Roteiro inútil que te leva do nada ao nada e que acaba resumindo o filme a um: ''Procurando Trinity''. A desculpa do video-game é ruim e as cenas de ação são bobas.
Primeiramente, desculpa pelo torrent Vagner, mas a ansiedade era grande. Marighella é pelo conjunto da obra, um filmão. O filme entrega o que prometia pelo trailer, no quesito de qualidade técnica. É uma produção acima da média. Eu destaco principalmente as cenas de ação com trocas de tiros, que foram muito bem executadas. E a opção pela câmera nervosa na maior parte do filme, ajuda no ritmo, que não é o ponto forte do filme.
Infelizmente me decepcionei um pouco com a atuação do Seu Jorge. Achei a atuação muito engessada. Em compensação, os outros atores estão todos muito bem e o Gagliasso dá um show.
Por fim, o roteiro poderia ter sido amarrado com uma corda um pouco mais firme; por vezes ele parece ficar frouxo durante a longa duração do filme.
Mas é isso. Marighella entrega o que promete e figura como uma das grandes produções nacionais dos últimos anos. Uma estreia de respeito do Vagner Moura.
É interessante ver como alguns serial killers, em especial os que não apresentam categoricamente os traços de psicopatia, são na verdade produtos da sociedade em que vivem. Nesse caso em específico, ficou claro que os assassinatos em série (em quantidade) só foram possíveis pelo show de erros de uma polícia conservadora, machista e antiquada que era o reflexo daquela sociedade britânica.
Uma oportunidade rara de assistir um filme chato e ruim do Martin Scorsese, mas que inegavelmente é o esboço daquilo que duas décadas depois seria a grande obra prima dele: Goodfellas. Em Mean Streets, temos o primeiro trabalho com a temática de máfia; os primeiros flertes com o estilismo que viria a se tornar característico do Scorsese, porém com uma edição grosseira; a tentativa também falha de criar conversas engraçadas, em um roteiro que não sei se vale a pena tentar entender. Por fim, menção honrosa ao uso já assertivo do vermelho na ambientação das cenas.
Eu comecei Família Soprano exatamente no mesmo dia que terminei Breaking Bad e precisei só dos três primeiros episódios desta temporada, para perceber que o que eu estava assistindo era de um nível de qualidade ainda maior que Breaking Bad.
As atuações e os textos são impecáveis, com destaque para os personagens da mãe do Tony e do tio Júnior. É a primeira vez que eu assisto uma série com personagens idosos tão complexos e importantes na história como eles dois. O humor é outro ponto alto e não fica restrito a um ou outro personagem... ele flui naturalmente do carisma de cada personagem. É possível rir com todos. Quanto ao ritmo da série, ele é mais clássico: embora os episódios sejam longos, as coisas vão acontecendo sem pressa e não necessariamente serão ''coisas grandes''. E mesmo assim a série consegue te prender.
Por fim, fica a recomendação em especial para quem for fã dos filmes de máfia, exaustivamente citados e referenciados em Família Sopranos.
Adoniran merecia um filme como esse. O baixinho João Rubinato foi um artista gigante. Um gênio subestimado, que através de sua personagem caricata, cantou São Paulo com a sensibilidade que nenhum outro artista foi capaz.
Tudo funciona tão bem no filme, que o fato do enredo ser estruturalmente bizarro passou despercebido. A ''História de um Casamento'' é na verdade a história de um divórcio inédito: onde o pedido de divórcio vem antes das discussões do casal. E que, ao final, deixa a impressão de que todos os motivos para a separação poderiam ter sido resolvidos, se ambos tivessem apenas conversado mais, pois claramente ainda se amavam. As acusações de um ao outro, me pareceram muito rasas e abstratas, como se nem eles soubessem do que estavam falando... Como se todos aqueles motivos fossem novidade para eles até aquele momento - e eram mesmo. E ao meu ver, a posição adotada pela Nicole (ao tornar o caso judicial) foi totalmente desproporcional ao comportamento do Charlie, que estava disposto a resolver as coisas de forma amigável.
