Ainda que seja mais um romance adolescente terminal, o filme consegue proporcionar boas discussões quanto a vida e a sobrevivência. Viver pra quem? Pra quê? Privar-se de riscos para alongar a vida ou viver cada momento como se fosse o último - o que, no caso de adolescentes com doenças raras e tratamentos experimentais, tem uma probabilidade muito maior de acontecer? O apelo para as lágrimas está todo lá e o longa não vai muito além do arroz com feijão e água com açúcar, mas é aquela boa experiência que será reprisada à exaustão na Sessão da Tarde pela próxima década.
"Portanto assim diz o Senhor: Eis que estou trazendo sobre eles uma calamidade de que não poderão escapar; clamarão a mim, mas eu não os ouvirei." (Jeremias 11:11)
Jordan Peele continua sua trajetória de sucesso com esse segundo filme e reforça como é competente para filmar a tensão e o incômodo. Ainda não é sua obra definitiva (a história vai perdendo força conforme escala e o terceiro ato parece ser o choque pelo choque e a explicação pela explicação), mas "Nós" é, com certeza, um dos maiores - senão o maior - longa de horror do ano, que sobreviverá facilmente até a época de premiações. Aliás, o que falar de Lupita Nyong'o? Entregando não uma, mas duas atuações simplesmente estarrecedoras, já está no ingrato lugar das grandes performances desvalorizadas porque estão num filme de gênero, assim como aconteceu com Toni Collette ano passado - mas se depender de nós, espectadores, ela já pode arrumar um espaço na estante para sua segunda estatueta.
Com direção competente e boas atuações, o roteiro de "Maligno" até levanta suposições interessantes no início, mas na sua ânsia de resolver os problemas de seus personagens acaba perdendo um pouco a credibilidade ao escancarar o óbvio. Mesmo assim, o filme já tem lugar garantido no sub-gênero do terror das criancinhas endemoniadas - bem ali entre O Anjo Malvado, A Órfã e A Profecia.
Nessa nova animação da divisão de filmes da Nickelodeon, o design de produção é estonteante, digno de Disney, mas o roteiro cheio de metáforas pobres e soluções rasteiras parece ter saído da lixeira da Illumination. Um bom (e esquecível) entretenimento pra crianças - e olhe lá.
Com um bom roteiro e atuações e efeitos visuais abaixo da média (é um filme iluminado demais, na minha opinião), esse filme argentino é tipo exportação - daqueles que com certeza Hollywood vai fazer uma adaptação de qualidade duvidosa nos próximos anos. Melhor conferir o original antes.
Num formato episódico que funcionaria muito melhor numa série animada do que num filme, "Mirai" parece não ter estofo pra uma hora e meia de projeção e é muito difícil chegar no final. Uma animação muito bonita, o longa deve funcionar muito bem pra crianças, com seus ambientes coloridos e boas lições de vida. Agora, pros adultos... com esse protagonista infantil insuportável, deve servir como um ótimo método contraceptivo.
Primeira heroína a chegar aos cinemas com um filme solo assinado pela Marvel Studios, Capitã Marvel surpreende com uma história de origem que, em meio a muitos alienígenas e guerras interplanetárias ambientadas nos saudosos anos 90, consegue ser mais humana que muitos humanos heróis (e sim, estou aqui citando certos playboys bilionários filantropos). Ao optar por uma narrativa não tão linear, temos um filme de origem que não nos poupa detalhes ao mesmo tempo que não subestima nossa inteligência. Há algumas piadas fora do lugar e um certo "overpower" da protagonista (lembre-se: ela é peça-chave para deter Thanos em "Vingadores: Ultimato"), mas no geral é uma ótima introdução a uma heroína corajosa e empoderada - e uma ótima chance pra ver marmanjo babaca chorando ;)
Divertido e bem feito, "Cinderela Pop" é a melhor paródia teen da história da Gata Borralheira desde "A Nova Cinderela", de 2004. Talvez não funcione tanto pros mais grandinhos, mas pros adolescentes é com certeza um prato cheio.
