Jovens tendo ideias geniais de m... fazendo m... em um filme carismático com final didático. Bom entretenimento em um filme com atuações aceitáveis (algumas boas sem serem ótimas, outras ruins sem serem péssimas); nada fantástico, mas legalzinho. Poderia ser um pouco mais curto.
Traz uma motivação de terror interessante e original, mas seu desenrolar perde ritmo e vai se perdendo por buscar soluções-caminhos-comuns (depois de assistir a vários filmes desse tipo você meio que sabe pra onde vai te levar e o sobrenatural original se perde nestes caminhos já diversas vezes percorridos. Além disso, as atuações são bem irregulares, a tensão de terror vai perdendo a pouca tensão a quase entediar o espectador. Uma ótima ideia incomum que vai se perdendo em lugares comuns.
A missão já era árdua (apesar de não tão complicada): explicar por que outro Matrix era necessário (sou daqueles que considera o 1 essencial, de 'explodir cabeças', mas os demais excessos requintados/requentados). A primeira metade, com boas autorreferências e metalinguagem caminhava regularmente, mas a apelação pra nostalgia, sem um upgrade nem nas discussões nem nos efeitos especiais, não basta. É esvaziado dos debates que a primeira trilogia (principalmente o primeiro) trouxe, parece um tiozão bancando contemporaneidade, mas que não percebe que a 'rede' atualizou. Termino o filme com a pergunta: era realmente necessária uma ressurreição da Matrix dessa forma? Gatrix talvez sim, Matrix - talvez convidando os roteiristas do "Família Mitchell e a Revoltta das Máquinas" e "Não olhe pra cima", mais antenados com os problemas virtuais/tecnológicos atuais, talvez conseguiria, mas nesta versão é emulador de game antigo.
Animação excelentíssima, com as discussões (e inovações) que o Matrix 4 devia ter trazido, mas que falhou terrivelmente. Há tempos não via um longa de animação não-pixar tão relevante, com magníficas reflexões, divertidíssimo e atualíssimo.
"Tormento" é um nome apropriado: partindo de uma boa ideia (um serial killer que se ocupa como radialista dando conselhos amorosos), traz um roteiro incoerente, com erros de continuidade, ações inverossímeis, além de tentar ser uma tentativa tosca de suspense pasteurizado americano quando flerta mais com o amador (sendo que há muitos amadores muito melhores, mas muito melhores mesmo que o apresentado aqui). Perdoe-me a dureza, mas é lamentável, até por ser um desperdício de excelentíssima premissa/ideia). Quando a personagem pergunta, em um momento, "O que é isso?", pois é, eu me fiz a mesma pergunta. Meia estrela pela premissa e meia estrela para o esforço dos atores. Entrou para o outrora seleto, agora repleto "Já vi, mas antes não tivesse visto".
Vale pelas lutas, mas é muito pouco pra um filme tão longo e paupérrimo de roteiro, cheio de facilitações, desenvolvimentos rasos, cruz credo, com personagens humanos insossos (alguns até irritantes), blergh, etc. Mais um que, pelo trailer, seria 5 estrelas. Essa tendência de tratar espectadores fãs de blockbusters como se fossem idiotas, que irão curtir o filme só por boas lutas, isolando o cérebro do mínimo de verossimilhança e coerência tem sido uma doença nas produções dos atuais filmes de ação (vide Mortal Kombat,, que também só vale pela luta, entre tantos outros deste período). O pior é que fazem uma bilheteria monstruosa (perdoe-me o trocadilho), dando razão aos produtores em investir nesta tendência de total desrespeito à mentalidade dos espectadores.
Olha, o trailer é 5 cinco estrelas, pois conseguiu capturar os parcos aspectos 'bons' do filme: Scorpion e boas lutas. O restante (o roteiro - podemos chamar aquilo de roteiro? - é uma ofensa ao espectador, o personagem novo é uma b...st@ completa, insosso, é um desperdício de película e CGI).Essa tendência de tratar espectadores fãs de blockbusters como se fossem idiotas, que irão curtir o filme só por boas lutas, isolando o cérebro do mínimo de verossimilhança e coerência tem sido uma doença nas produções dos atuais filmes de ação (vide Godzilla vs King Kong que também só vale pela luta, entre tantos outros deste período).
A comparação com "Mortal Kombat Legends: A vingança de Scorpion" é inevitável e a percepção de quanto "Mortal Legends: A batalha dos reinos" é muito aquém de seu anterior é gritante: roteiro raso. qualidade inferior de animação, muito, mas muito abaixo de seu anterior - e pensar que, em "A vingança de Scorpion" parecia que haviam encontrado o caminho do bom kombat, do bom (e sublimemente cruel) Mortal Kombat...
Tinha tudo pra ser um filmaço, traz um começo violento e promissor, mas o filme escorrega no conteúdo, ora fornecendo atitudes surrealmente imprevisíveis para personagens, descaracterizando-os para criar/causar situações, ora trazendo soluções previsíveis, tudo para a comodidade de um roteiro que vai se tornando raso e furado. Muito a se discutir e refletir, mas feito de modo meio que atropelado, privilegiando a brutalidade e o slasher em detrimento à coerência inicialmente colocada, e pouco aprofundado.
É um filme modesto e ameno e, ao mesmo tempo, intrigante. Muito além da adaptação da protagonista imigrante se adaptando ao novo 'lar', numa análise mais profunda, traz metalinguagem implícita com o próprio ato de atuar (e o quanto de ator é/torna-se ser um imigrante - perspectiva de imigração que ainda não havia refletido em nenhum outro filme que usa a mesma temática, pelo menos não que eu me lembre e com tanta sutileza e particularidade), suas impossíveis possibilidades (como o futuro do pretérito, muito destacado no longa) com parcas chances (talvez, uma única chance, mais utópica que quaisquer outras) de um final feliz, questões identitárias levemente discutidas (a ambiguidade da protagonista, os nomes adaptados para o novo país, os momentos pontuais em que cada idioma - nativo ou estrangeiro - é colocado). O filme não empolga, mas traz reflexões interessantes e nós, espectadores, somos provocados e caímos em arapucas de ficções possíveis e sugestivas.
A mensagem é boa e muito necessária ao mundo atual, mas a execução - argh! - o roteiro furado (chegando a atropelar conceitos marcados no filme anterior), cheio de saídas fáceis (algumas soluções miraculosas e não citadas previamente para problemas são de uma preguiça, chute na coerência e ofensa à inteligência do espectador), os defeitos especiais. O mais captado dos anos 1980 foram as 'pérolas' dos piores filmes e de fórmulas mirabolantes furadas daquela época. Os piores e mais criticados arcos e fases da Mulher Maravilha nas HQs
Recentemente, passei por uma possível virose muito próxima da Covid-19: tive dores no corpo todo, falta de olfato e de paladar (descartei a doença da mais recente pandemia pela ausência de febres e problemas respiratório). As dores no corpo, após alguns dias, passaram, mas ainda sofro com os resquícios da falta de olfato e de paladar. E aí veio o lírico espanto: a percepção da falta dos dois sentidos, o susto do novo normal sem sabores e cheiros. Isso trouxe-me à memória o apocalíptico, dramático e sublimamente romântico filme, com o irônico título de “Perfect Sense” (no Brasil, foi traduzido com a figura de linguagem mais implícita, mas com título ainda icônico e maliciosamente apelativo de “Sentidos do amor”). A história é marcante, emocionante e bem desenvolvida: Um casal vive um romance enquanto uma estranha doença assola a sociedade. Aos poucos, as pessoas começam a perder os sentidos humanos. Sem olfato ou audição, eles insistem na sua história de amor e experimentam sensações desconhecidas.
A grande ironia paradoxal do filme é que o protagonista Michael, interpretado pelo mais que fodástico Ewan McGregor, outrora constante escapista de relações amorosas duradouras, finalmente encontra o amor por alguém (a também protagonista Susan, interpretada pela mais que fodástica – fã da exposição de nudez de seus belos seios [ainda não vi um filme em que ela o oculte] Eva Green), logo quando os seus sentidos humanos estão sendo perdidos
. É um daqueles filmes que estão no meu top 10 dos mais emocionantes e fodásticos a que já assisti. Marcou-me tanto que me inspirou um poema, “O sentido do amor na falência de sentidos”, que foi selecionado no II Concurso Literário da Fundação Cultura Barra Mansa (FCBM) e da Biblioteca Municipal Adelaide Franco e há pouco publicado em meu blog que há tempos não via atualizaçõe. Veja em meu blog no seguinte "Diários de solidões coletivas", na postagem com o título: "Um poema meu relembrado no momento de espanto: O sentido do amor na falência de sentidos".