Mas enfim, como eu disse inicialmente, tudo funciona no filme - até o roteiro. As atuações (de todo o elenco!!) e o humor (sim?) foram os pontos altos para mim. A delicadeza na tratativa de um tema pesado é outro presente do Noah Baumbach ao cinema.
Era Uma Vez em Hollywood, foi desde o princípio, vendido e divulgado como uma história que abordaria o assassinato da atriz Sharon Tate por seguidores e membros da seita hippie do serial-killer Charles Manson – um acontecimento real. Somente mais próximo da fase final de produção do filme, é que ficamos sabendo que a história ‘’principal’’ incumbida de gravitar em torno do assassinato da atriz, seria sobre a carreira de um ator fictício chamado Rick Dalton (DiCaprio), em uma homenagem do diretor Tarantino a indústria cinematográfica hollywoodiana e televisiva das década de 50 e 60, dando enfoque no chamado último ‘’verão do amor’’ de 1969. Ano em que ocorreu o assassinato da Sharon Tate e aí assim, a história estaria devidamente amarrada, mas... Mas sim, o Tarantino consegue amarrar a história. No entanto, ele o faz com um roteiro muito defeituoso... Provavelmente seu pior. Destaco esses defeitos, em três pontos principais:
A história não é totalmente chata, mas é fraca e desinteressante. Por desinteressante, eu me refiro especificamente a história do ator Rick Dalton e a prestação de homenagem do Tarantino a Hollywood. E quanto a isso, eu até parto do princípio que esse aspecto seja muito subjetivo, ao passo que o que é interessante ou desinteressante para mim, possa não ser para o outro. Contudo, mesmo levando isso em conta, o fato é que o Tarantino escolheu trabalhar nesse filme com um roteiro clássico de ascensão e queda de uma personagem, ou vice e versa, só que não soube (ou não teve vontade) de fazer a devida evolução e construção da personagem. Não há uma queda. Não há uma ascensão. Há somente um mais ou menos de uma coisa ou outra.
Em síntese temos: introdução do filme. Entra o Al Pacino. Há uma troca de conversas entre ele e o DiCaprio, com um até aqui, ótimo nível de humor. Então o Al Pacino instiga a personagem do DiCaprio, fazendo ele chegar a constatação que sua carreira está beirando a decadência e faz a ele uma proposta de levá-lo para a Itália para gravar spaghetti western. Temos aí o start da história. Mas esqueça essa história da Itália por um bom tempo. Daí em diante, o DiCaprio não vai nem chegar a total decadência/queda – vai esquecer algumas falas nas gravações de um filme -, como também não vai ter nenhuma ascensão triunfal – vai apenas fazer uma boa gravação de cena no mesmo filme. Nisso, quando se vê, já estamos perto dos últimos 30 minutos do filme e eis que só então retorna o Al Pacino - para nos lembrar que ele estava no filme - e agora sim: resgatemos na memória a história da Itália, pois em aproximadamente 3 minutos (mais do que isso ninguém aguentaria), é mostrado todo o balanço dos trabalhos do DiCaprio lá e seu retorno financeiramente estável aos EUA. Um péssimo arco no roteiro, concluído de maneira corrida para que aí sim, depois dessa longa história de ascensão e queda - sem ascensão nem queda - o filme esteja finalmente liberado para abordar a sua verdadeira história (a que realmente interessa e a única que empolga), que era (teoricamente) o assassinato da Sharon Tate.
