e a Sisu é legal demais! Amei o estilo hippie.
A mensagem sobre a necessidade de confiar nas pessoas, sobretudo, oferecer segundas chances me geraram conflitos rs. Ainda mais, quando
Namaari atira em Sisu, pow ali eu achei muita sacanagem. Apesar de Sisu ser um ser mitológico, a Raya sabia que ela iria trair a sua confiança, depois ela transferiu a culpa para a Raya, quando elas começam a lutar de novo. Mas, no fim, achei justo ela fazer a reparação com os pedaços da pedra, afinal ela que provocou todo aquele caos.
Por fim, amei os gráficos, estão muito realistas nas expressões dos rostos, na chuva que molha o cabelo no pelo da Sisu.
Lady Bird: A Hora de Voar
3.8 2,1K Assista AgoraGreta Gerwig atualiza os clássicos sobre adolescentes, mas sem aquelas piadas infames sobre o biótipo das personagens, sem a sexualização da protagonista e sem as "disputas" entre os populares vs nerds e isso traz um tom mais real e menos caricato sobre o período da adolescência.
Não sei a dinâmica das escolas americanas mudaram, ou o fato deste filme trazer uma escola confessional, ou seja, católica ela se difere muito da ideia de como são as escolas americanas dos clássicos sobre a temática do final dos anos 90 e início dos anos 00.
No mais, gostei da maneira que os conflitos foram abordados e a condução da história.
O Franco Atirador
4.0 356 Assista AgoraMichael Cimino em um ato corajoso e, completamente, destemido expõe a sociedade a sua percepção sobre a falida Guerra do Vietnã, em um momento, que os americanos buscavam se recuperar desta ferida. Ele consegue sem ensaios atingir vários pontos de vista, ou seja, daqueles que sem escolha partem para o confronto, dos que ficam diante da ausência, dos vários tipos de violência existentes em uma guerra (o fato dos soldados estarem munidos com armas e bombas, elas parecem pequenas diante do estrago que alguns atos podem causar na vida de uma pessoa, quando misturadas com o sadismo), a destruição social e, sobretudo, cultural de um país (as variadas filas de civis tentando fugir daquele caos, misturado a submissão de seu povo diante daqueles que estavam ali trazendo tanto sofrimento e dor), a anestesia daqueles que conseguem retornar para casa, porque biologicamente, não foi morto, mas, que já não ver a vida pulsar.
O enredo escolhido para trazer todos estes elementos foi primoroso: três amigos que dividiam a vida, o trabalho na metalúrgica na cidade, os momentos de lazer com as caçadas nas montanhas, os amores, no caso de Mike e Nike, o festejo! Como eu achei lindíssimo o casamento, os detalhes da igreja, a participação dos amigos para que tudo fosse feito da forma que o amigo planejara, apesar de se sentir triste por causa dos detalhes com a relação com aquela mulher. A festa foi uma digna despedida! A alegria, a dança, a união, ali foram destacadas, principalmente, o carinho e a lealdade que eles compartilhavam.
quando os noivos vão tomar o vinho na taça compartilhada e a noiva cai na “maldição” da superstição ao deixar derramar em sua roupa as gotas de vinho, não só simbolizou que a vida do casal estaria “marcada” para sempre, como demarca o sangue que será derrubado logo em seguida.
As poucas cenas no Vietnã propriamente dita trazem uma outra face da violência da guerra e também do descompasso entre ambos, enquanto de um lado os americanos queriam matar rapidamente do outro a escolha era torturar e matar aos poucos. A roleta russa, ao mesmo tempo que usada para punir os inimigos, é usada para divertir um povo doente que mata seus conterrâneos a troco de dinheiro. Triste, sombrio e que sacada do Cimino, ao imergir o personagem Nike neste abismo.
Nike se sucumbe a este caos. Ele ganharia fácil a confiança dos chefes daquele “jogo”, tendo em vista a sua astúcia e, sobretudo, pelo fato dele ser americano, a sua morte seria a glória, por isso, era tão "valioso"
Bom, o filme é fantástico, acredito que outro filme sobre guerra que tem o mesmo poder de impacto como esse é a Lista de Schindler, 1993 (Steven Spielberg). Acredito que todas as minhas expectativas de filme foram inteiramente contempladas. A fotografia é incrível, o enredo da história, a condução, os cenários, os picos de emoção, a atuação dos atores a fidelidade aos fatos apresentados. Incrível.