Ao expandir a franquia fora dos limites do imaginável, A Morte Te Dá Parabéns 2 cria suas próprias regras, fica aquém do primeiro filme, mas torna o original ainda maior ao revisitá-lo.
Segundo revival da lendária série dos anos 90, "Sai de Baixo - O Filme" deixa no ar a sensação de total deslocamento no tempo e no espaço. O teatro filmado funcionava muito bem na TV, mas embora o ótimo elenco continue atuando como se estivesse num palco em frente a uma plateia, parece que não há muita noção espacial nos enquadramentos que não conseguem captar essa ação da melhor maneira. O roteiro rocambolesco tira as personagens de dentro do mitológico apartamento do Largo do Arouche para jogá-las numa aventura sem importância e - principal e surpreendentemente - sem a menor graça. São poucos os momentos que geram mais que sorrisos amarelos e não pareçam duas décadas atrasados. A montagem e a edição, cheia de cortes secos pra nenhum youtuber botar defeito, dá o golpe de misericórdia acabando com qualquer fluidez e entretenimento do improviso, maior qualidade dos atores da produção. A "chanchada escrita por Miguel Falabella" só acerta quando faz piada com a produção precária e com o (futuro) fracasso de críticas. A cena final, em que o elenco agradece a uma plateia artificialmente inserida em chroma key, resume bem os sofríveis oitenta minutos anteriores: Sai de Baixo só funciona quando é bem escrito, bem pensado, abre alas pro improviso e há a troca com a audiência.
Normalmente, textos orientais se perdem quando chegam ao ocidente - não necessariamente pelo fato de termos que adaptá-los a nossas realidades e costumes, mas principalmente pelo fato de que a nossa maneira de contar histórias e consumir produtos audiovisuais é bem diferente. Felizmente, esse não é o cado de Alita. Com os vencedores do Oscar Christoph Waltz (que está a cara de Caetano Veloso), Jennifer Connelly e Mahershala Ali, o elenco já seria o suficiente para atrair a atenção do espectador. Porém, além disso, temos efeitos visuais fantásticos, cenas de ação bem executadas e uma combinação que, vista de fora, seria incapaz de se dizer que daria tão certo: James Cameron (que produz e escreve) e Robert Rodriguez (que assume a direção, além de ter ajudado a adaptar o roteiro baseado no mangá de Yukito Kishiro). É de se esperar que surja uma nova franquia daqui - tudo depende da bilheteria. Mas pelo menos dessa vez, temos um início forte e empolgante.
"Deve ser muito legal ser artista: você usa roupas esquisitas, fala o que quiser e todo mundo gosta de você".
Divertido e empolgante, Minha Fama de Mau deve ser visto menos como uma cinebiografia de Erasmo Carlos e mais como um retrato de uma época e de um movimento. Afinal, baseado no livro escrito pelo próprio músico, fica difícil de enxergar alguma crítica a ele ou a seus companheiros (há apenas uma minúscula menção - e indireta - ao último regime ditatorial no Brasil, se é isso que você quer saber). Portanto, o contexto da época, turbinado por lindas imagens de arquivo recuperadas e a ótima fotografia, acaba sendo apenas visual - mas nada que atrapalhe a narrativa. O filme é dinâmico, fora da caixinha e tenta fugir do padrão quase novelesco que as obras nacionais desse gênero remontam ano após ano, pelo menos em sua primeira metade. Preenchido por sucessos da Jovem Guarda interpretados pelos próprios atores (aliás, Chay Suede e Gabriel Leone incorporam muito bem seus personagens, sem decair para a imitação fajuta), o longa só carece de um conflito realmente palpável no fim do segundo ato, mas nada que não nos faça sair da sessão com um sorriso de orelha a orelha.
Uma montagem apurada, uma direção precisa e ótimas atuações do elenco encabeçado por Christian Bale, Amy Adams, Sam Rockwell e Steve Carell. Embora o tom com toques de escárnio sirva para deixar a crítica à política estadunidense ainda mais ácida, às vezes todo esse ótimo trabalho parece não combinar com a história séria demais de Dick Cheney, sua vida e sua obra. Não é fácil chegar ao fim da projeção sem se sentir cansado, não pelas mais de duas horas de duração, e sim pela quantidade absurda de informações a cada minuto (tive que pausar várias vezes para respirar!). A fórmula de Adam McKay é ótima e funciona, mas talvez atinja sua verdadeira excelência numa história menos carrancuda. Porém, convenhamos: se não fosse essa forma inusitada de se contar uma história, Vice seria apenas mais uma daquelas cinebiografias intragáveis que aparecem pra concorrer ao Oscar quase todos os anos.
