Um documentário e tanto. Dentro do esperado, Senna atende às expectativas de mostrar a rivalidade entre o piloto brasileiro e Alain Prost, o francês tetracampeão do mundo que se mostrou ser um adversário dentro e fora das pistas. E mesmo com status de antagonista da trama, Prost assinou a produção como colaborador na montagem do enredo.
O filme mostra toda a história de um dos maiores ídolos do esporte nacional de forma cronológica. É claro que dentro de pouco mais de uma hora e meia (duração do filme) não é mostrado tudo, até mesmo porque o acervo de imagens sobre Ayrton Senna é gigantesco. Mas ainda assim, o diretor Asif Kapadia soube dosar bem as cenas com a trilha sonora e os áudios como narrações, entrevistas da época e gritos da torcida.
Uma montagem muito bem arquitetada, que trouxe às telas não só o Senna bonzinho, mas mostrou o lado de malícia e esperteza do atleta, com argumentos muito bem incisos e fundamentados. Mas a certeza é de que Senna faz mais sucesso pela proximidade com o público. Quem não houve a equipe da Globo, representada por Galvão Bueno e Reginaldo Leme, além de Arnaldo Jabor desde aquela época e que estão presentes nas casas dos brasileiros até hoje?
Mas por que Senna não teve um filme digno de si até hoje? A questão é que a família não autorizava o uso da imagem de Senna. Após ver 40 minutos do projeto deste filme, exibido pelos próprios idealizados, a família aprovou e colaborou, principalmente a irmã, Viviane Senna, que depõe inúmeras vezes durante o filme.
O drama esboçado no longa é digno de grande reconhecimento, já que não utiliza-se de artifícios apelativos, mas sim de um verdadeiro documentário, com naturalidade e lidando com fatos incontestáveis. Uma grande produção de um grande ídolo, que apesar dos quase 17 anos de ausência, reascende a esperança no coração não só dos brasileiros, mas de todo o mundo, que conheceu e reconheceu o grande homem Ayrton.
Já não sei se estou escrevendo como jornalista ou como fã. Talvez um pouco dos dois. Mas com uma grande certeza: quero ver este filme novamente.
A justificativa do título de Um Parto de Viagem é exposto logo de cara, na primeira cena. A esposa de Peter Highman, protagonista vivido por Robert Downey Jr., fala com o marido ao telefone e exibe sua barriga de gestante. Peter precisa chegar a Atlanta para presenciar o nascimento de seu primeiro filho. Mas após uma série de confusões no aeroporto, ele é proibido de voar com a acusação de terrorismo. Apesar de não ter culpa de nada, seu estopim curto acaba prejudicando-o.
A confusão começou quando ele topou com Ethan Tremblay, um sujeito bastante alternativo e que sonha em ser ator em Hollywood . Vivido pelo ator Zach Galifianakis, Ethan aluga um automóvel e convida Peter pra uma carona como pedido de desculpas pela confusão criada. A partir daí os dois se envolvem em muitas situações desagradáveis, surreais e poucas vezes engraçadas.
A trama conta a via crucis de Peter e o filme inteiro gira em torno dos dois personagens principais, que se contrastam e se mesclam, mas que nunca seduzem a plateia. O enredo é forçado, o que resulta em sequências superficiais e genéricas. O tempo inteiro vem àquela sensação de que algo ali foi tirado e/ou copiado de outro longa.
Por fim, vemos dois grandes nomes do cinema (Downey Jr. e Galifianakis) em um projeto mal executado e que deixou um ar de bobo e desnecessário. Ah! A ponta de Jamie Foxx é totalmente descartável. Sem mais.
Dirigido e escrito por Ben Affleck, Atração Perigosa conta a trama de um bando de assaltantes de carro-forte e bancos oriundo de Charlestown, bairro localizado em Boston – EUA. Doug MacRay, vivido por Affleck, é o líder do grupo e após o assalto a um banco, eles tomam Claire Keesey, interpretada pela atriz Rebecca Hall, como refém e no final do serviço acabam libertando-a, já que foi vendada e não compromete a identidade dos bandidos.
Jem (Jeremy Renner), o mais agressivo do bando e melhor amigo de Doug, decide seguir Claire, com receio de que Claire forneça alguma pista do assalto ao FBI. Mas antes que Jem faça uma bobagem, Doug interfere e resolve ele mesmo vigiar Claire. O que Doug não imaginava é que ele se aproximaria mais que devia de seu alvo e isso explica o título do longa.
Com boa técnica, conciliada a um roteiro bem fundamentado e com diálogos válidos, Atração Perigosa agrada e surpreende. Este é o segundo filme dirigido por Affleck (o primeiro foi Medo da Verdade, em 2007) e o terceiro que tem roteiro assinado por ele. Os outros projetos de autoria de Affleck foram: Gênio Indomável (ao lado de Matt Damon), que lhe rendeu um Oscar; e Medo da Verdade (ao lado de Aaron Stockard). Em Atração Perigosa, ele assina o roteiro em parceria com Peter Craig e Aaron Stockard, com base no romance Prince of Thieves, de Chuck Hogan.
Pois é, assumo que Affleck não é só mais um rostinho bonito na telona. O cara tem talento e entra pro seleto grupo de atores que se aventuraram na cadeira de diretor e se deram bem. Vide Robert Redford, Clint Eastwood, Silvester Stallone, George Clooney, Sean Pean, entre outros.
Apesar de meio lenta, a trama traz encaixes perfeitos e segue uma linha cronológica que concilia bem os personagens e os fatos. O desfecho é único e reafirma o excelente trabalho de Affleck como diretor. Apesar dele continuar na mediania banal como ator.
Um filme otimamente produzido e que leva méritos por trazer um tema clichê (assalto a banco e romance sequencial) de maneira harmoniosa e pessoal. As elipses e a montagem das cenas foram os pontos fortes do projeto.
Vale lembrar que ele vem numa crescente muito boa. Começou como roteirista, depois como roteirista e diretor e agora somou a esses o trabalho de protagonista de seu próprio filme. E qual será o próximo desafio de Affleck?
Um ótimo argumento em uma fraca execução. Assim defino Federal, filme do diretor Erik de Castro, com Selton Mello, Carlos Alberto Riccelli e a participação especial do ator estadunidense Michael Madsen.
O título do filme remete-se a duas coisas: à capital canarinha e à Polícia Federal brasileira. Corrupção, política, crime organizado e julgamento de caráter são apenas alguns dos assuntos expostos pelo roteiro, assinado pelo próprio Erik de Castro ao lado de Érico Beduschi e Heber Moura.
Parece que o efeito violência x drogas x sexo nunca sai da moda nos filmes brasileiros. E com Federal não é diferente. Várias cenas são jogadas na cara do espectador com o intuito de chocar. Se não fosse a baixa qualidade das cenas, poderia até surtir efeito, mas infelizmente não é o que acontece.
As sequências são forçadas, as atuações não rendem, os personagens são limitados e a trilha sonora só complica ainda mais a situação. Selton Mello mostra mais uma vez que é um ator de uma cara só. Assumo que já gostei do seu trabalho no passado, mas cansei da mesmice.
A presença do aclamado Michael Madsen deveria limitar-se ao trailer, que por sinal foi muito bem elaborado. Madsen faz 3 sequências apenas (se não me engano) e consegue se queimar com uma interpretação presunçosa e medíocre. Outra atriz que fez participação especial foi Carolina Gómez, ex-Miss Colômbia, que faz o par romântico do personagem de Selton Mello. Mas que também foi só mais um rostinho (e corpinho) bonito na telona.
Por outro lado, dois nomes se sobressaíram e escaparam da degola junto ao filme. Carlos Alberto Riccelli está bem acima dos demais colegas e garante o seu personagem. Mas o destaque ficou mesmo com o desconhecido Cesário Augusto. Já em seu primeiro trabalho no cinema, deixou todos os outros do elenco a ver navios, numa atuação forte e sem pudores.
O que fica, na verdade, é a clara inexperiência do diretor que acabou refletindo no resultado final desta produção de baixa qualidade técnica. Os R$ 5 milhões deve ter sido todo gasto com elenco. Uma lástima.
Capitão Nascimento (Wagner Moura) está de volta às telas, mais velho e profundo. Agora com o cargo de Comandante Geral do Bope e Subsecretário de Inteligência, enfrenta inimigos ainda mais fortes, mas preserva sua capacidade de analisar criticamente a realidade que se encontra.
O conflito entre o trabalho a vida pessoal ainda está em pauta. O relacionamento de Nascimento com o filho, agora adolescente, é conturbado pelo fato do padrasto do menino ser totalmente contra a violência e influenciá-lo. O segundo filme passa-se 15 anos depois de Tropa de Elite (1), onde Nascimento volta ao Bope pelo fato de não ter conseguido um sucessor à altura – trabalho que seria de Matias, vivido pelo ator André Ramiro.
A história se passa em um Rio de Janeiro atual, onde não é mais o tráfico o perigo, mas sim as milícias controladas pelos próprios policiais. Complicando ainda mais o sistema já estabelecido de corrupção de jogos de interesses. Agora é a vez de José Padilha, diretor e roteirista do longa, denunciar a corrupção e a máfia na polícia e na política do Rio de Janeiro – e também em toda a nação.
Com argumentos concisos, Padilha mexe na ferida das autoridades brasileiras e ao contrário do filme antecessor, expõe uma história com conteúdo crítico e não apenas superficial. O show de tiros, drogas e palavrões também diminuiu bastante, dando mais espaço a diálogos mais bem formulados e situações menos forçadas.
Mais uma vez Wagner Moura mostra porque é um dos principais atores brasileiros na atualidade e reacende um personagem marcante na história do cinema canarinho. A participação de Seu Jorge é ínfima, mas nem por isso o cantor e ator decepciona com seu personagem.
Padilha conseguiu criar um filme melhor que o primeiro, com muita profundidade e com um caráter realista estupendo. Com o reforço de uma equipe que veio diretamente de Hollywood para fazer a pós-pródução dos efeitos visuais, Tropa de Elite 2 agrada e torna-se um filme, desde já, imperdível, casando ótimas cenas a uma trama, no mínimo, bem estruturada.
Para se ter uma ideia do sucesso de Tropa de Elite 2, somente no final de semana de estreia, o filme levou 700 mil pessoas aos cinemas. São 600 salas exibindo o longa em todo o país.
Sabe aquele filme que você começa a assistir, ele indica que tudo vai acabar daquele jeito que você não quer e adivinha?! Ele termina exatamente assim. Alguns, como eu, chamam isso de previsibilidade, outros se acham espertos porque acertaram como acabaria a trama.
