No excelente Bone Tomahawk, um dos melhores filmes de 2016, o diretor S. Craig Zahler demonstrou uma habilidade admirável em misturar gêneros e reverencia-los, combinando western e terror na mesma obra. Em Brawl In Cell Block 99, Zahler mostra o mesmo talento, optando, dessa vez, por combinar os explotations dos anos 70 e filmes de ação dos anos 80.
Portanto, temos aqui um filme dinâmico, objetivo e que é impecável em aumentar a escala de violência com o decorrer da projeção, criando um ciclo vingativo em torno do protagonista muito bem construído. Aliás, a fotografia e direção de arte, gradativamente, tornam os ambientes mais escuros e sujos, combinando perfeitamente com esse aumento da selvageria.
Já Vince Vaughn beneficia-se de sua corpulência para criar um protagonista imponente fisicamente, mas retraído sentimentalmente, demonstrando como, por trás de toda aquela força, existe um homem cheio de arrependimentos, criando um legítimo anti-herói.
Há também leves críticas ao sistema carcerário e ao capitalismo aqui, mas nada profundo. A verdade é Brawl In Cell Block 99 escora-se completamente na ação e violência e nisso o filme é absolutamente envolvente, cru e impactante.
Zahler não só faz uma excelente homenagem ao cinema de ação da década de 70 e 80, como também produz um dos grande filmes do gênero nos últimos tempos. Definitivamente, é um diretor para acompanhar nos próximos anos.
"No primeiro filme, devido ao foco no jaegers, as motivações dos alienígenas foram resumidas a colonizar o planeta e dominá-lo. Por isso, o caminho óbvio neste segundo filme seria aumentar a ameaça e potencializar o vilão. Contudo, o roteiro, escrito por DeKnight, Emily Carmichael, Kira Snyder e T.S. Nowlin, opta pelo caminho inverso, utilizando a maior parte do tempo para apresentar mais robôs, personagens estereotipados e uma trama sobre drones que o próprio longa descarta depois. Para piorar, além de trazer os kaijus apenas no terceiro ato, o surgimento das criaturas é ancorado por uma reviravolta envolvendo um personagem que, por mais que seja impactante, não faz sentido dentro da narrativa. Inclusive, a explicação de que o Programa Jaeger continuou para estudar o funcionamento dos kaijus é incompreensível e ilógica, uma vez que os robôs gigantes continuaram sendo construídos mesmo sem uma ameaça aparente."
[...] A história de O Jornal se desenrola em apenas um dia, destacando a rotina caótica do protagonista; portanto, inteligentemente, Ron Howard estrutura sua direção para destacar esse fator. O diretor recorre à vários movimentos de câmera que perseguem os personagens, enquanto a montagem abusa de cortes rápidos, principalmente nas reuniões dos jornalistas, ressaltando o dinamismo da profissão e a adrenalina. [...]
[...] Aniquilação, definitivamente, não é um longa fácil de ser compreendido. Alex Garland não facilita a vida do público, construindo sua narrativa em três linhas temporais diferentes que criam um quebra-cabeça na mente do espectador, além de provocar nossa imaginação a cada momento. A viagem por essa história pode ser tão dura quanto a da protagonista, com a dúvida nos aniquilando, mas quem embarcar na proposta do filme, terá pela frente reflexões dignas das melhores ficções científicas. [...]
[...] Desde a sequência inicial, o diretor Wong Kar-Wai constrói o relacionamento entre os protagonistas de maneira visceral. Se pegarmos como exemplo uma das primeiras cenas do longa, o sexo do casal demonstra perfeitamente o funcionamento do namoro: cheio de paixão, mas agressivo e com uma leve afobação de ambos. Portanto, assim continua Felizes Juntos, transmitindo informações mais pela ação de seus personagens do que por suas falas, inserindo também certa sensibilidade à obra, visto que nada é expositivo. [...]
