Mais uma produção sobre versões de verdades, ou de mentiras. Assim é a vida, um eterno julgamento. Ao fim e ao cabo nós decidimos em que e quem acreditar. O risco é quando criamos a nossa versão para condenar, ou absolve, e isso depende de fatores que, não raro, vão além, ou aquém, dos fatos. Isso tudo porque não há hipótese para o não sei.
Eu continuo sem entender pessoas que reclamam de séries lentas, longas e/ou que demoram a engatar. Minha N. Sra do cinema controla meus impulsos. Esse tipo de série é arte, não é entretenimento. Aprecie com moderação, se envolva, observe os detalhes...está tão escancarado que é arte que no decorrer dos episódios são feitos paralelos com artes...pintura, fotografia, esculturas....arte do passado que ainda sobrevive (ou vive) em cada canto de cidades antigas da Itália. É uma série-galeria de arte. Absolutamente tudo numa película quer dizer alguma coisa. Só preste atenção. O enredo é importante, sim, mas os elementos que compõem uma história, fictícia ou real, vão muito além dos fatos, que para mim, sempre, numa boa história, serão o pano de fundo. O que nos prende são os detalhes. Os personagens dessa história, sem exceção, se mostram nas nuances. A Isabela Boscov bem disse que Andrew Scott por si só é um cinema. Mas nenhum dos outros atores fica atrás. A exceção talvez seja o (a) Freddie, excessivamente andrógino. Quiça era essa a intenção, e é só uma antipatia minha. A Isabela Boscov também mencionou, mas creio que mais em função do livro, da construção do Tom pela Patricia Highsmith, que nos pegamos torcendo por ele, mesmo cientes da sua imoralidade (ou amoralidade?). Tom é, inegavelmente, um sedutor, mas um olhar de fora, o meu, não conseguiu separar a sedução do mau-caratismo e acho que o Andrew Scott assim o construiu, na dubiedade, para não termos dúvidas de que ele é um bandido, psicopata como bem dizem muitos. Gostei imenso.
Eu vi a representação de uma típica equipe de uma corporação até mesmo nas fantasias delirantes. Foi isso que me prendeu à história. Tudo o mais é adereço.
No final entendi que deveria ver (e apreciar) com o olhar da época em que foi lançado, em certa medida. No resto é um retrato extremamente atual, o que me faz refletir que o filme estava a frente do seu tempo, por isso a rejeição na altura do lançamento. Vejo com a lente de outrora principalmente as interpretações que parecem exageradas, algo mais teatral, o que, de forma alguma, diminui o valor da película, apesar de, confesso, me incomodar um pouco, já que me acostumei a interpretacoes mais naturais.Chama a atenção, por outro lado, o que alguém mencionou aí embaixo: os diálogos eram mais profundos. Inteligentes, penso eu. Junte-se a isso o P&B e temos uma obra-prima de um cinema que não existe mais.
Quando o filme fica muito famoso, tomo distância para não me influenciar. Esperava muito desse filme. Entendi que é aberto a interpretações, e eu falhei miseravelmente em tentar encontrar a minha. Precisei pesquisar. Para mim, isso mostra que não consegui imergir na profundidade a que o filme se pretende. Não é o caso de condenar o filme a uma avaliação péssima. Pode ser o meu momento. E, pode ser que o filme tenha cumprido a sua "missão" de incomodar.
Um filme importante sobre os excessos para combater...os excessos. Sou simplista na minha visão de guerra. Ainda acho que não se combate violência com violência. Sei do imperativo de se dar respostas a ataques, invasões...mas quando o que move é o desejo de vingança sempre sai do controle e inocentes são sacrificados.