Parece até promissor, mas embora saiba construir bem a tensão e nos manter atentos, Escape Room sofre com personagens odiáveis, que geram pouca ou nenhuma empatia, e são mal apresentados pela montagem - metade dos protagonistas tem seu passado apresentado no primeiro ato e a outra tem alguns flashbacks durante o filme. Danny, o insuportável nerd que só serve pra ser o personagem que explica didaticamente pro público o que está acontecendo, nem isso ganha. O terceiro ato institui plot twists que se acham inteligentes (sem contar com a primeira cena do longa, deslocada do fim, que estraga qualquer elemento surpresa que poderia existir nela se estivesse na cronologia correta), mas só fazem com que a trama, antes até interessante, se torne uma versão ainda mais genérica, imbecil e inverossímil de todos os filmes semelhantes que você já viu. Havia caminhos muito mais simples e efetivos que gerariam cliffhangers muito mais prazerosos, diga-se de passagem. O que parece é que os roteiristas assistiram muito Jogos Mortais, Cubo e alguns títulos indies como The Den, mas não entenderam nada do conceito. Se não melhorar o nível de suas pistas e armadilhas, a (infeliz e inevitável) continuação de Escape Room vai ser vencida pelo próprio jogo.
Menos alucinado que o primeiro, essa nova Aventura LEGO propõe um clima pós-apocalíptico pra contar a história de um... casamento? Colorido para as crianças e emocional (e cheio de referências) para os maiores, é um prato cheio para diversão em família - uma fábula sobre fraternidade em seu estado puro e simples que não subestima o público infantil. O único problema a meu ver é ser lançado tão cedo no ano, o que pode fazê-lo perder força no Oscar do ano que vem (assim como o primeiro filme, que nem chegou a lista final no prêmio de Melhor Animação em 2015). "Gotham City Guys" e "Super Cool" - música escrita por Beck sobre... os créditos finais do filme! - também merecem uma atenção no prêmio de Melhor Canção Original.
"Às vezes dizem que sou louco, mas um pouco de loucura é o melhor da arte".
Atacou a labirintite de tanto que a câmera tremia? Atacou. Mas a experiência de mergulho na humanidade de Van Gogh é indescritível. Afinal, "a vida é para semear, a colheita não é aqui", e só a arte pode perpetuar-nos para a eternidade.
Impecável no figurino, magistral nas atuações, preciso na direção e cativante no roteiro. Um refinada comédia sobre poder digna de todos os prêmios que está concorrendo.
Um slasher conservador na fórmula mas liberal no seu plot twist, recheado de atuações que ultrapassam o limite da ruindade e cortes que evidenciam a limitação orçamentária. Vale pela curiosidade, mas um bom remake, respeitando o original, viria a calhar.
Comédias românticas são, mercadologicamente, filmes voltados para as mulheres. Nos últimos anos, mais que nunca, houveram muitas discussões a respeito dos papéis de gênero na nossa sociedade e as pautas feministas ganharam uma força e importância que há muito tempo não se via. Era de se esperar então que histórias para mulheres e sobre mulheres mudassem seu rumo - mesmo que não tenham intenção nenhuma de alertar para algo, como essa aqui que só quer entreter. "Uma Nova Chance" é um primeiro passo nessa nova direção, com uma história banal envolta de clichês dramatúrgicos, mas em que as mulheres estão envoltas em suas próprias questões, sem a nenhum momento estarem subjugadas a personagens masculinos. Pra quem gosta do gênero, ver JLo em cena é sempre um deleite, e aqui não é diferente. Um bom filme para espairecer.
