Baseada em fatos verídicos, "Em Nome do Pai" é uma excelente produção anglo-irlandesa. Produzida e dirigida pelo cineasta irlandês Jim Sheridan, que também participou da elaboração do roteiro, a trama gira em torno da corrupção na Scotland Yard e no sistema judiciário britânico, no período em que a Inglaterra foi assolada por uma onda de atentados terroristas promovidos pelo IRA.
Pressionada pela opinião pública, quando da ocorrência de um atentado terrorista, a Scotland Yard, mesmo tendo conhecimento da inocência de quatro jovens, forja e adultera provas que os levam a serem condenados à prisão perpétua.
O ótimo roteiro, assinado por Terry George e Jim Sheridan, foi escrito tendo por base as memórias de Gerry Conlon, de nome "Proved Innocent". A fotografia de Peter Biziou é de excelente qualidade, principalmente ao captar com maestria os distúrbios nas ruas de Belfast, envolvendo civis e tropas britânicas que haviam sido enviadas, à Irlanda do Norte, para garantir a paz e a ordem após uma série de ataques perpetrados por unionistas protestantes e separatistas católicos.
A trilha sonora apresenta algumas canções originais, compostas por Trevor Jones, bem como, várias músicas do rock & roll dos anos 70, interpretadas pelos americanos Jimi Hendrix e Bob Dylan e pelos irlandeses U2 e Sinéad O'Connor.
No elenco, os nomes a destacar são os de Daniel Day-Lewis, Pete Postlethwaite, Emma Thompson e Corin Redgrave.
Em 1993, quando da realização desse filme:
1. Gerry Conlon morava em Londres.
2. Paddy Armstrong havia voltado para a Irlanda e morava em Dublin.
3. Carole Richardson morava na Inglaterra, casada e com um filho.
4. Paul Hill achava-se casado com Courtney Kennedy, filha de Robert Kennedy, morando em Nova York.
5. As novas investigações sobre as condenações de Giuseppe e da família Maguire, descobriram provas que afetaram a credibilidade dos técnicos forenses e da promotoria, com a conclusão de que as condenações haviam sido um erro.
6. Nenhum policial havia sido preso. http://www.70anosdecinema.pro.br/
"Scarface" é um 'remake' da versão original, realizada em 1932 por Howard Hawks. Dirigido por Brian De Palma e produzido por Martin Bregman, esta nova versão traz Al Pacino no papel de Tony Montana, um refugiado cubano que se torna o 'chefão' de um verdadeiro império da cocaína em Miami.
De Palma apresenta, aqui, um excelente filme de suspense/ação sobre o cartel da droga, com cenas fortes mas muito bem orquestradas.
O roteiro de Oliver Stone é muito bem estruturado, basicamente perfeito. A trilha sonora é um outro ponto de destaque do filme.
No elenco, Al Pacino está magnífico no papel principal, o mesmo ocorrendo com Michelle Pfeiffer, sempre linda e passando uma frieza impressionante. Como coadjuvante, o maior destaque vai para a atuação de Steven Bauer, no papel de Manny Ribera. O filme marca, ainda, a estréia no cinema de Mary Elizabeth Mastrantonio, aos 25 anos de idade. http://www.70anosdecinema.pro.br/
Única experiência de Morgan Freeman como diretor. Produzido pelo apresentador e comediante negro Arsenio Hall, o filme é um consciente esforço dos afro-americanos em denunciar o sistema do apartheid que vigorava na África do Sul, com todas suas barbaridades de segregação racial.
Rodado no vizinho Zimbabwe, o filme está cheio de boas intenções e traz a presença poderosa de uma dupla de grandes atores (em particular, Alfre que é mulher apesar do nome, e que se desglamurizou aqui para fazer o personagem da mãe).
Baseado numa peça de sucesso, o filme é muito dramático (e termina num conflito racial), mas Freeman não é um diretor experimentado neste tipo de história e ação Ou seja, tem melhores intenções que resultado., mas ainda assim uma obra interessante. http://cinema.uol.com.br/
Produzido, dirigido e co-escrito pelo grande cineasta Stanley Kubrick, o filme é intrigante ao abordar temas como ciência, religião, o desconhecido, a imortalidade.
Baseado no conto "A Sentinela", de Arthur C. Clarke, considerado o maior escritor de ficção científica, o roteiro é um dos pontos fortes do filme.
Na direção, Kubrick realiza um magnífico trabalho, no que é ajudado pela excelente trilha sonora e por sua bela fotografia. Os efeitos especiais são um show à parte e renderam um Oscar ao filme. Na parte final, quando a Discovery entra no corredor de luz, as seqüências são de uma beleza visual inimaginável.
A evolução do ser humano e as grandes transformações sempre aparecem ligadas a um monólito negro e liso. Logo no início, ainda na pré-história, o monólito surge diante dos primatas para marcar sua evolução. O segundo encontro do homem com o monólito ocorre na superfície lunar, 3 milhões de anos depois, após a criação de um super computador, quando uma tremenda onda de rádio aponta para Júpiter. O terceiro encontro se dá na atmosfera do grande planeta, quando um corredor de luz se abre em direção a uma nova era e a uma nova evolução.
Enfim, "2001 - Uma Odisséia no Espaço" é mais uma obra imperdível do grande mestre que é Stanley Kubrick. http://www.70anosdecinema.pro.br/
"A Lista de Schindler" é um dos mais emocionantes dramas de todos os tempos. Baseado no livro de Thomas Keneally e roteirizado por Steven Zaillian, o filme conta a história de Oskar Schindler, um industrial alemão que consegue salvar mais de 1.000 judeus das mãos dos nazistas, durante a 2ª Guerra Mundial.
Spielberg realiza um magnífico trabalho, com cenas maravilhosas, chocantes, emocionantes. Fotografado em preto-e-branco, o filme apresenta as seqüências finais coloridas, mostrando uma homenagem prestada a Schindler pelos judeus da 'Lista', ainda vivos, quando estes visitam seu túmulo, acompanhados dos atores que os representaram no filme, oportunidade em que cada um deposita uma pequena pedra sobre o jazigo.
"A Lista de Schindler" recebeu 12 indicações ao Oscar, conseguindo ser agraciado com 7 estatuetas, dentre as quais as de Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Roteiro. No elenco, os maiores destaques ficam por conta das brilhantes atuações de Ralph Fiennes, Liam Neeson e Ben Kingsley. http://www.70anosdecinema.pro.br/
"Doze Homens e Uma Sentença" é um emocionante e absorvente filme sobre um grupo de jurados que deverá decidir sobre a condenação à morte ou a absolvição de um jovem acusado de ter morto seu próprio pai.
Realizado pelo cineasta Sidney Lumet, o filme procura examinar a personalidade de cada um desses homens, suas fraquezas, seus medos, suas diferenças culturais, suas capacidades de liderança.
O trabalho de direção de Lumet é irretocável. Com habilidade, ele consegue captar o estado psicológico de cada personagem, mostrando as expressões dos atores sob vários ângulos.
"Doze Homens e Uma Sentença" apresenta, ainda, um ótimo roteiro, assinado por Reginald Rose, e um elenco de primeira linha. Com magníficas interpretações, destacam-se Henry Fonda e Lee J. Cobb, respectivamente como os jurados nº 8 e nº 3, seguidos de Martin Balsam e E. G. Marshall.
PRÊMIOS Academia Britânica de Cinema e Televisão, Inglaterra Prêmio de Melhor Ator Estrangeiro (Henry Fonda) Festival Internacional de Berlim, Alemanha Prêmio Urso de Ouro (Sidney Lumet) Prêmio OCIC (Sidney Lumet) Prêmios Bodil - Copenhague, Dinamarca Bodil de Melhor Filme Americano (Sidney Lumet) Prêmios Jussi, Finlândia Diploma de Mérito (Henry Fonda) Sindicato dos Jornalistas Críticos de Cinema, Itália Prêmio Fita de Prata de Melhor Diretor de Filme Estrangeiro (Sidney Lumet) Prêmios Blue Ribbon Blue Ribbon de Melhor Filme Estrangeiro (Sidney Lumet) Grêmio dos Roteiristas da América Prêmio de Melhor Roteiro de um Drama Americano (Reginald Rose ) Festival Internacional de Cinema de Locarno, Suiça Menção Especial (Sidney Lumet)
INDICAÇÕES
Academia de Artes Cinematográficas de Hollywood, EUA Oscar de Melhor Filme (Reginald Rose, Henry Fonda) Oscar de Melhor Direção (Sidney Lumet) Oscar de Melhor Roteiro Adaptado (Reginald Rose) Academia Britânica de Cinema e Televisão, Inglaterra Prêmio de Melhor Filme Prêmios Globo de Ouro, EUA Prêmio de Melhor Filme - Drama Prêmio de Melhor Direção (Sidney Lumet) Prêmio de Melhor Ator em um Drama (Henry Fonda) Prêmio de Melhor Ator Coadjuvante (Lee J. Cobb) Grêmio dos Diretores da América Prêmio por Direção Excepcional (Sidney Lumet) Círculo dos Críticos de Cinema de Nova York, EUA Prêmio de Melhor Filme Prêmio de Melhor Direção (Sidney Lumet)
Dos mestres da violência oriental, poucos conseguiram ganhar o mesmo status que John Woo – que também foi um dos que deixaram para a posterioridade a câmera lenta nas cenas de matança ao lado de outros especialistas no cinema do gênero Enzo G. Castellari e Sam Peckinpah, este último uma das grandes influências do chinês.
Um dos filmes responsáveis por criar uma vertente bem específica do cinema policial, uma espécie de carnificina heróica com uma subtrama de melodrama que permeia todos os seus filmes, O Matador é um dos produtos mais bem acabados de Woo. Essa cruza de todos os policiais e faroestes contraculturais com o senso de honra ainda que ambíguo da velha Hollywood resultou em filmes no mínimo diferentes, onde seus protagonistas-exércitos-de-um-homem-só são responsáveis pela contagem de corpos equivalentes a de uma guerra civil e tem de lidar com romances tempestuosos e relações de afeto e fidelidade um tanto conturbadas e mutantes.
Os personagens principais são homens do velho mundo – um assassino de aluguel que acidentalmente quase cega uma cantora durante uma de suas missões e cai de amores por ela, obcecado por lhe devolver a visão e um ex-policial obstinado que perde o parceiro em parte por culpa do pistoleiro fora-da-lei e busca compensação por isso. São quase estereótipos, dada a sua simplicidade na sua construção, mas funcionam: o diretor faz o máximo para esticar a tensão até a última cena, onde eles precisarão sobrepujar toda uma organização mafiosa não apenas para salvar a visão (e a vida) de uma garota indefesa sempre a um fio de descobrir a identidade terrível do amado, mas também buscar uma compensação, ainda neste mundo, por suas vidas dedicadas unicamente à violência.
Como em Meu Ódio Será Sua Herança ou Pat Garrett & Billy The Kid, a sensação de não pertencimento predomina por toda a película, onde os dois clássicos guerreiros, munidos de armas de fogo de alto potencial destrutivo, se engajarão em combates cada vez mais impossíveis filmados não apenas de forma frenética e sufocante, mas também com certo lirismo triste por parte do diretor: a dramaticidade dos combates não é gratuita. Eles realmente estão apostando tudo o que tem para tentarem encontrar uma resposta para essa eterna busca de sentido pela validade de uma vida. Seja nos olhos de uma garota, seja na justiça por alguém que partiu deste mundo de forma brutal, a matança absurda dos filmes do John Woo tem seu lado humano e angustiado.
E esse cuidado que Woo tem com seus personagens, que seria visto também nos melhores filmes da sua fase americana, como A Outra Face, que faz toda a diferença do mundo. Partindo dessa premissa, o chinês faz tiroteios e impasses mexicanos que realmente importam e que realmente tem carga dramática. A narrativa movida a nitroglicerina pára por mais de uma vez para analisar as existências atribuladas; cada plano é uma verdadeira ode sobre a violência e os momentos em que a câmera prolonga são como as notas sustentadas de uma canção triste e antiga engolida pela violência impiedosa que não escolhe vítimas. A lentidão existe para sustentar o desespero, a agonia e o pânico.
Com um final pra lá de triste e agressivo, sem concessão ou piedade de seu espectador, O Matador é produto de uma rara sensibilidade entre os autores de filmes de alto orçamento. Simples, violento e dramático, a tristeza sangrenta dos melhores filmes de John Woo levam suas obras além do mero filme comercial de ação e mostram que contador excepcional de histórias diferenciadas é desprezado como artista de segundo escalão. Mas a boa disposição, aposto, ainda fará com que vejam esse artífice dedicado com melhores olhos. E filmes como este, elevados à uma categoria de maior consideração entre os clássicos realmente relevantes de um gênero tão subestimado. Porque qualidade, assim como balas disparadas, não faltam.
Para os admiradores maiores da mitologia clássica, Imortais soar-lhes-ia, logo à partida, como uma proposta irresistível e absolutamente irrecusável. Não morre, afinal, a esperança de encontrar no cinema uma adaptação à altura do nosso fascínio pela cultura grega. O trailer, contudo – e sejamos francos - já nos fazia temer um produto com pouco mais interesse do que o meramente comercial, apesar da promessa de prodígio visual. Na verdade, aquilo que temos em Imortais é um épico gorado, tremendamente eloquente na sua retórica inócua, profundamente ridículo para os puristas que esperariam o impossível da reconstituição histórica, com base num mito amplamente cultuado através dos séculos, mas aqui um tanto ou quanto desvirtuado em prol de um filme para adolescentes, assente no maniqueísmo das suas personagens e no facilitismo dos seus processos narrativos. Imortais é, sobre todas as coisas, espectáculo. Espectáculo que se quer rentável. Os deuses da indústria pouco se interessam, ao que parece, com a memória dos Homens.
Depois da obra-prima visual que é The Fall – Um Sonho Encantado, num circuito mais independente, Tarsem abraça finalmente o cinema de massas. Já em 2000 havia dado que falar com o seu filme de estreia, protagonizado por Jennifer Lopez, A Cela, onde cruzou, pela primeira vez, o thriller policial centrado num bizarro psicopata – muito ao género de Silêncio dos Inocentes e de Sete Pecados Mortais – com o seu universo perfeccionista, fantasioso e surreal, onde o esplendor visual atinge o mais elevado requinte. Imortais dá continuidade a essa estética, entregando-se finalmente às infinitas potencialidades do digital. Neste campo, Imortais é deslumbrante. Quem nos dera experienciar pessoalmente aquelas visões do Olimpo. O detalhado e assombroso trabalho de guarda-roupa, por fim, completa o raro vislumbre que o filme constitui e, por isso, merece todo o reconhecimento. Emanuel Levy diz que Tarsem Singh is a gifted, eccentric visual artist but he is certainly not a storyteller (Cf. http://www.emanuellevy.com/review/immortals/). Conclusão compreensível, se só tivermos visto este seu titânico filme.
Dos mesmos produtores de 300, o filme partilha várias características que aproximam ambos os filmes: a proeminência dos efeitos digitais na construção dos cenários e no acabamento da fotografia (contribuindo para uma maior similitude com os jogos de computador), a exploração da violência e da brutalidade como recurso estilístico, em sequências de acção plenas de sangue e testosterona, as impressionantes (e muitas vezes excelentes, inclusive) coreografias de lutas (onde o slow motion se impõe como um verdadeiro trunfo), a pouca profundidade e desenvoltura das personagens e a fraca articulação dos episódios, tendo como compensação um excesso de movimentos de câmara, a utilização abusiva dos efeitos sonoros (um pouco como nos filmes de terror, aos quais recorrem para prender desesperadamente o espectador) ou uma operática banda sonora (nada de novo, somente a cópia da cópia, da etc., do original). Henry Cavill e Freida Pinto, emanando sensualidade e erotismo, são, independentemente das suas qualidades como actores, criaturas por demais abençoadas pelos deuses, tão belos e perfeitinhos em cada uma das curvas dos seus corpos. Particularmente na cena do discurso para a multidão (lugar-comum incontornável, no qual Teseu (Cavill) incita os soldados para a guerra) é notável a inconsistência na construção da personagem: até ali jamais demonstrara possuir o dom da palavra e de, um momento para o outro, assume-se como um herói fluente. Somente Mickey Rourke, Stephen Dorff e Joseph Morgan (escusado será referir John Hurt) nos lembram, de tempos a tempos embora aprisionados nas limitações dos seus papéis, que existem actores nesta produção; sabem, daqueles que representam. Em ambos os filmes, o físico dos protagonistas é cuidado e determinante; todavia, com um look actual em demasia para um filme que, por mais fantástico que seja, almeja a viagem no tempo, de regresso a tempos idos. . Ecoam ainda as influências de megalomanias recentes, como Tróia, Alexandre, o Grande ou Confronto de Titãs, que Tarsem luta por superar em escala e grandeza. Para isso, nada como expandir exércitos e paisagens e edificar mais uns metros de muro.