Costumo comentar sobre quase todo filme ao qual assisto, mas minha avaliação de hoje sobre o filme "Rainha de Katwe" é coletiva. Trago as avaliações dos escritores alunos da Aceleração IV da Escola Municipal Alcino Francisco da Silva de Teresópolis/RJ, cuja nota é a mesma que a minha, professor representante deles neste comentário. Comentários individuais dos escritores alunos da Aceleração IV da Escola Municipal Alcino Francisco da Silva de Teresópolis/RJ: Cauã Siqueira Corrêa dos Santos: "O filme foi legal; gostei. Guilherme Branco Peixoto: "Oi, gente, meu nome é Guilherme. Eu adorei o filme, é muito bom." Hedilon Silva Carlos Bento: "O filme foi bom, que excelente trabalho! Parabéns!" Heitor Paim Fonseca: "Eu gostei do filme, porque eu gosto de xadrez." Igor Verissimo da Silva: "Eu acho o filme legal, porque fala muito como o xadrez muda pessoas, porque xadrez é muito legal." Kaique Silva de Jesus Marques: "Oi, gente, meu nome é Kaique. Eu adorei o filme, é muito bom." Lealdo Fonseca de Queiroz: "Gostei do filme,
porém as crianças passam muita necessidade, mas depois observei que eles são felizes e também o filme termina bem, todos felizes.
" Leandro Ciriaco Hyatti: "Eu achei o filme muito lindo e emocionante!" Leonardo Branco Peixoto: "Eu gostei do filme, a Phiona tem uma experiência no jogo." Miguel de Paula Silva: "O filme é muito irado!!! Se você não sabe o que é um filme legal, não pode perder esse filme; é muito top!!!" Poliana Cristina Carvalho de Araujo: "O filme é muito bom e gostei muito!!!" Wallace de Almeida Ribeiro: "O filme foi bom. Parabéns pelo trabalho!" João Victor do Castro de Paula: "A parte melhor é
No dia 15 de dezembro, às vésperas do verão (iniciado hoje), tive a honra de declamar meu poema “Primavera fúnebre”, inspirado no filme "Reflexos da Inocência" e premiado como finalista no I Concurso de Poesia da Casa de Espanha, localizada na Rua Maria Eugênia, 300, Humaitá, Rio de Janeiro/RJ. Vamos à história da produção do poema “Primavera fúnebre”: esse texto me surgiu após assistir a um filme chamado “Reflexos da Inocência”, do diretor Baillie Walsh. Nas primeiras cenas do filme, nos deparamos com a rotina vazia do ator decadente Joe Scott, magnificamente interpretado por Daniel Craig (algumas das cenas iniciais me provocaram um misto de estranheza – a rotina, além de vazia, é um tanto bizarra – e curiosidade – aonde essa p... de filme quer chegar?). Com o tempo, Joe Scott vai tendo flashbacks de seu passado, de sua adolescência (dos tais “reflexos da inocência”) e, junto com o personagem, mergulhamos num universo de lembrança de um tempo de pecados inocentes (com cenas antológicas, como a que Joe jovem e Ruth dançam ao som de David Bowie e Roxy Music – a primeira e a segunda estrofes de meu soneto devem muito a essa cena), causadores de uma inesperada tragédia. A sensação de tempo perdido, o leve desespero de rever amores e sensações que não podem retornar mais, o luto que cobre todo o presente com uma tensa nuvem melancólica, todos esses ingredientes foram me sensibilizando, desfazendo a estranheza inicial e tornando o filme “Reflexos da Inocência” inesquecível para meus olhos cine-fanáticos. Consequentemente, o filme se tornou o principal muso inspirador para o poema “Primavera fúnebre”, com o qual cheguei à final do I Concurso de Poesia da Casa de Espanha. Vejam o poema no link: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2014/12/minha-primavera-funebre-as-vesperas-do.html
Um dos filmes sobre Nazismo e Segunda Guerra Mundial que mais me marcaram nas últimas décadas foi o premiado (ganhador da Palma de Ouro em Cannes 2002) “O pianista”, de Roman Polanski, inspirado na biografia com título homônimo do artista Wladislaw Szpilman. Poucos filmes encheram tanto os meus olhos cinéfilos de desespero (diante da violência dos soldados nazistas com os judeus na Polônia invadida e da corrida alucinante do protagonista [fenomenalmente interpretado por Adrien Brody] por meios e refúgios para sua sobrevivência) e de desenfreado lirismo (a eterna melancolia, medo e cansaço do protagonista diante do ambiente alucinadamente violento com o qual convive e a sensação de inutilidade e impotência devido a sua abstinência forçada com a prática de sua arte, com sua música – é, o fato de o protagonista ser artista e ser impedido de manifestar seu dom artístico afetaram ainda mais minhas emoções diante do filme [por sinal, duas cenas antológicas, que jamais esquecerei, são a
que ele se depara com um piano, mas, tendo que se silenciar pra sobreviver, toca o instrumento apenas com o pensamento e a que ele se vê inadvertidamente solitário em meio a Polônia destroçada e, finalmente, realiza o seu desejo: tocar um piano, chegando a sensibilizar até o oficial nazista que surpreende o pianista judeu refugiado
]). Sei que minha opinião, no caso desse filme, é mais emotiva que racional, mais considero “O pianista” como uma das obras-quase-primas (considero que, nos momentos finais, o filme perdeu um pouco o ritmo em comparação aos momentos muito tensos de seu clímax) de Polanski. O filme me emocionou tanto que até fiz um poema (que foi premiado com a Menção Especial na Categoria Adulto do XXV Concurso de Poesia da Academia de Letras de Paranapuã (ALAP). Leia o poema no link: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2014/12/o-pianista-o-meu-poema-antinazifascismo.html
Há alguns dias atrás, recebi mais uma ótima notícia por e-mail: meu poema “Que horas serão em Déjà vu? (Os incompreendidos de Cronos, Tsai Ming-Liang e Truffaut)” foi classificado entre os 30 melhores do Concurso Internacional Contemporânea 2014, organizado pelo artistamigo e ativista cultural Maurilio Campos, em Santos/SP! Fiz esse poema há algum tempo atrás, inspirado no fodástico filme cult “Que Horas São Aí? / Hora da Partida”, de Tsai Ming-Liang, de Taiwan , que eu baixei aqui no sonata há algum tempo. O filme é de uma beleza plástica rara e de um olhar lírico-melancólico único sobre a solidão. O filme me chamou tanto a atenção que fiz um poema sobre ele. Quando me vi abafado e com o prazo em cima para mandar um poema para o Concurso Internacional da Contemporânea, decidi enviar o meu poema tributo lírico às obras cinematográficas de Tsai Ming-Liang e Truffaut. E deu certo: o poema classificou entre os 30 melhores do concurso internacional, enchendo esse poeta-pai-de-poemas-loucos de orgulho. Deixo para os leitores, nesta postagem, o premiado poema, resultado de meu fascínio pelo acervo cinematográfico fodástico do blog Sonata Première e pelas obras-primas cinematográficas de Tsai Ming-Liang e Truffaut. Acertem seus relógios, amigos leitores, e vejamos que horas serão na minha imaginária Déjà vu! Boa leitura e Arte Sempre! Segue o link do poema: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2014/11/meu-poema-cinemaniaco-premiado-que.html
Durante esse período de recesso de julho, tive a oportunidade de assistir a vários filmes fodásticos, baixados no blog “Sonata Première”. Um dos filmes que mais me marcou nesse período é o fodástico drama “Entre nós”, dos diretores brasileiros Paulo Morelli e Pedro Morelli. A atmosfera de “Entre nós” é angustiante e tensa (o drama beira o suspense de tão tenso que é o reencontro dos amigos). Apesar de girar em torno de um reencontro festivo, as expectativas de uma reunião alegre são desmoronadas à medida que antigas paixões, novas frustrações e um segredo mal enterrado vêm à tona. A câmera acompanha os personagens como se filmasse um reality show, invade seus momentos mais íntimos e as cenas nos revelam os sonhos perdidos e o leve e melancólico desespero dos personagens diante de um presente desalentador em comparação aos anseios do passado. Dá aquela impressão de solidão coletiva, de geração perdida e eternamente enlutada (e, para alguns, culpada) pela morte do amigo mais talentoso e, também (e, para alguns, consequentemente), do fim das ilusões de outrora. Tentei reproduzir essa atmosfera de melancolia tensa no poema e usei, como eu lírico, o personagem Felipe, primorosamente interpretado por Caio Blat. O período no qual assisti ao filme coincidiu também com essa época de luto da literatura brasileira, na qual perdemos 3 fodásticos escritores (João Ubaldo Ribeiro, Rubem Alves e Ariano Suassuna) e passamos a compartilhar fragmentos de seus escritos de forma muitas vezes desordenada e sem conhecimento/compreensão devida das obras dos escritores. ‘Roubartilhamos’ as obras alheias como se fossem nossas e, às vezes, o efeito é apenas o mesmo do personagem Felipe: o ato de compartilharmos o que não é nosso como se fosse nosso só nos mostra a frustração criminosa de interpretarmos uma persona que não podemos ser e a melancolia permanente de termos algo perdido em nós que poderia ter sido e que não foi. Assistir ao filme “Entre nós” é como ser cúmplice de um crime amigo que negamos, acompanhados de nossos ex-companheiros, mas que nos torna eternamente condenados por nossos sonhos jovens que faleceram na poeira do tempo. Veja o poema no link: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2014/08/quando-o-passado-fere-o-nosso-presente.html
