Uma homenagem descarada à palavra do Nelson Rodrigues. É tudo sobre ela... os personagens-atores ensaiando o roteiro, as interpretações fincadas nos diálogos originais, as notas de rodapé apontadas na mesa de leitura (principalmente por Fernandona). Mesmo quando você se deixa levar pela encenação da coisa - O DRAMA! - o filme faz questão de quebrar o encanto e esfregar na sua cara que essa história, nesse contexto, da forma que está sendo contada, é bem menos importante que a sua fonte.
Essa é a história de uma atriz que sente tanta vergonha da série em que atua que decide sair em busca de um papel que possa lhe conceder o mínimo de credibilidade e, se possível, por favor, lhe garantir um Oscar. Mas pra isso, ela precisa de uma uma personagem complexa & humana... que guarde dentro de si sentimentos complexos & humanos... e que enfrente um conflito bem complexo & bem humano. E ela vai encontrar. Talvez só não estivesse preparada para lidar com tamanha complexidade & humanidade.
Elizabeth e Gracie. Atriz e Personagem. Personagem e Atriz.
Chega a ser engraçada a ingenuidade da gata, obcecada em encapsular o "real" para sua performance, no meio de tanta gente que já não sabe mais o que é a realidade há muito tempo.
É uma questão de maquiagem. Gracie põe a sua maquiagem no rosto de Elizabeth... o filme todo.
Sua investigação criativa parece ser sempre insuficiente, por mais que ela se esforce ao máximo para chegar à verdade e até cruze limites éticos.
Mas ela não para até o último instante: "It's getting more real".
Um relacionamento cuja dinâmica fica nítida logo de cara: um sexo tão violento que parece mais uma luta greco-romana, incendiado por desejos irracionais, encontros e desencontros.
E as Cataratas do Iguaçu? Com certeza, um evento a ser presenciado com companhia. Mas às vezes a pessoa tá tão precisada de um encontro consigo mesma que só mesmo um banho solitário com aquelas águas para alinhar os chakras.
Do primeiro ao último segundo, Les Diaboliques (no título original o adjetivo não designa um gênero específico como na tradução brasileira) é o mais refinado suspense. Uma manipulação feita com tanta sutileza e elegância que chega a ser mais diabólica que o crime cometido no filme.
Ela se despe dos vários artifícios que usa para esconder sua nudez enquanto flana freneticamente por Paris. Até sua alcunha charmosa não resiste aos solavancos e cai ao chão, revelando seu verdadeiro nome, Florence.
Por onde passa, não lhe faltam espelhos. Sempre devolvendo seus olhares cada vez mais carentes. Assim como as pessoas ao seu redor que vão deixando de se amontoar numa muvuca amorfa e viram indivíduos com vozes, visões, interesses. Todos imersos na banalidade de suas vidas, no ritmo da cidade.
E ela no meio de tudo e todos, fritando por dentro.
Cléo só vai acalmar seu coração longe do caos e perto de alguém que enxerga a Florence nela. Só assim estará pronta para a resposta que busca, qualquer que seja.
O bom filho à casa torna e o bom pai faz uma festa para recebê-lo.
No final feliz da parábola de Jesus, só existe uma escolha certa a ser feita: o paraíso verdadeiro, ao invés das seduções do mundo.
Na Lavoura Arcaica, a parábola vira uma tragédia grega.
Toda tentativa de apascentar a família dentro dos limites da tradição cristã, da abnegação servil e da dignidade do trabalho se enfraquece diante do caos que um único ser humano pode produzir.
A quem obedecer: ao pai ou à carne?
Só mesmo um louco pra adaptar Lavoura Arcaica. Um brinde aos loucos!
Saltburn é um baile de máscaras em que os convidados não acessam as pessoas por baixo das fantasias. Tá todo mundo perfomando e girando ao som da música sem saber que o destino it’s a murder on the dancefloor. A dança é de sedução e nós também somos convidados a participar dela. Eu fui seduzido! Quando as máscaras começam a cair - elas não caem por completo, nunca revelam as verdadeiras faces - eu percebo que se deixar enganar pode ser deliciosamente prazeroso! Se deixar enganar é cinema.
Vendo esse filme, a gente percebe como o ser humano pode complicar a vida a troco de nada. Precisava desse sofrimento todo? Um simples erro determinar várias histórias e virar um monstro que assombra por tantos anos. Talvez, algumas pessoas não têm esse direito de errar, de pisar fora da linha...
As histórias das duas irmãs falam muito sobre a inevitabilidade de uma condição, nesse caso, a condição de ser mulher. E a representação mais escancarada disso são as gravidezes, que vêm sempre para ancorar as duas personagens em cenários opostos.