Não partilhando de especial entusiasmo pelo 3D, há que salientar a notória evolução da tecnologia, cada vez mais funcional, alcançando o seu propósito original, muito embora a sua utilidade se resuma a isso: possibilitar que o espectador entre no mundo do filme, tela adentro.
No seu todo, eis uma embalagem por demais sugestiva e atractiva para o público jovem, que encontra nestes escapes lúdicos as mais memoráveis (ainda que por pouco tempo) experiências cinematográficas. Para o público que dispensa entretenimento espalhafatoso e que está mais habituado a obras sublimes – entre os quais também existem jovens, outros jovens - o filme tornar-se-á num bocejo tão encantador quanto entediante. A concretização de uma epopeia em filme, baseada na mitologia clássica, fica para outro dia. Quanto a Tarsem, esperemos que ganhe a credibilidade suficiente junto dos grandes estúdios (que sabemos ser fundamental, em Hollywood) para voltar às grandes obras de arte, daquelas verdadeiramente imortais; talento e visão não lhe faltam e isso já deixou mais do que comprovado. Não sei é se será para já. Que é como quem diz, com Mirror, Mirror… O trailer já circula por aí – e sejamos francos – não nos incentiva por aí além. http://cineroad.blogspot.com.br/
Em 1974, nos Estados Unidos, o jovem Ronald DeFeo assassinou brutalmente com uma espingarda sua família (pai, mãe e quatro irmãos), enquanto dormiam em suas camas. Sua explicação para a chacina é que ele estava agindo conforme a orientação de uma voz misteriosa que ordenava os assassinatos. Um ano depois, a imensa casa que serviu de palco para a carnificina, situada em Amityville, Long Island, recebeu novos moradores, a família Lutz, formada pelo casal George e Kathy, e os três filhos pequenos. Depois de apenas 28 dias, eles fugiram desesperados alegando a existência de entidades malignas assombrando a casa.
Ambas as histórias foram consideradas casos reais, que inspiraram o autor Jay Anson a escrever um livro muito interessante em 1977 (e que tive o privilégio de ler em 1981 numa edição de capa dura lançada pelo Círculo do Livro). O livro prende a atenção do leitor, narrando as terríveis experiências vividas pela família Lutz, e serviu de base para o roteiro de Sandor Stern na realização de um filme dois anos depois, chamado por aqui de A Cidade do Horror, dirigido por Stuart Rosenberg e estrelado por James Brolin e Margot Kidder como o casal Lutz.
Seguindo uma tendência do cinema de horror dos últimos anos com a crescente produção de refilmagens (como A Casa da Colina, 13 Fantasmas, O Massacre da Serra Elétrica, Madrugada dos Mortos, A Casa de Cera, A Guerra dos Mundos, entre outros), em 19/08/05 entrou em cartaz nos cinemas brasileiros Horror em Amityville (The Amityville Horror), uma releitura do original de 1979, dessa vez com direção de Andrew Douglas, roteiro de Scott Kosar, produção do especialista em ação Michael Bay, e elenco liderado por Ryan Reynolds e Melissa George.
George Lutz (Ryan Reynolds) é o novo marido de Kathy (Melissa George), e o padrasto de seus filhos Billy (Jesse James), Michael (Jimmy Bennett) e Chelsea (Chloe Grace Moretz). A família está procurando uma nova casa para morar e encontra uma mansão de estilo colonial holandês à venda por um preço bem inferior de seu valor real. O motivo da desvalorização é por causa um crime hediondo cometido entre suas paredes, com o jovem Ronald DeFeo (Brendan Donaldson) matando a sangue frio sua família inteira, alegando obedecer a ordem de uma voz em sua mente.
Apesar da tragédia ter ocorrido na casa, os Lutz decidem se mudar. Mas, com o passar dos dias, uma série de acontecimentos estranhos, bizarros e misteriosos, obrigou a família a fugir antes de completar um mês. Nem o padre Callaway (o veterano Philip Baker Hall) conseguiu ajudar, pois ao tentar benzer a casa ele foi ameaçado por uma voz que ordenou que ele saísse imediatamente. A família Lutz abandonou tudo para trás, alegando que a casa era possuída por algo maligno, e que estava influenciando diretamente através da deterioração gradual da personalidade de George, tornando-o progressivamente perigoso e ameaçador para a segurança de todos ao seu redor.
A nova versão de Horror em Amityville, com cerca de 90 minutos de duração e um orçamento médio de US$ 18 milhões, é um filme de horror que se baseia numa história real de assombração, e que se constitui numa importante contribuição para o universo ficcional da série, apresentando também sua parcela de liberdade de criação (na explicação da origem dos fenômenos malignos). A essência básica da história narrada no livro de Jay Anson foi respeitada, e como entretenimento dentro do gênero fantástico o filme atingiu as expectativas, pois não faltam boas cenas de sustos, aparições de fantasmas perturbados e momentos dignos de histórias de casas assombradas. Um destaque merecedor de registro é uma cena tensa envolvendo a babá Lisa (Rachel Nichols) e o fantasma da garotinha Jodie DeFeo (Isabel Conner), no interior de um armário. O filme tem ainda ao seu favor um ritmo narrativo bastante intenso, não perdendo tempo com eventuais situações menos relevantes, partindo rapidamente para a apresentação do drama enfrentado pela família Lutz, vivendo numa casa que foi palco de mortes violentas e origem de manifestações paranormais assustadoras.
A franquia é muita conhecida no cinema de horror, e mais especificamente dentro do subgênero sobre casas assombradas. E é também uma das sagas que tem a maior quantidade de filmes, ao lado de outras como Colheita Maldita, Halloween, Sexta-Feira 13, Grito de Horror, A Hora do Pesadelo, etc. Além dessa refilmagem de 2005, a série é composta por A Cidade do Horror (The Amityville Horror, 79), Terror em Amityville (Amityville 2: The Possession, 82), Amityville 3D (83), Amityville 4: A Maldição (Amityville 4: The Evil Escapes, 89), Amityville 5 (The Amityville Curse, 90), Amityville 6 – Uma Questão de Hora (Amityville 1992: It’s About Time, 92), Amityville 7: Uma Nova Geração (Amityville: A New Generation, 93), Amityville 8: A Casa Maldita (Amityville: Dollhouse, 96), e finalmente por Amityville 2000 (2000), que na verdade é um documentário produzido especialmente para a televisão. http://bocadoinferno.com.br/
Lançado em 1996, Missão: Impossível, adaptação cinematográfica de uma das mais famosas séries da TV americana, marca a estréia do astro como produtor. Cruise (que desembolsou algo em torno de 70 milhões para viabilizar o projeto) pode se considerar bem satisfeito. A franquia foi um tremendo sucesso de bilheteria (até mesmo o terceiro, que apurou menos que os anteriores, passou longe de deixar prejuízo). Contando com nomes de peso, desde os roteiristas, David Koepp (de O Mundo Perdido: Jurassic Park - e que já havia trabalhado com De Palma em Pagamento Final) e Robert Towne (do irretocável Chinatown, de Roman Polanski), ao elenco, Brian De Palma foi a cereja do bolo. Ou pelo menos deveria ser.
O grande problema de Missão: Impossível é esse choque autor-produtor. De um lado, Brian De Palma, um cineasta autoral até a veia, mesmo em seus projetos mais comerciais e que, talvez por isso, amargou uma série de fracassos de bilheteria e crítica ao longo de sua carreira. Do outro, Tom Cruise e suas promissórias de quase 70 milhões que não iriam deixá-lo livre para dar carta branca para o De Palma fazer o que bem entendesse com o projeto. Além do que, um fracasso não representaria apenas um prejuízo momentâneo, mas a longo prazo, uma vez que poderia representar a perda de uma provável franquia de sucesso (já que a série conta com fãs que a veneram há décadas).
Sendo assim, optando por algo mais palatável ao grande público, foi-se construído um roteiro bem mais simples do que se poderia esperar de um mestre como Brian De Palma. Na trama, Cruise vive Ethan Hunt, membro do grupo ‘Missão Impossível’, formado pelos melhores agentes secretos disponíveis ao governo. Durante uma operação secreta, todos são eliminados, um a um, e a culpa cai sobre Ethan, uma vez que ele foi o único a não ser atacado e, pelas condições das mortes, era provável que o assassino fosse alguém que conhecesse a operação por dentro. Daí, ele vai correr sozinho para provar a todos a sua inocência.
Trama bem simples e rasa. Não há uma mínima preocupação em se aprofundar as personagens. Eles simplesmente estão ali para dar seguimento aos fatos, nada além. Se por um lado isso não permite muita empatia com o público, por outro é o cabimento que o diretor (que nunca foi muito de se aprofundar nesse aspecto) precisava para exercitar seu total domínio da técnica. Uma trama de mistério que se desenrola de modo linear e, à partir de determinado ponto, começa a disparar reviravoltas para todos os lados. Traições, mentiras, agentes-duplos (e triplos) e toda uma sorte de surpresas que, próximo ao fim, chegam a beirar o surreal. E no meio disso tudo, além da belíssima fotografia de Stephen H. Burum (parceiro de De Palma desde Dublê de Corpo) e da nova versão por Danny Elfman da clássica trilha do seriado, as famosas set pieces do diretor (a primeira conversa de Ethan e o agente no restaurante, com os enquadramentos em seus rostos de baixo para cima, alternando e se aproximando num jogo de tensão extremo bem semelhante ao do confronto final entre vítima e sequestrador em Síndrome de Caim).
Claro, o filme tem muitos defeitos. Como já citado, o roteiro não nos permite uma maior aproximação das personagens, não há identificação com elas. Diferente da série, onde protagonistas e vilões constam atualmente entre os mais memoráveis da história da televisão americana, Ethan Hunt e companhia são esquecidos logo após o término da projeção. Talvez o único lembrado seja mesmo o protagonista, mas muito mais (óbvio) por causa de seu ator. Lamentável, tanto pelo seriado no qual o filme foi baseado quanto pelo próprio diretor, criador de tantos personagens inesquecíveis, como Tony Montana (Scarface), Carlitos (O Pagamento Final), Malone e Al Capone (Os Intocáveis), a personagem título de Carrie – A Estranha, entre outros.
Mas se as personagens não marcam, as cenas memoráveis são várias, e em cada uma delas De Palma imprime a sua marca. Ethan Hunt pode não ser tão referenciado, mas jamais esqueceremos a famosa cena da invasão ao computador central da agência (que já entrou para o hall das mais memoráveis de sua filmografia – e do cinema) ou a impressionante sequência de luta final no trem e seu desfecho num túnel. De Palma nos mostra que ainda não seria dessa vez que ele deixaria algo o impedir de estraçalhar os nossos nervos como ele bem sabe fazer (dos mandos e desmandos da produção às leis da física, ele parecia não ligar muito) e que, mesmo com tantos defeitos, Missão: Impossível ainda é um entretenimento de primeira que, infelizmente, carrega a injusta marca de seu diretor: subestimado e incompreendido.
Um filme cheio de cenas de ação, tiroteios, socos, pontapés, perseguições alucinantes, (pseudo) trama intelectual e conflitos amorosos. Com um notório apelo adolescente, o filme entretém o telespectador menos criterioso. A trama gira em torno de um rapaz tímido e brigão chamado Nathan (Taylor Lautner) que é apaixonado por Karen (Lily Collins). Seguindo o estereótipo adolescente, ele nunca tem coragem de falar com a menina, mesmo com todo apoio e torcida de seu melhor amigo Gilly (Denzel Whitaker).
O filme começa e tem meia hora de cenas desconexas, sem sentido e desnecessárias, onde o personagem principal Natan aparece visitando sua psicóloga Dr. Bennett (Sigourney Weaver), brigado com amigos no colégio, tirando a camisa diversas vezes, fazendo exercícios, participando de festas e bebedeiras, porém nenhuma dessas atividades é ligada entre si, ou demonstra ter algum tipo de relação.
A trama realmente engrena quando Natan tem que fazer uma tarefa escolar, ele acaba visitando um site de crianças desaparecidas e em uma sequência de fatos desastrosos ele acaba desconfiando e logo descobrindo que não foi criado por seus pais biológicos. Chocado e curioso ele passa a investigar o caso e inesperadamente se vê no meio de uma conspiração internacional entre a CIA e mafiosos sérvios.
Há uma forte tentativa de criar cenas de drama, mas infelizmente os atores não são bons, que me perdoem os fãs de Taylor Lautner. Porém os atores não são os únicos culpados pelo insucesso da trama, pois os diálogos são ruins e vazios. A edição de cenas e imagens não ajuda o telespectador a entrar no clima do filme, pois os cortes são abruptos e passam de um lugar para o outro sem muita lógica. Já as cenas de investigação e de trama intelectual são um fiasco completo, pois são tantas as coincidências e situações forçadas, que fica claro terem sido feitas para que o personagem principal pareça inteligente e perspicaz. É tudo muito inverossímil. Nem no CSI, onde supostamente os agentes são especialistas treinados, há uma facilidade tão grande em coletar provas e resolver enigmas complexos.
Outro ponto negativo são as "tecnologias alienígenas", afinal alguém aqui já conseguiu com pouquíssimos cliques fazer uma busca por um endereço IP na internet, achar a localização no mapa desse endereço IP através da tecnologia de GPS e, pasmem, ligar a câmera desse endereço IP (notebook) e on line enviar essas imagens coletadas em formato de vídeo HD para outra localidade em 10 segundos? Bem, eles conseguiram.
Sem grandes novidades a trama se desenrola e chega ao fim. Não há grandes surpresas no final, nem grandes descobertas. A trama central do filme é solucionada de forma coerente, porém algumas tramas periféricas ficam mal resolvidas (propositalmente), sendo muito fácil prever uma continuação. Talvez até se torne mais uma franquia, uma espécie de "Trilogia Bourne" para adolescentes.
Em suma, se você tem entre 12 e 20 anos, gosta de filmes de ação, (pseudo) suspense, (pseudo) romance e (pseudo) drama, atores adolescentes malhados e sem camisa, é fã de Crepúsculo e de Taylor Lautner, recomendo sua ida ao cinema, você vai adorar esse filme. Agora se você já passou dos 25 anos, ou for mais crítico que a maioria das pessoas e também não sente necessidade física ou psicológica de ver o peito moreno e musculoso de Taylor Lautner, você não irá gostar do filme, pois o público alvo dessa produção não é você. Sugiro que você procure outros títulos do Grupo Paris Filmes. http://www.revistageek.com.br/
Mais uma produção para um público seletíssimo por se tratar mais de uma experiência que de um filme para puro entretenimento. Mads Mikkelsen (“Fúria de Titãs“) é One Eyed (tradução para “um olho”), um guerreiro com um talento nato para a violência que é mudo (ou pelo menos não fala) e é escravo de uma tribo, sendo usado para combate em jogos entre povoados rivais. Após muita carnificina explícita, ele escapa juntando-se a um desgarrado menino da tribo e vão numa jornada sem destino até encontrar guerreiros da cruzada cristã em busca de novas terras. E a viagem para descobri-las será um teste físico e psicológico para os combatentes.
O diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn (“Medo-X“) coloca sua lente a serviço da visão distorcida e doentia de One Eye, um personagem que caiu como uma luva para Mikkelsen, um homem tão perturbado quando seu obscuro passado e a completa falta de uma perspectiva de futuro. A narrativa faz questão de colocar o público junto com os personagens. Exemplo disso é a quase interminável viagem de barco que testa o limite de todos, inclusive do espectador. Tal qual também é a chegada numa terra distante onde seus personagens enfrentam o isolamento e o ataque de um inimigo invisível.
Tudo isso contribui para que seja um filme difícil de assistir para os desavisados. Até porque o primeiro ato é mais fluido, mas a partir do segundo há uma boa dose de abstração, culminando praticamente – como alguns críticos colocaram antes – numa viagem de ácido. “Valhalla Rising” é aquele filme que pode ser chamado de arte para um público extremamente direcionado e adepto ao estilo. Para estes, a viagem será um exaustivo prazer. Para os demais, melhor nem embarcarem. http://www.cinecriticas.com.br/
Baseado em imagens de arquivo das entrevistas que a psicóloga Abbey Tyler deu a uma universidade no ano 2000, Contatos de 4º Grau conta o horror que Tyler passou ao tentar explicar e provar que fora abduzida por alienígenas (o quarto grau que dá título ao filme), assim como diversas pessoas de Nome, sua cidade, que desde os anos 1960 viram inúmeras pessoas simplesmente desaparecerem e receberem constantes visitas do pessoal do FBI. O recado final é dado pouco antes do longa começar de verdade: o filme é baseado em imagens e depoimentos reais e acreditar ou não no que irão ver depende de cada um – e isso é um pré-requisito essencial para o filme funcionar.
Pesquisando um pouco sobre a história somos guiados a acreditar que o filme é mais um herdeiro da escola A Bruxa de Blair de se fazer cinema: nunca houve uma psicóloga Abbey Tyler no Alasca, o que se conclui que todas as partes “reais” do filme são encenações, feitas pela própria produção, para dar um tom mais forte e realista à narrativa. Fica a nota que a opção deu certo, pois Contatos de 4º Grau não é mais um daqueles filmes de horror para adolescentes que apelam apenas para o gráfico afim de chocar, mas sim cria uma atmosfera angustiante durante toda a projeção, ficando mais perturbador ao decorrer de sua duração com um leve tempero de novidade ao já desgastado gênero.
Milla Jovovich encarna Abbey Tyler em sua “recapitulação”, uma psicóloga que luta para entender estranhos sonhos com uma coruja branca que seus pacientes costumam ter – sonhos estes que eles não se lembram de nada, a menos que estejam hipnotizados. Conforme vai juntando as peças do quebra-cabeça, Abbey percebe que está muito mais envolvida no assunto do que parecia estar, e o espectador vai entendendo a degradação da personagem após a morte do marido, que afetou profundamente não apenas a ela, mas também a toda sua família.
Constantemente tratando sua história como real, o diretor novato Olatunde Osusanmi intercala imagens de “arquivo” (a outra atriz que interpreta Abbey não possui crédito) com as recriações de Milla e elenco, muitas vezes colocando-as lado a lado, para que o choque entre “realidade” e ficção fique ainda maior. Ainda que soe estranho no começo, essas imagens “reais” são as que mais chocam e conseguem causar medo na platéia, principalmente por causa do elenco (muito mais natural e realista do que quem está encenando a recriação, obviamente proposital) e de sua precaridade também proposital de captação. O diretor, ao dividir a narrativa, erra por sua inexperiência ao tornar sua “reconstituição” totalmente desnecessária quando paralela às imagens teoricamente reais, que são muito mais chocantes e convincentes.
Mas, ao mesmo tempo, ao optar por assumir uma recriação e tentar enganar o público com suas imagens de arquivo, o diretor acerta em criar uma história convincente e agoniante durante sua duração. Um dos problemas em A Bruxa de Blair, Atividade Paranormal, Cloverfield – Monstro e demais filmes do gênero pseudo-documental é que muitas vezes as pessoas se perguntam “por que diabos, apesar de tudo o que está acontecendo, as pessoas continuam filmando?”, que é uma argumentação bastante válida e, muitas vezes, o principal ponto fraco dos filmes citados.
Acontece que em Contatos de 4º Grau a narrativa é inteligente e, ao assumir uma reconstituição dos “fatos”, as partes narrativas, que intercalam as cenas realmente assustadoras, funcionam muito melhor ligando o longa-metragem do que em um filme 100% como se fosse de arquivo, pois esse tipo de questionamento não existe – essas cenas são criadas, teoricamente, a partir de declarações detalhadas de Abbey em entrevistas e das 65h de vídeo que eles tiveram “acesso”.
Resultando em uma mistura de pseudo-documentário e filme hollywoodiano, temos uma enorme surpresa ao constatar que o resultado final funciona, pois os sustos são reais, o filme é bem interpretado e as imagens “de arquivo” conseguem alcançar o seu objetivo de chocar, convencendo algumas pessoas de que o que está sendo visto em tela pode realmente ter sido real. Isso graças à opção de não usá-las a esmo, pois quando a imagem bonita, polida e colorida de Hollywood é substituída pelas imagens caseiras feitas pela psicóloga magra, pálida e fraca, tudo fica mais tenso e nos induz a acreditar que aquilo é real – e muitas pessoas irão discutir e bater de pés juntos que realmente é, e convenhamos, esse poder de convencimento é um ponto fortíssimo a favor do longa. Uma estratégia extremamente inteligente pelos responsáveis do filme, que trabalham com o contraste e a mitologia envolta ao tema para alcançar seus objetivos.
Desaprovado pelas autoridades locais do Alasca, que consideram Contatos de 4º Grau extremamente desrespeitoso com as pessoas reais da cidade que tiveram familiares sumidos, prepare-se para um filme principalmente de clima, incômodo, e que faz valer o preço do ingresso. Incluindo áudio reais de pessoas que tentaram relatar visões ou interações com extra-terrestres, o diretor aposta que isso ajudará o seu filme a ganhar veracidade (afinal, se aquelas declarações em áudio são reais, por que as imagens não seriam?). A proposta de criar dois tipos de projeção dentro do mesmo filme é falsa e manipuladora, mas funciona. E é isso que realmente importa no final. Por Rodrigo Cunha para o site cineplayers
Enredo inteligente, estética dos anos 70 e ótimo elenco fazem de O poder e a Lei (The Lincoln Driver) um dos melhores thrillers dos últimos tempos e, sem dúvida,e uma das melhores atuaçoes de Matthew McCounaughey em toda sua carreira. Baseado no romance de sucesso de Michael Connely, com mesmo título, o filme mostra os meandros do sistema jurídico norte-americano numa Los Angeles desglamourizada e perversa.
O clima se anuncia na abertura, com a canção Ain’t no love in the heart of the city (Não há amor no coração da cidade), interpretada pela Bobby “Blue” Band. O ritmo é incorporado pelo personagem principal, Mick Haller (McConaughey), um advogado de ética um tanto duvidosa, que tem como escritório o banco traseiro de um automóvel (o tal Lincoln do título original), com motorista, e ganha um trocado aqui e ali, defendendo qualquer tipo de criminoso, mas atuando de acordo com sua conveniência.
Quando um caso envolvendo um playboy corretor de imóveis Louis Roulet (Ryan Phillipe), acusado de agredir e estuprar uma prostituta, cai em suas mãos, ele acredita que tirou a sorte grande. Pouco a pouco, porém, percebe que foi envolvido num esquema sórdido que o fez cometer um grave erro num caso anterior e que não só sua credibilidade, mas sua própria vida está em perigo. Enquanto luta para salvar sua carreira e consertar o passado, ele tem que manter o sangue frio e fazer o jogo do inimigo.
Se Matthew McConaughey brilha, o restante do elenco não fica atrás. Marisa Tomei dá densidade à defensora pública Maggie McPherson, ex-mulher de Haller, com quem tem uma filha pequena; William H. Macy está perfeito como o investigador que opera nas sombras da lei; Ryan Phillipe não compromete como o riquinho cínico; e Michael Peña faz um convincente preso, Jesus Martinez, um papel pequeno, mas fundamental; só para citar alguns, já que todos os atores contribuem de forma positiva para o sucesso do filme.
Trilha sonora, montagem, edição, tudo colabora para dar a O Poder e a Lei um ritmo ágil e instigante. Como um toque extra, um certo verniz noir e uma competente releitura da estética dos anos 70, emprestando um ar de novidade a um gênero repleto de boas produções. http://www.cinemanarede.com/
Houve uma época em que Demi Moore era considerada como uma das estrelas de cinema mais famosas do mundo. Seus filmes, quando eram lançados, causavam curiosidade no público e, algumas vezes, eram sucessos de bilheteria. Depois de fazer algumas más escolhas (como os filme “Striptease” ”), Moore fez o que poucos atores fariam: deixou de lado a carreira, foi viver num rancho no interior dos Estados Unidos e se dedicou por completo ao papel de mãe das três filhas que têm com o ex-marido, o também ator Bruce Willis. Moore só interrompia sua rotina para fazer poucos filmes. Um desses retornos aconteceu no filme “As Panteras – Detonando” e, três anos depois do lançamento desse filme, Moore está de volta à grande tela em “Protegida por um Anjo”, do diretor e roteirista Craig Rosenberg.
Em “Protegida por um Anjo”, Demi Moore interpreta a famosa escritora norte-americana Rachel Carlson, que vive em Londres com o marido, o também escritor Brian (Henry Ian Cusick, que fez uma participação especial na segunda temporada da série “Lost” interpretando Desmond), e o filho Thomas (Beans El-Balawi), que é fruto do primeiro relacionamento da escritora. Quando a platéia vê Rachel pela primeira vez, ela está lidando com a redação de seu próximo livro e com as frustrações de seu marido, que viu um livro seu ser rejeitado novamente por uma editora.
Após uma tragédia familiar (a morte do filho Thomas em decorrência de um afogamento), Rachel viu não só o seu casamento ruir, como também o desaparecimento de qualquer vontade que ela tinha para escrever. Por sugestão de sua amiga jornalista Sharon (a péssima Kate Isitt), Rachel se muda para uma casa isolada numa pequena cidade do interior da Inglaterra, aonde ela espera reencontrar a paz para poder recomeçar a sua vida e voltar a escrever. Os desejos de Rachel ameaçam não se tornar realidade quando ela começa a sentir a presença de Thomas e, em alguns momentos, chega até a receber mensagens do filho morto – é nesse momento em que “Protegida por um Anjo” começa a dialogar com “Ghost – Do Outro Lado da Vida”, o filme que catapultou o nome de Demi Moore para a fama.
A trama criada pelo diretor e roteirista Craig Rosenberg para “Protegida por um Anjo” se desenrola muito bem no primeiro e no segundo ato do filme (que retratam a angústia de Rachel ao sentir o espírito do filho próximo de si e o nascimento de um romance entre a escritora e o faroleiro interpretado por Hans Matheson) – são também nestes dois atos que se destaca a belíssima trilha sonora composta por Brett Rosenberg (e que tem influência da música minimalista, com seus acordes repetitivos e poucas variações). No entanto, quando “Protegida por um Anjo” chega ao seu terceiro – e último – ato (que retrata o desenvolvimento de uma trama criminal), Rosenberg perde o controle sob seu filme.
Faltou sensibilidade a Craig Rosenberg para perceber que o ponto alto da história de “Protegida por um Anjo” era a busca de uma mulher pela paz que ela perdeu. Quando o filme foge desse foco, a platéia se dispersa e perde toda aquela identificação inicial que foi estabelecida com a trama. Incomoda também a facilidade com que Rachel reencontra seu propósito de vida depois de vivenciar uma série de situações ruins. Não estou dizendo que isso é impossível de acontecer, mas, na vida real, a bonança demora muito para acontecer depois que uma tempestade passa na vida de uma pessoa. http://cinefilapornatureza.blogspot.com.br/
Indicado para nove Oscars (Ator e Atriz Coadjuvante, Fotografia, Ator, Direção, Trilha Musical, Filme, Roteiro Adaptado), num ano muito fraco. Levou o de Direção de Arte. É uma refilmagem de "Que Espere o Céu/ Here Comes Mr. Jordan", de 1941, dirigido por Alexander Hall, que já tinha ganho o Oscar de Roteiro.
Beatty e sua parceira Elaine May mudaram o esporte do protagonista de boxe para futebol americano, acrescentando temas como poluição e usinas nucleares. O essencial foi conservado.
É uma fantasia simpática, mas o original era melhor. As sucessivas mudanças de corpo fornecem os melhores momentos do filme. Através de um truque - o espectador continua vendo sempre o herói Beatty, enquanto os personagens pensam ser o antigo ocupante do corpo.
Além desse lado espírita, o filme tem uma love story. Beatty se apaixona por uma inglesa (Julie, sua amante na época), que por amá-lo, é a única capaz de reconhecê-lo. O trabalho de direção é fraco e Mr. Jordan perdeu a importância do original (onde era feito por Claude Rains). Uma diversão simpática e superestimada e que foi refeita em 2001 (só que bem inferior) com o mesmo título em português ("Down to Earth", em inglês), com Chris Rock. http://cinema.uol.com.br/
O primeiro "Premonição" foi dos melhores e mais originais filmes de terror dos últimos tempos. Por isso fica-se desconfiado diante de uma continuação sem o diretor original mas com muito mais violência (há algumas cenas realmente fortes, de assustar até, das mais chocantes que temos visto recentemente). Mas não sucedeu o pior. Mesmo sem ser especial, o filme consegue impressionar e assustar bastante.
Ainda que as mortes pareçam por demais elaboradas, seguindo sempre a mesma fórmula que existe desde os tempos de "Sexta-Feira 13". Ou seja, os que estão destinados a morrer serão executados (pela Morte, nunca visível, para criar clima de suspense).
Em vez de avião como no primeiro filme, agora é um grande engavetamento numa rodovia, uma seqüência espetacular que depois de mostrada fica-se sabendo que é uma premonição, ou seja, poderia ser evitada. A heroína que está com suas colegas numa van a caminho de uma farra consegue escapar, salvando também a vida de outros. Só que não se pode enganar a morte por muito tempo. E aos poucos os sobreviventes começam a morrer de formas horripilantes (a do garoto e o vidro é muito forte). O curioso é que a heroína, pede a ajuda da única sobrevivente do filme anterior, que havia se fechado num sanatório na tentativa de escapar à maldição. E acaba auxiliando no plano de tentar burlar a morte.
Não é preciso dizer ou explicar muito mais. Ajudado por efeitos digitais, o filme é bastante eficiente e assustador (o fato de ser previsível até que acaba ajudando porque você sabe onde tudo vai acabar e já fica esperando o susto). Nada profundo ou original, mas os fãs não vão se decepcionar. Primeiro saiu em edição para locação, com trailers de outras produções e clipes musicais. Depois veio a edição definitiva. http://cinema.uol.com.br/
Todo mundo tem uma história. Uma carga, uma culpa, fantasmas do passado. Vagabundos não são exceção. É baseando-se nessas características da vida do vagabundo Francis (Jack Nicholson) e das pessoas que o cercam que Ironweed (Hector Babenco) constrói sua história.
Francis é um vagabundo que após ter deixado por acidente seu filho recém nascido cair no chão, ele sai de casa deixando mulher e outros dois filhos. Já fora de casa conheceu Helen (Meryl Streep) com quem desenvolveu uma relação.
O filme acompanha os dias de Francis, Helen e seus companheiros, cada um com suas culpas e fantasmas, e o confronto com os mesmos. Aliás, os confrontos são excelentes, seja do Francis com a Helen, do Francis com seus fantasmas e do Francis e sua família. Todas as seqüências quando o Francis está com sua família são boas.