Dois filmes que baixei no fodástico blog cult “Sonata Première” e que chamaram minha atenção nos últimos tempos foram os premiados “Real”, da diretor japonês Kiyoshi Kurosawa e “Mel”, da diretora italiana Valeria Golino. Aparentemente, os dois filmes não têm nada a ver um com outro, mas somei os dois em minha cabeça devido a um fato e a um peculiar fator comum: assisti aos dois filmes no mesmo dia e, assim, ambas as histórias ficaram misturadas em minha cabeça; além disso, em ambos os filmes, seus personagens vivem (ou melhor, sobrevivem) se equilibrando (ou se desequilibrando) na linha tênue que separa a vida da morte. Dos dois, o que me marcou mais intensamente foi “Real”, filme com uma leve ligação com a ficção científica e com uma forma peculiar e alucinante de análise do inconsciente humano (altamente recomendado para análise da escritoramiga e psicóloga Raquel Freire do Amaral) – o classificaria como um drama psicológico com pitadas de ficção científica e suspense. Reparem na sinopse: “Os médicos japoneses contactam dois cérebros em um misto de realidade virtual e telepatia. Koichi passa a conversar com sua garota, Atsumi, que desde uma tentativa de suicídio, há um ano, está em coma profundo. Ele consegue entrar no subconsciente dela e ali Atsumi, desenhista de mangás, faz um pedido a ele: procurar um esboço de plesiossauro para que ela possa sair do torpor. Koichi encontra o monstro e eles passam a entender o porquê dele e a ver que a verdade não é o que parece ser.” Com uma fotografia estonteante, o filme é uma viagem incrível pelo universo do inconsciente e o quanto nossas culpas podem se transformar num vigoroso plesiossauro e dominar todo nosso interior. Tenho meus poréns com a solução final do filme (que não vou contar, amigos leitores, “Real” é uma experiência que vocês devem assistir e tomarem suas próprias conclusões), por conta do tamanho e força do plesiossauro que criamos dentro de nós, quando nosso inconsciente se prende a ele, mas isso não afeta a viagem magnífica que meus olhos tiveram diante do filme. Já o filme “Mel”, completamente despido de qualquer aproximação com a ficção científica de “Real”, nos leva àquele velho questionamento: temos ou não temos direito de escolhermos a nossa dissolução (quanto essas decisões influenciam as pessoas a nossa volta e qual é o sentido – ou falta de sentido – nisso)? A personagem Irene se propõe a fazer um trabalho difícil e ilegal: ajudar pacientes terminais a morrer. Ela busca o medicamento proibido no México. Obviamente, ninguém sabe o que ela faz. Não pode haver envolvimento emocional com o paciente. Certa vez, um engenheiro solicitou seus préstimos. Depois que ela soube que ele não possuía doença alguma, Irene começa a tentar salvar a vida do homem. Foi este personagem – e não a protagonista Irene – que me chamou mais a atenção. Seu passado misterioso, suas razões, nada é explicado no filme, apenas sua ânsia em partir desta vida é declarada por ele, apesar de não aparentar traços suicidas em sua vida – exceto por uma opção de manter-se só, apesar de mostrar-se comunicativo e sociável... será que ele possuía um plesiossauro dentro dele? Não sei... só sei que ambos os filmes se misturam em mim... Com a mistura desses dois filmes e seus questionamentos, surgiu esse poema louco que posto hoje: o eu lírico inspirado no engenheiro suicida do filme “Mel” passeando pelo universo lírico, dominado por um violento plesiossauro de culpas, do filme “Real”. Não sei dizer se a mistura foi boa (talvez eu tenha escrito o poema para resolver o final que não apoiei do filme “Real”, não sei, só meu inconsciente – esse sujeito mudo em mim – poderia me responder), mas fica o resultado poético final para os amigos leitores poderem curtir e/ou descurtir. É um tributo poético às sensações que os filmes me passaram, são novos eus líricos que vieram pra mim; ao leitor, cabe o julgamento se o poema é bom ou ruim, desde que se dispa dos julgamentos de certo ou errado, são eus líricos que tomam suas próprias decisões, muito acima de minhas disposições. Boa leitura e Arte Sempre! Leia o poema em: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2014/06/um-tributo-aos-nossos-monstros-o.html
As canções de amor têm ritmo de coração batendo apressado, desesperado. Canções de amor são enganosamente apáticas pela melancólica e complicada matemática de, sendo únicos, tentarmos ser mais que um só. Canções de amor são pegajosas, nos pegam cantando refrões melosos no meio da rua, alheios aos movimentos das grandes e pequenas cidades. Canções de amor trazem o lirismo piegas e angustiado da eterna busca por um sonho ininteligível, um eu perdido em busca de outros eus solidários à solidão. São todas essas (con) tradições das músicas de amor que o diretor francês Christophe Honoré nos traz em seu quinto filme "As Canções de Amor" (Les Chansons d'Amour). Dividido em três atos - a partida, a ausência e o recomeço -, "As Canções de Amor" (2007) começa por se centrar num triângulo amoroso que é destruído pela súbita morte de um dos jovens que o constitui. O filme segue depois as reações dos outros dois, em especial as de Ismael (Louis Garrel), que ao tentar reconstruir a sua vida inicia vários relacionamentos sem superar, no entanto, a tragédia recente. Interessante destacar que esse enredo é entremeado de belíssimas canções (como o próprio título nos informa, o filme fala de “Canções de Amor”), criando um ótimo musical, gênero cinematográfico incomum para nossos olhos (e ouvidos) desacostumados a leituras requintadamente líricas em uma narrativa comum de amor. Sim, o filme é um musical, mas não se deixe enganar, caro leitor, não ironize o gênero – vulgarmente considerado chato, esquisito, entre outros negativos adjetivos -, pois o tom do filme é poético e sério, como aquelas canções de amor que perseguem nossa mente e nos fazem soluçar, rir, vibrar por dentro e principalmente nos gera aquela vontade desesperada de buscar a pessoa amada, que está próxima e, ao mesmo tempo, tão longe de nós mesmos.
O filme de Honoré nos traz todos os aspectos do amor (o encontro, a perda, o reencontro) em todas as suas formas e estados: o amor familiar, o amor sexual, o amor fetichista, o amor obsessivo, o amor grupal (mais especificamente um ménage a tróis), o amor inconstante o amor heterossexual, o amor piegas, o amor lírico, o amor homossexual – de colocar o apático norte-americano “Segredo de Brokeback Mountain no chinelo, o amor cinéfilo – a partir das referências a cenas de outros filmes, de cineastas como Godard e Truffaut, enfim, o amor Amor, em seu estado puro e lírico. Selecionado em Cannes, o filme “As Canções de Amor” comprova, em luz, câmera, música, ritmo e paixão, que o festival francês de filmes mais uma vez não errou, pois Honoré recoloca, nas telas de cinema, o sentimento maior do ser humano em seu devido papel: o de protagonista. Um filme pra ser visto e, principalmente, ouvido.