Li alguns comentários aqui e criticas/resenhas fora daqui. O meu viés de confirmação me levou a outra interpretação. Com certeza serei acusada de racismo e de exercer o meu privilégio branco. Onde as pessoas veem cores, eu vejo seres humanos, o que me fez amar a história e seus intérpretes, independente de raça (ou seria etnia?). Sim, eu sei do preconceito pela cor (desculpa foi assim que aprendi a definir "aparências"). Talvez tenha visto o caminho inverso, aquele em que o filme mostra um discurso do qual os movimentos identitários têm se apropriado para defender suas pautas, que nos últimos anos radicalizou a ponto de deixar de ser uma defesa de direitos para passar a ser uma imposição de narrativa, repetida à exaustão (e sem filtros críticos) pela militância e por aqueles que pretendem aparecer virtuosos.
Uma imersão no submundo da hipocrisia que mata, independente de lugar. Choca mais num mundo (à parte) fundamentalista que se perpetua por gerações. O choque é ainda maior com a realidade crua graficamente mostrada e a qual, normalmente, viramos a cabeça.
Estava adiando para ver, como sempre faço com produções que são muito comentadas. Preciso pegar distância até ficar só eu e o filme (ou série). Favoritei. E chorei. Nem sempre uso isso como métrica, mas nesse caso mexeu muito com a minha sensibilidade por entender`à perfeição, e, ao mesmo tempo, não imaginar o sofrimento daquelas mulheres. As pausas nos diálogos marcam cada frase dita, soam como vereditos do passado do qual se quer fugir e do futuro que se almeja alcançar. O filme todo é um marco entre um e outro.
Eu dei 4 estrelas proporcionalmente à perturbação que este filme causou em mim. Dias depois ainda estava com pesadelos. De onde vi a dica sabia que era um daqueles filmes que o pessoal de arte classifica como "cult". Não faço parte dessa turma, antes pelo contrário, talvez por ignorância ou, confesso, por gosto estético mesmo. Dei uma chance e entrei com tudo na loucura do enredo e do protagonista. Do meu lugar não vi arte, a não ser o da sobrevivência, que sempre será prioritário considerando tudo o mais.
O que mais me intrigou foi pensar que em um ambiente com segurança máxima, quando o sistema falha, é como estar em qualquer lugar inóspito em qualquer tempo.
Muito ruim. Extremamente previsível. Vejo estas produções até o fim, por educação, para conhecer outras culturas e quando não quero ver nada que me impacte.
Acabei de ver e vou de clichê: quando você só precisa de bons diálogos e silêncios desconcertantes na penumbra para ter uma obra-prima. Mesmo que você intua e deseje o final, aqui, é o caminho de dúvidas até a decisão que importa.
Geralmente as pessoas chamam de confusas histórias contadas não linearmente. Talvez sejam. De fato são um quebra-cabeça a ser montado(ou percebido, ou interpretado). Aqui cumpre a proposta da história à perfeição porque a mente não é linear, é um labirinto, com rotas circulares e conexões de percepção que independem de tempo e espaço. Simplificando muito, o objetivo do filme é sobre percepções. De quem conta/mostra e de quem ouve/vê. Versões da verdade (ou da mentira). Realidade e fantasia, tudo junto e misturado. Há momentos que nos apontam para um julgamento definitivo pela aparente racionalidade, portanto verdade absolutas, já que é a razão considerada o fio condutor de fatos incontestáveis. Será? E é esse será que permeia o filme inteiro, portanto não vou opinar sobre o que é verdade ou mentira, fantasia ou realidade, mesmo que o meu cérebro insista numa tendência porque é lógico que o meu viés. Gostei, mas não dei uma nota melhor porque achei um bocadinho cansativo, principalmente o início, que pareceu longo demais.
PS: Fiquei surpresa ao ir à ficha do diretor e descobrir que já tinha visto todas as obras dele, geralmente gostando muito. Sou uma pessoa que avalia obra, por isso a surpresa.
Todo mundo que leu ou ouviu sobre o filme sabia que era uma crítica social, com endereço certo: ricos. Também foi bastante divulgado o uso de bizarrices para, digamos, não deixar dúvidas do quanto o mundo alvo é podre. Eu sou mais adepta de sutilezas, ironias finas, sarcasmos inteligentes em qualquer crítica, mas principalmente na arte e na literatura. Tendem a provocar mais reflexão em mim. Mas, pelo que ando vendo (e lendo) a moda agora são provocações surreais...e escatológicas. Me pergunto se encaretei. Não sei. Só sei que a escatologia fica como uma lembrança incomoda (não no bom sentido) e fecha a minha mente para reflexões a que a obra se propôs.
