Se o objetivo foi fazer fã soluçar de tanto chorar com o final, então foi cumprido com sucesso.
Se o objetivo foi passar uma reflexão sobre crescimento e amadurecimento, também foi cumprida com sucesso.
Posterguei o máximo que pude para ver esse filme, pois sabia o quão emocionante ele seria - e não sabia se estava exatamente preparado para isso. O "Tri" me trouxe alguma nostalgia, mostrou outros lados dos personagens, mas no geral me pareceu um enredo confuso. Esse filme, sim, consegue ser objetivo e ainda dramático nas doses corretas. Igual a muitos, vi Digimon quando criança. E agora, adulto, vendo esse filme, foi como se eu estivesse acompanhando a vida desses personagens que tanto aprendi a amar. E foi pesado o momento de dar adeus... mas talvez, apenas talvez, esse não seja definitivo. Digimon nos ensinou a ter esperança no futuro e a nunca desistir de algo, não importa o quão difícil ou os sacríficios que teremos de fazer em nossas vidas. Nós acreditamos. E isso basta.
As vezes os filmes com as premissas mais "sem noção", mais "ridículas", podem lhe arrancar várias bons pensamentos. Esse é um desses filmes. Leve, com algumas piadas bobas, mas com um baita ensinamento: as verdadeiras amizades, não importa o tempo que passe, permanecem na sua vida. E as vezes só isso basta. Não existe idade para se divertir com quem amamos, para passar horas jogando conversa fora ou mesmo revivendo aquelas brincadeiras que nos deixavam felizes quando crianças.
Maturidade?! É apenas uma palavra. As vezes muito vazia, sem gosto, sem vida. Passamos rápido por aqui, quando notamos já estamos quase sem tempo... então que aproveitemos de todas as melhores formas possíveis.
Quando falamos "rico tem mais é que se f&#¨!%@r" é mais ou menos isso aí.
É um filme interessante, que aborda pontos relacionados a desigualdades sociais, de como a "elite" vê minorias, as pessoas pobres e etc. Expõe, de forma sangrenta e com um humor ácido, um "embate" entre classes. Tem vários problemas (desde atuações não convincentes até uma direção com momentos problemáticos - tais como cortes mal feitos), mas ainda serve como algo interessante para pensar sobre como os ditos poderosos imaginam pessoas que não fazem parte do seu ciclo.
(Edit: outra questão interessante é sobre como criamos "verdades" na internet; de como mentiras, são facilmente disseminadas e do que é real ou não)
Prefiro acreditar que todo esse clichê foi um grande delírio. Péssimo: diálogos ruins que se originam do lugar comum; frases de efeito inseridas em péssimos momentos; atores sem a mínima dinâmica, e personagens inseridos que são esquecidos na trama ao final.
Teve um potencial para ser algo bem melhor, talvez com uma abordagem mais obscura, com um forte teor de suspense, ter direcionado o roteiro para outro lado. Mas no final foi só mais um filme de ação sobre vingança. Nem a parte sobre
Altas doses de sensibilidades, atuações certeiras e um roteiro simples fazem de "Milagre na Cela 7" um filme emocionante. Chorei bastante, principalmente nas últimas cenas. É uma obra que passa uma mensagem poderosa sobre a injustiça de alguns (tão cegos pelo ódio, incapazes de ver a verdade) e a capacidade de fazer o bem para outros. O final pode parecer "clichê", mas particularmente funcionou bem para mim.
sobre o Yusuf, pois não me ficou claro que Ova era neta dele (até terminar o filme, pensei que ele havia se sacrificado com o pensamento de se redimir pelo que havia feito). Mas ele ser avô dela faz sentido, e penso ser uma boa saída do roteiro.
O filme levanta algumas críticas sobre religiões e crenças, e isso o torna interessante (penso até que foi o seu foco). Mas de maneira geral, é somente "bom". Fui ver pensando ser algo mais sobrenatural, porém acabou sendo um filme mais "pé no chão" (diante do contexto de filmes que abordam essa temática).
“Parasita” é um filme coreano que traça um retrato cru sobre duas famílias, denunciando a forte desigualdade socioeconômica. O filme começa mostrando a família de Ki-taek, desempregados e sem perspectivas de um bom futuro. A situação muda quando seu filho se torna tutor de uma garota da família Park, donos de uma grande empresa. Logo, o filho (Ki-woo) se infiltra no ambiente e consegue empregos para toda sua família, mas através de outros meios. Isso vai desencadear uma série de acontecimentos que colocarão questões morais e sociais e como essas duas famílias encaram o mundo.
A obra é belíssima. Esse contraste entre cenários é feito através de momentos dramáticos e cômicos, muito bem equilibrados – estaria mentido se não comentasse que, de fato, em alguns momentos ri com bastante nervosismo de algumas situações. Os personagens produzem um debate sobre a sociedade das aparências e o quão longe nós podemos chegar para sobreviver. Há planos desconfortáveis e cenas inesperadas, o que torna a experiência ainda mais profunda.
Num mundo onde os ricos detêm o poder, temos a família KI-taek, pobre e vivendo em uma espécie de porão muito apertado, que usa de artifícios nada agradáveis para alcançar seu objetivo. O roteiro foge completamente de estereótipos e vai modificando as personalidades dos personagens, mostrando que de fato não há “mocinho” nesse filme. As ações de Ki-taek, Ki-woo e sua família são completamente reprováveis, mas por outro lado é impossível não se sensibilizar com os mesmos ao analisar sua situação.
Ao mentir para os Park, KI-taek e Ki-woo passaram a agir enquanto “parasitas”, ou seja, se alimentando do outro, convivendo dentro de seu cotidiano e aproveitando-se dos seus recursos. Porém, o mesmo podemos dizer dos grandes empresários – aqui representado na figura do pai família Park -, que ficam milionários com o suor de seus empregados. O “Parasita”, que dá nome ao filme, pode ser interpretado aqui tanto para as empresas que exploram a força do trabalhador quanto para a família Ki-taek que passa a controlar uma outra casa aos poucos.
O debate sobre desigualdade social está presente em toda a obra, feito de maneira inteligente e alcançando o que para mim foi seu ápice no momento em que ocorre uma chuva enorme e a casa da família Ki-taek fica alagada. Eles dormem em um abrigo. No outro dia, enquanto uma mulher rica pensa no que vai vestir, o diretor corta para a cena do abrigo em que pessoas vítimas das chuvas procuram roupas para usar. Esses cortes do diretor entre uma cena e outra, feitos da maneira precisa, evidenciam uma realidade alarmante, uma em que até mesmo o cheiro de uma pessoa incomoda. Em várias cenas, a família Park reclama do cheiro da família de Ki-taek. Outra cena capaz de causar revolta é quando a esposa da família Park diz ao telefone, no carro, que “o céu está azul e sem poluição graças a chuva de ontem” e que havia sido uma benção, enquanto Ki-taek, o motorista, que perdeu o pouco que tinha exatamente devido a essa chuva, ouve tudo.
Carregado de símbolos e metáforas – por sinal, a palavra favorita de Ki-woo – “Parasita” não é um filme silencioso. Ele deixa de lado qualquer sutileza. Vai direto ao ponto e passa muito bem sua mensagem. O último ato da obra é completamente aterrorizante e possui algumas cenas fortes, o que aumenta a sensação de desconforto, ainda que seja muito surpreendente. Existe um misto de tristeza e felicidade nas últimas cenas da família Ki-taek. É realmente algo difícil de descrever, mas que mostra o cuidado ao administrarem seus personagens ao ponto do espectador se importar com eles (mesmo após tudo o que fizeram de errado). Mas ao final, a obra produz uma série de pensamentos sobre nosso próprio contexto social, conduz muito bem o suspense, o drama os tons de comédia (mesmo que este último claramente não seja seu foco) em uma trama série e com partes assustadoras. Certamente um dos melhores filmes do ano.
Eu vivi o significado da palavra "épico" ao ver "Vingadores: Ultimato". Aliás, vai além do épico. Foi emocionante, foi corajoso, foi engraçado, foi brilhante... foi HISTÓRICO! Cada minuto foi uma homenagem ao universo Marvel. Sim, o filme é tudo o que estão dizendo e ainda mais. Eu chorei e ri. Comemorei, gritei e aplaudi junto com a galera (que sessão massa essa que tive a sorte de estar). E ali, vários fãs reunidos, pudemos ver o impossível acontecendo e a magia Marvel fluindo em um grande enredo. Todos os personagens tem uma cota de importância, e os sacrifícios fazem parte da jornada... as vezes para renovação, as vezes para o puro fim.