Essa resenha, de minha autoria, pode ser relida e/ou no blog "Diários de Solidões Coletivas" - segue o link: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2011/07/cena-de-cinema-olhares-sobre-setima.html
Alguns cineastas que marcaram meu retiro cinéfilo das férias de janeiro de 2013 foram os asiáticos Wong Kar-Wai (Hong Kong) e Hirokazu Koreeda (Japão). Assisti à parte (e pretendo assistir a muitas outras mais) das obras deles – de estilos bem diferentes, mas ao mesmo tempo extremamente poéticos, cada um em sua forma peculiar - graças ao blog Sonata Première, pois seus filmes Cult são de difícil acesso / locação (antes eu só havia assistido ao premiado “Beijo roubado”; através do blog, pude conhecer “Amores expressos”, “Felizes juntos” – que prefiro chamar de “Happy Together”, pois o título original faz referência à famosa canção do The Turtles –, os três de Wong Kar-Wai e “Boneca inflável” – este de Hirokazu Koreeda). De todos esses, apesar da maravilhosa fotografia e roteiro de “Felizes juntos”, o que mais me marcou foi o fodástico “Boneca inflável”. O filme causa um estranhamento no início, pois seu pacto ficcional (o ato de adentrarmos no universo imaginário do filme) se dá no plano do realismo fantástico: uma boneca inflável, objeto sexual de um homem solitário, toma vida e, durante as manhãs e tardes de ausência de seu dono, passa a andar pela cidade, conhecendo a atmosfera opaca do cotidiano humano. Caminhando com ela pelo vazio da cidade moderna, nós, os espectadores, nos damos conta de nós mesmos e o quanto da conhecida solidão nossa coletiva há no universo que a boneca vê; o estranhamento passa e estamos absolutamente envolvidos na trágica trajetória da boneca inflável. O filme e os universos dos cineastas asiáticos citados me marcaram tanto que o fenômeno da criação poética aconteceu naturalmente: como tudo que amo e absorvo, a obra se tornou uma inspiração para um novo poema. Para a produção desse poema, me baseei na temática de amor e desamor, comum nos filmes de Wong Kar-Wai, e de vazio, impresso na obra-prima de Hirokazu Koreeda. Para isso, também retomei a personagem “Ela” (referência a uma música fodástica da antiga banda valenciana “Província”) de um conto fantástico meu chamado “Figuras de linguagem”, ainda não publicado no blog, mas presente em meu sexto livro “Diários de solidão” (2010). Inverti os papéis do filme – o boneco inflável é o eu lírico e “Ela”, a dona, que, após algum tempo de uso, abandona o homem-objeto. Os capítulos são divididos por frases de efeito ditas pelos personagens do filme “Boneca Inflável” ou impressões deixadas nos olhos do espectador (como é o caso do título do capítulo I). O poema traz várias referências pops nacionais (há citações de músicas da Legião Urbana, Herva Doce, Engenheiros do Hawaii, Biquíni Cavadão e até de funk – o “Bonecão do posto”), imitando a característica de inspiração pop dos cineastas Wong Kar-Wai e Hirokazu Koreeda (em “Felizes juntos”, há a clara referência “Happy together”, do The Turtles; em “Amores Expressos”, “Califórnia Dreams”, do Mamas And Papas, é tocada frequentemente; em “Boneca Inflável”, há referência a poemas e a filmes – como a “Pequena sereia”, procurada incessantemente por um pai na locadora onde a boneca inflável passa a trabalhar). Meu poema traz uma temática menos densa que a do fodástico filme homenageado, mas tenta seguir uma constante do universo cinematográfico de Wong Kar-Wai e Hirokazu Koreeda: a fragilidade e sutilezas das relações humanas. Nos enchamos de ar e caminhemos pelos universos poéticos de Wong Kar-Wai e Hirokazu Koreeda, amigos leitores! No link: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2013/02/meu-oriente-poetico-eu-boneco-inflavel.html
Como já disse em postagens anteriores, descobri um blog fodástico chamado Sonata Prèmiere, uma espécie de locadora cult on line, onde tenho conseguido, junto de minha namorada Juliana Guida Maia, ver e rever todos os grandes filmes que sonhei e que são de pouquíssimo acesso nas parcas prateleiras das locadoras reais, que sempre preferem o imediatismo dos blockbusters (filmes pops, quase sempre de conteúdo básico e popular, feitos para agradarem grandes públicos, quase sempre menos exigentes quanto a qualidade intelectual da obra). Numa dessas pesquisas ao blog, encontrei o romântico filme espanhol “Os amantes do círculo polar” (desde já, recomendo que passem no blog que eu citei, baixem e assistam ao filme, antes que eu lhes revele algumas partes importantes do filme) e o escolhi pra Ju e eu vermos ontem à noite, pensando ingenuamente que a obra cinematográfica traria uma leve e poética história de amor, com aqueles finais felizes dos quais estamos acostumados em filmes blockbusters (é, foi muita ingenuidade minha). Tínhamos passado por alguns filmes pesados e tensos como o australiano “Candy” e o apocalíptico “Perfect Sense” (desculpem, mas não vou citá-lo com o infame nome dado pelos brasileiros: “Amor perfeito”). Vamos a sinopse: Otto e Ana, da infância à maturidade, se encontraram e se desencontram em diversos lugares, por uma sucessão de grandes coincidências. Seja nos encontros ou nos desencontros, eles se veem perdidamente apaixonados um pelo outro e, na tentativa de superarem um longo período que ficaram sem se ver, os dois decidem se reencontrar no Círculo Polar (onde, indiretamente, tudo começou). Vamos à capa do filme: Otto e Ana, adultos, abraçados em algum lugar do Círculo Polar. Vamos a alguns fatos interessantes: Os nomes Otto e Ana constituem dois palíndromos perfeitos (ou seja, o nome deles pode ser lido da mesma forma de trás pra frente), Otto e Ana se amam e se tornaram seres feitos um para o outro – incompletos até que um reencontre o outro, Otto e Ana pretendem reencontrarem o amor no mesmo lugar onde tudo começou. Vamos à crueldade do enredo finais: devido a mais uma série de desencontros nos momentos finais do filme, Ana pensa que Otto pode estar morto devido a um acidente de avião registrado nos jornais e acaba acidentalmente atropelada por um ônibus – Otto, que vinha atrás dela, só pôde assistir ao último suspiro da amada. Ela está morrendo e registra em seus olhos a face de Otto. Cena de um avião enterrado na neve. Fim. Fim? Sim, é o fim. Só então lembramos que, em uma cena, o pai diz a Otto, quando este ainda é uma criança, que a vida é um círculo e que tudo uma hora deve morrer, inclusive o amor (Os invernos rigorosos são importantes para valorizarmos as primaveras, diz seu pai). Otto criança não aceita a máxima do pai, assim como nós, espectadores, rejeitamos o cruel final dado a Otto e Ana. Ao meu lado, vejo Juliana extremamente aborrecida com o fim trágico de uma relação tão intensa como as dos dois. Entendam, amigos leitores, como o filme engenhosamente te engana: a cena mostrada na capa do vídeo não acontece no filme; o professor de Cinema Clemente, em uma pós-graduação que nós iniciamos, nos dizia que todo filme tem uma possível “redenção”, mas nesse filme não há! Ele te apresenta uma atmosfera de fantasia e amor, ora narrado por Otto, ora por Ana, e, depois de tantos desencontros, nós esperamos o encontro, mostrado na capa e ele não acontece!!! Nossos olhos brilham e depois retornam à escuridão; uma trágica história de amor acaba conosco. Mas eu disse que o filme “engenhosamente” te engana, pois, ao rever seu início, que contém diversas cenas do final, percebo que a tragédia estava anunciada, porém o tom ameno e poético do filme nos distrai e, depois, nos destrói. É como construir o mais lindo castelo de areia, afastado do mar para que este não o desmanche, e, terminada a obra, ver um estúpido coco cair da árvore e desmanchar todo seu trabalho e cuidado! Depois de um tempo, você constata que, no local onde você escolhera criar seu castelo de areia, é comum a queda de cocos. Você constata a desgraça, mas a dor da perda é inevitável. Vi minha namorada triste, extremamente revoltada e infeliz com o final do filme, afinal eu fui o mensageiro da crueldade, o cara que baixou e escolheu o filme (que é ótimo, mas putaquepariu, o final dele detona a gente!), me fez lamentar um pouco a minha existência naqueles minutos em que os créditos finais do filme rolam na tela de fundo preto. Em homenagem a esse capítulo muito poético e meio desgraçado da vida, do amor, do maldito do destino, do infeliz fim dos amantes do círculo polar e do reflexo do trágico nos olhos de Juliana, dedico esse poema de amor e dor, inspirado no cruel final de filme que nós vimos e baseado no ritmo da canção “Refrão de Bolero”, dos Engenheiros do Hawaii, banda predileta de minha namorada: Veja o poema no link: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2013/02/em-vao-como-cancao-refrao-de-bolero.html
Gostei demais desse filme. Fiz "Este não é um poema" logo após minha namorada Juliana e eu termos visto o filme não filme “Isto não é um filme”, do cineasta iraniano Jafar Panahi, de 2011. Segue o link: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2013/04/isto-nao-e-um-poema-para-isto-nao-e-um.html
Um dos filmes aos quais eu assisti, dos que baixei no fodástico blog cult “Sonata Prèmiere” e que mais me marcou neste recesso escolar foi o canadense “Inch’Allah”. Dirigido por Anaïs Barbeau-Lavalette e premiado no Festival de Berlim de 2013, o filme conta o drama de Chloé, médica canadense que realiza trabalho humanitário do lado palestino do muro que divide o país com Israel, local onde ela é espectadora das arbitrariedades cometidas na fronteira. Mas a personagem que mais me chamou a atenção não foi Chloé e sim uma das pacientes dela, a palestina Rand, que vê seu universo ser destruído pelas arbitrariedades violentas do lado israelita. “Inch’Allah” me lembrou o “Paradise Now”, outro filme que me marcou bastante e que também é muito bom, recomendo!. Outra coisa que me marcou em “Inch’Allah” foi a máxima “Quem está dos dois lados, na verdade, não está de lado nenhum”, proferida pelo irmão de Rand. Por isso que o meu poema inédito, que posto hoje, não aceitou ficar em cima do muro: meu eu lírico é inspirado na palestina Rand e isso já determina que eu escolhi um lado. Espero que gostem, amigos leitores! Inch’Allah! No link: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2013/07/inchallah-o-meu-poema-explodira.html
Banha
3.3 9Jovens tendo ideias geniais de m... fazendo m... em um filme carismático com final didático. Bom entretenimento em um filme com atuações aceitáveis (algumas boas sem serem ótimas, outras ruins sem serem péssimas); nada fantástico, mas legalzinho. Poderia ser um pouco mais curto.