Pois bem, Instinto Selvagem encaixa-se perfeitamente nessa linha de filmes previsíveis, sem graça e com argumentos frouxos. À frente da história está Terry, um técnico em informártica que recebe um coração transplantado de um paciente anônimo.
Até aí tudo bem. A questão bizarra é justificada a partir do momento em que Terry descobre que seu novo coração tem vontade própria – daí o título do filme. Uma sequência de cenas sem graça e com diálogos superficiais ao extremo desenrolam-se até o final do longa.
O desconhecido diretor Michael Cuesta, ao lado dos roteiristas Dave Callaham, criaram uma atmosfera que não convém à obra em que se inspiraram. O conto The Tell-Tale Heart, do escritor Edgar Allan Poe, foi o ponto de partida para idealizar Instito de Vingança.
Apesar do baixo nível da produção como um todo, o ator Josh Lucas, que vive o protagonista da trama, mostrou-se bastante disposto em uma atuação positiva, apesar da limitação do personagem em um enredo ínfimo. A pequena Beatrice Miller é uma atração à parte e garante momentos de fuga na densa história. Ela serve como contrapeso no roteiro.
Infelizmente Instinto de Vingança não é um filme que agrada, principalmente pela sensação que o mesmo deixa de desleixo e falta de planejamento de seus idealizadores, que inclui diretor, roteirista e equipe de produção. Uma lástima, já que tinham em mãos uma obra literária e tanto.
Desenterraram mais uma trilogia. Desta vez, Resident Evil volta com o diretor do primeiro filme, Paul W.S. Anderson. Mas ao contrário do longa que deu origem à série, este quarto filme expõe, a toda, uma apelação às fortes cenas de ação.
Mas por que apelação? Uma vez que foi definido fazer o filme em tecnologia 3D (mais pra frente aprofundarei no assunto), Anderson, diretor e roteirista do filme, parece que perdeu a lógica e a argumentação para dar continuidade à trama de Alice, interpretada por Milla Jovovich.
A verdadeira razão que gerou uma história banal e desnecessária eu realmente não sei. Mas é nítido a bizarrice de várias sequências dentro do filme. Muitos diálogos sem pé nem cabeça e situações forçadas. Tudo isso em nome da ação superficial.
Um filme barulhento e com cortes muito rápidos, gerando uma enxurrada de informações desencontradas no cérebro de quem assiste. Sem falar na sensação de Deja Vu o tempo inteiro. Eu, pelo menos, vi relação muito próxima (quase uma cópia) com o filme Madrugada dos Mortos, de 2004.
Mas não se preocupem! Nem de todo ruim foi Resident Evil 4: Recomeço. Apesar disso tudo, Anderson utilizou como poucos até hoje a tecnologia 3D. Um filme belíssimo tecnicamente e visualmente falando. Impecável mesmo. CG, figurino, produção e pós-produção e trilha sonora bem conciliada às cenas (apesar de alta).
Em suma, Resident Evil 4 é um filme perfeito visualmente, mas só. No geral, ficou devendo, e muito!
Debaixo de muita polêmica e expectativa, estreiou nesta sexta-feira 13 em todo o Brasil Mercenários, o novo filme do ator, diretor e roteirista Sylvester Stallone.
Polêmico porque em entrevista à revista Variety para divulgar o projeto, Stallone disse a seguinte frase: “você pode explodir o país inteiro e eles vão dizer ‘obrigado, e aqui está um macaco para você levar de volta para casa’.” A repercussão foi imediata e mundial. Os Mercenários teve cenas gravadas em Mangaratiba (RJ) e no Parque Lage, na capital fluminense.
A expectativa por parte dos fãs e da crítica era alta pelo fato de que a produção reunia grandes nomes do cinema mundial, como Bruce Willis, Jet Li, Jason Statham, Dolph Lundgren, Eric Roberts, Terry Crews, Mickey Rourke e Arnold Schwarzenegger - sim, acreditem! Arnold Schwarzenegger!
Muita ação com perseguição, tiros e batalhas intermináveis, que combinadas a uma trilha sonora eufórica, resultou num frenetismo sem fim. Welcome to the Jungle, da banda Guns n'Roses é a canção-tema do longa, que não deixa o espectador nem ao menos respirar. Até mesmo os mais fãs do gênero cansaram de tanta pancadaria. Um roteiro fraquíssimo que tem argumentos sem fundamento e que deixou muitas amarras desatadas. Além de diálogos esdrúxulos e que dão a clara imprensão de encher linguiça - ou tapar buracos no script.
Mas o principal ponto negativo de Os Mercenários com certeza são os efeitos visuais. Assim como em Rambo IV (2008), Stallone peca ao vagar por terras, digamos Tarantianas. É sangue voando na tela, faca atravessando pessoas, membros dilacerados de maneira bizarra etc. Sem falar nas cenas que continham fogo. Nunca vi chamas tão mal feitas.
É verdade, Stallone fez o excelente Rock Balboa (2006). Mas só! De lá para cá el veio numa decrescente perigosa com os tenebrosos Rambo IV (já citado) e Os Mercenários. Um histórico um tanto quanto inconsistente. Para 2011, Stallone já prepara Rambo V. Será que esse vai?! Eu não boto fé.
Pois é. Se Os Mercenários tivesse estreado 20 anos atrás, talvez pudesse fazer algum sucesso. Mas esta fórmula retrô, empregada por Stallone, serviu mais como nostalgia dele mesmo, não gerando mais que boas risadas no cinema.
O renomado diretor de Batman - Cavaleiro das Trevas e O Grande Truque está de volta às telonas. Como em todos os seus filmes, o inglês Christopher Nolan mais uma vez dirige e assina o roteiro de A Origem. O filme conta a história de Cobb (Leonardo Di Caprio), um expert em roubar segredos de pessoas enquanto dormem. No passado, Cobb foi considerado culpado pelo assassinato de Mal (Marion Cotillard), sua própria esposa, o que o força a fugir dos Estados Unidos, impossibilitando-o de ver seus filhos.
Em mais um serviço - até então comum -, Cobb conhece Saito (Ken Watanabe), um empresário japonês milionário e que inicialmente seria seu próximo alvo. Mas Saito é mais esperto que parece e acaba virando o jogo. O empresário garante mudar a vida de Cobb e inocentá-lo de seu crime de assassinato em troca do fornecimento de informações cruciais acerca de Fisher (Cillian Murphy), seu principal concorrente.
Cobb vê a grande oportunidade de rever o filhos e encerrar a carreira e aceita – sob ameaça de Saito – a oferta. Mas Cobb não age sozinho. O bando é formado pelo fiel escudeiro Arthur (Joseph Gordon-Levitt), a arquiteta recém-contratada pelo grupo Ariadne (Ellen Page), o multiuso Eames (Tom Hardy) e o engenheiro químico (Dileep Rao).
Tecnicamente perfeito, A Origem consegue dosar os efeitos visuais de primeira linha com o conteúdo e ainda deixa espaço para as belas atuações do elenco. Outro nome forte é Michael Caine, sempre presentes nos filmes de Nolan e que vive o professor. O som é outra atração de A Origem. A trilha sonora foi composta pelo alemão Hans Zimmer e casa-se perfeitamente às sequências, brindando-nos com belíssimas canções.
Uma verdadeira sessão de terapia. Assim pode ser definido A Origem. Além dos superficiais argumentos de espionagem industrial e ambição capitalista. A real intenção – implícita - de Nolan é fazer com que busquemos nos nossos sonhos o verdadeiro sentido da vida e repensar nossas atitudes e escolhas. A palavra arrependimento aparece inúmeras vezes durante as duas horas e meia de filme, comprovando esta minha interpretação.
Mais uma obra prima do cinema acaba de nascer e com certeza já figura a minha lista de melhores filmes do ano. Ficou um gostinho de quero mais.
Um filme frenético. Assim defino Salt, o novo longa do diretor Phillip Noyce (O Colecionador de Ossos), estrelado pela bela e capaz Angelina Jolie (O Procurado).
Jolie vive Salt, uma agente da CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos) que se vê ameaçada depois de acusada de dupla identidade por um agente russo. O enredo traz de volta a questão da Guerra Fria, período em que os dois países fizeram uma corrida armamentista entre os anos de 1945 e 1991.
A proposta de entretenimento é levada a sério pelo diretor. As sequências de perseguição não nos deixa respirar. A montagem conta com tomadas rápidas e contrastantes. Logo na primeira perseguição, Salt pula de duas carretas em movimento e depois encara um trânsito congestionado em cima de uma moto em alta velocidade. Um prato cheio pros fãs desse estilo.
Mas não só de ação vive Salt. Uma boa pitada de suspense foi a peça chave para o sucesso do roteiro assinado por Kurt Wimmer (Código de Conduta). O questionamento "Quem é Salt?" é exposto já de cara no cartaz de divulgação do mesmo. Essa é a dúvida que sentimos durante todo o filme. Salt é mocinha ou é vilã? Defende os interesses dos EUA, da Rússia ou os seus próprios? Ponto para o diretor Noyce, que soube manipular-nos (espectadores) de forma magistral.
Por fim, Salt agrada pela boa produção, ótima técnica e por cumprir a proposta de entretenimento. E além disso, com conteúdo e um suspense bem colocado, que o diferenciou - nem que seja o mínimo - dos outros filmes do gênero.
Depois de anos longe das telonas, os predadores voltam à ativa. Predadores é o terceiro filme da franquia e faz homenagem ao primeiro longa da saga - O Predador (1987) - estrelado por Arnold Schwarzenegger.
A história de ficção/ação gira em torno de oito personagens que são "jogados" em uma mata fechada de um planeta desconhecido. Sem saber o porquê de estarem ali, logo sacam que aquilo ali é um jogo de sobrevivência.
Argumentos frouxos, esdrúxulos e sem amarras definem o roteiro de Michael Flinch e Alex Litvak, que foi baseado em um antigo roteiro de Robert Rodriguez, de 1994. É uma eternidade até o primeiro predador aparecer. Uma enrolação desnecessária e mal justificada. Detalhes demais são mostrados, o que chega a cansar.
Logo no início do filme, os personagens vão se reunindo e caminhando pela mata quando vêem Hanzo, um oriental - vivido pelo ator Louis Ozawa Changchien - observando algo. O grupo simplesmente junta-se a Hanzo sem perguntar-lhe nada. Sendo que em todos os encontros anteriores de todos os personagens é explicitado quem é e o que está fazendo ali.