Vingadores prova mais uma vez que é possível equilibrar drama, comédia e super-heróis no cinema, com toques de uma vibrante ousadia. Por sinal, é um filme que em sua essência apresenta toda a ideia de heroísmo, do pensamento no bem maior (custe o que custar). O roteiro foi imensamente feliz, bem amarrado (e que incrivelmente "fechou" 10 anos de um universo), e a direção dos irmãos Russo não é nada mais que brilhante. Eles tinham uma grande responsabilidade em mãos, executaram e entregaram uma obra artística que faz qualquer fã, de qualquer idade, se emocionar.
E eu estou feliz. Feliz porque pude participar disso, sentir a história junto com milhares de outras pessoas. Ultimato fechou um ciclo, algo que se iniciou em 2008. E fechou de forma poética, brutal e sensível ao mesmo tempo, pois há aqui a velha imprevisibilidade. E eu me sinto feliz por ter visto tudo isso acontecendo.
Não tenho estrutura para fazer um texto mais bem elaborado, ou falando das incríveis partes técnicas (dos efeitos visuais extraordinários e da pontual e bem executada trilha sonora). O filme me deixou positivamente devastado, cheio de perguntas, um tanto que esperançoso por esse novo futuro cheio de (im)possibilidades. Ao final, foi realmente um misto complexo de emoções. É uma obra completa e corajosa do início ao fim. Obrigado, Marvel.
O filme em si é mediano, com diversos diálogos e cenas batidas, embora a trama seja interessante - porém, emocionalmente rasa. Não há de fato como se conectar com os dramas dos personagens, com suas histórias. O Bruce Willis de fato consegue se destacar, e sua dinâmica com o Richard Gere é até boa. Ele praticamente "carrega" o filme inteiro.
(Entendo que é um refilmagem, que por sua vez é baseado num livro. Mas esse filme em específico não conseguiu me prender o suficiente.)
"US" é o novo filme de Jordan Peele, mesmo diretor do fantástico "Get Out" (Corra). É um legítimo filme de horror, mas sem apelar para as características batidas do gênero. Peele, que ainda produziu e escreveu o longa, constrói sua narrativa de forma inteligente e sedutora, convidando o espectador à participar da trama. Esse é sem dúvidas um filme que vai lhe fazer criar teorias enquanto assiste, pois embora explique bastante, ainda há muito no roteiro para que nós possamos descobrir. Ou seja, o filme deixa espaço a vontade para sua imaginação.
Mas, em sua essência, "US" consegue ser perturbador. Há várias simbologias e metáforas dentro do filme, mas tudo foi muito bem amarrado - inclusive as cenas iniciais. Estas, devo destacar, podem causar estranhamento, porque de imediato pensei "qual a relação dessa propaganda com o filme? O que diabos é isso afinal?". Porém, nada foi simplesmente "jogado". TUDO tem significado na teia criada por Peele, que torna a obra complexa, difícil de digerir, mas ainda assim excitante.
O filme trabalha com a questão de sósias, duplos, e a forma como o faz é diferente de qualquer coisa que eu já havia visto, pois é como se de fato existisse um outro mundo com nossas réplicas, mas sem nossas experiências. Esse filme nos faz pensar - especialmente após a grande revelação no final - que nosso meio, nossas relações e experiências, moldam nosso comportamento. Então em partes é um filme sobre a relação homem-meio. Em outra, não podemos deixar de lado a marca já conhecida de Peele em fazer grandes críticas sociais. US também pode significar "United States", o que leva a pensar se o nível de violência e as barreiras formadas por pessoas - que mais lembram uma espécie de muro do que alguma união entre povos -, são críticas ao contexto atual dos EUA. Em determinado momento, quando perguntados quem eles são, uma réplica solta "somos americanos".
A obra também joga com as nossas próprias hipocrisias, ao tentarmos esconder nossos próprios defeitos e o lado negativo da personalidade. Não que fosse novidade, mas ainda é algo que vale pensar sobre. Também há críticas sobre segregação social, mas não tão expostas. Aqui, há a grande diferença para "Corra": enquanto este se pauta numa grande crítica sobre o preconceito racial, US não segue esse caminho.
Peele mistura como ninguém as cenas de bom humor, piadas mais ácidas com momentos de tensão. Nesse ponto, se destacou Winston Duke, que segurou bem o lado cômico. Nossa querida Lupita Nyong'o está fantástica, e nos entrega uma atuação cheia de expressões, facetas difíceis que passa a sensação que de fato a personagem está no limite. Ao fazer a voz de sua réplica, consegue ser surreal de tão assustador. Outra que brilha, embora por pouco tempo, é Elizabeth Moss, que protagoniza uma das cenas mais inquietantes e que mostrou sua incrível capacidade de rapidamente modificar sua expressão.
"US" é um filme difícil, e merece ser visto por mais de uma vez. Ele carrega muitos significados e símbolos, e toda pequena parte do roteiro é importante. Jordan Peele não poupou criatividade aqui, e de fato produziu mais uma grande obra.
Bom filme, cenas de ação do começo ao fim, com belos espetáculos visuais e revelações mais que interessantes. Brie Larson entregou uma personagem sólida, foi segura em sua mensagem. Realmente não foi nada grandioso, mas cumpriu muito bem o objetivo de um filme de introdução no universo cinematográfico. A dinâmica da atriz com Samuel L.Jackson dá um tom mais leve e divertido ao roteiro - e considero que até diferenciado do que a Marvel estava fazendo -, onde podemos ver um Fury que não está carregando o peso do mundo nas costas. O roteiro foi muito feliz em algumas mudanças, mas senti que falhou muito em transmitir o que foram os anos 90 - se limitou a algumas músicas e usos de tecnologias da época, que não foram ruins, mas eu esperava mais.
O Jude Law foi, particularmente, uma decepção no campo de atuações. Não havia presença nele. Não, não o acho um mau ator. Muito pelo contrário. Apenas penso que nesse filme em específico, ele não funcionou muito bem.
Ponto positivo: uso dos flashbacks. Gosto muito desse recurso na narrativa, e o filme soube aproveitar bem ao ponto de mostrar, mesmo para aquele que não está familiarizado com o universo das hqs ou de filmes de super-heróis, quem é a Carol Danvers. Tem uma metáfora interessante aí de tudo que a maldou, que fez ser essa mulher forte e corajosa.
E aqui, entra meu último ponto: não deixe ninguém dizer que esse filme não importa. Mesmo que você não goste, entenda: esse é o segundo filme, nessa nova leva de filmes de super-heróis, protagonizado por uma mulher. Pense nas milhares de garotinhas que vão ao cinema, e que vão crescer com mais essa feliz influência, e nas mulheres que se vêem excluídas e abusadas. Esse filme pode ajudar na reconstrução de uma autoestima, pode reanimar qualquer interior quebrado. Então é um filme extremamente importante e necessário para os nossos tempos, para combater todo o ódio e violência que acomete mulheres dia após dia. Vamos compreender que arte, politica e sociedade se encontram, e em tempos tão intolerantes, em que mulheres são acordadas aos socos de uma masculinidade frágil, é preciso dar voz às questões dos grupos historicamente excluídos.
É um bom filme de introdução, apresentando uma personagem extremamente poderosa (definitivamente não vimos nem metade do que ela é capaz de fazer), com um potencial para se expandir e expandir o universo cósmico da Marvel.
Primeiro: ninguém está chorando porque Green Book venceu como melhor filme. Particularmente não choro por pouca coisa. Segundo: discorda do outro sujeito? Vai lá dialogar, mostrar seus pontos, dizer "olhar, mas eu não acho que o filme seja isso ou aquilo por motivo tal". Nada de errado nisso. Evita interpretações erradas, evita discussões desnecessárias. E terceiro: é sempre bom repensar o que assistimos, ver com outros olhos, e aprofundar o roteiro, ir além do que o filme nos apresenta.
Chamaram o Spike Lee de "diretorzinho"... ai não, né. É desconhecimento absurdo sobre cinema, e não "opinião". Ao dizer isso, você está ignorando grandes contribuições culturais. Eu entendo a indignação dele: Green Book não merecia, da maneira como vejo, levar o prêmio de melhor filme. É um bom filme? Sim, é. Tecnicamente falando é ótimo, e tem duas grandes atuações. Mas é um filme que também explora o lado de como os brancos, historicamente, falam para e sobre os negros sobre a sua própria cultura, ainda mantendo sim a imagem do "homem branco protetor" ou "salvador", tal como estão colocando e eu particularmente concordo. Bem no fundo, o filme coloca exatamente esses pontos.
