Não achei exatamente um filme catastrófico, é mais como se ainda não fosse um filme, como se o roteirista estivesse treinando a escrita do roteiro, a direção ainda descobrindo o que é dirigir e os atores o que é atuar. Tudo é amador e óbvio de um modo constrangedor, de modo que não dá nem para julgar como um filme.
Nunca gostei de filmes de espionagem, achava tudo muito falso e bobo. Não obstante, adorei a série justamente pela apresentação de uma espionagem mais verossímil, com os métodos senso expostos e coisas assim. Muito bom.
Assisti esperando pelo momento em que iam criar um meio para duas raças se comunicarem, que é um problema clássico de filosofia da linguagem: como sei que o outro, que não tem muito em comum comigo, entende o que eu quero dizer?
A resposta veio, mas foi bem tosca. Vi até o final emburrado.
O começo e a parte dramática do filme são interessantes, mas embora os problemas comecem pequenos, eles vão se avolumando até o filme deixar de ser interessante e ficar bem ruim, lá pelo final. Quando o terror ganha espaço, o filme perde qualidade, inclusive porque é nesse momento que o filme precisa ir mais fundo nas referências dos jogos. E os jogos, não é nenhum segredo, são uma porcaria e fornecem um material horrível para o diretor trabalhar. Infelizmente, ele não consegue fazer grande coisa para lidar com isso também
É um filme que não surpreende em nenhum momento, nem nas viradas da trama, com tudo soando um tanto previsível e só minimamente interessante. Apesar disso, ele também nunca fica completamente banal. As personagens são medianas, sem muito carisma, mas também sem chegar a ser chatas. A exceção, a meu ver, está na dupla Blanchett e Bullock, que representam personagens que, por sua centralidade na trama, são pouco inspiradas e deveriam ter sido bem melhor escritas.
A animação bonita, mas todo o restante é uma porcaria.
Deve ser um daqueles produtos que a galera lança no mercado visando um público alvo específico, sem nenhuma arte envolvida. Algum cara olha numa planilha e diz "precisamos de um shonen de porrada com protagonista jovens, poderzinhos para cobrir o público x e y" e, voilá, JK.
Tudo na obra é superficial e parece estar lá só como um pretexto para produzir um shonen de luta genérico. O protagonista é vazio, mas pouco importa. O sistema de poder não tem muita coerência, mas o autor não se detém muito nisso, pois não terá grande impacto na obra. A trama é boboca, os vilões são superficiais, mas nada disso importa muito já que os personagens são ocos e os acontecimentos não representam nada para eles. O que vale são as cenas de ação e coisas do tipo, sendo que mesmo quando a história acerta em algo, isso dificilmente é aprofundado, virando só um acerto ocasional.
Deve divertir uma galera, mas, particularmente, achei uma merda.
Eu só me recordava da última cena, sequer lembrava que o Brad Pitt estava no filme. Uma coisa bem legal: o crime que motiva o filme não é pura autodefesa como eu pensava, quer dizer, as protagonistas não matam porque o outro é uma ameaça, mas por raiva. No entanto, se, por um lado, o crime inicial não nos permite julgá-las puramente como vítimas; de outro, o diretor não quer que as julguemos como vilãs. Ele não dá espaço para que elas apresentem ambiguidades morais, nem para que sejam questionadas de forma justa — os antagonistas tendem a ser babacas. O principal deles, todavia, é uma exceção: ele é alguém que entende o que leva as protagonistas agirem como agem, porém, ao mesmo tempo, é o detetive com o dever de capturá-las. Nós simpatizamos com sua compreensão, mas torcemos para que ele falhe e as moças escapem. Contudo, como em nenhum momento temos contato com a individualidade desse personagem, ele acaba funcionando menos como um indivíduo e mais como um recurso de roteiro, isto é, como algo que está lá para cumprir uma função na obra. E funciona, mas de um modo que corta possíveis ambiguidades e torna o filme um tanto didático. Thelma e Louise brinca com a estrutura dos “road movies”, essas histórias em que alguém atravessa um longo caminho de estradas e autodescobertas. As protagonistas começam como duas donas de casa afogadas na mediocridade da vida cotidiana, porém cometem um crime e viram foragidas. Quanto mais avançam para fugir do primeiro crime, mais vão cometendo outros e mais percebem que podem abandonar facetas velhas e adotar novas. Por sinal, aí está a graça da coisa: as personagens estão, simultaneamente, redescobrindo-se, criminalizando-se e ficando mais perto de sofrerem consequências horríveis por isso. Essa mistura de autodescoberta, crime e consequência produz um resultado muito bom, inclusive aquele final corajoso que, vocês sabem, associa a liberdade feminina à ruína. Confesso que fiquei até a última cena esperando pelo beijo lésbico. Numa obra sobre redescobrir-se, esperei pacientemente que, numa cena qualquer, o roteiro sugerisse ao espectador que o comportamento sexual também é uma faceta a ser abandonada. Até perdi as esperanças em algum momento, entretanto, na última cena, voilá, o beijo veio. Pessoalmente, eu gostaria de algo mais explícito, mais inequívoco, mas entendo eram outros tempos; de qualquer modo, fiquei satisfeito.
