Aparthaeid é o tema principal do filme e Clint Eastwood (Gran Torino) - diretor - usou sabiamente o rugby como ferramenta para comover o público e, de maneira maestral, conseguiu unir uma trilha sonora com atuações acima da média. Morgan Freeman (Seven - Os Sete Crimes Capitais) está excelente. Já Matt Damon (Os Infiltrados) está bem, mas seu personagem não lhe deu muito espaço, já que a intenção de Clint Eastwood era promover o espírito de equipe e a união das cores (brancos e negros) - outro motivo para usar o rugby, que é um esporte coletivo.
A fotografia e a edição são outros atrativos à parte e que fizeram com que a equipe de produção somasse pontos ao projeto. E o figurino?! Ao final do filme, são mostradas fotos da época. Aí sim vemos como as roupas do longa são fiéis. Um trabalho e tanto da equipe.
A riqueza de detalhes é o que mais chama a atenção neste filme, que comprova como Clint é eclético como diretor de cinema e ainda tem muito ao que mostrar. Invictus é um filme memorável!
Um show man. Isso é o que o diretor Guy Ritchie (RocknRolla - A Grande Roubada) fez com o famoso personagem da literatura mundial, Sherlock Holmes. Conhecido por sua perspicácia em resolver casos policiais, Holmes foi transformado num herói de ação, que luta, discute e gosta de aparecer.
Por outro lado, o ator Robert Downey Jr. encaixou-se perfeitamente ao personagem, assim como em seu filme antecessor (Homem de Ferro). Numa atuação acima da média, Downey Jr. esteve bem, mas não foi o melhor. Quem roubou a cena desta vez foi Jude Law (Alfie - O Sedutor) na pele do Dr. Watson, numa interpretação fora do comum e muito boa.
Os efeitos visuais são medianos. Não chegaram a estragar o filme, mas deveriam ter tido uma atenção maior por parte da equipe de produção, já que o projeto foi orçado em cerca de 90 milhões de dólares.
O roteiro, por sua vez, é intrigante. Apesar de vários momentos forçados e alguns diálogos desnecessários, a história foi muito bem estruturada. Mas nada que empolgue um bom amante da sétima arte, que viu nada mais que um show de imagens facilmente esquecíveis.
Infelizmente esperava um filme mais bem organizado e com detalhes mais bem arranjados. Mas só vi boas atuações. Uma lástima. Ainda assim, Sherlock Holmes cumpre a sua proposta de entretenimento temporário.
Um filme diferente, porém confuso. Assim pode ser definido Onde Vivem os Monstros. A maior prova de toda essa confusão, principalmente de roteiro, foi a má organização por trás das câmeras.
A Warner Bros e o diretor Spike Jonze (Quero Ser John Malkovich) se desentenderam porque a produtora esperara um filme de cunho muito mais familiar. Em 2008 o estúdio ordenou que cenas extras fossem rodadas, dando mais tempo e dinheiro para que Jonze fizesse as modificações necessárias, atrasando a estreia do longa.
Spike Jonze, ao lado de Dave Eggers, escreveram, baseado no livro de Maurice Sendak, uma história cativante, porém monótona. Mas os pontos em destaque foram mesmo da equipe de produção. Os efeitos visuais e sonoros garantem um ótimo entretenimento, com uma trilha sonora tocante e suave.
A fotografia também somou pontos com muito uso de close e ao lado das ótimas locações, causou um impacto visual deslumbrantes. Pra completar, o figurino, criado por The Jim Henson Company - que também criou os Muppets -, trouxe às telonas, personagens gigantescos e que seduziram a plateia.
As atuações, por sua vez, são todas magníficas. Desde o pequeno Max, vivido por Max Records (Vigaristas), passando por Catherine Keener (Sinédoque, Nova York), como Connie; Steve Mouzakis (Presságio), como senhor Elliot e Paul Dano (Pequena Miss Sunshine), como Alexander.
Por fim, Onde Vivem os Monstros é um filme muito bonito e único, não feito para crianças, porém egocêntrico.
Após muita expectativa e algumas remarcações de estreia, Lula, o Filho do Brasil (enfim) chegou aos cinemas. As acusações de que o diretor Fábio Barreto (O Quatrilho) estaria promovendo campanha política para o presidente caem quando o mesmo (Fábio Barreto) resolve mostrar apenas a vida de Lula antes da política - ou quase antes, já que o sindicato é uma organização política.
Pois bem, falando das atuações... quem rouba (literalmente) a cena é a mãe de Lula, Dona Lindu, que além de ter um papel fundamental na vida do mesmo ainda contou com a brilhante atuação de Glória Pires (Se Eu Fosse Você). Fica evidente que o filme é uma homenagem a ela.
Outro que está bem é o ator Milhem Cortaz (Tropa de Elite), que vive o pai de Lula, Aristides, numa interpretação forte e marcante. Já Rui Ricardo Dias, estreante nos cinemas e protagonista do longa, tem uma passagem tímida e limitada. Assim como a fraca Cléo Pires (Meu Nome Não é Johnny), como Lurdes - primeira mulher de Lula.
O roteiro, assinado por Fernando Bonassi (Cazuza - O Tempo Não Para) e Daniel Tendler (Nossa Senhora de Caravaggio), baseado no livro de Denise Paraná, é manipulador e contém várias sequências desnecessárias. Além de cenas que forçam a barra, como a que o Lula perde seu dedo mindinho da mão esquerda em uma prensa.
Lula, o Filho do Brasil conta com uma equipe de produção ruim, que desempenhou um trabalho rebaixante junto à fraca edição. Filme extenso, plástico e com um melodrama apelativo. Tudo isso evidenciou a força de contrato. Mas por outro lado, não posso deixar de citar a belíssima fotografia e o ótimo figurino.
Olha as férias aí! E junto com elas aparecem uma gama de filmes infantis nos cinemas. É neste contexto que dia 8 de janeiro estreia Alvin e os Esquilos 2.
Mesmo após o sucesso de bilheteria do primeiro filme com Tim Hill (Garfield 2) como diretor, a Fox Film resolveu substituí-lo por Betty Thomas (Dr. Dolittle). E não é que ela se saiu muito bem e conseguiu superar o filme antecessor?!
O fator determinante para tal sucesso foi, além de outros pontos é claro, a criação da versão feminina dos protagonistas Alvin, Theodore e Simon. Chamadas de Esquiletes, o trio feminino trouxe charme, glamour e sutileza à história, elevando a qualidade da película em relação ao primeiro filme.
Aproveitando para falar da produção, o longa tem trilha sonora atual e agradável com canções animadas e que contagiam a plateia, além de casar muito bem com as cenas. O som também é de primeira e auxiliou muito bem as sequências, principalmente as de ação. Os efeitos visuais são alternados, mas satisfatórios.
Um filme totalmente pop, com cores variadas, músicas da temporada e lances de câmera benéficos que cumpre a proposta de diversão para crianças e torna-se, desde já, uma ótima pedida para as férias da garotada.
Esqueçam todos os filmes 3D que vocês já assistiram no cinema! Avatar veio para romper barreiras e inovar (ou renovar) o mundo cinematográfico com tecnologia 3D de ponta.
Com mais de 300 milhões de dólares de investimento, James Cameron (Titanic) fez o filme mais caro da história. E ninguém menos que ele - após calar a boca de vários empresários do ramo com Titanic (1997) - merece voltar com tudo. E não é que Avatar já está agradando críticos de todo o planeta?!
Muita cor, música e magia. Assim é Avatar. Um filme cheio de encanto e que seduz a plateia durante todos os seus 150 minutos de duração - nem parece que é tudo isso. Com uma trilha sonora que lembra os filmes da Disney, Avatar desenrola-se de forma natural e única com base na trama entre seres humanos e os Na'vi, um tipo de raça humanóide que vê seu planeta sendo invadido para exploração do solo, rico em um mineral bastante valioso.
O roteiro, também assinado por Cameron, é atual e dá um grito de socorro em defesa do meio ambiente. Apesar da história se passar no ano de 2154, os temas condizem com os problemas do presente e servem para alertar a população da Terra ante o auto-extermínio.
Apesar de toda essa ambiguidade benéfica, a história central é boba e tem como agentes centrais um casal que busca salvar o povo nativo da destruição em massa. A imprensão é que o tempo todo vemos algo genérico. Infelizmente.
Mas, por outro lado, o show visual garante o ingresso e com certeza marca esta produção como uma verdadeira divisão de águas entre os filmes com tecnologia 3D. Até mesmo as legendas, raras em filmes 3D, agradaram.
Sim, Cameron fez um ótimo investimento em Avatar e consegue, mais uma vez, conquistar o público com um filme mágico, marcante e imperdível. Fica uma ótima sensação de "quero mais".
Mais uma vez Pedro Almodóvar (Volver) apresenta uma obra cinematográfica complexa. Com cores contrastantes e uma trilha sonora sem igual, o espanhol coloca em xeque várias emoções humanamente contraditórias. Amor e ódio, perdão e vingança, beleza e estranheza, escuridão e luz, dentre outras.
Abraços Partidos traz de volta Penélope Cruz (Vicky Cristina Barcelona), a eterna musa de Almodóvar, que mais uma vez mostra sensualidade e versatilidade. Na pele de Lena, uma mulher que convive entre a doença terminal do pai e uma trama amorosa complexa, Cruz comprova o porquê do favoritismo do diretor.
Por outro lado, Lluís Homar (Caótica Ana) deu vida de forma natural e magnífica ao personagem Mateo Blanco, um diretor de cinema que se envolve com Lena e muda o nome após uma reviravolta em sua vida. Chamando-se Harry Caine - dizem que o nome é uma homenagem ao ator Michael Caine, que trabalhou com o imortal Hitchcock, e, que por sua vez, é um dos ídolos de Almodóvar. Ou seja, essas são apenas duas grandes atuações, que garantem um ótimo resultado final ao projeto.
O roteiro, também assinado por Almodóvar, envolve o espectador de tal forma que agrada até nos pontos baixos. Os diálogos são bem estruturados e amarram-se de maneira eclética, garantindo um tom todo especial ao romance trágico - especialidade do diretor.
Os personagens são uma atração à parte. Marcantes e comuns, assim defino-os. A fotografia e a edição são outros pontos fortes da produção. As sequências agradam pela bela montagem e locações. A equipe de produção, liderada por Esther García (A Vida Secreta das Palavras), garantiu um ótimo resultado, principalmente falando do visual da película.
O título é explicado pela cena em que Lena e Mateo aparecem abraçados ao assistir Viagem à Itália, um filme de Rossellini - diretor e roteirista italiano -, que mostra um casal fazendo uma excursão por escavações na Pompeia e que em determinado momento funcionários desenterram um casal, que morreram abraçados, mas eternizados pelas lavas de um vulcão.
Com um toque de cinema noir, Abraços Partidos mostra-se completo, abstrato, confuso, tenso e denso. Mas tudo isso feito intencionalmente por um dos maiores cineastas da atualidade. A ambiguidade toma conta do filme o tempo inteiro. Desde as frases de efeitos ao filme feito dentro do filme. E por fim, as eternas escadas de Almodóvar. Segundo o diretor, um recurso simples, barato e eficaz.