Diferentemente dos longas anteriores, neste há uma hierarquia entre os próprios monstros, onde predadores maiores destroem (geralmente) os menores - coisa óbvia. Outra diferença evidente é que desta vez o grupo de humanos não se conhecem. Apenas sabem que têm algo em comum: todos são guerreiros ou têm algum tipo de repugnação social (ladrão, mercenário etc.).
Mas há uma exceção. Existe um médico entre eles. É o Dr. Edwin, vivido por Topher Grace (Homem-Aranha 3). E isso logo é trazido à tona pelos próprios personagens, dando uma dica para o desenrolar da trama.
Aproveitando para falar do elenco, Adrien Brody (O Pianista) interpreta Royce, um mercenário que logo se destaca como líder do grupo. Apesar de ótimo ator, Brody não se encaixou ao personagem.
Outro destaque é a brasileira Alice Braga (Eu Sou a Lenda). Alice é Isabelle, soldado das forças armadas americanas e única mulher do grupo no planeta dos predadores. Sua atuação é satisfatória e não compromete o resultado final do longa.
Mas antes de falar do resultado final, quero citar a péssima direção do desconhecido Nimrod Antal (Assalto ao Carro Blindado) com inúmeros erros de continuidade Já na primeira cena, o protagonista, após cair de paraquedas, aparece com o nariz sangrando. Quando muda de câmera, o mesmo nariz aparece sem vestígio algum de lesão.
É claro que erros de continuidade existem em todos os filmes, mas além deles, Antal peca ao tentar conciliar uma trilha sonora à moda antiga - com harpa, piano e tambores - com cenas em que os efeitos visuais são abaixo da média, como baratas e uma série de carnificina feitas de maneira pouco convincente.
Parece mesmo que Predadores (ou Predador 3) foi feito apenas para fãs. Apesar de ter um ótimo trailer de divulgação, a produção deixa muito a desejar em quase todos os aspectos. Já que esta franquia não parece terminar tão cedo, torço por continuações mais elevadas qualitativamente.
O ogro mais querido das telonas está de volta e desta vez pela última vez - pelo menos é isso o que afirmaram os idealizadores de uma das mais bem sucedidas franquias de animação de todos os tempos.
Como em todos os seus antecessores, Shrek - Para Sempre tem alta qualidade de som e imagem. A película, as cores, os contrastes, a edição de som, tudo perfeito.
Mas por outro lado, o roteiro é fraco e já vem descrescendo desde o terceiro anterior (Shrek Terceiro, de 2007). Desta vez a história é assinada pela dupla Josh Klausner (Uma Noite Fora de Série), colaborador do roteiro de Shrek Terceiro, e o calouro Darren Lemke (Lost - Sem Saída).
Há uma sequência que chamou a minha atenção. Logo no início do filme, Shrek está no aniversário de seus trigêmeos quando passa por uma situação de tensão e estresse. O filme passa aquela sensação do protagonista de maneira tão real para o espectador que fiquei incomodado como o próprio Shrek. Ponto para o filme!
Mesmo com um desenrolar chato e cansativo (devido principalmente aos inúmeros diálogos repetitivos e muitas vezes
forçados), Shrek continua conseguindo formar novos personagens a cada episódio de maneira bastante criativa. A sociedade de ogros e o antagonista Rumplestiltskin, um vendedor trapaceiro de contratos mágicos, foram os destaques desta edição. E mais uma vez o burro está sensacional!
Outro ponto forte em Shrek Para Sempre, como nos outros longas, é a trilha sonora. Canções como "One Love" (escrita por Bob Marley), "Rumpel's Party Palace" (escrita e produzida por Mike Simpson), e "Hello" (escrita e interpretada por Linda Creed) casam perfeitamente às sequências propostas.
A direção de Mike Mitchell (Super Escola de Heróis), que trabalhou apenas no departamento de efeitos visuiais de Shrek Terceiro, foi tranquila e até surpreendeu positivamente. O esperado era que ele desapontasse drasticamente os fãs da saga e finalizasse-a de maneira que estragasse toda a imagem positiva formada por seus filmes. Mas isso não aconteceu.
Por fim, Shrek - Para Sempre é o mais fraco de todos, mas ainda assim é um filme - digamos - assistível. E cá entre nós, já passou da hora de enterrar o ogro, apesar de ser bastante querido no cenário mundial. É hora de aparecer novos personagens e parar com essa mania de sequências sem fim. Já basta Robocop!
Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland, 2010, EUA)
Alice chegou aos cinemas após alguns adiamentos de estreia, o que acabou gerando ainda mais expectativa por parte do público. Digo "mais expectativa" porque já era um filme bastante esperado devido à tradicional história e também por trata-se de Tim Burton (A Fantástica Fábrica de Chocolates), um diretor diferenciado e de grande aceitação do público e crítica.
Outro ponto forte - antes e depois da tal estreia - é Johnny Depp (Piratas do Caribe) no elenco. O queridinho de Burton vive o personagem Chapeleiro e está, mais uma vez, muito bem. A outra queridinha de Burton é a atriz Helena Bonham (Sweeney Todd -O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet), que por sinal também é sua esposa. Bonham não deixa por menos e também agrada a todos com uma atuação acima da média.
O roteiro, adaptado por Linda Woolverton (O Rei Leão), é uma atração à parte. Bem diferente do texto literário do autor Lewis Carroll, o longa atualiza a fábula com genialidade e leveza. Apesar da grande duração (cerca de 2h30), o filme parece não ter a metade disso.
A trilha sonora é sem igual. Canções bem casadas com as sequências e sonoplastia de primeira. A cópia 3D é de extrema qualidade. Um filme que marca pelas cores e pelos belíssimos efeitos visuais. Uma ótima pedida e está dentre as melhores produções de 2010.
Matt Damon (O Ultimato Bourne) volta às telonas em um filme tipicamente norte-americano e que reforça o estereótipo dos personagens de Damon, que são fortões, ágeis e galantes. Mas este traz um diferencial (nem que seja apenas um): Damon tem falas significantes, o que acaba beneficiando o ator em sua performance.
O roteiro de Brian Helgeland (Chamas de Vingança) foi baseado no livro de Rajiv Chandrasekaran com o título Imperial Life in the Emerald City: Inside Iraq's Green Zone, baseado em fatos reais. Uma história um tanto quanto lenta e que cansa pela riqueza de detalhes em excesso.
Por outro lado, o diretor Paul Greengrass (Vôo United 93) montou um filme com cortes secos e sequências mínimas. As locações são benéficas e bastante realistas. Trilha sonora bem casada com as cenas e um frenetismo sem fim devido à edição.
Por fim, a trama é finalizada de forma magistral e positiva. Apesar de contar com o dramatismo estadunidense frente à guerra do Iraque. Nacionalismo é a bandeira maior.
Um filme de adolescentes feito para este mesmo público. Esta é a proposta de As Melhores Coisas do Mundo. A história baseia-se na vida de um adolescente que está descobrindo o mundo. Virgindade, drogas, ralação com a família, homosexualidade e suicídio são alguns dos assuntos tratados pelo belíssimo roteiro de Luiz Bolognesi (Querô), baseado na série Mano, de Gilberto Dimenstein e Heloisa Prieto.
Com uma película cheia de cores e contrastes, a trama se desenrola de maneira conturbada, assim como a própria adolescência, e traz ótimas sequências em stop motion ( Inclusive assim é a abertura e o fechamento do longa. Mérito para a diretora Laís Bodanzky (Chega de Saudade).
As atuações são satisfatórias. A trilha sonora, por sua vez, é um ponto forte. As canções agradam, casam-se perfeitamente às sequências e elevaram a qualidade técnica do filme.
Um filme de adolescentes feito para este mesmo público. Esta é a proposta de As Melhores Coisas do Mundo. A história baseia-se na vida de um adolescente que está descobrindo o mundo. Virgindade, drogas, ralação com a família, homosexualidade e suicídio são alguns dos assuntos tratados pelo belíssimo roteiro de Luiz Bolognesi (Querô), baseado na série Mano, de Gilberto Dimenstein e Heloisa Prieto.
Com uma película cheia de cores e contrastes, a trama se desenrola de maneira conturbada, assim como a própria adolescência, e traz ótimas sequências em stop motion ( Inclusive assim é a abertura e o fechamento do longa. Mérito para a diretora Laís Bodanzky (Chega de Saudade).
As atuações são satisfatórias. A trilha sonora, por sua vez, é um ponto forte. As canções agradam, casam-se perfeitamente às sequências e elevaram a qualidade técnica do filme.
Chico Xavier ganhou uma belíssima obra cinematográfica para contar a sua saga. Diferentemente do livro em que o roteiro foi baseado, o longa tem uma construção narrativa com uma ordem cronológica lógica. Ainda assim, o tempo inteiro há elipses e voltas ao passado para contar a construção do personagem central.
O diretor Daniel Filho (Se Eu Fosse Você) caprichou no processo de pós-produção e trouxe às telonas um filme bem arrematado e com uma ótima técnica. Vide lances de câmera, locações e fotografia. Ao lado do roteirista Marcos Bernstein (Zuzu Angel), Daniel Filho criou um ambiente leve e, digamos, mais aceitável, já que trata-se de um assunto um tanto quanto polêmico: o espiritismo.
O elenco de peso fez total diferença e trouxe mais qualidade ao projeto. Em geral, as atuações foram todas acima da média. Mas destaco alguns que se sobressaíram: o veterano, porém não desgastado Nelson Xavier (Soldado de Deus); o ator em ascensão Angelo Antônio (2 Filhos de Francisco), Christiane Torloni (Mulheres do Brasil) e o ator mirim Mateus Costa.
Apesar de vários erros de continuidade, de contar com uma sonoplastia um pouco desencontrada com várias imagens e alguns efeitos visuais rasos, o longa agrada pela suavidade das sequências e harmonia entre os personagens. Os diálogos soam tão bem que seduzem o público e somados ao que foi citado anteriormente, gera um resultado positivo e satisfatório. Chico Xavier é um filme que merece ser visto e debatido, tamanha profundidade e complexidade do mesmo.
Assumo que fui assistir O Livro de Eli com algum receio, já que li muitas críticas não favoráveis ao longa. E de cara digo que este é o mal de ler críticas demais. O lado bom é que cada um tem um gosto, construído de acordo com sua história. Bom, chega de viajar na batatinha. O fato é que O Livro de Eli é um bom filme. Lembrando que a proposta do mesmo é entretenimento.