Numa adaptação ágil e corrida do livro de Kevin Kwan, o filme é até divertido, mas abre muitas concessões para se tornar mais universal (ou ocidentalizado, por assim dizer). Alguns personagens somem (e não fazem nenhuma falta), mas algumas tramas são simplificadas demais e ganham um significado completamente diferente (como a origem de Rachel e o triângulo amoroso de Astrid, que aqui nem existe). Aliás, o enxugamento de personagens faz com que alguns ganhassem mais destaque (como Oliver), mas também faz com que algumas tramas sigam caminhos que o livro nunca apontou, como o final empoderado de Astrid e a elevação de PT (personagem que mal aparece na obra literária) ao estereótipo do nerd punheteiro, em piadas que não tem a mínima graça. Bem diferente do final aberto e inconclusivo do livro, essa mudança pode afetar as continuações, pois é um ponto essencial na trama. Só espero que os próximos filmes sejam mais corajosos ao mostrar tanto o lado podre quanto o lado rico da alta sociedade singapuriana.
Filmes que narram viagens ao passado são um prato cheio pra galera de design de produção e pro público, que podem mergulhar na nostalgia. O problema é que "Eu Sou Mais Eu" joga toda essa oportunidade no lixo. A produção é preguiçosa e mal fez seu dever de casa - afinal, 2004 está a apenas a um google de distância! O estabelecimento temporal já começa errado (a protagonista descobre que está em 2004 lendo uma reportagem de jornal sobre... a retrospectiva do ano de 2004!) e a partir daí percebemos que houve pouco capricho e quase nenhum cuidado nesse quesito. Tirando pequenos objetos pontuais - uma foto do Rouge (com 4 integrantes!!!) num mural, uma iogurteira Top Therm, um AB Toner, um discman e um clássico Nokia 2280 - nada SEQUER remete ao contexto temporal, e quando o filme tenta, acaba fazendo feio em sequências simples (como dois personagens assistindo a uma novela - Mulheres Apaixonadas, que acabou em outubro de 2003). O figurino passa longe da estranha moda da época. A trilha sonora faz menos sentido ainda: temos Pelados em Santos, Heloísa, Mexe a Cadeira, Cerol na Mão e a esquecida Popozuda Rock n' Roll - todas de alguns anos antes - e um remix tosco de Cheguei (Ludmilla só apareceria como MC Beyonce quase uma década depois de 2004). Quando o filme chega mais perto de acertar nas canções (Ragatanga, do Rouge), surpresa: não é a versão original! Na locadora, um dos cenários do longa, há uma cópia de Mato Sem Cachorro (filme de 2013), obviamente um easter egg do diretor Pedro Amorim, mas que nesse contexto, parece mais um desleixo. Kéfera, João Côrtes e Giovanna Lancellotti defendem bem seus personagens, mas não vai muito além do esperado. Mesmo esquecendo esses deslizes e com muita força de vontade, Eu Sou Mais Eu não entrega nada além do básico, algo que você vê na Sessão da Tarde pelo menos três vezes por semana - só que com muitos palavrões.
Mas é claro que entre dois filmes social e politicamente importantes pra questão racial contemporânea o Oscar tinha que indicar uma comédia formulaica que ameniza o racismo o tempo todo e mais parece uma novela das seis do Walcyr Carrasco *-*
Com uma carga dramática maior que o primeiro, essa nova visita ao mundo de Adonis Creed é estritamente sobre família - sobre suas relações, reações, seus medos e motivos. Ah, e tem um pouco de boxe também.
A Cinco Passos de Você
3.6 514 Assista AgoraAinda que seja mais um romance adolescente terminal, o filme consegue proporcionar boas discussões quanto a vida e a sobrevivência. Viver pra quem? Pra quê? Privar-se de riscos para alongar a vida ou viver cada momento como se fosse o último - o que, no caso de adolescentes com doenças raras e tratamentos experimentais, tem uma probabilidade muito maior de acontecer? O apelo para as lágrimas está todo lá e o longa não vai muito além do arroz com feijão e água com açúcar, mas é aquela boa experiência que será reprisada à exaustão na Sessão da Tarde pela próxima década.