Um filme que traz reflexos e deixa a afirmação final no ar: "Um filme precisa ser concluído ainda que às cegas". Isso sim é cinema. Algo que faz o espectador ativo, ainda que sentado em uma poltrona.
Se você não gosta de fantasmas ou tem medo de assombração, passe longe de Atividade Paranormal. O filme já é, desde já, um dos maiores sucessos de investimento da história do cinema dentre longas do gênero.
Com uma campanha de marketing bem eficaz, Atividade Paranormal não é sucesso apenas de bilheteria. O longa também cumpre, de forma magistral, a proposta de suspense-terror sem sustos oriundos pelos clichês: som alto e movimentos bruscos de câmera.
Mas vale lembrar que Atividade Paranormal também tem esses dois - digamos - instrumentos de susto. Mas o que mais chama a atenção é a atmosfera de tensão que o filme consegue gerar com base em argumentos convincentes e bem amarrados, balançando até o mais incrédulo dos humanos - em relação a assuntos abstratos.
Além dessa tensão, o estreante diretor e roteirista Oren Peli - que na verdade é programador de vídeo-game - "brincou", de forma positiva, com os sentimentos da plateia, gerando também uma frustração a quem assistia a seu filme. Aos poucos Peli foi aumentando a intensidade da história, fazendo com que o público nem ao menos piscasse.
A história fala sobre um casal jovem de namorados que vivem juntos e que está sendo incomodado por algum efeito paranormal na casa nova. A jovem diz ser assombrada desde os 8 anos de idade. Nisso, o rapaz decide comprar uma câmera de vídeo e gravar o dia a dia (e também noites) da vida deles para documentar essas atividades paranormais.
A dupla de protagonistas Kate e Micah, vividos por Katie Featherston e Micah Sloat (também inexperientes), garantiu ótimas atuações e elevaram ainda mais a qualidade do longa. Detalhe: os personagens têm nomes iguais aos dos atores.
Por falar em atuações, vale lembrar que Atividade Paranormal teve apenas 11 atores atuando em um ínfimo orçamento de US$ 11 mil - provenientes do bolso do diretor. Sem falar que o filme foi totalmente rodado na casa de Oren Peli (diretor).
Mas por que Atividade Paranormal causa medo? A resposta é simples! Temos muito mais pavor de coisas que não vemos àquelas que estão ao alcance da nossa visão. Por isso tanta gente tem medo de escuro. Ao invés de monstros, o medo é psicológico. Você não vê nada, mas sabe que ali tem algo. E assim, de forma inteligente, Atividade Paranormal "ataca". Causando um medo diferente, de acordo com a recepção que cada pessoa tem do filme, levando em consideração a sua formação cultural, religiosa, dentre outras.
Se fosse pra definir Atividade Paranormal em apenas uma palavra, seria "tenso". E apesar de contar com direção e elenco inexperientes, o filme teve um ótimo resultado final. Destaque para a câmera solta, que tornou-se um personagem da trama, inserindo o espectador dando maior realismo, garantindo um suspense-terror de qualidade. Ótima surpresa!
Sabe aqueles filmes positivistas que elevam a moral de qualquer um que assista? Pois é, Julie & Julia é assim. Com cenas sempre baseadas em cores e constastes fortes, com o auxílio de uma bela fotografia e tomadas de câmera geniais, o longa seduz a plateia e agrada visualmente.
A trilha sonora é outra atração à parte. Canções como Stop the Train, Mes Emmerdes e Psycho Killer garantem um ótimo ritmo e desenrolar das sequências. As transições e o "vai e vem" da história são colocados de maneira tão agradável e leve que mantém o espectador atento.
Já o roteiro, escrito por Nora Ephron (A Feiticeira), que também é a diretora, tem muitas falhas. Os diálogos extensos e desnecessários, como as inúmeras discussões de relacionamento, acabam encobrindo bastante a beleza - digamos natural - da história, que na verdade é o carro chefe da trama (ou pelo menos era pra ser).
Quanto às atuações, tanto a experiente Meryl Streep (Dúvida) quanto a bela Amy Adams (Uma Noite no Museu 2), estão muito bem. Outros que se destacaram foram Stanley Tucci (O Diabo Veste Prada) e Chris Messina (O Melhor Amigo da Noiva).
Mas por outro lado, o filme desgasta-se e acaba cansado devido às inúmeras cenas desnecessárias como, por exemplo, as inúmeras discussões de relacionamento e alguns diálogos extensos além da conta.
Após o estrondoso sucesso de Crepúsculo, a saga - que leva o mesmo nome - está de volta às telonas. O casal Edward e Bella continua com as mesmas caras e bocas - sim! A dupla de mocinhos tem uma faceta apenas. Somente isso já define as atuações de Robert Pattinson (Feira das Vaidades) e Kristen Stewart (Jumper) como medíocres e totalmente plásticas.
O diretor Chris Weitz (A Bússola de Ouro) joga muito bem com a plateia, manipulando-a com cenas dosadas e um toque de semi-ação. Ou seja, toda sequência de ação é interrompida por algum fator - digamos - externo. Isso, particularmente, me deixou bastante irritado. Já os adolescentes (público-alvo da franquia), mais uma vez ficaram de queixo caído com as inúmeras cenas de sensualidade e erotismo.
Em Lua Nova, o triângulo amoroso é completado pelo personagem Jacob Black, vivido por Taylor Lautner (Doze é Demais 2), num papel totalmente esdrúxulo e babaca. Aliás, o lobo, desta vez, roubou totalmente a cena do vampiro. Ao contrário do filme anterior, onde Jacob era uma personagem quase que sem importância.
Alguns nomes vieram a somar pontos ao projeto - senão somente eles. Apesar da pequena participação, Dakota Fanning (Heróis) deu um ar magistral à película. Outro que somou foi o ator Michael Sheen (Frost/Nixon), na pele do vilão Aro.
Outro ponto fraco são os efeitos visuais. Até metade do filme eles eram alternados. Mas daí em diante o que acontece é um show de bizarrice. Efeitos realmente porcos e que mereciam maior atenção da pós-produção - que parece não ter recebido o devido orçamento para uma boa execução da tarefa. Sem falar na maquiagem. Com o bisonho exemplo da peruca mal colocada no personagem Jacob.
Já a fotografia ficou acima da média. As elipses (mudanças temporais com efeito visual) são criativas e agradáveis. O responsável por isso foi o fotógrafo Javier Aguirresarobe (Vicky Cristina Barcelona).
Baseado no livro de Stephenie Meyer, Melissa Rosenberg (Ela Dança, Eu Danço) adaptou uma história fraquíssima, assim como em Crepúsculo, que também é de sua autoria. Como disse anteriormente, a plasticidade atrapalha de forma arrebatadora. Os diálogos são supérfluos e enchem a paciência com argumentos incabíveis e desnecessários. Até mesmo Malhação (programa da Rede Globo) é mais bem elaborado.
Mas não! A saga Crepúsculo é um sucesso! Somente na estreia já vendeu mais que O Exterminador do Futuro: A Salvação e Batman - O Cavaleiro das Trevas. Bateu muitos recordes de bilheteria. E por isso é O FILME (ou A FRANQUIA)! Poupem-me! A saga Crepúsculo não passa de - repito mais uma vez - pura plasticidade e joguinhos infantis, principalmente envolvendo sentimentos como amor e ódio.
Por fim, a imprensão que Lua Nova deixa é a de um filme que nunca engata. Que roda, roda e não sai do lugar. O longa não passa de uma mera ligação entre o primeiro e o terceiro capítulo da saga. E só. Talvez o principal erro tenha sido a mudança da diretora Catherine Hardwicke, que não pôde assumir este filme devido à incompatibilidade de agendas - é o que dizem.
Uma ótima surpresa nas telonas. Assim começo a falar sobre Código de Conduta. Apesar de ser estrelado por dois grandes nomes do cinema atual: Gerard Butler (300) e Jamie Foxx (Miami Vice), particularmente não botava muita fé neste longa. Mas, por outro lado, quando ocorre essa frustração positiva de expectativas é muito bom.
O diretor F. Gary Gray (O Outro Nome do Jogo) conseguiu, de maneira inteligente, conciliar o ótimo roteiro de Kurt Wimmer (Os Reis da Rua) com uma técnica apurada e ainda explorou ao máximo a capacidade de sua dupla principal - mas cá entre nós que Butler ofuscou Foxx.
Outros nomes, como os veteranos Colm Meaney (Nem Tudo é o que Parece) e Bruce McGill (Ponto de Vista), elevam ainda mais o projeto com interpretações impecáveis.
Uma trama bem entrelaçada e muito bem dosada, com tomadas de câmera fora de série e uma trilha totalmente em sintonia com as sequências. E os efeitos visuais? Ficaram acima da média. Várias cenas me fizeram lembrar o Dr. Hannibal Lecter.
Código de Conduta vale a pena ser visto e discutido, já que trata de assuntos como ética, corrupção e segurança - ainda que nos EUA.
Segundo o calendário dos Maias, o um grande desastre acontecerá em 2012, levando a humanidade à beira da extinção. Este é o argumento-base do novo filme do diretor, produtor e roteirista Roland Emmerich, que dirigiu filmes como Godzilla (1998), Independence Day (1996) e O Dia Depois de Amanhã (2004), entre outros.
É, o alemão (Emmerich) realmente gosta de histórias com grandes desastres colocando a extinção da humanidade sempre em evidência. O roteiro do longa - e põe longa nisso (o filme tem cerca de 2h30 de duração) - foi assinado por Emmerich em parceria com Harald Kloser (10,000 A.C.) e mais uma vez bate na tecla do fim do mundo - ou um transformação do mesmo - por um fator natural.
Desta vez, o argumento seria o alinhamento de astros que causaria mudanças bruscas no planeta Terra como o deslocamento dos pólos devido a uma atividade sísmica. Segundo os Maias, outro acontecimento desse só se repetiria daqui a 25 mil anos. Um roteiro medíocre - como a grande maioria de filmes de ficção científica -, mas que foi salvo pelas belíssimas sequências e locações.
Com um orçamento de US$ 260 milhões, o diretor, juntamente com a equipe de produção - liderada por Roland Emmerich, Larry J. Franco (Batman Begins) e Harald Kloser - fizeram efeitos visuais e sonoros de primeira linha, priorizando as cenas de perseguição, assim como nos filmes anteriores de Emmerich.
As atuações, em geral, são medianas, mas nada que atrapalhe o resultado geral do projeto. John Cusack (1408), Amanda Peet (De Repente é Amor), Woody Harrelson (Onde os Fracos Não Têm Vez), Danny Glover (Jogos Mortais), Thandie Newton (Crash - No Limite) e Oliver Platt (Frost/Nixon) são apenas alguns nomes do estrelado elenco.
Por fim, 2012 é uma grata surpresa e vai agradar aos fãs do gênero, além daqueles que vão em busca de um cinema-pipoca, ou seja, puro entretenimento e diversão. Discussões benéficas, que geram reflexões também são trazidos à tona. Assuntos como egocentrismo, ganância, abuso de poder, entre tantos outros, são tratados de forma implícita, porém significante. Isso é o que o fraco roteiro traz de bom.