Quem foi assisti-lo apenas porque gosta de Denzel Washington (O Plano Perfeito), se deu mal. Ou pelo menos teve grande chance disso acontecer. Acostumados com os mesmos personagens designados ao ator, o público foi meio que no "escuro" aos cinemas. E quando saíram falaram que o filme é isso ou aquilo - sempre pelo lado pejorativo. Mas não pararam pra pensar na tal proposta do longa, na construção do personagem principal, no conhecimento dos trabalhos dos diretores Albert Hughes e Allen Hughes etc.
Ficção científica com ação, este é o gênero de O Livro de Eli. Durante todo o filme pode ser visto semelhanças com outros sucessos do cinema. Dentre eles, Eu Sou a Lenda, Blade - O Caçador de Vampiros, 300 e Planeta Terror. Apesar do termo genérico se encaixar perfeitamente como definição deste projeto, o mesmo é muito bem planejado e executado.
A técnica agrada e ajuda a minimizar - e muito - o fraco roteiro. Destaco positivamente a edição/montagem, os efeitos visuais, a sonoplastia e trilha sonora. Por outro lado, a fotografia, maquiagem e roteiro deixaram um pouco a desejar. Mas com bastante sabedoria, os diretores usaram, de forma quase que integral, um filtro num tom meio amarronzado, que significava a obscuridade em que os humanos, em tal época, viviam. O diretor tira este filtro a partir do início do novo começo, numa espécie de arca de Noé. Além disso, esta opção (do uso do filtro) trouxe mais realismo às imagens e disfarçou vários defeitos como a própria maquiagem. Um recurso barato e que deu mais charme à película.
O enredo é bom e usa o apocalipse como assunto base para o desenrolar da trama. Mas como a grande maioria dos filmes hollywoodianos, este também deixa a desejar. Críticas à bíblia cristã e assuntos como fé, esperança, ambição e justiça também são expostos no roteiro. Por fim, O Livro de Eli é um bom filme, bem redondo e que cumpre o papel de diversão com muitas cenas de ação.
Bons Costumes é o novo longa-metragem do australiano Stephan Elliott, bastante conhecido pelo clássico Priscilla - A Rainha do Deserto. O roteiro, assinado pelo próprio Elliott em parceria com Sheridan Jobbins, foi baseado em uma das primeiras peças do dramaturgo britânico Noel Coward. A história também foi adaptada para o cinema por Alfred Hitchcock em Mulher Pública (1928).
Todo o drama corre em torno de uma estadunidense chamada Larita, vivida por Jessica Biel (O Ilusionista), que casa-se com o aristocrata inglês John Whittaker, interpretado por Ben Barnes (As Crônicas de Narnia - Príncipe Caspian) e resolve conhecer a família de seu novo marido.
Ao depara-se com a nova sogra, ela vê claramente que a mesma não foi com a cara dela. Muito tradicionalista e egocêntrica, a Senhora Whittaker, na pele de Kristin Scott Thomas (O Acompanhante), fará de tudo para terminar o casamento de seu filho por achar que aquele não é o lugar para uma nora estrangeira e com costumes, segundo ela, inaceitáveis.
O filme desenrola-se todo com base nesta disputa entre nora e sogra. Com um início vagaroso, a trama ganha aos poucos em dinamismo e qualidade e decola. As atuações são todas muito boas, mas o destaque fica mesmo com Jessica Biel, num papel forte e sem pudores.
A produção é outro ponto que merece destaque. Fotografia, figurino, sonoplastia e locações são alguns dos aspectos que mais chamaram a atenção. A trilha sonora é outra atração à parte e eleva a qualidade das sequências. Por outro lado, os efeitos visuais são rasos, mas não chegam a comprometer o resultado final do projeto, que foi positivo.
Enfim, um filme que trata do convívio (ou mau convívio) entre quase-familiares e que traz à tona questões como preconceito e etnocentrismo. Um ótimo programa cultural.
Se a gente parar pra pensar que o filme conta a história de um jovem negro e pobre que é ajudado por uma mulher rica para crescer na vida, imaginaríamos clichês sem fim e talvez até desistiríamos de assistir o filme. A questão não é o que o filme conta, mas como o diretor John Lee Hancock (O Alamo) conseguiu passar essa história para o público.
Conciliado ao roteiro, assinado também por Hancock, as sequências são brilhantes e emocionam. Ele escreveu a história baseando-se no livro de Michael Lewis com o título The Blind Side: Evolution of a Gam. Outros pontos fortes são a fotografia e a trilha sonora. Um filme todo belo e positivista. Daqueles que faz a gente se sentir bem ao sair do cinema. E ao mesmo tempo, cutuca você para ajudar o próximo.
Falando um pouco das atuações, Sandra Bullock (A Casa do Lago) está muito bem. Ela vive Leigh Anne Touhy, uma mulher bem de vida que resolve ajudar o carente Michael Oher, vivido pelo ator Quinton Aaron (Rebobine, Por Favor). Mas quem rouba a cena é o pequeno Jae Head (Hancock). O jovem emociona, diverte e anima as cenas com o seu personagem S.J. Tuohy. A harmonia entre os personagens impera e aumenta a qualidade da história. Tudo é tão leve e dinâmico.
Um Sonho Possível é, até o momento, a surpresa do ano. E digo mais: é o melhor filme de 2010 até o momento.
Uma ótima edição e um roteiro instigante, porém contado de forma muito particular. A diretora Kathryn Bigelow (O peso da Água) fez proveito da sensibilidade do povo americano que levou à idolatração do filme devido às atuais circunstâncias da guerra ao Iraque e milhares de jovens enviados ao martírio.
Mas não só de proveito vive o filme. A câmera solta eleva a sensação de realidade das cenas e leva o espectador pra dentro do filme. A sonoplastia também é de primeira, assim como a fotografia e as locações.
O roteiro de Mark Boal (No Vale das Sombras) centra a história no dia a dia e na angústia dos soldados estadunidenses enviados ao Iraque e que trabalham numa partição anti-bombas. Estresse, ambição, coragem, revolta e companheirismo são alguns dos pontos mais ressaltados nos diálogos e ações.
O elenco mostra a que veio e apesar de ter nomes pouco conhecidos, eleva a qualidade da produção. O trio formado por Jeremy Renner (S.W.A.T.), que vive o Sargento William James; Anthony Mackie (A Cor de Um Crime), que é o Sargento JT Sanborn; Brian Geraghty (Bobby), conhecido como Especialista Owen Eldridge; formaram uma equipe bem entrosada e agradou.
Resumindo, Guerra ao Terror é um bom filme. Não mais que isso.
Martin Scorsese (Os Infiltrados) criou uma obra cinematográfica complexa e um tanto quanto egocêntrica. Isso o diretor brinca o tempo todo com a plateia, manipulando-a de uma maneira singular e brilhante. A frustração do espectador frente ao filme acontece como em Violência Gratuita, filme com duas versões (1997 e 2007) do diretor Michael Haneke (A Fita Branca).
As atuações são todas muito acima da média. Leonardo DiCaprio (O Aviador), que vive o personagem Teddy Daniels, mostra mais uma vez que vem numa crescente. Outros destaques são Mark Ruffalo (Ensaio Sobre a Cegueira), na pele de Chuck Aule e Ben Kingsley (Xeque-Mate), interpretando o Dr. John Cawley.
Apesar de bem produzido, Ilha do Medo tem um roteiro lento e cansativo. E quando menos esperamos, ao final, há uma corrida nas cenas e explicações e o filme termina. A imprensão é que tudo foi feito para sair da rotina. Ou seja, causar espanto e admiração ao mesmo tempo. Isso mesmo! Tudo é bem confuso.
Há erros gritantes de continuidade em várias sequências e os efeitos visuais são alternados. Ora muito bons, ora ridículos. A trilha sonora, por sua vez, é perfeita.
Em suma, Ilha do Medo não convence. Apesar do excelente domínio da técnica, deixa a desejar principalmente na lógica do enredo.
O tão aguardado remake de O Lobisomem (1941) chegou aos cinemas com status de grande produção devido ao grande elenco, composto por Benício Del Toro (Traffic), Anthony Hopkins (O Silêncio dos Inocentes), Hugo Weaving (Matrix), Emily Blunt (O Diabo Veste Prada), entre outros, e também pela direção de Joe Johnston (Jumanji).
Mas o que se viu na tela foi um filme medíocre. Com efeitos visuais bizarros, a produção jogou à terra a expectativa do público. Elipses mal feitas e transições desordenadas condenaram o filme, que ainda assim contou com as boas atuações do elenco, principalmente da turma citada acima.
O som e a trilha sonora conseguiram ser mais horripilantes que o próprio filme. Canções não casavam com as sequências e aquele velho pseudo-susto com barulho previsível que não assustou nem o mais tenso da plateia.
Infelizmente O Lobisomem é um longa mal executado e uma das decepções do ano até então. Uma lástima.
Desde já digo que Zumbilândia é um Planeta Terror (de Quentin Tarantino) melhorado. De longe, este é o melhor filme trash de zumbis. Um humor escrachado, porém bem dosado e colocado de maneira maestral pelo diretor Ruben Fleischer e pelos roteiristas Paul Wernick e Rhett Reese (Monstros S.A.).
O tempo todo há relação de outros filmes e até World of Warcraft entrou no meio. Os diálogos são bem bolados e as atuações acima da média. A participação de Bill Murray (como ele mesmo) foi uma atração à parte. Assim como a edição e todo o trabalho da equipe de produção (figurino, maquiagem, locações), liderada por Gavin Polone (A Janela Secreta).
A trilha sonora é outro ponto forte do longa e conta com canções como Everybody Wants Some, interpretada por Van Halen e For Whom the Bell Tolls, interpretada por Metallica.
Um filme que cumpre com maestria sua proposta de cinema pipoca, com ótima qualidade técnica e roteiro, além de excelentes atuações. Um filme que vai ser lembrado pela edição, locações e película. Ah! Também pela ótimas piadas de horror. Um trash bem feito - com contradição proposital.
Senna
4.4 682 Assista AgoraUm documentário e tanto. Dentro do esperado, Senna atende às expectativas de mostrar a rivalidade entre o piloto brasileiro e Alain Prost, o francês tetracampeão do mundo que se mostrou ser um adversário dentro e fora das pistas. E mesmo com status de antagonista da trama, Prost assinou a produção como colaborador na montagem do enredo.
O filme mostra toda a história de um dos maiores ídolos do esporte nacional de forma cronológica. É claro que dentro de pouco mais de uma hora e meia (duração do filme) não é mostrado tudo, até mesmo porque o acervo de imagens sobre Ayrton Senna é gigantesco. Mas ainda assim, o diretor Asif Kapadia soube dosar bem as cenas com a trilha sonora e os áudios como narrações, entrevistas da época e gritos da torcida.
