Tão forte e brutal quanto eu pensei que seria. É uma história sobre vingança, mas também sobre arrependimentos e escolhas erradas. Em meio a sujeira de sua existência e a uma raiva que o toma, Oh Dae-su vai sentindo o peso de vidas das quais ele já não lembrava, e descobrindo que a vingança é um sentimento destrutivo para quem a procura.
escalar aquela torre sem os equipamentos de segurança necessários é algo que me parece bastante irreal; a mensagem de "aproveite a vida porque ela é curta" é vaga demais dentro do filme (a narração da protagonista na última cena foi péssima), pois me pareceu algo muito genérico, e esse não é o tipo de filme que vai propor uma grande reflexão sobre a nossa existência. Ah, e entregam muito fácil que a Hunter já estava morta naquele ponto. Mas o que me deixou mais p*to da vida foi a excelente ideia de superar o luto de uma forma bastante perigosa e irresponsável... e novamente: com zero segurança. Como duas pessoas podem olhar para uma estrutura toda enferrujada e dizer "é uma ótima ideia, vamos subir!"?!
"Ah, mas é ficção", beleza, eu entendo. Mas acho que esse filme abusou um pouco da minha vontade. Não comprei a ideia. Mas a direção é eficiente e o suspense é bem montado. No fim, vale a pena... apesar dos absurdos.
Insecure mostra a vida acontecendo, com todos os seus problemas e felicidades. Essa série tocou na realidade dos relacionamentos (de todos os tipos, em todos os níveis), e mostrou que há coisas que simplesmente fogem do nosso controle, e que também dificultamos muitos dos nossos caminhos. E isso acontece com todos.
A Issa é uma mulher forte e independente, mas que também possui muitas fragilidades e problemas nos seus relacionamentos. É impossível não se identificar com ela em algum nível. É uma personagem que tem voz, mas que se sente perdida em meio as suas escolhas. Assim como qualquer um, em muitos momentos ela é insegura do que pode e deve fazer ou ser. E dentro desses desencontros, a sua amizade com a Molly é a "rocha" necessária, o ponto de conforto em que ela pode retornar após um dia cansativo. A amizade entre elas é uma das coisas mais lindas da série, e bem construída em todos os lados.
É muito legal ver que séries que carregam essa enorme representatividade obtiveram tanto sucesso. É um elenco formado por pessoas pretas, que exploram todas as questões que somente elas podem entender e sentir, e ainda considerando que boa parte de produções desse tipo são protagonizadas por pessoas brancas e trazem uma visão rasa e as vezes esteriotipada de relacionamentos amorosos. A Issa Rae foi gigante aqui em produzir uma perspectiva mais atraente e realistica para o público, de forma que acredito que mulheres podem se identificar facilmente com ela, ou com a Molly, Kelly e a Tiffany.
Em Insecure nada é fácil, pois a vida em si nao é algo fácil. Mas é uma das séries mais deliciosas que já vi. É engraçada e dramática na medida certa, além de proporcionar reflexões verdadeiras.
Foi uma linda homenagem. O especial lembra tudo dos anos 90: a direção, diálogos, piadas, o estilo dos vilões. Tudo lembra a série clássica. É muito nostálgico e me emocionei bastante com o final, especialmente quando lembram da Thuy Trang e do Jason David Frank. Eternos!
Acho que o filme se perde um pouco da metade até seu ato final, especialmente na construção do suspense. Chegou um ponto em que estava um tanto previsível, e passamos a entender que, de fato o
David existiu, mas aquele que está ali no presente é uma projeção da protagonista, um delírio devido a alguma condição psiquiátrica. E a cena final, com ela encarando a câmera e mudando de expressão aos poucos, vai revelando o horror psicológico pelo qual passou.
As cenas mais "gore" poderiam ter sido facilmente excluídas, pois em nada acrescentam para a história. O grande destaque vai para a Rebeca Hall que entrega uma atuação estupenda, realmente magnifíca. Ela leva carrega o filme com uma facilidade absurda.
Gaspar Noé é sempre uma experiência... seja ela boa ou ruim, mas certamente inquieta, reflexiva e poderosa. O diretor capta a essência das perturbações humanas, e sabe transmitir como ninguém esses sentimentos caóticos para seu público. O jogo de câmeras lê personagens e cenários de forma envolvente, pessoal e convidadativa, mostrando a mistura de céu e inferno desenvolvida na mente daqueles indivíduos.
É muito interessante como aquela máscara dos personagens vai se desfazendo à medida que se entregam às suas vontades mais primitivas. A "inocência" e a beleza artística das palavras presentes no começo (quando estão sendo entrevistados) se perdem em meio aos desejos mais profundos e corruptos, e então vemos medo, inseguranças e busca pelo prazer.
Eu diria que esse é um filme para quem está em um bom dia (ou com um ótimo psicológico). Há cenas que podem despertar gatilhos emocionais, então recomendo ver somente se estiver bem para tanto.
A vida é fugaz. Nós somos momentos. Para Noé, a vida é quase como se fosse um "peso necessário". Ele aborda essa visão negativa sobre a vida como poucos diretores o fazem, explorando toda a miséria da existência de uma forma realmente forte. E em "Climax" isso não é diferente.
Baseado em acontecimentos reais, esse filme é um retrato de como o sistema judicial e carcerário dos EUA trata pessoas negras e pobres. É uma narrativa poderosa sobre as injustiças desse meio, os diversos abusos de poder das autoridades e a irresponsabilidade por parte de advogados e promotores. É uma obra que mostra como todo esse sistema, feito por homens brancos e profundamente intolerante, está pronto para subjugar e culpabilizar corpos negros.