Roman J. Israel, Esq flerta com diversas visões de mundo, mas se perde no que tenta dizer. Roman era um militante fervoroso que, em três semanas, decidiu pensar apenas em si, resultando em situações graves. No entanto, sua ideologia nunca lhe trouxe nada, pelo contrário, mais tirou do que deu, algo também destacado pelo longa. O que mais ele poderia ter feito? Infelizmente, não há respostas aqui. Ou seja, o filme é um extenso estudo de personagem que não sabe quais reflexões trazer sobre seu protagonista e, quando tenta utilizar os coadjuvantes, não os desenvolve de maneira satisfatória para que acreditemos em seus arcos. Se não fosse a ótima atuação de Denzel Washington, o filme seria um desperdício completo, uma vez que até a direção de Dan Gilroy não foge do comum, inclusive, inserindo um ritmo apressado que impede a assimilação de algumas informações. Se Gilroy surpreendeu com o seu excelente O Abutre, aqui ele tem um fracasso completo.
[...] Mais interessante que acompanhar a história de amizade entre os dois protagonistas, é atestar o contraste entre eles. Enquanto Abdul divide com a rainha informações sobre a Índia, como a rica arquitetura, culinária e tapeçaria do país, inclusive, contando experiências pessoais, Victoria sente-se presa dentro de seu próprio reinado. Na sequência de apresentação da monarca, que é vestida por camareiros após acordar, fica claro como a rainha não precisa mover um dedo sequer para se arrumar, porém, o que parece um privilégio, também pode ser um pesadelo, uma vez que ela encontra-se presa por não conseguir fazer nada com naturalidade, tudo é protocolar, até levantar da cama. Portanto, é louvável que o roteiro não apresente Abdul como o personagem sofrido da história, mas sim Victoria. [...]
Assassinato no Expresso do Oriente é, provavelmente, um dos filmes mais refinados de 2017. Através de belos figurinos, movimentos de câmera suaves e uma direção de arte rica em detalhes, o longa de Kenneth Brannagh exala elegância e estilo. Apesar disso, falta um elemento fundamental aqui: o suspense.
Se Brannagh acerta em construir um universo visualmente bonito, ele falha em despertar tensão no público. Para uma trama que gira em torno de um assassinato, não há a sensação de perigo iminente na obra e os personagens em nenhum momento parecem sob risco, destoando do discurso imposto pelo roteiro de ''estamos todos entre um assassino''.
Pior do que isso, graças a uma edição apressada, algumas informações sobre os personagens são apresentadas em um curto espaço de tempo, resultando em coincidências na trama que facilitam a antecipação do plot. Devido a isso, aquela atmosfera de mistério característica em filmes investigativos também está ausente aqui, restando ao espectador tentar assimilar tudo o que é transmitido e nada mais.
Pelo compensar, o roteiro traz um interessante subtexto que remete à história de Jesus e os 12 apóstolos (com direito a um belíssimo plano que emula A Última Ceia), transmitindo uma mensagem pertinente sobre justiça, culpa e sacrifício. Aliás, outro elemento digno de nota é o elenco, conferindo personalidade aos personagens que, às vezes, caem em estereótipos.
Se Assassinato no Expresso do Oriente falha no clima de suspense, o longa, pelo menos, é visualmente belo e aborda temas pertinentes, impedindo que a experiência seja esquecível.
[...] Diante das contradições e bolas foras (!) do roteiro, o espectador espera algo muito mais do que uma passagem enjoativa de um casal por várias cidades do mundo durante sua lua de mel e uma montagem picotada e pontuada por fades tenebrosos que ligam cenas do que aconteceu nos dois filmes anteriores para mostrar que “olha, isso aqui é uma trilogia, a gente já passou por tudo isso e agora estamos aqui!“. O que jamais vamos entender é como uma trilogia sobre “sexo diferentão” e as relações que envolvem esse tipo de sexo se tornou Girls In The House – 69ª Temporada: Os Herdeiros das Kardashians. [...]