Simultaneamente à todo o desenvolvimento da história do Francis, pode ser visto em segundo plano o desenvolvimento da história da Helen, uma ex-cantora famosa dos rádios. A Meryl soube construir muito bem a sua personagem tanto que conseguiu a indicação de Melhor Atriz, mesmo o filme não tendo sido indicado à categoria de Melhor Filme.
INDICAÇÕES (2 indicações): - Melhor Ator: Jack Nicholson - Melhor Atriz: Meryl Streep http://umoscarpormes.blogspot.com.br/
A adolescência continua sendo uma das fases mais fortes da existência humana. A descoberta de um mundo maior, novas sensações, novos desejos… tudo fica diferente neste momento da vida. O corpo muda, as percepções mudam, descobre-se o sexo, os desejos, o amor, as dificuldades de se relacionar… quando criança, bastava brincar e tudo estava resolvido. Como jovem, parece que nada basta, tudo é confuso, complicado, difícil… mas, ao mesmo tempo, tudo parece fácil, descomplicado e fascinante. O jovem descobre as coisas com a curiosidade de uma criança e com a falta de responsabilidade do adulto – uma descontração e, ao mesmo tempo, uma angústia que dificilmente podem ser repetidas.
A mistura de descontração e terror seria aproveitada em 1978 com o filme Halloween, de John Carpenter, onde um grupo de típicas adolescentes é atacado por um psicopata, o que abriria o “filão” de filmes do mesmo gênero (Sexta-Feira 13, A Hora do Pesadelo e a franquia Pânico). Um pouco antes do clássico de Carpenter, Brian de Palma também buscou inspiração no mundo adolescente, mas não sob a ótica da descontração, mas sim sob a ótica da angústia. O que faria uma adolescente problemática se tivesse poderes paranormais?
O diretor havia feito uma série de filmes fortíssimos e estranhos, mas sem conseguir um grande sucesso: em 1973, fez o hitchcockiano Irmãs Diabólicas (Sisters), onde Margot Kidder vivia o papel de “duas irmãs” siamesas que foram separadas, ou melhor ainda, vivia os reflexos de sua irmã – morta na operação de separação; em 1974, mostrou ao mundo o musical O Fantasma do Paraíso (The Phantom of the Paradise), misturando rock’n'roll, surf music, o Fantasma da Ópera, o Retrato de Dorian Gray, entre outras referências. Mas foi com o não menos estranho Carrie, a Estranha que Brian de Palma atingiu o sucesso e o estrelato.
Carrie, a Estranha foi a primeira obra de Stephen King a ser levada para o cinema, bem como foi seu primeiro best-seller. Carrie White (interpretada de maneira sensacional por Sissy Spacek) é uma adolescente tímida e contraída, filha de uma fanática religiosa (Piper Laurie, magnífica), sempre hostilizada pelas colegas, mas que possui poderes paranormais, podendo mover objetos de acordo com sua vontade.
Numa das cenas mais poéticas e selvagens da história do cinema, Carrie menstrua pela primeira vez no chuveiro do vestiário da escola: a câmera lenta mostra seu banho, unindo a queda da água do chuveiro com o escorrer do sangue nas suas pernas, a surpresa de Carrie pelo que ocorreu e, imediatamente depois, o seu terror por não saber do que se tratava. Desesperada, ela tenta procurar ajuda de suas colegas que, por sua vez, a humilham. Voltando para casa, é repreendida pela mãe – agora ela possuía o pecado de ser mulher.
Com remorsos pelo que aconteceu, uma de suas colegas, Sue (Amy Irving, a futura mulher de Steven Spielberg) decide fazer com que seu namorado, Tommy (William Katt), um dos rapazes mais disputados pelas garotas na escola, leve Carrie no baile de formatura. Neste ínterim, a professora de educação física suspende Chris (Nancy Allen) do baile que, junto com seu namorado (John Travolta antes do sucesso espetacular de Os Embalos de Sábado à Noite - Saturday Night Fever, 1977), prepara para vingar-se de Carrie. Carrie, dominando melhor os seus poderes, impõe sua vontade à sua mãe, indo no baile com Tommy. No baile, o casal é eleito como os reis da festa e, na hora da premiação, são banhados com um balde cheio de sangue de porco – a vingança de Chris concretiza-se. Segue-se então uma das sequências mais violentas da década de 70: Carrie, sentindo-se humilhada, usa seus poderes paranormais e destrói a escola e a cidade, matando quase todos que estão na sua frente – o uso do efeito tridimensional, ou seja, várias telas se abrindo e mostrando várias coisas acontecendo ao mesmo tempo para o espectador foi excepcionalmente utilizado. Voltando para sua casa, tem de enfrentar sua mãe, em outra sequência espetacular de suspense, terror e violência.
Criticado na época por seu excesso de violência, o filme apresentou muito mais do que devastação e sangue (foi utilizado xarope nestas cenas): a fragilidade e os elevados poderes de Carrie foram magistralmente retratados, criando a tensão necessária para prender o espectador por todo o filme. O enredo vai crescendo de tal maneira que fez com que a “resposta” da personagem, “esmagada” por sua mãe e por todos à sua volta, tivesse sentido.
O final acrescentado ao filme (Sue, a única sobrevivente, sonha que uma mão sai da cova de Carrie e a agarra) é diferente do livro de Stephen King, chegando a assustar o próprio, que não o conhecia até a exibição do filme. http://bocadoinferno.com.br/
Um filme de Chuck Norris na MGM poucos meses antes de assinar com a Cannon, onde iria realizar seus filmes mais conhecidos e lembrados. A tônica dessa produção americana é bem clara: tentar repetir o êxito dos filmes de artes marciais de Hong Kong, fitas produzidas em série que faziam grande sucesso no mercado oriental e que contavam também com um grande grupo de fãs dentro dos Estados Unidos. O roteiro por essa razão seguia os passos do que era realizado no extremo oriente, geralmente explorando o enredo de alguém bom de briga que partia para uma vingança de cunho pessoal. Norris assim se mostrava o ator ideal para o papel, pois era um campeão reconhecido nos EUA desde os anos 70 quando chegou a contracenar com o grande ídolo do gênero Bruce Lee. Curiosamente o filme não tem tantos exageros como na fase Braddock de Norris, preferindo não seguir um estilo tão over como nas tradicionais fitas de kung fu. Mesmo assim se você gosta do estilo não se preocupe, pois há várias sequências muito boas de artes marciais. Um excelente programa, com muita diversão para os fãs de Chuck Norris e seu estilo macho de fazer cinema. http://action-pabloaluisio.blogspot.com.br/
"Fale com Ela" é mais uma excepcional realização do cineasta espanhol Pedro Almodóvar, repleta de emoções e de reflexões as mais sinceras e vibrantes sobre a vida, a morte, a amizade, o amor, a compaixão.
Como o próprio nome sugere, Almodóvar insiste na afirmação pela fala, como forma de oposição à solidão. Para tanto, ele consegue arrancar interpretações intensas de seus talentosos intérpretes, não hesitando em solicitar a participação de diversos artistas e formas de arte: A dança (Pina Bausch), a canção (Caetano Veloso), o cinema...
O filme apresenta uma série de momentos inesquecíveis como, por exemplo, a seqüência em que um homem em miniatura entre no órgão sexual da mulher, seqüência essa cheia de poesia e magia.
Além da magistral direção de Almodóvar, o filme conta ainda com um ótimo roteiro, uma belíssima trilha sonora e brilhantes coreografias. http://www.70anosdecinema.pro.br/
Escrito e dirigido pelo ucraniano Vadim Perelman, ''Casa de Areia e Névoa'' é sua impressionante estréia como realizador. O filme apresenta uma incrível maturidade, efeito criado em colaboração com a excelência do elenco, todos em plena forma. Isto, claro, sem mencionar os demais quesitos técnicos, como a estudada fotografia de Roger Deakins (parceiro habitual dos irmãos Coen em filmes como ''O Homem Que Não Estava Lá'' e ''Fargo'', ambos indicados ao Oscar) e a comovente trilha sonora de James Horner (indicado ao Oscar por este trabalho e premiado por ''Titanic'').
Duas histórias correm paralelas. Em uma temos Kathy (Jennifer Connelly, vencedora do Oscar por ''Uma Mente Brilhante''), uma mulher em profundo estado de depressão. Sabemos que ela foi abandonada pelo marido meses atrás e, desde então, tudo o que tem feito é chorar trancada dentro de casa, saindo apenas para trabalhar como faxineira. Não tem mantido contato com seus familiares, nem ao menos aberto a correspondência. E esta desatenção terá um alto custo, pois o que a fará sair deste estado de prostração será o notificado legal de que deve sair de sua residência. Esta será posta à leilão por falta de pagamento de impostos. Taxas que ela não devia, mas que estavam sendo cobrados por um engano da prefeitura. Enquanto tenta provar sua razão, no entanto, o processo normal das coisas continua a correr, e o local termina por ser vendido, a despeito de sua vontade, a uma família que nada tem a ver com a confusão prévia relacionada.
A outra trama é igualmente problemática. Behrani (Ben Kingsley) fora um grande homem no Irã, sua terra natal. Comandante do exército, precisou abandonar o país e o estilo de vida avantajado devido a mudanças políticas, mudando-se para os Estados Unidos em busca de segurança e conforto. Mas as coisas nem sempre são tão fáceis quanto as imaginamos, e a humilhação diária o corrói por dentro cada vez que recorda o passado que foi forçado a deixar para atrás e o presente que insiste em marcar presença. Quando encontra uma casa sendo posta à venda por um valor bem abaixo do mercado, encontra ali uma oportunidade de fazer dinheiro. E por isso rapidamente a adquire, visando revendê-la brevemente, tendo um bom lucro nesta ação. O que ele e seus entes desconheciam era a carga dramática que o local e o destino que o abraçava possuía.
Quando estes dois mundos entram em conflito, o melhor do filme começa. E isto se deve ao apego de cada um dos envolvidos, desde a segurança do diretor em manejar cada passo até o controle dos atores no domínio de seus personagens. Ali, todos e ao mesmo tempo nenhum têm razão. Não é culpa de ninguém a situação instaurada, mas ela existe e precisa ser resolvida. E quando a razão é abandonada em nome de orgulhos feridos, tristezas dormentes e perdões ignorados, somente o mais trágico por ser esperado. E ele vem, não importa o quanto tenhamos que esperar.
''Casa de Areia e Névoa'' é uma obra bastante singular, intensa e verdadeira. Mostra de modo muito fiel como algo aparentemente banal pode se transformar em um divisor de águas caso não seja encarado a sério desde o princípio. Ou ainda, se menosprezado por sua irrelevância inicial. As indicações ao Oscar que o filme teve em 2004 (Melhor Ator para Kingsley, Melhor Atriz Coadjuvante para Shohreh Aghdashloo e a citada Trilha Sonora) não fazem jus à qualidade do trabalho. Dramático, verossímil e tocante, este é um daqueles filmes dos quais é difícil se desligar assim que termina, pois se impregna em nossa memória, forçando a análise e a reflexão. Mérito que cada vez menos o cinema tem apresentado, e aqui é exercido com extrema competência. Por Robledo Milani, do Argumento.net
Produzir um remake não é, decididamente, uma tarefa das mais fáceis. Não bastasse a legião fãs ferrenhos e críticos de cinema rabugentos em seu encalço, o cineasta precisa medir pacientemente as mudanças que invariavelmente terá de fazer – e essa responsabilidade se torna astronômica quando o original é um dos mais influentes filmes da história do cinema.
O Dia Em Que A Terra Parou não chega a ser um filme ruim, mas fica aquém do primeiro, já que as comparações, nesse caso, tornam-se inevitáveis. Enquanto o original, de 1951, agraciado com Globo de Ouro honorário de “melhor filme a promover o entendimento internacional” se apresenta principalmente como um drama de caráter justificadamente moralista, o remake é quase um exemplar de cinema catástrofe. As diferenças cruciais das versões devem-se, obviamente, ao contexto histórico em que cada uma está inserida: se na década de 50 a Guerra Fria e os avanços bélico-nucleares são a razão pela qual o alienígena Klaatu é enviado a Terra para nos alertar, em 2008 é o descaso da raça humana pelo futuro do planeta o motivo da sua vinda.
O eixo central da história, pode-se dizer, manteve-se. Um alienígena sob a forma humana (Keanu Reeves) é enviado a Terra na condição de representante das demais civilizações extraterrestres, trazendo em sua companhia um enorme e destrutivo robô. Forças armadas e estudiosos das mais diversas áreas, inclundo aí a astrobióloga Helen Benson (Jennifer Connely, belíssima) são convocados para uma possível ofensiva alien. Logo na primeira tentativa de contato com os terrenos, Klaatu é baleado e enviado para um hospital. Gork, o robô, programado para reagir sob qualquer manisfestação de violência, faz menção em atacar, mas é impedido pelas palavras de Klaatu: a clássica frase “Gork, Klaatu barada nikto. No hospital, Klaatu pede à secretária de defesa norte-americana (Kathy Bates) que solicite uma reunião com todos os líderes mundiais para que então defira seu ultimato. Ela, que o vê unicamente como uma ameaça iminente ao planeta, nega o pedido, o que o obriga a fugir e mudar os planos. Agora, só o que lhe resta é reunir, por meio de enormes esferas espalhadas pelo planeta, exemplares de espécimes que serão poupados da destruição reservada à Terra. Convicto de que os humanos estão irremediavelmente contaminados pela violência e os maus sentimentos, cabe a Helen mostrar que existe um outro lado por trás dessa humanidade bestial.
No que se refere a técnica empregada no longa, não há o que se queixar do diretor Scott Derrickson (O Exorcismo de Emily Rose). As sequências em que nuvens de nanorobôs consomem toda matéria que encontram pela frente é realmente boa – ainda que sem o impacto e o charme do pouso da nave mãe no filme original. Algumas detalhes foram preservados, como o aspecto intimidativo e enrijecido do robô Gork ou a cena em que Klaatu soluciona com assustadora facilidade uma fórmula matemática no quadro negro de um ganhador do Nobel.
À época de seu lançamento, em 1951, muito se falou do caráter messiânico de O Dia Em Que A Terra Parou: como Jesus Cristo, o personagem de Klaatu vêm nos alertar dos males que infligimos uns aos outros e não obstante, ressuscita. No atual, tem poderes de cura e uma missão a la arca de Noé. O original questionava ainda a insana luta pela supremacia mundial e suas consequencias. O remake, com maior apelo ambiental, fala da consciência da degradação, sem contudo qualquer iniciativa de mudança.
Ainda que respeitadas e compreendidas as diferenças entre ambos, o fato é que a nova adaptação certamente vai agradar a poucos. Quem sabe o lugar dos clássicos não é mesmo a estante? http://pipocacombo.com/
Atração Fatal" é um ótimo filme de suspense psicológico que poderia ter chegado à excelência se os produtores não tivessem, nos momentos finais, descambado para um tipo de violência do tipo mostrado em "Sexta Feira 13".
Nas primeiras 3/4 partes do filme, o diretor consegue passar um realismo fascinante e convincente, do ponto de vista psicológico. As atuações dos três principais atores (Michael Douglas, Glenn Close e Anne Archer) são irrepreensíveis. Michael Douglas, aliás, é mestre nesse tipo de papel (veja-se "Instinto Selvagem" e "Assédio Sexual"). Com relação à Glenn Close, acredito que sua 'performance' neste filme tenha sido a melhor de sua carreira. http://www.70anosdecinema.pro.br/
Em Nome do Pai
4.2 413 Assista AgoraBaseada em fatos verídicos, "Em Nome do Pai" é uma excelente produção anglo-irlandesa. Produzida e dirigida pelo cineasta irlandês Jim Sheridan, que também participou da elaboração do roteiro, a trama gira em torno da corrupção na Scotland Yard e no sistema judiciário britânico, no período em que a Inglaterra foi assolada por uma onda de atentados terroristas promovidos pelo IRA.