"Just Mercy" mostra homens negros e pobres que foram condenados a pena de morte. Bryan (interpretado pelo Michael B. Jordan), um advogado recém-formado, se engaja fortemente em tirar seus clientes desse fim. E então começa sua relação com Johnny D (Michael J. Fox), que foi culpado pela morte de uma mulher. Mas há diversas inconsistências no caso, e Bryan está determinado a provar a inocência de Johnny. Interessante apontar a crítica do roteiro à pena capital, principalmente quando se trata de negros e pobres, pois sabemos muito bem que muitos estão naqueles corredores porque o julgamento para eles é sempre desproporcional: recebem condenações mais extremas, são incriminados ou mesmo não tem uma defesa adequada para olhar todos os ângulos dos processos.
Pessoas negras já tem o "não" mesmo antes de nascerem, fruto de uma sociedade racista e que se orgulha de seu passado escravocrata (e isso tanto nos EUA quanto no Brasil). Eles têm sua subjetividade apagada. E não importa qual posição na escala social ocupem. Uma cena do filme, logo no começo, chama atenção:
quando Bryan é forçado a tirar a roupa quando vai visitar um cliente na prisão. Advogado nenhum precisa passar por isso, mas o policial submeteu Bryan a essa humilhação. Este, por sua vez, se sentiu exposto e diminuido.
Aqui, preciso destacar a excelente atuação do Michael B. Jordan. Seus diálogos são fortes e precisos, e o personagem traz uma presença de tela assustadora. É belíssimo! Quando o Michael J. Fox interage com ele, fica melhor. São dois deuses em tela, que conseguem transmitir todas as dores de seus respectivos personagens.
O roteiro é real, humano e se conecta bem com o espectador. Foi impossível não chorar ao final, e também ficar revoltado com várias ações dos racistas malditos. O filme acaba e continuamos pensando: quantos homens e mulheres já não foram presos injustamente? E quantos ainda permanecem no corredor da morte devido as falhas do sistema judicial? É sempre bom apontar como os EUA se imaginam como a civilização que reinventou a democracia, como o panteão da moralidade e da liberdade, mas que viola o Estado de direito - e todos os casos desse filme são exemplos disso. A justiça naquele país é infelizmente destinada para um seleto grupo.
Mas há algo que esse filme e a própria história do Walter "Johnny D." McMillian nos ensina: é preciso ter fé, é necessário ter esperança que a justiça prevaleça para todos, tal qual Atticus Finch buscou em "O Sol é Para Todos".
Imaginava que pudesse ser ruim, mas não tanto. Considerando o baixo orçamento e que foi lançado em 2011, até que os efeitos não são ruins. Mas o enredo é mal direcionado, e os personagens não tem carisma algum. Tudo mal executado.
É um filme que vai direto ao ponto, mas a criação de uma atmosfera de suspense sai prejudicada. Outro ponto que levanto é a má organização do roteiro ao contar os acontecimentos, o que torna alguns pontos um pouco confusos.
Mesmo com quase duas horas de duração, a história perde um pouco de foco.
Vai em cada núcleo na vida da Loretta (a Jean é deixada completamente em segundo plano, o que me incomodou muito) e das investigações, e a consequência são cenas superficiais e previsíveis.
Um bom filme para quem se interessa por true crime, mas talvez seja melhor conhecer mais da história antes (eu não conhecia) e talvez o filme em si se torne uma experiência melhor.
E assim encerra a primeira parte de Boruto. Era algo que eu já estava pedindo há bastante tempo, pois esse é um anime muito falho em diversos aspectos e creio que uma pausa poderia fazer bem para a franquia. Deixa o mangá avançar muito na história e volta a adaptar de uma forma que não tenha tantos fillers. E precisam amadurecer os personagens, melhorar os traços e a animação... enfim. Boruto foi uma decepção de forma geral, mas ainda tem um material interessante que, se bem trabalhado, pode gerar alguns bons momentos.
Curti mais pelas referências a própria franquia e aos outros filmes de terror. Pontos negativos para o quão previsível o roteiro foi, e para a Melissa Barrera que passa uma personagem fraca e sem carisma. Aliás, pode ser somente impressão minha, mas parece que nenhum dos atores veteranos da franquia também estava lá com muita vontade em suas expressões. E os novos são bem ruins, com excessão da Jenna Ortega.
O começo é meio timido, mas logo a série vai se mostrando como um lugar confortável. É leve e também séria nos momentos certos, e seus personagens são muito carismáticos. Particularmente adorei a Gabby, mas todos ali são ótimos e gostei de ver o cuidado do roteiro em dar destaques para o desenvolvimento de cada núcleo.
Interações maravilhosas, um homor inteligente e dramas reais da vida adulta. O roteiro é muito feliz ao mostrar o processo de luto por diferentes perspectivas, o que só deixou o enredo mais sensível e reflexivo. As ações do Jimmy podem ser questionáveis, mas tudo o que ele faz ao se doar tanto para os outros é também uma forma de tentar se salvar e seguir em frente.
Vai ter segunda temporada, mas se tivesse sido concluída aqui, já estaria satisfeito.
É tudo num nível tão absurdo que chega a ser engraçado, cheio de personagens caricatos e com frases de efeito. Bom pra passar o tempo, mas somente isso. É, eu sei... é ficção, mas a imagem sobre o futebol que esse anime passa é algo completamente distorcido hahahahaha. Mas até dá para se divertir, se você desligar muito qualquer senso crítico.
Uma temporada tensa, cheia de batalhas insanas e revelações importantes. Curti muito a sequência final com o Midoriya passando por todas aquelas questões internas.
The Last of Us consegue mesclar muito bem a ação e o drama, e se tornou uma das melhores experiências em termos de série que já vi nos últimos tempos. Não conheço os jogos (ainda), mas assistir a essa primeira temporada sem o conhecimento prévio foi algo positivo pois fui surpreendido com uma trama cheia de camadas emocionantes e personagens intensos.