No primeiro ato, uma comédia com bizarrices inacreditáveis, consegui ver alegorias, metáforas que me levaram a pensar em questões filosóficas bem amplas, rindo desbragadamente. A partir do segundo ato ficou claro o ponto central da reflexão menos filosófica e mais emocional, psicológica, digamos. Ou foi no terceiro? Só sei que da metade em diante, parei de gargalhar. No terceiro ato chorei desbragadamente, apesar de sentir um certo incomodo pelo que percebi de melodramático, até de sentimentalismo exagerado, aqueles chamados clichês que a gente adora apontar como negativos numa produção. Mas, a proposta da obra não é ser over? E não é over(dramática) a nossa jornada de autoconhecimento?
Alguém indicou essa série, como uma preciosidade escondida. Dei chance, embora no primeiro episódio quase abandonei, porque, pensei, já vi o suficiente de viagens no tempo, mesmo como alegoria. Seria possível um novo olhar? Talvez sim, talvez não. Cabe à percepção e emoção individual. Me vi, relembrando os intensos debates juvenis, cheios de certezas, sobre o destino. Fui moldando a minha percepção no avançar da minha história de vida. Tenho algumas convicções sobre, que podem, obviamente, mudar amanhã. Ou hoje, por conta do que assisti. Ou reforçá-las. No fim é sempre sobre escolhas (as nossas e as que respingam em nós vindas de outrem ou d'além, who knows?) e consequências. Concordo, é uma preciosidade, que eu desconhecia, até alguém, por sorte do acaso (who knows?), a encontrar e divulgar.
Não tem como um filme com Ricardo Darín ser ruim. Mentira, tem. Talvez 1 mais ou menos e outro bem confuso, mas não por causa dele e sim do roteiro. Aqui ele e o roteiro brilham. Uma aula, sobretudo no nosso cenário nacional atual. Tudo é relevante, mas me chamou a atenção quando ele está montando a equipe e busca nomes possíveis. Um deles é de um progressista (palavra da minha escolha) na juventude que na velhice se tronou fascista. O personagem Julio diz: Um clássico. Sim, é.
Um folhetim sem tirar nem por, mas em Paris. O lado glamouroso e luxuoso de Paris. Quase com certeza que por isso vende bem. Pelo marketing que, ironicamente (ou não), é o pano de fundo da trama superficial e, obviamente, clichê. Ainda gosto, como entretenimento (mais como descanso de vista), mas já comecei a perder a empolgação da mesma forma que deixei de ser noveleira.
Eu tenho uma curiosidade desde a primeira temporada: onde a Emily e a Mindy guardam tantas roupas, calçados, bolsas se elas moram num ap minúsculo que nem armário tem, só uma pequena arara? Isso está me incomodando, não paro de pensar sobre qdo assisto à série...rsrs não, sério. Elas são tipo a Jade Picon q só usa um look uma única vez. E depois. doam? Porque a Jade tem mansão, né? E ap em São Paulo com closet...
Não me lembro de uma produção com tamanha sincronia entre natureza, arte, diálogos, sentidos, sentimentos, acontecimentos e trilha sonora. Um espetáculo! A beleza do cenário paradisíaco, deslumbrante e opulento não distrai a atenção do que evidencia: a miséria humana. Contraponto perfeito. A beleza que jamais deveríamos prescindir, como bem disse um sádico. Uma fina ironia. Miséria que insiste, persiste e embaça o olhar permanente do julgamento, pelo menos foi assim comigo, já que o início partiu do fim, desconfiava de todo mundo, de cada gesto, expressão, fala, atitude. Não é (só) sobre o suspense em torno de um corpo vindo assustadoramente à superfície sem identidade, é um olhar humano. Prescrutei toda a série com a eterna desconfiança pelo que sou e como do meu eu miserável vejo o outro. Creio não ser a única. Assim seguimos julgando, condenando e absolvendo, independentemente de justiça. Duas certeza: a beleza que permanece, apesar de nós, e nossas misérias, apesar da beleza, sendo esta devidamente afogada no derradeiro fim.