Porém nesse ponto, temos dois grandes problemas. O primeiro quanto a personagem em si, praticamente sem falas, limitada a basicamente andar e dar role de carro por Hollywood. E o segundo, quanto a abordagem da personagem histórica – a vida e a existência da atriz real. Isso porque, quem não conhece a história da Sharon Tate, e for assistir ao filme, vai sair do cinema, da mesma que maneira que entrou: sem a conhecer. Para estas pessoas, a existência e os atos da Sharon Tate como personagem no filme são completamente irrelevantes para o restante da história, pois não é possível enxergar as conexões existentes. O filme não dá meios ou informações suficientes para essa parte do público. E isso é essencialmente um defeito do filme e uma falha do diretor, porque prejudica o entendimento do público, quanto as mensagens que a história quer transmitir. Assim, fatidicamente, quem não a conhecer, não vai entender que a personagem da Margot Robbie, é a interpretação dos teoricamente últimos momentos de vida de uma atriz que foi realmente assassinada por seguidores do Charles Manson e principalmente não vai entender a brincadeira/plot twist final da história – quando acontece a tentativa fracassada de assassinato na casa ao lado da Sharon, e não na dela.
A terceira e derradeira falha do filme, fica por conta das homenagens(?) e o humor do filme. Pela primeira vez, o Tarantino subverte seu estilo de piadas: ao invés de atacar os opressores como fez com os nazistas em Bastardos Inglórios e com os donos de escravo, em Django Livre, em Era Uma Vez em Hollywood, ele ataca somente os oprimidos. Aqui, por ‘’oprimidos’’, entenda: figuras que foram historicamente estereotipadas na indústria americana de filmes, promovendo um verdadeiro deboche ao ator e lutador de artes marciais chinês Bruce Lee e aos filmes de faroeste italianos, conhecidos como spaghetti western e abordados no filme como porcarias. Em grau menos degradante, mas ainda assim totalmente estereotipado, sobrou até para a retratação da figura dos italianos e seu idioma enérgico(?), representados pela esposa italiana do Rick Dalton, que chega ao filme apenas para contribuir com o clima ‘’caótico’’ das cenas finais, tagarelando sem respirar seu amontoado de palavras.
No entanto, ao menos teoricamente, todas essas figuras que serviram como piada ou elementos de humor nesse filme, são sabidamente influências diretas do cinema do Tarantino... principalmente os filmes de artes marciais e os spaghetti western. Por tudo isso, penso não ser possível imaginar que o Tarantino tenha realmente desejado debochar dessas figuras. Mas ficou estranho. Para alguém marcado por fazer piadas originais e transgressoras, essas abordagens estereotipadas soaram simplórias demais para seu padrão.
Assim, restou por fim, a dúvida: Era Uma Vez em Hollywood homenageou a quem?
Não costumo assistir filmes de ação, mas esse eu vim pelo hype e pela dupla Matrix do filme. No entanto, o único destaque do filme é o estilo e a boa execução das cenas de ação, já que o roteiro é um dos mais bobos e básicos que eu tenha visto. De qualquer forma, eu reitero o hype: Keanu Reeves um grande gostoso.
Onde Fica a Casa do Meu Amigo?
4.2 145 Assista Agoraatacou minha ansiedade
Matrix Resurrections
2.8 1,3K Assista AgoraRoteiro inútil que te leva do nada ao nada e que acaba resumindo o filme a um: ''Procurando Trinity''. A desculpa do video-game é ruim e as cenas de ação são bobas.
Segura a Onda (2ª Temporada)
4.3 16 Assista AgoraO episódio ''The Thong'' é o meu favorito até aqui.
Marighella
3.9 1,1K Assista AgoraPrimeiramente, desculpa pelo torrent Vagner, mas a ansiedade era grande. Marighella é pelo conjunto da obra, um filmão. O filme entrega o que prometia pelo trailer, no quesito de qualidade técnica. É uma produção acima da média. Eu destaco principalmente as cenas de ação com trocas de tiros, que foram muito bem executadas. E a opção pela câmera nervosa na maior parte do filme, ajuda no ritmo, que não é o ponto forte do filme.
Infelizmente me decepcionei um pouco com a atuação do Seu Jorge. Achei a atuação muito engessada. Em compensação, os outros atores estão todos muito bem e o Gagliasso dá um show.