Não, não estou impondo minha vontade. Não, não sou crítico de cinema. Não, não estou "lacrando" ou de "mimimi". Você não é obrigado a concordar comigo. É uma pequena revisão de História: o homem branco por séculos dominou e abusou agressivamente os homens e mulheres negras e escreveu a sua História da maneira e forma como quis, reprimindo toda uma rica cultura que, ainda hoje, é infelizmente bastante combatida. Nós temos uma grande divida histórica com o povo negro.
Dito isso, talvez alguns pensem que "Green Book" poderia ser mais um filme que ajudaria, mesmo que de forma muito, muito, muito pequena, nessa caminhada. Será? Da maneira como vejo, penso que não. Continuo defendendo que foi um filme com o típico "herói branco", que joga com estruturas racistas ao estereotipar, e, portanto. excluindo a individualização do personagem (como na cena com o frango frito, e quando o personagem do Viggo diz que é mais negro que o Don). A própria família de Don Shirley (que não, eu não conhecia) falou sobre essas questões, de que o filme o colocava como uma pessoa alienada aos problemas da comunidade negra. Então creio que há algo a se repensar aí.
É um filme que explora o relacionamento de dois homens bem diferentes, e ambos são extremamente bem interpretados - e tenho um grande carinho pelos dois atores. Tem situações racistas que são bem exploradas, e que definitivamente não estão distantes da realidade dos negros. É um bom filme, mas tem esse grande "porém" de enaltecimento ao homem branco enquanto um protetor e herói.
Merecia ter ganhado o Oscar? De forma alguma. Na questão de combate ao preconceito racial, "Infiltrado na Klan" e "Pantera Negra" se saíram bem melhor. Mas é isso. Ganhou. Quantas vezes não questionamos as decisões da academia? Para mim, vai se tornar um filme esquecível no cenário, enquanto os dos "diretorzinhos" vão continuar relevantes pelo nível de impacto.
De toda forma, concluo dizendo que comentar aqui no Filmow se tornou algo hercúleo, que exige muita paciência e força. Maior parte dos comentários fala em "lacração", algumas pessoas monitorando para depois rebater com ofensas. Ninguém é obrigado a concordar com ninguém. Não concorda comigo? Ótimo. :)
Engraçado, com um tom de drama até bom, e uma pegada de ficção científica - e o terror/suspense aqui definitivamente não parece ser o foco. O segundo filme expandiu a história e misturou vários elementos, e o resultado foi algo bem divertido de assistir.
É tudo o que estão falando de positivo, e entrega ainda mais.
O formato da animação é diferente, sendo basicamente estruturada enquanto um quadrinho. A inserção de "balões de fala" e de pensamento foram sacadas que considerei geniais, e deixou todo o filme bem mais dinâmico e ainda mais esteticamente atraente. A trilha sonora lembrou bastante o aspecto urbano que ronda o herói.
A apresentação de cada um dos personagens também foi realizada de forma muito divertida - também remetendo ao que ocorreu nos quadrinhos, em "Aranhaverso" e na própria série Noir (que aqui no Brasil foi publicado pela editora Panini). Para quem leu e é fã das HQs, sentiu a nostalgia. Mas mesmo diante dessa forte ligação com os quadrinhos, o filme é feliz em termos de explicar várias nuances do Aranha, até mesmo para quem não o conhece tão bem.
É um filme que vai do drama à comédia, que consegue te fazer rir e se emocionar com facilidade, com temáticas que exploram relações afetivas e superação de dificuldades.
O Miles já é um personagem adorável nas HQs, e isso também é passado no filme. É fácil gostar dele. Aqui ainda está cheio de inseguranças quanto ao seus poderes, com sinais da "crise de identidade" adolescente, mas mostra força e potencial mais que suficiente para ser esse incrível Homem-Aranha.
Não é para provocar, pois também amo as animações da DC, mas esse filme aqui apareceu para provar que também há animação de qualidade na Marvel.
Vale muito ver mais do Miles, e estou feliz pela confirmação da continuação pois.
Filme baseado em fatos reais sobre o nascimento e desenvolvimento da organização Wikileaks, mais precisamente centrado na complexa figura de seu fundador, o ativista Julian Assange. Em 2010, a organização, em conjunto com vários portais da grande mídia, publicou o “Registros de Guerra do Iraque”, relatórios sigilosos que continham um grande número de dados, e expondo que o número de civis mortos foi muito maior do que o divulgado pelos EUA. A Wikileaks protagonizou o maior vazamento na História militar dos EUA, expondo informações à população que, até então, pertenciam apenas ao governo. O Wikileaks também expôs parte dos mais de 90 mil documentos, que entre eles comprovavam crimes de Guerra na ocupação dos EUA no Afeganistão.
Ainda em 2010, vazaram correspondências diplomáticas dos Estados Unidos. Ao todo, foram 250 mil documentos, envolvendo informações confidenciais sobre outros países, sobre os interesses dos EUA, o nível de monitoramento, nomes perseguidos por seus respectivos governos, locais vitais para segurança nacional, conversas sobre atuação de chefes de Estado – que foram de cunho profissional ao pessoal -, preocupações dos EUA em relação aos seus aliados, e... segredos e mais segredos (tem essa matéria aqui, bem interessante, caso queiram recapitular: https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2010/11/30/veja-o-que-ja-foi-divulgado-nos-documentos-vazados-no-wikileaks.htm).
Sobre o filme: embora o ritmo dele possa incomodar um pouco – as vezes rápido demais – ele passa uma reflexão de suma importância sobre a informação e até mesmo sobre o modo como se faz jornalismo: Quem pode ter acesso à informação? E porque guardar arquivos que a população deve saber? Quais são os limites da informação? Quer dizer, eles existem? Até que ponto vai minha liberdade para expor grupos, famílias e governos? Sei que pessoas poderão se machucar com meu ato de vazar uma informação “sigilosa”... então será que devo permanecer fiel ao que acredito, sabendo que haverão prováveis baixas, ou “editar” o conteúdo ou simplesmente deixa-lo? Posso universalizar meus preceitos morais?
Particularmente, acredito que a informação é de todos, e logo acredito na necessidade de sua transparência – pois somente assim será alcançada alguma liberdade diante das amarras governamentais. Porém, o ponto é que o Wikileaks não editava documentações: os postava da maneira como os obtinha – o que certamente faz parte do conjunto de transparência que Assange acredita. Há um compromisso em expressar uma verdade, lealdade a uma causa. Nossos governos não podem determinar o que podemos ou não ver, ler e ouvir.
Esse filme me deixou num estado de ânimo, por pensar que de fato há pessoas lutando para que mais uma realidade apareça, para que essas verdades não continuem escondidas pelos donos do poder. Pode soar paranoico? Creio que não. Nada de teoria da conspiração aqui. Mas depois de milhares de arquivos confidenciais contando detalhes sobre ações arbitrarias, sobre políticas de países vizinhos, aliados e ““inimigos””... você é capaz de bater no peito e dizer “confio no meu governo e sei que ele faz o que é certo”? Talvez difícil mesmo é notar que ainda há milhares de pessoas que realmente fazem isso, e outras milhares que estão nascendo na era das “fake News”, onde não há criticidade sobre a fonte do que se é lido e disseminado.
O Quinto Poder é um drama bastante envolvente, e eu diria muito necessário para nossos tempos em que notícias falsas e manchetes fáceis tomam mais espaço na mídia. É uma obra que tem o poder de deixar qualquer um inquieto, pensando em qual sociedade vive e como ela será no futuro. O Wikileaks bateu nas grandes corporações, nos grupos mais poderosos e na própria mídia manipuladora, e incentivou que outros grupos subversivos fizessem o mesmo, e estimulou pessoas comuns a procurarem e exigirem respostas. E, indiscutivelmente, você gostando ou não, criou uma nova revolução, uma em que todos se tornaram protagonistas, e abriu as portas para ressignificar a liberdade de expressão, a transparência e a própria democracia.
O filme trata sobre a construção de um político sem escrúpulos, que buscou o poder pelo poder, e para isso usou de ferramentas absurdas e de um elevado nível de maldade - até mesmo contra sua própria família. Dick Cheney é, definitivamente, um ser detestável, porém uma figura que produziu um novo sentido para a palavra e o cargo de "vice": de algo puramente simbólico para o intensamente participativo e manipulador.
Grande destaque para o Christian Bale, que mais uma vez surpreende com toda a mudança física e no comprometimento em entregar uma atuação impecável. Amy Adams, em seu pouco tempo de tela, consegue passar a imagem de uma mulher forte, uma personagem que impulsiona Cheney a ser algo maior. A dinâmica de debate sobre o poder entre os dois é realmente bem feita.