A grande aposta da Walt Disney Pictures para o Natal chega às telonas recheada de tecnologia de ponta. Os Fantasmas de Scrooge é o primeiro longa da Disney lançado em IMAX 3D - formato de filme criado pela canadense IMAX Corporation que tem a capacidade de mostrar imagens muito maiores em tamanho e resolução do que os sistemas convencionais de exibição de filmes - e terceira adaptação para o cinema do consagrado livro Um Conto de Natal, de Charles Dickens.
O diretor Robert Zemeckis (A Lenda de Beowulf) apostou no talentoso Jim Carrey (Sim, Senhor!) para conduzir a história de velho senhor rabugento que não gosta do Natal por traumas da infância. E não é que deu certo?! Carrey, assim como todo o elenco, atuou com sensores ligados ao seu corpo captando movimentos para que posteriormente fossem transformados em animação.
Infelizmente o roteiro de Zemeckis não foi um dos atrativos do projeto. Com diálogos extensos e superficiais, a história perdeu um pouco daquela magia, devido à complexidade desnecessária de várias cenas. A duração de cerca de 1h30 pareceu ter 2h30.
Os Fantasmas de Scrooge encaixa-se perfeitamente à lista de animações de terror. Apesar de ter a classificação etária livre, o filme não agrada os pequenos e expõe mais uma forte jogada da poderosa Disney para não perder público e dinheiro. Vi muitas crianças com medo do filme e inquietas (além do normal) no momento da exibição.
Assim como 9-A Salvação, animação de Tim Burton recentemente lançada, Os Fantasmas de Scrooge é um filme bastante escuro. E outra: a tecnologia 3D precisa ser melhorada. O valor da entrada para assistir a um filme 3D é mais cara e o resultado não tem sido satisfatório, já que poucas cenas realmente nos passam a sensação tridimensional.
Um filme genérico. Essa é impressão que Os Fantasmas de Scrooge deixa. O personagem principal, Ebenezer Scrooge, é praticamente idêntico (fisicamente falando) ao protagonista de Desventuras em Série. Sem citar a tecnologia idêntica a O Expresso Polar.
Se existisse um gênero cinematográfico denominado como registro, This is It se encaixaria perfeitamente, já que o diretor Kenny Ortega (High School Musical 3 - Ano de Formatura) - que também era o diretor do novo show de Michael Jackson, com mesmo nome - teve como único trabalho editar e organizar as cenas.
O filme é resultado de 100 horas de filmagens dos bastidores do show e com o apoio da família Jackson. Foi mostrado o dia a dia dos últimos três meses de vida do cantor que ensaiava para sua nova turnê, começando por Londres.
Monótono e feito para fãs. São cerca de 110 minutos que demoram a passar. Interessante é que cartaz do longa diz "descubra o homem que você não conhecia". O que você imagina com isso? Que MJ é um cara humano e tal, certo?! Mas não se engane! Ao menos a minha concepção foi a de um homem perfeccionista, sistemático e um tanto quanto egocêntrico.
Apesar da forte campanha de publicidade, This is It dificilmente decolará, já que no boca a boca, o filme não ficou bem na fita. Ou seja, não agradou. A impressão é de que o diretor Ortega foi oportunista, aproveitando-se do falecimento de MJ para ganhar dinheiro. Posso estar errado, mas foi isso que percebi, já que This is It iria, inicialmente, ser lançado apenas em DVD.
O novo filme de Bruce Willis (Duro de Matar 4.0) chega aos cinemas brasileiros sem muitas pretensões. Isso porque a publicidade do mesmo foi mínima. Com um orçamento de cerca de US$ 80 milhões, a principal virtude de Substitutos é a pesada crítica à robotização do dia a dia dos seres humanos. Ainda assim, o roteiro é fraquíssimo e pouco explorado, considerando que o HQ é excelente!
O diretor Jonathan Mostow (O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas) expeliu o máximo que pôde de Willis, mas nem isso foi o bastante para que o longa saísse da mesmice. Essa é a segunda vez que Mostow e Willis trabalham juntos. O primeiro foi Pulp Fiction - Tempos de Violência.
A equipe de produção, formada por Max Handelman, David Hoberman (Com as Próprias Mãos) e Todd Lieberman (Motoqueiros Selvagens), fez um trabalho irregular. A maquiagem estava perfeita, já os efeitos visuais deixaram a desejar.
Pontos fortes: fotografia e trilha sonora. O diretor de fotografia, Oliver Wood (O Ultimato Bourne), fez bastante uso da grande angular, proporcionando tomadas magníficas. O repertório musical contou com poucas canções, mas que encaixaram-se perfeitamente às cenas. São elas: HiJacker, escrita por Deane Ogden e interpretada por Deane Ogden; e Skin Trade, escrita por Deane Ogden e interpretada por Deane Ogden.
Em suma, Substitutos não traz nada de novo, mas garante alguns momentos de entretenimento.
Lixo hollywoodiano. Isso é o que Distrito 9 é. Logicamente que como toda produção, o longa também tem pontos positivos (que falarei mais abaixo), mas não o bastante para salvar o projeto.
Como todo filme de ação/ficção dos Estados Unidos, Distrito 9 teria a obrigação de ter efeitos visuais incontestáveis. Infelizmente não tem. Apesar de contar com Peter Jackson (King Kong) à frente da equipe de produção, ficou evidente a alternância dos efeitos especiais. Não duvido da competência de Jackson, que fez ótimos trabalhos, como por exemplo, na saga O Senhor dos Anéis.
Tudo leva a crer que os cerca de US$ 30 milhões foram mal gastos, já que a pós-produção (efeitos visuais) mereceria maior atenção. Mas, por outro lado, as locações são satisfatórias e a maquiagem também contou pontos a favor da equipe de produção, que além de Jackson, também contou com Carolynne Cunningham (Um Olhar do Paraíso).
A história, escrita por Neill Blomkamp - que também é o diretor do filme - e Terri Tatchell, baseado no curta-metragem Alive in Jorburg (2005), idealiza uma futuro onde seres humanos e alienígenas vivessem lado a lado.
Mas a bizarrice começa quando esses ETs vivem e se comportam como humanos. Criam favelas, roubam, matam, têm sentimentos humanos e tudo mais. Para né?! Sabe aqueles filmes feitos para você amar ou odiar e não tem meio termo? Pois é, este é um desses.
Já a atuação de Sharlto Copley, que vive o protagonista Wikus, está muito bem e apesar de ser iniciante (apenas atuou em um curta-metragem antes de Distrito 9), é uma atração à parte e um dos poucos pontos positivos do projeto. Copley deu ao personagem carisma, coragem e afetividade, convencendo a plateia.
Blomkamp, o diretor, é sul-africano e viveu a infância durante o período do apartheid, que foi vagamente citado durante a trama. Em suma, Distrito 9 é um filme com argumentos incabíveis e que decepcionou bastante, devido principalmente aos efeitos visuais abaixo da média e uma história qualitativamente ínfima.
Matt Damon está muito diferente em O Desinformante. Diferente tanto no físico quanto na atuação. Mas uma coisa é certa: ele está muito bem! Saiu daquela mesmice de papéis limitados e plásticos de filmes de ação até então. E com certeza este é um trabalho que acrescenta, e muito, em sua carreira.
Mas não pensem que o filme é uma maravilha porque não é. O diretor Steven Soderbergh (Che) fez, junto ao roteirista Scott Z. Burns (O Ultimato Bourne) - que formulou a trama com base no livro de Kurt Eichenwald - um filme monótono e que dá voltas e voltas e não sai do lugar. Por outro lado, o diretor brinca com o espectador o tempo todo usando o protagonista para contar verdades e mentiras. E nós, do lado de cá da telona, nunca sabemos o que realmente o personagem está afirmando.
Essa frustração é algo que o diretor dominou muito bem, mas ainda assim não foi o bastante para resultar em um bom filme. Muito pelo contrário, O Desinformante será fazilmente esquecível. A não ser devido à película amarelada e à trilha sonora, que condiz ao humor negro da trama. Além da boa produção, com destaque para as locações e edição.
9 - A Salvação é um filme baseado no curta-metragem (de mesmo título), lançado em 2005 pelo mesmo diretor que o longa-metragem. Shane Acker é estreante e contou com o ótimo reforço de Tim Burton (A Noiva Cadáver) como produtor.
O fator principal que percebemos no roteiro de 9 - A Salvação é a crítica ao poder eclesiástico. A velha polêmica entre homens e máquinas está de volta numa roupagem original e diferente. A roteirista Pamela Pettler (A Casa Monstro), construiu uma trama bem armada e personagens carismáticos, lembrando vagamente os filmes Formiguinhaz e Vida de Inseto.
Cada boneco, em 9 - A Salvação, tem um tipo especial de abotoadura peitoral, de acordo com a sua personalidade: zíper, botões, linha etc. O protagonista é o revolucionário, por isso tem um zíper, que é algo mais moderno e funcional.
No elenco, o filme conta com vozes de Elijah Wood (voz do personagem 9), John C. Reilly (voz do personagem 5), Jennifer Connelly (voz do personagem 7), Crispin Glover (voz do personagem 6), Martin Landau (voz do personagem 2), Christopher Plummer (voz do personagem 1), Fred Tatasciore (voz do personagem 8), Helen Wilson (Voz do rádio).
Chamo a atenção de que 9 - A Salvação não é um filme para crianças. A trilha sonora pesada e o tom escuro da película são alguns pontos que comprovam isso. Por fim, este é um filme que não surpreende, mas tem suas qualidades como entretenimento.
Fenomenal. Com esta palavra inicio esta crítica. Quentin Tarantino, diretor estadunidense que fez filmes como Planeta Terror e À Prova de Bala, é o cara! E mais do que nunca ele mostrou que sabe fazer cinema como poucos diretores atualmente.
Bastardos Inglórios é o décimo trabalho na carreira do diretor e de longe, o melhor de todos. Qual o motivo de todo esse alarde? Tarantino conseguiu algo indescritível, mas que ainda assim tentarei definir em palavras: o filme é sério e engraçado ao mesmo tempo. Algo próximo à ironia e sarcasmo - se é que posso limitá-lo a estas palavras.
O roteiro, também escrito por Tarantino, traz diálogos extensos e profundos, elevando a qualidade da trama. O humor escachado, marca registrada do diretor, também está presente. Mas de forma bem dosada e que fez total diferença no resultado final da produção.
Uma atmosfera singular é formada por Bastardos Inglórios. É um filme cheio de contrastes e extremos, mas que em conjunto, formou uma obra cinematográfica magnífica.
Tarantino atingiu uma excelência (como diretor e roteirista) fora de série e brinca o tempo todo com seus personagens como se fossem fantoches - e na verdade são. A frustração que a plateia sente em várias cenas são recompensadas pela trilha sonora sem igual e pelas geniais tomadas de câmera.
Destaque para a primeira cena, bem ao estilo faroeste, em que o domínio da técnica é exibido sem pudores pelo audacioso diretor. E desde já, tal cena, torna-se uma das cenas mais marcantes de toda a história do cinema mundial.
Falando um pouco das atuações, Brad Pitt interpreta o Tenente Aldo Raine e apesar de ser o protagonista da história, limitou-se ao papel que lhe foi incumbido, numa atuação mediana.
