Wagner Moura se lança como diretor de cinema com a história de uma pessoa um tanto quanto indigesta para muitos, porque sempre será símbolo de um período obscuro do nosso país, essa pessoa não é ninguém mais e ninguém menos do que Marighella (Seu Jorge).
Eu fiquei impressionada com o realismo das cenas. Eu pude ver pessoas, que lutaram sacrificando a vida, apanhando muito e sentindo muita dor, para que hoje eu e tantos outros pudessem desfrutar da liberdade! Além disso, eu vi cenas incríveis sobre amizade, sobre cuidado, porque como diz Ernest Hemingway: - "Quem estará nas trincheiras ao teu lado? ‐ E isso importa? ‐ Mais do que a própria guerra." Essas pessoas também tinham casa, filhos, uma história. Contudo, como sobreviver para sempre sufocado? Acredito que isso levou Marighella e tantos outros se sacrificarem, correrem contra as balas na tentativa de soltar essa mordaça amarga que queria calar seus sonhos.
Eu gostei muito das atuações, sobretudo, do Seu Jorge, Bruno Gagliasso(Lúcio) e Humberto Carrão (para sempre o Tio Humberto). Grande estreia do Wagner!!
Tangerine já nasceu clássico! Sean Baker nos apresenta uma realidade crua de uma população marginalizada tanto na vida quanto pelo cinema, a vida e os dilemas em que vivem as travestis nas ruas. O diretor não narra a história em quaisquer ruas, vamos assim dizer. Ele grava nas ruas da badalada Los Angeles e rompe com o uso de todos os aparatos de uma gravação fílmica convencional. Para apresentar essa realidade que foge aos olhos de todos quando se trata das travestis. Contudo, ele vai além, ele apresenta em uma véspera de Natal, o que é de fato o espírito natalino que dura apenas 24h, para algumas - poucas famílias e pessoas privilegiadas - que alimentam ainda essa "tradição comercial", que visa apenas o consumo desfreado.
O enredo se desenvolve, a partir da humilde comemoração entre as amigas Sin-Dee Rella(Kitana Kiki Rodriguez) e Alexandra (Mya Taylor), pois Sin-Dee estava deixando o Sistema Penitenciário, após 28 dias reclusa. A personagem sem quaisquer perspectiva de trabalho ou lar, busca retomar o seu relacionamento com o Chester (James Ransone), mas é interpelada ao tomar conhecimento que ele estava mantendo casos extraconjugais enquanto ela cumpria pena. Esse fato, destrincha toda a história pela rua de Los Angeles, que é apenas mais uma cidade e para isso, o diretor abusa do filtro amarelo, que contribui para descaracterizar a glamorosa Los Angeles, para dar o lugar as vielas, a prostituição a luz do dia, as agressões que mulheres sendo travestis ou não sofrem ao tentarem ganhar seu dinheiro dignamente. Este sofrimento, também, é abordado sob a perspectiva da família tradicional, em que o taxista armênio Razmik (Karren Karagulian), ao mesmo tempo em que sofre preconceito por ter outra nacionalidade, mantém casos extraconjugais na rua enquanto, mantém a sua mulher dependente. Sob o pretexto de ser o "chefe da casa". Apesar do filme ter alívios cômicos, não consegui encontrar o humor em meio a realidade apresentada.
Achei o filme, incrível e ele carece de mais atenção!
Este é o primeiro filme que assisto do Pedro Almodóvar e olha, me conquistou de uma forma surpreendente! A alegria que o ambiente apresenta com suas cores vivas e alegres, contrasta com a vida melancólica e triste do personagem, que no longa é quase uma imagem-semelhança do diretor. Tendo em vista, que a película - ah, que delícia ouvir essa palavra com o sotaque espanhol - é uma autobiografia do diretor. Li em alguns sites que algumas roupas usadas por Salvador Mallo (Antônio Banderas) é do próprio guarda roupa do cineasta.
A história é um emaranhado de estórias e lembranças de Mallo sobre a sua infância, que apesar de desafortunado pode contar com a generosidade de algumas pessoas do povoado em que vivia com sua família, o popular pueblo, como sua mãe se referia. Neste lugar, o cineasta aprendeu e ensinou. As sequências das tomadas dessas lembranças do personagem, acredito que foram uma das mais bonitas que já vi. A simplicidade de " Salva", - apelido que, carinhosamente, sua mãe Jacinta (Penélope Cruz) o chamava - ao ensinar o pedreiro Eduardo (César Vicente) o contato com as primeiras letras dizendo: " - Escribir es como dibujar, solo con letras", com certeza levarei para vida. Incrível!
Achei o filme simples, mas com uma profundidade ímpar! Com certeza, é um dos poucos filmes que já assistir que abusou das Artes como um recurso: o uso da pintura, do teatro, do cinema e da literatura de forma tão harmônica e natural, tal como é a vida. O diálogo entre as conquistas do personagens com suas dores, para mim é a afetação da arte no corpo. Mallo incapaz de se frustrar com suas próprias expectativas, as somatizava no corpo, porque o corpo sente aquilo que pensamos ignorar.
Mas, que legado é esse dos Jogos Mortais, sendo que a aparece uma única vez a figura de Jigsaw é num relance, quando os policiais decidem recuperar este antigo caso por causa da semelhança dos novos crimes? Poxa, Darren Lynn Bousman, como assim? Jigsaw queria causar justiça para com o mundo e, isso o levou a criar os jogos para que as pessoas lutem por suas vidas. Neste filme, as pessoas não sequer a possibilidade de saírem salvas. As armadilhas foram torturantes e bem gore, mas não me convenceram. A previsibilidade de quem seria atacado e o seu desfecho podem ter contribuído para essa minha sensação. A atuação do (Chris Rock) no papel do detetive Ezekiel "Zeke" Banks é pífia. As cenas dele "surtando" eu cheguei a pensar que estava com algum problema no meu notebook, ficou muito estranho isso. Por fim, não entendi essa delegacia que trabalha pai e filho juntos, não rolou isso. Samuel L. Jackson (Marcus) foi desperdiçado - mais uma vez - seria muito mais interessante se ele estivesse se "vingando". Que atiradores são aqueles que não conseguem cercar toda a cena do crime e deixa o verdadeiro criminoso fugir?
Enfim, a finalização da trilogia das irmãs "The Wachowski, a princípio o filme cadenciou para a revolução das máquinas, porque elas estavam muito a frente e por pouco pareciam que iriam conseguir. Mas, por uma falha delas, a expansão dos poderes do Agente Smith (Hugo Weaving) começou a colocar em risco a existência das máquinas. Houve o temido confronto entre as máquinas, vulgo aranhas metalizadas contra a pequena linha de defesa da cidade Zion. Essa cidade tinha um portal e este local foi sediou este confronto incrível. Com direito a parafusos gigantes, robôs comandados por humanos, bombas o que teve de boa, teve de angústia, parecia que o Neo (Keanu Reeves) estava andando de ônibus de tão lento, ao invés de estar dentro de uma nave.
O mais phoda foi a Oracle (Mary Alice) enganando tudo e a todos. Essa falsa sensação que o personagem transpassa de dizer o que está prestes a acontecer é tão falsa quanto uma nota de R$3,00. Fui surpreendida pelo desfecho e curiosa, sobre o que teria acontecido com Neo, parece que ele se tornou um elo entre todas as dimensões, pela capacidade de se comunicar e lutar contra elas. O personagem parece que sabe as falhas de cada mundo e, por isso, tem tanto reconhecimento em todas elas. Apesar das desconfianças que o personagem gera, todos acabam se rendendo a ele no final, se houveram seis escolhidos, porque só ele era assim?
Neste segundo filme da trilogia de Matrix, Reloaded, as irmãs "The Wachowiski" diminuem o ritmo do filme em comparação ao primeiro, Matrix. Apesar de ter três anos de diferença entre um e outro, esse filme parece que foi gravado, literalmente, em sequência do primeiro. Não houve quebra na história, como costuma ocorrer. Há o acréscimo de alguns elementos e personagens, que no primeiro momento traz estranheza. Como a cidade parelela Zion, localizada entre a Matrix e a cidade das máquinas, ela é cheia de humanos, que assim como Neo (Reanu Reeves)puderam ter consciência acerca da Matrix.
Nessa cidade há um culto a tudo que é mundano: festa, bebidas, música alta, luzes, sexo e prazer. As irmãs Wachowiski abordam com maestria o que seria a frieza de um mundo sem o que o faz ser o mundo que é, ao colocar essa cidade na história. Isso ocorre de maneira muito sutil e, pensando assim, é totalmente justificável a cidade no roteiro. Ela simboliza aquilo que dá unidade ao ser humano: a noção de família. A organização hierárquica em que ela se apresenta me incomodou bastante, sobretudo, pelo autoritarismo do operador do portão de Zion. Se no primeiro filme eu fiquei pensativa com os elementos religiosos que são apresentados. Em Reloaded, isso se confirma, novamente, pois Zion é o nome do portão de terra santa (Jerusalém), para o Monte Sião.
Em Reloaded, o obsessivo Agente Smith (Hugo Weaving), consegue alcançar as outras dimensões para destruir Neo, aqui tem-se um furo, porque no primeiro filme, ele busca por Morpheus e, aos poucos sua perseguição vai se intensificando para Tomas/Neo. Nesse filme, ele fixa-se mesmo em Neo, que em busca de respostas vai conquistando outros inimigos pelas Matrix. Acho super engraçado eles percorrerem pelas dimensões via telefone, como seria na era da internet isso, hein?!
Assisti pela primeira vez esta obra prima das irmãs "The Wachowiskis" (Lily e Lana), após vinte e dois anos do lançamento do filme. O que isso quer dizer? Que Matrix está envelhecendo como vinho!
Nesta produção, a primeira parte de uma trilogia, muito filósofica, por sinal. Temos a descoberta de dois mundos paralelos: o mundo dos humanos, tal como conhecemos, do final do séc. XX, e um mundo dominado pelas máquinas (é curioso que aqui ainda não é usado as temos AI - Inteligência Artificial). A Matrix é nada menos, que uma projeção do mundo que serve como fonte de energia para as máquinas. Dessa forma, existe um paralelo entre o que é real e o que é uma projeção. Mas, "o que é o real"?, diria a Oracle (Gloria Foster).