Tem vários elementos legais, como trabalhar a exposição pública de pessoas envolvidas com crimes, uma protagonista tentando racionalizar o que viveu (mesmo que com um texto banal) etc. isso faz parecer que essas coisas darão em algum lugar, mas não dão. Uma pena.
Achei a série razoavelmente divertida na primeira parte (a segunda achei um lixo), mas ela me causou uma rejeição inicial que só aumentou com o correr dos capítulos: a perda da sensação de literatura.
Eu não conheço todo o Sandman, mas a parte que conheço mantém um diálogo bem direto e interessante com a literatura (seja no texto, nos temas ou na forma), algo que dá características bem próprias à obra.
Ela contém uma ontologia que valida qualquer universo real ou fictício, o que produz duas consequências significativas. De um lado, essa ontologia cria uma enorme diversidade no cenário: há muitas raças, universos, conceitos e relações preenchendo as histórias. De outro, essa diversidade é um recurso para a variação narrativa, dizendo de outro modo, a diversidade não existe para criar um cenário acabado em que compreendemos o papel de cada agente nele, mas para variar a história. A variação existe para ser confusa mesmo, para quebrar um pouco a expectativa e permitir que nos fascinemos com algo que só se dá numa experiência muito diferente daquelas que esperamos. Por isso, cada nova história desenvolve novos mundos (e novos Sandmans) que nos propiciam novas experiências. Em suma, quero dizer que Sandman não é bem um círculo que em algum momento se fecha, mas uma linha reta que sempre segue em frente. E para continuar seguindo ela precisa dialogar com outras coisas — textos, formatos, conceitos — que, geralmente, o autor busca na literatura.
Para entrar no formato de seriado, contudo, a série reorganiza os contos de forma linear, corta as ambiguidades e explica aquilo que é estranho, construindo uma narrativa coesa, palatável, em que qualquer elemento cênico é rapidamente desvelado. O resultado disso é o desaparecimento das sutilezas, da inventividade da obra original, bem como o empobrecimento dos temas, o que transforma Sandman numa obra bastante familiar para quem acompanha séries da Netflix, pois não é diferente delas.
Como disse, achei divertido; só que não é bem Sandman: é Netflix.
A arte é bonita e há boas ideias, mas nada é muito coerente ou bem desenvolvido.
O tom da história oscila ao longo dos capítulos, como se o autor ainda estivesse tentando descobrir o que fazer e como conciliar o humor e o drama.
Além disso, as tramas dos personagens aparecem e desaparecem (o passado do pai e da filha, o trabalho da mãe) de acordo com a conveniência de cada cena. Os personagens possuem questões, passado, motivações, porém são reduzidos a um recurso para piadas pontuais. E digo pontuais porque, embora existam capítulos mais fechados, a maioria deles não tem coerência. Vários deles são anedóticos e inverossímeis até quando nem têm essa a intenção, ao passo que os capítulos dramáticos não conseguem aprofundar os personagens. Ao que parece, a perspectiva de criar um arco, de aprofundar e desenvolver o que é posto, está aquém da capacidade do autor.
A relação entre pai e mãe, por exemplo, é extremamente infantilizada, malgrado ambos sejam adultos envolvidos com assuntos e ações complexas. Ora, qual a justificativa dessa infantilidade na obra? Seria para manter o tom infanto juvenil e contrariar a parcela mais bobinha do público? Seria um machismo do próprio autor, que repete esse clichê insuportável da oriental boazuda, infantil e submissa?