Crítica completa, escrita em conjunto com meu amigo Luiz Santiago, em: http://www.planocritico.com/critica-cinquenta-tons-de-liberdade-com-spoilers-18/
[...] Donos de estilos bem definidos, o olhar de cada diretor fica bastante evidente em Eros. Portanto, temos a irreverência de Soderbergh, parecida com a de Onze Homens e Um Segredo; o existencialismo de Antonioni, como do filme Profissão: Repórter; e a riqueza visual de Kar-Wai, como em seu longa Amor à Flor da Pele. Porém, a liberdade dos diretores em seguir seus estilos resulta em histórias que oscilam de qualidade e é aí que os problemas surgem. Como acontece na maioria das obras desse tipo, há em Eros uma disparidade entre as tramas. [...]
Para uma criança, a vinda de um irmão pode ser bastante impactante. Alguns lidam melhor, outros nem tanto, mas, caso sintam que estão recebendo menos atenção dos pais, os pequenos podem nutrir ciúmes pelo irmãozinho, resultando em pequenos conflitos. Baseado nessa situação, The Boss Baby cria sua boa premissa, utilizando a imaginação do protagonista para conduzir a história.
Dito isso, fica claro o potencial do roteiro, tendo a oportunidade de trabalhar um tema importante e facilmente identificável, aliado ao mundo fértil da imaginação infantil. Contudo, tudo cai por terra quando o roteirista Michael McCullers opta por construir o coprotagonista, o bebê, através de piadas sobre negócios que não combinam em nada com o tom da obra. Aliás, pior do que isso, são as motivações do ''chefinho'', que almeja tornar-se CEO de uma empresa comandada por bebês (sim, isso mesmo).
Devido a esse caminho seguido pelo texto, vemo-nos diante de uma obra que falha tanto em agradar o público infantil, que obviamente não entenderá piadas que utilizam o termo ''ganha-ganha'', quanto os adultos, uma vez que a história é extremamente previsível.
Além disso, o roteiro quebra a própria premissa ao apresentar, com o decorrer da projeção, o chefe dos pais como o verdadeiro vilão, deixando de lado a relação dos irmãos para desenvolver uma trama ridícula de vingança envolvendo filhotes (sim, isso mesmo²). A partir daí, a obra cai em soluções fáceis, como na horrível batalha final, e cenas entediantes, como na explicação sobre os objetivos da Baby Corp.
Ademais, o roteiro falha na construção da química entre os irmãos, resultando em dois personagens nada cativantes; afinal de contas, quem quer ver um bebê fazendo piadas sobre o mercado de trabalho durante uma hora e meia? Para piorar, as reações do irmão mais velho, que demonstra uma ingenuidade absurda, o tornam um personagem que beira o irritante.
Para compensar, a direção de arte funciona, principalmente na criação da Baby Corp, e o diretor Tom McGrath acerta ao utilizar técnicas de animação variadas, como nas cenas mais imaginativas do longa, originando um filme visualmente bonito. Uma pena que o bom trabalho técnico fique à mercê de um roteiro tão chato.
[...] Com um roteiro tão fraco e uma direção tão comum, David S. Goyer não só falhou em dar uma conclusão digna para Blade, que vinha de dois bons filmes, como enterrou qualquer possibilidade do personagem ter continuidade no cinema nos anos seguintes. O caçador de vampiros merecia um final digno. [...]
[...] Além de ser bem melhor que seu antecessor, Blade II chama a atenção por apresentar fatores que tornaram-se marca registrada da carreira de Guillermo Del Toro, como a precisa criação de universo por intermédio de uma direção que valoriza seus elementos técnicos. Através do personagem da Marvel, Del Toro já dava indícios do grande cineasta que se tornaria. [...]
[...] Mesmo prejudicado pelo tempo, resultando em efeitos visuais patéticos, o filme é extremamente eficiente em seu objetivo maior, ser um bom filme de ação, principalmente pela vitalidade de Wesley Snipes. Pode não ter sido o início ideal para a Marvel no cinema, mas Blade justifica seu sucesso. [...]
