Vale pela experiência visual e pelas questões sociais que aborda. Peca no ritmo do início (muito lento) e tenta elevar a atmosfera no final, mas não surpreende.
É o que o "Nó do diabo" tentou ser, mas ainda poderia ser melhor.
Filmes dirigidos por mulheres me deixam, quase sempre, sem palavras. É que elas dizem tudo, até quando silenciam.
Adam nos despedaça, assim como o machismo e o patriarcado despedaçam todas as mulheres, em qualquer lugar do mundo. Somente nos unindo é possível nos recompor, juntar os pedaços que vagam por aí.
O cinema alternativo e independente precisa ser visto, apreciado e guardado em nossas mentes e corações.
Samia e Abla são duas protagonistas fortes, endurecidas pela vida, mas que carregam dentro de si a gentileza e a sororidade, pois há coisas que somente as mulheres são capazes de compreender.
Adam é um presente. Mulheres, assistam! Homens também!
Surpreendente. Vale uma análise pelo viés psicanalista, sem dúvidas. Mas não serei eu quem farei rsrs.
Os elementos chaves do enredo são: masculinidade (quase sempre tóxica), conservardorismo, transgressão, memória.
Boas atuações, linda fotografia e roteiro emocionante. Valeu demais a experiência e a reflexão! Creio que o que é narrado no terceiro ato do filme acontece com mais frequência do que parece.
Só vou dar um pequeno spoiler, que na verdade é um conselho para quem tem/pretende ter filhos/as:
Esse filme me enganou... Comecei rindo e batendo palmas pelas sacadas geniais... Acabei chorando.
A trama sai da comédia para o drama de maneira brusca, mas isso não é um defeito, necessariamente. A naturalidade com que o nazismo é representado permite uma verdadeira irmersão no delírio coletivo dos "arianos"... O triste é perceber como os absurdos permanecem atuais.
O final é de arrancar risos e lágrimas, mas a reflexão fica. É um filme obrigatório para os dias de hoje... E creio que para muitos anos à frente.
Quem puder, veja no cinema. Foi das melhores experiências que já tive. 1917 é um filme que esbanja qualidade técnica e artística. A escolha de parecer um plano-sequência do início ao fim foi essencial, pois conduz o espectador à tensão da trama. As atuações também são muito boas, e a fotografia é belíssima. O ritmo cai no segundo ato, mas logo recupera-se, e mesmo sem um grand finale, termina deixando o espectador extasiado. Portanto, só vim aqui exaltar essa obra de arte!
Subversivo ao extremo! Um filme sobre cu que consegue surpreender. Há momentos bem incômodos, cenas que muita gente tapou os olhos na hora na sala do cinema, mas também há reflexões válidas. Perde quem só vê a erotização. Quanto aos aspectos técnicos, o roteiro é bom, brinca com os conceitos de ficção e realidade e traz uma teatralidade muito bem bolada; a fotografia é boa, e a câmera trêmula ou dando zoom na maior parte do tempo comunica o que o filme quer passar; a edição/montagem acho que foi o que mais gostei. Vale a pena ver antes de vir aqui criticar. É, sem dúvidas, um filme chocante, nem todo mundo vai entender ou gostar.
Acabei de assistir e vim aqui procurar alguma análise que fizesse sentido. Encontrei o comentário do Rômulo lá embaixo e foi a melhor coisa que li até o momento.
Adam e Scarlett dão show de atuação! O roteiro também foi muito bem executado, inicia de maneira encantadora, mas logo nos apresenta uma outra face dos protagonistas. Tende a ser previsível em alguns momentos, mas vale a experiência. Vale também - e principalmente - pela reflexão: por que as relações acabam? por que as pessoas machucam umas às outras? O filme não dá respostas, mas mostra como é importante escutar o outro. Na vida real, não existem mocinhos e vilões. Todos nós iremos machucar alguém em algum momento, e provavelmente será quem mais amamos. Iss me lembra um poema de Augusto dos Anjos, poeta paraibano: "o beijo, amigo, é a véspera do escarro / a mão que afaga é a mesma que apedreja." Por fim, a sequência final mostra bem quem Charlie se tornou na vida de Nicole: um fantasma. E a vida tem que seguir.