A existência de um oráculo me chamou muito atenção, porque Morpheus (Laurence Ferburne), além de ter a consciência dessa projeção, chamada Matrix, vive junto com Trinity (Carrie-Anne Moss), Cypher (Joe Pantoliano), Dozer (Anthony Ray Parker) em uma nave. A partir da crença de Morpheus em um Escolhido "Neo", eles vão em busca de Tomas Anderson (Keanu Reeves) para treiná-lo e, assim, confirmarem ou não essa crença alimentada pelo Oracle, que Neo é o Escolhido capaz de encerrar essa guerra travada entre os humanos e as máquinas. O filme vai trazendo ao telespectador vários elementos da vida e do cotidiano e vai desfragmentando-os, fazendo o telespectador acreditar que se tratam apenas de ilusões. Isso ocorre na apresentação de Morpheus para Neo dessa Matrix, ao mesmo tempo em que traz estes elementos para o telespectador. Então, o ar, o cansaço, o gosto, as sensações, elas são "irreais" dentro da Matrix. Mas, algo não parece ser: a fé, a religiosidade, o amor, a lealdade. Os sentimentos e atitudes são elevados como, tipicamente, humanos, isso faz Morpheus ainda frequentar a Matrix, para sempre se encontrar com a Orácle. Tal como a fé, os inimigos, também, se fazem presentes nesse mundo paralelo. Tomas Anderson, antes mesmo de se tronar Neo, já se torna mira do Agente Smith (Hugo Weaving), que nos entrega o um vilão de alta qualidade, que raiva ele me deu.
É impossível não destacar os efeitos especiais desse filme, sobretudo, na luta histórica entre Neo e Agente Smith, que apesar de serem bem antigos não deixam a desejar, ao contrário serviram de base e inspiração para tantos outros que vieram em sequência. As lutas são incríveis, os movimentos das câmeras em stop motion e depois em completa velocidade é surreal é muito, muito bom!!
Andrew Niccol apresenta uma distopia, que a cada dia parece se tornar realidade. Na cidade criada pelo diretor, ele transforma o famoso e popular ditado: tempo é dinheiro em realidade. E, assim, as pessoas precisam dele para sobreviver, caso o contrário ela morre. Com um sistema hierárquico, onde as pessoas oriundas dos guetos, os pobres, ao completarem vinte e cinco anos passam a ter sua vida controlada por relógio, eu diria que é um cronômetro, porque eles dispõe apenas de um dia. Dessa forma, precisam trabalhar para garantir o outro dia e para suprir suas necessidades básicas: casa, comida, transporte (não há educação, saúde, ou segurança). Em contrapartida, os ricos, não sofrem desse medo por não tem o dia contabilizado a cada segundo, por disporem de heranças e bens que os garantem milênios, séculos e décadas para poderem desfrutar da vida.
O filme faz pensar muito a respeito do valor que damos para o tempo e como o gastamos, pois cada segundo é muito precioso e pode salvar ou matar, literalmente, uma pessoa. Os valores deste mundo distópico são, totalmente, distorcidos. Existe a preferência ao acúmulo em detrimento do desfrute daquilo que se possui.
Bom, o personagem principal é Will Salas (Justin Timberlake ), que irá ter uma oportunidade ímpar em mudar de classe ou de fuso, como é dito no longa. Ele sai do gueto em busca de justiça. Para tanto, ele sequestra a filha do dono do "banco do tempo", a Sylvia Weis (Amanda Seyfried). Neste ato o filme dá uma caída grande no roteiro, porque o plano do personagem não fica bem definido. Os dois viram uma dupla amor forçada, em que o "mocinho rapta a mocinha e juntos fogem pela cidade buscando justiça". Eles fogem do empenhado "guardião do tempo", Raymond (Cillian Murphy), que parece agir sozinho. Sem falar da Sylvia atravessar a cidade e até telhados de salto.
Destaco a atuação do Cillian Murphy, para mim, é muito superior a atuação entregue pelo Justin, que para a nossa felicidade melhorou muito nos trabalhos posteriores a este.
"Show de Truman" é um clássico moderno. Peter Weir apresenta um filme que parece ter previsto o futuro. Hoje a televisão e demais serviços de streaming transmitem reality shows, que confinam pessoas por um período para elas compartilharem ou criarem uma vida, o famoso, personagem. Olha, é bem provável que estes programas tenham sido originados ou ao menos terem sido fundamentados neste longa. A diferença, ou melhor, a grande diferença é que o personagem não sabia que fazia parte de um show. Truman Burbank (Jim Carrey) desde quando era bebê tem a sua vida acompanhada por câmeras e por milhares de pessoas, os telespectadores, durante 24 horas ininterruptas. O problema é que ele não sabe. Daí vem toda a melancolia que o longa transparece.
Em uma cidade perfeita, Truman leva uma vida pacata e rotineira, sem se preocupar ou questionar como todos os dias se passam iguais. Até que ele começa a perceber alguns fatos diferentes e ao religar estes fatos ele começa a desconfiar dessa sua vida feliz e contente. Para tanto,
ele se lembra das informações passadas por Lauren/Sylvia (Natascha McElhone ), que ao se encontrar com Truman no passado, tenta alertá-lo que sua vida é uma mentira, o engraçado é que ele sequer desconfia ou acredita na palavra dela, naquele momento. O que o faz questionar este sistema que o mantém recluso em uma cidade é a falha de comunicação que vaza conversas da produção para a estação que Truman estava ouvindo no caminho para o trabalho. Isso o faz trocar o caminho e, aparecer em local inesperado, levando a equipe ser em parte revelada no cenário que ainda não estava completamente montado.
. Achei incrível essa interferência do som diegético no longa.
Achei muito triste ele ter vivido por 30 anos uma mentira, que só tinha o objetivo entreter as pessoas. Tudo muito semelhante aos dias atuais, sobretudo, com a multiplicação dos Youtubers. Quantos não vendem um estilo de vida, que não condiz com a realidade para vender, entreter, imbecilizar as pessoas? Em nenhum momento, Cristoff(Ed Harris), o poderoso produtor de TV, pensou na pessoa que ali estava diante das modernas câmeras. Achei a conversa entre os dois um diálogo, como: o criador e o criado. Até a estrutura em que ele residia para comandar o programa, o sol, remete a isso. No show de Truman a vida não importa, o que vale a pena é o show, e sacrificar a vida, os gostos, as escolhas de uma vida faz parte do show.
Me pergunto, por que demorei tanto para assistí-lo! O Filme é muito bom, e Jim Carrey, por mim só atuaria em filmes de drama! Que talento tem este ator fantástico.
Primeiramente, este filme é um spin-off do live-action "101 Dálmatas, o filme", de 1996, dirigido pelo Stephen Hereck com o roteiro do John Hughes. Cruella conta com a direção do Craig Gillespie (I, Tonya - 2017) atualiza, conscientemente, a animação da Disney para o século XXI. A diferença já sente-se pelo roteiro assinado por: Tony MacNamara, Aline Brosch McKenna, Kelly Marcel, Dana Fox e Steve Zissis.
A apresentação da icônica antagonista, Cruella De Vil. Bom, eu sempre tive a curiosidade sobre a origem dela e olha não me decepcionei com o que foi apresentado. O passado dela é comum aos vilões: triste e comovente. Temos uma pessoa, que desde a tenra idade tinha uma personalidade e originalidade ímpar, o que trouxe várias consequências, ao menos para aquele momento específico. O resultado já é conhecido, banhado pelo descaso e abandono ela seguiu em busca do seu "lugar ao sol" de forma, extremamente, torta ao lado daqueles que a acolheu: Jasper (Joel Fry) e Horácio (Paul Walter Hauser). Acabei me surpreendendo muito com eles! No live-action, estes personagens eram super atrapalhados. Neste filme, eles têm uma perspicácia incrível e tem seus próprios capangas, dois cachorros super fieis!
Isso foi surpreendente! Porque rompeu com a aversão deles (Cruella, Jasper e Horácio) aos animais. Posto isso, no século XXI, e na era na qual vivemos já não faz o menor sentido. Com toda certeza, já é mais conscientemente com a causa animal que foi sendo construída nas últimas décadas. Outro ponto que merece destaque é a jornalista da redação da coluna de moda, Maya (Kirby Howell-Baptiste) ser uma atriz negra! Foi show!
Por último, e não menos importante são os figurinos, a trilha sonora e os efeitos encantaram. Além claro, da atuação da Emma, que foi surpreendente!
Esse live-action da célebre animação da Walt Disney "A Guerra dos Dálmatas, ou 101 Dálmatas", lançada em 1961, sendo inspirada pela história "Os cento e um Dálmatas", de 1956. Chegou ao mundo pela direção de Stephen Hereck trazendo Pongo e Prenda re(construindo) a hilária história dos cães pintados.
O filme tem um roteiro simples e cômico reflexo de seu produtor John Hughes. O que contribui para que, rapidamente, a gente sinta afeição pelos inteligentes cães. O romance deles consegue fazer que seus donos, Roger Dearly (Jeff Daniels) e Anita Campbell (Joely Richardson). Para o terror de Cruela De Vil (Glenn Close), que fica entusiasmada com a possibilidade de criar um casaco de pele desenhado pela Anita com a pele dos dálmatas. Neste ponto, acredito que o filme poderia ter sido mais crítico quanto ao uso da pele de animais pela indústria da moda, sobretudo, a de alta costura.
Destaco a atuação da Gleen Close que é a personificação de Cruella! Ela me rendeu muitas risadas ao lado de seus cúmplices: Jasper (Hugh Laurie) e Horácio (Mark Willians). Além de uma imensa nostalgia da infância.
"Só porque você se acostuma com algo, não significa que você goste. Você se acostumou comigo". (Kevin)
"Precisamos falar sobre o Kevin" é a adaptação do livro homônimo escrito pela Lionel Shriver, sendo lançado em 2003. Lynne Ramsay traz a tona no longa uma proposta indigesta, por vezes, intimidadora: a psicopatia infantil. É incomodo pensar, que crianças possam ter uma psicopatia, apesar dos índices serem baixos, ela existe. Apesar de já saber, brevemente, a premissa do filme, fiquei impressionada com a delicadeza, no qual, ele foi construído.
Kevin (Jasper Newell/Ezra Miller) provoca um massacre dentro de sua escola. Mas, isso é pouco explorado, ao contrário de filmes acerca da temática, como Columbine (2002), focaliza no fato em si. Neste longa, a mãe Eva Katchadourian (Tilda Swinton), uma agente de viagens, relembra fatos de sua vida que poderiam ter contribuído para justificar a crueldade de seu filho para com as pessoas. Realizada em sua profissão, ela nunca quis ser mãe, dessa forma, Kevin foi fruto de gravidez compulsória, após se casar-se com seu marido, o fotografo Franklin (John C. Reilly). Com uma relação feliz e estável, tudo muda com a chegada de Kevin. Eva, desde a gravidez já dá sinais que se sente incomodada com o fato de estar grávida. Depois do nascimento dele, ela tem uma depressão pós-parto, que não é explorada, ou ela não sabia o que se passava. Isso ocorre com várias mulheres. Kevin ficava, constantemente, chorando. Quando ele fica mais grandinho, a mãe faz questão de falar para ele que "tinha uma vida feliz antes de sua chegada, mas que agora ela só sonhava em estar na França". Em contrapartida, ele também não demonstrava carinho ou sequer atenção por ela, com um temperamento "genioso", o que poderia ser só uma fase se perpetuou até a adolescência dele e ao meu foi piorando com o passar do tempo. Para ilustrar isso, foi utilizado muito a psicologia das cores, o vermelho sinalizando: amor, paixão, raiva, limite, sangue, dor...sempre contrastando com o azul: calma, paz, harmonia...