Proibido Nascer no Paraíso
3.7 5A estreia será em alguma plataforma?
O Diabo de Cada Dia
3.8 1,0K Assista AgoraAntônio Campos apresenta a história de um soldado que retorna da guerra e encontra no café uma atendente que seria, a partir de então, dona do seu amor. Apesar de sua mãe ter feito uma promessa para Deus, para trazer para a casa seu filho que estava em meio a guerra. E, a partir, deste enredo o diretor aborda uma sequência de desdobramentos que se misturam com a causalidade, a consequência de atos, aparentemente, individuais, mas que reverberam na vida das pessoas que residem naquele vilarejo e tudo isso sob a perspectiva do fundamentalismo religioso.
Aqui as figuras religiosas dos pastores são expostas no seu âmago mais cruel: aqueles que engana, violenta, exclui, confunde e que penetra na vida das pessoas de tal modo que as paralisa. Em face, de pessoas que apesar de terem sido doutrinadas desde pequenas para seguir os dogmas religiosos, se mantém sob estado de alerta entre o que é dito e a realidade das quais vivem. O pequeno Arvin Russell representa isso, sendo o pêndulo da história.
Todos os meus sentimentos foram tocados: a raiva, a compaixão, o asco, a revolta, a compreensão, o afeto mérito das excelentes atuações.
Junho - O Mês que Abalou o Brasil
3.9 67 Assista AgoraEu vivi e isso basta!
Uma pena que o movimento foi inteiramente desligitmado e tomou outros contornos provocando um abismo na política nacional.
Garapa
4.3 153 Assista Agora"Existe vários Brasis dentro do Brasil." Cada qual com realidades inimagináveis.
O Dilema das Redes
4.0 594 Assista AgoraEste documentário é uma utilidade pública, parafraseando Arnaldo Jabor, que em 1999, disse: "O computador foi criado para resolver problemas que não tínhamos". Eu diria que as redes sociais foram criadas para potencializar a falsa ideia de união, tão comum e vendida entre as pessoas. Elas expõe essa fragilidade, ao permitir a articulação da população global, são costumes, culturas e diferenças diversas que as pessoas não são capazes de lidar.
Jeff Orlowski foi muito sagaz em produzir este filme/documentário durante o auge das redes sociais, sobretudo, em meio a pandemia do coronavirus e que elas se tornaram o elo dos relacionamentos. Os relatos dos engenheiros, produtores de conteúdos e demais funcionários e ex-funcionários das mais famosas plataformas digitais que dispomos são primorosos. O paralelo da família que é atingida diretamente pela tecnologia, é uma ilustração do dia a dia de todos nós, em maior ou menor grau.
Acredito que, as redes sociais, só potencializaram aquilo que já permeia a sociedade. As manipulações, padrões, intolerâncias, bolhas, violência e golpes só ganharam um terreno fértil para atingir as pessoas em larga escala. Mas, pouco evolui do que as sociedades, hoje globais são, A diferença é que há quem lucre com isso. Apesar dos alertas de saúde mental, principalmente, para as crianças e jovens sempre foram ignorados. Afinal, ao invés de uma babá eletrônica, agora tem o Youtube que é mais acessível, barato e pode estar a disposição das crianças quando elas bem entender. É só pesquisar qual é o pública alvo dos tablets.
Apesar dos duros casos que são noticiados, cotidianamente, sobre difamações, crimes, golpes, exposições sexuais de outras pessoas. As redes sociais, só ganharam a importância que precisam, após a propagação das fake news que emplacaram a eleição presidencial americana. Depois deste evento, percebo que houve uma mudança de olhar para essas plataformas, inclusive, mais cobranças e sanções por vendas e exposições dos dados de seus usuários.