Pressionada pela opinião pública, quando da ocorrência de um atentado terrorista, a Scotland Yard, mesmo tendo conhecimento da inocência de quatro jovens, forja e adultera provas que os levam a serem condenados à prisão perpétua.
O ótimo roteiro, assinado por Terry George e Jim Sheridan, foi escrito tendo por base as memórias de Gerry Conlon, de nome "Proved Innocent". A fotografia de Peter Biziou é de excelente qualidade, principalmente ao captar com maestria os distúrbios nas ruas de Belfast, envolvendo civis e tropas britânicas que haviam sido enviadas, à Irlanda do Norte, para garantir a paz e a ordem após uma série de ataques perpetrados por unionistas protestantes e separatistas católicos.
A trilha sonora apresenta algumas canções originais, compostas por Trevor Jones, bem como, várias músicas do rock & roll dos anos 70, interpretadas pelos americanos Jimi Hendrix e Bob Dylan e pelos irlandeses U2 e Sinéad O'Connor.
No elenco, os nomes a destacar são os de Daniel Day-Lewis, Pete Postlethwaite, Emma Thompson e Corin Redgrave.
Em 1993, quando da realização desse filme:
1. Gerry Conlon morava em Londres.
2. Paddy Armstrong havia voltado para a Irlanda e morava em Dublin.
3. Carole Richardson morava na Inglaterra, casada e com um filho.
4. Paul Hill achava-se casado com Courtney Kennedy, filha de Robert Kennedy, morando em Nova York.
5. As novas investigações sobre as condenações de Giuseppe e da família Maguire, descobriram provas que afetaram a credibilidade dos técnicos forenses e da promotoria, com a conclusão de que as condenações haviam sido um erro.
6. Nenhum policial havia sido preso.
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Scarface
4.4 1,8K Assista Agora"Scarface" é um 'remake' da versão original, realizada em 1932 por Howard Hawks. Dirigido por Brian De Palma e produzido por Martin Bregman, esta nova versão traz Al Pacino no papel de Tony Montana, um refugiado cubano que se torna o 'chefão' de um verdadeiro império da cocaína em Miami.
De Palma apresenta, aqui, um excelente filme de suspense/ação sobre o cartel da droga, com cenas fortes mas muito bem orquestradas.
O roteiro de Oliver Stone é muito bem estruturado, basicamente perfeito. A trilha sonora é um outro ponto de destaque do filme.
No elenco, Al Pacino está magnífico no papel principal, o mesmo ocorrendo com Michelle Pfeiffer, sempre linda e passando uma frieza impressionante. Como coadjuvante, o maior destaque vai para a atuação de Steven Bauer, no papel de Manny Ribera. O filme marca, ainda, a estréia no cinema de Mary Elizabeth Mastrantonio, aos 25 anos de idade.
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Bopha! À Flor da Pele
3.5 11Única experiência de Morgan Freeman como diretor. Produzido pelo apresentador e comediante negro Arsenio Hall, o filme é um consciente esforço dos afro-americanos em denunciar o sistema do apartheid que vigorava na África do Sul, com todas suas barbaridades de segregação racial.
Rodado no vizinho Zimbabwe, o filme está cheio de boas intenções e traz a presença poderosa de uma dupla de grandes atores (em particular, Alfre que é mulher apesar do nome, e que se desglamurizou aqui para fazer o personagem da mãe).
Baseado numa peça de sucesso, o filme é muito dramático (e termina num conflito racial), mas Freeman não é um diretor experimentado neste tipo de história e ação Ou seja, tem melhores intenções que resultado., mas ainda assim uma obra interessante.
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2001: Uma Odisseia no Espaço
4.2 2,4K Assista AgoraProduzido, dirigido e co-escrito pelo grande cineasta Stanley Kubrick, o filme é intrigante ao abordar temas como ciência, religião, o desconhecido, a imortalidade.
Baseado no conto "A Sentinela", de Arthur C. Clarke, considerado o maior escritor de ficção científica, o roteiro é um dos pontos fortes do filme.
Na direção, Kubrick realiza um magnífico trabalho, no que é ajudado pela excelente trilha sonora e por sua bela fotografia. Os efeitos especiais são um show à parte e renderam um Oscar ao filme. Na parte final, quando a Discovery entra no corredor de luz, as seqüências são de uma beleza visual inimaginável.
A evolução do ser humano e as grandes transformações sempre aparecem ligadas a um monólito negro e liso. Logo no início, ainda na pré-história, o monólito surge diante dos primatas para marcar sua evolução. O segundo encontro do homem com o monólito ocorre na superfície lunar, 3 milhões de anos depois, após a criação de um super computador, quando uma tremenda onda de rádio aponta para Júpiter. O terceiro encontro se dá na atmosfera do grande planeta, quando um corredor de luz se abre em direção a uma nova era e a uma nova evolução.
Enfim, "2001 - Uma Odisséia no Espaço" é mais uma obra imperdível do grande mestre que é Stanley Kubrick.
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A Lista de Schindler
4.6 2,3K Assista Agora"A Lista de Schindler" é um dos mais emocionantes dramas de todos os tempos. Baseado no livro de Thomas Keneally e roteirizado por Steven Zaillian, o filme conta a história de Oskar Schindler, um industrial alemão que consegue salvar mais de 1.000 judeus das mãos dos nazistas, durante a 2ª Guerra Mundial.
Spielberg realiza um magnífico trabalho, com cenas maravilhosas, chocantes, emocionantes. Fotografado em preto-e-branco, o filme apresenta as seqüências finais coloridas, mostrando uma homenagem prestada a Schindler pelos judeus da 'Lista', ainda vivos, quando estes visitam seu túmulo, acompanhados dos atores que os representaram no filme, oportunidade em que cada um deposita uma pequena pedra sobre o jazigo.
"A Lista de Schindler" recebeu 12 indicações ao Oscar, conseguindo ser agraciado com 7 estatuetas, dentre as quais as de Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Roteiro. No elenco, os maiores destaques ficam por conta das brilhantes atuações de Ralph Fiennes, Liam Neeson e Ben Kingsley.
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12 Homens e Uma Sentença
4.6 1,2K Assista Agora"Doze Homens e Uma Sentença" é um emocionante e absorvente filme sobre um grupo de jurados que deverá decidir sobre a condenação à morte ou a absolvição de um jovem acusado de ter morto seu próprio pai.
Realizado pelo cineasta Sidney Lumet, o filme procura examinar a personalidade de cada um desses homens, suas fraquezas, seus medos, suas diferenças culturais, suas capacidades de liderança.
O trabalho de direção de Lumet é irretocável. Com habilidade, ele consegue captar o estado psicológico de cada personagem, mostrando as expressões dos atores sob vários ângulos.
"Doze Homens e Uma Sentença" apresenta, ainda, um ótimo roteiro, assinado por Reginald Rose, e um elenco de primeira linha. Com magníficas interpretações, destacam-se Henry Fonda e Lee J. Cobb, respectivamente como os jurados nº 8 e nº 3, seguidos de Martin Balsam e E. G. Marshall.
PRÊMIOS
Academia Britânica de Cinema e Televisão, Inglaterra
Prêmio de Melhor Ator Estrangeiro (Henry Fonda)
Festival Internacional de Berlim, Alemanha
Prêmio Urso de Ouro (Sidney Lumet)
Prêmio OCIC (Sidney Lumet)
Prêmios Bodil - Copenhague, Dinamarca
Bodil de Melhor Filme Americano (Sidney Lumet)
Prêmios Jussi, Finlândia
Diploma de Mérito (Henry Fonda)
Sindicato dos Jornalistas Críticos de Cinema, Itália
Prêmio Fita de Prata de Melhor Diretor de Filme Estrangeiro (Sidney Lumet)
Prêmios Blue Ribbon
Blue Ribbon de Melhor Filme Estrangeiro (Sidney Lumet)
Grêmio dos Roteiristas da América
Prêmio de Melhor Roteiro de um Drama Americano (Reginald Rose )
Festival Internacional de Cinema de Locarno, Suiça
Menção Especial (Sidney Lumet)
INDICAÇÕES
Academia de Artes Cinematográficas de Hollywood, EUA
Oscar de Melhor Filme (Reginald Rose, Henry Fonda)
Oscar de Melhor Direção (Sidney Lumet)
Oscar de Melhor Roteiro Adaptado (Reginald Rose)
Academia Britânica de Cinema e Televisão, Inglaterra
Prêmio de Melhor Filme
Prêmios Globo de Ouro, EUA
Prêmio de Melhor Filme - Drama
Prêmio de Melhor Direção (Sidney Lumet)
Prêmio de Melhor Ator em um Drama (Henry Fonda)
Prêmio de Melhor Ator Coadjuvante (Lee J. Cobb)
Grêmio dos Diretores da América
Prêmio por Direção Excepcional (Sidney Lumet)
Círculo dos Críticos de Cinema de Nova York, EUA
Prêmio de Melhor Filme
Prêmio de Melhor Direção (Sidney Lumet)
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O Matador
4.0 77 Assista AgoraDos mestres da violência oriental, poucos conseguiram ganhar o mesmo status que John Woo – que também foi um dos que deixaram para a posterioridade a câmera lenta nas cenas de matança ao lado de outros especialistas no cinema do gênero Enzo G. Castellari e Sam Peckinpah, este último uma das grandes influências do chinês.
Um dos filmes responsáveis por criar uma vertente bem específica do cinema policial, uma espécie de carnificina heróica com uma subtrama de melodrama que permeia todos os seus filmes, O Matador é um dos produtos mais bem acabados de Woo. Essa cruza de todos os policiais e faroestes contraculturais com o senso de honra ainda que ambíguo da velha Hollywood resultou em filmes no mínimo diferentes, onde seus protagonistas-exércitos-de-um-homem-só são responsáveis pela contagem de corpos equivalentes a de uma guerra civil e tem de lidar com romances tempestuosos e relações de afeto e fidelidade um tanto conturbadas e mutantes.
Os personagens principais são homens do velho mundo – um assassino de aluguel que acidentalmente quase cega uma cantora durante uma de suas missões e cai de amores por ela, obcecado por lhe devolver a visão e um ex-policial obstinado que perde o parceiro em parte por culpa do pistoleiro fora-da-lei e busca compensação por isso. São quase estereótipos, dada a sua simplicidade na sua construção, mas funcionam: o diretor faz o máximo para esticar a tensão até a última cena, onde eles precisarão sobrepujar toda uma organização mafiosa não apenas para salvar a visão (e a vida) de uma garota indefesa sempre a um fio de descobrir a identidade terrível do amado, mas também buscar uma compensação, ainda neste mundo, por suas vidas dedicadas unicamente à violência.
Como em Meu Ódio Será Sua Herança ou Pat Garrett & Billy The Kid, a sensação de não pertencimento predomina por toda a película, onde os dois clássicos guerreiros, munidos de armas de fogo de alto potencial destrutivo, se engajarão em combates cada vez mais impossíveis filmados não apenas de forma frenética e sufocante, mas também com certo lirismo triste por parte do diretor: a dramaticidade dos combates não é gratuita. Eles realmente estão apostando tudo o que tem para tentarem encontrar uma resposta para essa eterna busca de sentido pela validade de uma vida. Seja nos olhos de uma garota, seja na justiça por alguém que partiu deste mundo de forma brutal, a matança absurda dos filmes do John Woo tem seu lado humano e angustiado.
E esse cuidado que Woo tem com seus personagens, que seria visto também nos melhores filmes da sua fase americana, como A Outra Face, que faz toda a diferença do mundo. Partindo dessa premissa, o chinês faz tiroteios e impasses mexicanos que realmente importam e que realmente tem carga dramática. A narrativa movida a nitroglicerina pára por mais de uma vez para analisar as existências atribuladas; cada plano é uma verdadeira ode sobre a violência e os momentos em que a câmera prolonga são como as notas sustentadas de uma canção triste e antiga engolida pela violência impiedosa que não escolhe vítimas. A lentidão existe para sustentar o desespero, a agonia e o pânico.
Com um final pra lá de triste e agressivo, sem concessão ou piedade de seu espectador, O Matador é produto de uma rara sensibilidade entre os autores de filmes de alto orçamento. Simples, violento e dramático, a tristeza sangrenta dos melhores filmes de John Woo levam suas obras além do mero filme comercial de ação e mostram que contador excepcional de histórias diferenciadas é desprezado como artista de segundo escalão. Mas a boa disposição, aposto, ainda fará com que vejam esse artífice dedicado com melhores olhos. E filmes como este, elevados à uma categoria de maior consideração entre os clássicos realmente relevantes de um gênero tão subestimado. Porque qualidade, assim como balas disparadas, não faltam.
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Imortais
2.9 1,9K Assista AgoraPara os admiradores maiores da mitologia clássica, Imortais soar-lhes-ia, logo à partida, como uma proposta irresistível e absolutamente irrecusável. Não morre, afinal, a esperança de encontrar no cinema uma adaptação à altura do nosso fascínio pela cultura grega. O trailer, contudo – e sejamos francos - já nos fazia temer um produto com pouco mais interesse do que o meramente comercial, apesar da promessa de prodígio visual. Na verdade, aquilo que temos em Imortais é um épico gorado, tremendamente eloquente na sua retórica inócua, profundamente ridículo para os puristas que esperariam o impossível da reconstituição histórica, com base num mito amplamente cultuado através dos séculos, mas aqui um tanto ou quanto desvirtuado em prol de um filme para adolescentes, assente no maniqueísmo das suas personagens e no facilitismo dos seus processos narrativos. Imortais é, sobre todas as coisas, espectáculo. Espectáculo que se quer rentável. Os deuses da indústria pouco se interessam, ao que parece, com a memória dos Homens.
Depois da obra-prima visual que é The Fall – Um Sonho Encantado, num circuito mais independente, Tarsem abraça finalmente o cinema de massas. Já em 2000 havia dado que falar com o seu filme de estreia, protagonizado por Jennifer Lopez, A Cela, onde cruzou, pela primeira vez, o thriller policial centrado num bizarro psicopata – muito ao género de Silêncio dos Inocentes e de Sete Pecados Mortais – com o seu universo perfeccionista, fantasioso e surreal, onde o esplendor visual atinge o mais elevado requinte. Imortais dá continuidade a essa estética, entregando-se finalmente às infinitas potencialidades do digital. Neste campo, Imortais é deslumbrante. Quem nos dera experienciar pessoalmente aquelas visões do Olimpo. O detalhado e assombroso trabalho de guarda-roupa, por fim, completa o raro vislumbre que o filme constitui e, por isso, merece todo o reconhecimento. Emanuel Levy diz que Tarsem Singh is a gifted, eccentric visual artist but he is certainly not a storyteller (Cf. http://www.emanuellevy.com/review/immortals/). Conclusão compreensível, se só tivermos visto este seu titânico filme.
Dos mesmos produtores de 300, o filme partilha várias características que aproximam ambos os filmes: a proeminência dos efeitos digitais na construção dos cenários e no acabamento da fotografia (contribuindo para uma maior similitude com os jogos de computador), a exploração da violência e da brutalidade como recurso estilístico, em sequências de acção plenas de sangue e testosterona, as impressionantes (e muitas vezes excelentes, inclusive) coreografias de lutas (onde o slow motion se impõe como um verdadeiro trunfo), a pouca profundidade e desenvoltura das personagens e a fraca articulação dos episódios, tendo como compensação um excesso de movimentos de câmara, a utilização abusiva dos efeitos sonoros (um pouco como nos filmes de terror, aos quais recorrem para prender desesperadamente o espectador) ou uma operática banda sonora (nada de novo, somente a cópia da cópia, da etc., do original). Henry Cavill e Freida Pinto, emanando sensualidade e erotismo, são, independentemente das suas qualidades como actores, criaturas por demais abençoadas pelos deuses, tão belos e perfeitinhos em cada uma das curvas dos seus corpos. Particularmente na cena do discurso para a multidão (lugar-comum incontornável, no qual Teseu (Cavill) incita os soldados para a guerra) é notável a inconsistência na construção da personagem: até ali jamais demonstrara possuir o dom da palavra e de, um momento para o outro, assume-se como um herói fluente. Somente Mickey Rourke, Stephen Dorff e Joseph Morgan (escusado será referir John Hurt) nos lembram, de tempos a tempos embora aprisionados nas limitações dos seus papéis, que existem actores nesta produção; sabem, daqueles que representam. Em ambos os filmes, o físico dos protagonistas é cuidado e determinante; todavia, com um look actual em demasia para um filme que, por mais fantástico que seja, almeja a viagem no tempo, de regresso a tempos idos. . Ecoam ainda as influências de megalomanias recentes, como Tróia, Alexandre, o Grande ou Confronto de Titãs, que Tarsem luta por superar em escala e grandeza. Para isso, nada como expandir exércitos e paisagens e edificar mais uns metros de muro.