Nós
3.8 2,3K Assista Agora"Portanto assim diz o Senhor: Eis que estou trazendo sobre eles uma calamidade de que não poderão escapar; clamarão a mim, mas eu não os ouvirei." (Jeremias 11:11)
Jordan Peele continua sua trajetória de sucesso com esse segundo filme e reforça como é competente para filmar a tensão e o incômodo. Ainda não é sua obra definitiva (a história vai perdendo força conforme escala e o terceiro ato parece ser o choque pelo choque e a explicação pela explicação), mas "Nós" é, com certeza, um dos maiores - senão o maior - longa de horror do ano, que sobreviverá facilmente até a época de premiações. Aliás, o que falar de Lupita Nyong'o? Entregando não uma, mas duas atuações simplesmente estarrecedoras, já está no ingrato lugar das grandes performances desvalorizadas porque estão num filme de gênero, assim como aconteceu com Toni Collette ano passado - mas se depender de nós, espectadores, ela já pode arrumar um espaço na estante para sua segunda estatueta.
Maligno
2.8 356 Assista AgoraCom direção competente e boas atuações, o roteiro de "Maligno" até levanta suposições interessantes no início, mas na sua ânsia de resolver os problemas de seus personagens acaba perdendo um pouco a credibilidade ao escancarar o óbvio. Mesmo assim, o filme já tem lugar garantido no sub-gênero do terror das criancinhas endemoniadas - bem ali entre O Anjo Malvado, A Órfã e A Profecia.
O Parque dos Sonhos
3.2 47 Assista AgoraNessa nova animação da divisão de filmes da Nickelodeon, o design de produção é estonteante, digno de Disney, mas o roteiro cheio de metáforas pobres e soluções rasteiras parece ter saído da lixeira da Illumination. Um bom (e esquecível) entretenimento pra crianças - e olhe lá.
Aterrorizados
3.0 256Com um bom roteiro e atuações e efeitos visuais abaixo da média (é um filme iluminado demais, na minha opinião), esse filme argentino é tipo exportação - daqueles que com certeza Hollywood vai fazer uma adaptação de qualidade duvidosa nos próximos anos. Melhor conferir o original antes.
Mirai
3.6 119Num formato episódico que funcionaria muito melhor numa série animada do que num filme, "Mirai" parece não ter estofo pra uma hora e meia de projeção e é muito difícil chegar no final. Uma animação muito bonita, o longa deve funcionar muito bem pra crianças, com seus ambientes coloridos e boas lições de vida. Agora, pros adultos... com esse protagonista infantil insuportável, deve servir como um ótimo método contraceptivo.
Capitã Marvel
3.7 1,9K Assista AgoraPrimeira heroína a chegar aos cinemas com um filme solo assinado pela Marvel Studios, Capitã Marvel surpreende com uma história de origem que, em meio a muitos alienígenas e guerras interplanetárias ambientadas nos saudosos anos 90, consegue ser mais humana que muitos humanos heróis (e sim, estou aqui citando certos playboys bilionários filantropos). Ao optar por uma narrativa não tão linear, temos um filme de origem que não nos poupa detalhes ao mesmo tempo que não subestima nossa inteligência. Há algumas piadas fora do lugar e um certo "overpower" da protagonista (lembre-se: ela é peça-chave para deter Thanos em "Vingadores: Ultimato"), mas no geral é uma ótima introdução a uma heroína corajosa e empoderada - e uma ótima chance pra ver marmanjo babaca chorando ;)
#52FilmsByWomen
Cinderela Pop
2.9 104Divertido e bem feito, "Cinderela Pop" é a melhor paródia teen da história da Gata Borralheira desde "A Nova Cinderela", de 2004. Talvez não funcione tanto pros mais grandinhos, mas pros adolescentes é com certeza um prato cheio.
A Morte Te Dá Parabéns 2
3.0 714Ao expandir a franquia fora dos limites do imaginável, A Morte Te Dá Parabéns 2 cria suas próprias regras, fica aquém do primeiro filme, mas torna o original ainda maior ao revisitá-lo.
(A sequência pós-créditos é incrível!)