Cada vez que leio, a série é lenta, o filme é lento ,me passa pela cabeça que a pessoa está garantindo um lugar no inferno cristão, eternamente queimando no fogo que nunca apaga. Isso é lentidão. Boas história têm contexto, detalhes, ritmos conforme o enredo. Quer encurtar, procura o resumo na internet. Quer velocidade veja filmes de ação, passe o tempo jogando aqueles jogos alucinantes, vai correr...ou pule partes da obra.
Estava morrendo de medo de assistir por causa do titulo em português, Primeiro vejo, depois pesquiso. Jamais vejo qualquer produção no top 10. Dei chance porque fiquei curiosa para ver, conforme pressupus pelo titulo, como seria contada uma história com outro lado daquilo que acredito. Foi uma grata surpresa ver que é vida real, vida como ela é, como a enxergo, sem responsabilidades sobrenaturais. Respeito a fé, a crença das pessoas, o que jamais vou respeitar, o que sempre me indignará, é a crueldade feita em nome da fé, crença e que tais.
Na emoção: me ferrei mais uma vez ao assistir uma série sem saber nada a respeito; no primeiro episódio, apesar da primeira cena e do título português, imaginei estar retornando a um gênero que abandonei há 3 séculos: love story açucarada; ok, pensei, já que estava procurando alienação; bom, o engano foi tamanho, que me vejo há 2 dias em estado de prostração, encharcada de lágrimas, mergulhada nas profundezas das reflexões sobre a finitude como nunca antes (talvez meu momento); é tão mais triste pela beleza, sensibilidade e leveza de como é apresentada na série; no fim não é sobre a morte, mas sobre uma vida plena, não sem conflitos, dor e sofrimentos, e que sofrimento, que finda plena do amor que deu e recebeu; talvez o maior sentido da existência, pincipalmente quando se vê nos outros e não nas suas cercanias; e, não, não há pieguice, mesmo que o primeiro episódio seja o clichê dos contos de fada. O que me arrebatou, ainda mais, é o fato de ele ser italiano, de eu reconhecer todas aquelas tradições, sabores, o idioma, de ter sentindo tanta saudade desse passado tão bem vivido, mesmo nunca tendo pisado na Itália. E, sim, eu já sonhei com um príncipe italiano. PS: e a coincidência de assistir na véspera e dia de finados com chuva, frio...tô no chão, embaixo das cobertas claro.
PS: Descobri que vi todos filmes do diretor, exceto 1. Gostei de todos. Deve vir daí a sensação de dejá vu. A complexidade vem dos inúmeros detalhes, mas não é confuso, já que absolutamente tudo se entrelaça para justificar, julgar, condenar, absolver, gostar e odiar. São contextos. Nenhum dos personagens principais, aqueles que conduzem a narrativa sobre si em cada episódio, é inocente, mas todos têm uma história para se justificar. A condenação ou absolvição vem do olhar do outro, às vezes, também, da autoconsciência.
O Caso Asunta
3.4 13 Assista AgoraMais uma produção sobre versões de verdades, ou de mentiras. Assim é a vida, um eterno julgamento. Ao fim e ao cabo nós decidimos em que e quem acreditar. O risco é quando criamos a nossa versão para condenar, ou absolve, e isso depende de fatores que, não raro, vão além, ou aquém, dos fatos. Isso tudo porque não há hipótese para o não sei.