Ontem assisti The Godfather e hoje The Irishman. Consegui pegar algumas referências e a produção é impecável, sem dúvidas. Mas, definitivamente, não faz meu estilo. Parabéns aos envolvidos, mas essas histórias de velhos mafiosos não me comovem.
Bem executado, sem dúvidas. Atuações muito boas. Mas não consigo ignorar a condição das mulheres e dos negros (estes nem aparecem, são apenas citados) nessa trama. O patriarcado é mostrado como o modelo ideal (quase como a família tradicional brasileira), mas na verdade só causa destruição. As mulheres são apenas reféns, submissas à vontade do Pai, do marido, enfim. Claro que a crítica que faço é anacrônica, já se passaram quase meio século desde o lançamento da obra, mas são traços históricos que precisam ser ressaltados. Sobre os negros, mencionados como animais (todos somos), marginalizados desde sempre. É de fato um retrato do racismo, da misoginia, do patriarcado e das relações de poder. Por isso, não consigo dizer que gostei do filme, pois essas questões ficaram muito latentes pra mim.
Que filme! Que mulher! Que atriz! Que bando de macho escroto! Que merda de patriarcado! Que todo mundo veja esse filme e entenda porquê o feminismo é necessário!
O que eu mais amo nesse filme é a fotografia que vai do azul ao laranja em vários momentos, o que pode ser interpretado de várias maneiras. Ginny vive sufocada na relação com o marido e com o filho incendiário, o que remete às cores quentes. Já quanto às cenas na praia, os tons são mais claros e frios, com o Mickey salva-vidas, uma grande metáfora para o que Ginny procurava: alguém que a salvasse. Infelizmente, essa é a realidade de muitas mulheres: sonham com aquele que as salvará, quando muitas vezes a única pessoa que pode nos salvar somos nós mesmas.
Muit caricato, atuações deprimentes em vários momentos, até mesmo do Thiago Mendonça - que é quem carrega o filme nas costas. Legião Urbana merecia mais.
O retrato da crueldade de uma sociedade patriarcal. As mulheres são violentadas O TEMPO TODO, seja explícita ou simbolicamente. O que mais dói é ver o quanto de real tem na ficção. Ser mulher é carregar dores ancestrais. E pra não dizer que não falei dos aspectos técnicos: PORRA, KARIM! Direção e roteiro impecáveis. Obrigada por tamanha sensibilidade.
Ah, e a Fernanda Montenegro está nesse filme com um único propósito: desidratar os espectadores que seguraram o choro durante 2 horas!
Por mais que seja enfadonho, vale a pena ver. Mas eu confesso que só compreendi a mensagem do filme porque tenho algum conhecimento de psicanálise, então vou deixar aqui alguns spoilers (lê quem quer) de acordo com o que entendi.
Maria (Bárbara Luz) está internada numa clínica psiquiátrica após ter matado friamente a mãe (Patrícia Pillar) e o homem estrangeiro (Lee Taylor) com o fruto envenenado da sua árvore favorita. Ela apresenta um quadro de psicose avançada, em que imagina estar conversando com o pai (que também já faleceu). Desde o início da trama fica evidente que Maria é o centro da narrativa, e que a mãe está em segundo plano. Há um distanciamento entre elas, mesmo que a mãe tente negar isso afirmando que elas são "uma só". A presença desse novo homem na casa gera curiosidade em Maria, e é no momento em que ele se aproxima dela (já no final do filme) e ela o beija a mão que reconhece o cheiro que sentiu nas roupas da mãe. Maria é um sujeito melancólico, marcada pela falta de algo que não se pode nomear. Ela sente falta do pai, mas também da mãe - mesmo ela estando presente o tempo todo. Maria, ao perceber que a mãe está se relacionando com outro homem, sente-se traída. A mãe deveria estar sofrendo tanto quanto ela a falta do pai. A partir daí Maria dá sinais de perversão: vai até a árvore, colhe o fruto "maldito", e espera o momento certo para oferecer ao casal. Quando vê a mãe sofrendo, ela se afasta. Antes da mãe desfalecer, ela a elogia, como em outros momentos: falar da beleza da mãe é uma tentativa de reviver essa mulher dentro dela, a mãe morta que ela carregava. Por fim, depois que tudo se encaixa, ela diz que não tinha como ser diferente. Ela precisava colocar pra fora o revide odioso, a perversão na sua face mais pura: a de um unicórnio.