Já a francesa Mélanie Laurent (Dias de Glória) e o austríaco Christoph Waltz (Angústia) são os destaques dentre o elenco. Laurent vive Shosanna Dreyfus, uma moça que teve a família exterminada por nazistas e quer se vingar a todo custo. Waltz interpreta o coronel alemão Hans Landa, mais conhecido como "caçador de judeus".
Brincar de fazer cinema, isso sim é o que Tarantino está fazendo. E muito bem! Bastardos Inglórios é um deleite para os amantes da sétima arte. Tanto que 2h36 de duração passa como se fosse a metade. Exageros à parte, esta é uma grandiosa película cinematográfica.
Tá Chovendo Hambúrguer, nova animação dos estúdios Disney, chega este final de semana com tudo aos cinemas de todo o Brasil após o sucesso de bilheteria nos Estados Unidos. O longa está há três semanas - desde a sua estreia - em primeiro lugar na terra do Tio Sam.
Com uma boa pitada de humor, Tá Chovendo Hambúrguer é um filme que agrada tanto crianças quanto adultos - algo comum em filmes do gênero atualmente. Sarcástico, irônico e inteligente, essas são algumas das qualidades do longa.
A técnica, por sua vez, é apuradíssima. A riqueza de detalhes é fora do normal. Ponto para a equipe de produção, encabeçada por Pam Marsden (Dinossauro) e Chris Juen. Este último tem muita experiência com efeitos visuais e tem no currículo filmes como O Expresso Polar (2004) e Tá Dando Onda (2007).
Mas por outro lado, infelizmente, Tá Chovendo Hambúrguer não tem um grande roteiro. A história, escrita por Phil Lord e Chris Miller, baseada no livro de Judi Barrett e Ron Barrett, deixou a desejar e não acompanhou o restante do projeto.
Apesar de a ideia ser original, a inexperiência da dupla de roteiristas - que escreveram para a série de TV: How I Met Your Mother - gerou uma trama que cansou o espectador principalmente devido às inúmeras redundâncias dos diálogos. Hora e meia a belíssima trilha sonora - quase toda composta por Mark Mothersbaugh (Nova York, Eu Te Amo) - aparecia, mas nem ela foi capaz de amenizar os efeitos colaterais da história.
O sentimento que ficou é que Tá Chovendo Hambúrguer é uma boa animação, mas não traz nada de novo. A dupla de diretores - que é a mesma de produtores - Phil Lord e Chris Miller fez um trabalho mediano, mas pecou pela falta de audácia tendo um tema tão original (chuva de comida) em mãos.
Ainda assim, Tá Chovendo Hambúrguer é um filme leve e gostoso de assistir, que garante bons momentos de entretenimento, mas que não será muito difícil de ser esquecido.
É claro que você já assistiu - ou ao menos ouviu falar sobre - produções canarinhas que ressaltam a violência. Alguns exemplos fortes e recentes são filmes como Cidade de Deus (2002) e Carandiru (2003). Ambos fizeram um tremendo sucesso nacional e internacionalmente, arrebatando bilheterias e críticas.
Salve Geral também frisa a tal violência. Mas se você está pensando que este é um filme batido e estereotipado, está muito enganado. O diretor Sergio Rezende (Zuzu Angel) encontrou uma maneira bastante inteligente para convencer a plateia de que a violência pode sim ser fruto da sociedade.
Ao invés de focar a trama no problema do sistema prisional e carcerário brasileiro, com suas máfias, corrupção etc., Rezende manipulou positivamente o público centrando a história em uma mãe desesperada, capaz de tudo para defender seu filho, preso em flagrante por assassinar uma jovem durante um racha.
A atriz Andréa Beltrão (Verônica) vive Lúcia e tem uma atuação forte e sem pudores. O realismo imposto por Beltrão foi fora de série e benéfico ao longa. Mas o destaque ficou mesmo com a atriz Denise Weinberg (Linha de Passe), na pele da advogada com apelido de Ruiva.
Esse sim pode-se dizer que é um papel que marcará a atriz pela vida inteira, tamanha intensidade de sua atuação e marcou porque sua personagem proporcionou uma dúvida cruel. Ora ela era antagonista, ora mocinha. Isso confundiu a cabeça do público, comprovando mais uma vez a perspicácia do diretor.
A equipe de produção, liderada por Joaquim Vaz de Carvalho (O Veneno da Madrugada), teve uma ótima desenvoltura. A fotografia e a trilha sonora foram pontos cruciais no auxílio às cenas. O roteiro, escrito por Patrícia Andrade (2 Filhos de Francisco) e por Sergio Rezende, é instigante e prende o espectador por conseguir mostrar, de forma dosada e coerente, o lado B da realidade do nosso país.
O etnocentrismo - visto na antropologia como indivíduos que tomam a sociedade em que vivem como a melhor e mais correta e desconhecem, muitas vezes, desmerecendo outros modos de vida, de pensamento, de cultura e religião - também foi usado por Rezende para mostrar o lado politicamente incorreto e as atitudes, muitas vezes tomadas como errôneas, de uma mãe em busca da liberdade e felicidade de seu filho, ainda que ele seja culpado.
A crítica aos governantes e à polícia também está presente e eleva ainda mais a qualidade da produção. Vale lembrar que Salve Geral foi pré-selecionado para concorrer a uma das cinco vagas dos filmes que disputam o Oscar de melhor filme estrangeiro na premiação de 2010. O longa foi baseado em fatos reais e estreia hoje no circuito nacional.
Evazivo, inútil, plástico, apelativo e esteriotipado. Essas palavras resumem bem Jogando com Prazer, filme que estreou na última sexta-feira, 25 de setembro, no circuito nacional.
O diretor David Mackenzie (Paixão Sem Limites) conseguiu fazer um longa totalmente sem nexo e baixo. O roteiro, assinado por Jason Hall, rebaixa ainda mais o projeto com diálogos esdrúxulos e uma apelação sexual sem sentido.
A produção fez a sua parte e contou com uma boa trilha sonora e locações que condizeram à proposta de entreter. A equipe, formada por produtores como Jason Goldberg (A Família da Noiva), Ashton Kutcher (Jogo de Amor em Las Vegas) - que também é o protagonista da história - e pelo veterano Peter Morgan (Heróis por Acidente), garantiu a qualidade quanto à riqueza de detalhes e não teve uma desenvoltura negativa.
Falando um pouco das atuações, Ashton Kutcher vive Nicki, um rapaz que chega à Los Angeles com o sonho de ter uma vida fácil com dinheiro, mulheres e carros esporte. Mas ao contrário do que se pensa com este mínimo resumo do personagem, Kutcher tenta ao máximo, mas não consegue sair da limitação imposta pelo roteiro.
Podia sim, ter sido muito melhor desenvolvido o tal personagem nicki, possibilitanto maior abertura a Kutcher - que já fez bons trabalhos como o excelente Efeito Borboleta - e assim rendendo mais, beneficiando o projeto como um todo. Mas não, isso não aconteceu. Menos um ponto para o diretor David Mackenzie.
Já as atrizes Anne Heche (Vida Louca) e Margarita Levieva (O Invisível), na pele de Samantha e Heather, respectivamente, só trouxeram mais plasticidade à película. Mas o contraste entre seus personagens foi algo benéfico à trama. Uma é loira, rica e estudada; a outra é morena, pobre e corajosa. E o jovem e ambicioso Nicki na indecisão entre uma vida rica financeiramente e o amor da vida dele.
Então é isso. Jogando com Prazer pode, talvez, ser definido como um neo-porno-cult, que não acresenta em nada. São cerca de 90 minutos de rostos e corpos estonteantes sem conteúdo algum. Um filme que, sinceramente, não devia nem ter sido feito.
Está de volta aos cinemas uma das duplas mais atrapalhadas - e engraçadas - do Brasil. Vani e Rui, interpretados por Fernanda Torres (A Mulher Invisível) e Luís Fernando Guimarães (O Que é Isso, Companheiro?) reaparecem neste segundo capítulo, intitulado Os Normais 2 - A Noite Mais Maluca de todas.
Infelizmente, já digo de cara, a continuação ficou muito aquém do esperado, pois o primeiro longa é muito satisfatório e ficou bem acima deste. Indico dois culpados diretos pelo não sucesso qualitativo: o roteiro é chato, apelativo, monótono, machista e esteriotipado; e o uso excessivo de cromaqui - que é a gravação em estúdio com a inserção de ambientes ao fundo na pós-produção por computador.
O diretor José Alvarenga Jr. (Zoando na TV), o mesmo do filme antecessor, pecou ao creditar o filme apenas na dupla - que por sinal está muito bem e se não fosse por eles, o desastre teria sido bem maior - e esqueceu de produzir bem o projeto. Tudo muito fraco. Trilha sonora, detalhes, fotografia, locações e até mesmo os figurantes.
Pra resumir, em Os Normais 2 a coisa desandou e não acredito que haverá um terceiro capítulo para a série que migrou da TV para o cinema. Um filme desnecessário e grosseiro.
Comédia romântica sexualmente extrema e feminista. Assim pode ser definido o filme do diretor Robert Luketic (Quebrando a Banca). Mas não é só de sexo que o roteiro, assinado por Karen McCullah Lutz (Ela é o Cara) e Kirsten Smith (Legalmente Loira), fala.
Assuntos saturados e sempre existentes em filmes do gênero, como comportamento e relacionamentos amorosos são os pilares da história sim! Mas por outro lado, há discussões interessantes sobre profissionalismo. Principalmente na relação jornalismo x audiência e qualidade da informação. E ainda, debates mais aprofundados podem ser gerados sobre ética e autosatisfação profissional e pessoal.
Todos esses temas fazem de A Verdade Nua e Crua uma bela surpresa das telonas. Com temas atuais e diálogos pra lá de positivos - qualitativamente falando - o filme ainda conta com uma produção acima da média, com boa fotografia, trilha sonora bem casada às cenas e locações satisafatórias.
A harmonia entre os protagonistas é outro ponto que vale ser ressaltado. Katherine Heigl (Vestida Para Casar), na pele da produtora de TV Abby Richter e Gerard Butler (300), como o conselheiro amoroso Mike Alexander, formaram uma bel dupla, fazendo a plateia rir, se emocionar e até mesmo embaraçar-se.
A Verdade Nua e Crua deve ser visto por casais ou pessoas solteiras. O que vale é a boa diversão que o filme proporciona em cerca de 1h30 de duração.
Invictus
3.8 805 Assista AgoraAparthaeid é o tema principal do filme e Clint Eastwood (Gran Torino) - diretor - usou sabiamente o rugby como ferramenta para comover o público e, de maneira maestral, conseguiu unir uma trilha sonora com atuações acima da média. Morgan Freeman (Seven - Os Sete Crimes Capitais) está excelente. Já Matt Damon (Os Infiltrados) está bem, mas seu personagem não lhe deu muito espaço, já que a intenção de Clint Eastwood era promover o espírito de equipe e a união das cores (brancos e negros) - outro motivo para usar o rugby, que é um esporte coletivo.