Ripley
4.2 69 Assista AgoraEu continuo sem entender pessoas que reclamam de séries lentas, longas e/ou que demoram a engatar. Minha N. Sra do cinema controla meus impulsos. Esse tipo de série é arte, não é entretenimento. Aprecie com moderação, se envolva, observe os detalhes...está tão escancarado que é arte que no decorrer dos episódios são feitos paralelos com artes...pintura, fotografia, esculturas....arte do passado que ainda sobrevive (ou vive) em cada canto de cidades antigas da Itália. É uma série-galeria de arte. Absolutamente tudo numa película quer dizer alguma coisa. Só preste atenção. O enredo é importante, sim, mas os elementos que compõem uma história, fictícia ou real, vão muito além dos fatos, que para mim, sempre, numa boa história, serão o pano de fundo. O que nos prende são os detalhes. Os personagens dessa história, sem exceção, se mostram nas nuances. A Isabela Boscov bem disse que Andrew Scott por si só é um cinema. Mas nenhum dos outros atores fica atrás. A exceção talvez seja o (a) Freddie, excessivamente andrógino. Quiça era essa a intenção, e é só uma antipatia minha. A Isabela Boscov também mencionou, mas creio que mais em função do livro, da construção do Tom pela Patricia Highsmith, que nos pegamos torcendo por ele, mesmo cientes da sua imoralidade (ou amoralidade?). Tom é, inegavelmente, um sedutor, mas um olhar de fora, o meu, não conseguiu separar a sedução do mau-caratismo e acho que o Andrew Scott assim o construiu, na dubiedade, para não termos dúvidas de que ele é um bandido, psicopata como bem dizem muitos. Gostei imenso.
Exame
3.3 231Eu vi a representação de uma típica equipe de uma corporação até mesmo nas fantasias delirantes. Foi isso que me prendeu à história. Tudo o mais é adereço.
O Mensageiro do Diabo
4.1 261 Assista AgoraNo final entendi que deveria ver (e apreciar) com o olhar da época em que foi lançado, em certa medida. No resto é um retrato extremamente atual, o que me faz refletir que o filme estava a frente do seu tempo, por isso a rejeição na altura do lançamento. Vejo com a lente de outrora principalmente as interpretações que parecem exageradas, algo mais teatral, o que, de forma alguma, diminui o valor da película, apesar de, confesso, me incomodar um pouco, já que me acostumei a interpretacoes mais naturais.Chama a atenção, por outro lado, o que alguém mencionou aí embaixo: os diálogos eram mais profundos. Inteligentes, penso eu. Junte-se a isso o P&B e temos uma obra-prima de um cinema que não existe mais.
Aftersun
4.1 700Quando o filme fica muito famoso, tomo distância para não me influenciar. Esperava muito desse filme. Entendi que é aberto a interpretações, e eu falhei miseravelmente em tentar encontrar a minha. Precisei pesquisar. Para mim, isso mostra que não consegui imergir na profundidade a que o filme se pretende. Não é o caso de condenar o filme a uma avaliação péssima. Pode ser o meu momento. E, pode ser que o filme tenha cumprido a sua "missão" de incomodar.
O Mauritano
3.7 108Um filme importante sobre os excessos para combater...os excessos. Sou simplista na minha visão de guerra. Ainda acho que não se combate violência com violência. Sei do imperativo de se dar respostas a ataques, invasões...mas quando o que move é o desejo de vingança sempre sai do controle e inocentes são sacrificados.
Ficção Americana
3.8 363 Assista AgoraLi alguns comentários aqui e criticas/resenhas fora daqui. O meu viés de confirmação me levou a outra interpretação. Com certeza serei acusada de racismo e de exercer o meu privilégio branco. Onde as pessoas veem cores, eu vejo seres humanos, o que me fez amar a história e seus intérpretes, independente de raça (ou seria etnia?). Sim, eu sei do preconceito pela cor (desculpa foi assim que aprendi a definir "aparências"). Talvez tenha visto o caminho inverso, aquele em que o filme mostra um discurso do qual os movimentos identitários têm se apropriado para defender suas pautas, que nos últimos anos radicalizou a ponto de deixar de ser uma defesa de direitos para passar a ser uma imposição de narrativa, repetida à exaustão (e sem filtros críticos) pela militância e por aqueles que pretendem aparecer virtuosos.