O formato de filme-documentário, e por vezes quebrando a quarta parede, foi muito interessante, e deu um tom mais ácido ao filme. E as metáforas (da pesca, de "fisgar" um peixe, o que pode ser entendido como o próprio ato de manipulação) foram felizes. A crítica à chamada "Guerra do Terror" orquestrada pelos EUA é mais que evidente, e aqui o Adam McKay expõe todo o seu - e também nosso - descontentamento com uma política tão abusiva, tão absurdamente violenta, mas com claros interesses econômicos. Aqui, o diretor mostra o quanto que os Estados Unidos aborda agressivamente outros países impondo à sua população falsos motivos.
É um bom filme em que podemos conhecer muito sobre a história recente dos EUA e suas relações internas e externas, e essa figura controversa que é Dick Cheney.
"Roma" é um filme sensível, real e muito bonito. Nos leva a pensar sobre o nosso próprio cotidiano, através de uma história simples e bem construída. A direção de Alfonso Cuarón é de encher os olhos, captando e passando para o espectador um sentimento de melancolia e nostalgia, e a decisão por deixar o filme em preto e branco eleva sua beleza. O movimento das câmeras revela uma suavidade, que dá um tom mais aberto à obra.
O que também chama atenção no filme é a temática sobre desigualdades sociais, sobre abandono e reestruturação familiar. O roteiro mostra que tudo pode ser incerto, que em alguns momentos possuímos algo, e no outro já não o temos. São os movimentos, voltas e mais voltas que a vida nos oferece. De maneira muito simbólica, Cuarón consegue mostrar o quanto tudo é transitório, o quanto somos feitos de "momentos", de alegrias e de tristezas. E em todos esses momentos, os personagens estão ligados, eles se ajudam, há um elo que permite que todos possam ter um misto de sentimentos, que varia de revolta ao carinho e o amor.
É bom lembrar que o filme é uma espécie de autobiografia de Cuarón, e se passa durante a década de 1970. Logo, o próprio diretor nos convida a visitar muito da sua infância, de sua cultura e também das tragédias (tal como é rapidamente representado o "Massacre de Corpus Christi" que ocorreu em 1971). Assim, ele captura espíritos do seu tempo, nos mostra o seu passado, e o passado do México.
O grande destaque foi, sem duvidas, a Yalitza Aparicio, que interpretou a Cleo. Ela nos presenteia com uma atuação emocionante, profundamente e, em vários momentos, dolorosamente real. A câmera focando em seu semblante revela uma mulher que viveu muito, e tem muitos sonhos para viver. Particularmente, seria uma grande injustiça se ela não vencesse o Oscar de melhor atriz.
Creio que cada um consegue se identificar um pouco com "Roma", com a expressão do cotidiano. O filme está merecendo todos os prêmios que estão sendo indicados. Alfonso Cuarón mostra mais uma vez o porque é um dos melhores diretores do nosso tempo.
Drama sobre racismo e com uma mensagem de luta poderosa. A história acompanha uma jovem que viu seu melhor amigo sendo assassinado por um policial. Assim, "The Hate U Give" também traz uma reflexão sobre a arbitrariedade policial e a violência desmedida direcionada aos negros - um racismo histórico. O filme mostra que para um homem negro num bairro pobre, a regra é "atire primeiro e pergunte depois", o que definitivamente não está distante da realidade.
A protagonista Starr Carter (Amandla Stenberg) vive em dois mundos, evitando que eles se encontrem: o da escola particular organizada, em que é a "Starr 2.0", e a realidade de seu bairro. Aos poucos ela nota as atitudes racistas mascaradas, o que a faz questionar sobre seu lugar e suas atitudes. Nesse sentido, é mostrado como ocorre as apropriações culturais, no caso da cultura negra, em que pessoas brancas acham que sabem e sentem o mesmo que os negros.
Uma coisa que me chamou atenção foi a cena inicial: o pai da família está em uma mesa, ensinando aos seus filhos pequenos como devem agir em caso de serem parados pela polícia. É essa a ficção que encontra a realidade, e que achamos entender. O racismo, a violência física, verbal e psicológica vem de todo um conjunto histórico, e ainda há quem pense que "isso não existe" ou mesmo comece a falar na idiotice chamada "racismo reverso".
O filme tem uma narrativa simples, mas não é demérito pois as mensagens são bem construídas e as temáticas muito efetivas - extremamente necessárias. Ele cria um elo com o espectador, pois é impossível não se emocionar em vários momentos, e sentir uma dor enorme por saber que realmente há pessoas passando por tudo isso.
O filme é absurdamente brega (e isso poderia ser algo bom, mas aqui é extremamente ruim) e excessivamente patriótico - o que não é uma crítica, até porque foi feito para exaltar uma imagem. Tem algumas cenas boas, mas o roteiro cai em diálogos horríveis, beirando ao mecânico, sem falar em algumas situações nada novas e motivações não explicadas dos personagens.
Filmes assim sempre me deixam com o coração apertado. Sou fácil de chorar quando o drama envolve música, e "A Voz do Coração" é uma obra "afinada" em sua sensibilidade. Belo filme.
Usam o livro como resposta devido as semelhanças com "Um Lugar Silencioso". Tudo bem: veio antes desse filme, afinal. Mas é preciso considerar algumas coisas: Bird Box precisa sobreviver independente do livro (e também ser analisado enquanto filme e, logo, daí fica impossível não comparar algumas coisas com A Quiet Place), e nem todos tem essa mesma informação ao assistir o filme (o que particularmente considero como algo muito bom, pois pode "poluir" a visão de alguma forma). Fui ver o filme apenas com a sinopse. É algo que te prende? Sim, é. Mas infelizmente não bem executado.
A típica produção original Netflix em que fazem uma algazarra promocional, toda uma campanha enorme de publicidade, mas que no fim é mais uma produção medíocre.
A ausência de originalidade nesse roteiro é absurda. As comparações com "Um Lugar Silencioso" são inevitáveis (e até mesmo com outros que citaram aqui nos comentários, como por exemplo "Ensaio sobre a Cegueira"). Personagens muito rasos, e não conseguem transmitir emoção alguma. A Sandra Bullock se destaca, sim, mas não tanto, uma vez que o próprio roteiro não ajuda e apresenta uma protagonista muito sem vida, apagada em si mesma. Simplesmente não empolga.
Uma pena o filme partir de um lugar até muito promissor e acabar, em seu final, não respondendo nada. Mas há um ponto positivo nisso: a liberdade que dá para quem assiste em criar teorias, e particularmente gosto desse aspecto. Apenas algumas questões poderiam ter sido mais aprofundadas
(Malorie fala, ao sair do hospital, que aquele "fenômeno" estava acontecendo na Russia, mas fica por isso mesmo, ou seja, dá a impressão de que já sabiam o que estava acontecendo em outras partes do mundo e... nada foi feito?; a parte em que os "loucos" veem e não tem o mesmo efeito neles que tem em outras pessoas; algumas pessoas ficam felizes em ver aquilo, outras se suicidam;).
Tudo bem que o filme tem em si uma forte pegada psicológica (no caso, talvez essas pessoas estivessem vendo seus fantasmas interiores, aquilo que se tornaram, vendo e ouvindo pessoas amadas, e isso pode ser uma metáfora até interessante para nossos medos, desejos e etc), mas é algo mal executado porque, particularmente, não conseguiu me passar uma tensão, não houveram grandes momentos, o que torna tudo morno e que beira ao exagero de tentar ser algo "conceitual".
Facilmente é um filme em que fizeram "muito barulho" para nada. Parabéns à Netflix! Não deve ser fácil lançar tanta coisa ruim assim.
Digimon Adventure: Last Evolution Kizuna
4.1 47Se o objetivo foi fazer fã soluçar de tanto chorar com o final, então foi cumprido com sucesso.
Se o objetivo foi passar uma reflexão sobre crescimento e amadurecimento, também foi cumprida com sucesso.
Posterguei o máximo que pude para ver esse filme, pois sabia o quão emocionante ele seria - e não sabia se estava exatamente preparado para isso. O "Tri" me trouxe alguma nostalgia, mostrou outros lados dos personagens, mas no geral me pareceu um enredo confuso. Esse filme, sim, consegue ser objetivo e ainda dramático nas doses corretas. Igual a muitos, vi Digimon quando criança. E agora, adulto, vendo esse filme, foi como se eu estivesse acompanhando a vida desses personagens que tanto aprendi a amar. E foi pesado o momento de dar adeus... mas talvez, apenas talvez, esse não seja definitivo. Digimon nos ensinou a ter esperança no futuro e a nunca desistir de algo, não importa o quão difícil ou os sacríficios que teremos de fazer em nossas vidas. Nós acreditamos. E isso basta.