A fotografia e a edição são outros atrativos à parte e que fizeram com que a equipe de produção somasse pontos ao projeto. E o figurino?! Ao final do filme, são mostradas fotos da época. Aí sim vemos como as roupas do longa são fiéis. Um trabalho e tanto da equipe.
A riqueza de detalhes é o que mais chama a atenção neste filme, que comprova como Clint é eclético como diretor de cinema e ainda tem muito ao que mostrar. Invictus é um filme memorável!
Sherlock Holmes
3.8 2,2K Assista AgoraUm show man. Isso é o que o diretor Guy Ritchie (RocknRolla - A Grande Roubada) fez com o famoso personagem da literatura mundial, Sherlock Holmes. Conhecido por sua perspicácia em resolver casos policiais, Holmes foi transformado num herói de ação, que luta, discute e gosta de aparecer.
Por outro lado, o ator Robert Downey Jr. encaixou-se perfeitamente ao personagem, assim como em seu filme antecessor (Homem de Ferro). Numa atuação acima da média, Downey Jr. esteve bem, mas não foi o melhor. Quem roubou a cena desta vez foi Jude Law (Alfie - O Sedutor) na pele do Dr. Watson, numa interpretação fora do comum e muito boa.
Os efeitos visuais são medianos. Não chegaram a estragar o filme, mas deveriam ter tido uma atenção maior por parte da equipe de produção, já que o projeto foi orçado em cerca de 90 milhões de dólares.
O roteiro, por sua vez, é intrigante. Apesar de vários momentos forçados e alguns diálogos desnecessários, a história foi muito bem estruturada. Mas nada que empolgue um bom amante da sétima arte, que viu nada mais que um show de imagens facilmente esquecíveis.
Infelizmente esperava um filme mais bem organizado e com detalhes mais bem arranjados. Mas só vi boas atuações. Uma lástima. Ainda assim, Sherlock Holmes cumpre a sua proposta de entretenimento temporário.
Onde Vivem os Monstros
3.8 2,4K Assista AgoraUm filme diferente, porém confuso. Assim pode ser definido Onde Vivem os Monstros. A maior prova de toda essa confusão, principalmente de roteiro, foi a má organização por trás das câmeras.
A Warner Bros e o diretor Spike Jonze (Quero Ser John Malkovich) se desentenderam porque a produtora esperara um filme de cunho muito mais familiar. Em 2008 o estúdio ordenou que cenas extras fossem rodadas, dando mais tempo e dinheiro para que Jonze fizesse as modificações necessárias, atrasando a estreia do longa.
Spike Jonze, ao lado de Dave Eggers, escreveram, baseado no livro de Maurice Sendak, uma história cativante, porém monótona. Mas os pontos em destaque foram mesmo da equipe de produção. Os efeitos visuais e sonoros garantem um ótimo entretenimento, com uma trilha sonora tocante e suave.
A fotografia também somou pontos com muito uso de close e ao lado das ótimas locações, causou um impacto visual deslumbrantes. Pra completar, o figurino, criado por The Jim Henson Company - que também criou os Muppets -, trouxe às telonas, personagens gigantescos e que seduziram a plateia.
As atuações, por sua vez, são todas magníficas. Desde o pequeno Max, vivido por Max Records (Vigaristas), passando por Catherine Keener (Sinédoque, Nova York), como Connie; Steve Mouzakis (Presságio), como senhor Elliot e Paul Dano (Pequena Miss Sunshine), como Alexander.
Por fim, Onde Vivem os Monstros é um filme muito bonito e único, não feito para crianças, porém egocêntrico.
Lula, o Filho do Brasil
2.7 1,1K Assista AgoraApós muita expectativa e algumas remarcações de estreia, Lula, o Filho do Brasil (enfim) chegou aos cinemas. As acusações de que o diretor Fábio Barreto (O Quatrilho) estaria promovendo campanha política para o presidente caem quando o mesmo (Fábio Barreto) resolve mostrar apenas a vida de Lula antes da política - ou quase antes, já que o sindicato é uma organização política.
Pois bem, falando das atuações... quem rouba (literalmente) a cena é a mãe de Lula, Dona Lindu, que além de ter um papel fundamental na vida do mesmo ainda contou com a brilhante atuação de Glória Pires (Se Eu Fosse Você). Fica evidente que o filme é uma homenagem a ela.
Outro que está bem é o ator Milhem Cortaz (Tropa de Elite), que vive o pai de Lula, Aristides, numa interpretação forte e marcante. Já Rui Ricardo Dias, estreante nos cinemas e protagonista do longa, tem uma passagem tímida e limitada. Assim como a fraca Cléo Pires (Meu Nome Não é Johnny), como Lurdes - primeira mulher de Lula.
O roteiro, assinado por Fernando Bonassi (Cazuza - O Tempo Não Para) e Daniel Tendler (Nossa Senhora de Caravaggio), baseado no livro de Denise Paraná, é manipulador e contém várias sequências desnecessárias. Além de cenas que forçam a barra, como a que o Lula perde seu dedo mindinho da mão esquerda em uma prensa.
Lula, o Filho do Brasil conta com uma equipe de produção ruim, que desempenhou um trabalho rebaixante junto à fraca edição. Filme extenso, plástico e com um melodrama apelativo. Tudo isso evidenciou a força de contrato. Mas por outro lado, não posso deixar de citar a belíssima fotografia e o ótimo figurino.
Em suma, um filme fraco e redundante. Sem mais.
Alvin e os Esquilos 2
2.8 676 Assista AgoraOlha as férias aí! E junto com elas aparecem uma gama de filmes infantis nos cinemas. É neste contexto que dia 8 de janeiro estreia Alvin e os Esquilos 2.
Mesmo após o sucesso de bilheteria do primeiro filme com Tim Hill (Garfield 2) como diretor, a Fox Film resolveu substituí-lo por Betty Thomas (Dr. Dolittle). E não é que ela se saiu muito bem e conseguiu superar o filme antecessor?!
O fator determinante para tal sucesso foi, além de outros pontos é claro, a criação da versão feminina dos protagonistas Alvin, Theodore e Simon. Chamadas de Esquiletes, o trio feminino trouxe charme, glamour e sutileza à história, elevando a qualidade da película em relação ao primeiro filme.
Aproveitando para falar da produção, o longa tem trilha sonora atual e agradável com canções animadas e que contagiam a plateia, além de casar muito bem com as cenas. O som também é de primeira e auxiliou muito bem as sequências, principalmente as de ação. Os efeitos visuais são alternados, mas satisfatórios.
Um filme totalmente pop, com cores variadas, músicas da temporada e lances de câmera benéficos que cumpre a proposta de diversão para crianças e torna-se, desde já, uma ótima pedida para as férias da garotada.
Avatar
3.6 4,5K Assista AgoraEsqueçam todos os filmes 3D que vocês já assistiram no cinema! Avatar veio para romper barreiras e inovar (ou renovar) o mundo cinematográfico com tecnologia 3D de ponta.
Com mais de 300 milhões de dólares de investimento, James Cameron (Titanic) fez o filme mais caro da história. E ninguém menos que ele - após calar a boca de vários empresários do ramo com Titanic (1997) - merece voltar com tudo. E não é que Avatar já está agradando críticos de todo o planeta?!
Muita cor, música e magia. Assim é Avatar. Um filme cheio de encanto e que seduz a plateia durante todos os seus 150 minutos de duração - nem parece que é tudo isso. Com uma trilha sonora que lembra os filmes da Disney, Avatar desenrola-se de forma natural e única com base na trama entre seres humanos e os Na'vi, um tipo de raça humanóide que vê seu planeta sendo invadido para exploração do solo, rico em um mineral bastante valioso.
O roteiro, também assinado por Cameron, é atual e dá um grito de socorro em defesa do meio ambiente. Apesar da história se passar no ano de 2154, os temas condizem com os problemas do presente e servem para alertar a população da Terra ante o auto-extermínio.
Apesar de toda essa ambiguidade benéfica, a história central é boba e tem como agentes centrais um casal que busca salvar o povo nativo da destruição em massa. A imprensão é que o tempo todo vemos algo genérico. Infelizmente.
Mas, por outro lado, o show visual garante o ingresso e com certeza marca esta produção como uma verdadeira divisão de águas entre os filmes com tecnologia 3D. Até mesmo as legendas, raras em filmes 3D, agradaram.
Sim, Cameron fez um ótimo investimento em Avatar e consegue, mais uma vez, conquistar o público com um filme mágico, marcante e imperdível. Fica uma ótima sensação de "quero mais".
Abraços Partidos
3.9 661Mais uma vez Pedro Almodóvar (Volver) apresenta uma obra cinematográfica complexa. Com cores contrastantes e uma trilha sonora sem igual, o espanhol coloca em xeque várias emoções humanamente contraditórias. Amor e ódio, perdão e vingança, beleza e estranheza, escuridão e luz, dentre outras.
Abraços Partidos traz de volta Penélope Cruz (Vicky Cristina Barcelona), a eterna musa de Almodóvar, que mais uma vez mostra sensualidade e versatilidade. Na pele de Lena, uma mulher que convive entre a doença terminal do pai e uma trama amorosa complexa, Cruz comprova o porquê do favoritismo do diretor.
Por outro lado, Lluís Homar (Caótica Ana) deu vida de forma natural e magnífica ao personagem Mateo Blanco, um diretor de cinema que se envolve com Lena e muda o nome após uma reviravolta em sua vida. Chamando-se Harry Caine - dizem que o nome é uma homenagem ao ator Michael Caine, que trabalhou com o imortal Hitchcock, e, que por sua vez, é um dos ídolos de Almodóvar. Ou seja, essas são apenas duas grandes atuações, que garantem um ótimo resultado final ao projeto.
O roteiro, também assinado por Almodóvar, envolve o espectador de tal forma que agrada até nos pontos baixos. Os diálogos são bem estruturados e amarram-se de maneira eclética, garantindo um tom todo especial ao romance trágico - especialidade do diretor.
Os personagens são uma atração à parte. Marcantes e comuns, assim defino-os. A fotografia e a edição são outros pontos fortes da produção. As sequências agradam pela bela montagem e locações. A equipe de produção, liderada por Esther García (A Vida Secreta das Palavras), garantiu um ótimo resultado, principalmente falando do visual da película.
O título é explicado pela cena em que Lena e Mateo aparecem abraçados ao assistir Viagem à Itália, um filme de Rossellini - diretor e roteirista italiano -, que mostra um casal fazendo uma excursão por escavações na Pompeia e que em determinado momento funcionários desenterram um casal, que morreram abraçados, mas eternizados pelas lavas de um vulcão.
Com um toque de cinema noir, Abraços Partidos mostra-se completo, abstrato, confuso, tenso e denso. Mas tudo isso feito intencionalmente por um dos maiores cineastas da atualidade. A ambiguidade toma conta do filme o tempo inteiro. Desde as frases de efeitos ao filme feito dentro do filme. E por fim, as eternas escadas de Almodóvar. Segundo o diretor, um recurso simples, barato e eficaz.
Um filme que traz reflexos e deixa a afirmação final no ar: "Um filme precisa ser concluído ainda que às cegas". Isso sim é cinema. Algo que faz o espectador ativo, ainda que sentado em uma poltrona.