As memórias de Eva, são misturada com a realidade em que ela vive, após o atentado que o filho provocou: a perda do emprego, da sua casa, do seu status, da sua identidade. Essa nova condição contrasta com a antiga vida de classe média alta da família. Isso é cruel e muito pouco explorado, porque a vida das famílias, dos pais que têm filhos com essa personalidade destrutiva não é discutida pela sociedade, pouco menos, é dada a importância para essas pessoas. Apesar da responsabilização dos pais, que no fato coube apenas a Eva, é necessário "toda uma aldeia para educar uma criança", conforme diz o ditado africano. O filme provoca essa reflexão, porque julgar sempre é o caminho mais fácil. As pessoas que foram vítimas de Kevin queriam provocar a dor que ele causou em Eva, pois assim ele poderia ser atingido, mas isso não fazia diferença para Kevin, porque atingir Eva não fazia o seu filho se sentir atingido, porque ele, também, a queria atingir cruelmente. Portanto, cabe a sociedade se apropriar dessas discussões, ao invés de ignorá-las, porque essa atitude serve apenas de alimento para que mais jovens com este desvio se sintam encorajados a perpetuar dor e sofrimento a todos.
"Eu Tonya" é um filme biográfico da ex-patinadora americana Tonya Harding estrelado pela Margot Robbie. Este longa nos apresenta os bastidores do holofote curto e repentino do talento da atleta sob os patins. Ainda criança, ela foi incentivada pela sua controversa mãe Lavona (Allison Jammy), que, praticamente, a forçou, desde a tenra idade, a se dedicar as pistas de gelo. Desde então, a relação entre mãe e filha foi construída e marcada sob contornos incomuns. Quando Lavona passa a investir o seu humildade salário, que ganhava como garçonete na construção da carreira da filha como patinadora, ela se achava no direito de explorá-la psicologicamente, fisicamente, emocionalmente e socialmente. A disfuncionalidade familiar de Tonya a prejudicaria sem precedentes como atleta e, sobretudo, como uma pessoa independente. A falta de autoestima e sempre em busca do amor das pessoas ao seu redor, seja do seu agressivo marido Jeff Gilloly (Sebastian Stan) ou do público americano. Ela se dedicava exaustivamente nos treinos de patinação artística.
O filme foi construído com muita leveza e vai nos conduzindo para as polêmicas, que foram capazes de arruinar a carreira promissora da patinadora, por meio do humor, ao invés de narrar de forma dramática os acontecimentos, tal como ocorreram. Craig Gillespie remonta os acontecimentos com muita maestria, porque os fatos não ficam iguais uma do linha do tempo. A montagem fez parecer que a sucessão dos fatos ocorreram naturalmente. O uso da quebra parede para os personagens foi uma possibilidade de Tonya e outros dialogarem diretamente com o público, fiquei pensando se ao menos ela teve espaço, na época, para expor o que sentia sobre toda a situação. Tonya estava cercada por parasitas, isso é fato. Mas, a derrocada de sua promissora carreira, advém também da característica dos esportes de alta performance: exigirem sempre o improvável de seus atletas. Craig expõe, também, a face excludente dos jurados americanos quando
Tonya corre atrás de um dos jurados para questionar sua nota tão baixa, sendo que havia se apresentado tão bem e ele responde que não se tratava apenas da técnica. Ela não representava a família americana
Ou seja, não basta toda a dedicação, aprendizado e abdicação dos atletas é necessário compactuar de valores irreais. Fiquei pensando na outra atleta, a Nancy. Assim, como Tonya, ela foi vítima de uma conspiração e quase - apesar de ter ganho a medalha de prata, não se mostrou contente - teve sua carreira destruída.
Por último, destaco o casting e a caracterização, ambos ficaram idênticos a realidade e a trilha sonora que dialoga com cada cena, ficou incrível.
"O operário" é um filme cru e indigesto sobre a culpa e sua ação na mente e corpo de uma pessoa. O roteiro nos conduz, no primeiro momento, por meio do primeiro e segundo ato para a vida do torneiro mecânico Trevor Reznik (Cristian Bale). O personagem sofre de insônia há um ano e ao que parece isso é causado pela sua dedicação exaustiva ao trabalho. Mas, a partir desse fato, inicia-se uma trama psicológica interna no personagem que vai sendo exteriorizada para o seu ambiente. Todas as vezes em que Trevor vai cochilar ou tentar dormir ele começa a sofrer de uma desordem psíquica, que o personagem não a identifica instantemente.
Isso ocorre, porque Trevor está em processo de ressignificação de um trauma vivenciado por ele no ano anterior e como um mecanismo da mente humana, este trauma foi "escondido" no inconsciente do personagem, mas quando ele tentava dormir ou era exposto a situações complexas e agressivas iniciava um processo de paranoia. Apesar dele tentar viver a sua vida ignorando este sofrimento, o personagem o transparece fisicamente, por meio da falta de sono e apetite levando-o ao emagrecimento contínuo. Este aspecto cadavérico e, constantemente, cansado chama a atenção do personagem e de outros em que ele convive, mas é ignorado por Trevor. Como este mecanismo de defesa da mente - tornar o trauma consciente - falha. Trevor passa então a fazer uma projeção do seu "eu" para o exterior. Dessa forma, o personagem Ivan (John Sharian) como uma representação do inconsciente de Trevor passa a "persegui-lo" e, por isso, Trevor tenta eliminá-lo de qualquer forma. O trauma do personagem é tão grande que ele passa a carregar uma grande culpa pelo o que aconteceu e ela só se torna consciente para ele novamente, após um intenso desgaste que ele teve para entender, que ele era o verdadeiro "culpado". O longa vai dando pistas disso no decorrer das cenas e é explicito quando a câmera foca no livro Crime e Castigo do Fiodor Dostoievsky.
Eu fui totalmente surpreendida pelo desfecho, porque eu acreditei no personagem a todo momento, logo o plot twist foi super inesperado. A atuação do Bale é monstruosa, com certeza, este personagem fez parte do laboratório do Joaquim Phoenix para a construção do Coringa, as primeiras cenas de Trevor com Stive(Jennifer Jason Leigh) são parecidas com as cenas de Joker se preparando para ir ao Programa de TV. Concordo com alguns comentários abaixo sobre o filme ter influências do Clube da Luta (1999), algumas composições lembraram muito, sobretudo, a projeção Ivan.
na tentativa de dar um fim em Ivan e, assim, acabar com aquele que o perturba, consegue "capturá-lo" e matá-lo, enfim. Trevor então enrola Ivan em um tapete para desová-lo no mar. Contido, ao invés do "corpo" enrolado no tapete cair no mar, o tapete se abre e se estende como se fosse para ele passar por cima, porque não existia uma pessoa o perseguindo além de seus próprios pensamentos.
David Michôd desenvolve no longa um rei incomum: ele não tinha a ambição de ser um e, portanto, cultivava uma boemia vida. Essa vida longe das tradições reais gerou uma intensa desconfiança sobre a capacidade de Hal (Timothée Chalamet) ser o futuro rei da Inglaterra. As circunstâncias o levaram ao reinado, mas sempre sob a desconfiança de seus conselheiros e aqueles que auxiliavam seu pai. Ao assumir o reinado, Hal apelido para os mais próximos se torna Henrique V e, assim, uma trama começa a ser formada.
Essa trama, o leva ao combate com o The Dauphin (Robert Pattinson) filho do rei da França. Essa guerra declarada por Henrique V toma contornos que vão contra ao que ele queria e, aos princípios que ele almejava para a Inglaterra, como o sacrifício de homens a troco de desavenças que poderiam ser desfeitas com base no diálogo. Essa ideia era controversa para época e o reinado a via como um sinal de fraqueza. O que levou Hal até as últimas consequências para "afirmar o poderio inglês". Ele foi testado e, incrivelmente, teve êxito no campo de batalha.
Achei o filme incrível, a trilha sonora, a fotografia e as atuações são maravilhosas, por favor, alguém escala o Pattinson para novos papéis como antagonista! Apesar de um papel curto ele se destaca muito! Timothée também está incrível. O problema que eu vejo no longa é essa ideia de que os reis pensava em seu povo em detrimento de tudo, um rei caridoso e amável e se tratando de Henrique V, a história diz ao contrário.
No primeiro momento, fiquei surpreendida pelo fato de ninguém da comunidade saber a fórmula do cristal, porque rompe com a ideia de saberes que são perpetuados ao longo de gerações pelas pessoas das comunidades e vilarejos. A composição das cenas parecem terem sidos inspiradas nas pinturas de Caravaggio, sobretudo, quando elas ocorrem na taverna. O jogo de luz e sombras é fantástico! Aqui o Herzog introduz aquilo que eu chamo de elementos que compõe a sua assinatura no cinema: a pata. Em outros filmes do diretor observei que há sempre um animal de, preferencia, silvestre em meio as cenas. Talvez, seja a forma dele nos lembrar que a natureza convive entre nós, apesar dos nossos dilemas e da sua exclusão para com ela.
Fisher Stevens, após uma notória carreira como ator (O Grande Hotel Buspestre - Mrs. Robins) tem desenvolvido vários trabalhos de direção merecendo atenção para os futuros trabalhos. O roteiro de Palmer parece simples, no primeiro momento, o trama se desenvolve com a reconstrução de "um ex-presidário, Palmer (Justin Timberlake) que retorna à sua cidade natal e forma um laço improvável com um menino abandonado por sua mãe viciada em drogas". Contudo, tal como é a vida cotidiana a história não é tão simples assim.
Entre as diversas perdas que colecionou desde que foi condenado, Palmer conquista o amor de uma criança, Sam (Ryder Allen), na medida, que busca reconstruir a sua vida, com o desafio de romper o estigma de ser um ex-apenado. As circunstâncias que resultaram na sua condenação no passado são reveladas a conta gotas ao longo do filme, mas elas resultam na crescente do personagem no decorrer da história.
Sam, a criança que passa a acreditar e confiar em Palmer desde o primeiro momento, não é uma criança qualquer. As suas particularidades, também, vão sendo reveladas pouco a pouco e se mostram muito atuais e pertinentes para estarem em produções fílmicas como esta. Achei muito sensível a construção do personagem em face aos seus dilemas pessoas e familiares. O encontro desses dois personagens faz jus ao ditado: "juntos somos mais fortes".