A dupla Pedro Pascal e Bella Ramsey (Joel e Ellie, respectivamente) são nossos protagonistas, e que ganharam a internet nos últimos meses. Mas não é para menos. Pedro Pascal entregou uma atuação poderosa, de um pai em luto, que sabe quais são seus pecados e o fardo que precisa carregar. Bella Ramsey, por sua vez, fez uma Ellie de personalidade forte, que embora tenha essa casca grossa, por dentro é alguém que também possui suas dores.
São nesses sentimentos que Joel e Ellie se encontram e se completam, pois ambos, de suas formas particulares, experenciaram a perda de pessoas que amavam.
É um mundo apocalíptico, mas o foco, ao menos nessa primeira temporada, me pareceu
ser apresentar e desenvolver as relações entre personagens que serão importantes para como Joel e Ellie se veem. O terceiro episódio, “Long, Long Time”, que conta a história de Bill e Frank, me destruiu completamente no final. E ali tivemos uma forma responsável e sensível de retratar um relacionamento homoafetivo. “Endure and Survive”, o quinto episódio, nos apresentou os irmãos Henry e Sam. E durante uma hora, vimos uma bela relação sendo construída com nossos protagonistas. Foram duas histórias que me marcaram muito e que me arrancaram algumas (várias) lágrimas.
Gostei muito de como a série desenvolveu a proximidade entre Joel e Ellie após as tragédias que eles passaram. Você nota que a cada episódio há uma preocupação mútua,
algo que começa de uma aparente indiferença termina com o Joel dando seu sangue para salvar a Ellie.
E todo esse enredo, em nove episódios, foi muito bem feito.
A produção da HBO foi incrível, os cenários são maravilhosos e gostei como o roteiro não te coloca em lugares fáceis. É algo que vai além da batalha por sobrevivência, que envolve questões morais e éticas duvidosas e escolhas absurdamente difíceis. Melhor série do ano até aqui, e talvez seja difícil retirá-la desse posto.
E aqui o trailer me enganou direitinho. Esperava de fato uma daquelas comédias escrachadas, bem piadas quinta série com o personagem mal humorado e etc. Mas fui positivamente surpreendido por um drama forte sobre a forma como nossas relações podem nos dar novos significados e objetivos, mesmo quando achamos que a vida acabou. Ainda há algumas doses pontuais de humor, mas de forma geral esse é um filme que vai lhe pegar pelo seu forte sentimentalismo.
Não conhecia o livro e o filme sueco, então também fiquei surpreso por algumas cenas. Logo, é necessário alertar que há coisas que podem despertar gatilhos emocionais. A carga dramática é bastante elevada. Não são cenas irresponsáveis (não há nada violento ou coisa parecida), mas que servem para a trama mostrar como o Otto é um homem com raiva do mundo e que está sofrendo. O filme precisava inserir o Otto em lugares emocionais complicados, que podem ser sensíveis para o espectador... então é bom deixar como aviso.
Esse sofrimento do Otto é muito bem explicado, e o roteiro é sensível e bonito na forma como aborda o passado dele Os personagens de apoio também possuem suas próprias questões e cada um tem um bom espaço de tela, dando mais profundidade à obra.
Otto é um homem quebrado, mas que no fundo ainda deseja viver. Acho que muitos conseguem se identificar com isso. Ele tem essa tristeza que parece nunca ir embora. Mas as vezes a vida se encarrega de nos dar as pessoas certas que podem nos salvar, e nos mostrar que há mais do que o mundo preto e branco. São nesses momentos de pura imprevisibilidade que mágicas acontecem, amizades impossíveis são criadas e nós despertamos para continuarmos de onde paramos.
A América Latina viu vários regimes ditatoriais emergirem ao longo da segunda metade do século XX, muito também potencializado pelo esforço dos EUA em ganhar espaços de influência (lembremos: contexto da guerra fria com a URSS). Opositores tiveram seus direitos políticos caçados, pessoas eram perseguidas, torturadas das maneiras mais desumanas possíveis e assassinadas, tudo em nome da dita "proteção nacional" que não passava de um sadismo e uma necessidade de impor um sistema de poder baseado na força e intimidação.
O filme é uma forma de exaltar as memórias daqueles que foram perseguidos pelos militares na Argentina, para que ninguém esqueça dos desaparecidos e para que a justiça seja feita. Os relatos dos personagens são emocionantes porque sabemos que são dolorosamente reais, que aquelas situações ocorreram na realidade de formas muito piores. Podemos ler, podemos ver esses filmes e esses documentários, ouvir depoimentos de sobreviventes dos porões de tortura... mas nunca entenderemos a intensidade da dor que aquelas pessoas sofreram em seus corpos, ou por terem perdido parentes e por não se sentirem acolhidas por um Estado que deveria protege-las.
As condenações não foram o suficiente. Elas não fizeram justiça ao povo argentino. Quando pesquisamos sobre, alguns receberam até indultos do presidente Carlos Saúl Menem em 1990 (anos depois, foram novamente sentenciados).
"Argentina, 1985" nos mostra aquilo que sempre devemos combater: o discurso fascista, os crimes contra a humanidade e o ódio ao diferente. Nos mostra que é preciso lembrar do passado, respeitar as memórias e, acima de tudo, exaltar a democracia e o livre pensamento. Mas esse é só um filme que nos dá essa dimensão. A real mudança começa quando entendermos a importância da educação e da História para a formação de uma nação, para que crimes contra a humanidade não sejam relativizados (como infelizmentes vimos acontecer durante o próprio regime militar no Brasil e nos últimos quatro anos através de um governo que estava rindo enquanto pessoas estavam morrendo numa pandemia). Infelizmente ainda há muitos defensores dessas atrocidades... mas a História sempre se encarrega de coloca-los no seu devido lugar de insignificância.
"Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça DITADURA NUNCA MAIS!"
Ah, a força da boa publicidade, né? Tantos sites noticiando que pessoas "passaram mal" com esse filme, vi até youtuber que acompanho falando para "se preparar" para ver esse. E por um lado eu compreendo, cada um com sua sensibilidade. Mas para quem já assiste esse tipo de obra, percebe que "The Outwaters" não tem absolutamente NADA demais. Talvez a última cena seja a mais forte, mas a única coisa que pensei foi na quantidade de molhos de tomate gastos para fazer aquilo.