O Mensageiro do Último Dia
2.6 160 Assista AgoraTraz uma motivação de terror interessante e original, mas seu desenrolar perde ritmo e vai se perdendo por buscar soluções-caminhos-comuns (depois de assistir a vários filmes desse tipo você meio que sabe pra onde vai te levar e o sobrenatural original se perde nestes caminhos já diversas vezes percorridos. Além disso, as atuações são bem irregulares, a tensão de terror vai perdendo a pouca tensão a quase entediar o espectador. Uma ótima ideia incomum que vai se perdendo em lugares comuns.
Matrix Resurrections
2.8 1,3K Assista AgoraA missão já era árdua (apesar de não tão complicada): explicar por que outro Matrix era necessário (sou daqueles que considera o 1 essencial, de 'explodir cabeças', mas os demais excessos requintados/requentados). A primeira metade, com boas autorreferências e metalinguagem caminhava regularmente, mas a apelação pra nostalgia, sem um upgrade nem nas discussões nem nos efeitos especiais, não basta. É esvaziado dos debates que a primeira trilogia (principalmente o primeiro) trouxe, parece um tiozão bancando contemporaneidade, mas que não percebe que a 'rede' atualizou. Termino o filme com a pergunta: era realmente necessária uma ressurreição da Matrix dessa forma? Gatrix talvez sim, Matrix - talvez convidando os roteiristas do "Família Mitchell e a Revoltta das Máquinas" e "Não olhe pra cima", mais antenados com os problemas virtuais/tecnológicos atuais, talvez conseguiria, mas nesta versão é emulador de game antigo.
A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas
4.0 494Animação excelentíssima, com as discussões (e inovações) que o Matrix 4 devia ter trazido, mas que falhou terrivelmente. Há tempos não via um longa de animação não-pixar tão relevante, com magníficas reflexões, divertidíssimo e atualíssimo.
Tormento
1.8 2"Tormento" é um nome apropriado: partindo de uma boa ideia (um serial killer que se ocupa como radialista dando conselhos amorosos), traz um roteiro incoerente, com erros de continuidade, ações inverossímeis, além de tentar ser uma tentativa tosca de suspense pasteurizado americano quando flerta mais com o amador (sendo que há muitos amadores muito melhores, mas muito melhores mesmo que o apresentado aqui). Perdoe-me a dureza, mas é lamentável, até por ser um desperdício de excelentíssima premissa/ideia). Quando a personagem pergunta, em um momento, "O que é isso?", pois é, eu me fiz a mesma pergunta. Meia estrela pela premissa e meia estrela para o esforço dos atores. Entrou para o outrora seleto, agora repleto "Já vi, mas antes não tivesse visto".
Godzilla vs. Kong
3.1 794 Assista AgoraVale pelas lutas, mas é muito pouco pra um filme tão longo e paupérrimo de roteiro, cheio de facilitações, desenvolvimentos rasos, cruz credo, com personagens humanos insossos (alguns até irritantes), blergh, etc. Mais um que, pelo trailer, seria 5 estrelas. Essa tendência de tratar espectadores fãs de blockbusters como se fossem idiotas, que irão curtir o filme só por boas lutas, isolando o cérebro do mínimo de verossimilhança e coerência tem sido uma doença nas produções dos atuais filmes de ação (vide Mortal Kombat,, que também só vale pela luta, entre tantos outros deste período). O pior é que fazem uma bilheteria monstruosa (perdoe-me o trocadilho), dando razão aos produtores em investir nesta tendência de total desrespeito à mentalidade dos espectadores.
Mortal Kombat
2.7 1,0K Assista AgoraOlha, o trailer é 5 cinco estrelas, pois conseguiu capturar os parcos aspectos 'bons' do filme: Scorpion e boas lutas. O restante (o roteiro - podemos chamar aquilo de roteiro? - é uma ofensa ao espectador, o personagem novo é uma b...st@ completa, insosso, é um desperdício de película e CGI).Essa tendência de tratar espectadores fãs de blockbusters como se fossem idiotas, que irão curtir o filme só por boas lutas, isolando o cérebro do mínimo de verossimilhança e coerência tem sido uma doença nas produções dos atuais filmes de ação (vide Godzilla vs King Kong que também só vale pela luta, entre tantos outros deste período).
Mortal Kombat Legends: A Batalha dos Reinos
3.1 64 Assista AgoraA comparação com "Mortal Kombat Legends: A vingança de Scorpion" é inevitável e a percepção de quanto "Mortal Legends: A batalha dos reinos" é muito aquém de seu anterior é gritante: roteiro raso. qualidade inferior de animação, muito, mas muito abaixo de seu anterior - e pensar que, em "A vingança de Scorpion" parecia que haviam encontrado o caminho do bom kombat, do bom (e sublimemente cruel) Mortal Kombat...
Terras Perigosas
3.1 7 Assista AgoraTinha tudo pra ser um filmaço, traz um começo violento e promissor, mas o filme escorrega no conteúdo, ora fornecendo atitudes surrealmente imprevisíveis para personagens, descaracterizando-os para criar/causar situações, ora trazendo soluções previsíveis, tudo para a comodidade de um roteiro que vai se tornando raso e furado. Muito a se discutir e refletir, mas feito de modo meio que atropelado, privilegiando a brutalidade e o slasher em detrimento à coerência inicialmente colocada, e pouco aprofundado.
O Futuro Perfeito
3.2 19É um filme modesto e ameno e, ao mesmo tempo, intrigante. Muito além da adaptação da protagonista imigrante se adaptando ao novo 'lar', numa análise mais profunda, traz metalinguagem implícita com o próprio ato de atuar (e o quanto de ator é/torna-se ser um imigrante - perspectiva de imigração que ainda não havia refletido em nenhum outro filme que usa a mesma temática, pelo menos não que eu me lembre e com tanta sutileza e particularidade), suas impossíveis possibilidades (como o futuro do pretérito, muito destacado no longa) com parcas chances (talvez, uma única chance, mais utópica que quaisquer outras) de um final feliz, questões identitárias levemente discutidas (a ambiguidade da protagonista, os nomes adaptados para o novo país, os momentos pontuais em que cada idioma - nativo ou estrangeiro - é colocado). O filme não empolga, mas traz reflexões interessantes e nós, espectadores, somos provocados e caímos em arapucas de ficções possíveis e sugestivas.
Mulher-Maravilha 1984
3.0 1,4K Assista AgoraA mensagem é boa e muito necessária ao mundo atual, mas a execução - argh! - o roteiro furado (chegando a atropelar conceitos marcados no filme anterior), cheio de saídas fáceis (algumas soluções miraculosas e não citadas previamente para problemas são de uma preguiça, chute na coerência e ofensa à inteligência do espectador), os defeitos especiais. O mais captado dos anos 1980 foram as 'pérolas' dos piores filmes e de fórmulas mirabolantes furadas daquela época. Os piores e mais criticados arcos e fases da Mulher Maravilha nas HQs
- inclusive a fase da perda de poder -
Sentidos do Amor
4.1 1,2KRecentemente, passei por uma possível virose muito próxima da Covid-19: tive dores no corpo todo, falta de olfato e de paladar (descartei a doença da mais recente pandemia pela ausência de febres e problemas respiratório). As dores no corpo, após alguns dias, passaram, mas ainda sofro com os resquícios da falta de olfato e de paladar. E aí veio o lírico espanto: a percepção da falta dos dois sentidos, o susto do novo normal sem sabores e cheiros. Isso trouxe-me à memória o apocalíptico, dramático e sublimamente romântico filme, com o irônico título de “Perfect Sense” (no Brasil, foi traduzido com a figura de linguagem mais implícita, mas com título ainda icônico e maliciosamente apelativo de “Sentidos do amor”). A história é marcante, emocionante e bem desenvolvida: Um casal vive um romance enquanto uma estranha doença assola a sociedade. Aos poucos, as pessoas começam a perder os sentidos humanos. Sem olfato ou audição, eles insistem na sua história de amor e experimentam sensações desconhecidas.
A grande ironia paradoxal do filme é que o protagonista Michael, interpretado pelo mais que fodástico Ewan McGregor, outrora constante escapista de relações amorosas duradouras, finalmente encontra o amor por alguém (a também protagonista Susan, interpretada pela mais que fodástica – fã da exposição de nudez de seus belos seios [ainda não vi um filme em que ela o oculte] Eva Green), logo quando os seus sentidos humanos estão sendo perdidos
Rainha de Katwe
4.2 207 Assista AgoraCostumo comentar sobre quase todo filme ao qual assisto, mas minha avaliação de hoje sobre o filme "Rainha de Katwe" é coletiva. Trago as avaliações dos escritores alunos da Aceleração IV da Escola Municipal Alcino Francisco da Silva de Teresópolis/RJ, cuja nota é a mesma que a minha, professor representante deles neste comentário.
Comentários individuais dos escritores alunos da Aceleração IV da Escola Municipal Alcino Francisco da Silva de Teresópolis/RJ:
Cauã Siqueira Corrêa dos Santos: "O filme foi legal; gostei.