Então foi basicamente isso que compreendi da narrativa, e portanto gostei bastante. A fotografia, de tão bonita, pode ser uma distração. Portanto, é preciso estar atento aos outros aspectos que compõem essa obra de arte. Lembrou-me bastante o filme "A bruxa", em como a simbologia foi construída através da pureza. Certamente não agradará a todos, mas espero que essa minha breve análise ajude a compreeder alguns pontos.
A cultura popular nordestina resiste! Azougue Nazaré é aquele filme que cativa você desde a primeira cena! Apresenta seus personagens e conflitos muito bem, e consegue transmitir a beleza do Maracatu para o espectador. Único problema é que não há um desfecho satisfatório... Mas estamos falando de contemporaneidade, então isso não precisa ser um problema. "Me chame de catita!" e os desafios de repente pelo zapzap são pontos altos do longa!
Acabei de assistir e nem sei se consigo escrever algo à altura... Que roteiro surpreendente! Que construção de personagens! Que atuações! Eu procuro um defeito e não encontro. É uma verdadeira obra de arte pois nos leva à catarse, nos conduz para um final que põe em jogo nossa moralidade. Parece que são os cidadãos de Dogville que estão sendo testados, mas na verdade somos nós, espectadores. Foram muitas as metáforas construídas na narrativa e vou citar apenas as que mais chamam a atenção.
A primeira é a de tratar-se de um jogo, como Bill e Tom jogavam dama, até que Grace chega e vira o jogo. A outra é a metáfora das maçãs: Grace é assediada e abusada debaixo das macieiras, uma fruta conhecida no imaginário popular e religioso como a que levou Eva à tentação; então a culpa recai sempre sobre a mulher, por ser alguém que desperta os desejos dos homens, então são as culpadas pelos "atos instintivos" destes. E a metáfora do cão (que remete ao nome da cidade), como aquele que guarda a cidade mas não pode proteger os "cidadãos" da suas próprias tiranias, que excedem e muito as brutalidades de qualquer animal.
Por fim, creio que se trata de um grande exemplo de como é difícil defender os Direitos Humanos diante da barbárie! Grace não se chama Grace à toa. A graça é aquela que é dada sem receber nada em troca... Os cidadãos de Dogville a obrigaram a subverter essa lógica, do início ao fim, portanto é compreensível sua escolha, mas e se fôssemos eu e você? Rogaríamos misericórdia, recorreríamos aos Direitos Humanos ou simplesmente seríamos coerentes e aceitaríamos a colheita do mal que plantamos? São perguntas difíceis de responder, mas que são importantes para que não caiamos no deleite sem refletir as implicaturas de cada regozijo.
Criei muitas expectativas e me decepcionei. Tinha tudo pra ser um filme foda, mas não foi dessa vez. Vale pelo roteiro, mas peca no ritmo e na montagem. Quanto à cinematografia: gente, por que ficaram cortando a cabeça das pessoas? Isso foi muito incômodo durante toda a narrativa. A impressão que dá é que não souberam usar direito as lentes da câmera, sério mesmo. O conto das gêmeas é o que mais gostei. Dá pra sacar a ideia dos diretores, de mostrar a ancestralidade do preconceito racial no Brasil, resgatar o sofrimento do povo negro como um filme de terror mesmo, que a gente gostaria que fosse apenas ficção... Uma pena que a execução da obra tenha falhado, mas não deixa de ser um marco no cinema paraibano e no cinema nacional do gênero.