Não partilhando de especial entusiasmo pelo 3D, há que salientar a notória evolução da tecnologia, cada vez mais funcional, alcançando o seu propósito original, muito embora a sua utilidade se resuma a isso: possibilitar que o espectador entre no mundo do filme, tela adentro.
No seu todo, eis uma embalagem por demais sugestiva e atractiva para o público jovem, que encontra nestes escapes lúdicos as mais memoráveis (ainda que por pouco tempo) experiências cinematográficas. Para o público que dispensa entretenimento espalhafatoso e que está mais habituado a obras sublimes – entre os quais também existem jovens, outros jovens - o filme tornar-se-á num bocejo tão encantador quanto entediante. A concretização de uma epopeia em filme, baseada na mitologia clássica, fica para outro dia. Quanto a Tarsem, esperemos que ganhe a credibilidade suficiente junto dos grandes estúdios (que sabemos ser fundamental, em Hollywood) para voltar às grandes obras de arte, daquelas verdadeiramente imortais; talento e visão não lhe faltam e isso já deixou mais do que comprovado. Não sei é se será para já. Que é como quem diz, com Mirror, Mirror… O trailer já circula por aí – e sejamos francos – não nos incentiva por aí além.
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Horror em Amityville
3.2 814 Assista AgoraEm 1974, nos Estados Unidos, o jovem Ronald DeFeo assassinou brutalmente com uma espingarda sua família (pai, mãe e quatro irmãos), enquanto dormiam em suas camas. Sua explicação para a chacina é que ele estava agindo conforme a orientação de uma voz misteriosa que ordenava os assassinatos. Um ano depois, a imensa casa que serviu de palco para a carnificina, situada em Amityville, Long Island, recebeu novos moradores, a família Lutz, formada pelo casal George e Kathy, e os três filhos pequenos. Depois de apenas 28 dias, eles fugiram desesperados alegando a existência de entidades malignas assombrando a casa.
Ambas as histórias foram consideradas casos reais, que inspiraram o autor Jay Anson a escrever um livro muito interessante em 1977 (e que tive o privilégio de ler em 1981 numa edição de capa dura lançada pelo Círculo do Livro). O livro prende a atenção do leitor, narrando as terríveis experiências vividas pela família Lutz, e serviu de base para o roteiro de Sandor Stern na realização de um filme dois anos depois, chamado por aqui de A Cidade do Horror, dirigido por Stuart Rosenberg e estrelado por James Brolin e Margot Kidder como o casal Lutz.
Seguindo uma tendência do cinema de horror dos últimos anos com a crescente produção de refilmagens (como A Casa da Colina, 13 Fantasmas, O Massacre da Serra Elétrica, Madrugada dos Mortos, A Casa de Cera, A Guerra dos Mundos, entre outros), em 19/08/05 entrou em cartaz nos cinemas brasileiros Horror em Amityville (The Amityville Horror), uma releitura do original de 1979, dessa vez com direção de Andrew Douglas, roteiro de Scott Kosar, produção do especialista em ação Michael Bay, e elenco liderado por Ryan Reynolds e Melissa George.
George Lutz (Ryan Reynolds) é o novo marido de Kathy (Melissa George), e o padrasto de seus filhos Billy (Jesse James), Michael (Jimmy Bennett) e Chelsea (Chloe Grace Moretz). A família está procurando uma nova casa para morar e encontra uma mansão de estilo colonial holandês à venda por um preço bem inferior de seu valor real. O motivo da desvalorização é por causa um crime hediondo cometido entre suas paredes, com o jovem Ronald DeFeo (Brendan Donaldson) matando a sangue frio sua família inteira, alegando obedecer a ordem de uma voz em sua mente.
Apesar da tragédia ter ocorrido na casa, os Lutz decidem se mudar. Mas, com o passar dos dias, uma série de acontecimentos estranhos, bizarros e misteriosos, obrigou a família a fugir antes de completar um mês. Nem o padre Callaway (o veterano Philip Baker Hall) conseguiu ajudar, pois ao tentar benzer a casa ele foi ameaçado por uma voz que ordenou que ele saísse imediatamente. A família Lutz abandonou tudo para trás, alegando que a casa era possuída por algo maligno, e que estava influenciando diretamente através da deterioração gradual da personalidade de George, tornando-o progressivamente perigoso e ameaçador para a segurança de todos ao seu redor.
A nova versão de Horror em Amityville, com cerca de 90 minutos de duração e um orçamento médio de US$ 18 milhões, é um filme de horror que se baseia numa história real de assombração, e que se constitui numa importante contribuição para o universo ficcional da série, apresentando também sua parcela de liberdade de criação (na explicação da origem dos fenômenos malignos). A essência básica da história narrada no livro de Jay Anson foi respeitada, e como entretenimento dentro do gênero fantástico o filme atingiu as expectativas, pois não faltam boas cenas de sustos, aparições de fantasmas perturbados e momentos dignos de histórias de casas assombradas. Um destaque merecedor de registro é uma cena tensa envolvendo a babá Lisa (Rachel Nichols) e o fantasma da garotinha Jodie DeFeo (Isabel Conner), no interior de um armário.
O filme tem ainda ao seu favor um ritmo narrativo bastante intenso, não perdendo tempo com eventuais situações menos relevantes, partindo rapidamente para a apresentação do drama enfrentado pela família Lutz, vivendo numa casa que foi palco de mortes violentas e origem de manifestações paranormais assustadoras.
A franquia é muita conhecida no cinema de horror, e mais especificamente dentro do subgênero sobre casas assombradas. E é também uma das sagas que tem a maior quantidade de filmes, ao lado de outras como Colheita Maldita, Halloween, Sexta-Feira 13, Grito de Horror, A Hora do Pesadelo, etc. Além dessa refilmagem de 2005, a série é composta por A Cidade do Horror (The Amityville Horror, 79), Terror em Amityville (Amityville 2: The Possession, 82), Amityville 3D (83), Amityville 4: A Maldição (Amityville 4: The Evil Escapes, 89), Amityville 5 (The Amityville Curse, 90), Amityville 6 – Uma Questão de Hora (Amityville 1992: It’s About Time, 92), Amityville 7: Uma Nova Geração (Amityville: A New Generation, 93), Amityville 8: A Casa Maldita (Amityville: Dollhouse, 96), e finalmente por Amityville 2000 (2000), que na verdade é um documentário produzido especialmente para a televisão.
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Missão: Impossível
3.5 516 Assista AgoraLançado em 1996, Missão: Impossível, adaptação cinematográfica de uma das mais famosas séries da TV americana, marca a estréia do astro como produtor. Cruise (que desembolsou algo em torno de 70 milhões para viabilizar o projeto) pode se considerar bem satisfeito. A franquia foi um tremendo sucesso de bilheteria (até mesmo o terceiro, que apurou menos que os anteriores, passou longe de deixar prejuízo). Contando com nomes de peso, desde os roteiristas, David Koepp (de O Mundo Perdido: Jurassic Park - e que já havia trabalhado com De Palma em Pagamento Final) e Robert Towne (do irretocável Chinatown, de Roman Polanski), ao elenco, Brian De Palma foi a cereja do bolo. Ou pelo menos deveria ser.
O grande problema de Missão: Impossível é esse choque autor-produtor. De um lado, Brian De Palma, um cineasta autoral até a veia, mesmo em seus projetos mais comerciais e que, talvez por isso, amargou uma série de fracassos de bilheteria e crítica ao longo de sua carreira. Do outro, Tom Cruise e suas promissórias de quase 70 milhões que não iriam deixá-lo livre para dar carta branca para o De Palma fazer o que bem entendesse com o projeto. Além do que, um fracasso não representaria apenas um prejuízo momentâneo, mas a longo prazo, uma vez que poderia representar a perda de uma provável franquia de sucesso (já que a série conta com fãs que a veneram há décadas).
Sendo assim, optando por algo mais palatável ao grande público, foi-se construído um roteiro bem mais simples do que se poderia esperar de um mestre como Brian De Palma. Na trama, Cruise vive Ethan Hunt, membro do grupo ‘Missão Impossível’, formado pelos melhores agentes secretos disponíveis ao governo. Durante uma operação secreta, todos são eliminados, um a um, e a culpa cai sobre Ethan, uma vez que ele foi o único a não ser atacado e, pelas condições das mortes, era provável que o assassino fosse alguém que conhecesse a operação por dentro. Daí, ele vai correr sozinho para provar a todos a sua inocência.
Trama bem simples e rasa. Não há uma mínima preocupação em se aprofundar as personagens. Eles simplesmente estão ali para dar seguimento aos fatos, nada além. Se por um lado isso não permite muita empatia com o público, por outro é o cabimento que o diretor (que nunca foi muito de se aprofundar nesse aspecto) precisava para exercitar seu total domínio da técnica. Uma trama de mistério que se desenrola de modo linear e, à partir de determinado ponto, começa a disparar reviravoltas para todos os lados. Traições, mentiras, agentes-duplos (e triplos) e toda uma sorte de surpresas que, próximo ao fim, chegam a beirar o surreal. E no meio disso tudo, além da belíssima fotografia de Stephen H. Burum (parceiro de De Palma desde Dublê de Corpo) e da nova versão por Danny Elfman da clássica trilha do seriado, as famosas set pieces do diretor (a primeira conversa de Ethan e o agente no restaurante, com os enquadramentos em seus rostos de baixo para cima, alternando e se aproximando num jogo de tensão extremo bem semelhante ao do confronto final entre vítima e sequestrador em Síndrome de Caim).
Claro, o filme tem muitos defeitos. Como já citado, o roteiro não nos permite uma maior aproximação das personagens, não há identificação com elas. Diferente da série, onde protagonistas e vilões constam atualmente entre os mais memoráveis da história da televisão americana, Ethan Hunt e companhia são esquecidos logo após o término da projeção. Talvez o único lembrado seja mesmo o protagonista, mas muito mais (óbvio) por causa de seu ator. Lamentável, tanto pelo seriado no qual o filme foi baseado quanto pelo próprio diretor, criador de tantos personagens inesquecíveis, como Tony Montana (Scarface), Carlitos (O Pagamento Final), Malone e Al Capone (Os Intocáveis), a personagem título de Carrie – A Estranha, entre outros.
Mas se as personagens não marcam, as cenas memoráveis são várias, e em cada uma delas De Palma imprime a sua marca. Ethan Hunt pode não ser tão referenciado, mas jamais esqueceremos a famosa cena da invasão ao computador central da agência (que já entrou para o hall das mais memoráveis de sua filmografia – e do cinema) ou a impressionante sequência de luta final no trem e seu desfecho num túnel. De Palma nos mostra que ainda não seria dessa vez que ele deixaria algo o impedir de estraçalhar os nossos nervos como ele bem sabe fazer (dos mandos e desmandos da produção às leis da física, ele parecia não ligar muito) e que, mesmo com tantos defeitos, Missão: Impossível ainda é um entretenimento de primeira que, infelizmente, carrega a injusta marca de seu diretor: subestimado e incompreendido.
/cinecafe.wordpress.com2010
Sem Saída
2.7 1,4K Assista AgoraUm filme cheio de cenas de ação, tiroteios, socos, pontapés, perseguições alucinantes, (pseudo) trama intelectual e conflitos amorosos. Com um notório apelo adolescente, o filme entretém o telespectador menos criterioso.
A trama gira em torno de um rapaz tímido e brigão chamado Nathan (Taylor Lautner) que é apaixonado por Karen (Lily Collins). Seguindo o estereótipo adolescente, ele nunca tem coragem de falar com a menina, mesmo com todo apoio e torcida de seu melhor amigo Gilly (Denzel Whitaker).
O filme começa e tem meia hora de cenas desconexas, sem sentido e desnecessárias, onde o personagem principal Natan aparece visitando sua psicóloga Dr. Bennett (Sigourney Weaver), brigado com amigos no colégio, tirando a camisa diversas vezes, fazendo exercícios, participando de festas e bebedeiras, porém nenhuma dessas atividades é ligada entre si, ou demonstra ter algum tipo de relação.
A trama realmente engrena quando Natan tem que fazer uma tarefa escolar, ele acaba visitando um site de crianças desaparecidas e em uma sequência de fatos desastrosos ele acaba desconfiando e logo descobrindo que não foi criado por seus pais biológicos. Chocado e curioso ele passa a investigar o caso e inesperadamente se vê no meio de uma conspiração internacional entre a CIA e mafiosos sérvios.
Há uma forte tentativa de criar cenas de drama, mas infelizmente os atores não são bons, que me perdoem os fãs de Taylor Lautner. Porém os atores não são os únicos culpados pelo insucesso da trama, pois os diálogos são ruins e vazios. A edição de cenas e imagens não ajuda o telespectador a entrar no clima do filme, pois os cortes são abruptos e passam de um lugar para o outro sem muita lógica. Já as cenas de investigação e de trama intelectual são um fiasco completo, pois são tantas as coincidências e situações forçadas, que fica claro terem sido feitas para que o personagem principal pareça inteligente e perspicaz. É tudo muito inverossímil. Nem no CSI, onde supostamente os agentes são especialistas treinados, há uma facilidade tão grande em coletar provas e resolver enigmas complexos.
Outro ponto negativo são as "tecnologias alienígenas", afinal alguém aqui já conseguiu com pouquíssimos cliques fazer uma busca por um endereço IP na internet, achar a localização no mapa desse endereço IP através da tecnologia de GPS e, pasmem, ligar a câmera desse endereço IP (notebook) e on line enviar essas imagens coletadas em formato de vídeo HD para outra localidade em 10 segundos? Bem, eles conseguiram.
Sem grandes novidades a trama se desenrola e chega ao fim. Não há grandes surpresas no final, nem grandes descobertas. A trama central do filme é solucionada de forma coerente, porém algumas tramas periféricas ficam mal resolvidas (propositalmente), sendo muito fácil prever uma continuação. Talvez até se torne mais uma franquia, uma espécie de "Trilogia Bourne" para adolescentes.
Em suma, se você tem entre 12 e 20 anos, gosta de filmes de ação, (pseudo) suspense, (pseudo) romance e (pseudo) drama, atores adolescentes malhados e sem camisa, é fã de Crepúsculo e de Taylor Lautner, recomendo sua ida ao cinema, você vai adorar esse filme. Agora se você já passou dos 25 anos, ou for mais crítico que a maioria das pessoas e também não sente necessidade física ou psicológica de ver o peito moreno e musculoso de Taylor Lautner, você não irá gostar do filme, pois o público alvo dessa produção não é você. Sugiro que você procure outros títulos do Grupo Paris Filmes.
http://www.revistageek.com.br/
O Guerreiro Silencioso
3.1 277 Assista AgoraMais uma produção para um público seletíssimo por se tratar mais de uma experiência que de um filme para puro entretenimento. Mads Mikkelsen (“Fúria de Titãs“) é One Eyed (tradução para “um olho”), um guerreiro com um talento nato para a violência que é mudo (ou pelo menos não fala) e é escravo de uma tribo, sendo usado para combate em jogos entre povoados rivais. Após muita carnificina explícita, ele escapa juntando-se a um desgarrado menino da tribo e vão numa jornada sem destino até encontrar guerreiros da cruzada cristã em busca de novas terras. E a viagem para descobri-las será um teste físico e psicológico para os combatentes.
O diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn (“Medo-X“) coloca sua lente a serviço da visão distorcida e doentia de One Eye, um personagem que caiu como uma luva para Mikkelsen, um homem tão perturbado quando seu obscuro passado e a completa falta de uma perspectiva de futuro. A narrativa faz questão de colocar o público junto com os personagens. Exemplo disso é a quase interminável viagem de barco que testa o limite de todos, inclusive do espectador. Tal qual também é a chegada numa terra distante onde seus personagens enfrentam o isolamento e o ataque de um inimigo invisível.
Tudo isso contribui para que seja um filme difícil de assistir para os desavisados. Até porque o primeiro ato é mais fluido, mas a partir do segundo há uma boa dose de abstração, culminando praticamente – como alguns críticos colocaram antes – numa viagem de ácido. “Valhalla Rising” é aquele filme que pode ser chamado de arte para um público extremamente direcionado e adepto ao estilo. Para estes, a viagem será um exaustivo prazer. Para os demais, melhor nem embarcarem.
http://www.cinecriticas.com.br/
Contatos de 4º Grau
3.1 1,8K Assista AgoraBaseado em imagens de arquivo das entrevistas que a psicóloga Abbey Tyler deu a uma universidade no ano 2000, Contatos de 4º Grau conta o horror que Tyler passou ao tentar explicar e provar que fora abduzida por alienígenas (o quarto grau que dá título ao filme), assim como diversas pessoas de Nome, sua cidade, que desde os anos 1960 viram inúmeras pessoas simplesmente desaparecerem e receberem constantes visitas do pessoal do FBI. O recado final é dado pouco antes do longa começar de verdade: o filme é baseado em imagens e depoimentos reais e acreditar ou não no que irão ver depende de cada um – e isso é um pré-requisito essencial para o filme funcionar.
Pesquisando um pouco sobre a história somos guiados a acreditar que o filme é mais um herdeiro da escola A Bruxa de Blair de se fazer cinema: nunca houve uma psicóloga Abbey Tyler no Alasca, o que se conclui que todas as partes “reais” do filme são encenações, feitas pela própria produção, para dar um tom mais forte e realista à narrativa. Fica a nota que a opção deu certo, pois Contatos de 4º Grau não é mais um daqueles filmes de horror para adolescentes que apelam apenas para o gráfico afim de
chocar, mas sim cria uma atmosfera angustiante durante toda a projeção, ficando
mais perturbador ao decorrer de sua duração com um leve tempero de novidade ao
já desgastado gênero.
Milla Jovovich encarna Abbey Tyler em sua “recapitulação”, uma psicóloga que luta para entender estranhos sonhos com uma coruja branca que seus pacientes costumam ter – sonhos estes que eles não se lembram de nada, a menos que estejam hipnotizados. Conforme vai juntando as peças do quebra-cabeça, Abbey percebe que está muito mais envolvida no assunto do que parecia estar, e o espectador vai entendendo a degradação da personagem após a morte do marido, que afetou profundamente não apenas a ela, mas também a toda sua família.
Constantemente tratando sua história como real, o diretor novato Olatunde Osusanmi intercala imagens de “arquivo” (a outra atriz que interpreta Abbey não possui crédito) com as recriações de Milla e elenco, muitas vezes colocando-as lado a lado, para que o choque entre “realidade” e ficção fique ainda maior. Ainda que soe estranho no começo, essas imagens “reais” são as que mais chocam e conseguem
causar medo na platéia, principalmente por causa do elenco (muito mais natural
e realista do que quem está encenando a recriação, obviamente proposital) e de
sua precaridade também proposital de captação. O diretor, ao dividir a narrativa, erra por sua inexperiência ao tornar sua “reconstituição” totalmente desnecessária quando paralela às imagens teoricamente reais, que são muito mais chocantes e convincentes.
Mas, ao mesmo tempo, ao optar por assumir uma recriação e tentar enganar o público com suas imagens de arquivo, o diretor acerta em criar uma história convincente e agoniante durante sua duração. Um dos problemas em A Bruxa de Blair, Atividade Paranormal, Cloverfield – Monstro e demais filmes do gênero pseudo-documental é que muitas vezes as pessoas se perguntam “por que diabos, apesar de tudo o que está acontecendo, as pessoas continuam filmando?”, que é uma argumentação bastante válida e, muitas vezes, o principal ponto fraco dos filmes citados.
Acontece que em Contatos de 4º Grau a narrativa é inteligente e, ao assumir uma reconstituição dos “fatos”, as partes narrativas, que intercalam as cenas realmente assustadoras, funcionam muito melhor ligando o longa-metragem do que em um filme 100% como se fosse de arquivo, pois esse tipo de questionamento não existe – essas cenas são criadas, teoricamente, a partir de declarações detalhadas de Abbey em entrevistas e das 65h de vídeo que eles tiveram “acesso”.
Resultando em uma mistura de pseudo-documentário e filme hollywoodiano, temos uma enorme surpresa ao constatar que o resultado final funciona, pois os sustos são reais, o filme é bem interpretado e as imagens “de arquivo” conseguem alcançar o seu objetivo de chocar, convencendo algumas pessoas de que o que está sendo visto em tela pode realmente ter sido real. Isso graças à opção de não usá-las a esmo, pois quando a imagem bonita, polida e colorida de Hollywood é substituída pelas imagens
caseiras feitas pela psicóloga magra, pálida e fraca, tudo fica mais tenso e nos induz a acreditar que aquilo é real – e muitas pessoas irão discutir e bater de pés juntos que realmente é, e convenhamos, esse poder de convencimento é um ponto fortíssimo a favor do longa. Uma estratégia extremamente inteligente pelos responsáveis do filme, que trabalham com o contraste e a mitologia envolta ao tema para alcançar seus objetivos.
Desaprovado pelas autoridades locais do Alasca, que consideram Contatos de 4º Grau
extremamente desrespeitoso com as pessoas reais da cidade que tiveram familiares sumidos, prepare-se para um filme principalmente de clima, incômodo, e que faz valer o preço do ingresso. Incluindo áudio reais de pessoas que tentaram relatar visões ou interações com extra-terrestres, o diretor aposta que isso ajudará o seu filme a ganhar veracidade (afinal, se aquelas declarações em áudio são reais, por que as imagens não seriam?). A proposta de criar dois tipos de projeção dentro do mesmo filme é falsa e manipuladora, mas funciona. E é isso que realmente importa no final.
Por Rodrigo Cunha para o site cineplayers
O Poder e a Lei
3.8 612 Assista grátisEnredo inteligente, estética dos anos 70 e ótimo elenco fazem de O poder e a Lei (The Lincoln Driver) um dos melhores thrillers dos últimos tempos e, sem dúvida,e uma das melhores atuaçoes de Matthew McCounaughey em toda sua carreira. Baseado no romance de sucesso de Michael Connely, com mesmo título, o filme mostra os meandros do sistema jurídico norte-americano numa Los Angeles desglamourizada e perversa.
O clima se anuncia na abertura, com a canção Ain’t no love in the heart of the city (Não há amor no coração da cidade), interpretada pela Bobby “Blue” Band. O ritmo é incorporado pelo personagem principal, Mick Haller (McConaughey), um advogado de ética um tanto duvidosa, que tem como escritório o banco traseiro de um automóvel (o tal Lincoln do título original), com motorista, e ganha um trocado aqui e ali, defendendo qualquer tipo de criminoso, mas atuando de acordo com sua conveniência.
Quando um caso envolvendo um playboy corretor de imóveis Louis Roulet (Ryan Phillipe), acusado de agredir e estuprar uma prostituta, cai em suas mãos, ele acredita que tirou a sorte grande. Pouco a pouco, porém, percebe que foi envolvido num esquema sórdido que o fez cometer um grave erro num caso anterior e que não só sua credibilidade, mas sua própria vida está em perigo. Enquanto luta para salvar sua carreira e consertar o passado, ele tem que manter o sangue frio e fazer o jogo do inimigo.
Se Matthew McConaughey brilha, o restante do elenco não fica atrás. Marisa Tomei dá densidade à defensora pública Maggie McPherson, ex-mulher de Haller, com quem tem uma filha pequena; William H. Macy está perfeito como o investigador que opera nas sombras da lei; Ryan Phillipe não compromete como o riquinho cínico; e Michael Peña faz um convincente preso, Jesus Martinez, um papel pequeno, mas fundamental; só para citar alguns, já que todos os atores contribuem de forma positiva para o sucesso do filme.
Trilha sonora, montagem, edição, tudo colabora para dar a O Poder e a Lei um ritmo ágil e instigante. Como um toque extra, um certo verniz noir e uma competente releitura da estética dos anos 70, emprestando um ar de novidade a um gênero repleto de boas produções.
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Protegida por um Anjo
3.2 162Houve uma época em que Demi Moore era considerada como uma das estrelas de cinema mais famosas do mundo. Seus filmes, quando eram lançados, causavam curiosidade no público e, algumas vezes, eram sucessos de bilheteria. Depois de fazer algumas más escolhas (como os filme “Striptease” ”), Moore fez o que poucos atores fariam: deixou de lado a carreira, foi viver num rancho no interior dos Estados Unidos e se dedicou por completo ao papel de mãe das três filhas que têm com o ex-marido, o também ator Bruce Willis. Moore só interrompia sua rotina para fazer poucos filmes. Um desses retornos aconteceu no filme “As Panteras – Detonando” e, três anos depois do lançamento desse filme, Moore está de volta à grande tela em “Protegida por um Anjo”, do diretor e roteirista Craig Rosenberg.
Em “Protegida por um Anjo”, Demi Moore interpreta a famosa escritora norte-americana Rachel Carlson, que vive em Londres com o marido, o também escritor Brian (Henry Ian Cusick, que fez uma participação especial na segunda temporada da série “Lost” interpretando Desmond), e o filho Thomas (Beans El-Balawi), que é fruto do primeiro relacionamento da escritora. Quando a platéia vê Rachel pela primeira vez, ela está lidando com a redação de seu próximo livro e com as frustrações de seu marido, que viu um livro seu ser rejeitado novamente por uma editora.
Após uma tragédia familiar (a morte do filho Thomas em decorrência de um afogamento), Rachel viu não só o seu casamento ruir, como também o desaparecimento de qualquer vontade que ela tinha para escrever. Por sugestão de sua amiga jornalista Sharon (a péssima Kate Isitt), Rachel se muda para uma casa isolada numa pequena cidade do interior da Inglaterra, aonde ela espera reencontrar a paz para poder recomeçar a sua vida e voltar a escrever. Os desejos de Rachel ameaçam não se tornar realidade quando ela começa a sentir a presença de Thomas e, em alguns momentos, chega até a receber mensagens do filho morto – é nesse momento em que “Protegida por um Anjo” começa a dialogar com “Ghost – Do Outro Lado da Vida”, o filme que catapultou o nome de Demi Moore para a fama.
A trama criada pelo diretor e roteirista Craig Rosenberg para “Protegida por um Anjo” se desenrola muito bem no primeiro e no segundo ato do filme (que retratam a angústia de Rachel ao sentir o espírito do filho próximo de si e o nascimento de um romance entre a escritora e o faroleiro interpretado por Hans Matheson) – são também nestes dois atos que se destaca a belíssima trilha sonora composta por Brett Rosenberg (e que tem influência da música minimalista, com seus acordes repetitivos e poucas variações). No entanto, quando “Protegida por um Anjo” chega ao seu terceiro – e último – ato (que retrata o desenvolvimento de uma trama criminal), Rosenberg perde o controle sob seu filme.
Faltou sensibilidade a Craig Rosenberg para perceber que o ponto alto da história de “Protegida por um Anjo” era a busca de uma mulher pela paz que ela perdeu. Quando o filme foge desse foco, a platéia se dispersa e perde toda aquela identificação inicial que foi estabelecida com a trama. Incomoda também a facilidade com que Rachel reencontra seu propósito de vida depois de vivenciar uma série de situações ruins. Não estou dizendo que isso é impossível de acontecer, mas, na vida real, a bonança demora muito para acontecer depois que uma tempestade passa na vida de uma pessoa.
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O Céu Pode Esperar
3.2 49 Assista AgoraIndicado para nove Oscars (Ator e Atriz Coadjuvante, Fotografia, Ator, Direção, Trilha Musical, Filme, Roteiro Adaptado), num ano muito fraco. Levou o de Direção de Arte. É uma refilmagem de "Que Espere o Céu/ Here Comes Mr. Jordan", de 1941, dirigido por Alexander Hall, que já tinha ganho o Oscar de Roteiro.
Beatty e sua parceira Elaine May mudaram o esporte do protagonista de boxe para futebol americano, acrescentando temas como poluição e usinas nucleares. O essencial foi conservado.
É uma fantasia simpática, mas o original era melhor. As sucessivas mudanças de corpo fornecem os melhores momentos do filme. Através de um truque - o espectador continua vendo sempre o herói Beatty, enquanto os personagens pensam ser o antigo ocupante do corpo.
Além desse lado espírita, o filme tem uma love story. Beatty se apaixona por uma inglesa (Julie, sua amante na época), que por amá-lo, é a única capaz de reconhecê-lo. O trabalho de direção é fraco e Mr. Jordan perdeu a importância do original (onde era feito por Claude Rains). Uma diversão simpática e superestimada e que foi refeita em 2001 (só que bem inferior) com o mesmo título em português ("Down to Earth", em inglês), com Chris Rock.
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Premonição 2
3.0 823 Assista AgoraO primeiro "Premonição" foi dos melhores e mais originais filmes de terror dos últimos tempos. Por isso fica-se desconfiado diante de uma continuação sem o diretor original mas com muito mais violência (há algumas cenas realmente fortes, de assustar até, das mais chocantes que temos visto recentemente). Mas não sucedeu o pior. Mesmo sem ser especial, o filme consegue impressionar e assustar bastante.
Ainda que as mortes pareçam por demais elaboradas, seguindo sempre a mesma fórmula que existe desde os tempos de "Sexta-Feira 13". Ou seja, os que estão destinados a morrer serão executados (pela Morte, nunca visível, para criar clima de suspense).
Em vez de avião como no primeiro filme, agora é um grande engavetamento numa rodovia, uma seqüência espetacular que depois de mostrada fica-se sabendo que é uma premonição, ou seja, poderia ser evitada. A heroína que está com suas colegas numa van a caminho de uma farra consegue escapar, salvando também a vida de outros. Só que não se pode enganar a morte por muito tempo. E aos poucos os sobreviventes começam a morrer de formas horripilantes (a do garoto e o vidro é muito forte). O curioso é que a heroína, pede a ajuda da única sobrevivente do filme anterior, que havia se fechado num sanatório na tentativa de escapar à maldição. E acaba auxiliando no plano de tentar burlar a morte.
Não é preciso dizer ou explicar muito mais. Ajudado por efeitos digitais, o filme é bastante eficiente e assustador (o fato de ser previsível até que acaba ajudando porque você sabe onde tudo vai acabar e já fica esperando o susto). Nada profundo ou original, mas os fãs não vão se decepcionar. Primeiro saiu em edição para locação, com trailers de outras produções e clipes musicais. Depois veio a edição definitiva.
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Ironweed
3.6 51Todo mundo tem uma história. Uma carga, uma culpa, fantasmas do passado. Vagabundos não são exceção. É baseando-se nessas características da vida do vagabundo Francis (Jack Nicholson) e das pessoas que o cercam que Ironweed (Hector Babenco) constrói sua história.
Francis é um vagabundo que após ter deixado por acidente seu filho recém nascido cair no chão, ele sai de casa deixando mulher e outros dois filhos. Já fora de casa conheceu Helen (Meryl Streep) com quem desenvolveu uma relação.