Uma montagem muito bem arquitetada, que trouxe às telas não só o Senna bonzinho, mas mostrou o lado de malícia e esperteza do atleta, com argumentos muito bem incisos e fundamentados. Mas a certeza é de que Senna faz mais sucesso pela proximidade com o público. Quem não houve a equipe da Globo, representada por Galvão Bueno e Reginaldo Leme, além de Arnaldo Jabor desde aquela época e que estão presentes nas casas dos brasileiros até hoje?
Mas por que Senna não teve um filme digno de si até hoje? A questão é que a família não autorizava o uso da imagem de Senna. Após ver 40 minutos do projeto deste filme, exibido pelos próprios idealizados, a família aprovou e colaborou, principalmente a irmã, Viviane Senna, que depõe inúmeras vezes durante o filme.
O drama esboçado no longa é digno de grande reconhecimento, já que não utiliza-se de artifícios apelativos, mas sim de um verdadeiro documentário, com naturalidade e lidando com fatos incontestáveis. Uma grande produção de um grande ídolo, que apesar dos quase 17 anos de ausência, reascende a esperança no coração não só dos brasileiros, mas de todo o mundo, que conheceu e reconheceu o grande homem Ayrton.
Já não sei se estou escrevendo como jornalista ou como fã. Talvez um pouco dos dois. Mas com uma grande certeza: quero ver este filme novamente.
Um Parto de Viagem
3.3 1,4K Assista AgoraA justificativa do título de Um Parto de Viagem é exposto logo de cara, na primeira cena. A esposa de Peter Highman, protagonista vivido por Robert Downey Jr., fala com o marido ao telefone e exibe sua barriga de gestante. Peter precisa chegar a Atlanta para presenciar o nascimento de seu primeiro filho. Mas após uma série de confusões no aeroporto, ele é proibido de voar com a acusação de terrorismo. Apesar de não ter culpa de nada, seu estopim curto acaba prejudicando-o.
A confusão começou quando ele topou com Ethan Tremblay, um sujeito bastante alternativo e que sonha em ser ator em Hollywood . Vivido pelo ator Zach Galifianakis, Ethan aluga um automóvel e convida Peter pra uma carona como pedido de desculpas pela confusão criada. A partir daí os dois se envolvem em muitas situações desagradáveis, surreais e poucas vezes engraçadas.
A trama conta a via crucis de Peter e o filme inteiro gira em torno dos dois personagens principais, que se contrastam e se mesclam, mas que nunca seduzem a plateia. O enredo é forçado, o que resulta em sequências superficiais e genéricas. O tempo inteiro vem àquela sensação de que algo ali foi tirado e/ou copiado de outro longa.
Por fim, vemos dois grandes nomes do cinema (Downey Jr. e Galifianakis) em um projeto mal executado e que deixou um ar de bobo e desnecessário. Ah! A ponta de Jamie Foxx é totalmente descartável. Sem mais.
Atração Perigosa
3.6 689 Assista AgoraDirigido e escrito por Ben Affleck, Atração Perigosa conta a trama de um bando de assaltantes de carro-forte e bancos oriundo de Charlestown, bairro localizado em Boston – EUA. Doug MacRay, vivido por Affleck, é o líder do grupo e após o assalto a um banco, eles tomam Claire Keesey, interpretada pela atriz Rebecca Hall, como refém e no final do serviço acabam libertando-a, já que foi vendada e não compromete a identidade dos bandidos.
Jem (Jeremy Renner), o mais agressivo do bando e melhor amigo de Doug, decide seguir Claire, com receio de que Claire forneça alguma pista do assalto ao FBI. Mas antes que Jem faça uma bobagem, Doug interfere e resolve ele mesmo vigiar Claire. O que Doug não imaginava é que ele se aproximaria mais que devia de seu alvo e isso explica o título do longa.
Com boa técnica, conciliada a um roteiro bem fundamentado e com diálogos válidos, Atração Perigosa agrada e surpreende. Este é o segundo filme dirigido por Affleck (o primeiro foi Medo da Verdade, em 2007) e o terceiro que tem roteiro assinado por ele. Os outros projetos de autoria de Affleck foram: Gênio Indomável (ao lado de Matt Damon), que lhe rendeu um Oscar; e Medo da Verdade (ao lado de Aaron Stockard). Em Atração Perigosa, ele assina o roteiro em parceria com Peter Craig e Aaron Stockard, com base no romance Prince of Thieves, de Chuck Hogan.
Pois é, assumo que Affleck não é só mais um rostinho bonito na telona. O cara tem talento e entra pro seleto grupo de atores que se aventuraram na cadeira de diretor e se deram bem. Vide Robert Redford, Clint Eastwood, Silvester Stallone, George Clooney, Sean Pean, entre outros.
Apesar de meio lenta, a trama traz encaixes perfeitos e segue uma linha cronológica que concilia bem os personagens e os fatos. O desfecho é único e reafirma o excelente trabalho de Affleck como diretor. Apesar dele continuar na mediania banal como ator.
Um filme otimamente produzido e que leva méritos por trazer um tema clichê (assalto a banco e romance sequencial) de maneira harmoniosa e pessoal. As elipses e a montagem das cenas foram os pontos fortes do projeto.
Vale lembrar que ele vem numa crescente muito boa. Começou como roteirista, depois como roteirista e diretor e agora somou a esses o trabalho de protagonista de seu próprio filme. E qual será o próximo desafio de Affleck?
Federal
1.5 306 Assista AgoraUm ótimo argumento em uma fraca execução. Assim defino Federal, filme do diretor Erik de Castro, com Selton Mello, Carlos Alberto Riccelli e a participação especial do ator estadunidense Michael Madsen.
O título do filme remete-se a duas coisas: à capital canarinha e à Polícia Federal brasileira. Corrupção, política, crime organizado e julgamento de caráter são apenas alguns dos assuntos expostos pelo roteiro, assinado pelo próprio Erik de Castro ao lado de Érico Beduschi e Heber Moura.
Parece que o efeito violência x drogas x sexo nunca sai da moda nos filmes brasileiros. E com Federal não é diferente. Várias cenas são jogadas na cara do espectador com o intuito de chocar. Se não fosse a baixa qualidade das cenas, poderia até surtir efeito, mas infelizmente não é o que acontece.
As sequências são forçadas, as atuações não rendem, os personagens são limitados e a trilha sonora só complica ainda mais a situação. Selton Mello mostra mais uma vez que é um ator de uma cara só. Assumo que já gostei do seu trabalho no passado, mas cansei da mesmice.
A presença do aclamado Michael Madsen deveria limitar-se ao trailer, que por sinal foi muito bem elaborado. Madsen faz 3 sequências apenas (se não me engano) e consegue se queimar com uma interpretação presunçosa e medíocre. Outra atriz que fez participação especial foi Carolina Gómez, ex-Miss Colômbia, que faz o par romântico do personagem de Selton Mello. Mas que também foi só mais um rostinho (e corpinho) bonito na telona.
Por outro lado, dois nomes se sobressaíram e escaparam da degola junto ao filme. Carlos Alberto Riccelli está bem acima dos demais colegas e garante o seu personagem. Mas o destaque ficou mesmo com o desconhecido Cesário Augusto. Já em seu primeiro trabalho no cinema, deixou todos os outros do elenco a ver navios, numa atuação forte e sem pudores.
O que fica, na verdade, é a clara inexperiência do diretor que acabou refletindo no resultado final desta produção de baixa qualidade técnica. Os R$ 5 milhões deve ter sido todo gasto com elenco. Uma lástima.
Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro
4.1 3,5K Assista AgoraCapitão Nascimento (Wagner Moura) está de volta às telas, mais velho e profundo. Agora com o cargo de Comandante Geral do Bope e Subsecretário de Inteligência, enfrenta inimigos ainda mais fortes, mas preserva sua capacidade de analisar criticamente a realidade que se encontra.
O conflito entre o trabalho a vida pessoal ainda está em pauta. O relacionamento de Nascimento com o filho, agora adolescente, é conturbado pelo fato do padrasto do menino ser totalmente contra a violência e influenciá-lo. O segundo filme passa-se 15 anos depois de Tropa de Elite (1), onde Nascimento volta ao Bope pelo fato de não ter conseguido um sucessor à altura – trabalho que seria de Matias, vivido pelo ator André Ramiro.
A história se passa em um Rio de Janeiro atual, onde não é mais o tráfico o perigo, mas sim as milícias controladas pelos próprios policiais. Complicando ainda mais o sistema já estabelecido de corrupção de jogos de interesses. Agora é a vez de José Padilha, diretor e roteirista do longa, denunciar a corrupção e a máfia na polícia e na política do Rio de Janeiro – e também em toda a nação.
Com argumentos concisos, Padilha mexe na ferida das autoridades brasileiras e ao contrário do filme antecessor, expõe uma história com conteúdo crítico e não apenas superficial. O show de tiros, drogas e palavrões também diminuiu bastante, dando mais espaço a diálogos mais bem formulados e situações menos forçadas.
Mais uma vez Wagner Moura mostra porque é um dos principais atores brasileiros na atualidade e reacende um personagem marcante na história do cinema canarinho. A participação de Seu Jorge é ínfima, mas nem por isso o cantor e ator decepciona com seu personagem.
Padilha conseguiu criar um filme melhor que o primeiro, com muita profundidade e com um caráter realista estupendo. Com o reforço de uma equipe que veio diretamente de Hollywood para fazer a pós-pródução dos efeitos visuais, Tropa de Elite 2 agrada e torna-se um filme, desde já, imperdível, casando ótimas cenas a uma trama, no mínimo, bem estruturada.
Para se ter uma ideia do sucesso de Tropa de Elite 2, somente no final de semana de estreia, o filme levou 700 mil pessoas aos cinemas. São 600 salas exibindo o longa em todo o país.
Instinto de Vingança
2.7 119Sabe aquele filme que você começa a assistir, ele indica que tudo vai acabar daquele jeito que você não quer e adivinha?! Ele termina exatamente assim. Alguns, como eu, chamam isso de previsibilidade, outros se acham espertos porque acertaram como acabaria a trama.
Pois bem, Instinto Selvagem encaixa-se perfeitamente nessa linha de filmes previsíveis, sem graça e com argumentos frouxos. À frente da história está Terry, um técnico em informártica que recebe um coração transplantado de um paciente anônimo.
Até aí tudo bem. A questão bizarra é justificada a partir do momento em que Terry descobre que seu novo coração tem vontade própria – daí o título do filme. Uma sequência de cenas sem graça e com diálogos superficiais ao extremo desenrolam-se até o final do longa.