Assisti ontem e ainda hoje estou sem conseguir fazer uma avaliação do filme. Eu não curto filmes de super-heróis, nunca assisti ao Batman (me julguem) e mesmo assim decidi assistir ao Coringa, por todo apelo da crítica sobre ele. Pois bem, não me arrependo de ter assistido, mas pra mim algo não se encaixa. Não sei explicar. Teria sido essa a intenção do diretor? Vai saber. Só consigo dizer que é difícil dizer que amei ou odiei. Talvez minha falta de afinidade com a narrativa justifique minha indigestão - acho que essa palavra define. Joaquim Phoenix realmente é um show à parte, mas toda a trama não me convence. Recentemente tive acesso a um curso sobre cinema e psicanálise, e apenas por esse viés vejo um caminho de interpretação para esse filme, e é algo que não está posto de cara.
A vida de Arthur Fleck resume-se à sua relação com a mãe, não à toa isso é mostrado desde o início do filme. Ele é rejeitado pela sociedade, mas aparentemente tem um seio materno para onde retornar. Um seio bom, que o consola e alimenta. Todavia, quando Arthur descobre que a mãe mentiu para ele e que ela sofre de psicose, tem características de uma mãe narcisista e que é filho adotado, vem o baque.... Tudo isso é "jogado" no filme de maneira irresponsável, eu diria, pois essa é justamente a chave da narrativa, merecia ter sido aprofundada. A mãe nascisista é aquela que projeta suas frustrações no bebê, e pode chegar a agredi-lo, que foi o que aconteceu com Arthur. A psicose da mãe foi passada para o filho, que viviam uma psicose compartilhada, e para chegar à perversão bastava um rompimento, uma frustração que destruisse a idealização criada na mente dele. E foi assim que Arthur atingiu a perversão matando a própria mãe, que era uma maneira de matar a si mesmo, matar o que ele não queria ser. Ele se desconserta por descobrir que o seio bom, na verdade, era mau. Agora ele não tinha mais nada a perder, pois tudo o que tinha era a mãe. A partir disso ele assume a postura do psicopata, aquele que não tem medo, vergonha ou culpa. As três primeiras pessoas que ele matou foram circunstanciais, ele já tinha psicose, mas não era psicopata, tanto que foge logo após.
Por isso minha resistência em avaliar o filme, pois não vejo como seria possível analisar a narrativa apenas no campo social (um pobre proletariado) ou apenas no psiquíco (psicopatia). Ao trazer uma abordagem política, o enredo adquire camadas que podem deixar o espectador focado apenas no raso. A crítica social está muito forte, e isso aliado a problemas mentais pode causar uma confusão na mente de quem assiste. Creio que foi isso que aconteceu comigo. Creio que muita gente não compreendeu de quais problemas psiquícos o filme trata, e que são mais de um - mas afinal, o público não tem obrigação de estudar psicanálise, apesar de que ela é essencial nesse caso.
'Democracia em vertigem' e 'Bacurau' são os filmes nacionais mais importantes de 2019. Petra Costa e Kléber Mendonça Filho conseguiram, através dos seus filmes, nos fazer reviver todo o drama da nossa vertiginosa democracia, e nos convidam a lutar enquanto há vida.
Açúcar
3.2 25 Assista AgoraVale pela experiência visual e pelas questões sociais que aborda. Peca no ritmo do início (muito lento) e tenta elevar a atmosfera no final, mas não surpreende.
É o que o "Nó do diabo" tentou ser, mas ainda poderia ser melhor.
Adam
4.1 22Filmes dirigidos por mulheres me deixam, quase sempre, sem palavras. É que elas dizem tudo, até quando silenciam.
Adam nos despedaça, assim como o machismo e o patriarcado despedaçam todas as mulheres, em qualquer lugar do mundo. Somente nos unindo é possível nos recompor, juntar os pedaços que vagam por aí.
O cinema alternativo e independente precisa ser visto, apreciado e guardado em nossas mentes e corações.
Samia e Abla são duas protagonistas fortes, endurecidas pela vida, mas que carregam dentro de si a gentileza e a sororidade, pois há coisas que somente as mulheres são capazes de compreender.