Guilherme Branco Peixoto: "Oi, gente, meu nome é Guilherme. Eu adorei o filme, é muito bom."
Hedilon Silva Carlos Bento: "O filme foi bom, que excelente trabalho! Parabéns!"
Heitor Paim Fonseca: "Eu gostei do filme, porque eu gosto de xadrez."
Igor Verissimo da Silva: "Eu acho o filme legal, porque fala muito como o xadrez muda pessoas, porque xadrez é muito legal."
Kaique Silva de Jesus Marques: "Oi, gente, meu nome é Kaique. Eu adorei o filme, é muito bom."
Lealdo Fonseca de Queiroz: "Gostei do filme,
porém as crianças passam muita necessidade, mas depois observei que eles são felizes e também o filme termina bem, todos felizes.
Leandro Ciriaco Hyatti: "Eu achei o filme muito lindo e emocionante!"
Leonardo Branco Peixoto: "Eu gostei do filme, a Phiona tem uma experiência no jogo."
Miguel de Paula Silva: "O filme é muito irado!!! Se você não sabe o que é um filme legal, não pode perder esse filme; é muito top!!!"
Poliana Cristina Carvalho de Araujo: "O filme é muito bom e gostei muito!!!"
Wallace de Almeida Ribeiro: "O filme foi bom. Parabéns pelo trabalho!"
João Victor do Castro de Paula: "A parte melhor é
quando ela ganha o troféu
Reflexos da Inocência
3.6 104No dia 15 de dezembro, às vésperas do verão (iniciado hoje), tive a honra de declamar meu poema “Primavera fúnebre”, inspirado no filme "Reflexos da Inocência" e premiado como finalista no I Concurso de Poesia da Casa de Espanha, localizada na Rua Maria Eugênia, 300, Humaitá, Rio de Janeiro/RJ.
Vamos à história da produção do poema “Primavera fúnebre”: esse texto me surgiu após assistir a um filme chamado “Reflexos da Inocência”, do diretor Baillie Walsh. Nas primeiras cenas do filme, nos deparamos com a rotina vazia do ator decadente Joe Scott, magnificamente interpretado por Daniel Craig (algumas das cenas iniciais me provocaram um misto de estranheza – a rotina, além de vazia, é um tanto bizarra – e curiosidade – aonde essa p... de filme quer chegar?). Com o tempo, Joe Scott vai tendo flashbacks de seu passado, de sua adolescência (dos tais “reflexos da inocência”) e, junto com o personagem, mergulhamos num universo de lembrança de um tempo de pecados inocentes (com cenas antológicas, como a que Joe jovem e Ruth dançam ao som de David Bowie e Roxy Music – a primeira e a segunda estrofes de meu soneto devem muito a essa cena), causadores de uma inesperada tragédia. A sensação de tempo perdido, o leve desespero de rever amores e sensações que não podem retornar mais, o luto que cobre todo o presente com uma tensa nuvem melancólica, todos esses ingredientes foram me sensibilizando, desfazendo a estranheza inicial e tornando o filme “Reflexos da Inocência” inesquecível para meus olhos cine-fanáticos. Consequentemente, o filme se tornou o principal muso inspirador para o poema “Primavera fúnebre”, com o qual cheguei à final do I Concurso de Poesia da Casa de Espanha.
Vejam o poema no link: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2014/12/minha-primavera-funebre-as-vesperas-do.html
O Pianista
4.4 1,8K Assista AgoraUm dos filmes sobre Nazismo e Segunda Guerra Mundial que mais me marcaram nas últimas décadas foi o premiado (ganhador da Palma de Ouro em Cannes 2002) “O pianista”, de Roman Polanski, inspirado na biografia com título homônimo do artista Wladislaw Szpilman. Poucos filmes encheram tanto os meus olhos cinéfilos de desespero (diante da violência dos soldados nazistas com os judeus na Polônia invadida e da corrida alucinante do protagonista [fenomenalmente interpretado por Adrien Brody] por meios e refúgios para sua sobrevivência) e de desenfreado lirismo (a eterna melancolia, medo e cansaço do protagonista diante do ambiente alucinadamente violento com o qual convive e a sensação de inutilidade e impotência devido a sua abstinência forçada com a prática de sua arte, com sua música – é, o fato de o protagonista ser artista e ser impedido de manifestar seu dom artístico afetaram ainda mais minhas emoções diante do filme [por sinal, duas cenas antológicas, que jamais esquecerei, são a
que ele se depara com um piano, mas, tendo que se silenciar pra sobreviver, toca o instrumento apenas com o pensamento e a que ele se vê inadvertidamente solitário em meio a Polônia destroçada e, finalmente, realiza o seu desejo: tocar um piano, chegando a sensibilizar até o oficial nazista que surpreende o pianista judeu refugiado
O filme me emocionou tanto que até fiz um poema (que foi premiado com a Menção Especial na Categoria Adulto do XXV Concurso de Poesia da Academia de Letras de Paranapuã (ALAP).
Leia o poema no link: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2014/12/o-pianista-o-meu-poema-antinazifascismo.html
Que Horas São Aí?
3.9 10Há alguns dias atrás, recebi mais uma ótima notícia por e-mail: meu poema “Que horas serão em Déjà vu? (Os incompreendidos de Cronos, Tsai Ming-Liang e Truffaut)” foi classificado entre os 30 melhores do Concurso Internacional Contemporânea 2014, organizado pelo artistamigo e ativista cultural Maurilio Campos, em Santos/SP!
Fiz esse poema há algum tempo atrás, inspirado no fodástico filme cult “Que Horas São Aí? / Hora da Partida”, de Tsai Ming-Liang, de Taiwan , que eu baixei aqui no sonata há algum tempo. O filme é de uma beleza plástica rara e de um olhar lírico-melancólico único sobre a solidão. O filme me chamou tanto a atenção que fiz um poema sobre ele. Quando me vi abafado e com o prazo em cima para mandar um poema para o Concurso Internacional da Contemporânea, decidi enviar o meu poema tributo lírico às obras cinematográficas de Tsai Ming-Liang e Truffaut. E deu certo: o poema classificou entre os 30 melhores do concurso internacional, enchendo esse poeta-pai-de-poemas-loucos de orgulho.
Deixo para os leitores, nesta postagem, o premiado poema, resultado de meu fascínio pelo acervo cinematográfico fodástico do blog Sonata Première e pelas obras-primas cinematográficas de Tsai Ming-Liang e Truffaut. Acertem seus relógios, amigos leitores, e vejamos que horas serão na minha imaginária Déjà vu! Boa leitura e Arte Sempre!
Segue o link do poema: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2014/11/meu-poema-cinemaniaco-premiado-que.html
Entre Nós
3.6 619 Assista AgoraDurante esse período de recesso de julho, tive a oportunidade de assistir a vários filmes fodásticos, baixados no blog “Sonata Première”. Um dos filmes que mais me marcou nesse período é o fodástico drama “Entre nós”, dos diretores brasileiros Paulo Morelli e Pedro Morelli.
A atmosfera de “Entre nós” é angustiante e tensa (o drama beira o suspense de tão tenso que é o reencontro dos amigos). Apesar de girar em torno de um reencontro festivo, as expectativas de uma reunião alegre são desmoronadas à medida que antigas paixões, novas frustrações e um segredo mal enterrado vêm à tona. A câmera acompanha os personagens como se filmasse um reality show, invade seus momentos mais íntimos e as cenas nos revelam os sonhos perdidos e o leve e melancólico desespero dos personagens diante de um presente desalentador em comparação aos anseios do passado. Dá aquela impressão de solidão coletiva, de geração perdida e eternamente enlutada (e, para alguns, culpada) pela morte do amigo mais talentoso e, também (e, para alguns, consequentemente), do fim das ilusões de outrora.
Tentei reproduzir essa atmosfera de melancolia tensa no poema e usei, como eu lírico, o personagem Felipe, primorosamente interpretado por Caio Blat. O período no qual assisti ao filme coincidiu também com essa época de luto da literatura brasileira, na qual perdemos 3 fodásticos escritores (João Ubaldo Ribeiro, Rubem Alves e Ariano Suassuna) e passamos a compartilhar fragmentos de seus escritos de forma muitas vezes desordenada e sem conhecimento/compreensão devida das obras dos escritores. ‘Roubartilhamos’ as obras alheias como se fossem nossas e, às vezes, o efeito é apenas o mesmo do personagem Felipe: o ato de compartilharmos o que não é nosso como se fosse nosso só nos mostra a frustração criminosa de interpretarmos uma persona que não podemos ser e a melancolia permanente de termos algo perdido em nós que poderia ter sido e que não foi.
Assistir ao filme “Entre nós” é como ser cúmplice de um crime amigo que negamos, acompanhados de nossos ex-companheiros, mas que nos torna eternamente condenados por nossos sonhos jovens que faleceram na poeira do tempo.