O desconhecido diretor Michael Cuesta, ao lado dos roteiristas Dave Callaham, criaram uma atmosfera que não convém à obra em que se inspiraram. O conto The Tell-Tale Heart, do escritor Edgar Allan Poe, foi o ponto de partida para idealizar Instito de Vingança.
Apesar do baixo nível da produção como um todo, o ator Josh Lucas, que vive o protagonista da trama, mostrou-se bastante disposto em uma atuação positiva, apesar da limitação do personagem em um enredo ínfimo. A pequena Beatrice Miller é uma atração à parte e garante momentos de fuga na densa história. Ela serve como contrapeso no roteiro.
Infelizmente Instinto de Vingança não é um filme que agrada, principalmente pela sensação que o mesmo deixa de desleixo e falta de planejamento de seus idealizadores, que inclui diretor, roteirista e equipe de produção. Uma lástima, já que tinham em mãos uma obra literária e tanto.
Resident Evil 4: Recomeço
3.1 1,9K Assista AgoraDesenterraram mais uma trilogia. Desta vez, Resident Evil volta com o diretor do primeiro filme, Paul W.S. Anderson. Mas ao contrário do longa que deu origem à série, este quarto filme expõe, a toda, uma apelação às fortes cenas de ação.
Mas por que apelação? Uma vez que foi definido fazer o filme em tecnologia 3D (mais pra frente aprofundarei no assunto), Anderson, diretor e roteirista do filme, parece que perdeu a lógica e a argumentação para dar continuidade à trama de Alice, interpretada por Milla Jovovich.
A verdadeira razão que gerou uma história banal e desnecessária eu realmente não sei. Mas é nítido a bizarrice de várias sequências dentro do filme. Muitos diálogos sem pé nem cabeça e situações forçadas. Tudo isso em nome da ação superficial.
Um filme barulhento e com cortes muito rápidos, gerando uma enxurrada de informações desencontradas no cérebro de quem assiste. Sem falar na sensação de Deja Vu o tempo inteiro. Eu, pelo menos, vi relação muito próxima (quase uma cópia) com o filme Madrugada dos Mortos, de 2004.
Mas não se preocupem! Nem de todo ruim foi Resident Evil 4: Recomeço. Apesar disso tudo, Anderson utilizou como poucos até hoje a tecnologia 3D. Um filme belíssimo tecnicamente e visualmente falando. Impecável mesmo. CG, figurino, produção e pós-produção e trilha sonora bem conciliada às cenas (apesar de alta).
Em suma, Resident Evil 4 é um filme perfeito visualmente, mas só. No geral, ficou devendo, e muito!
Os Mercenários
3.2 1,9K Assista AgoraDebaixo de muita polêmica e expectativa, estreiou nesta sexta-feira 13 em todo o Brasil Mercenários, o novo filme do ator, diretor e roteirista Sylvester Stallone.
Polêmico porque em entrevista à revista Variety para divulgar o projeto, Stallone disse a seguinte frase: “você pode explodir o país inteiro e eles vão dizer ‘obrigado, e aqui está um macaco para você levar de volta para casa’.” A repercussão foi imediata e mundial. Os Mercenários teve cenas gravadas em Mangaratiba (RJ) e no Parque Lage, na capital fluminense.
A expectativa por parte dos fãs e da crítica era alta pelo fato de que a produção reunia grandes nomes do cinema mundial, como Bruce Willis, Jet Li, Jason Statham, Dolph Lundgren, Eric Roberts, Terry Crews, Mickey Rourke e Arnold Schwarzenegger - sim, acreditem! Arnold Schwarzenegger!
Muita ação com perseguição, tiros e batalhas intermináveis, que combinadas a uma trilha sonora eufórica, resultou num frenetismo sem fim. Welcome to the Jungle, da banda Guns n'Roses é a canção-tema do longa, que não deixa o espectador nem ao menos respirar. Até mesmo os mais fãs do gênero cansaram de tanta pancadaria. Um roteiro fraquíssimo que tem argumentos sem fundamento e que deixou muitas amarras desatadas. Além de diálogos esdrúxulos e que dão a clara imprensão de encher linguiça - ou tapar buracos no script.
Mas o principal ponto negativo de Os Mercenários com certeza são os efeitos visuais. Assim como em Rambo IV (2008), Stallone peca ao vagar por terras, digamos Tarantianas. É sangue voando na tela, faca atravessando pessoas, membros dilacerados de maneira bizarra etc. Sem falar nas cenas que continham fogo. Nunca vi chamas tão mal feitas.
É verdade, Stallone fez o excelente Rock Balboa (2006). Mas só! De lá para cá el veio numa decrescente perigosa com os tenebrosos Rambo IV (já citado) e Os Mercenários. Um histórico um tanto quanto inconsistente. Para 2011, Stallone já prepara Rambo V. Será que esse vai?! Eu não boto fé.
Pois é. Se Os Mercenários tivesse estreado 20 anos atrás, talvez pudesse fazer algum sucesso. Mas esta fórmula retrô, empregada por Stallone, serviu mais como nostalgia dele mesmo, não gerando mais que boas risadas no cinema.
A Origem
4.4 5,9K Assista AgoraO renomado diretor de Batman - Cavaleiro das Trevas e O Grande Truque está de volta às telonas. Como em todos os seus filmes, o inglês Christopher Nolan mais uma vez dirige e assina o roteiro de A Origem. O filme conta a história de Cobb (Leonardo Di Caprio), um expert em roubar segredos de pessoas enquanto dormem. No passado, Cobb foi considerado culpado pelo assassinato de Mal (Marion Cotillard), sua própria esposa, o que o força a fugir dos Estados Unidos, impossibilitando-o de ver seus filhos.
Em mais um serviço - até então comum -, Cobb conhece Saito (Ken Watanabe), um empresário japonês milionário e que inicialmente seria seu próximo alvo. Mas Saito é mais esperto que parece e acaba virando o jogo. O empresário garante mudar a vida de Cobb e inocentá-lo de seu crime de assassinato em troca do fornecimento de informações cruciais acerca de Fisher (Cillian Murphy), seu principal concorrente.
Cobb vê a grande oportunidade de rever o filhos e encerrar a carreira e aceita – sob ameaça de Saito – a oferta. Mas Cobb não age sozinho. O bando é formado pelo fiel escudeiro Arthur (Joseph Gordon-Levitt), a arquiteta recém-contratada pelo grupo Ariadne (Ellen Page), o multiuso Eames (Tom Hardy) e o engenheiro químico (Dileep Rao).
Tecnicamente perfeito, A Origem consegue dosar os efeitos visuais de primeira linha com o conteúdo e ainda deixa espaço para as belas atuações do elenco. Outro nome forte é Michael Caine, sempre presentes nos filmes de Nolan e que vive o professor. O som é outra atração de A Origem. A trilha sonora foi composta pelo alemão Hans Zimmer e casa-se perfeitamente às sequências, brindando-nos com belíssimas canções.
Uma verdadeira sessão de terapia. Assim pode ser definido A Origem. Além dos superficiais argumentos de espionagem industrial e ambição capitalista. A real intenção – implícita - de Nolan é fazer com que busquemos nos nossos sonhos o verdadeiro sentido da vida e repensar nossas atitudes e escolhas. A palavra arrependimento aparece inúmeras vezes durante as duas horas e meia de filme, comprovando esta minha interpretação.
Mais uma obra prima do cinema acaba de nascer e com certeza já figura a minha lista de melhores filmes do ano. Ficou um gostinho de quero mais.
Salt
3.4 2,2K Assista AgoraUm filme frenético. Assim defino Salt, o novo longa do diretor Phillip Noyce (O Colecionador de Ossos), estrelado pela bela e capaz Angelina Jolie (O Procurado).
Jolie vive Salt, uma agente da CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos) que se vê ameaçada depois de acusada de dupla identidade por um agente russo. O enredo traz de volta a questão da Guerra Fria, período em que os dois países fizeram uma corrida armamentista entre os anos de 1945 e 1991.
A proposta de entretenimento é levada a sério pelo diretor. As sequências de perseguição não nos deixa respirar. A montagem conta com tomadas rápidas e contrastantes. Logo na primeira perseguição, Salt pula de duas carretas em movimento e depois encara um trânsito congestionado em cima de uma moto em alta velocidade. Um prato cheio pros fãs desse estilo.
Mas não só de ação vive Salt. Uma boa pitada de suspense foi a peça chave para o sucesso do roteiro assinado por Kurt Wimmer (Código de Conduta). O questionamento "Quem é Salt?" é exposto já de cara no cartaz de divulgação do mesmo. Essa é a dúvida que sentimos durante todo o filme. Salt é mocinha ou é vilã? Defende os interesses dos EUA, da Rússia ou os seus próprios? Ponto para o diretor Noyce, que soube manipular-nos (espectadores) de forma magistral.
Por fim, Salt agrada pela boa produção, ótima técnica e por cumprir a proposta de entretenimento. E além disso, com conteúdo e um suspense bem colocado, que o diferenciou - nem que seja o mínimo - dos outros filmes do gênero.
Predadores
3.0 896 Assista AgoraDepois de anos longe das telonas, os predadores voltam à ativa. Predadores é o terceiro filme da franquia e faz homenagem ao primeiro longa da saga - O Predador (1987) - estrelado por Arnold Schwarzenegger.
A história de ficção/ação gira em torno de oito personagens que são "jogados" em uma mata fechada de um planeta desconhecido. Sem saber o porquê de estarem ali, logo sacam que aquilo ali é um jogo de sobrevivência.
Argumentos frouxos, esdrúxulos e sem amarras definem o roteiro de Michael Flinch e Alex Litvak, que foi baseado em um antigo roteiro de Robert Rodriguez, de 1994. É uma eternidade até o primeiro predador aparecer. Uma enrolação desnecessária e mal justificada. Detalhes demais são mostrados, o que chega a cansar.
Logo no início do filme, os personagens vão se reunindo e caminhando pela mata quando vêem Hanzo, um oriental - vivido pelo ator Louis Ozawa Changchien - observando algo. O grupo simplesmente junta-se a Hanzo sem perguntar-lhe nada. Sendo que em todos os encontros anteriores de todos os personagens é explicitado quem é e o que está fazendo ali.
Diferentemente dos longas anteriores, neste há uma hierarquia entre os próprios monstros, onde predadores maiores destroem (geralmente) os menores - coisa óbvia. Outra diferença evidente é que desta vez o grupo de humanos não se conhecem. Apenas sabem que têm algo em comum: todos são guerreiros ou têm algum tipo de repugnação social (ladrão, mercenário etc.).