Holy Spider
4.0 117 Assista AgoraUma imersão no submundo da hipocrisia que mata, independente de lugar. Choca mais num mundo (à parte) fundamentalista que se perpetua por gerações. O choque é ainda maior com a realidade crua graficamente mostrada e a qual, normalmente, viramos a cabeça.
Entre Mulheres
3.7 262Estava adiando para ver, como sempre faço com produções que são muito comentadas. Preciso pegar distância até ficar só eu e o filme (ou série). Favoritei. E chorei. Nem sempre uso isso como métrica, mas nesse caso mexeu muito com a minha sensibilidade por entender`à perfeição, e, ao mesmo tempo, não imaginar o sofrimento daquelas mulheres. As pausas nos diálogos marcam cada frase dita, soam como vereditos do passado do qual se quer fugir e do futuro que se almeja alcançar. O filme todo é um marco entre um e outro.
Dentro
2.8 93 Assista AgoraEu dei 4 estrelas proporcionalmente à perturbação que este filme causou em mim. Dias depois ainda estava com pesadelos. De onde vi a dica sabia que era um daqueles filmes que o pessoal de arte classifica como "cult". Não faço parte dessa turma, antes pelo contrário, talvez por ignorância ou, confesso, por gosto estético mesmo. Dei uma chance e entrei com tudo na loucura do enredo e do protagonista. Do meu lugar não vi arte, a não ser o da sobrevivência, que sempre será prioritário considerando tudo o mais.
O que mais me intrigou foi pensar que em um ambiente com segurança máxima, quando o sistema falha, é como estar em qualquer lugar inóspito em qualquer tempo.
Uma Mãe Perfeita (1ª Temporada)
2.9 26 Assista AgoraMuito ruim. Extremamente previsível. Vejo estas produções até o fim, por educação, para conhecer outras culturas e quando não quero ver nada que me impacte.
Entre Mulheres
3.7 262Acabei de ver e vou de clichê: quando você só precisa de bons diálogos e silêncios desconcertantes na penumbra para ter uma obra-prima. Mesmo que você intua e deseje o final, aqui, é o caminho de dúvidas até a decisão que importa.
As Linhas Tortas de Deus
3.5 230 Assista AgoraGeralmente as pessoas chamam de confusas histórias contadas não linearmente. Talvez sejam. De fato são um quebra-cabeça a ser montado(ou percebido, ou interpretado). Aqui cumpre a proposta da história à perfeição porque a mente não é linear, é um labirinto, com rotas circulares e conexões de percepção que independem de tempo e espaço. Simplificando muito, o objetivo do filme é sobre percepções. De quem conta/mostra e de quem ouve/vê. Versões da verdade (ou da mentira). Realidade e fantasia, tudo junto e misturado. Há momentos que nos apontam para um julgamento definitivo pela aparente racionalidade, portanto verdade absolutas, já que é a razão considerada o fio condutor de fatos incontestáveis. Será? E é esse será que permeia o filme inteiro, portanto não vou opinar sobre o que é verdade ou mentira, fantasia ou realidade, mesmo que o meu cérebro insista numa tendência porque é lógico que o meu viés. Gostei, mas não dei uma nota melhor porque achei um bocadinho cansativo, principalmente o início, que pareceu longo demais.
PS: Fiquei surpresa ao ir à ficha do diretor e descobrir que já tinha visto todas as obras dele, geralmente gostando muito. Sou uma pessoa que avalia obra, por isso a surpresa.
Triângulo da Tristeza
3.6 730 Assista AgoraTodo mundo que leu ou ouviu sobre o filme sabia que era uma crítica social, com endereço certo: ricos. Também foi bastante divulgado o uso de bizarrices para, digamos, não deixar dúvidas do quanto o mundo alvo é podre. Eu sou mais adepta de sutilezas, ironias finas, sarcasmos inteligentes em qualquer crítica, mas principalmente na arte e na literatura. Tendem a provocar mais reflexão em mim. Mas, pelo que ando vendo (e lendo) a moda agora são provocações surreais...e escatológicas. Me pergunto se encaretei. Não sei. Só sei que a escatologia fica como uma lembrança incomoda (não no bom sentido) e fecha a minha mente para reflexões a que a obra se propôs.