Estou Pensando em Acabar com Tudo
3.1 1,0K Assista AgoraAssisti no filme com a expectativa dele ser um terror psicológico, que foi se confirmando até eu perceber que não era exatamente isso, uma pena, porque seria fantástico que fosse. Apesar da qualidade dos diálogos, não consegui chegar a tamanha abstração e não foi por falta de tentativas rs
Amargo Regresso
3.8 62 Assista AgoraHal Ashby apresenta em "Comingo Home" um filme que vai ao encontro do movimento criado após o grande período da Guerra do Vietnã (1955 - 1975), pelo cinema americano. O diretor ao invés de gravar as cenas de combate dentro dos campos de batalhas, que são verdadeiros mortíferos, focaliza a narrativa em um aspecto curioso e pouco abordado o - pós guerra de militares ex-combatentes - que doam suas vidas em nome da honra de seu país. Muitos desses soldados quando não são mortos, são duramente atingidos pela guerra seja psicologicamente ou fisicamente.
Ashby insere essas duas agressões na tela sem rodeios, após a partida do oficial Bob Hyde (Bruce Dern) rumo ao Vietnã, a sua mulher Sally (Jane Fonda), decide encontrar no trabalho voluntário no hospital de veteranos, um sentido para seus longos dias de espera do retorno do seu marido para casa.
Sally, aos poucos, foi se descobrindo em meio ao trabalho realizado. O drama vivido pelos ex-combatentes revelam o quão foi cruel a guerra. Ao conhecer Luke Martin (Jon Voight), um paciente um tanto quanto "revoltado" - com toda razão - pela sua condição física atual, ela se rende a transformação do tempo e passa a realizar incríveis mudanças. Ao invés de aguardar o marido para comprar o carro desejado, ela mesmo o faz. Muda o estilo do cabelo, muda-se para mais próximo da praia - aproveitando a companhia de uma amiga que fez, assim, que o seu marido partiu - e se rende a uma paixão, com Luke Martin.
Achei um retrato sensível e um tanto inusitado para a época, porque, além de apontar o quão danoso foi e, de certa maneira, é a guerra (muitos filmes vão exibir esses danos pela perspectiva do soldado). Ahsby traz a perspectiva da mulher, da esposa, da namorada, ou seja, da figura feminina que apesar de não lutar no campo diretamente, encara a luta da espera. Algo que não é muito pensado ou refletido, sobretudo, porque há uma imagem consensual da mulher em compasso de espera. Ela precisa estar sempre a espera do retorno do homem que parte, seja ele vivo, morto ou doente. Para isso, é necessário anular-se ou travar lutas contra o desejo, a vontade, o amor e a vida que pulsa. O filme brinca com a moralidade, com a fidelidade, com o amor e a renúncia.
Os 7 de Chicago
4.0 581 Assista AgoraAaron Sorkin deu aula de história com este filme, simples assim.
O filme retrata a confluência política dos americanos na década de 1968. A partir da escolha de incriminar sob o viés político oito jovens Tom Hayden (Eddie Redmayne), Rennie Davies (Alex Sharp), Abbie Hoffman (Sacha Baron Cohen), Jerry Rubin (Jeremy Strong), David Dellinger (John Carroll Lynch), John Froines (Danny Flaherty), Lee Weiner (Noah Robbins) e Bobby Seale (Yahya Abdul-Mateen II) manifestantes por incitar um confronto entre civis e policiais, injustamente. Como um excelente longa de uma história real, as fotos originais bem como os vídeos foram incorporados à película, criando um único estado e favorecendo a realidade das atuações que foram fidedignas ao ocorrido.
Em um longo julgamento os oito indiciados foi um teatro. Com a promotoria já corrompida a justiça foi anulada, porém, encenada de forma inescrupulosa pela promotoria e, principalmente, pela figura do juiz que presidiu o julgamento. Não obstante, foi revelada o quão é seletiva e estruturalmente racista para com os cidadãos. Até o conceito do que é cidadão é posto em jogo, quando um cidadão negro tem o seu direito silenciado.
Sem nenhuma surpresa, com exceção de Bobby Seale (Yahya Abdul-Mateen II) que teve pedido de exclusão da acusação pela promotoria, após vários atos racistas pelo juiz, que acatou o pedido.