Confesso que não sei, mas penso que a série cresceria muito se conseguisse representar dois personagens que não fossem só estereótipos (de espião, assassina, homem, mulher e adulto). A própria Anya, inclusive, tem um espectro emocional mais amplo que os pais — o autor só sabe escrever sobre crianças e da perspectiva de uma criança? Todos os personagens são interessantes, mas rasos, o que acaba fazendo da série uma piada, vez e outra engraçada, mas quase sempre um desperdício.
Bem difícil de aguentar o filme até o fim. É desnecessariamente longo, com um monte de sobras e closes intermináveis no rosto do protagonista.
Quase toda a obra, inclusive, se concentra nele, algo que diminui o protagonismo dos outros personagens e, a longo prazo, superexpõe o Batman, diminuindo o impacto do personagem, que vai ficando cada vez mais mundano e pobre.
Inclusive, as próprias cenas que seriam usadas para estabelecer o herói são toscas. Não há muita apresentação das motivações do personagem ou da relação que ele possui com os símbolos que o vestem. Não temos acesso à interioridade do Wayne, nem mesmo por meio de sua relação com o Alfred, que não é bem estabelecida. O resultado disso é que as ações do personagem perdem simbolismo, pois nenhum significado as acompanha, e que as cenas que dependem do sentimento do protagonista (com a mulher gato, a relação com os pais etc.) ficam ocas, já que nenhum sentimento foi construído até então. Tudo é vazio e gratuito e, mesmo quando, lá para o meio do filme, algum tema começa a ser construído, já é tarde demais para dar sentido ao filme.
Bem, creio que isso poderia funcionar se as ações do personagem construíssem os sentimentos e os símbolos que não são apresentados, porém isso não acontece, conquanto exista uma superexposição do protagonista na obra. Quase não existem cenas sem o Batman (e pouco sabemos dos personagens secundários), mas suas ações são tão banais que essa superexposição quebra qualquer teatralidade ou mesmo aura de competência que o personagem tenha. Batman não tem táticas criativas, procura por vilões batendo na porta deles (literalmente!), anda normalmente entre as pessoas ─ talvez até pegue um ônibus quando a gente não tá vendo. Aliás, nem sua investigação funciona: ele vaga de um lado para o outro até o vilão decidir se revelar, ou até o plano do vilão dar certo.
Claro que há coisas boas: Charada é legal e, em que pese o roteiro ruim, os atores são bons. Mas nada de bom se destaca em nenhum momento dessa pilha mal equilibrada de cenas ruins que é esse filme.
Achei um filme "qualquer coisa", assim como os originais, que não eram muito bons. No geral, ele tem boas ideias, como a tentativa de explicar o processo que leva o boneco a ficar doido ou mesmo o uso da tecnologia, mas o roteiro não consegue ligá-las bem e dar coerência ao filme. Sobram muitas coisas, faltam muitos nós.
Madame Teia
2.1 233 Assista AgoraNão achei exatamente um filme catastrófico, é mais como se ainda não fosse um filme, como se o roteirista estivesse treinando a escrita do roteiro, a direção ainda descobrindo o que é dirigir e os atores o que é atuar. Tudo é amador e óbvio de um modo constrangedor, de modo que não dá nem para julgar como um filme.
Le Bureau des Légendes (1ª Temporada)
4.3 6Nunca gostei de filmes de espionagem, achava tudo muito falso e bobo. Não obstante, adorei a série justamente pela apresentação de uma espionagem mais verossímil, com os métodos senso expostos e coisas assim. Muito bom.
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraAssisti esperando pelo momento em que iam criar um meio para duas raças se comunicarem, que é um problema clássico de filosofia da linguagem: como sei que o outro, que não tem muito em comum comigo, entende o que eu quero dizer?
A resposta veio, mas foi bem tosca. Vi até o final emburrado.
The Umbrella Academy (3ª Temporada)
3.5 172 Assista AgoraUm profundo mergulho na fossa.