Fui completamente surpreendida pelo longa! Amei <3
Quentin Tarantino nos apresenta a derrota do III Reich de Adolfo Hitler (Martin Wuttke), sob a perspectiva da judia Shosanna (Mélanie Laurent) e do grupo anti-nazistas "Bastardos Inglórios", liderado por Brad Pitt (Aldo Reine). O longa não foge as clássicas características desse diretor peculiar: a divisão em capítulos, os diálogos e cenas longas e, por vezes, banhadas por muito sangue, reflexo da violência pungente.
A trama se desenvolve a partir da tensão construída pelo antagonista, o coronel Hanz Landa (Christoph Waltz), que como um "bom" defensor do Reich foi apelidado de "caçador de judeus", por ser dotado de uma exímia percepção de esconderijos e disfarces comumente usados pelos judeus e demais povos perseguidos por Hitler. Alguns dos personagens foram inspirados em pessoas reais para a composição da personalidade, estilo e temperamento, por exemplo, a atriz de cinema alemão Bridget von Hammersmark (Diane Kruger); o personagem de Brad Pitt foi inspirado no ator americano da década de 1950, Aldo Raine.
Tudo que foi acrescentado sobre este filme pode ser considerado um spoiler e nada melhor do que assisti-lo e ser pego, totalmente, de surpresa!!
Ainda não entendi essa "tradução" do longa, não tem nada a ver com a história, e introduz uma expectativa negativa, para o filme. Aliás, ele mira na personagem de Diane Keaton (Annie Hall) e acerta em Wood Allen (Ilvy Singer) que a todo momento só fala sobre si, ignora as necessidades e, por vezes, a vida de Annie Hall em detrimento a concepções que apesar de fundamentadas são justificativas cansativas ao seu comportamento tóxico.
Ao olhar o filme, tendo em vista o contexto do seu lançamento o filme traz os reflexos da liberdade sexual feminina, então, temos uma personagem (Annie Hall) ainda a mercê de Ilvy, sobretudo, no que tange a sua subsistência, já que sexualmente falando ela consegue se impor e colocar o seus desejos a frente dos desejos dele. O uso recreativo de drogas ilícitas também era uma novidade para a época é explorada no filme pela personagem de Keaton. Como em 1976-1977, os EUA estarem vivenciando o período pós-guerra do Vietña, me faz compreender o porquê este filme foi classificado como uma comédia.
Eu não consegui achá-lo cômico, pelo contrário, ele é triste e, por vezes, desesperado. Será que as escolhas femininas contribuíram para agravar o quatro dos homens desajustados? Tecnicamente, o filme inova na quebra da terceira parede, na transição das cenas e, principalmente, na fluidez do filme, achei ele muito rápido, inclusive.
O gosto pelo filme é muito pessoal, mas compreendo que muitas pessoas têm como exemplo de relacionamento casais chatos, incompatíveis e monótonos, o que me faz concordar que este filme é uma "Ode ao amor e aos infelizes".
Clint Eastwood se despede do western - gênero que lhe consagrou como astro do cinema mundial - como ator e, também, como diretor. Este filme de despedida é dedicado aos diretores consagrados do gênero, Sergio Leone e Don Siegal como uma forma de encerrar com maestria a parceria de sucesso entre ambos, que durante várias décadas compartilharam várias experiências de sucesso.
Para tanto, Clint traz em "Os imperdoáveis" uma despedida à altura, tanto pelo roteiro incrível de David Peoples, que aborda um faroeste em transição, quanto por recordar o histórico de homens valentes que resolviam suas desavenças com suas armas carregadas de balas ao punho. Mas, por outro lado, coloca como cerne da história a revolta das prostitutas ao ter uma delas agredida covardemente pelos vaqueiros do vilarejo. Este fato que nos filmes do gênero não teria notoriedade aqui é o estopim para um ex-executor (se é que podemos chamar assim uma pessoa que matava as pessoas, mas que persuadido pelo amor da mulher amada muda completamente de vida), regresse ao seu passado, a fim de, cumprir esta vingança em nome das prostitutas.
Aqui temos uma entrega do Clint como ator dando papel ao personagem William Muny, que aborda os dilemas deste forasteiro entre o luto da partida de sua esposa e as vidas que ele tirou ao longo de suas aventuras. Muny aparece, muitas vezes, arrependido por seu passado e justifica o seu fracasso no presente às más escolhas que teve na juventude. Após ele aceitar a proposta de Schofiedl Kid (Jainz Woolvett) para matar os vaqueiros essas memórias ficam ainda mais vivas no personagem.
Como diretor Clint foi impecável! As cenas são muito bem construídas. A história dos personagens são coesas e nos prendem a seus dilemas e questões. Este jogo que o filme estabelece em: relembrar a vida do personagem, voltar a ativa e apesar de toda a experiência de vida partir para um caminho desconhecido é uma metáfora do que foi um dia o western para Clint e para tantos que se aventuraram no gênero. Assim, fecha-se uma era de ouro com maestria e sucesso. Este longa ganhou o óscar em quatro categorias da cerimônia de 1993: melhor filme, melhor diretor, melhor ator coadjuvante e melhor montagem.
Jeff Rowe e Michael Rianda nos brinda com essa família irreverente, longe de ser uma família de propaganda de margarina e, isso, nos aproxima quase que, instantaneamente, dela. A personagem principal a cinéfila Katie, caloura da Universidade em busca de aceitação da sua família, para com o seu sonho cinematográfico e ao mesmo tempo à procura de sua tribo representa os dilemas do processo de início da vida adulta: definir uma profissão, entrar em uma autoescola, sair de casa e etc.
O que contribui para a realidade da animação é ambientação ao mundo digital e sua reviravolta ala Ex-Machina: Instinto Artificial (2014):
Pal (um celular) em revolta com o seu usuário e cansada com os frequentes "mau" uso de seus recursos inicia um plano de destruição dos humanos
. O que eu achei incrível é como Pal consegue identificar e apontar para os humanos suas diversas falhas, inclusive, as de ordem emocional. Isso eu achei fantástico!
Em meio ao caos gerado por Pal e seus robôs, a família Micthell é obrigada a enfrentar suas diferenças, afim de parar o plano de Pal. Os diretores usaram diversos símbolos para isso como: o usos dos memes, filtros, piadas e referências a outros filmes na composição das cenas como: Exterminador do Futuro 2: o julgamento final (1991); 2001: uma odisseia no espaço (1968), o nome da Pal é uma referência a Hal, a inteligência artificial de Stanley Kubric; O Despertar dos Mortos (1978); A Noite dos Mortos Vivos (1968); O Caça Fantasmas (1984) e Kill Bill volume 1 (2003). Além desses, teve a referência ao episódio da oitava temporada de Game of Thrones "The Long Night" (A longa noite) (2019).
Tudo isso, deixou a animação muito divertida e leve de assistir. Eu gostei muito dos efeitos e dos gráficos utilizados. Será que é uma concorrente a melhor animação para o Óscar de 2022? Aguardaremos os próximos lançamentos.
Lembro-me como se fosse hoje as notícias aterradoras e as primeiras imagens sobre as ondas que engoliram a Tailândia em dezembro de 2004, naquela noite de domingo. Sempre que eu vejo este filme eu lembro-me de mim: aquela menina assustada com tudo aquilo e que, imediatamente, criou mil e uma teoria para justificar para si mesma a força da natureza. Este foi o meu assunto por vários dias na época minha família que teve que aturar (risos).
Quando eu vi este filme pela primeira vez, foi impossível não se emocionar. Acredito que eu não teria nem metade da força que aquela família teve em admitir que estava em meio a um desastre inédito e com uma destruição sem precedentes. J. A. Bayona reproduz fielmente a saga pela sobrevivência da família composta por María Belón Alvárez (Naomi Watts), Enrique (Quique) (Ewan McGregor) e os três filhos do casal: Lucas Belón (Tom Holland), Simón (Oaklee Pendergast) e Tomás Belón (Samuel Joslin). Aqui temos o ator Tom Holland esbanjando talento ao dar vida ao sobrevivente Lucas que no decorrer da história ajuda sua mãe a se resgatada e, também, outros pais e filhos se reencontrarem no caótico hospital tailandês.
O filme é emocionante e nos faz questionar o tamanho da nossa pequenez diante da natureza. Esta mesma natureza que nos encanta, fascina, nos faz ir de um lado para o outro para contemplá-la é a mesma que destrói, traz dores, marcas e perdas - físicas, econômicas, sentimentais e psicológicas - Tudo isso foi retratado no longa, que por sorte ou uma conspiração do acaso promove não só a sobrevivência dessa família, como o reencontro - emocionante - de cada um dos seus membros. Algo que no decorrer do filme fica evidente com os outros personagens coadjuvantes que a vida de muitos, infelizmente, não foram poupadas das ondas da morte como a da família Belón.
Uaau, o que aconteceu aqui? HAUSHuhasuh Primeiro eu não sabia que o filme era uma produção nacional e foi uma surpresa ver nossos atores globais em cena. Destaco a atuação de Murilo Benício e Irandhir, este último vem entregando papéis no cinema de tirar o fôlego e aqui não foi diferente! Segundo a trama é acida, crua e sangrenta! As críticas ao fajuto slogan "cidadão de bem" que tem ganhado força nos últimos anos. Achei indigesta algumas cenas, mas ao mesmo tempo, demonstraram a sádica face do ser humano que não consegue se desvincular do seu próprio umbigo e, por isso, é egoísta, invejoso, cruel, preconceituoso, intolerante e agressivo, sinônimos do que seria um "Animal Cordial".
Bom, achei a história por ser um encerramento com um tom de despedida. A solidão que essa mãe cultuava sem seus filhos em casa, sem os motivos para broncas, gritarias e piadas engraçadas sobre o cotidiano de uma mãe com seus diferentes filhos. Assisti o filme para homenagear o artista e senti que o filme se despediu do público como se fosse capaz de imaginar os duros anos que teríamos pela frente e o desfecho do seu criador. Por isso, considero os primeiros filmes da trilogia como melhores que este.
Como poderíamos imaginar que, este seria o encerramento da história da Dona Hermínia e também o último longa do talentosíssimo Paulo Gustavo? :(
Marighella
3.9 1,1K Assista AgoraWagner Moura se lança como diretor de cinema com a história de uma pessoa um tanto quanto indigesta para muitos, porque sempre será símbolo de um período obscuro do nosso país, essa pessoa não é ninguém mais e ninguém menos do que Marighella (Seu Jorge).