Atividade Paranormal
2.9 2,7K Assista AgoraSe você não gosta de fantasmas ou tem medo de assombração, passe longe de Atividade Paranormal. O filme já é, desde já, um dos maiores sucessos de investimento da história do cinema dentre longas do gênero.
Com uma campanha de marketing bem eficaz, Atividade Paranormal não é sucesso apenas de bilheteria. O longa também cumpre, de forma magistral, a proposta de suspense-terror sem sustos oriundos pelos clichês: som alto e movimentos bruscos de câmera.
Mas vale lembrar que Atividade Paranormal também tem esses dois - digamos - instrumentos de susto. Mas o que mais chama a atenção é a atmosfera de tensão que o filme consegue gerar com base em argumentos convincentes e bem amarrados, balançando até o mais incrédulo dos humanos - em relação a assuntos abstratos.
Além dessa tensão, o estreante diretor e roteirista Oren Peli - que na verdade é programador de vídeo-game - "brincou", de forma positiva, com os sentimentos da plateia, gerando também uma frustração a quem assistia a seu filme. Aos poucos Peli foi aumentando a intensidade da história, fazendo com que o público nem ao menos piscasse.
A história fala sobre um casal jovem de namorados que vivem juntos e que está sendo incomodado por algum efeito paranormal na casa nova. A jovem diz ser assombrada desde os 8 anos de idade. Nisso, o rapaz decide comprar uma câmera de vídeo e gravar o dia a dia (e também noites) da vida deles para documentar essas atividades paranormais.
A dupla de protagonistas Kate e Micah, vividos por Katie Featherston e Micah Sloat (também inexperientes), garantiu ótimas atuações e elevaram ainda mais a qualidade do longa. Detalhe: os personagens têm nomes iguais aos dos atores.
Por falar em atuações, vale lembrar que Atividade Paranormal teve apenas 11 atores atuando em um ínfimo orçamento de US$ 11 mil - provenientes do bolso do diretor. Sem falar que o filme foi totalmente rodado na casa de Oren Peli (diretor).
Mas por que Atividade Paranormal causa medo? A resposta é simples! Temos muito mais pavor de coisas que não vemos àquelas que estão ao alcance da nossa visão. Por isso tanta gente tem medo de escuro. Ao invés de monstros, o medo é psicológico. Você não vê nada, mas sabe que ali tem algo. E assim, de forma inteligente, Atividade Paranormal "ataca". Causando um medo diferente, de acordo com a recepção que cada pessoa tem do filme, levando em consideração a sua formação cultural, religiosa, dentre outras.
Se fosse pra definir Atividade Paranormal em apenas uma palavra, seria "tenso". E apesar de contar com direção e elenco inexperientes, o filme teve um ótimo resultado final. Destaque para a câmera solta, que tornou-se um personagem da trama, inserindo o espectador dando maior realismo, garantindo um suspense-terror de qualidade. Ótima surpresa!
Julie & Julia
3.6 1,1K Assista AgoraSabe aqueles filmes positivistas que elevam a moral de qualquer um que assista? Pois é, Julie & Julia é assim. Com cenas sempre baseadas em cores e constastes fortes, com o auxílio de uma bela fotografia e tomadas de câmera geniais, o longa seduz a plateia e agrada visualmente.
A trilha sonora é outra atração à parte. Canções como Stop the Train, Mes Emmerdes e Psycho Killer garantem um ótimo ritmo e desenrolar das sequências. As transições e o "vai e vem" da história são colocados de maneira tão agradável e leve que mantém o espectador atento.
Já o roteiro, escrito por Nora Ephron (A Feiticeira), que também é a diretora, tem muitas falhas. Os diálogos extensos e desnecessários, como as inúmeras discussões de relacionamento, acabam encobrindo bastante a beleza - digamos natural - da história, que na verdade é o carro chefe da trama (ou pelo menos era pra ser).
Quanto às atuações, tanto a experiente Meryl Streep (Dúvida) quanto a bela Amy Adams (Uma Noite no Museu 2), estão muito bem. Outros que se destacaram foram Stanley Tucci (O Diabo Veste Prada) e Chris Messina (O Melhor Amigo da Noiva).
Mas por outro lado, o filme desgasta-se e acaba cansado devido às inúmeras cenas desnecessárias como, por exemplo, as inúmeras discussões de relacionamento e alguns diálogos extensos além da conta.
A Saga Crepúsculo: Lua Nova
2.6 2,6K Assista AgoraApós o estrondoso sucesso de Crepúsculo, a saga - que leva o mesmo nome - está de volta às telonas. O casal Edward e Bella continua com as mesmas caras e bocas - sim! A dupla de mocinhos tem uma faceta apenas. Somente isso já define as atuações de Robert Pattinson (Feira das Vaidades) e Kristen Stewart (Jumper) como medíocres e totalmente plásticas.
O diretor Chris Weitz (A Bússola de Ouro) joga muito bem com a plateia, manipulando-a com cenas dosadas e um toque de semi-ação. Ou seja, toda sequência de ação é interrompida por algum fator - digamos - externo. Isso, particularmente, me deixou bastante irritado. Já os adolescentes (público-alvo da franquia), mais uma vez ficaram de queixo caído com as inúmeras cenas de sensualidade e erotismo.
Em Lua Nova, o triângulo amoroso é completado pelo personagem Jacob Black, vivido por Taylor Lautner (Doze é Demais 2), num papel totalmente esdrúxulo e babaca. Aliás, o lobo, desta vez, roubou totalmente a cena do vampiro. Ao contrário do filme anterior, onde Jacob era uma personagem quase que sem importância.
Alguns nomes vieram a somar pontos ao projeto - senão somente eles. Apesar da pequena participação, Dakota Fanning (Heróis) deu um ar magistral à película. Outro que somou foi o ator Michael Sheen (Frost/Nixon), na pele do vilão Aro.
Outro ponto fraco são os efeitos visuais. Até metade do filme eles eram alternados. Mas daí em diante o que acontece é um show de bizarrice. Efeitos realmente porcos e que mereciam maior atenção da pós-produção - que parece não ter recebido o devido orçamento para uma boa execução da tarefa. Sem falar na maquiagem. Com o bisonho exemplo da peruca mal colocada no personagem Jacob.
Já a fotografia ficou acima da média. As elipses (mudanças temporais com efeito visual) são criativas e agradáveis. O responsável por isso foi o fotógrafo Javier Aguirresarobe (Vicky Cristina Barcelona).
Baseado no livro de Stephenie Meyer, Melissa Rosenberg (Ela Dança, Eu Danço) adaptou uma história fraquíssima, assim como em Crepúsculo, que também é de sua autoria. Como disse anteriormente, a plasticidade atrapalha de forma arrebatadora. Os diálogos são supérfluos e enchem a paciência com argumentos incabíveis e desnecessários. Até mesmo Malhação (programa da Rede Globo) é mais bem elaborado.
Mas não! A saga Crepúsculo é um sucesso! Somente na estreia já vendeu mais que O Exterminador do Futuro: A Salvação e Batman - O Cavaleiro das Trevas. Bateu muitos recordes de bilheteria. E por isso é O FILME (ou A FRANQUIA)! Poupem-me! A saga Crepúsculo não passa de - repito mais uma vez - pura plasticidade e joguinhos infantis, principalmente envolvendo sentimentos como amor e ódio.
Por fim, a imprensão que Lua Nova deixa é a de um filme que nunca engata. Que roda, roda e não sai do lugar. O longa não passa de uma mera ligação entre o primeiro e o terceiro capítulo da saga. E só. Talvez o principal erro tenha sido a mudança da diretora Catherine Hardwicke, que não pôde assumir este filme devido à incompatibilidade de agendas - é o que dizem.
Código de Conduta
4.0 1,8K Assista AgoraUma ótima surpresa nas telonas. Assim começo a falar sobre Código de Conduta. Apesar de ser estrelado por dois grandes nomes do cinema atual: Gerard Butler (300) e Jamie Foxx (Miami Vice), particularmente não botava muita fé neste longa. Mas, por outro lado, quando ocorre essa frustração positiva de expectativas é muito bom.
O diretor F. Gary Gray (O Outro Nome do Jogo) conseguiu, de maneira inteligente, conciliar o ótimo roteiro de Kurt Wimmer (Os Reis da Rua) com uma técnica apurada e ainda explorou ao máximo a capacidade de sua dupla principal - mas cá entre nós que Butler ofuscou Foxx.
Outros nomes, como os veteranos Colm Meaney (Nem Tudo é o que Parece) e Bruce McGill (Ponto de Vista), elevam ainda mais o projeto com interpretações impecáveis.
Uma trama bem entrelaçada e muito bem dosada, com tomadas de câmera fora de série e uma trilha totalmente em sintonia com as sequências. E os efeitos visuais? Ficaram acima da média. Várias cenas me fizeram lembrar o Dr. Hannibal Lecter.
Código de Conduta vale a pena ser visto e discutido, já que trata de assuntos como ética, corrupção e segurança - ainda que nos EUA.
2012
2.6 3,3K Assista AgoraSegundo o calendário dos Maias, o um grande desastre acontecerá em 2012, levando a humanidade à beira da extinção. Este é o argumento-base do novo filme do diretor, produtor e roteirista Roland Emmerich, que dirigiu filmes como Godzilla (1998), Independence Day (1996) e O Dia Depois de Amanhã (2004), entre outros.
É, o alemão (Emmerich) realmente gosta de histórias com grandes desastres colocando a extinção da humanidade sempre em evidência. O roteiro do longa - e põe longa nisso (o filme tem cerca de 2h30 de duração) - foi assinado por Emmerich em parceria com Harald Kloser (10,000 A.C.) e mais uma vez bate na tecla do fim do mundo - ou um transformação do mesmo - por um fator natural.
Desta vez, o argumento seria o alinhamento de astros que causaria mudanças bruscas no planeta Terra como o deslocamento dos pólos devido a uma atividade sísmica. Segundo os Maias, outro acontecimento desse só se repetiria daqui a 25 mil anos. Um roteiro medíocre - como a grande maioria de filmes de ficção científica -, mas que foi salvo pelas belíssimas sequências e locações.
Com um orçamento de US$ 260 milhões, o diretor, juntamente com a equipe de produção - liderada por Roland Emmerich, Larry J. Franco (Batman Begins) e Harald Kloser - fizeram efeitos visuais e sonoros de primeira linha, priorizando as cenas de perseguição, assim como nos filmes anteriores de Emmerich.
As atuações, em geral, são medianas, mas nada que atrapalhe o resultado geral do projeto. John Cusack (1408), Amanda Peet (De Repente é Amor), Woody Harrelson (Onde os Fracos Não Têm Vez), Danny Glover (Jogos Mortais), Thandie Newton (Crash - No Limite) e Oliver Platt (Frost/Nixon) são apenas alguns nomes do estrelado elenco.
Por fim, 2012 é uma grata surpresa e vai agradar aos fãs do gênero, além daqueles que vão em busca de um cinema-pipoca, ou seja, puro entretenimento e diversão. Discussões benéficas, que geram reflexões também são trazidos à tona. Assuntos como egocentrismo, ganância, abuso de poder, entre tantos outros, são tratados de forma implícita, porém significante. Isso é o que o fraco roteiro traz de bom.