[...] Tendo um protagonista tão tímido, o roteiro, escrito por Lowell Ganz e Babaloo Mandel, acerta em cheio na construção do arco de Chuck, tornando visível o aprendizado que ele teve ao longo da história. No início, somos apresentados a um sujeito que é o resumo da caretice: submisso aos outros, incapaz de se impor e que mal consegue ter relações sexuais com a namorada; e o longa apresenta essas características sem caricaturismo, pelo contrário, é através de cenas sutis, como não querer pedir para trocar o jantar para não incomodar o atendente. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-corretores-do-amor/
[...] Apesar das tentativas do roteiro em não glorificar demasiadamente Lincoln, destacando como ele era, às vezes, um pai e marido falho, inclusive, ignorando o filho mais velho e chamando sua esposa de desequilibrada, Steven Spielberg demonstra total desinteresse por essa parte da história e foca no desenvolvimento de uma aura mística em torno do personagem-título
A direção de Spielberg aqui é contemplativa, mostrando Lincoln em contra luz ou filmando-o de perfil, evocando sua silhueta eternizada por estátuas, quadros e monumentos. Além disso, há sempre uma luz intensa entrando pelas janelas dos cenários, criando uma sensação de misticidade e, até mesmo, fantasia. Já a trilha sonora de John Willians, com seus característicos instrumentos de sopro, transmite sabedoria sempre que o presidente discursa ou dialoga. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-lincoln/
[...] Em Profissão: Repórter, a primeira fala do filme ocorre com cinco minutos de projeção, quando o protagonista pergunta para um nativo: “você sabe falar inglês?”. Durante o tempo em que ficou calado, acompanhamos o homem tentando chegar a algum local, que não sabemos onde é, com a ajuda da população, mas falhando em seu objetivo. Sem o apoio necessário, o protagonista só encontra seu destino após uma exaustiva caminhada pelo deserto. Nessa sequência, Antonioni utiliza planos abertos que isolam o personagem em uma paisagem desértica, ressaltando sua solidão e desorientação.
Esse início poderoso e bem construído serve como síntese do filme, de poucas falas, mas repleto de mensagens, principalmente acerca da falta de comunicabilidade das pessoas. Aliás, não é a toa que o protagonista seja um jornalista, profissional responsável por retratar a realidade, mas, como vemos durante o longa, falha nisso por olhar as pessoas com um filtro de arrogância e pré-julgamento, impedindo-as de se expressarem, defeito também presente em uma sociedade cada vez mais preocupada em responder e não em ouvir. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-profissao-reporter/
[...] Por mais que o roteiro de Zabriskie Point seja eficiente em provocar o público, trazendo críticas pertinentes á sociedade americana e até mesmo aos que se dizem revolucionários, com um boa sequência inicial para isso, o texto, escrito por Antonioni, Franco Rossetti, Sam Shepard, Torino Guerra e Clare Peploe (geralmente, não é um bom sinal um roteiro escrito por tantos roteiristas), falha drasticamente na apresentação e desenvolvimento de seus protagonistas. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-zabriskie-point/
[...] Para um longa-metragem cujos protagonistas são remanescentes da cultura hippie, com direito a um discurso eloquente de Jack enquanto pichava uma construção no primeiro ato, O Mundo de Jack e Rose é demasiadamente morno. Aliás, a sensação é que o roteiro, escrito pela diretora Rebecca Miller, possui um punhado de boas ideias, mas mal exploradas.