Eu fiquei impressionada com o realismo das cenas. Eu pude ver pessoas, que lutaram sacrificando a vida, apanhando muito e sentindo muita dor, para que hoje eu e tantos outros pudessem desfrutar da liberdade! Além disso, eu vi cenas incríveis sobre amizade, sobre cuidado, porque como diz Ernest Hemingway: - "Quem estará nas trincheiras ao teu lado? ‐ E isso importa? ‐ Mais do que a própria guerra." Essas pessoas também tinham casa, filhos, uma história. Contudo, como sobreviver para sempre sufocado? Acredito que isso levou Marighella e tantos outros se sacrificarem, correrem contra as balas na tentativa de soltar essa mordaça amarga que queria calar seus sonhos.
Eu gostei muito das atuações, sobretudo, do Seu Jorge, Bruno Gagliasso(Lúcio) e Humberto Carrão (para sempre o Tio Humberto). Grande estreia do Wagner!!
Tangerina
4.0 278 Assista AgoraTangerine já nasceu clássico! Sean Baker nos apresenta uma realidade crua de uma população marginalizada tanto na vida quanto pelo cinema, a vida e os dilemas em que vivem as travestis nas ruas. O diretor não narra a história em quaisquer ruas, vamos assim dizer. Ele grava nas ruas da badalada Los Angeles e rompe com o uso de todos os aparatos de uma gravação fílmica convencional. Para apresentar essa realidade que foge aos olhos de todos quando se trata das travestis. Contudo, ele vai além, ele apresenta em uma véspera de Natal, o que é de fato o espírito natalino que dura apenas 24h, para algumas - poucas famílias e pessoas privilegiadas - que alimentam ainda essa "tradição comercial", que visa apenas o consumo desfreado.
O enredo se desenvolve, a partir da humilde comemoração entre as amigas Sin-Dee Rella(Kitana Kiki Rodriguez) e Alexandra (Mya Taylor), pois Sin-Dee estava deixando o Sistema Penitenciário, após 28 dias reclusa. A personagem sem quaisquer perspectiva de trabalho ou lar, busca retomar o seu relacionamento com o Chester (James Ransone), mas é interpelada ao tomar conhecimento que ele estava mantendo casos extraconjugais enquanto ela cumpria pena. Esse fato, destrincha toda a história pela rua de Los Angeles, que é apenas mais uma cidade e para isso, o diretor abusa do filtro amarelo, que contribui para descaracterizar a glamorosa Los Angeles, para dar o lugar as vielas, a prostituição a luz do dia, as agressões que mulheres sendo travestis ou não sofrem ao tentarem ganhar seu dinheiro dignamente. Este sofrimento, também, é abordado sob a perspectiva da família tradicional, em que o taxista armênio Razmik (Karren Karagulian), ao mesmo tempo em que sofre preconceito por ter outra nacionalidade, mantém casos extraconjugais na rua enquanto, mantém a sua mulher dependente. Sob o pretexto de ser o "chefe da casa". Apesar do filme ter alívios cômicos, não consegui encontrar o humor em meio a realidade apresentada.
Achei o filme, incrível e ele carece de mais atenção!
Dor e Glória
4.2 619 Assista AgoraEste é o primeiro filme que assisto do Pedro Almodóvar e olha, me conquistou de uma forma surpreendente! A alegria que o ambiente apresenta com suas cores vivas e alegres, contrasta com a vida melancólica e triste do personagem, que no longa é quase uma imagem-semelhança do diretor. Tendo em vista, que a película - ah, que delícia ouvir essa palavra com o sotaque espanhol - é uma autobiografia do diretor. Li em alguns sites que algumas roupas usadas por Salvador Mallo (Antônio Banderas) é do próprio guarda roupa do cineasta.
A história é um emaranhado de estórias e lembranças de Mallo sobre a sua infância, que apesar de desafortunado pode contar com a generosidade de algumas pessoas do povoado em que vivia com sua família, o popular pueblo, como sua mãe se referia. Neste lugar, o cineasta aprendeu e ensinou. As sequências das tomadas dessas lembranças do personagem, acredito que foram uma das mais bonitas que já vi. A simplicidade de " Salva", - apelido que, carinhosamente, sua mãe Jacinta (Penélope Cruz) o chamava - ao ensinar o pedreiro Eduardo (César Vicente) o contato com as primeiras letras dizendo: " - Escribir es como dibujar, solo con letras", com certeza levarei para vida. Incrível!
Achei o filme simples, mas com uma profundidade ímpar! Com certeza, é um dos poucos filmes que já assistir que abusou das Artes como um recurso: o uso da pintura, do teatro, do cinema e da literatura de forma tão harmônica e natural, tal como é a vida. O diálogo entre as conquistas do personagens com suas dores, para mim é a afetação da arte no corpo. Mallo incapaz de se frustrar com suas próprias expectativas, as somatizava no corpo, porque o corpo sente aquilo que pensamos ignorar.
Espiral: O Legado de Jogos Mortais
2.2 527 Assista AgoraMas, que legado é esse dos Jogos Mortais, sendo que a aparece uma única vez a figura de Jigsaw é num relance, quando os policiais decidem recuperar este antigo caso por causa da semelhança dos novos crimes? Poxa, Darren Lynn Bousman, como assim?
Jigsaw queria causar justiça para com o mundo e, isso o levou a criar os jogos para que as pessoas lutem por suas vidas. Neste filme, as pessoas não sequer a possibilidade de saírem salvas. As armadilhas foram torturantes e bem gore, mas não me convenceram.
A previsibilidade de quem seria atacado e o seu desfecho podem ter contribuído para essa minha sensação.
A atuação do (Chris Rock) no papel do detetive Ezekiel "Zeke" Banks é pífia. As cenas dele "surtando" eu cheguei a pensar que estava com algum problema no meu notebook, ficou muito estranho isso. Por fim, não entendi essa delegacia que trabalha pai e filho juntos, não rolou isso. Samuel L. Jackson (Marcus) foi desperdiçado - mais uma vez - seria muito mais interessante se ele estivesse se "vingando". Que atiradores são aqueles que não conseguem cercar toda a cena do crime e deixa o verdadeiro criminoso fugir?
Matrix Revolutions
3.5 822 Assista AgoraEnfim, a finalização da trilogia das irmãs "The Wachowski, a princípio o filme cadenciou para a revolução das máquinas, porque elas estavam muito a frente e por pouco pareciam que iriam conseguir. Mas, por uma falha delas, a expansão dos poderes do Agente Smith (Hugo Weaving) começou a colocar em risco a existência das máquinas. Houve o temido confronto entre as máquinas, vulgo aranhas metalizadas contra a pequena linha de defesa da cidade Zion. Essa cidade tinha um portal e este local foi sediou este confronto incrível. Com direito a parafusos gigantes, robôs comandados por humanos, bombas o que teve de boa, teve de angústia, parecia que o Neo (Keanu Reeves) estava andando de ônibus de tão lento, ao invés de estar dentro de uma nave.
O mais phoda foi a Oracle (Mary Alice) enganando tudo e a todos. Essa falsa sensação que o personagem transpassa de dizer o que está prestes a acontecer é tão falsa quanto uma nota de R$3,00. Fui surpreendida pelo desfecho e curiosa, sobre o que teria acontecido com Neo, parece que ele se tornou um elo entre todas as dimensões, pela capacidade de se comunicar e lutar contra elas. O personagem parece que sabe as falhas de cada mundo e, por isso, tem tanto reconhecimento em todas elas. Apesar das desconfianças que o personagem gera, todos acabam se rendendo a ele no final, se houveram seis escolhidos, porque só ele era assim?
[Ansiosa pelo 4º filme].
Matrix Reloaded
3.7 849 Assista AgoraNeste segundo filme da trilogia de Matrix, Reloaded, as irmãs "The Wachowiski" diminuem o ritmo do filme em comparação ao primeiro, Matrix. Apesar de ter três anos de diferença entre um e outro, esse filme parece que foi gravado, literalmente, em sequência do primeiro. Não houve quebra na história, como costuma ocorrer. Há o acréscimo de alguns elementos e personagens, que no primeiro momento traz estranheza. Como a cidade parelela Zion, localizada entre a Matrix e a cidade das máquinas, ela é cheia de humanos, que assim como Neo (Reanu Reeves)puderam ter consciência acerca da Matrix.
Nessa cidade há um culto a tudo que é mundano: festa, bebidas, música alta, luzes, sexo e prazer. As irmãs Wachowiski abordam com maestria o que seria a frieza de um mundo sem o que o faz ser o mundo que é, ao colocar essa cidade na história. Isso ocorre de maneira muito sutil e, pensando assim, é totalmente justificável a cidade no roteiro. Ela simboliza aquilo que dá unidade ao ser humano: a noção de família. A organização hierárquica em que ela se apresenta me incomodou bastante, sobretudo, pelo autoritarismo do operador do portão de Zion. Se no primeiro filme eu fiquei pensativa com os elementos religiosos que são apresentados. Em Reloaded, isso se confirma, novamente, pois Zion é o nome do portão de terra santa (Jerusalém), para o Monte Sião.
Em Reloaded, o obsessivo Agente Smith (Hugo Weaving), consegue alcançar as outras dimensões para destruir Neo, aqui tem-se um furo, porque no primeiro filme, ele busca por Morpheus e, aos poucos sua perseguição vai se intensificando para Tomas/Neo. Nesse filme, ele fixa-se mesmo em Neo, que em busca de respostas vai conquistando outros inimigos pelas Matrix. Acho super engraçado eles percorrerem pelas dimensões via telefone, como seria na era da internet isso, hein?!
Matrix
4.3 2,5K Assista AgoraAssisti pela primeira vez esta obra prima das irmãs "The Wachowiskis" (Lily e Lana), após vinte e dois anos do lançamento do filme. O que isso quer dizer? Que Matrix está envelhecendo como vinho!
Nesta produção, a primeira parte de uma trilogia, muito filósofica, por sinal. Temos a descoberta de dois mundos paralelos: o mundo dos humanos, tal como conhecemos, do final do séc. XX, e um mundo dominado pelas máquinas (é curioso que aqui ainda não é usado as temos AI - Inteligência Artificial). A Matrix é nada menos, que uma projeção do mundo que serve como fonte de energia para as máquinas. Dessa forma, existe um paralelo entre o que é real e o que é uma projeção. Mas, "o que é o real"?, diria a Oracle (Gloria Foster).