De um lado, a musicista se anula em favor de uma missão "mais nobre" e sem escapatória. Seu marido chega a lhe perguntar o que ela mais quer da vida, afinal ela já toca seu pianinho em casa. Do outro lado, a filha renegada encontra uma liberdade contraditória para lutar por sua nova família em meio ao caos. Ela literalmente vai sepultar o seu passado para viver às margens.
A Vida Invisível é uma junção de fragmentos. Eu gosto como cada pedacinho sempre traz um significado muito forte que, juntando tudo, compõe o recorte de uma época. São ações, palavras e silêncios que pintam esse quadro de uma maneira muito sutil, sem precisar ficar ululando.
Eu quis entrar na tela e mudar o rumo dessa história.
o primeiro plano do filme é o chão, o último, o céu. ao final de uma jornada relativamente curta mas intensa, vemos a elevação de cleo, uma personagem apaixonante. a impressão é que com apenas um recorte conseguimos apreender toda uma vida. há muitas coisas contadas em "roma", tudo de maneira delicada e contemplativa. impossível não voltar a esse universo às vezes. lindo.
A lentidão no início do filme não deveria ser vista como demérito. Os diálogos iniciais, apesar de parecerem desconexos e sem propósito, desempenham duas grandes e importantes funções na narrativa: primeiro, apresentar os personagens, seus traços de personalidade e insinuações de questões mal resolvidas; e depois, preparar o terreno para todo o conflito propulsor do filme, o que gera um inesperado contraste entre as conversas casuais e naturalistas com o surreal cometa e suas implicações. A partir daí, o diretor soube explorar bem a interação dos personagens, valorizando o trabalho dos atores com movimentos de câmera que capturavam a reação certa na hora certa. Por fim, acredito que a improvisação foi um acerto na medida em que foge de uma amarra a que muitos filmes do gênero se impõem, uma vez que ao seguirem um roteiro de maneira ortodoxa, acabam automatizando a história.
SPOILERS (?): Realmente a experiência de se ver um filme é única . Enquanto eu achei fantástico cada minuto de Mapas para as Estrelas, muita gente tá fazendo dele um boneco de São Judas aqui . Gostei muito da crítica a Hollywood, te faz realmente querer vomitar de nojo (assim como faz o garoto Benjie após uma reunião de negócios sobre sua carreira prematuramente estrondosa). Mas acho que essa crítica é mais um pano de fundo para abordar (de forma perturbadora e insana, beijos Cronenberg) os devaneios psicológicos dos personagens, que não precisariam ser nenhum astro da tv ou do cinema para surtar com fantasmas de incesto, culpa, rejeição etc. O que eu gosto no roteiro é que mesmo não mastigando a história no começo, como um típico roteiro hollywoodiano faria, os diálogos iniciais te fazem querer desvendar as relações dos personagens, o que vai sendo revelado de forma sutil e sem muito alarde do tipo "olha, você não sabia mas eu sou filha do seu conselheiro motivacional" no decorrer do filme . E o que falar das atuações? Tirando a atriz que interpreta a Cristina, achei todas muito boas. Julianne Moore está em uma de suas melhores interpretações, uma verdadeira transformação. Enfim, excelente experiência.
Durante o primeiro ato do filme eu me peguei pensando: "até que estou conseguindo manter uma linha de raciocínio". Uma ilusão passageira, pois não demorou muito pro Lynch mostrar o que sabe fazer de melhor: dar um nó em nossas mentes.
O Beijo no Asfalto
4.1 95Uma homenagem descarada à palavra do Nelson Rodrigues. É tudo sobre ela... os personagens-atores ensaiando o roteiro, as interpretações fincadas nos diálogos originais, as notas de rodapé apontadas na mesa de leitura (principalmente por Fernandona). Mesmo quando você se deixa levar pela encenação da coisa - O DRAMA! - o filme faz questão de quebrar o encanto e esfregar na sua cara que essa história, nesse contexto, da forma que está sendo contada, é bem menos importante que a sua fonte.
Esse texto que parece ser resistente ao tempo.
Segredos de um Escândalo
3.5 270 Assista AgoraEssa é a história de uma atriz que sente tanta vergonha da série em que atua que decide sair em busca de um papel que possa lhe conceder o mínimo de credibilidade e, se possível, por favor, lhe garantir um Oscar. Mas pra isso, ela precisa de uma uma personagem complexa & humana... que guarde dentro de si sentimentos complexos & humanos... e que enfrente um conflito bem complexo & bem humano. E ela vai encontrar. Talvez só não estivesse preparada para lidar com tamanha complexidade & humanidade.