Adam é um presente. Mulheres, assistam! Homens também!
Caixa de Recordações
4.1 22Surpreendente. Vale uma análise pelo viés psicanalista, sem dúvidas. Mas não serei eu quem farei rsrs.
Os elementos chaves do enredo são: masculinidade (quase sempre tóxica), conservardorismo, transgressão, memória.
Boas atuações, linda fotografia e roteiro emocionante. Valeu demais a experiência e a reflexão! Creio que o que é narrado no terceiro ato do filme acontece com mais frequência do que parece.
Só vou dar um pequeno spoiler, que na verdade é um conselho para quem tem/pretende ter filhos/as:
Por favor, não transem perto dos seus filhos. Não deixem que seus filhos ouçam vocês. Vocês podem desgraçar a mente deles.
Jojo Rabbit
4.2 1,6K Assista AgoraEsse filme me enganou... Comecei rindo e batendo palmas pelas sacadas geniais... Acabei chorando.
A trama sai da comédia para o drama de maneira brusca, mas isso não é um defeito, necessariamente. A naturalidade com que o nazismo é representado permite uma verdadeira irmersão no delírio coletivo dos "arianos"... O triste é perceber como os absurdos permanecem atuais.
O final é de arrancar risos e lágrimas, mas a reflexão fica. É um filme obrigatório para os dias de hoje... E creio que para muitos anos à frente.
Joias Brutas
3.7 1,1K Assista AgoraA melhor parte desse filme é quando ele acaba. Que agonia. Que estresse. Prefiro o Adam Sandler fazendo coméda romântica mesmo.
1917
4.2 1,8K Assista AgoraQuem puder, veja no cinema. Foi das melhores experiências que já tive.
1917 é um filme que esbanja qualidade técnica e artística. A escolha de parecer um plano-sequência do início ao fim foi essencial, pois conduz o espectador à tensão da trama. As atuações também são muito boas, e a fotografia é belíssima. O ritmo cai no segundo ato, mas logo recupera-se, e mesmo sem um grand finale, termina deixando o espectador extasiado. Portanto, só vim aqui exaltar essa obra de arte!
A Rosa Azul de Novalis
3.1 29Subversivo ao extremo!
Um filme sobre cu que consegue surpreender. Há momentos bem incômodos, cenas que muita gente tapou os olhos na hora na sala do cinema, mas também há reflexões válidas. Perde quem só vê a erotização.
Quanto aos aspectos técnicos, o roteiro é bom, brinca com os conceitos de ficção e realidade e traz uma teatralidade muito bem bolada; a fotografia é boa, e a câmera trêmula ou dando zoom na maior parte do tempo comunica o que o filme quer passar; a edição/montagem acho que foi o que mais gostei.
Vale a pena ver antes de vir aqui criticar. É, sem dúvidas, um filme chocante, nem todo mundo vai entender ou gostar.
O Farol
3.8 1,6K Assista AgoraAcabei de assistir e vim aqui procurar alguma análise que fizesse sentido. Encontrei o comentário do Rômulo lá embaixo e foi a melhor coisa que li até o momento.
Falocentrismo, solidão e relações de poder resumem O Farol.
Ah, a fotografia é delirante. Impecável.
História de um Casamento
4.0 1,9K Assista AgoraAdam e Scarlett dão show de atuação! O roteiro também foi muito bem executado, inicia de maneira encantadora, mas logo nos apresenta uma outra face dos protagonistas. Tende a ser previsível em alguns momentos, mas vale a experiência. Vale também - e principalmente - pela reflexão: por que as relações acabam? por que as pessoas machucam umas às outras? O filme não dá respostas, mas mostra como é importante escutar o outro. Na vida real, não existem mocinhos e vilões. Todos nós iremos machucar alguém em algum momento, e provavelmente será quem mais amamos. Iss me lembra um poema de Augusto dos Anjos, poeta paraibano: "o beijo, amigo, é a véspera do escarro / a mão que afaga é a mesma que apedreja."