Te Peguei!
3.3 238 Assista AgoraAs vezes os filmes com as premissas mais "sem noção", mais "ridículas", podem lhe arrancar várias bons pensamentos. Esse é um desses filmes. Leve, com algumas piadas bobas, mas com um baita ensinamento: as verdadeiras amizades, não importa o tempo que passe, permanecem na sua vida. E as vezes só isso basta. Não existe idade para se divertir com quem amamos, para passar horas jogando conversa fora ou mesmo revivendo aquelas brincadeiras que nos deixavam felizes quando crianças.
Maturidade?! É apenas uma palavra. As vezes muito vazia, sem gosto, sem vida. Passamos rápido por aqui, quando notamos já estamos quase sem tempo... então que aproveitemos de todas as melhores formas possíveis.
A Caçada
3.2 642 Assista AgoraQuando falamos "rico tem mais é que se f&#¨!%@r" é mais ou menos isso aí.
É um filme interessante, que aborda pontos relacionados a desigualdades sociais, de como a "elite" vê minorias, as pessoas pobres e etc. Expõe, de forma sangrenta e com um humor ácido, um "embate" entre classes. Tem vários problemas (desde atuações não convincentes até uma direção com momentos problemáticos - tais como cortes mal feitos), mas ainda serve como algo interessante para pensar sobre como os ditos poderosos imaginam pessoas que não fazem parte do seu ciclo.
(Edit: outra questão interessante é sobre como criamos "verdades" na internet; de como mentiras, são facilmente disseminadas e do que é real ou não)
Desejo de Matar
3.2 335 Assista AgoraPrefiro acreditar que todo esse clichê foi um grande delírio. Péssimo: diálogos ruins que se originam do lugar comum; frases de efeito inseridas em péssimos momentos; atores sem a mínima dinâmica, e personagens inseridos que são esquecidos na trama ao final.
Teve um potencial para ser algo bem melhor, talvez com uma abordagem mais obscura, com um forte teor de suspense, ter direcionado o roteiro para outro lado. Mas no final foi só mais um filme de ação sobre vingança. Nem a parte sobre
a ação dos vigilantes é abordada com profundidade.
Horrível.
Milagre na Cela 7
4.1 1,2K Assista AgoraAltas doses de sensibilidades, atuações certeiras e um roteiro simples fazem de "Milagre na Cela 7" um filme emocionante. Chorei bastante, principalmente nas últimas cenas. É uma obra que passa uma mensagem poderosa sobre a injustiça de alguns (tão cegos pelo ódio, incapazes de ver a verdade) e a capacidade de fazer o bem para outros. O final pode parecer "clichê", mas particularmente funcionou bem para mim.
Somente tive que procurar
sobre o Yusuf, pois não me ficou claro que Ova era neta dele (até terminar o filme, pensei que ele havia se sacrificado com o pensamento de se redimir pelo que havia feito). Mas ele ser avô dela faz sentido, e penso ser uma boa saída do roteiro.
A Sétima Profecia
3.0 118 Assista AgoraO filme levanta algumas críticas sobre religiões e crenças, e isso o torna interessante (penso até que foi o seu foco). Mas de maneira geral, é somente "bom". Fui ver pensando ser algo mais sobrenatural, porém acabou sendo um filme mais "pé no chão" (diante do contexto de filmes que abordam essa temática).
Parasita
4.5 3,6K Assista Agora“Parasita” é um filme coreano que traça um retrato cru sobre duas famílias, denunciando a forte desigualdade socioeconômica. O filme começa mostrando a família de Ki-taek, desempregados e sem perspectivas de um bom futuro. A situação muda quando seu filho se torna tutor de uma garota da família Park, donos de uma grande empresa. Logo, o filho (Ki-woo) se infiltra no ambiente e consegue empregos para toda sua família, mas através de outros meios. Isso vai desencadear uma série de acontecimentos que colocarão questões morais e sociais e como essas duas famílias encaram o mundo.
A obra é belíssima. Esse contraste entre cenários é feito através de momentos dramáticos e cômicos, muito bem equilibrados – estaria mentido se não comentasse que, de fato, em alguns momentos ri com bastante nervosismo de algumas situações. Os personagens produzem um debate sobre a sociedade das aparências e o quão longe nós podemos chegar para sobreviver. Há planos desconfortáveis e cenas inesperadas, o que torna a experiência ainda mais profunda.
Num mundo onde os ricos detêm o poder, temos a família KI-taek, pobre e vivendo em uma espécie de porão muito apertado, que usa de artifícios nada agradáveis para alcançar seu objetivo. O roteiro foge completamente de estereótipos e vai modificando as personalidades dos personagens, mostrando que de fato não há “mocinho” nesse filme. As ações de Ki-taek, Ki-woo e sua família são completamente reprováveis, mas por outro lado é impossível não se sensibilizar com os mesmos ao analisar sua situação.
Ao mentir para os Park, KI-taek e Ki-woo passaram a agir enquanto “parasitas”, ou seja, se alimentando do outro, convivendo dentro de seu cotidiano e aproveitando-se dos seus recursos. Porém, o mesmo podemos dizer dos grandes empresários – aqui representado na figura do pai família Park -, que ficam milionários com o suor de seus empregados. O “Parasita”, que dá nome ao filme, pode ser interpretado aqui tanto para as empresas que exploram a força do trabalhador quanto para a família Ki-taek que passa a controlar uma outra casa aos poucos.
O debate sobre desigualdade social está presente em toda a obra, feito de maneira inteligente e alcançando o que para mim foi seu ápice no momento em que ocorre uma chuva enorme e a casa da família Ki-taek fica alagada. Eles dormem em um abrigo. No outro dia, enquanto uma mulher rica pensa no que vai vestir, o diretor corta para a cena do abrigo em que pessoas vítimas das chuvas procuram roupas para usar. Esses cortes do diretor entre uma cena e outra, feitos da maneira precisa, evidenciam uma realidade alarmante, uma em que até mesmo o cheiro de uma pessoa incomoda. Em várias cenas, a família Park reclama do cheiro da família de Ki-taek. Outra cena capaz de causar revolta é quando a esposa da família Park diz ao telefone, no carro, que “o céu está azul e sem poluição graças a chuva de ontem” e que havia sido uma benção, enquanto Ki-taek, o motorista, que perdeu o pouco que tinha exatamente devido a essa chuva, ouve tudo.
Carregado de símbolos e metáforas – por sinal, a palavra favorita de Ki-woo – “Parasita” não é um filme silencioso. Ele deixa de lado qualquer sutileza. Vai direto ao ponto e passa muito bem sua mensagem. O último ato da obra é completamente aterrorizante e possui algumas cenas fortes, o que aumenta a sensação de desconforto, ainda que seja muito surpreendente. Existe um misto de tristeza e felicidade nas últimas cenas da família Ki-taek. É realmente algo difícil de descrever, mas que mostra o cuidado ao administrarem seus personagens ao ponto do espectador se importar com eles (mesmo após tudo o que fizeram de errado). Mas ao final, a obra produz uma série de pensamentos sobre nosso próprio contexto social, conduz muito bem o suspense, o drama os tons de comédia (mesmo que este último claramente não seja seu foco) em uma trama série e com partes assustadoras. Certamente um dos melhores filmes do ano.
Vingadores: Ultimato
4.3 2,6K Assista AgoraEu vivi o significado da palavra "épico" ao ver "Vingadores: Ultimato". Aliás, vai além do épico. Foi emocionante, foi corajoso, foi engraçado, foi brilhante... foi HISTÓRICO! Cada minuto foi uma homenagem ao universo Marvel. Sim, o filme é tudo o que estão dizendo e ainda mais. Eu chorei e ri. Comemorei, gritei e aplaudi junto com a galera (que sessão massa essa que tive a sorte de estar). E ali, vários fãs reunidos, pudemos ver o impossível acontecendo e a magia Marvel fluindo em um grande enredo. Todos os personagens tem uma cota de importância, e os sacrifícios fazem parte da jornada... as vezes para renovação, as vezes para o puro fim.