Elizabeth e Gracie. Atriz e Personagem. Personagem e Atriz.
Chega a ser engraçada a ingenuidade da gata, obcecada em encapsular o "real" para sua performance, no meio de tanta gente que já não sabe mais o que é a realidade há muito tempo.
É uma questão de maquiagem. Gracie põe a sua maquiagem no rosto de Elizabeth... o filme todo.
Sua investigação criativa parece ser sempre insuficiente, por mais que ela se esforce ao máximo para chegar à verdade e até cruze limites éticos.
Mas ela não para até o último instante: "It's getting more real".
Felizes Juntos
4.2 261 Assista AgoraUm relacionamento cuja dinâmica fica nítida logo de cara: um sexo tão violento que parece mais uma luta greco-romana, incendiado por desejos irracionais, encontros e desencontros.
E as Cataratas do Iguaçu? Com certeza, um evento a ser presenciado com companhia. Mas às vezes a pessoa tá tão precisada de um encontro consigo mesma que só mesmo um banho solitário com aquelas águas para alinhar os chakras.
As Diabólicas
4.2 208 Assista AgoraDo primeiro ao último segundo, Les Diaboliques (no título original o adjetivo não designa um gênero específico como na tradução brasileira) é o mais refinado suspense. Uma manipulação feita com tanta sutileza e elegância que chega a ser mais diabólica que o crime cometido no filme.
Cléo das 5 às 7
4.2 199 Assista AgoraCléo, das 5 às 7, vai de 8 a 80.
Ela se despe dos vários artifícios que usa para esconder sua nudez enquanto flana freneticamente por Paris. Até sua alcunha charmosa não resiste aos solavancos e cai ao chão, revelando seu verdadeiro nome, Florence.
Por onde passa, não lhe faltam espelhos. Sempre devolvendo seus olhares cada vez mais carentes. Assim como as pessoas ao seu redor que vão deixando de se amontoar numa muvuca amorfa e viram indivíduos com vozes, visões, interesses. Todos imersos na banalidade de suas vidas, no ritmo da cidade.
E ela no meio de tudo e todos, fritando por dentro.
Cléo só vai acalmar seu coração longe do caos e perto de alguém que enxerga a Florence nela. Só assim estará pronta para a resposta que busca, qualquer que seja.
As Pontes de Madison
4.2 839 Assista AgoraMuito antes de How I Met Your Mother, existiu um How I Cheated Your Father.
Muito depois dA Escolha de Sofia, Meryl Streep teve que fazer a Escolha de Francesca.
Uma vida em 4 dias.
Lavoura Arcaica
4.2 381 Assista AgoraO bom filho à casa torna e o bom pai faz uma festa para recebê-lo.
No final feliz da parábola de Jesus, só existe uma escolha certa a ser feita: o paraíso verdadeiro, ao invés das seduções do mundo.
Na Lavoura Arcaica, a parábola vira uma tragédia grega.
Toda tentativa de apascentar a família dentro dos limites da tradição cristã, da abnegação servil e da dignidade do trabalho se enfraquece diante do caos que um único ser humano pode produzir.
A quem obedecer: ao pai ou à carne?
Só mesmo um louco pra adaptar Lavoura Arcaica. Um brinde aos loucos!
Saltburn
3.5 846Saltburn é um baile de máscaras em que os convidados não acessam as pessoas por baixo das fantasias. Tá todo mundo perfomando e girando ao som da música sem saber que o destino it’s a murder on the dancefloor. A dança é de sedução e nós também somos convidados a participar dela. Eu fui seduzido! Quando as máscaras começam a cair - elas não caem por completo, nunca revelam as verdadeiras faces - eu percebo que se deixar enganar pode ser deliciosamente prazeroso! Se deixar enganar é cinema.
A Festa de Formatura
3.1 238Pensei que a qualquer momento alguém fosse pular e cantar: "a homofobia é chata e feia".
A Vida Invisível
4.3 642Vendo esse filme, a gente percebe como o ser humano pode complicar a vida a troco de nada. Precisava desse sofrimento todo? Um simples erro determinar várias histórias e virar um monstro que assombra por tantos anos. Talvez, algumas pessoas não têm esse direito de errar, de pisar fora da linha...
As histórias das duas irmãs falam muito sobre a inevitabilidade de uma condição, nesse caso, a condição de ser mulher. E a representação mais escancarada disso são as gravidezes, que vêm sempre para ancorar as duas personagens em cenários opostos.