Os Fantasmas de Scrooge
3.6 577 Assista AgoraA grande aposta da Walt Disney Pictures para o Natal chega às telonas recheada de tecnologia de ponta. Os Fantasmas de Scrooge é o primeiro longa da Disney lançado em IMAX 3D - formato de filme criado pela canadense IMAX Corporation que tem a capacidade de mostrar imagens muito maiores em tamanho e resolução do que os sistemas convencionais de exibição de filmes - e terceira adaptação para o cinema do consagrado livro Um Conto de Natal, de Charles Dickens.
O diretor Robert Zemeckis (A Lenda de Beowulf) apostou no talentoso Jim Carrey (Sim, Senhor!) para conduzir a história de velho senhor rabugento que não gosta do Natal por traumas da infância. E não é que deu certo?! Carrey, assim como todo o elenco, atuou com sensores ligados ao seu corpo captando movimentos para que posteriormente fossem transformados em animação.
Infelizmente o roteiro de Zemeckis não foi um dos atrativos do projeto. Com diálogos extensos e superficiais, a história perdeu um pouco daquela magia, devido à complexidade desnecessária de várias cenas. A duração de cerca de 1h30 pareceu ter 2h30.
Os Fantasmas de Scrooge encaixa-se perfeitamente à lista de animações de terror. Apesar de ter a classificação etária livre, o filme não agrada os pequenos e expõe mais uma forte jogada da poderosa Disney para não perder público e dinheiro. Vi muitas crianças com medo do filme e inquietas (além do normal) no momento da exibição.
Assim como 9-A Salvação, animação de Tim Burton recentemente lançada, Os Fantasmas de Scrooge é um filme bastante escuro. E outra: a tecnologia 3D precisa ser melhorada. O valor da entrada para assistir a um filme 3D é mais cara e o resultado não tem sido satisfatório, já que poucas cenas realmente nos passam a sensação tridimensional.
Um filme genérico. Essa é impressão que Os Fantasmas de Scrooge deixa. O personagem principal, Ebenezer Scrooge, é praticamente idêntico (fisicamente falando) ao protagonista de Desventuras em Série. Sem citar a tecnologia idêntica a O Expresso Polar.
This Is It
3.8 592 Assista AgoraSe existisse um gênero cinematográfico denominado como registro, This is It se encaixaria perfeitamente, já que o diretor Kenny Ortega (High School Musical 3 - Ano de Formatura) - que também era o diretor do novo show de Michael Jackson, com mesmo nome - teve como único trabalho editar e organizar as cenas.
O filme é resultado de 100 horas de filmagens dos bastidores do show e com o apoio da família Jackson. Foi mostrado o dia a dia dos últimos três meses de vida do cantor que ensaiava para sua nova turnê, começando por Londres.
Monótono e feito para fãs. São cerca de 110 minutos que demoram a passar. Interessante é que cartaz do longa diz "descubra o homem que você não conhecia". O que você imagina com isso? Que MJ é um cara humano e tal, certo?! Mas não se engane! Ao menos a minha concepção foi a de um homem perfeccionista, sistemático e um tanto quanto egocêntrico.
Apesar da forte campanha de publicidade, This is It dificilmente decolará, já que no boca a boca, o filme não ficou bem na fita. Ou seja, não agradou. A impressão é de que o diretor Ortega foi oportunista, aproveitando-se do falecimento de MJ para ganhar dinheiro. Posso estar errado, mas foi isso que percebi, já que This is It iria, inicialmente, ser lançado apenas em DVD.
Substitutos
3.2 578 Assista AgoraO novo filme de Bruce Willis (Duro de Matar 4.0) chega aos cinemas brasileiros sem muitas pretensões. Isso porque a publicidade do mesmo foi mínima. Com um orçamento de cerca de US$ 80 milhões, a principal virtude de Substitutos é a pesada crítica à robotização do dia a dia dos seres humanos. Ainda assim, o roteiro é fraquíssimo e pouco explorado, considerando que o HQ é excelente!
O diretor Jonathan Mostow (O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas) expeliu o máximo que pôde de Willis, mas nem isso foi o bastante para que o longa saísse da mesmice. Essa é a segunda vez que Mostow e Willis trabalham juntos. O primeiro foi Pulp Fiction - Tempos de Violência.
A equipe de produção, formada por Max Handelman, David Hoberman (Com as Próprias Mãos) e Todd Lieberman (Motoqueiros Selvagens), fez um trabalho irregular. A maquiagem estava perfeita, já os efeitos visuais deixaram a desejar.
Pontos fortes: fotografia e trilha sonora. O diretor de fotografia, Oliver Wood (O Ultimato Bourne), fez bastante uso da grande angular, proporcionando tomadas magníficas. O repertório musical contou com poucas canções, mas que encaixaram-se perfeitamente às cenas. São elas: HiJacker, escrita por Deane Ogden e interpretada por Deane Ogden; e Skin Trade, escrita por Deane Ogden e interpretada por Deane Ogden.
Em suma, Substitutos não traz nada de novo, mas garante alguns momentos de entretenimento.
Distrito 9
3.7 2,0K Assista AgoraLixo hollywoodiano. Isso é o que Distrito 9 é. Logicamente que como toda produção, o longa também tem pontos positivos (que falarei mais abaixo), mas não o bastante para salvar o projeto.
Como todo filme de ação/ficção dos Estados Unidos, Distrito 9 teria a obrigação de ter efeitos visuais incontestáveis. Infelizmente não tem. Apesar de contar com Peter Jackson (King Kong) à frente da equipe de produção, ficou evidente a alternância dos efeitos especiais. Não duvido da competência de Jackson, que fez ótimos trabalhos, como por exemplo, na saga O Senhor dos Anéis.
Tudo leva a crer que os cerca de US$ 30 milhões foram mal gastos, já que a pós-produção (efeitos visuais) mereceria maior atenção. Mas, por outro lado, as locações são satisfatórias e a maquiagem também contou pontos a favor da equipe de produção, que além de Jackson, também contou com Carolynne Cunningham (Um Olhar do Paraíso).
A história, escrita por Neill Blomkamp - que também é o diretor do filme - e Terri Tatchell, baseado no curta-metragem Alive in Jorburg (2005), idealiza uma futuro onde seres humanos e alienígenas vivessem lado a lado.
Mas a bizarrice começa quando esses ETs vivem e se comportam como humanos. Criam favelas, roubam, matam, têm sentimentos humanos e tudo mais. Para né?! Sabe aqueles filmes feitos para você amar ou odiar e não tem meio termo? Pois é, este é um desses.
Já a atuação de Sharlto Copley, que vive o protagonista Wikus, está muito bem e apesar de ser iniciante (apenas atuou em um curta-metragem antes de Distrito 9), é uma atração à parte e um dos poucos pontos positivos do projeto. Copley deu ao personagem carisma, coragem e afetividade, convencendo a plateia.
Blomkamp, o diretor, é sul-africano e viveu a infância durante o período do apartheid, que foi vagamente citado durante a trama. Em suma, Distrito 9 é um filme com argumentos incabíveis e que decepcionou bastante, devido principalmente aos efeitos visuais abaixo da média e uma história qualitativamente ínfima.
O Desinformante!
2.9 232 Assista AgoraMatt Damon está muito diferente em O Desinformante. Diferente tanto no físico quanto na atuação. Mas uma coisa é certa: ele está muito bem! Saiu daquela mesmice de papéis limitados e plásticos de filmes de ação até então. E com certeza este é um trabalho que acrescenta, e muito, em sua carreira.
Mas não pensem que o filme é uma maravilha porque não é. O diretor Steven Soderbergh (Che) fez, junto ao roteirista Scott Z. Burns (O Ultimato Bourne) - que formulou a trama com base no livro de Kurt Eichenwald - um filme monótono e que dá voltas e voltas e não sai do lugar.
Por outro lado, o diretor brinca com o espectador o tempo todo usando o protagonista para contar verdades e mentiras. E nós, do lado de cá da telona, nunca sabemos o que realmente o personagem está afirmando.
Essa frustração é algo que o diretor dominou muito bem, mas ainda assim não foi o bastante para resultar em um bom filme. Muito pelo contrário, O Desinformante será fazilmente esquecível. A não ser devido à película amarelada e à trilha sonora, que condiz ao humor negro da trama. Além da boa produção, com destaque para as locações e edição.
9: A Salvação
3.6 699 Assista Agora9 - A Salvação é um filme baseado no curta-metragem (de mesmo título), lançado em 2005 pelo mesmo diretor que o longa-metragem. Shane Acker é estreante e contou com o ótimo reforço de Tim Burton (A Noiva Cadáver) como produtor.
O fator principal que percebemos no roteiro de 9 - A Salvação é a crítica ao poder eclesiástico. A velha polêmica entre homens e máquinas está de volta numa roupagem original e diferente. A roteirista Pamela Pettler (A Casa Monstro), construiu uma trama bem armada e personagens carismáticos, lembrando vagamente os filmes Formiguinhaz e Vida de Inseto.
Cada boneco, em 9 - A Salvação, tem um tipo especial de abotoadura peitoral, de acordo com a sua personalidade: zíper, botões, linha etc. O protagonista é o revolucionário, por isso tem um zíper, que é algo mais moderno e funcional.
No elenco, o filme conta com vozes de Elijah Wood (voz do personagem 9), John C. Reilly (voz do personagem 5), Jennifer Connelly (voz do personagem 7), Crispin Glover (voz do personagem 6), Martin Landau (voz do personagem 2), Christopher Plummer (voz do personagem 1), Fred Tatasciore (voz do personagem 8), Helen Wilson (Voz do rádio).
Chamo a atenção de que 9 - A Salvação não é um filme para crianças. A trilha sonora pesada e o tom escuro da película são alguns pontos que comprovam isso. Por fim, este é um filme que não surpreende, mas tem suas qualidades como entretenimento.
Bastardos Inglórios
4.4 4,9K Assista AgoraFenomenal. Com esta palavra inicio esta crítica. Quentin Tarantino, diretor estadunidense que fez filmes como Planeta Terror e À Prova de Bala, é o cara! E mais do que nunca ele mostrou que sabe fazer cinema como poucos diretores atualmente.
Bastardos Inglórios é o décimo trabalho na carreira do diretor e de longe, o melhor de todos. Qual o motivo de todo esse alarde? Tarantino conseguiu algo indescritível, mas que ainda assim tentarei definir em palavras: o filme é sério e engraçado ao mesmo tempo. Algo próximo à ironia e sarcasmo - se é que posso limitá-lo a estas palavras.
O roteiro, também escrito por Tarantino, traz diálogos extensos e profundos, elevando a qualidade da trama. O humor escachado, marca registrada do diretor, também está presente. Mas de forma bem dosada e que fez total diferença no resultado final da produção.
Uma atmosfera singular é formada por Bastardos Inglórios. É um filme cheio de contrastes e extremos, mas que em conjunto, formou uma obra cinematográfica magnífica.
Tarantino atingiu uma excelência (como diretor e roteirista) fora de série e brinca o tempo todo com seus personagens como se fossem fantoches - e na verdade são. A frustração que a plateia sente em várias cenas são recompensadas pela trilha sonora sem igual e pelas geniais tomadas de câmera.