No entanto, o início é promissor. Logo de cara, público é jogado na relação entre Jack e Rose e, graças a uma ótima sequência inicial, entendemos a filosofia de vida e o carinho entre os protagonistas. Na cena, Miller intercala o uso de uma Steadicam e de uma grua para ressaltar a vestidão e natureza do local, inserindo um senso de liberdade e respeito ao ecossistema enquanto a câmera viaja pela propriedade de Jack. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-o-mundo-de-jack-e-rose/
[...] O roteiro de O Lutador, escrito por Jim Sheridan e Terry George, propõe-se a abordar o evento denominado “The Troubles”, evento que marcou a luta de determinados grupos pela independência da Irlanda do Norte. No entanto, a disputa ia além da mera briga territorial, uma vez que protestantes eram contra a independência, enquanto os católicos eram a favor. Ou seja, a rivalidade religiosa também marcou esse tenso momento da história irlandesa. Contudo, mesmo diante de um assunto complexo, marcante na história da região e rico em conteúdo, o longa jamais consegue passar da abordagem rasa sobre o tema. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-o-lutador-1997/
[...] O que diferencia o assassinato de um ser humano e o de um animal? Por que eliminar a própria espécie é errado (e realmente é), mas matar outros seres vivos não é? Muitos argumentam que dependemos dos animais para nos alimentarmos, mas não seria a natureza abundante o suficiente para isso? O fato é que, diariamente, ocorrem assassinatos em escala industrial, de maneira bastante cruel, para satisfazer os desejos humanos. Durante todo esse tempo, os animais assistiram a esse holocausto calados, porém, nada impede que, um dia, alguém procure vingar-los. O filme polonês Pokot nos apresenta justamente essa situação, mas trazendo uma relação interessante entre público e assassino. [...]
O restante da crítica (com spoilers) está em: http://www.planocritico.com/critica-pokot/
[...] O que aprendemos com trajetória de Orlando é que, antes de apaixonar-se por alguém, é fundamental amar a si mesmo, não através do egocentrismo, mas no sentido de olhar-se no espelho e gostar do que vê. A história do protagonista mostra que um amor pode sim preencher nossa vida, mas não podemos tratá-lo como fundamental para nossa felicidade. Por isso, o arco em torno do personagem, mesmo com algumas elipses demasiadamente bruscas, é perfeito em pontuar o amadurecimento de Orlando. Dividido em capítulos, o roteiro mostra com precisão como seus desejos mudaram com o decorrer de vida e a influência que cada um teve em seu amadurecimento. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-orlando/
[...] É através das vítimas que a protagonista escolhe que o roteiro faz suas críticas à sociedade e o machismo presente nela. Cada personagem morto por Ruth possui características repulsivas, vide o vendedor de animais que paquera com frases de duplo sentido, como, por exemplo, “minha cobra é grossa e lisa não é?”; ou o DJ que tenta convencer Ruth a transar com ele criticando a aparência dela, comentando “sempre me excitei com mulheres acima do peso”. Aliás, curiosamente, uma das únicas mulheres vitimadas por Ruth é uma executiva indiferente com com a causa feminina, dizendo que não pode contratá-la por estar grávida, destacando como uma mulher que não se importa com as demais pode ser tão prejudicial quanto um homem, mesmo que estes sejam os responsáveis pela cultura patriarcal. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-prevenge/
[...] com um início que remete diretamente à clássicos do gênero, fica a expectativa de que o filme siga por essa linha, até porque, a obra sugere uma trama de traição e poder dentro da organização criminosa. Contudo, no segundo ato, somos surpreendidos por uma mudança temática e tonal dentro do longa. A violência e calculismo dos mafiosos dá espaço para uma bela história entre pai e filho. Aliás, Michael Sullivan cresce consideravelmente com isso, uma vez que nuances suas começam a aparecer, como o medo e a raiva, e sua frieza mostra-se, na verdade, arrependimento pelo caminho que seguiu. Ademais, se o relacionamento de Sullivan com o filho parecia distante (repare como, no primeiro ato, Mendes apresenta-os com certa distância para a câmera e fora do mesmo quadro), descobrimos que a indiferença do pai é medo que o filho siga seus passos, resultando em uma obra que aborda a paternidade de maneira surpreendentemente profunda e verdadeira. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-estrada-para-perdicao/
Confronto no Pavilhão 99
3.7 218 Assista AgoraNo excelente Bone Tomahawk, um dos melhores filmes de 2016, o diretor S. Craig Zahler demonstrou uma habilidade admirável em misturar gêneros e reverencia-los, combinando western e terror na mesma obra. Em Brawl In Cell Block 99, Zahler mostra o mesmo talento, optando, dessa vez, por combinar os explotations dos anos 70 e filmes de ação dos anos 80.