Por fim, a sequência final mostra bem quem Charlie se tornou na vida de Nicole: um fantasma. E a vida tem que seguir.
O Irlandês
4.0 1,5K Assista AgoraOntem assisti The Godfather e hoje The Irishman. Consegui pegar algumas referências e a produção é impecável, sem dúvidas. Mas, definitivamente, não faz meu estilo. Parabéns aos envolvidos, mas essas histórias de velhos mafiosos não me comovem.
O Poderoso Chefão
4.7 2,9K Assista AgoraBem executado, sem dúvidas. Atuações muito boas. Mas não consigo ignorar a condição das mulheres e dos negros (estes nem aparecem, são apenas citados) nessa trama. O patriarcado é mostrado como o modelo ideal (quase como a família tradicional brasileira), mas na verdade só causa destruição. As mulheres são apenas reféns, submissas à vontade do Pai, do marido, enfim. Claro que a crítica que faço é anacrônica, já se passaram quase meio século desde o lançamento da obra, mas são traços históricos que precisam ser ressaltados. Sobre os negros, mencionados como animais (todos somos), marginalizados desde sempre. É de fato um retrato do racismo, da misoginia, do patriarcado e das relações de poder. Por isso, não consigo dizer que gostei do filme, pois essas questões ficaram muito latentes pra mim.
Deus é Mulher, E Seu Nome é Petúnia
3.7 29Que filme! Que mulher! Que atriz! Que bando de macho escroto! Que merda de patriarcado! Que todo mundo veja esse filme e entenda porquê o feminismo é necessário!
A Criada
4.4 1,3K Assista AgoraA COBRA criada!
Roda Gigante
3.3 309O que eu mais amo nesse filme é a fotografia que vai do azul ao laranja em vários momentos, o que pode ser interpretado de várias maneiras. Ginny vive sufocada na relação com o marido e com o filho incendiário, o que remete às cores quentes. Já quanto às cenas na praia, os tons são mais claros e frios, com o Mickey salva-vidas, uma grande metáfora para o que Ginny procurava: alguém que a salvasse.
Infelizmente, essa é a realidade de muitas mulheres: sonham com aquele que as salvará, quando muitas vezes a única pessoa que pode nos salvar somos nós mesmas.
Somos Tão Jovens
3.3 2,0KMuit caricato, atuações deprimentes em vários momentos, até mesmo do Thiago Mendonça - que é quem carrega o filme nas costas.
Legião Urbana merecia mais.
A Vida Invisível
4.3 645O retrato da crueldade de uma sociedade patriarcal. As mulheres são violentadas O TEMPO TODO, seja explícita ou simbolicamente.
O que mais dói é ver o quanto de real tem na ficção. Ser mulher é carregar dores ancestrais.
E pra não dizer que não falei dos aspectos técnicos: PORRA, KARIM! Direção e roteiro impecáveis. Obrigada por tamanha sensibilidade.
Ah, e a Fernanda Montenegro está nesse filme com um único propósito: desidratar os espectadores que seguraram o choro durante 2 horas!
Unicórnio
3.0 50Por mais que seja enfadonho, vale a pena ver. Mas eu confesso que só compreendi a mensagem do filme porque tenho algum conhecimento de psicanálise, então vou deixar aqui alguns spoilers (lê quem quer) de acordo com o que entendi.