Vingadores prova mais uma vez que é possível equilibrar drama, comédia e super-heróis no cinema, com toques de uma vibrante ousadia. Por sinal, é um filme que em sua essência apresenta toda a ideia de heroísmo, do pensamento no bem maior (custe o que custar). O roteiro foi imensamente feliz, bem amarrado (e que incrivelmente "fechou" 10 anos de um universo), e a direção dos irmãos Russo não é nada mais que brilhante. Eles tinham uma grande responsabilidade em mãos, executaram e entregaram uma obra artística que faz qualquer fã, de qualquer idade, se emocionar.
E eu estou feliz. Feliz porque pude participar disso, sentir a história junto com milhares de outras pessoas. Ultimato fechou um ciclo, algo que se iniciou em 2008. E fechou de forma poética, brutal e sensível ao mesmo tempo, pois há aqui a velha imprevisibilidade. E eu me sinto feliz por ter visto tudo isso acontecendo.
Não tenho estrutura para fazer um texto mais bem elaborado, ou falando das incríveis partes técnicas (dos efeitos visuais extraordinários e da pontual e bem executada trilha sonora). O filme me deixou positivamente devastado, cheio de perguntas, um tanto que esperançoso por esse novo futuro cheio de (im)possibilidades. Ao final, foi realmente um misto complexo de emoções. É uma obra completa e corajosa do início ao fim. Obrigado, Marvel.
O Chacal
3.5 197 Assista AgoraO filme em si é mediano, com diversos diálogos e cenas batidas, embora a trama seja interessante - porém, emocionalmente rasa. Não há de fato como se conectar com os dramas dos personagens, com suas histórias. O Bruce Willis de fato consegue se destacar, e sua dinâmica com o Richard Gere é até boa. Ele praticamente "carrega" o filme inteiro.
(Entendo que é um refilmagem, que por sua vez é baseado num livro. Mas esse filme em específico não conseguiu me prender o suficiente.)
Nós
3.8 2,3K Assista Agora"US" é o novo filme de Jordan Peele, mesmo diretor do fantástico "Get Out" (Corra). É um legítimo filme de horror, mas sem apelar para as características batidas do gênero. Peele, que ainda produziu e escreveu o longa, constrói sua narrativa de forma inteligente e sedutora, convidando o espectador à participar da trama. Esse é sem dúvidas um filme que vai lhe fazer criar teorias enquanto assiste, pois embora explique bastante, ainda há muito no roteiro para que nós possamos descobrir. Ou seja, o filme deixa espaço a vontade para sua imaginação.
Mas, em sua essência, "US" consegue ser perturbador. Há várias simbologias e metáforas dentro do filme, mas tudo foi muito bem amarrado - inclusive as cenas iniciais. Estas, devo destacar, podem causar estranhamento, porque de imediato pensei "qual a relação dessa propaganda com o filme? O que diabos é isso afinal?". Porém, nada foi simplesmente "jogado". TUDO tem significado na teia criada por Peele, que torna a obra complexa, difícil de digerir, mas ainda assim excitante.
O filme trabalha com a questão de sósias, duplos, e a forma como o faz é diferente de qualquer coisa que eu já havia visto, pois é como se de fato existisse um outro mundo com nossas réplicas, mas sem nossas experiências. Esse filme nos faz pensar - especialmente após a grande revelação no final - que nosso meio, nossas relações e experiências, moldam nosso comportamento. Então em partes é um filme sobre a relação homem-meio. Em outra, não podemos deixar de lado a marca já conhecida de Peele em fazer grandes críticas sociais. US também pode significar "United States", o que leva a pensar se o nível de violência e as barreiras formadas por pessoas - que mais lembram uma espécie de muro do que alguma união entre povos -, são críticas ao contexto atual dos EUA. Em determinado momento, quando perguntados quem eles são, uma réplica solta "somos americanos".
A obra também joga com as nossas próprias hipocrisias, ao tentarmos esconder nossos próprios defeitos e o lado negativo da personalidade. Não que fosse novidade, mas ainda é algo que vale pensar sobre. Também há críticas sobre segregação social, mas não tão expostas. Aqui, há a grande diferença para "Corra": enquanto este se pauta numa grande crítica sobre o preconceito racial, US não segue esse caminho.
Peele mistura como ninguém as cenas de bom humor, piadas mais ácidas com momentos de tensão. Nesse ponto, se destacou Winston Duke, que segurou bem o lado cômico. Nossa querida Lupita Nyong'o está fantástica, e nos entrega uma atuação cheia de expressões, facetas difíceis que passa a sensação que de fato a personagem está no limite. Ao fazer a voz de sua réplica, consegue ser surreal de tão assustador. Outra que brilha, embora por pouco tempo, é Elizabeth Moss, que protagoniza uma das cenas mais inquietantes e que mostrou sua incrível capacidade de rapidamente modificar sua expressão.
"US" é um filme difícil, e merece ser visto por mais de uma vez. Ele carrega muitos significados e símbolos, e toda pequena parte do roteiro é importante. Jordan Peele não poupou criatividade aqui, e de fato produziu mais uma grande obra.
Capitã Marvel
3.7 1,9K Assista AgoraBom filme, cenas de ação do começo ao fim, com belos espetáculos visuais e revelações mais que interessantes. Brie Larson entregou uma personagem sólida, foi segura em sua mensagem. Realmente não foi nada grandioso, mas cumpriu muito bem o objetivo de um filme de introdução no universo cinematográfico. A dinâmica da atriz com Samuel L.Jackson dá um tom mais leve e divertido ao roteiro - e considero que até diferenciado do que a Marvel estava fazendo -, onde podemos ver um Fury que não está carregando o peso do mundo nas costas. O roteiro foi muito feliz em algumas mudanças, mas senti que falhou muito em transmitir o que foram os anos 90 - se limitou a algumas músicas e usos de tecnologias da época, que não foram ruins, mas eu esperava mais.
O Jude Law foi, particularmente, uma decepção no campo de atuações. Não havia presença nele. Não, não o acho um mau ator. Muito pelo contrário. Apenas penso que nesse filme em específico, ele não funcionou muito bem.
Ponto positivo: uso dos flashbacks. Gosto muito desse recurso na narrativa, e o filme soube aproveitar bem ao ponto de mostrar, mesmo para aquele que não está familiarizado com o universo das hqs ou de filmes de super-heróis, quem é a Carol Danvers. Tem uma metáfora interessante aí de tudo que a maldou, que fez ser essa mulher forte e corajosa.
E aqui, entra meu último ponto: não deixe ninguém dizer que esse filme não importa. Mesmo que você não goste, entenda: esse é o segundo filme, nessa nova leva de filmes de super-heróis, protagonizado por uma mulher. Pense nas milhares de garotinhas que vão ao cinema, e que vão crescer com mais essa feliz influência, e nas mulheres que se vêem excluídas e abusadas. Esse filme pode ajudar na reconstrução de uma autoestima, pode reanimar qualquer interior quebrado. Então é um filme extremamente importante e necessário para os nossos tempos, para combater todo o ódio e violência que acomete mulheres dia após dia. Vamos compreender que arte, politica e sociedade se encontram, e em tempos tão intolerantes, em que mulheres são acordadas aos socos de uma masculinidade frágil, é preciso dar voz às questões dos grupos historicamente excluídos.
É um bom filme de introdução, apresentando uma personagem extremamente poderosa (definitivamente não vimos nem metade do que ela é capaz de fazer), com um potencial para se expandir e expandir o universo cósmico da Marvel.
Green Book: O Guia
4.1 1,5K Assista AgoraPrimeiro: ninguém está chorando porque Green Book venceu como melhor filme. Particularmente não choro por pouca coisa. Segundo: discorda do outro sujeito? Vai lá dialogar, mostrar seus pontos, dizer "olhar, mas eu não acho que o filme seja isso ou aquilo por motivo tal". Nada de errado nisso. Evita interpretações erradas, evita discussões desnecessárias. E terceiro: é sempre bom repensar o que assistimos, ver com outros olhos, e aprofundar o roteiro, ir além do que o filme nos apresenta.
Green Book: O Guia
4.1 1,5K Assista AgoraChamaram o Spike Lee de "diretorzinho"... ai não, né. É desconhecimento absurdo sobre cinema, e não "opinião". Ao dizer isso, você está ignorando grandes contribuições culturais. Eu entendo a indignação dele: Green Book não merecia, da maneira como vejo, levar o prêmio de melhor filme. É um bom filme? Sim, é. Tecnicamente falando é ótimo, e tem duas grandes atuações. Mas é um filme que também explora o lado de como os brancos, historicamente, falam para e sobre os negros sobre a sua própria cultura, ainda mantendo sim a imagem do "homem branco protetor" ou "salvador", tal como estão colocando e eu particularmente concordo. Bem no fundo, o filme coloca exatamente esses pontos.