Sai de Baixo - O Filme
2.2 203 Assista AgoraSegundo revival da lendária série dos anos 90, "Sai de Baixo - O Filme" deixa no ar a sensação de total deslocamento no tempo e no espaço. O teatro filmado funcionava muito bem na TV, mas embora o ótimo elenco continue atuando como se estivesse num palco em frente a uma plateia, parece que não há muita noção espacial nos enquadramentos que não conseguem captar essa ação da melhor maneira. O roteiro rocambolesco tira as personagens de dentro do mitológico apartamento do Largo do Arouche para jogá-las numa aventura sem importância e - principal e surpreendentemente - sem a menor graça. São poucos os momentos que geram mais que sorrisos amarelos e não pareçam duas décadas atrasados. A montagem e a edição, cheia de cortes secos pra nenhum youtuber botar defeito, dá o golpe de misericórdia acabando com qualquer fluidez e entretenimento do improviso, maior qualidade dos atores da produção. A "chanchada escrita por Miguel Falabella" só acerta quando faz piada com a produção precária e com o (futuro) fracasso de críticas. A cena final, em que o elenco agradece a uma plateia artificialmente inserida em chroma key, resume bem os sofríveis oitenta minutos anteriores: Sai de Baixo só funciona quando é bem escrito, bem pensado, abre alas pro improviso e há a troca com a audiência.
#52FilmsByWomen
Roma
4.1 1,4K Assista AgoraUma visita sensível às suas próprias memórias, Roma é mais uma obra de arte adicionada ao belíssimo currículo de Alfonso Cuarón.
Alita: Anjo de Combate
3.6 814 Assista AgoraNormalmente, textos orientais se perdem quando chegam ao ocidente - não necessariamente pelo fato de termos que adaptá-los a nossas realidades e costumes, mas principalmente pelo fato de que a nossa maneira de contar histórias e consumir produtos audiovisuais é bem diferente. Felizmente, esse não é o cado de Alita. Com os vencedores do Oscar Christoph Waltz (que está a cara de Caetano Veloso), Jennifer Connelly e Mahershala Ali, o elenco já seria o suficiente para atrair a atenção do espectador. Porém, além disso, temos efeitos visuais fantásticos, cenas de ação bem executadas e uma combinação que, vista de fora, seria incapaz de se dizer que daria tão certo: James Cameron (que produz e escreve) e Robert Rodriguez (que assume a direção, além de ter ajudado a adaptar o roteiro baseado no mangá de Yukito Kishiro). É de se esperar que surja uma nova franquia daqui - tudo depende da bilheteria. Mas pelo menos dessa vez, temos um início forte e empolgante.
Minha Fama de Mau
3.2 123"Deve ser muito legal ser artista: você usa roupas esquisitas, fala o que quiser e todo mundo gosta de você".
Divertido e empolgante, Minha Fama de Mau deve ser visto menos como uma cinebiografia de Erasmo Carlos e mais como um retrato de uma época e de um movimento. Afinal, baseado no livro escrito pelo próprio músico, fica difícil de enxergar alguma crítica a ele ou a seus companheiros (há apenas uma minúscula menção - e indireta - ao último regime ditatorial no Brasil, se é isso que você quer saber). Portanto, o contexto da época, turbinado por lindas imagens de arquivo recuperadas e a ótima fotografia, acaba sendo apenas visual - mas nada que atrapalhe a narrativa. O filme é dinâmico, fora da caixinha e tenta fugir do padrão quase novelesco que as obras nacionais desse gênero remontam ano após ano, pelo menos em sua primeira metade. Preenchido por sucessos da Jovem Guarda interpretados pelos próprios atores (aliás, Chay Suede e Gabriel Leone incorporam muito bem seus personagens, sem decair para a imitação fajuta), o longa só carece de um conflito realmente palpável no fim do segundo ato, mas nada que não nos faça sair da sessão com um sorriso de orelha a orelha.