A existência de um oráculo me chamou muito atenção, porque Morpheus (Laurence Ferburne), além de ter a consciência dessa projeção, chamada Matrix, vive junto com Trinity (Carrie-Anne Moss), Cypher (Joe Pantoliano), Dozer (Anthony Ray Parker) em uma nave. A partir da crença de Morpheus em um Escolhido "Neo", eles vão em busca de Tomas Anderson (Keanu Reeves) para treiná-lo e, assim, confirmarem ou não essa crença alimentada pelo Oracle, que Neo é o Escolhido capaz de encerrar essa guerra travada entre os humanos e as máquinas. O filme vai trazendo ao telespectador vários elementos da vida e do cotidiano e vai desfragmentando-os, fazendo o telespectador acreditar que se tratam apenas de ilusões. Isso ocorre na apresentação de Morpheus para Neo dessa Matrix, ao mesmo tempo em que traz estes elementos para o telespectador. Então, o ar, o cansaço, o gosto, as sensações, elas são "irreais" dentro da Matrix. Mas, algo não parece ser: a fé, a religiosidade, o amor, a lealdade. Os sentimentos e atitudes são elevados como, tipicamente, humanos, isso faz Morpheus ainda frequentar a Matrix, para sempre se encontrar com a Orácle. Tal como a fé, os inimigos, também, se fazem presentes nesse mundo paralelo. Tomas Anderson, antes mesmo de se tronar Neo, já se torna mira do Agente Smith (Hugo Weaving), que nos entrega o um vilão de alta qualidade, que raiva ele me deu.
É impossível não destacar os efeitos especiais desse filme, sobretudo, na luta histórica entre Neo e Agente Smith, que apesar de serem bem antigos não deixam a desejar, ao contrário serviram de base e inspiração para tantos outros que vieram em sequência. As lutas são incríveis, os movimentos das câmeras em stop motion e depois em completa velocidade é surreal é muito, muito bom!!
O Preço do Amanhã
3.6 2,9K Assista AgoraAndrew Niccol apresenta uma distopia, que a cada dia parece se tornar realidade. Na cidade criada pelo diretor, ele transforma o famoso e popular ditado: tempo é dinheiro em realidade. E, assim, as pessoas precisam dele para sobreviver, caso o contrário ela morre. Com um sistema hierárquico, onde as pessoas oriundas dos guetos, os pobres, ao completarem vinte e cinco anos passam a ter sua vida controlada por relógio, eu diria que é um cronômetro, porque eles dispõe apenas de um dia. Dessa forma, precisam trabalhar para garantir o outro dia e para suprir suas necessidades básicas: casa, comida, transporte (não há educação, saúde, ou segurança). Em contrapartida, os ricos, não sofrem desse medo por não tem o dia contabilizado a cada segundo, por disporem de heranças e bens que os garantem milênios, séculos e décadas para poderem desfrutar da vida.
O filme faz pensar muito a respeito do valor que damos para o tempo e como o gastamos, pois cada segundo é muito precioso e pode salvar ou matar, literalmente, uma pessoa. Os valores deste mundo distópico são, totalmente, distorcidos. Existe a preferência ao acúmulo em detrimento do desfrute daquilo que se possui.
Bom, o personagem principal é Will Salas (Justin Timberlake ), que irá ter uma oportunidade ímpar em mudar de classe ou de fuso, como é dito no longa. Ele sai do gueto em busca de justiça. Para tanto, ele sequestra a filha do dono do "banco do tempo", a Sylvia Weis (Amanda Seyfried). Neste ato o filme dá uma caída grande no roteiro, porque o plano do personagem não fica bem definido. Os dois viram uma dupla amor forçada, em que o "mocinho rapta a mocinha e juntos fogem pela cidade buscando justiça". Eles fogem do empenhado "guardião do tempo", Raymond (Cillian Murphy), que parece agir sozinho. Sem falar da Sylvia atravessar a cidade e até telhados de salto.
Destaco a atuação do Cillian Murphy, para mim, é muito superior a atuação entregue pelo Justin, que para a nossa felicidade melhorou muito nos trabalhos posteriores a este.
O Show de Truman
4.2 2,6K Assista Agora"Show de Truman" é um clássico moderno. Peter Weir apresenta um filme que parece ter previsto o futuro. Hoje a televisão e demais serviços de streaming transmitem reality shows, que confinam pessoas por um período para elas compartilharem ou criarem uma vida, o famoso, personagem. Olha, é bem provável que estes programas tenham sido originados ou ao menos terem sido fundamentados neste longa. A diferença, ou melhor, a grande diferença é que o personagem não sabia que fazia parte de um show. Truman Burbank (Jim Carrey) desde quando era bebê tem a sua vida acompanhada por câmeras e por milhares de pessoas, os telespectadores, durante 24 horas ininterruptas. O problema é que ele não sabe. Daí vem toda a melancolia que o longa transparece.
Em uma cidade perfeita, Truman leva uma vida pacata e rotineira, sem se preocupar ou questionar como todos os dias se passam iguais. Até que ele começa a perceber alguns fatos diferentes e ao religar estes fatos ele começa a desconfiar dessa sua vida feliz e contente. Para tanto,
ele se lembra das informações passadas por Lauren/Sylvia (Natascha McElhone ), que ao se encontrar com Truman no passado, tenta alertá-lo que sua vida é uma mentira, o engraçado é que ele sequer desconfia ou acredita na palavra dela, naquele momento. O que o faz questionar este sistema que o mantém recluso em uma cidade é a falha de comunicação que vaza conversas da produção para a estação que Truman estava ouvindo no caminho para o trabalho. Isso o faz trocar o caminho e, aparecer em local inesperado, levando a equipe ser em parte revelada no cenário que ainda não estava completamente montado.
Achei muito triste ele ter vivido por 30 anos uma mentira, que só tinha o objetivo entreter as pessoas. Tudo muito semelhante aos dias atuais, sobretudo, com a multiplicação dos Youtubers. Quantos não vendem um estilo de vida, que não condiz com a realidade para vender, entreter, imbecilizar as pessoas? Em nenhum momento, Cristoff(Ed Harris), o poderoso produtor de TV, pensou na pessoa que ali estava diante das modernas câmeras. Achei a conversa entre os dois um diálogo, como: o criador e o criado. Até a estrutura em que ele residia para comandar o programa, o sol, remete a isso. No show de Truman a vida não importa, o que vale a pena é o show, e sacrificar a vida, os gostos, as escolhas de uma vida faz parte do show.
Me pergunto, por que demorei tanto para assistí-lo! O Filme é muito bom, e Jim Carrey, por mim só atuaria em filmes de drama! Que talento tem este ator fantástico.
Cruella
4.0 1,4K Assista AgoraPrimeiramente, este filme é um spin-off do live-action "101 Dálmatas, o filme", de 1996, dirigido pelo Stephen Hereck com o roteiro do John Hughes. Cruella conta com a direção do Craig Gillespie (I, Tonya - 2017) atualiza, conscientemente, a animação da Disney para o século XXI. A diferença já sente-se pelo roteiro assinado por: Tony MacNamara, Aline Brosch McKenna, Kelly Marcel, Dana Fox e Steve Zissis.
A apresentação da icônica antagonista, Cruella De Vil. Bom, eu sempre tive a curiosidade sobre a origem dela e olha não me decepcionei com o que foi apresentado. O passado dela é comum aos vilões: triste e comovente. Temos uma pessoa, que desde a tenra idade tinha uma personalidade e originalidade ímpar, o que trouxe várias consequências, ao menos para aquele momento específico. O resultado já é conhecido, banhado pelo descaso e abandono ela seguiu em busca do seu "lugar ao sol" de forma, extremamente, torta ao lado daqueles que a acolheu: Jasper (Joel Fry) e Horácio (Paul Walter Hauser). Acabei me surpreendendo muito com eles! No live-action, estes personagens eram super atrapalhados. Neste filme, eles têm uma perspicácia incrível e tem seus próprios capangas, dois cachorros super fieis!
Isso foi surpreendente! Porque rompeu com a aversão deles (Cruella, Jasper e Horácio) aos animais. Posto isso, no século XXI, e na era na qual vivemos já não faz o menor sentido. Com toda certeza, já é mais conscientemente com a causa animal que foi sendo construída nas últimas décadas. Outro ponto que merece destaque é a jornalista da redação da coluna de moda, Maya (Kirby Howell-Baptiste) ser uma atriz negra! Foi show!
Por último, e não menos importante são os figurinos, a trilha sonora e os efeitos encantaram. Além claro, da atuação da Emma, que foi surpreendente!
101 Dálmatas
3.0 414 Assista AgoraEsse live-action da célebre animação da Walt Disney "A Guerra dos Dálmatas, ou 101 Dálmatas", lançada em 1961, sendo inspirada pela história "Os cento e um Dálmatas", de 1956. Chegou ao mundo pela direção de Stephen Hereck trazendo Pongo e Prenda re(construindo) a hilária história dos cães pintados.
O filme tem um roteiro simples e cômico reflexo de seu produtor John Hughes. O que contribui para que, rapidamente, a gente sinta afeição pelos inteligentes cães. O romance deles consegue fazer que seus donos, Roger Dearly (Jeff Daniels) e Anita Campbell (Joely Richardson). Para o terror de Cruela De Vil (Glenn Close), que fica entusiasmada com a possibilidade de criar um casaco de pele desenhado pela Anita com a pele dos dálmatas. Neste ponto, acredito que o filme poderia ter sido mais crítico quanto ao uso da pele de animais pela indústria da moda, sobretudo, a de alta costura.
Destaco a atuação da Gleen Close que é a personificação de Cruella! Ela me rendeu muitas risadas ao lado de seus cúmplices: Jasper (Hugh Laurie) e Horácio (Mark Willians). Além de uma imensa nostalgia da infância.
Precisamos Falar Sobre o Kevin
4.1 4,2K Assista Agora"Só porque você se acostuma com algo, não significa que você goste. Você se acostumou comigo". (Kevin)
"Precisamos falar sobre o Kevin" é a adaptação do livro homônimo escrito pela Lionel Shriver, sendo lançado em 2003. Lynne Ramsay traz a tona no longa uma proposta indigesta, por vezes, intimidadora: a psicopatia infantil. É incomodo pensar, que crianças possam ter uma psicopatia, apesar dos índices serem baixos, ela existe. Apesar de já saber, brevemente, a premissa do filme, fiquei impressionada com a delicadeza, no qual, ele foi construído.