Não, não estou impondo minha vontade. Não, não sou crítico de cinema. Não, não estou "lacrando" ou de "mimimi". Você não é obrigado a concordar comigo. É uma pequena revisão de História: o homem branco por séculos dominou e abusou agressivamente os homens e mulheres negras e escreveu a sua História da maneira e forma como quis, reprimindo toda uma rica cultura que, ainda hoje, é infelizmente bastante combatida. Nós temos uma grande divida histórica com o povo negro.
Dito isso, talvez alguns pensem que "Green Book" poderia ser mais um filme que ajudaria, mesmo que de forma muito, muito, muito pequena, nessa caminhada. Será? Da maneira como vejo, penso que não. Continuo defendendo que foi um filme com o típico "herói branco", que joga com estruturas racistas ao estereotipar, e, portanto. excluindo a individualização do personagem (como na cena com o frango frito, e quando o personagem do Viggo diz que é mais negro que o Don). A própria família de Don Shirley (que não, eu não conhecia) falou sobre essas questões, de que o filme o colocava como uma pessoa alienada aos problemas da comunidade negra. Então creio que há algo a se repensar aí.
É um filme que explora o relacionamento de dois homens bem diferentes, e ambos são extremamente bem interpretados - e tenho um grande carinho pelos dois atores. Tem situações racistas que são bem exploradas, e que definitivamente não estão distantes da realidade dos negros. É um bom filme, mas tem esse grande "porém" de enaltecimento ao homem branco enquanto um protetor e herói.
Merecia ter ganhado o Oscar? De forma alguma. Na questão de combate ao preconceito racial, "Infiltrado na Klan" e "Pantera Negra" se saíram bem melhor. Mas é isso. Ganhou. Quantas vezes não questionamos as decisões da academia? Para mim, vai se tornar um filme esquecível no cenário, enquanto os dos "diretorzinhos" vão continuar relevantes pelo nível de impacto.
De toda forma, concluo dizendo que comentar aqui no Filmow se tornou algo hercúleo, que exige muita paciência e força. Maior parte dos comentários fala em "lacração", algumas pessoas monitorando para depois rebater com ofensas. Ninguém é obrigado a concordar com ninguém. Não concorda comigo? Ótimo. :)
A Morte Te Dá Parabéns 2
3.0 714Engraçado, com um tom de drama até bom, e uma pegada de ficção científica - e o terror/suspense aqui definitivamente não parece ser o foco. O segundo filme expandiu a história e misturou vários elementos, e o resultado foi algo bem divertido de assistir.
Homem-Aranha: No Aranhaverso
4.4 1,5K Assista AgoraÉ tudo o que estão falando de positivo, e entrega ainda mais.
O formato da animação é diferente, sendo basicamente estruturada enquanto um quadrinho. A inserção de "balões de fala" e de pensamento foram sacadas que considerei geniais, e deixou todo o filme bem mais dinâmico e ainda mais esteticamente atraente. A trilha sonora lembrou bastante o aspecto urbano que ronda o herói.
A apresentação de cada um dos personagens também foi realizada de forma muito divertida - também remetendo ao que ocorreu nos quadrinhos, em "Aranhaverso" e na própria série Noir (que aqui no Brasil foi publicado pela editora Panini). Para quem leu e é fã das HQs, sentiu a nostalgia. Mas mesmo diante dessa forte ligação com os quadrinhos, o filme é feliz em termos de explicar várias nuances do Aranha, até mesmo para quem não o conhece tão bem.
É um filme que vai do drama à comédia, que consegue te fazer rir e se emocionar com facilidade, com temáticas que exploram relações afetivas e superação de dificuldades.
O Miles já é um personagem adorável nas HQs, e isso também é passado no filme. É fácil gostar dele. Aqui ainda está cheio de inseguranças quanto ao seus poderes, com sinais da "crise de identidade" adolescente, mas mostra força e potencial mais que suficiente para ser esse incrível Homem-Aranha.
Não é para provocar, pois também amo as animações da DC, mas esse filme aqui apareceu para provar que também há animação de qualidade na Marvel.
Vale muito ver mais do Miles, e estou feliz pela confirmação da continuação pois.
Quero Homem-Aranha 2099
O Quinto Poder
3.3 176 Assista AgoraFilme baseado em fatos reais sobre o nascimento e desenvolvimento da organização Wikileaks, mais precisamente centrado na complexa figura de seu fundador, o ativista Julian Assange. Em 2010, a organização, em conjunto com vários portais da grande mídia, publicou o “Registros de Guerra do Iraque”, relatórios sigilosos que continham um grande número de dados, e expondo que o número de civis mortos foi muito maior do que o divulgado pelos EUA. A Wikileaks protagonizou o maior vazamento na História militar dos EUA, expondo informações à população que, até então, pertenciam apenas ao governo. O Wikileaks também expôs parte dos mais de 90 mil documentos, que entre eles comprovavam crimes de Guerra na ocupação dos EUA no Afeganistão.
Ainda em 2010, vazaram correspondências diplomáticas dos Estados Unidos. Ao todo, foram 250 mil documentos, envolvendo informações confidenciais sobre outros países, sobre os interesses dos EUA, o nível de monitoramento, nomes perseguidos por seus respectivos governos, locais vitais para segurança nacional, conversas sobre atuação de chefes de Estado – que foram de cunho profissional ao pessoal -, preocupações dos EUA em relação aos seus aliados, e... segredos e mais segredos (tem essa matéria aqui, bem interessante, caso queiram recapitular: https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2010/11/30/veja-o-que-ja-foi-divulgado-nos-documentos-vazados-no-wikileaks.htm).
Sobre o filme: embora o ritmo dele possa incomodar um pouco – as vezes rápido demais – ele passa uma reflexão de suma importância sobre a informação e até mesmo sobre o modo como se faz jornalismo: Quem pode ter acesso à informação? E porque guardar arquivos que a população deve saber? Quais são os limites da informação? Quer dizer, eles existem? Até que ponto vai minha liberdade para expor grupos, famílias e governos? Sei que pessoas poderão se machucar com meu ato de vazar uma informação “sigilosa”... então será que devo permanecer fiel ao que acredito, sabendo que haverão prováveis baixas, ou “editar” o conteúdo ou simplesmente deixa-lo? Posso universalizar meus preceitos morais?
Particularmente, acredito que a informação é de todos, e logo acredito na necessidade de sua transparência – pois somente assim será alcançada alguma liberdade diante das amarras governamentais. Porém, o ponto é que o Wikileaks não editava documentações: os postava da maneira como os obtinha – o que certamente faz parte do conjunto de transparência que Assange acredita. Há um compromisso em expressar uma verdade, lealdade a uma causa. Nossos governos não podem determinar o que podemos ou não ver, ler e ouvir.
Esse filme me deixou num estado de ânimo, por pensar que de fato há pessoas lutando para que mais uma realidade apareça, para que essas verdades não continuem escondidas pelos donos do poder. Pode soar paranoico? Creio que não. Nada de teoria da conspiração aqui. Mas depois de milhares de arquivos confidenciais contando detalhes sobre ações arbitrarias, sobre políticas de países vizinhos, aliados e ““inimigos””... você é capaz de bater no peito e dizer “confio no meu governo e sei que ele faz o que é certo”? Talvez difícil mesmo é notar que ainda há milhares de pessoas que realmente fazem isso, e outras milhares que estão nascendo na era das “fake News”, onde não há criticidade sobre a fonte do que se é lido e disseminado.
O Quinto Poder é um drama bastante envolvente, e eu diria muito necessário para nossos tempos em que notícias falsas e manchetes fáceis tomam mais espaço na mídia. É uma obra que tem o poder de deixar qualquer um inquieto, pensando em qual sociedade vive e como ela será no futuro. O Wikileaks bateu nas grandes corporações, nos grupos mais poderosos e na própria mídia manipuladora, e incentivou que outros grupos subversivos fizessem o mesmo, e estimulou pessoas comuns a procurarem e exigirem respostas. E, indiscutivelmente, você gostando ou não, criou uma nova revolução, uma em que todos se tornaram protagonistas, e abriu as portas para ressignificar a liberdade de expressão, a transparência e a própria democracia.
Vice
3.5 488 Assista AgoraO filme trata sobre a construção de um político sem escrúpulos, que buscou o poder pelo poder, e para isso usou de ferramentas absurdas e de um elevado nível de maldade - até mesmo contra sua própria família. Dick Cheney é, definitivamente, um ser detestável, porém uma figura que produziu um novo sentido para a palavra e o cargo de "vice": de algo puramente simbólico para o intensamente participativo e manipulador.