Uma história que demora muito para começar (o filme poderia facilmente ter trinta minutos a menos), que não sabe como apresentar seus personagens e que em seu desenvolvimento se mostra ainda mais confusa. Entendo que é found footage, mas é tudo muito escuro e os manuseios mal feitos da câmera dificultam qualquer entendimento. E, eu não sou diretor... ora, só vejo os filmes! Mas, vem cá... Não acho que found footage era pra ser como foi feito aqui.
"Ah, mas é uma experiência e..." tá, beleza. Guarde esse discurso pois ele não me interessa. Esse filme não é uma boa experiência sob nenhuma ótica possível. É apenas... ruim. Bem ruim. Ao ponto de que quase chega a ser engraçado.
Acho que ha obras que são feitas somente com o objetivo de chocar e causar polêmica. "Blonde" se encaixa perfeitamente nessas categorias. Eu poderia ter comprado a ideia de uma abordagem mais sombria sobre uma das maiores personalidades do século XX se o roteiro e a direção não fossem tão... preguiçosos e vagabundos. Não encontro outras palavras para definir essa atrocidade.
Tudo aqui, absolutamente tudo, é feito para chocar e causar espanto, enquanto há uma clara diminuição na imagem da Marilyn como uma mulher. E o pior é que o filme o faz de uma maneira como se ela de fato tivesse sido assim durante sua vida inteira: uma pessoa desequilibrada, inconsistente e louca por atenção. E sim, ela teve problemas em sua vida particular. Mas a maneira como este roteiro podre conduz sua história, me pareceu uma exaltação a esses problemas e um desejo de mostra-la como um um ser abjeto.
Trabalhar a dramaticidade não significa expor sucessivas cenas de sofrimento na tela durante quase três horas. Mas esse filme não entende isso. Ele vai se tornando mais confortável em expor as dores de sua protagonista, em mostrar ela se submetendo a coisas absurdas que apenas a deixam mais frágil.
Particularmente, não posso dizer que sou fã da Marilyn. De fato, não conheço tanto de seus trabalhos (algo que preciso corrigir), somente aquilo que já adentrou na nossa cultura e algumas cinebiografias. Mas me incomoda ver tamanha distorção da realidade com o objetivo de exaltar o sofrimento. Esse filme é esquecífvel.
Aftersun é uma experiência bastante intimista, o que é algo que gosto bastante, mas aqui em particular confesso que não consegui me conectar muito bem devido ao ritmo que me deixou bastante incomodado em várias partes.
Ponto forte da obra é a maneira como o roteiro trabalha a melancolia contrastando com os momentos mais felizes dos personagens, com um sabendo o que o outro está pensando. O Calum ama a filha dele e só quer deixar boas lembranças para ela, mesmo que sua tristeza seja algo bastante visível para Sophie. Mas ele é um pai, e aqui o filme foi bastante feliz na maneira como representou uma paternidade presente e preocupada com o futuro da filha, e que ele se sacrificaria e colocaria seus próprios sentimentos de lado para priorizar os de Sophie. Mas a garota vê o pai, enxerga ele claramente e o peso mental que o mesmo sofre. É uma relação bonita, de cumplicidade e companheirismo em todas as horas, algo que a Sophie do futuro definitivamente não esqueceria.
É, não tem como: isso aqui é perfeito. "Top Gun: Maverick" consegue voar alto e de forma brilhante, tanto em seus aspectos técnicos quanto em sua história. O roteiro realmente conta algo que vai além das cenas de ação áereas e nos aproxima dos seus personagens de uma forma sensível e envolvente.
Gosto muito do Miles Teller, acho que ele possui um talento sem igual e, embora não tenha mostrado tudo aqui, o ator se conecta bem com o Tom Cruise e cria uma boa fórmula para a trama. Também curti muito a Jennifer Connelly, com uma personagem que deu um ar mais leve para a vida do Maverick. Este, por sua vez, continua carregando a culpa pelo que aconteceu no primeiro filme. Devo dizer que a maneira como essas cenas mais dramáticas foram trabalhadas nessa sequência me convenceram mais do que todo o primeiro Top Gun. Mas entendo que são décadas que separam as duas obras, e momentos diferentes do cinema e na abordagem de enredo dos filmes desse gênero.
A direção é um espetáculo, aproveitando muito bem as belíssimas paisagens como plano de fundo e tendo um jogo de câmeras que não deixam o espectador perdido em meio a tantas manobras. Ponto positivo para a maneira como exploraram esses cenários.
O filme funciona demais. Fiquei realmente surpreso pois não esperava que fosse gostar tanto (uma vez que também não fui muito com a cara do primeiro). O tempo fez muito bem para Maverick.
Oldboy
4.3 2,3K Assista AgoraTão forte e brutal quanto eu pensei que seria. É uma história sobre vingança, mas também sobre arrependimentos e escolhas erradas. Em meio a sujeira de sua existência e a uma raiva que o toma, Oh Dae-su vai sentindo o peso de vidas das quais ele já não lembrava, e descobrindo que a vingança é um sentimento destrutivo para quem a procura.
É de fato uma obra fenomenal.
A Queda
3.2 745 Assista AgoraO filme constrói bem a tensão, e vai direto ao ponto. Mas ele tem alguns problemas de roteiro. Exemplo:
escalar aquela torre sem os equipamentos de segurança necessários é algo que me parece bastante irreal; a mensagem de "aproveite a vida porque ela é curta" é vaga demais dentro do filme (a narração da protagonista na última cena foi péssima), pois me pareceu algo muito genérico, e esse não é o tipo de filme que vai propor uma grande reflexão sobre a nossa existência. Ah, e entregam muito fácil que a Hunter já estava morta naquele ponto. Mas o que me deixou mais p*to da vida foi a excelente ideia de superar o luto de uma forma bastante perigosa e irresponsável... e novamente: com zero segurança. Como duas pessoas podem olhar para uma estrutura toda enferrujada e dizer "é uma ótima ideia, vamos subir!"?!