Por fim, o roteiro poderia ter sido amarrado com uma corda um pouco mais firme; por vezes ele parece ficar frouxo durante a longa duração do filme.
Mas é isso. Marighella entrega o que promete e figura como uma das grandes produções nacionais dos últimos anos. Uma estreia de respeito do Vagner Moura.
Fale com Ela
4.2 1,0K Assista AgoraPreciso fazer o comentário aleatório de que esse poster do filme me lembra muito a Paolla Oliveira e a Andrea Beltrão.
Minari - Em Busca da Felicidade
3.9 554 Assista AgoraChorei do começo ao fim. Era essa a intenção do filme?
Nomadland
3.9 896 Assista AgoraÉ pra fingir? Então ual que roteiro empolgante... que personagem bem construída e carismática.
Narciso em Férias
4.0 39Podia ser mais dinâmico.
O Estripador (1ª Temporada)
3.6 56 Assista AgoraÉ interessante ver como alguns serial killers, em especial os que não apresentam categoricamente os traços de psicopatia, são na verdade produtos da sociedade em que vivem. Nesse caso em específico, ficou claro que os assassinatos em série (em quantidade) só foram possíveis pelo show de erros de uma polícia conservadora, machista e antiquada que era o reflexo daquela sociedade britânica.
Caminhos Perigosos
3.6 255 Assista AgoraUma oportunidade rara de assistir um filme chato e ruim do Martin Scorsese, mas que inegavelmente é o esboço daquilo que duas décadas depois seria a grande obra prima dele: Goodfellas. Em Mean Streets, temos o primeiro trabalho com a temática de máfia; os primeiros flertes com o estilismo que viria a se tornar característico do Scorsese, porém com uma edição grosseira; a tentativa também falha de criar conversas engraçadas, em um roteiro que não sei se vale a pena tentar entender. Por fim, menção honrosa ao uso já assertivo do vermelho na ambientação das cenas.
Hanna
3.5 946 Assista Agoraque filme ruim meu pai
Limite
4.0 168 Assista AgoraO Tarkovsky certamente daria 5 estrelas para Limite.
Família Soprano (1ª Temporada)
4.5 260 Assista AgoraEu comecei Família Soprano exatamente no mesmo dia que terminei Breaking Bad e precisei só dos três primeiros episódios desta temporada, para perceber que o que eu estava assistindo era de um nível de qualidade ainda maior que Breaking Bad.
As atuações e os textos são impecáveis, com destaque para os personagens da mãe do Tony e do tio Júnior. É a primeira vez que eu assisto uma série com personagens idosos tão complexos e importantes na história como eles dois. O humor é outro ponto alto e não fica restrito a um ou outro personagem... ele flui naturalmente do carisma de cada personagem. É possível rir com todos. Quanto ao ritmo da série, ele é mais clássico: embora os episódios sejam longos, as coisas vão acontecendo sem pressa e não necessariamente serão ''coisas grandes''. E mesmo assim a série consegue te prender.
Por fim, fica a recomendação em especial para quem for fã dos filmes de máfia, exaustivamente citados e referenciados em Família Sopranos.
Adoniran - Meu Nome é João Rubinato
3.9 9Adoniran merecia um filme como esse. O baixinho João Rubinato foi um artista gigante. Um gênio subestimado, que através de sua personagem caricata, cantou São Paulo com a sensibilidade que nenhum outro artista foi capaz.
Adoráveis Mulheres
4.0 975 Assista AgoraMe lembrou muito Orgulho e Preconceito.
Vinícius
4.3 101Está no Netflix.