De um lado, a musicista se anula em favor de uma missão "mais nobre" e sem escapatória. Seu marido chega a lhe perguntar o que ela mais quer da vida, afinal ela já toca seu pianinho em casa. Do outro lado, a filha renegada encontra uma liberdade contraditória para lutar por sua nova família em meio ao caos. Ela literalmente vai sepultar o seu passado para viver às margens.
A Vida Invisível é uma junção de fragmentos. Eu gosto como cada pedacinho sempre traz um significado muito forte que, juntando tudo, compõe o recorte de uma época. São ações, palavras e silêncios que pintam esse quadro de uma maneira muito sutil, sem precisar ficar ululando.
Eu quis entrar na tela e mudar o rumo dessa história.
A Bruxa
3.6 3,4K Assista AgoraSobre os perigos de se ter um belzebu de estimação
Alucinações do Passado
3.9 257também preciso de um querubim quiroprata.
It: Capítulo Dois
3.4 1,5K Assista Agorapalhaçada
O Cérebro Que Não Queria Morrer
3.5 78 Assista AgoraMas tudo que o cérebro queria era morrer!
Roma
4.1 1,4K Assista Agorao primeiro plano do filme é o chão, o último, o céu. ao final de uma jornada relativamente curta mas intensa, vemos a elevação de cleo, uma personagem apaixonante. a impressão é que com apenas um recorte conseguimos apreender toda uma vida. há muitas coisas contadas em "roma", tudo de maneira delicada e contemplativa. impossível não voltar a esse universo às vezes. lindo.
Coerência
4.1 1,3K Assista AgoraA lentidão no início do filme não deveria ser vista como demérito. Os diálogos iniciais, apesar de parecerem desconexos e sem propósito, desempenham duas grandes e importantes funções na narrativa: primeiro, apresentar os personagens, seus traços de personalidade e insinuações de questões mal resolvidas; e depois, preparar o terreno para todo o conflito propulsor do filme, o que gera um inesperado contraste entre as conversas casuais e naturalistas com o surreal cometa e suas implicações. A partir daí, o diretor soube explorar bem a interação dos personagens, valorizando o trabalho dos atores com movimentos de câmera que capturavam a reação certa na hora certa. Por fim, acredito que a improvisação foi um acerto na medida em que foge de uma amarra a que muitos filmes do gênero se impõem, uma vez que ao seguirem um roteiro de maneira ortodoxa, acabam automatizando a história.
Mapas para as Estrelas
3.3 478 Assista AgoraSPOILERS (?):
Realmente a experiência de se ver um filme é única . Enquanto eu achei fantástico cada minuto de Mapas para as Estrelas, muita gente tá fazendo dele um boneco de São Judas aqui . Gostei muito da crítica a Hollywood, te faz realmente querer vomitar de nojo (assim como faz o garoto Benjie após uma reunião de negócios sobre sua carreira prematuramente estrondosa). Mas acho que essa crítica é mais um pano de fundo para abordar (de forma perturbadora e insana, beijos Cronenberg) os devaneios psicológicos dos personagens, que não precisariam ser nenhum astro da tv ou do cinema para surtar com fantasmas de incesto, culpa, rejeição etc. O que eu gosto no roteiro é que mesmo não mastigando a história no começo, como um típico roteiro hollywoodiano faria, os diálogos iniciais te fazem querer desvendar as relações dos personagens, o que vai sendo revelado de forma sutil e sem muito alarde do tipo "olha, você não sabia mas eu sou filha do seu conselheiro motivacional" no decorrer do filme . E o que falar das atuações? Tirando a atriz que interpreta a Cristina, achei todas muito boas. Julianne Moore está em uma de suas melhores interpretações, uma verdadeira transformação. Enfim, excelente experiência.
Malévola
3.7 3,8K Assista AgoraAngelina
Império dos Sonhos
3.8 433Durante o primeiro ato do filme eu me peguei pensando: "até que estou conseguindo manter uma linha de raciocínio". Uma ilusão passageira, pois não demorou muito pro Lynch mostrar o que sabe fazer de melhor: dar um nó em nossas mentes.
Antes da Meia-Noite
4.2 1,5K Assista Agora9 anos depois, Antes do Meio-Dia.
Jesus Cristo Superstar
3.8 186 Assista AgoraMúsicas boas, mas achei que faltou uma direção mais pujante.
Juventude Transviada
3.9 546 Assista Agora<3 Plato <3
O Grande Gatsby
3.9 2,7K Assista AgoraGente, tadinho do diretor! Será que ele não percebeu que na década de 20 ainda não tinham inventado a batida eletrônica?
O Menino do Pijama Listrado
4.2 3,7K Assista AgoraQue belo soco na barriga foi esse que acabei de levar?