O filme acompanha os dias de Francis, Helen e seus companheiros, cada um com suas culpas e fantasmas, e o confronto com os mesmos. Aliás, os confrontos são excelentes, seja do Francis com a Helen, do Francis com seus fantasmas e do Francis e sua família. Todas as seqüências quando o Francis está com sua família são boas.
Simultaneamente à todo o desenvolvimento da história do Francis, pode ser visto em segundo plano o desenvolvimento da história da Helen, uma ex-cantora famosa dos rádios. A Meryl soube construir muito bem a sua personagem tanto que conseguiu a indicação de Melhor Atriz, mesmo o filme não tendo sido indicado à categoria de Melhor Filme.
INDICAÇÕES (2 indicações):
- Melhor Ator: Jack Nicholson
- Melhor Atriz: Meryl Streep
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Carrie, a Estranha
3.7 1,4K Assista AgoraA adolescência continua sendo uma das fases mais fortes da existência humana. A descoberta de um mundo maior, novas sensações, novos desejos… tudo fica diferente neste momento da vida. O corpo muda, as percepções mudam, descobre-se o sexo, os desejos, o amor, as dificuldades de se relacionar… quando criança, bastava brincar e tudo estava resolvido. Como jovem, parece que nada basta, tudo é confuso, complicado, difícil… mas, ao mesmo tempo, tudo parece fácil, descomplicado e fascinante. O jovem descobre as coisas com a curiosidade de uma criança e com a falta de responsabilidade do adulto – uma descontração e, ao mesmo tempo, uma angústia que dificilmente podem ser repetidas.
A mistura de descontração e terror seria aproveitada em 1978 com o filme Halloween, de John Carpenter, onde um grupo de típicas adolescentes é atacado por um psicopata, o que abriria o “filão” de filmes do mesmo gênero (Sexta-Feira 13, A Hora do Pesadelo e a franquia Pânico). Um pouco antes do clássico de Carpenter, Brian de Palma também buscou inspiração no mundo adolescente, mas não sob a ótica da descontração, mas sim sob a ótica da angústia. O que faria uma adolescente problemática se tivesse poderes paranormais?
O diretor havia feito uma série de filmes fortíssimos e estranhos, mas sem conseguir um grande sucesso: em 1973, fez o hitchcockiano Irmãs Diabólicas (Sisters), onde Margot Kidder vivia o papel de “duas irmãs” siamesas que foram separadas, ou melhor ainda, vivia os reflexos de sua irmã – morta na operação de separação; em 1974, mostrou ao mundo o musical O Fantasma do Paraíso (The Phantom of the Paradise), misturando rock’n'roll, surf music, o Fantasma da Ópera, o Retrato de Dorian Gray, entre outras referências. Mas foi com o não menos estranho Carrie, a Estranha que Brian de Palma atingiu o sucesso e o estrelato.
Carrie, a Estranha foi a primeira obra de Stephen King a ser levada para o cinema, bem como foi seu primeiro best-seller. Carrie White (interpretada de maneira sensacional por Sissy Spacek) é uma adolescente tímida e contraída, filha de uma fanática religiosa (Piper Laurie, magnífica), sempre hostilizada pelas colegas, mas que possui poderes paranormais, podendo mover objetos de acordo com sua vontade.
Numa das cenas mais poéticas e selvagens da história do cinema, Carrie menstrua pela primeira vez no chuveiro do vestiário da escola: a câmera lenta mostra seu banho, unindo a queda da água do chuveiro com o escorrer do sangue nas suas pernas, a surpresa de Carrie pelo que ocorreu e, imediatamente depois, o seu terror por não saber do que se tratava. Desesperada, ela tenta procurar ajuda de suas colegas que, por sua vez, a humilham. Voltando para casa, é repreendida pela mãe – agora ela possuía o pecado de ser mulher.
Com remorsos pelo que aconteceu, uma de suas colegas, Sue (Amy Irving, a futura mulher de Steven Spielberg) decide fazer com que seu namorado, Tommy (William Katt), um dos rapazes mais disputados pelas garotas na escola, leve Carrie no baile de formatura. Neste ínterim, a professora de educação física suspende Chris (Nancy Allen) do baile que, junto com seu namorado (John Travolta antes do sucesso espetacular de Os Embalos de Sábado à Noite - Saturday Night Fever, 1977), prepara para vingar-se de Carrie.
Carrie, dominando melhor os seus poderes, impõe sua vontade à sua mãe, indo no baile com Tommy. No baile, o casal é eleito como os reis da festa e, na hora da premiação, são banhados com um balde cheio de sangue de porco – a vingança de Chris concretiza-se. Segue-se então uma das sequências mais violentas da década de 70: Carrie, sentindo-se humilhada, usa seus poderes paranormais e destrói a escola e a cidade, matando quase todos que estão na sua frente – o uso do efeito tridimensional, ou seja, várias telas se abrindo e mostrando várias coisas acontecendo ao mesmo tempo para o espectador foi excepcionalmente utilizado. Voltando para sua casa, tem de enfrentar sua mãe, em outra sequência espetacular de suspense, terror e violência.
Criticado na época por seu excesso de violência, o filme apresentou muito mais do que devastação e sangue (foi utilizado xarope nestas cenas): a fragilidade e os elevados poderes de Carrie foram magistralmente retratados, criando a tensão necessária para prender o espectador por todo o filme. O enredo vai crescendo de tal maneira que fez com que a “resposta” da personagem, “esmagada” por sua mãe e por todos à sua volta, tivesse sentido.
O final acrescentado ao filme (Sue, a única sobrevivente, sonha que uma mão sai da cova de Carrie e a agarra) é diferente do livro de Stephen King, chegando a assustar o próprio, que não o conhecia até a exibição do filme.
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Vingança Forçada
3.0 17 Assista AgoraUm filme de Chuck Norris na MGM poucos meses antes de assinar com a Cannon, onde iria realizar seus filmes mais conhecidos e lembrados. A tônica dessa produção americana é bem clara: tentar repetir o êxito dos filmes de artes marciais de Hong Kong, fitas produzidas em série que faziam grande sucesso no mercado oriental e que contavam também com um grande grupo de fãs dentro dos Estados Unidos. O roteiro por essa razão seguia os passos do que era realizado no extremo oriente, geralmente explorando o enredo de alguém bom de briga que partia para uma vingança de cunho pessoal. Norris assim se mostrava o ator ideal para o papel, pois era um campeão reconhecido nos EUA desde os anos 70 quando chegou a contracenar com o grande ídolo do gênero Bruce Lee. Curiosamente o filme não tem tantos exageros como na fase Braddock de Norris, preferindo não seguir um estilo tão over como nas tradicionais fitas de kung fu. Mesmo assim se você gosta do estilo não se preocupe, pois há várias sequências muito boas de artes marciais. Um excelente programa, com muita diversão para os fãs de Chuck Norris e seu estilo macho de fazer cinema.
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Fale com Ela
4.2 1,0K Assista Agora"Fale com Ela" é mais uma excepcional realização do cineasta espanhol Pedro Almodóvar, repleta de emoções e de reflexões as mais sinceras e vibrantes sobre a vida, a morte, a amizade, o amor, a compaixão.
Como o próprio nome sugere, Almodóvar insiste na afirmação pela fala, como forma de oposição à solidão. Para tanto, ele consegue arrancar interpretações intensas de seus talentosos intérpretes, não hesitando em solicitar a participação de diversos artistas e formas de arte: A dança (Pina Bausch), a canção (Caetano Veloso), o cinema...
O filme apresenta uma série de momentos inesquecíveis como, por exemplo, a seqüência em que um homem em miniatura entre no órgão sexual da mulher, seqüência essa cheia de poesia e magia.
Além da magistral direção de Almodóvar, o filme conta ainda com um ótimo roteiro, uma belíssima trilha sonora e brilhantes coreografias.
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Casa de Areia e Névoa
3.9 312Escrito e dirigido pelo ucraniano Vadim Perelman, ''Casa de Areia e Névoa'' é sua impressionante estréia como realizador. O filme apresenta uma incrível maturidade, efeito criado em colaboração com a excelência do elenco, todos em plena forma. Isto, claro, sem mencionar os demais quesitos técnicos, como a estudada fotografia de Roger Deakins (parceiro habitual dos irmãos Coen em filmes como ''O Homem Que Não Estava Lá'' e ''Fargo'', ambos indicados ao Oscar) e a comovente trilha sonora de James Horner (indicado ao Oscar por este trabalho e premiado por ''Titanic'').
Duas histórias correm paralelas. Em uma temos Kathy (Jennifer Connelly, vencedora do Oscar por ''Uma Mente Brilhante''), uma mulher em profundo estado de depressão. Sabemos que ela foi abandonada pelo marido meses atrás e, desde então, tudo o que tem feito é chorar trancada dentro de casa, saindo apenas para trabalhar como faxineira. Não tem mantido contato com seus familiares, nem ao menos aberto a correspondência. E esta desatenção terá um alto custo, pois o que a fará sair deste estado de prostração será o notificado legal de que deve sair de sua residência. Esta será posta à leilão por falta de pagamento de impostos. Taxas que ela não devia, mas que estavam sendo cobrados por um engano da prefeitura. Enquanto tenta provar sua razão, no entanto, o processo normal das coisas continua a correr, e o local termina por ser vendido, a despeito de sua vontade, a uma família que nada tem a ver com a confusão prévia relacionada.
A outra trama é igualmente problemática. Behrani (Ben Kingsley) fora um grande homem no Irã, sua terra natal. Comandante do exército, precisou abandonar o país e o estilo de vida avantajado devido a mudanças políticas, mudando-se para os Estados Unidos em busca de segurança e conforto. Mas as coisas nem sempre são tão fáceis quanto as imaginamos, e a humilhação diária o corrói por dentro cada vez que recorda o passado que foi forçado a deixar para atrás e o presente que insiste em marcar presença. Quando encontra uma casa sendo posta à venda por um valor bem abaixo do mercado, encontra ali uma oportunidade de fazer dinheiro. E por isso rapidamente a adquire, visando revendê-la brevemente, tendo um bom lucro nesta ação. O que ele e seus entes desconheciam era a carga dramática que o local e o destino que o abraçava possuía.
Quando estes dois mundos entram em conflito, o melhor do filme começa. E isto se deve ao apego de cada um dos envolvidos, desde a segurança do diretor em manejar cada passo até o controle dos atores no domínio de seus personagens. Ali, todos e ao mesmo tempo nenhum têm razão. Não é culpa de ninguém a situação instaurada, mas ela existe e precisa ser resolvida. E quando a razão é abandonada em nome de orgulhos feridos, tristezas dormentes e perdões ignorados, somente o mais trágico por ser esperado. E ele vem, não importa o quanto tenhamos que esperar.
''Casa de Areia e Névoa'' é uma obra bastante singular, intensa e verdadeira. Mostra de modo muito fiel como algo aparentemente banal pode se transformar em um divisor de águas caso não seja encarado a sério desde o princípio. Ou ainda, se menosprezado por sua irrelevância inicial. As indicações ao Oscar que o filme teve em 2004 (Melhor Ator para Kingsley, Melhor Atriz Coadjuvante para Shohreh Aghdashloo e a citada Trilha Sonora) não fazem jus à qualidade do trabalho. Dramático, verossímil e tocante, este é um daqueles filmes dos quais é difícil se desligar assim que termina, pois se impregna em nossa memória, forçando a análise e a reflexão. Mérito que cada vez menos o cinema tem apresentado, e aqui é exercido com extrema competência.
Por Robledo Milani, do Argumento.net
O Dia em que a Terra Parou
2.7 784 Assista AgoraProduzir um remake não é, decididamente, uma tarefa das mais fáceis. Não bastasse a legião fãs ferrenhos e críticos de cinema rabugentos em seu encalço, o cineasta precisa medir pacientemente as mudanças que invariavelmente terá de fazer – e essa responsabilidade se torna astronômica quando o original é um dos mais influentes filmes da história do cinema.
O Dia Em Que A Terra Parou não chega a ser um filme ruim, mas fica aquém do primeiro, já que as comparações, nesse caso, tornam-se inevitáveis. Enquanto o original, de 1951, agraciado com Globo de Ouro honorário de “melhor filme a promover o entendimento internacional” se apresenta principalmente como um drama de caráter justificadamente moralista, o remake é quase um exemplar de cinema catástrofe. As diferenças cruciais das versões devem-se, obviamente, ao contexto histórico em que cada uma está inserida: se na década de 50 a Guerra Fria e os avanços bélico-nucleares são a razão pela qual o alienígena Klaatu é enviado a Terra para nos alertar, em 2008 é o descaso da raça humana pelo futuro do planeta o motivo da sua vinda.
O eixo central da história, pode-se dizer, manteve-se. Um alienígena sob a forma humana (Keanu Reeves) é enviado a Terra na condição de representante das demais civilizações extraterrestres, trazendo em sua companhia um enorme e destrutivo robô. Forças armadas e estudiosos das mais diversas áreas, inclundo aí a astrobióloga Helen Benson (Jennifer Connely, belíssima) são convocados para uma possível ofensiva alien. Logo na primeira tentativa de contato com os terrenos, Klaatu é baleado e enviado para um hospital. Gork, o robô, programado para reagir sob qualquer manisfestação de violência, faz menção em atacar, mas é impedido pelas palavras de Klaatu: a clássica frase “Gork, Klaatu barada nikto. No hospital, Klaatu pede à secretária de defesa norte-americana (Kathy Bates) que solicite uma reunião com todos os líderes mundiais para que então defira seu ultimato. Ela, que o vê unicamente como uma ameaça iminente ao planeta, nega o pedido, o que o obriga a fugir e mudar os planos. Agora, só o que lhe resta é reunir, por meio de enormes esferas espalhadas pelo planeta, exemplares de espécimes que serão poupados da destruição reservada à Terra. Convicto de que os humanos estão irremediavelmente contaminados pela violência e os maus sentimentos, cabe a Helen mostrar que existe um outro lado por trás dessa humanidade bestial.
No que se refere a técnica empregada no longa, não há o que se queixar do diretor Scott Derrickson (O Exorcismo de Emily Rose). As sequências em que nuvens de nanorobôs consomem toda matéria que encontram pela frente é realmente boa – ainda que sem o impacto e o charme do pouso da nave mãe no filme original. Algumas detalhes foram preservados, como o aspecto intimidativo e enrijecido do robô Gork ou a cena em que Klaatu soluciona com assustadora facilidade uma fórmula matemática no quadro negro de um ganhador do Nobel.
À época de seu lançamento, em 1951, muito se falou do caráter messiânico de O Dia Em Que A Terra Parou: como Jesus Cristo, o personagem de Klaatu vêm nos alertar dos males que infligimos uns aos outros e não obstante, ressuscita. No atual, tem poderes de cura e uma missão a la arca de Noé. O original questionava ainda a insana luta pela supremacia mundial e suas consequencias. O remake, com maior apelo ambiental, fala da consciência da degradação, sem contudo qualquer iniciativa de mudança.
Ainda que respeitadas e compreendidas as diferenças entre ambos, o fato é que a nova adaptação certamente vai agradar a poucos. Quem sabe o lugar dos clássicos não é mesmo a estante?
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Atração Fatal
3.6 448 Assista AgoraAtração Fatal" é um ótimo filme de suspense psicológico que poderia ter chegado à excelência se os produtores não tivessem, nos momentos finais, descambado para um tipo de violência do tipo mostrado em "Sexta Feira 13".
Nas primeiras 3/4 partes do filme, o diretor consegue passar um realismo fascinante e convincente, do ponto de vista psicológico. As atuações dos três principais atores (Michael Douglas, Glenn Close e Anne Archer) são irrepreensíveis. Michael Douglas, aliás, é mestre nesse tipo de papel (veja-se "Instinto Selvagem" e "Assédio Sexual"). Com relação à Glenn Close, acredito que sua 'performance' neste filme tenha sido a melhor de sua carreira.
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