Kevin (Jasper Newell/Ezra Miller) provoca um massacre dentro de sua escola. Mas, isso é pouco explorado, ao contrário de filmes acerca da temática, como Columbine (2002), focaliza no fato em si. Neste longa, a mãe Eva Katchadourian (Tilda Swinton), uma agente de viagens, relembra fatos de sua vida que poderiam ter contribuído para justificar a crueldade de seu filho para com as pessoas. Realizada em sua profissão, ela nunca quis ser mãe, dessa forma, Kevin foi fruto de gravidez compulsória, após se casar-se com seu marido, o fotografo Franklin (John C. Reilly). Com uma relação feliz e estável, tudo muda com a chegada de Kevin. Eva, desde a gravidez já dá sinais que se sente incomodada com o fato de estar grávida. Depois do nascimento dele, ela tem uma depressão pós-parto, que não é explorada, ou ela não sabia o que se passava. Isso ocorre com várias mulheres. Kevin ficava, constantemente, chorando. Quando ele fica mais grandinho, a mãe faz questão de falar para ele que "tinha uma vida feliz antes de sua chegada, mas que agora ela só sonhava em estar na França". Em contrapartida, ele também não demonstrava carinho ou sequer atenção por ela, com um temperamento "genioso", o que poderia ser só uma fase se perpetuou até a adolescência dele e ao meu foi piorando com o passar do tempo. Para ilustrar isso, foi utilizado muito a psicologia das cores, o vermelho sinalizando: amor, paixão, raiva, limite, sangue, dor...sempre contrastando com o azul: calma, paz, harmonia...
As memórias de Eva, são misturada com a realidade em que ela vive, após o atentado que o filho provocou: a perda do emprego, da sua casa, do seu status, da sua identidade. Essa nova condição contrasta com a antiga vida de classe média alta da família. Isso é cruel e muito pouco explorado, porque a vida das famílias, dos pais que têm filhos com essa personalidade destrutiva não é discutida pela sociedade, pouco menos, é dada a importância para essas pessoas. Apesar da responsabilização dos pais, que no fato coube apenas a Eva, é necessário "toda uma aldeia para educar uma criança", conforme diz o ditado africano. O filme provoca essa reflexão, porque julgar sempre é o caminho mais fácil. As pessoas que foram vítimas de Kevin queriam provocar a dor que ele causou em Eva, pois assim ele poderia ser atingido, mas isso não fazia diferença para Kevin, porque atingir Eva não fazia o seu filho se sentir atingido, porque ele, também, a queria atingir cruelmente. Portanto, cabe a sociedade se apropriar dessas discussões, ao invés de ignorá-las, porque essa atitude serve apenas de alimento para que mais jovens com este desvio se sintam encorajados a perpetuar dor e sofrimento a todos.
Eu, Tonya
4.1 1,4K Assista Agora"Eu Tonya" é um filme biográfico da ex-patinadora americana Tonya Harding estrelado pela Margot Robbie. Este longa nos apresenta os bastidores do holofote curto e repentino do talento da atleta sob os patins. Ainda criança, ela foi incentivada pela sua controversa mãe Lavona (Allison Jammy), que, praticamente, a forçou, desde a tenra idade, a se dedicar as pistas de gelo. Desde então, a relação entre mãe e filha foi construída e marcada sob contornos incomuns. Quando Lavona passa a investir o seu humildade salário, que ganhava como garçonete na construção da carreira da filha como patinadora, ela se achava no direito de explorá-la psicologicamente, fisicamente, emocionalmente e socialmente. A disfuncionalidade familiar de Tonya a prejudicaria sem precedentes como atleta e, sobretudo, como uma pessoa independente. A falta de autoestima e sempre em busca do amor das pessoas ao seu redor, seja do seu agressivo marido Jeff Gilloly (Sebastian Stan) ou do público americano. Ela se dedicava exaustivamente nos treinos de patinação artística.
O filme foi construído com muita leveza e vai nos conduzindo para as polêmicas, que foram capazes de arruinar a carreira promissora da patinadora, por meio do humor, ao invés de narrar de forma dramática os acontecimentos, tal como ocorreram. Craig Gillespie remonta os acontecimentos com muita maestria, porque os fatos não ficam iguais uma do linha do tempo. A montagem fez parecer que a sucessão dos fatos ocorreram naturalmente. O uso da quebra parede para os personagens foi uma possibilidade de Tonya e outros dialogarem diretamente com o público, fiquei pensando se ao menos ela teve espaço, na época, para expor o que sentia sobre toda a situação. Tonya estava cercada por parasitas, isso é fato. Mas, a derrocada de sua promissora carreira, advém também da característica dos esportes de alta performance: exigirem sempre o improvável de seus atletas. Craig expõe, também, a face excludente dos jurados americanos quando
Tonya corre atrás de um dos jurados para questionar sua nota tão baixa, sendo que havia se apresentado tão bem e ele responde que não se tratava apenas da técnica. Ela não representava a família americana
Por último, destaco o casting e a caracterização, ambos ficaram idênticos a realidade e a trilha sonora que dialoga com cada cena, ficou incrível.
O Operário
4.0 1,3K Assista Agora"O operário" é um filme cru e indigesto sobre a culpa e sua ação na mente e corpo de uma pessoa. O roteiro nos conduz, no primeiro momento, por meio do primeiro e segundo ato para a vida do torneiro mecânico Trevor Reznik (Cristian Bale). O personagem sofre de insônia há um ano e ao que parece isso é causado pela sua dedicação exaustiva ao trabalho. Mas, a partir desse fato, inicia-se uma trama psicológica interna no personagem que vai sendo exteriorizada para o seu ambiente. Todas as vezes em que Trevor vai cochilar ou tentar dormir ele começa a sofrer de uma desordem psíquica, que o personagem não a identifica instantemente.
Isso ocorre, porque Trevor está em processo de ressignificação de um trauma vivenciado por ele no ano anterior e como um mecanismo da mente humana, este trauma foi "escondido" no inconsciente do personagem, mas quando ele tentava dormir ou era exposto a situações complexas e agressivas iniciava um processo de paranoia. Apesar dele tentar viver a sua vida ignorando este sofrimento, o personagem o transparece fisicamente, por meio da falta de sono e apetite levando-o ao emagrecimento contínuo. Este aspecto cadavérico e, constantemente, cansado chama a atenção do personagem e de outros em que ele convive, mas é ignorado por Trevor. Como este mecanismo de defesa da mente - tornar o trauma consciente - falha. Trevor passa então a fazer uma projeção do seu "eu" para o exterior. Dessa forma, o personagem Ivan (John Sharian) como uma representação do inconsciente de Trevor passa a "persegui-lo" e, por isso, Trevor tenta eliminá-lo de qualquer forma. O trauma do personagem é tão grande que ele passa a carregar uma grande culpa pelo o que aconteceu e ela só se torna consciente para ele novamente, após um intenso desgaste que ele teve para entender, que ele era o verdadeiro "culpado". O longa vai dando pistas disso no decorrer das cenas e é explicito quando a câmera foca no livro Crime e Castigo do Fiodor Dostoievsky.
Eu fui totalmente surpreendida pelo desfecho, porque eu acreditei no personagem a todo momento, logo o plot twist foi super inesperado. A atuação do Bale é monstruosa, com certeza, este personagem fez parte do laboratório do Joaquim Phoenix para a construção do Coringa, as primeiras cenas de Trevor com Stive(Jennifer Jason Leigh) são parecidas com as cenas de Joker se preparando para ir ao Programa de TV. Concordo com alguns comentários abaixo sobre o filme ter influências do Clube da Luta (1999), algumas composições lembraram muito, sobretudo, a projeção Ivan.
Por último, destaco a cena em que Trevor
na tentativa de dar um fim em Ivan e, assim, acabar com aquele que o perturba, consegue "capturá-lo" e matá-lo, enfim. Trevor então enrola Ivan em um tapete para desová-lo no mar. Contido, ao invés do "corpo" enrolado no tapete cair no mar, o tapete se abre e se estende como se fosse para ele passar por cima, porque não existia uma pessoa o perseguindo além de seus próprios pensamentos.
O Rei
3.6 404David Michôd desenvolve no longa um rei incomum: ele não tinha a ambição de ser um e, portanto, cultivava uma boemia vida. Essa vida longe das tradições reais gerou uma intensa desconfiança sobre a capacidade de Hal (Timothée Chalamet) ser o futuro rei da Inglaterra. As circunstâncias o levaram ao reinado, mas sempre sob a desconfiança de seus conselheiros e aqueles que auxiliavam seu pai. Ao assumir o reinado, Hal apelido para os mais próximos se torna Henrique V e, assim, uma trama começa a ser formada.
Essa trama, o leva ao combate com o The Dauphin (Robert Pattinson) filho do rei da França. Essa guerra declarada por Henrique V toma contornos que vão contra ao que ele queria e, aos princípios que ele almejava para a Inglaterra, como o sacrifício de homens a troco de desavenças que poderiam ser desfeitas com base no diálogo. Essa ideia era controversa para época e o reinado a via como um sinal de fraqueza. O que levou Hal até as últimas consequências para "afirmar o poderio inglês". Ele foi testado e, incrivelmente, teve êxito no campo de batalha.
Achei o filme incrível, a trilha sonora, a fotografia e as atuações são maravilhosas, por favor, alguém escala o Pattinson para novos papéis como antagonista! Apesar de um papel curto ele se destaca muito! Timothée também está incrível. O problema que eu vejo no longa é essa ideia de que os reis pensava em seu povo em detrimento de tudo, um rei caridoso e amável e se tratando de Henrique V, a história diz ao contrário.
Coração de Cristal
3.8 18No primeiro momento, fiquei surpreendida pelo fato de ninguém da comunidade saber a fórmula do cristal, porque rompe com a ideia de saberes que são perpetuados ao longo de gerações pelas pessoas das comunidades e vilarejos.
A composição das cenas parecem terem sidos inspiradas nas pinturas de Caravaggio, sobretudo, quando elas ocorrem na taverna. O jogo de luz e sombras é fantástico!
Aqui o Herzog introduz aquilo que eu chamo de elementos que compõe a sua assinatura no cinema: a pata. Em outros filmes do diretor observei que há sempre um animal de, preferencia, silvestre em meio as cenas. Talvez, seja a forma dele nos lembrar que a natureza convive entre nós, apesar dos nossos dilemas e da sua exclusão para com ela.
Palmer
4.1 205Fisher Stevens, após uma notória carreira como ator (O Grande Hotel Buspestre - Mrs. Robins) tem desenvolvido vários trabalhos de direção merecendo atenção para os futuros trabalhos. O roteiro de Palmer parece simples, no primeiro momento, o trama se desenvolve com a reconstrução de "um ex-presidário, Palmer (Justin Timberlake) que retorna à sua cidade natal e forma um laço improvável com um menino abandonado por sua mãe viciada em drogas". Contudo, tal como é a vida cotidiana a história não é tão simples assim.
Entre as diversas perdas que colecionou desde que foi condenado, Palmer conquista o amor de uma criança, Sam (Ryder Allen), na medida, que busca reconstruir a sua vida, com o desafio de romper o estigma de ser um ex-apenado. As circunstâncias que resultaram na sua condenação no passado são reveladas a conta gotas ao longo do filme, mas elas resultam na crescente do personagem no decorrer da história.