Tudo em Todo O Lugar ao Mesmo Tempo
4.0 2,1K Assista AgoraEu achei genial.
No primeiro ato, uma comédia com bizarrices inacreditáveis, consegui ver alegorias, metáforas que me levaram a pensar em questões filosóficas bem amplas, rindo desbragadamente. A partir do segundo ato ficou claro o ponto central da reflexão menos filosófica e mais emocional, psicológica, digamos. Ou foi no terceiro? Só sei que da metade em diante, parei de gargalhar. No terceiro ato chorei desbragadamente, apesar de sentir um certo incomodo pelo que percebi de melodramático, até de sentimentalismo exagerado, aqueles chamados clichês que a gente adora apontar como negativos numa produção. Mas, a proposta da obra não é ser over? E não é over(dramática) a nossa jornada de autoconhecimento?
22.11.63
4.2 270 Assista AgoraAlguém indicou essa série, como uma preciosidade escondida. Dei chance, embora no primeiro episódio quase abandonei, porque, pensei, já vi o suficiente de viagens no tempo, mesmo como alegoria. Seria possível um novo olhar? Talvez sim, talvez não. Cabe à percepção e emoção individual. Me vi, relembrando os intensos debates juvenis, cheios de certezas, sobre o destino. Fui moldando a minha percepção no avançar da minha história de vida. Tenho algumas convicções sobre, que podem, obviamente, mudar amanhã. Ou hoje, por conta do que assisti. Ou reforçá-las. No fim é sempre sobre escolhas (as nossas e as que respingam em nós vindas de outrem ou d'além, who knows?) e consequências. Concordo, é uma preciosidade, que eu desconhecia, até alguém, por sorte do acaso (who knows?), a encontrar e divulgar.
Argentina, 1985
4.3 334Não tem como um filme com Ricardo Darín ser ruim. Mentira, tem. Talvez 1 mais ou menos e outro bem confuso, mas não por causa dele e sim do roteiro. Aqui ele e o roteiro brilham. Uma aula, sobretudo no nosso cenário nacional atual. Tudo é relevante, mas me chamou a atenção quando ele está montando a equipe e busca nomes possíveis. Um deles é de um progressista (palavra da minha escolha) na juventude que na velhice se tronou fascista. O personagem Julio diz: Um clássico. Sim, é.
Emily em Paris (3ª Temporada)
3.4 118 Assista AgoraUm folhetim sem tirar nem por, mas em Paris. O lado glamouroso e luxuoso de Paris. Quase com certeza que por isso vende bem. Pelo marketing que, ironicamente (ou não), é o pano de fundo da trama superficial e, obviamente, clichê. Ainda gosto, como entretenimento (mais como descanso de vista), mas já comecei a perder a empolgação da mesma forma que deixei de ser noveleira.
Emily em Paris (3ª Temporada)
3.4 118 Assista AgoraEu tenho uma curiosidade desde a primeira temporada: onde a Emily e a Mindy guardam tantas roupas, calçados, bolsas se elas moram num ap minúsculo que nem armário tem, só uma pequena arara? Isso está me incomodando, não paro de pensar sobre qdo assisto à série...rsrs não, sério. Elas são tipo a Jade Picon q só usa um look uma única vez. E depois. doam? Porque a Jade tem mansão, né? E ap em São Paulo com closet...
The White Lotus (2ª Temporada)
4.2 344 Assista AgoraNão me lembro de uma produção com tamanha sincronia entre natureza, arte, diálogos, sentidos, sentimentos, acontecimentos e trilha sonora. Um espetáculo!