Grande destaque para o Christian Bale, que mais uma vez surpreende com toda a mudança física e no comprometimento em entregar uma atuação impecável. Amy Adams, em seu pouco tempo de tela, consegue passar a imagem de uma mulher forte, uma personagem que impulsiona Cheney a ser algo maior. A dinâmica de debate sobre o poder entre os dois é realmente bem feita.
O formato de filme-documentário, e por vezes quebrando a quarta parede, foi muito interessante, e deu um tom mais ácido ao filme. E as metáforas (da pesca, de "fisgar" um peixe, o que pode ser entendido como o próprio ato de manipulação) foram felizes. A crítica à chamada "Guerra do Terror" orquestrada pelos EUA é mais que evidente, e aqui o Adam McKay expõe todo o seu - e também nosso - descontentamento com uma política tão abusiva, tão absurdamente violenta, mas com claros interesses econômicos. Aqui, o diretor mostra o quanto que os Estados Unidos aborda agressivamente outros países impondo à sua população falsos motivos.
É um bom filme em que podemos conhecer muito sobre a história recente dos EUA e suas relações internas e externas, e essa figura controversa que é Dick Cheney.
Roma
4.1 1,4K Assista Agora"Roma" é um filme sensível, real e muito bonito. Nos leva a pensar sobre o nosso próprio cotidiano, através de uma história simples e bem construída. A direção de Alfonso Cuarón é de encher os olhos, captando e passando para o espectador um sentimento de melancolia e nostalgia, e a decisão por deixar o filme em preto e branco eleva sua beleza. O movimento das câmeras revela uma suavidade, que dá um tom mais aberto à obra.
O que também chama atenção no filme é a temática sobre desigualdades sociais, sobre abandono e reestruturação familiar. O roteiro mostra que tudo pode ser incerto, que em alguns momentos possuímos algo, e no outro já não o temos. São os movimentos, voltas e mais voltas que a vida nos oferece. De maneira muito simbólica, Cuarón consegue mostrar o quanto tudo é transitório, o quanto somos feitos de "momentos", de alegrias e de tristezas. E em todos esses momentos, os personagens estão ligados, eles se ajudam, há um elo que permite que todos possam ter um misto de sentimentos, que varia de revolta ao carinho e o amor.
É bom lembrar que o filme é uma espécie de autobiografia de Cuarón, e se passa durante a década de 1970. Logo, o próprio diretor nos convida a visitar muito da sua infância, de sua cultura e também das tragédias (tal como é rapidamente representado o "Massacre de Corpus Christi" que ocorreu em 1971). Assim, ele captura espíritos do seu tempo, nos mostra o seu passado, e o passado do México.
O grande destaque foi, sem duvidas, a Yalitza Aparicio, que interpretou a Cleo. Ela nos presenteia com uma atuação emocionante, profundamente e, em vários momentos, dolorosamente real. A câmera focando em seu semblante revela uma mulher que viveu muito, e tem muitos sonhos para viver. Particularmente, seria uma grande injustiça se ela não vencesse o Oscar de melhor atriz.
Creio que cada um consegue se identificar um pouco com "Roma", com a expressão do cotidiano. O filme está merecendo todos os prêmios que estão sendo indicados. Alfonso Cuarón mostra mais uma vez o porque é um dos melhores diretores do nosso tempo.
Com Amor, Simon
4.0 1,2K Assista AgoraQuando o amor é celebrado. Que filme bonito!
O Ódio que Você Semeia
4.3 458Drama sobre racismo e com uma mensagem de luta poderosa. A história acompanha uma jovem que viu seu melhor amigo sendo assassinado por um policial. Assim, "The Hate U Give" também traz uma reflexão sobre a arbitrariedade policial e a violência desmedida direcionada aos negros - um racismo histórico. O filme mostra que para um homem negro num bairro pobre, a regra é "atire primeiro e pergunte depois", o que definitivamente não está distante da realidade.
A protagonista Starr Carter (Amandla Stenberg) vive em dois mundos, evitando que eles se encontrem: o da escola particular organizada, em que é a "Starr 2.0", e a realidade de seu bairro. Aos poucos ela nota as atitudes racistas mascaradas, o que a faz questionar sobre seu lugar e suas atitudes. Nesse sentido, é mostrado como ocorre as apropriações culturais, no caso da cultura negra, em que pessoas brancas acham que sabem e sentem o mesmo que os negros.
Uma coisa que me chamou atenção foi a cena inicial: o pai da família está em uma mesa, ensinando aos seus filhos pequenos como devem agir em caso de serem parados pela polícia. É essa a ficção que encontra a realidade, e que achamos entender. O racismo, a violência física, verbal e psicológica vem de todo um conjunto histórico, e ainda há quem pense que "isso não existe" ou mesmo comece a falar na idiotice chamada "racismo reverso".
O filme tem uma narrativa simples, mas não é demérito pois as mensagens são bem construídas e as temáticas muito efetivas - extremamente necessárias. Ele cria um elo com o espectador, pois é impossível não se emocionar em vários momentos, e sentir uma dor enorme por saber que realmente há pessoas passando por tudo isso.
Força Aérea Um
3.0 158 Assista AgoraO filme é absurdamente brega (e isso poderia ser algo bom, mas aqui é extremamente ruim) e excessivamente patriótico - o que não é uma crítica, até porque foi feito para exaltar uma imagem. Tem algumas cenas boas, mas o roteiro cai em diálogos horríveis, beirando ao mecânico, sem falar em algumas situações nada novas e motivações não explicadas dos personagens.
A Voz do Coração
4.3 259Filmes assim sempre me deixam com o coração apertado. Sou fácil de chorar quando o drama envolve música, e "A Voz do Coração" é uma obra "afinada" em sua sensibilidade. Belo filme.
Caixa de Pássaros
3.4 2,3K Assista AgoraUsam o livro como resposta devido as semelhanças com "Um Lugar Silencioso". Tudo bem: veio antes desse filme, afinal. Mas é preciso considerar algumas coisas: Bird Box precisa sobreviver independente do livro (e também ser analisado enquanto filme e, logo, daí fica impossível não comparar algumas coisas com A Quiet Place), e nem todos tem essa mesma informação ao assistir o filme (o que particularmente considero como algo muito bom, pois pode "poluir" a visão de alguma forma). Fui ver o filme apenas com a sinopse. É algo que te prende? Sim, é. Mas infelizmente não bem executado.
Caixa de Pássaros
3.4 2,3K Assista AgoraA típica produção original Netflix em que fazem uma algazarra promocional, toda uma campanha enorme de publicidade, mas que no fim é mais uma produção medíocre.
A ausência de originalidade nesse roteiro é absurda. As comparações com "Um Lugar Silencioso" são inevitáveis (e até mesmo com outros que citaram aqui nos comentários, como por exemplo "Ensaio sobre a Cegueira"). Personagens muito rasos, e não conseguem transmitir emoção alguma. A Sandra Bullock se destaca, sim, mas não tanto, uma vez que o próprio roteiro não ajuda e apresenta uma protagonista muito sem vida, apagada em si mesma. Simplesmente não empolga.
Uma pena o filme partir de um lugar até muito promissor e acabar, em seu final, não respondendo nada. Mas há um ponto positivo nisso: a liberdade que dá para quem assiste em criar teorias, e particularmente gosto desse aspecto. Apenas algumas questões poderiam ter sido mais aprofundadas
(Malorie fala, ao sair do hospital, que aquele "fenômeno" estava acontecendo na Russia, mas fica por isso mesmo, ou seja, dá a impressão de que já sabiam o que estava acontecendo em outras partes do mundo e... nada foi feito?; a parte em que os "loucos" veem e não tem o mesmo efeito neles que tem em outras pessoas; algumas pessoas ficam felizes em ver aquilo, outras se suicidam;).
Tudo bem que o filme tem em si uma forte pegada psicológica (no caso, talvez essas pessoas estivessem vendo seus fantasmas interiores, aquilo que se tornaram, vendo e ouvindo pessoas amadas, e isso pode ser uma metáfora até interessante para nossos medos, desejos e etc), mas é algo mal executado porque, particularmente, não conseguiu me passar uma tensão, não houveram grandes momentos, o que torna tudo morno e que beira ao exagero de tentar ser algo "conceitual".
Facilmente é um filme em que fizeram "muito barulho" para nada. Parabéns à Netflix! Não deve ser fácil lançar tanta coisa ruim assim.