Five Nights At Freddy's: O Pesadelo Sem Fim
2.5 288 Assista AgoraO começo e a parte dramática do filme são interessantes, mas embora os problemas comecem pequenos, eles vão se avolumando até o filme deixar de ser interessante e ficar bem ruim, lá pelo final. Quando o terror ganha espaço, o filme perde qualidade, inclusive porque é nesse momento que o filme precisa ir mais fundo nas referências dos jogos. E os jogos, não é nenhum segredo, são uma porcaria e fornecem um material horrível para o diretor trabalhar. Infelizmente, ele não consegue fazer grande coisa para lidar com isso também
The Tick (1ª Temporada)
3.6 38 Assista AgoraÉ assistível se você tiver alguma tolerância para coisas ruins.
Oito Mulheres e um Segredo
3.6 1,1K Assista AgoraÉ um filme que não surpreende em nenhum momento, nem nas viradas da trama, com tudo soando um tanto previsível e só minimamente interessante. Apesar disso, ele também nunca fica completamente banal. As personagens são medianas, sem muito carisma, mas também sem chegar a ser chatas. A exceção, a meu ver, está na dupla Blanchett e Bullock, que representam personagens que, por sua centralidade na trama, são pouco inspiradas e deveriam ter sido bem melhor escritas.
Jujutsu Kaisen (2ª Temporada)
4.3 61 Assista AgoraAs animações continuam bem bonitas, mas o conteúdo é tão raso e vazio, dá para assistir no mudo enquanto faz outras coisas.
RoboCop
3.3 2,0K Assista AgoraAchei um filme ok. Tudo é competente mas nada é especialmente interessante ou chamativo. Acho que é o melhor que Robocop pode ser mesmo.
A Visita
3.3 1,6K Assista AgoraAchei um filme razoável, com alguns bons momentos e sem grandes ideias.
Jujutsu Kaisen (1ª Temporada)
4.4 153 Assista AgoraA animação bonita, mas todo o restante é uma porcaria.
Deve ser um daqueles produtos que a galera lança no mercado visando um público alvo específico, sem nenhuma arte envolvida. Algum cara olha numa planilha e diz "precisamos de um shonen de porrada com protagonista jovens, poderzinhos para cobrir o público x e y" e, voilá, JK.
Tudo na obra é superficial e parece estar lá só como um pretexto para produzir um shonen de luta genérico.
O protagonista é vazio, mas pouco importa. O sistema de poder não tem muita coerência, mas o autor não se detém muito nisso, pois não terá grande impacto na obra. A trama é boboca, os vilões são superficiais, mas nada disso importa muito já que os personagens são ocos e os acontecimentos não representam nada para eles.
O que vale são as cenas de ação e coisas do tipo, sendo que mesmo quando a história acerta em algo, isso dificilmente é aprofundado, virando só um acerto ocasional.
Deve divertir uma galera, mas, particularmente, achei uma merda.
Thelma & Louise
4.2 967 Assista AgoraEu só me recordava da última cena, sequer lembrava que o Brad Pitt estava no filme.
Uma coisa bem legal: o crime que motiva o filme não é pura autodefesa como eu pensava, quer dizer, as protagonistas não matam porque o outro é uma ameaça, mas por raiva.
No entanto, se, por um lado, o crime inicial não nos permite julgá-las puramente como vítimas; de outro, o diretor não quer que as julguemos como vilãs. Ele não dá espaço para que elas apresentem ambiguidades morais, nem para que sejam questionadas de forma justa — os antagonistas tendem a ser babacas.
O principal deles, todavia, é uma exceção: ele é alguém que entende o que leva as protagonistas agirem como agem, porém, ao mesmo tempo, é o detetive com o dever de capturá-las. Nós simpatizamos com sua compreensão, mas torcemos para que ele falhe e as moças escapem.
Contudo, como em nenhum momento temos contato com a individualidade desse personagem, ele acaba funcionando menos como um indivíduo e mais como um recurso de roteiro, isto é, como algo que está lá para cumprir uma função na obra. E funciona, mas de um modo que corta possíveis ambiguidades e torna o filme um tanto didático.
Thelma e Louise brinca com a estrutura dos “road movies”, essas histórias em que alguém atravessa um longo caminho de estradas e autodescobertas. As protagonistas começam como duas donas de casa afogadas na mediocridade da vida cotidiana, porém cometem um crime e viram foragidas. Quanto mais avançam para fugir do primeiro crime, mais vão cometendo outros e mais percebem que podem abandonar facetas velhas e adotar novas.