"Ah, mas é ficção", beleza, eu entendo. Mas acho que esse filme abusou um pouco da minha vontade. Não comprei a ideia. Mas a direção é eficiente e o suspense é bem montado. No fim, vale a pena... apesar dos absurdos.
Insecure (5ª Temporada)
4.3 51Insecure mostra a vida acontecendo, com todos os seus problemas e felicidades. Essa série tocou na realidade dos relacionamentos (de todos os tipos, em todos os níveis), e mostrou que há coisas que simplesmente fogem do nosso controle, e que também dificultamos muitos dos nossos caminhos. E isso acontece com todos.
A Issa é uma mulher forte e independente, mas que também possui muitas fragilidades e problemas nos seus relacionamentos. É impossível não se identificar com ela em algum nível. É uma personagem que tem voz, mas que se sente perdida em meio as suas escolhas. Assim como qualquer um, em muitos momentos ela é insegura do que pode e deve fazer ou ser. E dentro desses desencontros, a sua amizade com a Molly é a "rocha" necessária, o ponto de conforto em que ela pode retornar após um dia cansativo. A amizade entre elas é uma das coisas mais lindas da série, e bem construída em todos os lados.
É muito legal ver que séries que carregam essa enorme representatividade obtiveram tanto sucesso. É um elenco formado por pessoas pretas, que exploram todas as questões que somente elas podem entender e sentir, e ainda considerando que boa parte de produções desse tipo são protagonizadas por pessoas brancas e trazem uma visão rasa e as vezes esteriotipada de relacionamentos amorosos. A Issa Rae foi gigante aqui em produzir uma perspectiva mais atraente e realistica para o público, de forma que acredito que mulheres podem se identificar facilmente com ela, ou com a Molly, Kelly e a Tiffany.
Em Insecure nada é fácil, pois a vida em si nao é algo fácil. Mas é uma das séries mais deliciosas que já vi. É engraçada e dramática na medida certa, além de proporcionar reflexões verdadeiras.
Power Rangers: Agora e Sempre
3.0 121 Assista AgoraUma vez Ranger, sempre Ranger...
Foi uma linda homenagem. O especial lembra tudo dos anos 90: a direção, diálogos, piadas, o estilo dos vilões. Tudo lembra a série clássica. É muito nostálgico e me emocionei bastante com o final, especialmente quando lembram da Thuy Trang e do Jason David Frank. Eternos!
Bonito e na medida certa. Gostei demais.
Sombras do Passado
3.3 88 Assista AgoraAcho que o filme se perde um pouco da metade até seu ato final, especialmente na construção do suspense. Chegou um ponto em que estava um tanto previsível, e passamos a entender que, de fato o
David existiu, mas aquele que está ali no presente é uma projeção da protagonista, um delírio devido a alguma condição psiquiátrica. E a cena final, com ela encarando a câmera e mudando de expressão aos poucos, vai revelando o horror psicológico pelo qual passou.
As cenas mais "gore" poderiam ter sido facilmente excluídas, pois em nada acrescentam para a história. O grande destaque vai para a Rebeca Hall que entrega uma atuação estupenda, realmente magnifíca. Ela leva carrega o filme com uma facilidade absurda.
Clímax
3.6 1,1K Assista AgoraGaspar Noé é sempre uma experiência... seja ela boa ou ruim, mas certamente inquieta, reflexiva e poderosa. O diretor capta a essência das perturbações humanas, e sabe transmitir como ninguém esses sentimentos caóticos para seu público. O jogo de câmeras lê personagens e cenários de forma envolvente, pessoal e convidadativa, mostrando a mistura de céu e inferno desenvolvida na mente daqueles indivíduos.
É muito interessante como aquela máscara dos personagens vai se desfazendo à medida que se entregam às suas vontades mais primitivas. A "inocência" e a beleza artística das palavras presentes no começo (quando estão sendo entrevistados) se perdem em meio aos desejos mais profundos e corruptos, e então vemos medo, inseguranças e busca pelo prazer.
Eu diria que esse é um filme para quem está em um bom dia (ou com um ótimo psicológico). Há cenas que podem despertar gatilhos emocionais, então recomendo ver somente se estiver bem para tanto.
A vida é fugaz. Nós somos momentos. Para Noé, a vida é quase como se fosse um "peso necessário". Ele aborda essa visão negativa sobre a vida como poucos diretores o fazem, explorando toda a miséria da existência de uma forma realmente forte. E em "Climax" isso não é diferente.
Luta Por Justiça
4.2 250 Assista AgoraBaseado em acontecimentos reais, esse filme é um retrato de como o sistema judicial e carcerário dos EUA trata pessoas negras e pobres. É uma narrativa poderosa sobre as injustiças desse meio, os diversos abusos de poder das autoridades e a irresponsabilidade por parte de advogados e promotores. É uma obra que mostra como todo esse sistema, feito por homens brancos e profundamente intolerante, está pronto para subjugar e culpabilizar corpos negros.
"Just Mercy" mostra homens negros e pobres que foram condenados a pena de morte. Bryan (interpretado pelo Michael B. Jordan), um advogado recém-formado, se engaja fortemente em tirar seus clientes desse fim. E então começa sua relação com Johnny D (Michael J. Fox), que foi culpado pela morte de uma mulher. Mas há diversas inconsistências no caso, e Bryan está determinado a provar a inocência de Johnny. Interessante apontar a crítica do roteiro à pena capital, principalmente quando se trata de negros e pobres, pois sabemos muito bem que muitos estão naqueles corredores porque o julgamento para eles é sempre desproporcional: recebem condenações mais extremas, são incriminados ou mesmo não tem uma defesa adequada para olhar todos os ângulos dos processos.