Mas há uma exceção. Existe um médico entre eles. É o Dr. Edwin, vivido por Topher Grace (Homem-Aranha 3). E isso logo é trazido à tona pelos próprios personagens, dando uma dica para o desenrolar da trama.
Aproveitando para falar do elenco, Adrien Brody (O Pianista) interpreta Royce, um mercenário que logo se destaca como líder do grupo. Apesar de ótimo ator, Brody não se encaixou ao personagem.
Outro destaque é a brasileira Alice Braga (Eu Sou a Lenda). Alice é Isabelle, soldado das forças armadas americanas e única mulher do grupo no planeta dos predadores. Sua atuação é satisfatória e não compromete o resultado final do longa.
Mas antes de falar do resultado final, quero citar a péssima direção do desconhecido Nimrod Antal (Assalto ao Carro Blindado) com inúmeros erros de continuidade Já na primeira cena, o protagonista, após cair de paraquedas, aparece com o nariz sangrando. Quando muda de câmera, o mesmo nariz aparece sem vestígio algum de lesão.
É claro que erros de continuidade existem em todos os filmes, mas além deles, Antal peca ao tentar conciliar uma trilha sonora à moda antiga - com harpa, piano e tambores - com cenas em que os efeitos visuais são abaixo da média, como baratas e uma série de carnificina feitas de maneira pouco convincente.
Parece mesmo que Predadores (ou Predador 3) foi feito apenas para fãs. Apesar de ter um ótimo trailer de divulgação, a produção deixa muito a desejar em quase todos os aspectos. Já que esta franquia não parece terminar tão cedo, torço por continuações mais elevadas qualitativamente.
Shrek Para Sempre
3.4 1,3K Assista AgoraO ogro mais querido das telonas está de volta e desta vez pela última vez - pelo menos é isso o que afirmaram os idealizadores de uma das mais bem sucedidas franquias de animação de todos os tempos.
Como em todos os seus antecessores, Shrek - Para Sempre tem alta qualidade de som e imagem. A película, as cores, os contrastes, a edição de som, tudo perfeito.
Mas por outro lado, o roteiro é fraco e já vem descrescendo desde o terceiro anterior (Shrek Terceiro, de 2007). Desta vez a história é assinada pela dupla Josh Klausner (Uma Noite Fora de Série), colaborador do roteiro de Shrek Terceiro, e o calouro Darren Lemke (Lost - Sem Saída).
Há uma sequência que chamou a minha atenção. Logo no início do filme, Shrek está no aniversário de seus trigêmeos quando passa por uma situação de tensão e estresse. O filme passa aquela sensação do protagonista de maneira tão real para o espectador que fiquei incomodado como o próprio Shrek. Ponto para o filme!
Mesmo com um desenrolar chato e cansativo (devido principalmente aos inúmeros diálogos repetitivos e muitas vezes
forçados), Shrek continua conseguindo formar novos personagens a cada episódio de maneira bastante criativa. A sociedade de ogros e o antagonista Rumplestiltskin, um vendedor trapaceiro de contratos mágicos, foram os destaques desta edição. E mais uma vez o burro está sensacional!
Outro ponto forte em Shrek Para Sempre, como nos outros longas, é a trilha sonora. Canções como "One Love" (escrita por Bob Marley), "Rumpel's Party Palace" (escrita e produzida por Mike Simpson), e "Hello" (escrita e interpretada por Linda Creed) casam perfeitamente às sequências propostas.
A direção de Mike Mitchell (Super Escola de Heróis), que trabalhou apenas no departamento de efeitos visuiais de Shrek Terceiro, foi tranquila e até surpreendeu positivamente. O esperado era que ele desapontasse drasticamente os fãs da saga e finalizasse-a de maneira que estragasse toda a imagem positiva formada por seus filmes. Mas isso não aconteceu.
Por fim, Shrek - Para Sempre é o mais fraco de todos, mas ainda assim é um filme - digamos - assistível. E cá entre nós, já passou da hora de enterrar o ogro, apesar de ser bastante querido no cenário mundial. É hora de aparecer novos personagens e parar com essa mania de sequências sem fim. Já basta Robocop!
Alice no País das Maravilhas
3.4 4,0K Assista AgoraAlice no País das Maravilhas
(Alice in Wonderland, 2010, EUA)
Alice chegou aos cinemas após alguns adiamentos de estreia, o que acabou gerando ainda mais expectativa por parte do público. Digo "mais expectativa" porque já era um filme bastante esperado devido à tradicional história e também por trata-se de Tim Burton (A Fantástica Fábrica de Chocolates), um diretor diferenciado e de grande aceitação do público e crítica.
Outro ponto forte - antes e depois da tal estreia - é Johnny Depp (Piratas do Caribe) no elenco. O queridinho de Burton vive o personagem Chapeleiro e está, mais uma vez, muito bem. A outra queridinha de Burton é a atriz Helena Bonham (Sweeney Todd -O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet), que por sinal também é sua esposa. Bonham não deixa por menos e também agrada a todos com uma atuação acima da média.
O roteiro, adaptado por Linda Woolverton (O Rei Leão), é uma atração à parte. Bem diferente do texto literário do autor Lewis Carroll, o longa atualiza a fábula com genialidade e leveza. Apesar da grande duração (cerca de 2h30), o filme parece não ter a metade disso.
A trilha sonora é sem igual. Canções bem casadas com as sequências e sonoplastia de primeira. A cópia 3D é de extrema qualidade. Um filme que marca pelas cores e pelos belíssimos efeitos visuais. Uma ótima pedida e está dentre as melhores produções de 2010.
Zona Verde
3.5 393 Assista AgoraMatt Damon (O Ultimato Bourne) volta às telonas em um filme tipicamente norte-americano e que reforça o estereótipo dos personagens de Damon, que são fortões, ágeis e galantes. Mas este traz um diferencial (nem que seja apenas um): Damon tem falas significantes, o que acaba beneficiando o ator em sua performance.
O roteiro de Brian Helgeland (Chamas de Vingança) foi baseado no livro de Rajiv Chandrasekaran com o título Imperial Life in the Emerald City: Inside Iraq's Green Zone, baseado em fatos reais. Uma história um tanto quanto lenta e que cansa pela riqueza de detalhes em excesso.
Por outro lado, o diretor Paul Greengrass (Vôo United 93) montou um filme com cortes secos e sequências mínimas. As locações são benéficas e bastante realistas. Trilha sonora bem casada com as cenas e um frenetismo sem fim devido à edição.
Por fim, a trama é finalizada de forma magistral e positiva. Apesar de contar com o dramatismo estadunidense frente à guerra do Iraque. Nacionalismo é a bandeira maior.
As Melhores Coisas do Mundo
3.4 1,5K Assista AgoraUm filme de adolescentes feito para este mesmo público. Esta é a proposta de As Melhores Coisas do Mundo. A história baseia-se na vida de um adolescente que está descobrindo o mundo. Virgindade, drogas, ralação com a família, homosexualidade e suicídio são alguns dos assuntos tratados pelo belíssimo roteiro de Luiz Bolognesi (Querô), baseado na série Mano, de Gilberto Dimenstein e Heloisa Prieto.
Com uma película cheia de cores e contrastes, a trama se desenrola de maneira conturbada, assim como a própria adolescência, e traz ótimas sequências em stop motion ( Inclusive assim é a abertura e o fechamento do longa. Mérito para a diretora Laís Bodanzky (Chega de Saudade).
As atuações são satisfatórias. A trilha sonora, por sua vez, é um ponto forte. As canções agradam, casam-se perfeitamente às sequências e elevaram a qualidade técnica do filme.
Enfim, um filme válido, bem feito, mas limitado.
Uma Noite Fora de Série
3.2 1,2K Assista AgoraUm filme de adolescentes feito para este mesmo público. Esta é a proposta de As Melhores Coisas do Mundo. A história baseia-se na vida de um adolescente que está descobrindo o mundo. Virgindade, drogas, ralação com a família, homosexualidade e suicídio são alguns dos assuntos tratados pelo belíssimo roteiro de Luiz Bolognesi (Querô), baseado na série Mano, de Gilberto Dimenstein e Heloisa Prieto.
Com uma película cheia de cores e contrastes, a trama se desenrola de maneira conturbada, assim como a própria adolescência, e traz ótimas sequências em stop motion ( Inclusive assim é a abertura e o fechamento do longa. Mérito para a diretora Laís Bodanzky (Chega de Saudade).
As atuações são satisfatórias. A trilha sonora, por sua vez, é um ponto forte. As canções agradam, casam-se perfeitamente às sequências e elevaram a qualidade técnica do filme.
Enfim, um filme válido, bem feito, mas limitado.
Chico Xavier
3.5 857 Assista AgoraChico Xavier ganhou uma belíssima obra cinematográfica para contar a sua saga. Diferentemente do livro em que o roteiro foi baseado, o longa tem uma construção narrativa com uma ordem cronológica lógica. Ainda assim, o tempo inteiro há elipses e voltas ao passado para contar a construção do personagem central.
O diretor Daniel Filho (Se Eu Fosse Você) caprichou no processo de pós-produção e trouxe às telonas um filme bem arrematado e com uma ótima técnica. Vide lances de câmera, locações e fotografia. Ao lado do roteirista Marcos Bernstein (Zuzu Angel), Daniel Filho criou um ambiente leve e, digamos, mais aceitável, já que trata-se de um assunto um tanto quanto polêmico: o espiritismo.
O elenco de peso fez total diferença e trouxe mais qualidade ao projeto. Em geral, as atuações foram todas acima da média. Mas destaco alguns que se sobressaíram: o veterano, porém não desgastado Nelson Xavier (Soldado de Deus); o ator em ascensão Angelo Antônio (2 Filhos de Francisco), Christiane Torloni (Mulheres do Brasil) e o ator mirim Mateus Costa.
Apesar de vários erros de continuidade, de contar com uma sonoplastia um pouco desencontrada com várias imagens e alguns efeitos visuais rasos, o longa agrada pela suavidade das sequências e harmonia entre os personagens. Os diálogos soam tão bem que seduzem o público e somados ao que foi citado anteriormente, gera um resultado positivo e satisfatório. Chico Xavier é um filme que merece ser visto e debatido, tamanha profundidade e complexidade do mesmo.