Maria (Bárbara Luz) está internada numa clínica psiquiátrica após ter matado friamente a mãe (Patrícia Pillar) e o homem estrangeiro (Lee Taylor) com o fruto envenenado da sua árvore favorita. Ela apresenta um quadro de psicose avançada, em que imagina estar conversando com o pai (que também já faleceu). Desde o início da trama fica evidente que Maria é o centro da narrativa, e que a mãe está em segundo plano. Há um distanciamento entre elas, mesmo que a mãe tente negar isso afirmando que elas são "uma só". A presença desse novo homem na casa gera curiosidade em Maria, e é no momento em que ele se aproxima dela (já no final do filme) e ela o beija a mão que reconhece o cheiro que sentiu nas roupas da mãe. Maria é um sujeito melancólico, marcada pela falta de algo que não se pode nomear. Ela sente falta do pai, mas também da mãe - mesmo ela estando presente o tempo todo. Maria, ao perceber que a mãe está se relacionando com outro homem, sente-se traída. A mãe deveria estar sofrendo tanto quanto ela a falta do pai. A partir daí Maria dá sinais de perversão: vai até a árvore, colhe o fruto "maldito", e espera o momento certo para oferecer ao casal. Quando vê a mãe sofrendo, ela se afasta. Antes da mãe desfalecer, ela a elogia, como em outros momentos: falar da beleza da mãe é uma tentativa de reviver essa mulher dentro dela, a mãe morta que ela carregava. Por fim, depois que tudo se encaixa, ela diz que não tinha como ser diferente. Ela precisava colocar pra fora o revide odioso, a perversão na sua face mais pura: a de um unicórnio.
Então foi basicamente isso que compreendi da narrativa, e portanto gostei bastante. A fotografia, de tão bonita, pode ser uma distração. Portanto, é preciso estar atento aos outros aspectos que compõem essa obra de arte. Lembrou-me bastante o filme "A bruxa", em como a simbologia foi construída através da pureza.
Certamente não agradará a todos, mas espero que essa minha breve análise ajude a compreeder alguns pontos.
Azougue Nazaré
3.9 34A cultura popular nordestina resiste!
Azougue Nazaré é aquele filme que cativa você desde a primeira cena! Apresenta seus personagens e conflitos muito bem, e consegue transmitir a beleza do Maracatu para o espectador. Único problema é que não há um desfecho satisfatório... Mas estamos falando de contemporaneidade, então isso não precisa ser um problema. "Me chame de catita!" e os desafios de repente pelo zapzap são pontos altos do longa!
Papicha
4.2 40 Assista AgoraLindo e devastador.
Faz-nos repensar o feminismo a partir de outras realidades.
Dogville
4.3 2,0K Assista AgoraAcabei de assistir e nem sei se consigo escrever algo à altura... Que roteiro surpreendente! Que construção de personagens! Que atuações! Eu procuro um defeito e não encontro. É uma verdadeira obra de arte pois nos leva à catarse, nos conduz para um final que põe em jogo nossa moralidade. Parece que são os cidadãos de Dogville que estão sendo testados, mas na verdade somos nós, espectadores. Foram muitas as metáforas construídas na narrativa e vou citar apenas as que mais chamam a atenção.
A primeira é a de tratar-se de um jogo, como Bill e Tom jogavam dama, até que Grace chega e vira o jogo. A outra é a metáfora das maçãs: Grace é assediada e abusada debaixo das macieiras, uma fruta conhecida no imaginário popular e religioso como a que levou Eva à tentação; então a culpa recai sempre sobre a mulher, por ser alguém que desperta os desejos dos homens, então são as culpadas pelos "atos instintivos" destes. E a metáfora do cão (que remete ao nome da cidade), como aquele que guarda a cidade mas não pode proteger os "cidadãos" da suas próprias tiranias, que excedem e muito as brutalidades de qualquer animal.
Por fim, creio que se trata de um grande exemplo de como é difícil defender os Direitos Humanos diante da barbárie! Grace não se chama Grace à toa. A graça é aquela que é dada sem receber nada em troca... Os cidadãos de Dogville a obrigaram a subverter essa lógica, do início ao fim, portanto é compreensível sua escolha, mas e se fôssemos eu e você? Rogaríamos misericórdia, recorreríamos aos Direitos Humanos ou simplesmente seríamos coerentes e aceitaríamos a colheita do mal que plantamos?
São perguntas difíceis de responder, mas que são importantes para que não caiamos no deleite sem refletir as implicaturas de cada regozijo.
O Nó do Diabo
3.0 46 Assista AgoraCriei muitas expectativas e me decepcionei. Tinha tudo pra ser um filme foda, mas não foi dessa vez. Vale pelo roteiro, mas peca no ritmo e na montagem.