Pessoas negras já tem o "não" mesmo antes de nascerem, fruto de uma sociedade racista e que se orgulha de seu passado escravocrata (e isso tanto nos EUA quanto no Brasil). Eles têm sua subjetividade apagada. E não importa qual posição na escala social ocupem. Uma cena do filme, logo no começo, chama atenção:
quando Bryan é forçado a tirar a roupa quando vai visitar um cliente na prisão. Advogado nenhum precisa passar por isso, mas o policial submeteu Bryan a essa humilhação. Este, por sua vez, se sentiu exposto e diminuido.
Aqui, preciso destacar a excelente atuação do Michael B. Jordan. Seus diálogos são fortes e precisos, e o personagem traz uma presença de tela assustadora. É belíssimo! Quando o Michael J. Fox interage com ele, fica melhor. São dois deuses em tela, que conseguem transmitir todas as dores de seus respectivos personagens.
O roteiro é real, humano e se conecta bem com o espectador. Foi impossível não chorar ao final, e também ficar revoltado com várias ações dos racistas malditos. O filme acaba e continuamos pensando: quantos homens e mulheres já não foram presos injustamente? E quantos ainda permanecem no corredor da morte devido as falhas do sistema judicial? É sempre bom apontar como os EUA se imaginam como a civilização que reinventou a democracia, como o panteão da moralidade e da liberdade, mas que viola o Estado de direito - e todos os casos desse filme são exemplos disso. A justiça naquele país é infelizmente destinada para um seleto grupo.
Mas há algo que esse filme e a própria história do Walter "Johnny D." McMillian nos ensina: é preciso ter fé, é necessário ter esperança que a justiça prevaleça para todos, tal qual Atticus Finch buscou em "O Sol é Para Todos".
A Hora da Escuridão
2.4 842 Assista AgoraImaginava que pudesse ser ruim, mas não tanto. Considerando o baixo orçamento e que foi lançado em 2011, até que os efeitos não são ruins. Mas o enredo é mal direcionado, e os personagens não tem carisma algum. Tudo mal executado.
O Estrangulador de Boston
3.3 108É um filme que vai direto ao ponto, mas a criação de uma atmosfera de suspense sai prejudicada. Outro ponto que levanto é a má organização do roteiro ao contar os acontecimentos, o que torna alguns pontos um pouco confusos.
Mesmo com quase duas horas de duração, a história perde um pouco de foco.
Vai em cada núcleo na vida da Loretta (a Jean é deixada completamente em segundo plano, o que me incomodou muito) e das investigações, e a consequência são cenas superficiais e previsíveis.
Um bom filme para quem se interessa por true crime, mas talvez seja melhor conhecer mais da história antes (eu não conhecia) e talvez o filme em si se torne uma experiência melhor.
[spoiler][/spoiler]
High Card (1ª Temporada)
3.0 1 Assista AgoraO começo foi ruim, o meio foi mais ou menos e o final foi bom. Animação e arte são bonitas, mas os personagens são muito apagados.
Boruto - Naruto Next Generations (12ª Temporada)
3.4 6E assim encerra a primeira parte de Boruto. Era algo que eu já estava pedindo há bastante tempo, pois esse é um anime muito falho em diversos aspectos e creio que uma pausa poderia fazer bem para a franquia. Deixa o mangá avançar muito na história e volta a adaptar de uma forma que não tenha tantos fillers. E precisam amadurecer os personagens, melhorar os traços e a animação... enfim. Boruto foi uma decepção de forma geral, mas ainda tem um material interessante que, se bem trabalhado, pode gerar alguns bons momentos.
Pânico
3.4 1,1K Assista AgoraCurti mais pelas referências a própria franquia e aos outros filmes de terror. Pontos negativos para o quão previsível o roteiro foi, e para a Melissa Barrera que passa uma personagem fraca e sem carisma. Aliás, pode ser somente impressão minha, mas parece que nenhum dos atores veteranos da franquia também estava lá com muita vontade em suas expressões. E os novos são bem ruins, com excessão da Jenna Ortega.
Falando a Real (1ª Temporada)
4.1 36 Assista AgoraO começo é meio timido, mas logo a série vai se mostrando como um lugar confortável. É leve e também séria nos momentos certos, e seus personagens são muito carismáticos. Particularmente adorei a Gabby, mas todos ali são ótimos e gostei de ver o cuidado do roteiro em dar destaques para o desenvolvimento de cada núcleo.
Interações maravilhosas, um homor inteligente e dramas reais da vida adulta. O roteiro é muito feliz ao mostrar o processo de luto por diferentes perspectivas, o que só deixou o enredo mais sensível e reflexivo. As ações do Jimmy podem ser questionáveis, mas tudo o que ele faz ao se doar tanto para os outros é também uma forma de tentar se salvar e seguir em frente.
Vai ter segunda temporada, mas se tivesse sido concluída aqui, já estaria satisfeito.
Blue Lock (1ª Temporada)
3.8 13 Assista AgoraÉ tudo num nível tão absurdo que chega a ser engraçado, cheio de personagens caricatos e com frases de efeito. Bom pra passar o tempo, mas somente isso. É, eu sei... é ficção, mas a imagem sobre o futebol que esse anime passa é algo completamente distorcido hahahahaha. Mas até dá para se divertir, se você desligar muito qualquer senso crítico.
My Hero Academia (6ª Temporada)
4.0 22 Assista AgoraUma temporada tensa, cheia de batalhas insanas e revelações importantes. Curti muito a sequência final com o Midoriya passando por todas aquelas questões internas.
The Last of Us (1ª Temporada)
4.4 1,2K Assista AgoraThe Last of Us consegue mesclar muito bem a ação e o drama, e se tornou uma das melhores experiências em termos de série que já vi nos últimos tempos. Não conheço os jogos (ainda), mas assistir a essa primeira temporada sem o conhecimento prévio foi algo positivo pois fui surpreendido com uma trama cheia de camadas emocionantes e personagens intensos.