Sam, a criança que passa a acreditar e confiar em Palmer desde o primeiro momento, não é uma criança qualquer. As suas particularidades, também, vão sendo reveladas pouco a pouco e se mostram muito atuais e pertinentes para estarem em produções fílmicas como esta. Achei muito sensível a construção do personagem em face aos seus dilemas pessoas e familiares. O encontro desses dois personagens faz jus ao ditado: "juntos somos mais fortes".
Fui completamente surpreendida pelo longa! Amei <3
Bastardos Inglórios
4.4 4,9K Assista AgoraQuentin Tarantino nos apresenta a derrota do III Reich de Adolfo Hitler (Martin Wuttke), sob a perspectiva da judia Shosanna (Mélanie Laurent) e do grupo anti-nazistas "Bastardos Inglórios", liderado por Brad Pitt (Aldo Reine). O longa não foge as clássicas características desse diretor peculiar: a divisão em capítulos, os diálogos e cenas longas e, por vezes, banhadas por muito sangue, reflexo da violência pungente.
A trama se desenvolve a partir da tensão construída pelo antagonista, o coronel Hanz Landa (Christoph Waltz), que como um "bom" defensor do Reich foi apelidado de "caçador de judeus", por ser dotado de uma exímia percepção de esconderijos e disfarces comumente usados pelos judeus e demais povos perseguidos por Hitler. Alguns dos personagens foram inspirados em pessoas reais para a composição da personalidade, estilo e temperamento, por exemplo, a atriz de cinema alemão Bridget von Hammersmark (Diane Kruger); o personagem de Brad Pitt foi inspirado no ator americano da década de 1950, Aldo Raine.
Tudo que foi acrescentado sobre este filme pode ser considerado um spoiler e nada melhor do que assisti-lo e ser pego, totalmente, de surpresa!!
Noivo Neurótico, Noiva Nervosa
4.1 1,1K Assista AgoraAinda não entendi essa "tradução" do longa, não tem nada a ver com a história, e introduz uma expectativa negativa, para o filme. Aliás, ele mira na personagem de Diane Keaton (Annie Hall) e acerta em Wood Allen (Ilvy Singer) que a todo momento só fala sobre si, ignora as necessidades e, por vezes, a vida de Annie Hall em detrimento a concepções que apesar de fundamentadas são justificativas cansativas ao seu comportamento tóxico.
Ao olhar o filme, tendo em vista o contexto do seu lançamento o filme traz os reflexos da liberdade sexual feminina, então, temos uma personagem (Annie Hall) ainda a mercê de Ilvy, sobretudo, no que tange a sua subsistência, já que sexualmente falando ela consegue se impor e colocar o seus desejos a frente dos desejos dele. O uso recreativo de drogas ilícitas também era uma novidade para a época é explorada no filme pela personagem de Keaton. Como em 1976-1977, os EUA estarem vivenciando o período pós-guerra do Vietña, me faz compreender o porquê este filme foi classificado como uma comédia.
Eu não consegui achá-lo cômico, pelo contrário, ele é triste e, por vezes, desesperado. Será que as escolhas femininas contribuíram para agravar o quatro dos homens desajustados? Tecnicamente, o filme inova na quebra da terceira parede, na transição das cenas e, principalmente, na fluidez do filme, achei ele muito rápido, inclusive.
O gosto pelo filme é muito pessoal, mas compreendo que muitas pessoas têm como exemplo de relacionamento casais chatos, incompatíveis e monótonos, o que me faz concordar que este filme é uma "Ode ao amor e aos infelizes".
Os Imperdoáveis
4.3 655Clint Eastwood se despede do western - gênero que lhe consagrou como astro do cinema mundial - como ator e, também, como diretor. Este filme de despedida é dedicado aos diretores consagrados do gênero, Sergio Leone e Don Siegal como uma forma de encerrar com maestria a parceria de sucesso entre ambos, que durante várias décadas compartilharam várias experiências de sucesso.
Para tanto, Clint traz em "Os imperdoáveis" uma despedida à altura, tanto pelo roteiro incrível de David Peoples, que aborda um faroeste em transição, quanto por recordar o histórico de homens valentes que resolviam suas desavenças com suas armas carregadas de balas ao punho. Mas, por outro lado, coloca como cerne da história a revolta das prostitutas ao ter uma delas agredida covardemente pelos vaqueiros do vilarejo. Este fato que nos filmes do gênero não teria notoriedade aqui é o estopim para um ex-executor (se é que podemos chamar assim uma pessoa que matava as pessoas, mas que persuadido pelo amor da mulher amada muda completamente de vida), regresse ao seu passado, a fim de, cumprir esta vingança em nome das prostitutas.
Aqui temos uma entrega do Clint como ator dando papel ao personagem William Muny, que aborda os dilemas deste forasteiro entre o luto da partida de sua esposa e as vidas que ele tirou ao longo de suas aventuras. Muny aparece, muitas vezes, arrependido por seu passado e justifica o seu fracasso no presente às más escolhas que teve na juventude. Após ele aceitar a proposta de Schofiedl Kid (Jainz Woolvett) para matar os vaqueiros essas memórias ficam ainda mais vivas no personagem.
Como diretor Clint foi impecável! As cenas são muito bem construídas. A história dos personagens são coesas e nos prendem a seus dilemas e questões. Este jogo que o filme estabelece em: relembrar a vida do personagem, voltar a ativa e apesar de toda a experiência de vida partir para um caminho desconhecido é uma metáfora do que foi um dia o western para Clint e para tantos que se aventuraram no gênero. Assim, fecha-se uma era de ouro com maestria e sucesso. Este longa ganhou o óscar em quatro categorias da cerimônia de 1993: melhor filme, melhor diretor, melhor ator coadjuvante e melhor montagem.
Um filmaço!
A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas
4.0 494Jeff Rowe e Michael Rianda nos brinda com essa família irreverente, longe de ser uma família de propaganda de margarina e, isso, nos aproxima quase que, instantaneamente, dela. A personagem principal a cinéfila Katie, caloura da Universidade em busca de aceitação da sua família, para com o seu sonho cinematográfico e ao mesmo tempo à procura de sua tribo representa os dilemas do processo de início da vida adulta: definir uma profissão, entrar em uma autoescola, sair de casa e etc.
O que contribui para a realidade da animação é ambientação ao mundo digital e sua reviravolta ala Ex-Machina: Instinto Artificial (2014):
Pal (um celular) em revolta com o seu usuário e cansada com os frequentes "mau" uso de seus recursos inicia um plano de destruição dos humanos
Em meio ao caos gerado por Pal e seus robôs, a família Micthell é obrigada a enfrentar suas diferenças, afim de parar o plano de Pal. Os diretores usaram diversos símbolos para isso como: o usos dos memes, filtros, piadas e referências a outros filmes na composição das cenas como: Exterminador do Futuro 2: o julgamento final (1991); 2001: uma odisseia no espaço (1968), o nome da Pal é uma referência a Hal, a inteligência artificial de Stanley Kubric; O Despertar dos Mortos (1978); A Noite dos Mortos Vivos (1968); O Caça Fantasmas (1984) e Kill Bill volume 1 (2003). Além desses, teve a referência ao episódio da oitava temporada de Game of Thrones "The Long Night" (A longa noite) (2019).
Tudo isso, deixou a animação muito divertida e leve de assistir. Eu gostei muito dos efeitos e dos gráficos utilizados. Será que é uma concorrente a melhor animação para o Óscar de 2022? Aguardaremos os próximos lançamentos.
O Impossível
4.1 3,1K Assista AgoraLembro-me como se fosse hoje as notícias aterradoras e as primeiras imagens sobre as ondas que engoliram a Tailândia em dezembro de 2004, naquela noite de domingo. Sempre que eu vejo este filme eu lembro-me de mim: aquela menina assustada com tudo aquilo e que, imediatamente, criou mil e uma teoria para justificar para si mesma a força da natureza. Este foi o meu assunto por vários dias na época minha família que teve que aturar (risos).
Quando eu vi este filme pela primeira vez, foi impossível não se emocionar. Acredito que eu não teria nem metade da força que aquela família teve em admitir que estava em meio a um desastre inédito e com uma destruição sem precedentes. J. A. Bayona reproduz fielmente a saga pela sobrevivência da família composta por María Belón Alvárez (Naomi Watts), Enrique (Quique) (Ewan McGregor) e os três filhos do casal: Lucas Belón (Tom Holland), Simón (Oaklee Pendergast) e Tomás Belón (Samuel Joslin). Aqui temos o ator Tom Holland esbanjando talento ao dar vida ao sobrevivente Lucas que no decorrer da história ajuda sua mãe a se resgatada e, também, outros pais e filhos se reencontrarem no caótico hospital tailandês.
O filme é emocionante e nos faz questionar o tamanho da nossa pequenez diante da natureza. Esta mesma natureza que nos encanta, fascina, nos faz ir de um lado para o outro para contemplá-la é a mesma que destrói, traz dores, marcas e perdas - físicas, econômicas, sentimentais e psicológicas - Tudo isso foi retratado no longa, que por sorte ou uma conspiração do acaso promove não só a sobrevivência dessa família, como o reencontro - emocionante - de cada um dos seus membros. Algo que no decorrer do filme fica evidente com os outros personagens coadjuvantes que a vida de muitos, infelizmente, não foram poupadas das ondas da morte como a da família Belón.
O Animal Cordial
3.4 618 Assista AgoraUaau, o que aconteceu aqui? HAUSHuhasuh
Primeiro eu não sabia que o filme era uma produção nacional e foi uma surpresa ver nossos atores globais em cena. Destaco a atuação de Murilo Benício e Irandhir, este último vem entregando papéis no cinema de tirar o fôlego e aqui não foi diferente!
Segundo a trama é acida, crua e sangrenta! As críticas ao fajuto slogan "cidadão de bem" que tem ganhado força nos últimos anos.
Achei indigesta algumas cenas, mas ao mesmo tempo, demonstraram a sádica face do ser humano que não consegue se desvincular do seu próprio umbigo e, por isso, é egoísta, invejoso, cruel, preconceituoso, intolerante e agressivo, sinônimos do que seria um "Animal Cordial".
Minha Mãe é uma Peça 3
3.7 571Bom, achei a história por ser um encerramento com um tom de despedida. A solidão que essa mãe cultuava sem seus filhos em casa, sem os motivos para broncas, gritarias e piadas engraçadas sobre o cotidiano de uma mãe com seus diferentes filhos. Assisti o filme para homenagear o artista e senti que o filme se despediu do público como se fosse capaz de imaginar os duros anos que teríamos pela frente e o desfecho do seu criador.
Por isso, considero os primeiros filmes da trilogia como melhores que este.
Como poderíamos imaginar que, este seria o encerramento da história da Dona Hermínia e também o último longa do talentosíssimo Paulo Gustavo? :(