Por sinal, aí está a graça da coisa: as personagens estão, simultaneamente, redescobrindo-se, criminalizando-se e ficando mais perto de sofrerem consequências horríveis por isso. Essa mistura de autodescoberta, crime e consequência produz um resultado muito bom, inclusive aquele final corajoso que, vocês sabem, associa a liberdade feminina à ruína.
Confesso que fiquei até a última cena esperando pelo beijo lésbico. Numa obra sobre redescobrir-se, esperei pacientemente que, numa cena qualquer, o roteiro sugerisse ao espectador que o comportamento sexual também é uma faceta a ser abandonada. Até perdi as esperanças em algum momento, entretanto, na última cena, voilá, o beijo veio. Pessoalmente, eu gostaria de algo mais explícito, mais inequívoco, mas entendo eram outros tempos; de qualquer modo, fiquei satisfeito.
Halloween Ends
2.3 537 Assista AgoraTem vários elementos legais, como trabalhar a exposição pública de pessoas envolvidas com crimes, uma protagonista tentando racionalizar o que viveu (mesmo que com um texto banal) etc. isso faz parecer que essas coisas darão em algum lugar, mas não dão. Uma pena.
Sandman (1ª Temporada)
4.1 590 Assista AgoraAchei a série razoavelmente divertida na primeira parte (a segunda achei um lixo), mas ela me causou uma rejeição inicial que só aumentou com o correr dos capítulos: a perda da sensação de literatura.
Eu não conheço todo o Sandman, mas a parte que conheço mantém um diálogo bem direto e interessante com a literatura (seja no texto, nos temas ou na forma), algo que dá características bem próprias à obra.
Ela contém uma ontologia que valida qualquer universo real ou fictício, o que produz duas consequências significativas. De um lado, essa ontologia cria uma enorme diversidade no cenário: há muitas raças, universos, conceitos e relações preenchendo as histórias. De outro, essa diversidade é um recurso para a variação narrativa, dizendo de outro modo, a diversidade não existe para criar um cenário acabado em que compreendemos o papel de cada agente nele, mas para variar a história. A variação existe para ser confusa mesmo, para quebrar um pouco a expectativa e permitir que nos fascinemos com algo que só se dá numa experiência muito diferente daquelas que esperamos. Por isso, cada nova história desenvolve novos mundos (e novos Sandmans) que nos propiciam novas experiências.
Em suma, quero dizer que Sandman não é bem um círculo que em algum momento se fecha, mas uma linha reta que sempre segue em frente. E para continuar seguindo ela precisa dialogar com outras coisas — textos, formatos, conceitos — que, geralmente, o autor busca na literatura.
Para entrar no formato de seriado, contudo, a série reorganiza os contos de forma linear, corta as ambiguidades e explica aquilo que é estranho, construindo uma narrativa coesa, palatável, em que qualquer elemento cênico é rapidamente desvelado.
O resultado disso é o desaparecimento das sutilezas, da inventividade da obra original, bem como o empobrecimento dos temas, o que transforma Sandman numa obra bastante familiar para quem acompanha séries da Netflix, pois não é diferente delas.
Como disse, achei divertido; só que não é bem Sandman: é Netflix.
Spy x Family (1ª Temporada - Parte I)
4.4 59 Assista AgoraA arte é bonita e há boas ideias, mas nada é muito coerente ou bem desenvolvido.
O tom da história oscila ao longo dos capítulos, como se o autor ainda estivesse tentando descobrir o que fazer e como conciliar o humor e o drama.
Além disso, as tramas dos personagens aparecem e desaparecem (o passado do pai e da filha, o trabalho da mãe) de acordo com a conveniência de cada cena. Os personagens possuem questões, passado, motivações, porém são reduzidos a um recurso para piadas pontuais. E digo pontuais porque, embora existam capítulos mais fechados, a maioria deles não tem coerência. Vários deles são anedóticos e inverossímeis até quando nem têm essa a intenção, ao passo que os capítulos dramáticos não conseguem aprofundar os personagens. Ao que parece, a perspectiva de criar um arco, de aprofundar e desenvolver o que é posto, está aquém da capacidade do autor.