Portanto, temos aqui um filme dinâmico, objetivo e que é impecável em aumentar a escala de violência com o decorrer da projeção, criando um ciclo vingativo em torno do protagonista muito bem construído. Aliás, a fotografia e direção de arte, gradativamente, tornam os ambientes mais escuros e sujos, combinando perfeitamente com esse aumento da selvageria.
Já Vince Vaughn beneficia-se de sua corpulência para criar um protagonista imponente fisicamente, mas retraído sentimentalmente, demonstrando como, por trás de toda aquela força, existe um homem cheio de arrependimentos, criando um legítimo anti-herói.
Há também leves críticas ao sistema carcerário e ao capitalismo aqui, mas nada profundo. A verdade é Brawl In Cell Block 99 escora-se completamente na ação e violência e nisso o filme é absolutamente envolvente, cru e impactante.
Zahler não só faz uma excelente homenagem ao cinema de ação da década de 70 e 80, como também produz um dos grande filmes do gênero nos últimos tempos. Definitivamente, é um diretor para acompanhar nos próximos anos.
Círculo de Fogo: A Revolta
2.8 491 Assista Agora"No primeiro filme, devido ao foco no jaegers, as motivações dos alienígenas foram resumidas a colonizar o planeta e dominá-lo. Por isso, o caminho óbvio neste segundo filme seria aumentar a ameaça e potencializar o vilão. Contudo, o roteiro, escrito por DeKnight, Emily Carmichael, Kira Snyder e T.S. Nowlin, opta pelo caminho inverso, utilizando a maior parte do tempo para apresentar mais robôs, personagens estereotipados e uma trama sobre drones que o próprio longa descarta depois. Para piorar, além de trazer os kaijus apenas no terceiro ato, o surgimento das criaturas é ancorado por uma reviravolta envolvendo um personagem que, por mais que seja impactante, não faz sentido dentro da narrativa. Inclusive, a explicação de que o Programa Jaeger continuou para estudar o funcionamento dos kaijus é incompreensível e ilógica, uma vez que os robôs gigantes continuaram sendo construídos mesmo sem uma ameaça aparente."
Crítica completa: http://www.planocritico.com/critica-circulo-de-fogo-a-revolta/
O Jornal
3.2 40 Assista Agora[...] A história de O Jornal se desenrola em apenas um dia, destacando a rotina caótica do protagonista; portanto, inteligentemente, Ron Howard estrutura sua direção para destacar esse fator. O diretor recorre à vários movimentos de câmera que perseguem os personagens, enquanto a montagem abusa de cortes rápidos, principalmente nas reuniões dos jornalistas, ressaltando o dinamismo da profissão e a adrenalina. [...]
Crítica completa: http://www.planocritico.com/critica-o-jornal-1994/
Aniquilação
3.4 1,6K Assista Agora[...] Aniquilação, definitivamente, não é um longa fácil de ser compreendido. Alex Garland não facilita a vida do público, construindo sua narrativa em três linhas temporais diferentes que criam um quebra-cabeça na mente do espectador, além de provocar nossa imaginação a cada momento. A viagem por essa história pode ser tão dura quanto a da protagonista, com a dúvida nos aniquilando, mas quem embarcar na proposta do filme, terá pela frente reflexões dignas das melhores ficções científicas. [...]
Crítica completa: http://www.planocritico.com/critica-aniquilacao/
Felizes Juntos
4.2 261 Assista Agora[...] Desde a sequência inicial, o diretor Wong Kar-Wai constrói o relacionamento entre os protagonistas de maneira visceral. Se pegarmos como exemplo uma das primeiras cenas do longa, o sexo do casal demonstra perfeitamente o funcionamento do namoro: cheio de paixão, mas agressivo e com uma leve afobação de ambos. Portanto, assim continua Felizes Juntos, transmitindo informações mais pela ação de seus personagens do que por suas falas, inserindo também certa sensibilidade à obra, visto que nada é expositivo. [...]