Destaque para a primeira cena, bem ao estilo faroeste, em que o domínio da técnica é exibido sem pudores pelo audacioso diretor. E desde já, tal cena, torna-se uma das cenas mais marcantes de toda a história do cinema mundial.
Falando um pouco das atuações, Brad Pitt interpreta o Tenente Aldo Raine e apesar de ser o protagonista da história, limitou-se ao papel que lhe foi incumbido, numa atuação mediana.
Já a francesa Mélanie Laurent (Dias de Glória) e o austríaco Christoph Waltz (Angústia) são os destaques dentre o elenco. Laurent vive Shosanna Dreyfus, uma moça que teve a família exterminada por nazistas e quer se vingar a todo custo. Waltz interpreta o coronel alemão Hans Landa, mais conhecido como "caçador de judeus".
Brincar de fazer cinema, isso sim é o que Tarantino está fazendo. E muito bem! Bastardos Inglórios é um deleite para os amantes da sétima arte. Tanto que 2h36 de duração passa como se fosse a metade. Exageros à parte, esta é uma grandiosa película cinematográfica.
Tá Chovendo Hambúrguer
3.3 831 Assista AgoraTá Chovendo Hambúrguer, nova animação dos estúdios Disney, chega este final de semana com tudo aos cinemas de todo o Brasil após o sucesso de bilheteria nos Estados Unidos. O longa está há três semanas - desde a sua estreia - em primeiro lugar na terra do Tio Sam.
Com uma boa pitada de humor, Tá Chovendo Hambúrguer é um filme que agrada tanto crianças quanto adultos - algo comum em filmes do gênero atualmente. Sarcástico, irônico e inteligente, essas são algumas das qualidades do longa.
A técnica, por sua vez, é apuradíssima. A riqueza de detalhes é fora do normal. Ponto para a equipe de produção, encabeçada por Pam Marsden (Dinossauro) e Chris Juen. Este último tem muita experiência com efeitos visuais e tem no currículo filmes como O Expresso Polar (2004) e Tá Dando Onda (2007).
Mas por outro lado, infelizmente, Tá Chovendo Hambúrguer não tem um grande roteiro. A história, escrita por Phil Lord e Chris Miller, baseada no livro de Judi Barrett e Ron Barrett, deixou a desejar e não acompanhou o restante do projeto.
Apesar de a ideia ser original, a inexperiência da dupla de roteiristas - que escreveram para a série de TV: How I Met Your Mother - gerou uma trama que cansou o espectador principalmente devido às inúmeras redundâncias dos diálogos. Hora e meia a belíssima trilha sonora - quase toda composta por Mark Mothersbaugh (Nova York, Eu Te Amo) - aparecia, mas nem ela foi capaz de amenizar os efeitos colaterais da história.
O sentimento que ficou é que Tá Chovendo Hambúrguer é uma boa animação, mas não traz nada de novo. A dupla de diretores - que é a mesma de produtores - Phil Lord e Chris Miller fez um trabalho mediano, mas pecou pela falta de audácia tendo um tema tão original (chuva de comida) em mãos.
Ainda assim, Tá Chovendo Hambúrguer é um filme leve e gostoso de assistir, que garante bons momentos de entretenimento, mas que não será muito difícil de ser esquecido.
Salve Geral
3.2 287É claro que você já assistiu - ou ao menos ouviu falar sobre - produções canarinhas que ressaltam a violência. Alguns exemplos fortes e recentes são filmes como Cidade de Deus (2002) e Carandiru (2003). Ambos fizeram um tremendo sucesso nacional e internacionalmente, arrebatando bilheterias e críticas.
Salve Geral também frisa a tal violência. Mas se você está pensando que este é um filme batido e estereotipado, está muito enganado. O diretor Sergio Rezende (Zuzu Angel) encontrou uma maneira bastante inteligente para convencer a plateia de que a violência pode sim ser fruto da sociedade.
Ao invés de focar a trama no problema do sistema prisional e carcerário brasileiro, com suas máfias, corrupção etc., Rezende manipulou positivamente o público centrando a história em uma mãe desesperada, capaz de tudo para defender seu filho, preso em flagrante por assassinar uma jovem durante um racha.
A atriz Andréa Beltrão (Verônica) vive Lúcia e tem uma atuação forte e sem pudores. O realismo imposto por Beltrão foi fora de série e benéfico ao longa. Mas o destaque ficou mesmo com a atriz Denise Weinberg (Linha de Passe), na pele da advogada com apelido de Ruiva.
Esse sim pode-se dizer que é um papel que marcará a atriz pela vida inteira, tamanha intensidade de sua atuação e marcou porque sua personagem proporcionou uma dúvida cruel. Ora ela era antagonista, ora mocinha. Isso confundiu a cabeça do público, comprovando mais uma vez a perspicácia do diretor.
A equipe de produção, liderada por Joaquim Vaz de Carvalho (O Veneno da Madrugada), teve uma ótima desenvoltura. A fotografia e a trilha sonora foram pontos cruciais no auxílio às cenas. O roteiro, escrito por Patrícia Andrade (2 Filhos de Francisco) e por Sergio Rezende, é instigante e prende o espectador por conseguir mostrar, de forma dosada e coerente, o lado B da realidade do nosso país.
O etnocentrismo - visto na antropologia como indivíduos que tomam a sociedade em que vivem como a melhor e mais correta e desconhecem, muitas vezes, desmerecendo outros modos de vida, de pensamento, de cultura e religião - também foi usado por Rezende para mostrar o lado politicamente incorreto e as atitudes, muitas vezes tomadas como errôneas, de uma mãe em busca da liberdade e felicidade de seu filho, ainda que ele seja culpado.
A crítica aos governantes e à polícia também está presente e eleva ainda mais a qualidade da produção. Vale lembrar que Salve Geral foi pré-selecionado para concorrer a uma das cinco vagas dos filmes que disputam o Oscar de melhor filme estrangeiro na premiação de 2010. O longa foi baseado em fatos reais e estreia hoje no circuito nacional.
Jogando com Prazer
2.6 634 Assista AgoraEvazivo, inútil, plástico, apelativo e esteriotipado. Essas palavras resumem bem Jogando com Prazer, filme que estreou na última sexta-feira, 25 de setembro, no circuito nacional.
O diretor David Mackenzie (Paixão Sem Limites) conseguiu fazer um longa totalmente sem nexo e baixo. O roteiro, assinado por Jason Hall, rebaixa ainda mais o projeto com diálogos esdrúxulos e uma apelação sexual sem sentido.
A produção fez a sua parte e contou com uma boa trilha sonora e locações que condizeram à proposta de entreter. A equipe, formada por produtores como Jason Goldberg (A Família da Noiva), Ashton Kutcher (Jogo de Amor em Las Vegas) - que também é o protagonista da história - e pelo veterano Peter Morgan (Heróis por Acidente), garantiu a qualidade quanto à riqueza de detalhes e não teve uma desenvoltura negativa.
Falando um pouco das atuações, Ashton Kutcher vive Nicki, um rapaz que chega à Los Angeles com o sonho de ter uma vida fácil com dinheiro, mulheres e carros esporte. Mas ao contrário do que se pensa com este mínimo resumo do personagem, Kutcher tenta ao máximo, mas não consegue sair da limitação imposta pelo roteiro.
Podia sim, ter sido muito melhor desenvolvido o tal personagem nicki, possibilitanto maior abertura a Kutcher - que já fez bons trabalhos como o excelente Efeito Borboleta - e assim rendendo mais, beneficiando o projeto como um todo. Mas não, isso não aconteceu. Menos um ponto para o diretor David Mackenzie.
Já as atrizes Anne Heche (Vida Louca) e Margarita Levieva (O Invisível), na pele de Samantha e Heather, respectivamente, só trouxeram mais plasticidade à película. Mas o contraste entre seus personagens foi algo benéfico à trama. Uma é loira, rica e estudada; a outra é morena, pobre e corajosa. E o jovem e ambicioso Nicki na indecisão entre uma vida rica financeiramente e o amor da vida dele.
Então é isso. Jogando com Prazer pode, talvez, ser definido como um neo-porno-cult, que não acresenta em nada. São cerca de 90 minutos de rostos e corpos estonteantes sem conteúdo algum. Um filme que, sinceramente, não devia nem ter sido feito.
Os Normais 2 - A Noite Mais Maluca de Todas
3.1 903Está de volta aos cinemas uma das duplas mais atrapalhadas - e engraçadas - do Brasil. Vani e Rui, interpretados por Fernanda Torres (A Mulher Invisível) e Luís Fernando Guimarães (O Que é Isso, Companheiro?) reaparecem neste segundo capítulo, intitulado Os Normais 2 - A Noite Mais Maluca de todas.
Infelizmente, já digo de cara, a continuação ficou muito aquém do esperado, pois o primeiro longa é muito satisfatório e ficou bem acima deste. Indico dois culpados diretos pelo não sucesso qualitativo: o roteiro é chato, apelativo, monótono, machista e esteriotipado; e o uso excessivo de cromaqui - que é a gravação em estúdio com a inserção de ambientes ao fundo na pós-produção por computador.
O diretor José Alvarenga Jr. (Zoando na TV), o mesmo do filme antecessor, pecou ao creditar o filme apenas na dupla - que por sinal está muito bem e se não fosse por eles, o desastre teria sido bem maior - e esqueceu de produzir bem o projeto. Tudo muito fraco. Trilha sonora, detalhes, fotografia, locações e até mesmo os figurantes.
Pra resumir, em Os Normais 2 a coisa desandou e não acredito que haverá um terceiro capítulo para a série que migrou da TV para o cinema. Um filme desnecessário e grosseiro.
A Verdade Nua e Crua
3.5 2,1K Assista AgoraComédia romântica sexualmente extrema e feminista. Assim pode ser definido o filme do diretor Robert Luketic (Quebrando a Banca). Mas não é só de sexo que o roteiro, assinado por Karen McCullah Lutz (Ela é o Cara) e Kirsten Smith (Legalmente Loira), fala.
Assuntos saturados e sempre existentes em filmes do gênero, como comportamento e relacionamentos amorosos são os pilares da história sim! Mas por outro lado, há discussões interessantes sobre profissionalismo. Principalmente na relação jornalismo x audiência e qualidade da informação. E ainda, debates mais aprofundados podem ser gerados sobre ética e autosatisfação profissional e pessoal.
Todos esses temas fazem de A Verdade Nua e Crua uma bela surpresa das telonas. Com temas atuais e diálogos pra lá de positivos - qualitativamente falando - o filme ainda conta com uma produção acima da média, com boa fotografia, trilha sonora bem casada às cenas e locações satisafatórias.
A harmonia entre os protagonistas é outro ponto que vale ser ressaltado. Katherine Heigl (Vestida Para Casar), na pele da produtora de TV Abby Richter e Gerard Butler (300), como o conselheiro amoroso Mike Alexander, formaram uma bel dupla, fazendo a plateia rir, se emocionar e até mesmo embaraçar-se.
A Verdade Nua e Crua deve ser visto por casais ou pessoas solteiras. O que vale é a boa diversão que o filme proporciona em cerca de 1h30 de duração.