A relação entre pai e mãe, por exemplo, é extremamente infantilizada, malgrado ambos sejam adultos envolvidos com assuntos e ações complexas. Ora, qual a justificativa dessa infantilidade na obra? Seria para manter o tom infanto juvenil e contrariar a parcela mais bobinha do público? Seria um machismo do próprio autor, que repete esse clichê insuportável da oriental boazuda, infantil e submissa?
Confesso que não sei, mas penso que a série cresceria muito se conseguisse representar dois personagens que não fossem só estereótipos (de espião, assassina, homem, mulher e adulto). A própria Anya, inclusive, tem um espectro emocional mais amplo que os pais — o autor só sabe escrever sobre crianças e da perspectiva de uma criança? Todos os personagens são interessantes, mas rasos, o que acaba fazendo da série uma piada, vez e outra engraçada, mas quase sempre um desperdício.
Soul
4.3 1,4KBem ruinzinho, todo perdido nos discursos que coloca.
Prezado Sr. Watterson
3.8 25 Assista AgoraAchei fraquinho. Mostra mais a relação dos fãs com a tira e tal, sem trazer muito conteúdo.
Batman
4.0 1,9K Assista AgoraBem difícil de aguentar o filme até o fim. É desnecessariamente longo, com um monte de sobras e closes intermináveis no rosto do protagonista.
Quase toda a obra, inclusive, se concentra nele, algo que diminui o protagonismo dos outros personagens e, a longo prazo, superexpõe o Batman, diminuindo o impacto do personagem, que vai ficando cada vez mais mundano e pobre.
Inclusive, as próprias cenas que seriam usadas para estabelecer o herói são toscas. Não há muita apresentação das motivações do personagem ou da relação que ele possui com os símbolos que o vestem. Não temos acesso à interioridade do Wayne, nem mesmo por meio de sua relação com o Alfred, que não é bem estabelecida. O resultado disso é que as ações do personagem perdem simbolismo, pois nenhum significado as acompanha, e que as cenas que dependem do sentimento do protagonista (com a mulher gato, a relação com os pais etc.) ficam ocas, já que nenhum sentimento foi construído até então. Tudo é vazio e gratuito e, mesmo quando, lá para o meio do filme, algum tema começa a ser construído, já é tarde demais para dar sentido ao filme.
Bem, creio que isso poderia funcionar se as ações do personagem construíssem os sentimentos e os símbolos que não são apresentados, porém isso não acontece, conquanto exista uma superexposição do protagonista na obra. Quase não existem cenas sem o Batman (e pouco sabemos dos personagens secundários), mas suas ações são tão banais que essa superexposição quebra qualquer teatralidade ou mesmo aura de competência que o personagem tenha. Batman não tem táticas criativas, procura por vilões batendo na porta deles (literalmente!), anda normalmente entre as pessoas ─ talvez até pegue um ônibus quando a gente não tá vendo. Aliás, nem sua investigação funciona: ele vaga de um lado para o outro até o vilão decidir se revelar, ou até o plano do vilão dar certo.
Claro que há coisas boas: Charada é legal e, em que pese o roteiro ruim, os atores são bons. Mas nada de bom se destaca em nenhum momento dessa pilha mal equilibrada de cenas ruins que é esse filme.
Pokémon: Detetive Pikachu
3.5 670 Assista AgoraLegal pela animação. A história é ok, o ator principal bem ruinzinho.
Brinquedo Assassino
2.7 612 Assista AgoraAchei um filme "qualquer coisa", assim como os originais, que não eram muito bons. No geral, ele tem boas ideias, como a tentativa de explicar o processo que leva o boneco a ficar doido ou mesmo o uso da tecnologia, mas o roteiro não consegue ligá-las bem e dar coerência ao filme. Sobram muitas coisas, faltam muitos nós.
WiFi Ralph: Quebrando a Internet
3.7 739 Assista AgoraBem mais ou menos e abaixo do primeiro.
Sword Art Online (1ª Temporada)
4.0 165Lixo para pré-adolescentes. Nem se deveria animar uma coisa dessas.
Creepshow: Arrepio do Medo
3.7 236 Assista AgoraAchei bem chatinho. Algumas histórias tem bom potencial, mas acabam não indo muito longe.
Jogador Nº 1
3.9 1,4K Assista AgoraÉ interessante pela quantidade de marcas que conseguiram licenciar. E, claro, a coisa dos efeitos. No mais, é um filme bem fuleiro.