Veja o poema no link: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2014/08/quando-o-passado-fere-o-nosso-presente.html
Real
3.3 7Dois filmes que baixei no fodástico blog cult “Sonata Première” e que chamaram minha atenção nos últimos tempos foram os premiados “Real”, da diretor japonês Kiyoshi Kurosawa e “Mel”, da diretora italiana Valeria Golino. Aparentemente, os dois filmes não têm nada a ver um com outro, mas somei os dois em minha cabeça devido a um fato e a um peculiar fator comum: assisti aos dois filmes no mesmo dia e, assim, ambas as histórias ficaram misturadas em minha cabeça; além disso, em ambos os filmes, seus personagens vivem (ou melhor, sobrevivem) se equilibrando (ou se desequilibrando) na linha tênue que separa a vida da morte.
Dos dois, o que me marcou mais intensamente foi “Real”, filme com uma leve ligação com a ficção científica e com uma forma peculiar e alucinante de análise do inconsciente humano (altamente recomendado para análise da escritoramiga e psicóloga Raquel Freire do Amaral) – o classificaria como um drama psicológico com pitadas de ficção científica e suspense. Reparem na sinopse: “Os médicos japoneses contactam dois cérebros em um misto de realidade virtual e telepatia. Koichi passa a conversar com sua garota, Atsumi, que desde uma tentativa de suicídio, há um ano, está em coma profundo. Ele consegue entrar no subconsciente dela e ali Atsumi, desenhista de mangás, faz um pedido a ele: procurar um esboço de plesiossauro para que ela possa sair do torpor. Koichi encontra o monstro e eles passam a entender o porquê dele e a ver que a verdade não é o que parece ser.” Com uma fotografia estonteante, o filme é uma viagem incrível pelo universo do inconsciente e o quanto nossas culpas podem se transformar num vigoroso plesiossauro e dominar todo nosso interior. Tenho meus poréns com a solução final do filme (que não vou contar, amigos leitores, “Real” é uma experiência que vocês devem assistir e tomarem suas próprias conclusões), por conta do tamanho e força do plesiossauro que criamos dentro de nós, quando nosso inconsciente se prende a ele, mas isso não afeta a viagem magnífica que meus olhos tiveram diante do filme.
Já o filme “Mel”, completamente despido de qualquer aproximação com a ficção científica de “Real”, nos leva àquele velho questionamento: temos ou não temos direito de escolhermos a nossa dissolução (quanto essas decisões influenciam as pessoas a nossa volta e qual é o sentido – ou falta de sentido – nisso)? A personagem Irene se propõe a fazer um trabalho difícil e ilegal: ajudar pacientes terminais a morrer. Ela busca o medicamento proibido no México. Obviamente, ninguém sabe o que ela faz. Não pode haver envolvimento emocional com o paciente. Certa vez, um engenheiro solicitou seus préstimos. Depois que ela soube que ele não possuía doença alguma, Irene começa a tentar salvar a vida do homem. Foi este personagem – e não a protagonista Irene – que me chamou mais a atenção. Seu passado misterioso, suas razões, nada é explicado no filme, apenas sua ânsia em partir desta vida é declarada por ele, apesar de não aparentar traços suicidas em sua vida – exceto por uma opção de manter-se só, apesar de mostrar-se comunicativo e sociável... será que ele possuía um plesiossauro dentro dele? Não sei... só sei que ambos os filmes se misturam em mim...
Com a mistura desses dois filmes e seus questionamentos, surgiu esse poema louco que posto hoje: o eu lírico inspirado no engenheiro suicida do filme “Mel” passeando pelo universo lírico, dominado por um violento plesiossauro de culpas, do filme “Real”. Não sei dizer se a mistura foi boa (talvez eu tenha escrito o poema para resolver o final que não apoiei do filme “Real”, não sei, só meu inconsciente – esse sujeito mudo em mim – poderia me responder), mas fica o resultado poético final para os amigos leitores poderem curtir e/ou descurtir. É um tributo poético às sensações que os filmes me passaram, são novos eus líricos que vieram pra mim; ao leitor, cabe o julgamento se o poema é bom ou ruim, desde que se dispa dos julgamentos de certo ou errado, são eus líricos que tomam suas próprias decisões, muito acima de minhas disposições.
Boa leitura e Arte Sempre!
Leia o poema em: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2014/06/um-tributo-aos-nossos-monstros-o.html
Os Amantes do Círculo Polar
4.2 154Alguém já percebeu que o filme "Sr. Ninguém" faz referência, entre outros filmes, ao "Os Amantes do Círculo Polar"?
Canções de Amor
4.1 829 Assista Agora(E) ternas “Canções de Amor”
As canções de amor têm ritmo de coração batendo apressado, desesperado. Canções de amor são enganosamente apáticas pela melancólica e complicada matemática de, sendo únicos, tentarmos ser mais que um só. Canções de amor são pegajosas, nos pegam cantando refrões melosos no meio da rua, alheios aos movimentos das grandes e pequenas cidades. Canções de amor trazem o lirismo piegas e angustiado da eterna busca por um sonho ininteligível, um eu perdido em busca de outros eus solidários à solidão. São todas essas (con) tradições das músicas de amor que o diretor francês Christophe Honoré nos traz em seu quinto filme "As Canções de Amor" (Les Chansons d'Amour).
Dividido em três atos - a partida, a ausência e o recomeço -, "As Canções de Amor" (2007) começa por se centrar num triângulo amoroso que é destruído pela súbita morte de um dos jovens que o constitui. O filme segue depois as reações dos outros dois, em especial as de Ismael (Louis Garrel), que ao tentar reconstruir a sua vida inicia vários relacionamentos sem superar, no entanto, a tragédia recente. Interessante destacar que esse enredo é entremeado de belíssimas canções (como o próprio título nos informa, o filme fala de “Canções de Amor”), criando um ótimo musical, gênero cinematográfico incomum para nossos olhos (e ouvidos) desacostumados a leituras requintadamente líricas em uma narrativa comum de amor. Sim, o filme é um musical, mas não se deixe enganar, caro leitor, não ironize o gênero – vulgarmente considerado chato, esquisito, entre outros negativos adjetivos -, pois o tom do filme é poético e sério, como aquelas canções de amor que perseguem nossa mente e nos fazem soluçar, rir, vibrar por dentro e principalmente nos gera aquela vontade desesperada de buscar a pessoa amada, que está próxima e, ao mesmo tempo, tão longe de nós mesmos.
O filme de Honoré nos traz todos os aspectos do amor (o encontro, a perda, o reencontro) em todas as suas formas e estados: o amor familiar, o amor sexual, o amor fetichista, o amor obsessivo, o amor grupal (mais especificamente um ménage a tróis), o amor inconstante o amor heterossexual, o amor piegas, o amor lírico, o amor homossexual – de colocar o apático norte-americano “Segredo de Brokeback Mountain no chinelo, o amor cinéfilo – a partir das referências a cenas de outros filmes, de cineastas como Godard e Truffaut, enfim, o amor Amor, em seu estado puro e lírico. Selecionado em Cannes, o filme “As Canções de Amor” comprova, em luz, câmera, música, ritmo e paixão, que o festival francês de filmes mais uma vez não errou, pois Honoré recoloca, nas telas de cinema, o sentimento maior do ser humano em seu devido papel: o de protagonista. Um filme pra ser visto e, principalmente, ouvido.
Essa resenha, de minha autoria, pode ser relida e/ou no blog "Diários de Solidões Coletivas" - segue o link: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2011/07/cena-de-cinema-olhares-sobre-setima.html
Boneca Inflável
3.9 192 Assista AgoraAlguns cineastas que marcaram meu retiro cinéfilo das férias de janeiro de 2013 foram os asiáticos Wong Kar-Wai (Hong Kong) e Hirokazu Koreeda (Japão). Assisti à parte (e pretendo assistir a muitas outras mais) das obras deles – de estilos bem diferentes, mas ao mesmo tempo extremamente poéticos, cada um em sua forma peculiar - graças ao blog Sonata Première, pois seus filmes Cult são de difícil acesso / locação (antes eu só havia assistido ao premiado “Beijo roubado”; através do blog, pude conhecer “Amores expressos”, “Felizes juntos” – que prefiro chamar de “Happy Together”, pois o título original faz referência à famosa canção do The Turtles –, os três de Wong Kar-Wai e “Boneca inflável” – este de Hirokazu Koreeda). De todos esses, apesar da maravilhosa fotografia e roteiro de “Felizes juntos”, o que mais me marcou foi o fodástico “Boneca inflável”. O filme causa um estranhamento no início, pois seu pacto ficcional (o ato de adentrarmos no universo imaginário do filme) se dá no plano do realismo fantástico: uma boneca inflável, objeto sexual de um homem solitário, toma vida e, durante as manhãs e tardes de ausência de seu dono, passa a andar pela cidade, conhecendo a atmosfera opaca do cotidiano humano. Caminhando com ela pelo vazio da cidade moderna, nós, os espectadores, nos damos conta de nós mesmos e o quanto da conhecida solidão nossa coletiva há no universo que a boneca vê; o estranhamento passa e estamos absolutamente envolvidos na trágica trajetória da boneca inflável. O filme e os universos dos cineastas asiáticos citados me marcaram tanto que o fenômeno da criação poética aconteceu naturalmente: como tudo que amo e absorvo, a obra se tornou uma inspiração para um novo poema.