O Livro de Eli
3.6 2,0K Assista AgoraAssumo que fui assistir O Livro de Eli com algum receio, já que li muitas críticas não favoráveis ao longa. E de cara digo que este é o mal de ler críticas demais. O lado bom é que cada um tem um gosto, construído de acordo com sua história. Bom, chega de viajar na batatinha. O fato é que O Livro de Eli é um bom filme. Lembrando que a proposta do mesmo é entretenimento.
Quem foi assisti-lo apenas porque gosta de Denzel Washington (O Plano Perfeito), se deu mal. Ou pelo menos teve grande chance disso acontecer. Acostumados com os mesmos personagens designados ao ator, o público foi meio que no "escuro" aos cinemas. E quando saíram falaram que o filme é isso ou aquilo - sempre pelo lado pejorativo. Mas não pararam pra pensar na tal proposta do longa, na construção do personagem principal, no conhecimento dos trabalhos dos diretores Albert Hughes e Allen Hughes etc.
Ficção científica com ação, este é o gênero de O Livro de Eli. Durante todo o filme pode ser visto semelhanças com outros sucessos do cinema. Dentre eles, Eu Sou a Lenda, Blade - O Caçador de Vampiros, 300 e Planeta Terror. Apesar do termo genérico se encaixar perfeitamente como definição deste projeto, o mesmo é muito bem planejado e executado.
A técnica agrada e ajuda a minimizar - e muito - o fraco roteiro. Destaco positivamente a edição/montagem, os efeitos visuais, a sonoplastia e trilha sonora. Por outro lado, a fotografia, maquiagem e roteiro deixaram um pouco a desejar. Mas com bastante sabedoria, os diretores usaram, de forma quase que integral, um filtro num tom meio amarronzado, que significava a obscuridade em que os humanos, em tal época, viviam. O diretor tira este filtro a partir do início do novo começo, numa espécie de arca de Noé. Além disso, esta opção (do uso do filtro) trouxe mais realismo às imagens e disfarçou vários defeitos como a própria maquiagem. Um recurso barato e que deu mais charme à película.
O enredo é bom e usa o apocalipse como assunto base para o desenrolar da trama. Mas como a grande maioria dos filmes hollywoodianos, este também deixa a desejar. Críticas à bíblia cristã e assuntos como fé, esperança, ambição e justiça também são expostos no roteiro. Por fim, O Livro de Eli é um bom filme, bem redondo e que cumpre o papel de diversão com muitas cenas de ação.
Bons Costumes
3.3 142 Assista AgoraBons Costumes é o novo longa-metragem do australiano Stephan Elliott, bastante conhecido pelo clássico Priscilla - A Rainha do Deserto. O roteiro, assinado pelo próprio Elliott em parceria com Sheridan Jobbins, foi baseado em uma das primeiras peças do dramaturgo britânico Noel Coward. A história também foi adaptada para o cinema por Alfred Hitchcock em Mulher Pública (1928).
Todo o drama corre em torno de uma estadunidense chamada Larita, vivida por Jessica Biel (O Ilusionista), que casa-se com o aristocrata inglês John Whittaker, interpretado por Ben Barnes (As Crônicas de Narnia - Príncipe Caspian) e resolve conhecer a família de seu novo marido.
Ao depara-se com a nova sogra, ela vê claramente que a mesma não foi com a cara dela. Muito tradicionalista e egocêntrica, a Senhora Whittaker, na pele de Kristin Scott Thomas (O Acompanhante), fará de tudo para terminar o casamento de seu filho por achar que aquele não é o lugar para uma nora estrangeira e com costumes, segundo ela, inaceitáveis.
O filme desenrola-se todo com base nesta disputa entre nora e sogra. Com um início vagaroso, a trama ganha aos poucos em dinamismo e qualidade e decola. As atuações são todas muito boas, mas o destaque fica mesmo com Jessica Biel, num papel forte e sem pudores.
A produção é outro ponto que merece destaque. Fotografia, figurino, sonoplastia e locações são alguns dos aspectos que mais chamaram a atenção. A trilha sonora é outra atração à parte e eleva a qualidade das sequências. Por outro lado, os efeitos visuais são rasos, mas não chegam a comprometer o resultado final do projeto, que foi positivo.
Enfim, um filme que trata do convívio (ou mau convívio) entre quase-familiares e que traz à tona questões como preconceito e etnocentrismo. Um ótimo programa cultural.
Um Sonho Possível
4.0 2,4K Assista AgoraSe a gente parar pra pensar que o filme conta a história de um jovem negro e pobre que é ajudado por uma mulher rica para crescer na vida, imaginaríamos clichês sem fim e talvez até desistiríamos de assistir o filme. A questão não é o que o filme conta, mas como o diretor John Lee Hancock (O Alamo) conseguiu passar essa história para o público.
Conciliado ao roteiro, assinado também por Hancock, as sequências são brilhantes e emocionam. Ele escreveu a história baseando-se no livro de Michael Lewis com o título The Blind Side: Evolution of a Gam. Outros pontos fortes são a fotografia e a trilha sonora. Um filme todo belo e positivista. Daqueles que faz a gente se sentir bem ao sair do cinema. E ao mesmo tempo, cutuca você para ajudar o próximo.
Falando um pouco das atuações, Sandra Bullock (A Casa do Lago) está muito bem. Ela vive Leigh Anne Touhy, uma mulher bem de vida que resolve ajudar o carente Michael Oher, vivido pelo ator Quinton Aaron (Rebobine, Por Favor). Mas quem rouba a cena é o pequeno Jae Head (Hancock). O jovem emociona, diverte e anima as cenas com o seu personagem S.J. Tuohy. A harmonia entre os personagens impera e aumenta a qualidade da história. Tudo é tão leve e dinâmico.
Um Sonho Possível é, até o momento, a surpresa do ano. E digo mais: é o melhor filme de 2010 até o momento.
Guerra ao Terror
3.5 1,4K Assista AgoraUma ótima edição e um roteiro instigante, porém contado de forma muito particular. A diretora Kathryn Bigelow (O peso da Água) fez proveito da sensibilidade do povo americano que levou à idolatração do filme devido às atuais circunstâncias da guerra ao Iraque e milhares de jovens enviados ao martírio.
Mas não só de proveito vive o filme. A câmera solta eleva a sensação de realidade das cenas e leva o espectador pra dentro do filme. A sonoplastia também é de primeira, assim como a fotografia e as locações.
O roteiro de Mark Boal (No Vale das Sombras) centra a história no dia a dia e na angústia dos soldados estadunidenses enviados ao Iraque e que trabalham numa partição anti-bombas. Estresse, ambição, coragem, revolta e companheirismo são alguns dos pontos mais ressaltados nos diálogos e ações.
O elenco mostra a que veio e apesar de ter nomes pouco conhecidos, eleva a qualidade da produção. O trio formado por Jeremy Renner (S.W.A.T.), que vive o Sargento William James; Anthony Mackie (A Cor de Um Crime), que é o Sargento JT Sanborn; Brian Geraghty (Bobby), conhecido como Especialista Owen Eldridge; formaram uma equipe bem entrosada e agradou.
Resumindo, Guerra ao Terror é um bom filme. Não mais que isso.
Ilha do Medo
4.2 4,0K Assista AgoraMartin Scorsese (Os Infiltrados) criou uma obra cinematográfica complexa e um tanto quanto egocêntrica. Isso o diretor brinca o tempo todo com a plateia, manipulando-a de uma maneira singular e brilhante. A frustração do espectador frente ao filme acontece como em Violência Gratuita, filme com duas versões (1997 e 2007) do diretor Michael Haneke (A Fita Branca).
As atuações são todas muito acima da média. Leonardo DiCaprio (O Aviador), que vive o personagem Teddy Daniels, mostra mais uma vez que vem numa crescente. Outros destaques são Mark Ruffalo (Ensaio Sobre a Cegueira), na pele de Chuck Aule e Ben Kingsley (Xeque-Mate), interpretando o Dr. John Cawley.
Apesar de bem produzido, Ilha do Medo tem um roteiro lento e cansativo. E quando menos esperamos, ao final, há uma corrida nas cenas e explicações e o filme termina. A imprensão é que tudo foi feito para sair da rotina. Ou seja, causar espanto e admiração ao mesmo tempo. Isso mesmo! Tudo é bem confuso.
Há erros gritantes de continuidade em várias sequências e os efeitos visuais são alternados. Ora muito bons, ora ridículos. A trilha sonora, por sua vez, é perfeita.
Em suma, Ilha do Medo não convence. Apesar do excelente domínio da técnica, deixa a desejar principalmente na lógica do enredo.
O Lobisomem
2.9 1,0K Assista AgoraO tão aguardado remake de O Lobisomem (1941) chegou aos cinemas com status de grande produção devido ao grande elenco, composto por Benício Del Toro (Traffic), Anthony Hopkins (O Silêncio dos Inocentes), Hugo Weaving (Matrix), Emily Blunt (O Diabo Veste Prada), entre outros, e também pela direção de Joe Johnston (Jumanji).
Mas o que se viu na tela foi um filme medíocre. Com efeitos visuais bizarros, a produção jogou à terra a expectativa do público. Elipses mal feitas e transições desordenadas condenaram o filme, que ainda assim contou com as boas atuações do elenco, principalmente da turma citada acima.
O som e a trilha sonora conseguiram ser mais horripilantes que o próprio filme. Canções não casavam com as sequências e aquele velho pseudo-susto com barulho previsível que não assustou nem o mais tenso da plateia.
Infelizmente O Lobisomem é um longa mal executado e uma das decepções do ano até então. Uma lástima.
Zumbilândia
3.7 2,5K Assista AgoraDesde já digo que Zumbilândia é um Planeta Terror (de Quentin Tarantino) melhorado. De longe, este é o melhor filme trash de zumbis. Um humor escrachado, porém bem dosado e colocado de maneira maestral pelo diretor Ruben Fleischer e pelos roteiristas Paul Wernick e Rhett Reese (Monstros S.A.).
O tempo todo há relação de outros filmes e até World of Warcraft entrou no meio. Os diálogos são bem bolados e as atuações acima da média. A participação de Bill Murray (como ele mesmo) foi uma atração à parte. Assim como a edição e todo o trabalho da equipe de produção (figurino, maquiagem, locações), liderada por Gavin Polone (A Janela Secreta).
A trilha sonora é outro ponto forte do longa e conta com canções como Everybody Wants Some, interpretada por Van Halen e For Whom the Bell Tolls, interpretada por Metallica.
Um filme que cumpre com maestria sua proposta de cinema pipoca, com ótima qualidade técnica e roteiro, além de excelentes atuações. Um filme que vai ser lembrado pela edição, locações e película. Ah! Também pela ótimas piadas de horror. Um trash bem feito - com contradição proposital.