História de um Casamento
4.0 1,9K Assista AgoraTudo funciona tão bem no filme, que o fato do enredo ser estruturalmente bizarro passou despercebido. A ''História de um Casamento'' é na verdade a história de um divórcio inédito: onde o pedido de divórcio vem antes das discussões do casal. E que, ao final, deixa a impressão de que todos os motivos para a separação poderiam ter sido resolvidos, se ambos tivessem apenas conversado mais, pois claramente ainda se amavam. As acusações de um ao outro, me pareceram muito rasas e abstratas, como se nem eles soubessem do que estavam falando... Como se todos aqueles motivos fossem novidade para eles até aquele momento - e eram mesmo. E ao meu ver, a posição adotada pela Nicole (ao tornar o caso judicial) foi totalmente desproporcional ao comportamento do Charlie, que estava disposto a resolver as coisas de forma amigável.
Mas enfim, como eu disse inicialmente, tudo funciona no filme - até o roteiro. As atuações (de todo o elenco!!) e o humor (sim?) foram os pontos altos para mim. A delicadeza na tratativa de um tema pesado é outro presente do Noah Baumbach ao cinema.
Apertem os Cintos... O Piloto Sumiu
3.6 617 Assista AgoraO filme que inventou o humor.
Um Dia de Chuva em Nova York
3.2 295 Assista AgoraAtuação extremamente divertida da Elle Fanning.
Parasita
4.5 3,6K Assista AgoraNenhum outro país faz roteiros mais originais que a Coreia do Sul.
Solaris
4.2 368 Assista AgoraCampanha: gente, vamos votar no poster preto clássico do filme (que está aí no meio das opções) por motivos de: é o mais bonito e eu quero. Obrigado.
Era Uma Vez em... Hollywood
3.8 2,3K Assista AgoraHomenagem a quem?
Era Uma Vez em Hollywood, foi desde o princípio, vendido e divulgado como uma história que abordaria o assassinato da atriz Sharon Tate por seguidores e membros da seita hippie do serial-killer Charles Manson – um acontecimento real. Somente mais próximo da fase final de produção do filme, é que ficamos sabendo que a história ‘’principal’’ incumbida de gravitar em torno do assassinato da atriz, seria sobre a carreira de um ator fictício chamado Rick Dalton (DiCaprio), em uma homenagem do diretor Tarantino a indústria cinematográfica hollywoodiana e televisiva das década de 50 e 60, dando enfoque no chamado último ‘’verão do amor’’ de 1969. Ano em que ocorreu o assassinato da Sharon Tate e aí assim, a história estaria devidamente amarrada, mas...
Mas sim, o Tarantino consegue amarrar a história. No entanto, ele o faz com um roteiro muito defeituoso... Provavelmente seu pior. Destaco esses defeitos, em três pontos principais:
A história não é totalmente chata, mas é fraca e desinteressante. Por desinteressante, eu me refiro especificamente a história do ator Rick Dalton e a prestação de homenagem do Tarantino a Hollywood. E quanto a isso, eu até parto do princípio que esse aspecto seja muito subjetivo, ao passo que o que é interessante ou desinteressante para mim, possa não ser para o outro. Contudo, mesmo levando isso em conta, o fato é que o Tarantino escolheu trabalhar nesse filme com um roteiro clássico de ascensão e queda de uma personagem, ou vice e versa, só que não soube (ou não teve vontade) de fazer a devida evolução e construção da personagem. Não há uma queda. Não há uma ascensão. Há somente um mais ou menos de uma coisa ou outra.
Em síntese temos: introdução do filme. Entra o Al Pacino. Há uma troca de conversas entre ele e o DiCaprio, com um até aqui, ótimo nível de humor. Então o Al Pacino instiga a personagem do DiCaprio, fazendo ele chegar a constatação que sua carreira está beirando a decadência e faz a ele uma proposta de levá-lo para a Itália para gravar spaghetti western. Temos aí o start da história. Mas esqueça essa história da Itália por um bom tempo. Daí em diante, o DiCaprio não vai nem chegar a total decadência/queda – vai esquecer algumas falas nas gravações de um filme -, como também não vai ter nenhuma ascensão triunfal – vai apenas fazer uma boa gravação de cena no mesmo filme. Nisso, quando se vê, já estamos perto dos últimos 30 minutos do filme e eis que só então retorna o Al Pacino - para nos lembrar que ele estava no filme - e agora sim: resgatemos na memória a história da Itália, pois em aproximadamente 3 minutos (mais do que isso ninguém aguentaria), é mostrado todo o balanço dos trabalhos do DiCaprio lá e seu retorno financeiramente estável aos EUA. Um péssimo arco no roteiro, concluído de maneira corrida para que aí sim, depois dessa longa história de ascensão e queda - sem ascensão nem queda - o filme esteja finalmente liberado para abordar a sua verdadeira história (a que realmente interessa e a única que empolga), que era (teoricamente) o assassinato da Sharon Tate.