Para a produção desse poema, me baseei na temática de amor e desamor, comum nos filmes de Wong Kar-Wai, e de vazio, impresso na obra-prima de Hirokazu Koreeda. Para isso, também retomei a personagem “Ela” (referência a uma música fodástica da antiga banda valenciana “Província”) de um conto fantástico meu chamado “Figuras de linguagem”, ainda não publicado no blog, mas presente em meu sexto livro “Diários de solidão” (2010). Inverti os papéis do filme – o boneco inflável é o eu lírico e “Ela”, a dona, que, após algum tempo de uso, abandona o homem-objeto. Os capítulos são divididos por frases de efeito ditas pelos personagens do filme “Boneca Inflável” ou impressões deixadas nos olhos do espectador (como é o caso do título do capítulo I). O poema traz várias referências pops nacionais (há citações de músicas da Legião Urbana, Herva Doce, Engenheiros do Hawaii, Biquíni Cavadão e até de funk – o “Bonecão do posto”), imitando a característica de inspiração pop dos cineastas Wong Kar-Wai e Hirokazu Koreeda (em “Felizes juntos”, há a clara referência “Happy together”, do The Turtles; em “Amores Expressos”, “Califórnia Dreams”, do Mamas And Papas, é tocada frequentemente; em “Boneca Inflável”, há referência a poemas e a filmes – como a “Pequena sereia”, procurada incessantemente por um pai na locadora onde a boneca inflável passa a trabalhar). Meu poema traz uma temática menos densa que a do fodástico filme homenageado, mas tenta seguir uma constante do universo cinematográfico de Wong Kar-Wai e Hirokazu Koreeda: a fragilidade e sutilezas das relações humanas.
Nos enchamos de ar e caminhemos pelos universos poéticos de Wong Kar-Wai e Hirokazu Koreeda, amigos leitores! No link: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2013/02/meu-oriente-poetico-eu-boneco-inflavel.html
Os Amantes do Círculo Polar
4.2 154Como já disse em postagens anteriores, descobri um blog fodástico chamado Sonata Prèmiere, uma espécie de locadora cult on line, onde tenho conseguido, junto de minha namorada Juliana Guida Maia, ver e rever todos os grandes filmes que sonhei e que são de pouquíssimo acesso nas parcas prateleiras das locadoras reais, que sempre preferem o imediatismo dos blockbusters (filmes pops, quase sempre de conteúdo básico e popular, feitos para agradarem grandes públicos, quase sempre menos exigentes quanto a qualidade intelectual da obra). Numa dessas pesquisas ao blog, encontrei o romântico filme espanhol “Os amantes do círculo polar” (desde já, recomendo que passem no blog que eu citei, baixem e assistam ao filme, antes que eu lhes revele algumas partes importantes do filme) e o escolhi pra Ju e eu vermos ontem à noite, pensando ingenuamente que a obra cinematográfica traria uma leve e poética história de amor, com aqueles finais felizes dos quais estamos acostumados em filmes blockbusters (é, foi muita ingenuidade minha).
Tínhamos passado por alguns filmes pesados e tensos como o australiano “Candy” e o apocalíptico “Perfect Sense” (desculpem, mas não vou citá-lo com o infame nome dado pelos brasileiros: “Amor perfeito”). Vamos a sinopse: Otto e Ana, da infância à maturidade, se encontraram e se desencontram em diversos lugares, por uma sucessão de grandes coincidências. Seja nos encontros ou nos desencontros, eles se veem perdidamente apaixonados um pelo outro e, na tentativa de superarem um longo período que ficaram sem se ver, os dois decidem se reencontrar no Círculo Polar (onde, indiretamente, tudo começou). Vamos à capa do filme: Otto e Ana, adultos, abraçados em algum lugar do Círculo Polar. Vamos a alguns fatos interessantes: Os nomes Otto e Ana constituem dois palíndromos perfeitos (ou seja, o nome deles pode ser lido da mesma forma de trás pra frente), Otto e Ana se amam e se tornaram seres feitos um para o outro – incompletos até que um reencontre o outro, Otto e Ana pretendem reencontrarem o amor no mesmo lugar onde tudo começou. Vamos à crueldade do enredo finais: devido a mais uma série de desencontros nos momentos finais do filme, Ana pensa que Otto pode estar morto devido a um acidente de avião registrado nos jornais e acaba acidentalmente atropelada por um ônibus – Otto, que vinha atrás dela, só pôde assistir ao último suspiro da amada. Ela está morrendo e registra em seus olhos a face de Otto. Cena de um avião enterrado na neve. Fim. Fim?
Sim, é o fim. Só então lembramos que, em uma cena, o pai diz a Otto, quando este ainda é uma criança, que a vida é um círculo e que tudo uma hora deve morrer, inclusive o amor (Os invernos rigorosos são importantes para valorizarmos as primaveras, diz seu pai). Otto criança não aceita a máxima do pai, assim como nós, espectadores, rejeitamos o cruel final dado a Otto e Ana. Ao meu lado, vejo Juliana extremamente aborrecida com o fim trágico de uma relação tão intensa como as dos dois. Entendam, amigos leitores, como o filme engenhosamente te engana: a cena mostrada na capa do vídeo não acontece no filme; o professor de Cinema Clemente, em uma pós-graduação que nós iniciamos, nos dizia que todo filme tem uma possível “redenção”, mas nesse filme não há! Ele te apresenta uma atmosfera de fantasia e amor, ora narrado por Otto, ora por Ana, e, depois de tantos desencontros, nós esperamos o encontro, mostrado na capa e ele não acontece!!! Nossos olhos brilham e depois retornam à escuridão; uma trágica história de amor acaba conosco.
Mas eu disse que o filme “engenhosamente” te engana, pois, ao rever seu início, que contém diversas cenas do final, percebo que a tragédia estava anunciada, porém o tom ameno e poético do filme nos distrai e, depois, nos destrói. É como construir o mais lindo castelo de areia, afastado do mar para que este não o desmanche, e, terminada a obra, ver um estúpido coco cair da árvore e desmanchar todo seu trabalho e cuidado! Depois de um tempo, você constata que, no local onde você escolhera criar seu castelo de areia, é comum a queda de cocos. Você constata a desgraça, mas a dor da perda é inevitável. Vi minha namorada triste, extremamente revoltada e infeliz com o final do filme, afinal eu fui o mensageiro da crueldade, o cara que baixou e escolheu o filme (que é ótimo, mas putaquepariu, o final dele detona a gente!), me fez lamentar um pouco a minha existência naqueles minutos em que os créditos finais do filme rolam na tela de fundo preto.
Em homenagem a esse capítulo muito poético e meio desgraçado da vida, do amor, do maldito do destino, do infeliz fim dos amantes do círculo polar e do reflexo do trágico nos olhos de Juliana, dedico esse poema de amor e dor, inspirado no cruel final de filme que nós vimos e baseado no ritmo da canção “Refrão de Bolero”, dos Engenheiros do Hawaii, banda predileta de minha namorada: Veja o poema no link: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2013/02/em-vao-como-cancao-refrao-de-bolero.html
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Isto Não É um Filme
3.9 54 Assista AgoraGostei demais desse filme. Fiz "Este não é um poema" logo após minha namorada Juliana e eu termos visto o filme não filme “Isto não é um filme”, do cineasta iraniano Jafar Panahi, de 2011. Segue o link: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2013/04/isto-nao-e-um-poema-para-isto-nao-e-um.html
Inch'Allah
3.8 47 Assista AgoraUm dos filmes aos quais eu assisti, dos que baixei no fodástico blog cult “Sonata Prèmiere” e que mais me marcou neste recesso escolar foi o canadense “Inch’Allah”. Dirigido por Anaïs Barbeau-Lavalette e premiado no Festival de Berlim de 2013, o filme conta o drama de Chloé, médica canadense que realiza trabalho humanitário do lado palestino do muro que divide o país com Israel, local onde ela é espectadora das arbitrariedades cometidas na fronteira. Mas a personagem que mais me chamou a atenção não foi Chloé e sim uma das pacientes dela, a palestina Rand, que vê seu universo ser destruído pelas arbitrariedades violentas do lado israelita. “Inch’Allah” me lembrou o “Paradise Now”, outro filme que me marcou bastante e que também é muito bom, recomendo!. Outra coisa que me marcou em “Inch’Allah” foi a máxima “Quem está dos dois lados, na verdade, não está de lado nenhum”, proferida pelo irmão de Rand. Por isso que o meu poema inédito, que posto hoje, não aceitou ficar em cima do muro: meu eu lírico é inspirado na palestina Rand e isso já determina que eu escolhi um lado.
Espero que gostem, amigos leitores! Inch’Allah! No link: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2013/07/inchallah-o-meu-poema-explodira.html