Quanto à cinematografia: gente, por que ficaram cortando a cabeça das pessoas? Isso foi muito incômodo durante toda a narrativa. A impressão que dá é que não souberam usar direito as lentes da câmera, sério mesmo.
O conto das gêmeas é o que mais gostei. Dá pra sacar a ideia dos diretores, de mostrar a ancestralidade do preconceito racial no Brasil, resgatar o sofrimento do povo negro como um filme de terror mesmo, que a gente gostaria que fosse apenas ficção... Uma pena que a execução da obra tenha falhado, mas não deixa de ser um marco no cinema paraibano e no cinema nacional do gênero.
Coringa
4.4 4,1K Assista AgoraAssisti ontem e ainda hoje estou sem conseguir fazer uma avaliação do filme. Eu não curto filmes de super-heróis, nunca assisti ao Batman (me julguem) e mesmo assim decidi assistir ao Coringa, por todo apelo da crítica sobre ele. Pois bem, não me arrependo de ter assistido, mas pra mim algo não se encaixa. Não sei explicar. Teria sido essa a intenção do diretor? Vai saber. Só consigo dizer que é difícil dizer que amei ou odiei. Talvez minha falta de afinidade com a narrativa justifique minha indigestão - acho que essa palavra define. Joaquim Phoenix realmente é um show à parte, mas toda a trama não me convence. Recentemente tive acesso a um curso sobre cinema e psicanálise, e apenas por esse viés vejo um caminho de interpretação para esse filme, e é algo que não está posto de cara.
A vida de Arthur Fleck resume-se à sua relação com a mãe, não à toa isso é mostrado desde o início do filme. Ele é rejeitado pela sociedade, mas aparentemente tem um seio materno para onde retornar. Um seio bom, que o consola e alimenta. Todavia, quando Arthur descobre que a mãe mentiu para ele e que ela sofre de psicose, tem características de uma mãe narcisista e que é filho adotado, vem o baque.... Tudo isso é "jogado" no filme de maneira irresponsável, eu diria, pois essa é justamente a chave da narrativa, merecia ter sido aprofundada. A mãe nascisista é aquela que projeta suas frustrações no bebê, e pode chegar a agredi-lo, que foi o que aconteceu com Arthur. A psicose da mãe foi passada para o filho, que viviam uma psicose compartilhada, e para chegar à perversão bastava um rompimento, uma frustração que destruisse a idealização criada na mente dele. E foi assim que Arthur atingiu a perversão matando a própria mãe, que era uma maneira de matar a si mesmo, matar o que ele não queria ser. Ele se desconserta por descobrir que o seio bom, na verdade, era mau. Agora ele não tinha mais nada a perder, pois tudo o que tinha era a mãe. A partir disso ele assume a postura do psicopata, aquele que não tem medo, vergonha ou culpa. As três primeiras pessoas que ele matou foram circunstanciais, ele já tinha psicose, mas não era psicopata, tanto que foge logo após.
Por isso minha resistência em avaliar o filme, pois não vejo como seria possível analisar a narrativa apenas no campo social (um pobre proletariado) ou apenas no psiquíco (psicopatia). Ao trazer uma abordagem política, o enredo adquire camadas que podem deixar o espectador focado apenas no raso. A crítica social está muito forte, e isso aliado a problemas mentais pode causar uma confusão na mente de quem assiste. Creio que foi isso que aconteceu comigo. Creio que muita gente não compreendeu de quais problemas psiquícos o filme trata, e que são mais de um - mas afinal, o público não tem obrigação de estudar psicanálise, apesar de que ela é essencial nesse caso.
Democracia em Vertigem
4.1 1,3K'Democracia em vertigem' e 'Bacurau' são os filmes nacionais mais importantes de 2019. Petra Costa e Kléber Mendonça Filho conseguiram, através dos seus filmes, nos fazer reviver todo o drama da nossa vertiginosa democracia, e nos convidam a lutar enquanto há vida.
O Processo
4.0 240Cansativo como tinha que ser. Narrativa crua da distopia brasileira.