Porém nesse ponto, temos dois grandes problemas. O primeiro quanto a personagem em si, praticamente sem falas, limitada a basicamente andar e dar role de carro por Hollywood. E o segundo, quanto a abordagem da personagem histórica – a vida e a existência da atriz real. Isso porque, quem não conhece a história da Sharon Tate, e for assistir ao filme, vai sair do cinema, da mesma que maneira que entrou: sem a conhecer. Para estas pessoas, a existência e os atos da Sharon Tate como personagem no filme são completamente irrelevantes para o restante da história, pois não é possível enxergar as conexões existentes. O filme não dá meios ou informações suficientes para essa parte do público. E isso é essencialmente um defeito do filme e uma falha do diretor, porque prejudica o entendimento do público, quanto as mensagens que a história quer transmitir. Assim, fatidicamente, quem não a conhecer, não vai entender que a personagem da Margot Robbie, é a interpretação dos teoricamente últimos momentos de vida de uma atriz que foi realmente assassinada por seguidores do Charles Manson e principalmente não vai entender a brincadeira/plot twist final da história – quando acontece a tentativa fracassada de assassinato na casa ao lado da Sharon, e não na dela.
A terceira e derradeira falha do filme, fica por conta das homenagens(?) e o humor do filme. Pela primeira vez, o Tarantino subverte seu estilo de piadas: ao invés de atacar os opressores como fez com os nazistas em Bastardos Inglórios e com os donos de escravo, em Django Livre, em Era Uma Vez em Hollywood, ele ataca somente os oprimidos. Aqui, por ‘’oprimidos’’, entenda: figuras que foram historicamente estereotipadas na indústria americana de filmes, promovendo um verdadeiro deboche ao ator e lutador de artes marciais chinês Bruce Lee e aos filmes de faroeste italianos, conhecidos como spaghetti western e abordados no filme como porcarias. Em grau menos degradante, mas ainda assim totalmente estereotipado, sobrou até para a retratação da figura dos italianos e seu idioma enérgico(?), representados pela esposa italiana do Rick Dalton, que chega ao filme apenas para contribuir com o clima ‘’caótico’’ das cenas finais, tagarelando sem respirar seu amontoado de palavras.
No entanto, ao menos teoricamente, todas essas figuras que serviram como piada ou elementos de humor nesse filme, são sabidamente influências diretas do cinema do Tarantino... principalmente os filmes de artes marciais e os spaghetti western. Por tudo isso, penso não ser possível imaginar que o Tarantino tenha realmente desejado debochar dessas figuras. Mas ficou estranho. Para alguém marcado por fazer piadas originais e transgressoras, essas abordagens estereotipadas soaram simplórias demais para seu padrão.
Assim, restou por fim, a dúvida: Era Uma Vez em Hollywood homenageou a quem?
Era Uma Vez em... Hollywood
3.8 2,3K Assista AgoraVamos ser diretos? É o mais fraco do Tarantino.
John Wick: De Volta ao Jogo
3.8 1,8K Assista AgoraNão costumo assistir filmes de ação, mas esse eu vim pelo hype e pela dupla Matrix do filme. No entanto, o único destaque do filme é o estilo e a boa execução das cenas de ação, já que o roteiro é um dos mais bobos e básicos que eu tenha visto. De qualquer forma, eu reitero o hype: Keanu Reeves um grande gostoso.