Vice
3.5 488 Assista AgoraUma montagem apurada, uma direção precisa e ótimas atuações do elenco encabeçado por Christian Bale, Amy Adams, Sam Rockwell e Steve Carell. Embora o tom com toques de escárnio sirva para deixar a crítica à política estadunidense ainda mais ácida, às vezes todo esse ótimo trabalho parece não combinar com a história séria demais de Dick Cheney, sua vida e sua obra. Não é fácil chegar ao fim da projeção sem se sentir cansado, não pelas mais de duas horas de duração, e sim pela quantidade absurda de informações a cada minuto (tive que pausar várias vezes para respirar!). A fórmula de Adam McKay é ótima e funciona, mas talvez atinja sua verdadeira excelência numa história menos carrancuda. Porém, convenhamos: se não fosse essa forma inusitada de se contar uma história, Vice seria apenas mais uma daquelas cinebiografias intragáveis que aparecem pra concorrer ao Oscar quase todos os anos.
Escape Room: O Jogo
3.1 754 Assista AgoraParece até promissor, mas embora saiba construir bem a tensão e nos manter atentos, Escape Room sofre com personagens odiáveis, que geram pouca ou nenhuma empatia, e são mal apresentados pela montagem - metade dos protagonistas tem seu passado apresentado no primeiro ato e a outra tem alguns flashbacks durante o filme. Danny, o insuportável nerd que só serve pra ser o personagem que explica didaticamente pro público o que está acontecendo, nem isso ganha. O terceiro ato institui plot twists que se acham inteligentes (sem contar com a primeira cena do longa, deslocada do fim, que estraga qualquer elemento surpresa que poderia existir nela se estivesse na cronologia correta), mas só fazem com que a trama, antes até interessante, se torne uma versão ainda mais genérica, imbecil e inverossímil de todos os filmes semelhantes que você já viu. Havia caminhos muito mais simples e efetivos que gerariam cliffhangers muito mais prazerosos, diga-se de passagem. O que parece é que os roteiristas assistiram muito Jogos Mortais, Cubo e alguns títulos indies como The Den, mas não entenderam nada do conceito. Se não melhorar o nível de suas pistas e armadilhas, a (infeliz e inevitável) continuação de Escape Room vai ser vencida pelo próprio jogo.
Uma Aventura LEGO 2
3.4 96 Assista AgoraMenos alucinado que o primeiro, essa nova Aventura LEGO propõe um clima pós-apocalíptico pra contar a história de um... casamento?
Colorido para as crianças e emocional (e cheio de referências) para os maiores, é um prato cheio para diversão em família - uma fábula sobre fraternidade em seu estado puro e simples que não subestima o público infantil.
O único problema a meu ver é ser lançado tão cedo no ano, o que pode fazê-lo perder força no Oscar do ano que vem (assim como o primeiro filme, que nem chegou a lista final no prêmio de Melhor Animação em 2015). "Gotham City Guys" e "Super Cool" - música escrita por Beck sobre... os créditos finais do filme! - também merecem uma atenção no prêmio de Melhor Canção Original.
No Portal da Eternidade
3.8 349 Assista Agora"Às vezes dizem que sou louco, mas um pouco de loucura é o melhor da arte".
Atacou a labirintite de tanto que a câmera tremia? Atacou. Mas a experiência de mergulho na humanidade de Van Gogh é indescritível. Afinal, "a vida é para semear, a colheita não é aqui", e só a arte pode perpetuar-nos para a eternidade.
A Favorita
3.9 1,2K Assista AgoraImpecável no figurino, magistral nas atuações, preciso na direção e cativante no roteiro. Um refinada comédia sobre poder digna de todos os prêmios que está concorrendo.
Acampamento Sinistro
3.3 389Um slasher conservador na fórmula mas liberal no seu plot twist, recheado de atuações que ultrapassam o limite da ruindade e cortes que evidenciam a limitação orçamentária. Vale pela curiosidade, mas um bom remake, respeitando o original, viria a calhar.
Uma Nova Chance
3.1 164 Assista AgoraComédias românticas são, mercadologicamente, filmes voltados para as mulheres. Nos últimos anos, mais que nunca, houveram muitas discussões a respeito dos papéis de gênero na nossa sociedade e as pautas feministas ganharam uma força e importância que há muito tempo não se via. Era de se esperar então que histórias para mulheres e sobre mulheres mudassem seu rumo - mesmo que não tenham intenção nenhuma de alertar para algo, como essa aqui que só quer entreter. "Uma Nova Chance" é um primeiro passo nessa nova direção, com uma história banal envolta de clichês dramatúrgicos, mas em que as mulheres estão envoltas em suas próprias questões, sem a nenhum momento estarem subjugadas a personagens masculinos.