A dupla Pedro Pascal e Bella Ramsey (Joel e Ellie, respectivamente) são nossos protagonistas, e que ganharam a internet nos últimos meses. Mas não é para menos. Pedro Pascal entregou uma atuação poderosa, de um pai em luto, que sabe quais são seus pecados e o fardo que precisa carregar. Bella Ramsey, por sua vez, fez uma Ellie de personalidade forte, que embora tenha essa casca grossa, por dentro é alguém que também possui suas dores.
São nesses sentimentos que Joel e Ellie se encontram e se completam, pois ambos, de suas formas particulares, experenciaram a perda de pessoas que amavam.
É um mundo apocalíptico, mas o foco, ao menos nessa primeira temporada, me pareceu
ser apresentar e desenvolver as relações entre personagens que serão importantes para como Joel e Ellie se veem. O terceiro episódio, “Long, Long Time”, que conta a história de Bill e Frank, me destruiu completamente no final. E ali tivemos uma forma responsável e sensível de retratar um relacionamento homoafetivo. “Endure and Survive”, o quinto episódio, nos apresentou os irmãos Henry e Sam. E durante uma hora, vimos uma bela relação sendo construída com nossos protagonistas. Foram duas histórias que me marcaram muito e que me arrancaram algumas (várias) lágrimas.
Gostei muito de como a série desenvolveu a proximidade entre Joel e Ellie após as tragédias que eles passaram. Você nota que a cada episódio há uma preocupação mútua,
algo que começa de uma aparente indiferença termina com o Joel dando seu sangue para salvar a Ellie.
A produção da HBO foi incrível, os cenários são maravilhosos e gostei como o roteiro não te coloca em lugares fáceis. É algo que vai além da batalha por sobrevivência, que envolve questões morais e éticas duvidosas e escolhas absurdamente difíceis. Melhor série do ano até aqui, e talvez seja difícil retirá-la desse posto.
O Pior Vizinho do Mundo
4.0 499 Assista AgoraE aqui o trailer me enganou direitinho. Esperava de fato uma daquelas comédias escrachadas, bem piadas quinta série com o personagem mal humorado e etc. Mas fui positivamente surpreendido por um drama forte sobre a forma como nossas relações podem nos dar novos significados e objetivos, mesmo quando achamos que a vida acabou. Ainda há algumas doses pontuais de humor, mas de forma geral esse é um filme que vai lhe pegar pelo seu forte sentimentalismo.
Não conhecia o livro e o filme sueco, então também fiquei surpreso por algumas cenas. Logo, é necessário alertar que há coisas que podem despertar gatilhos emocionais. A carga dramática é bastante elevada. Não são cenas irresponsáveis (não há nada violento ou coisa parecida), mas que servem para a trama mostrar como o Otto é um homem com raiva do mundo e que está sofrendo. O filme precisava inserir o Otto em lugares emocionais complicados, que podem ser sensíveis para o espectador... então é bom deixar como aviso.
Esse sofrimento do Otto é muito bem explicado, e o roteiro é sensível e bonito na forma como aborda o passado dele Os personagens de apoio também possuem suas próprias questões e cada um tem um bom espaço de tela, dando mais profundidade à obra.
Otto é um homem quebrado, mas que no fundo ainda deseja viver. Acho que muitos conseguem se identificar com isso. Ele tem essa tristeza que parece nunca ir embora. Mas as vezes a vida se encarrega de nos dar as pessoas certas que podem nos salvar, e nos mostrar que há mais do que o mundo preto e branco. São nesses momentos de pura imprevisibilidade que mágicas acontecem, amizades impossíveis são criadas e nós despertamos para continuarmos de onde paramos.
Argentina, 1985
4.3 336Ditadura nunca mais!
A América Latina viu vários regimes ditatoriais emergirem ao longo da segunda metade do século XX, muito também potencializado pelo esforço dos EUA em ganhar espaços de influência (lembremos: contexto da guerra fria com a URSS). Opositores tiveram seus direitos políticos caçados, pessoas eram perseguidas, torturadas das maneiras mais desumanas possíveis e assassinadas, tudo em nome da dita "proteção nacional" que não passava de um sadismo e uma necessidade de impor um sistema de poder baseado na força e intimidação.
O filme é uma forma de exaltar as memórias daqueles que foram perseguidos pelos militares na Argentina, para que ninguém esqueça dos desaparecidos e para que a justiça seja feita. Os relatos dos personagens são emocionantes porque sabemos que são dolorosamente reais, que aquelas situações ocorreram na realidade de formas muito piores. Podemos ler, podemos ver esses filmes e esses documentários, ouvir depoimentos de sobreviventes dos porões de tortura... mas nunca entenderemos a intensidade da dor que aquelas pessoas sofreram em seus corpos, ou por terem perdido parentes e por não se sentirem acolhidas por um Estado que deveria protege-las.
As condenações não foram o suficiente. Elas não fizeram justiça ao povo argentino. Quando pesquisamos sobre, alguns receberam até indultos do presidente Carlos Saúl Menem em 1990 (anos depois, foram novamente sentenciados).
"Argentina, 1985" nos mostra aquilo que sempre devemos combater: o discurso fascista, os crimes contra a humanidade e o ódio ao diferente. Nos mostra que é preciso lembrar do passado, respeitar as memórias e, acima de tudo, exaltar a democracia e o livre pensamento. Mas esse é só um filme que nos dá essa dimensão. A real mudança começa quando entendermos a importância da educação e da História para a formação de uma nação, para que crimes contra a humanidade não sejam relativizados (como infelizmentes vimos acontecer durante o próprio regime militar no Brasil e nos últimos quatro anos através de um governo que estava rindo enquanto pessoas estavam morrendo numa pandemia). Infelizmente ainda há muitos defensores dessas atrocidades... mas a História sempre se encarrega de coloca-los no seu devido lugar de insignificância.
"Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça
DITADURA NUNCA MAIS!"
The Outwaters
1.8 77Ah, a força da boa publicidade, né? Tantos sites noticiando que pessoas "passaram mal" com esse filme, vi até youtuber que acompanho falando para "se preparar" para ver esse. E por um lado eu compreendo, cada um com sua sensibilidade. Mas para quem já assiste esse tipo de obra, percebe que "The Outwaters" não tem absolutamente NADA demais. Talvez a última cena seja a mais forte, mas a única coisa que pensei foi na quantidade de molhos de tomate gastos para fazer aquilo.
Uma história que demora muito para começar (o filme poderia facilmente ter trinta minutos a menos), que não sabe como apresentar seus personagens e que em seu desenvolvimento se mostra ainda mais confusa. Entendo que é found footage, mas é tudo muito escuro e os manuseios mal feitos da câmera dificultam qualquer entendimento. E, eu não sou diretor... ora, só vejo os filmes! Mas, vem cá... Não acho que found footage era pra ser como foi feito aqui.
"Ah, mas é uma experiência e..." tá, beleza. Guarde esse discurso pois ele não me interessa. Esse filme não é uma boa experiência sob nenhuma ótica possível. É apenas... ruim. Bem ruim. Ao ponto de que quase chega a ser engraçado.
A Sorte Grande
3.4 89 Assista AgoraÉ o típico filme sobre redenção que já vimos muitas vezes, e nem por isso é menos confortável. Curti bastante.
Blonde
2.6 442 Assista AgoraAcho que ha obras que são feitas somente com o objetivo de chocar e causar polêmica. "Blonde" se encaixa perfeitamente nessas categorias. Eu poderia ter comprado a ideia de uma abordagem mais sombria sobre uma das maiores personalidades do século XX se o roteiro e a direção não fossem tão... preguiçosos e vagabundos. Não encontro outras palavras para definir essa atrocidade.
Tudo aqui, absolutamente tudo, é feito para chocar e causar espanto, enquanto há uma clara diminuição na imagem da Marilyn como uma mulher. E o pior é que o filme o faz de uma maneira como se ela de fato tivesse sido assim durante sua vida inteira: uma pessoa desequilibrada, inconsistente e louca por atenção. E sim, ela teve problemas em sua vida particular. Mas a maneira como este roteiro podre conduz sua história, me pareceu uma exaltação a esses problemas e um desejo de mostra-la como um um ser abjeto.
Trabalhar a dramaticidade não significa expor sucessivas cenas de sofrimento na tela durante quase três horas. Mas esse filme não entende isso. Ele vai se tornando mais confortável em expor as dores de sua protagonista, em mostrar ela se submetendo a coisas absurdas que apenas a deixam mais frágil.
Particularmente, não posso dizer que sou fã da Marilyn. De fato, não conheço tanto de seus trabalhos (algo que preciso corrigir), somente aquilo que já adentrou na nossa cultura e algumas cinebiografias. Mas me incomoda ver tamanha distorção da realidade com o objetivo de exaltar o sofrimento. Esse filme é esquecífvel.
Aftersun
4.1 714Aftersun é uma experiência bastante intimista, o que é algo que gosto bastante, mas aqui em particular confesso que não consegui me conectar muito bem devido ao ritmo que me deixou bastante incomodado em várias partes.
Ponto forte da obra é a maneira como o roteiro trabalha a melancolia contrastando com os momentos mais felizes dos personagens, com um sabendo o que o outro está pensando. O Calum ama a filha dele e só quer deixar boas lembranças para ela, mesmo que sua tristeza seja algo bastante visível para Sophie. Mas ele é um pai, e aqui o filme foi bastante feliz na maneira como representou uma paternidade presente e preocupada com o futuro da filha, e que ele se sacrificaria e colocaria seus próprios sentimentos de lado para priorizar os de Sophie. Mas a garota vê o pai, enxerga ele claramente e o peso mental que o mesmo sofre. É uma relação bonita, de cumplicidade e companheirismo em todas as horas, algo que a Sophie do futuro definitivamente não esqueceria.
Viver
3.3 76Bill Nighy gigante. Embora a obra seja simples, o ator a carrega de uma forma graciosa e emocionante. É de uma sensibilidade muito bonita. Incrível.
Top Gun: Maverick
4.1 1,1K Assista AgoraÉ, não tem como: isso aqui é perfeito. "Top Gun: Maverick" consegue voar alto e de forma brilhante, tanto em seus aspectos técnicos quanto em sua história. O roteiro realmente conta algo que vai além das cenas de ação áereas e nos aproxima dos seus personagens de uma forma sensível e envolvente.
Gosto muito do Miles Teller, acho que ele possui um talento sem igual e, embora não tenha mostrado tudo aqui, o ator se conecta bem com o Tom Cruise e cria uma boa fórmula para a trama. Também curti muito a Jennifer Connelly, com uma personagem que deu um ar mais leve para a vida do Maverick. Este, por sua vez, continua carregando a culpa pelo que aconteceu no primeiro filme. Devo dizer que a maneira como essas cenas mais dramáticas foram trabalhadas nessa sequência me convenceram mais do que todo o primeiro Top Gun. Mas entendo que são décadas que separam as duas obras, e momentos diferentes do cinema e na abordagem de enredo dos filmes desse gênero.
A direção é um espetáculo, aproveitando muito bem as belíssimas paisagens como plano de fundo e tendo um jogo de câmeras que não deixam o espectador perdido em meio a tantas manobras. Ponto positivo para a maneira como exploraram esses cenários.
O filme funciona demais. Fiquei realmente surpreso pois não esperava que fosse gostar tanto (uma vez que também não fui muito com a cara do primeiro). O tempo fez muito bem para Maverick.