A beleza do cenário paradisíaco, deslumbrante e opulento não distrai a atenção do que evidencia: a miséria humana. Contraponto perfeito. A beleza que jamais deveríamos prescindir, como bem disse um sádico. Uma fina ironia. Miséria que insiste, persiste e embaça o olhar permanente do julgamento, pelo menos foi assim comigo, já que o início partiu do fim, desconfiava de todo mundo, de cada gesto, expressão, fala, atitude. Não é (só) sobre o suspense em torno de um corpo vindo assustadoramente à superfície sem identidade, é um olhar humano. Prescrutei toda a série com a eterna desconfiança pelo que sou e como do meu eu miserável vejo o outro. Creio não ser a única. Assim seguimos julgando, condenando e absolvendo, independentemente de justiça. Duas certeza: a beleza que permanece, apesar de nós, e nossas misérias, apesar da beleza, sendo esta devidamente afogada no derradeiro fim.
O Milagre
3.5 219Cada vez que leio, a série é lenta, o filme é lento ,me passa pela cabeça que a pessoa está garantindo um lugar no inferno cristão, eternamente queimando no fogo que nunca apaga. Isso é lentidão. Boas história têm contexto, detalhes, ritmos conforme o enredo. Quer encurtar, procura o resumo na internet. Quer velocidade veja filmes de ação, passe o tempo jogando aqueles jogos alucinantes, vai correr...ou pule partes da obra.
O Milagre
3.5 219Estava morrendo de medo de assistir por causa do titulo em português, Primeiro vejo, depois pesquiso. Jamais vejo qualquer produção no top 10. Dei chance porque fiquei curiosa para ver, conforme pressupus pelo titulo, como seria contada uma história com outro lado daquilo que acredito. Foi uma grata surpresa ver que é vida real, vida como ela é, como a enxergo, sem responsabilidades sobrenaturais. Respeito a fé, a crença das pessoas, o que jamais vou respeitar, o que sempre me indignará, é a crueldade feita em nome da fé, crença e que tais.
Recomeço (1ª Temporada)
4.1 76 Assista AgoraNa emoção: me ferrei mais uma vez ao assistir uma série sem saber nada a respeito; no primeiro episódio, apesar da primeira cena e do título português, imaginei estar retornando a um gênero que abandonei há 3 séculos: love story açucarada; ok, pensei, já que estava procurando alienação; bom, o engano foi tamanho, que me vejo há 2 dias em estado de prostração, encharcada de lágrimas, mergulhada nas profundezas das reflexões sobre a finitude como nunca antes (talvez meu momento); é tão mais triste pela beleza, sensibilidade e leveza de como é apresentada na série; no fim não é sobre a morte, mas sobre uma vida plena, não sem conflitos, dor e sofrimentos, e que sofrimento, que finda plena do amor que deu e recebeu; talvez o maior sentido da existência, pincipalmente quando se vê nos outros e não nas suas cercanias; e, não, não há pieguice, mesmo que o primeiro episódio seja o clichê dos contos de fada.
O que me arrebatou, ainda mais, é o fato de ele ser italiano, de eu reconhecer todas aquelas tradições, sabores, o idioma, de ter sentindo tanta saudade desse passado tão bem vivido, mesmo nunca tendo pisado na Itália. E, sim, eu já sonhei com um príncipe italiano.
PS: e a coincidência de assistir na véspera e dia de finados com chuva, frio...tô no chão, embaixo das cobertas claro.
O Inocente
4.0 302 Assista AgoraPS: Descobri que vi todos filmes do diretor, exceto 1. Gostei de todos. Deve vir daí a sensação de dejá vu.
A complexidade vem dos inúmeros detalhes, mas não é confuso, já que absolutamente tudo se entrelaça para justificar, julgar, condenar, absolver, gostar e odiar. São contextos.
Nenhum dos personagens principais, aqueles que conduzem a narrativa sobre si em cada episódio, é inocente, mas todos têm uma história para se justificar. A condenação ou absolvição vem do olhar do outro, às vezes, também, da autoconsciência.