Pra quem gosta do gênero, ver JLo em cena é sempre um deleite, e aqui não é diferente. Um bom filme para espairecer.
Podres de Ricos
3.5 509 Assista AgoraNuma adaptação ágil e corrida do livro de Kevin Kwan, o filme é até divertido, mas abre muitas concessões para se tornar mais universal (ou ocidentalizado, por assim dizer). Alguns personagens somem (e não fazem nenhuma falta), mas algumas tramas são simplificadas demais e ganham um significado completamente diferente (como a origem de Rachel e o triângulo amoroso de Astrid, que aqui nem existe). Aliás, o enxugamento de personagens faz com que alguns ganhassem mais destaque (como Oliver), mas também faz com que algumas tramas sigam caminhos que o livro nunca apontou, como o final empoderado de Astrid e a elevação de PT (personagem que mal aparece na obra literária) ao estereótipo do nerd punheteiro, em piadas que não tem a mínima graça. Bem diferente do final aberto e inconclusivo do livro, essa mudança pode afetar as continuações, pois é um ponto essencial na trama. Só espero que os próximos filmes sejam mais corajosos ao mostrar tanto o lado podre quanto o lado rico da alta sociedade singapuriana.
Eu Sou Mais Eu
2.5 66Filmes que narram viagens ao passado são um prato cheio pra galera de design de produção e pro público, que podem mergulhar na nostalgia. O problema é que "Eu Sou Mais Eu" joga toda essa oportunidade no lixo.
A produção é preguiçosa e mal fez seu dever de casa - afinal, 2004 está a apenas a um google de distância! O estabelecimento temporal já começa errado (a protagonista descobre que está em 2004 lendo uma reportagem de jornal sobre... a retrospectiva do ano de 2004!) e a partir daí percebemos que houve pouco capricho e quase nenhum cuidado nesse quesito. Tirando pequenos objetos pontuais - uma foto do Rouge (com 4 integrantes!!!) num mural, uma iogurteira Top Therm, um AB Toner, um discman e um clássico Nokia 2280 - nada SEQUER remete ao contexto temporal, e quando o filme tenta, acaba fazendo feio em sequências simples (como dois personagens assistindo a uma novela - Mulheres Apaixonadas, que acabou em outubro de 2003). O figurino passa longe da estranha moda da época. A trilha sonora faz menos sentido ainda: temos Pelados em Santos, Heloísa, Mexe a Cadeira, Cerol na Mão e a esquecida Popozuda Rock n' Roll - todas de alguns anos antes - e um remix tosco de Cheguei (Ludmilla só apareceria como MC Beyonce quase uma década depois de 2004). Quando o filme chega mais perto de acertar nas canções (Ragatanga, do Rouge), surpresa: não é a versão original! Na locadora, um dos cenários do longa, há uma cópia de Mato Sem Cachorro (filme de 2013), obviamente um easter egg do diretor Pedro Amorim, mas que nesse contexto, parece mais um desleixo.
Kéfera, João Côrtes e Giovanna Lancellotti defendem bem seus personagens, mas não vai muito além do esperado. Mesmo esquecendo esses deslizes e com muita força de vontade, Eu Sou Mais Eu não entrega nada além do básico, algo que você vê na Sessão da Tarde pelo menos três vezes por semana - só que com muitos palavrões.
Green Book: O Guia
4.1 1,5K Assista AgoraMas é claro que entre dois filmes social e politicamente importantes pra questão racial contemporânea o Oscar tinha que indicar uma comédia formulaica que ameniza o racismo o tempo todo e mais parece uma novela das seis do Walcyr Carrasco *-*
Creed II
3.8 541Com uma carga dramática maior que o primeiro, essa nova visita ao mundo de Adonis Creed é estritamente sobre família - sobre suas relações, reações, seus medos e motivos. Ah, e tem um pouco de boxe também.