Crítica completa: http://www.planocritico.com/critica-felizes-juntos/
Roman J. Israel
3.2 209 Assista AgoraRoman J. Israel, Esq flerta com diversas visões de mundo, mas se perde no que tenta dizer. Roman era um militante fervoroso que, em três semanas, decidiu pensar apenas em si, resultando em situações graves. No entanto, sua ideologia nunca lhe trouxe nada, pelo contrário, mais tirou do que deu, algo também destacado pelo longa. O que mais ele poderia ter feito? Infelizmente, não há respostas aqui. Ou seja, o filme é um extenso estudo de personagem que não sabe quais reflexões trazer sobre seu protagonista e, quando tenta utilizar os coadjuvantes, não os desenvolve de maneira satisfatória para que acreditemos em seus arcos. Se não fosse a ótima atuação de Denzel Washington, o filme seria um desperdício completo, uma vez que até a direção de Dan Gilroy não foge do comum, inclusive, inserindo um ritmo apressado que impede a assimilação de algumas informações. Se Gilroy surpreendeu com o seu excelente O Abutre, aqui ele tem um fracasso completo.
Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha
3.5 169 Assista Agora[...] Mais interessante que acompanhar a história de amizade entre os dois protagonistas, é atestar o contraste entre eles. Enquanto Abdul divide com a rainha informações sobre a Índia, como a rica arquitetura, culinária e tapeçaria do país, inclusive, contando experiências pessoais, Victoria sente-se presa dentro de seu próprio reinado. Na sequência de apresentação da monarca, que é vestida por camareiros após acordar, fica claro como a rainha não precisa mover um dedo sequer para se arrumar, porém, o que parece um privilégio, também pode ser um pesadelo, uma vez que ela encontra-se presa por não conseguir fazer nada com naturalidade, tudo é protocolar, até levantar da cama. Portanto, é louvável que o roteiro não apresente Abdul como o personagem sofrido da história, mas sim Victoria. [...]
Crítica completa: http://www.planocritico.com/critica-victoria-e-abdul-o-confidente-da-rainha/
Assassinato no Expresso do Oriente
3.4 938 Assista AgoraAssassinato no Expresso do Oriente é, provavelmente, um dos filmes mais refinados de 2017. Através de belos figurinos, movimentos de câmera suaves e uma direção de arte rica em detalhes, o longa de Kenneth Brannagh exala elegância e estilo. Apesar disso, falta um elemento fundamental aqui: o suspense.
Se Brannagh acerta em construir um universo visualmente bonito, ele falha em despertar tensão no público. Para uma trama que gira em torno de um assassinato, não há a sensação de perigo iminente na obra e os personagens em nenhum momento parecem sob risco, destoando do discurso imposto pelo roteiro de ''estamos todos entre um assassino''.
Pior do que isso, graças a uma edição apressada, algumas informações sobre os personagens são apresentadas em um curto espaço de tempo, resultando em coincidências na trama que facilitam a antecipação do plot. Devido a isso, aquela atmosfera de mistério característica em filmes investigativos também está ausente aqui, restando ao espectador tentar assimilar tudo o que é transmitido e nada mais.
Pelo compensar, o roteiro traz um interessante subtexto que remete à história de Jesus e os 12 apóstolos (com direito a um belíssimo plano que emula A Última Ceia), transmitindo uma mensagem pertinente sobre justiça, culpa e sacrifício. Aliás, outro elemento digno de nota é o elenco, conferindo personalidade aos personagens que, às vezes, caem em estereótipos.
Se Assassinato no Expresso do Oriente falha no clima de suspense, o longa, pelo menos, é visualmente belo e aborda temas pertinentes, impedindo que a experiência seja esquecível.
Cinquenta Tons de Liberdade
2.5 452[...] Diante das contradições e bolas foras (!) do roteiro, o espectador espera algo muito mais do que uma passagem enjoativa de um casal por várias cidades do mundo durante sua lua de mel e uma montagem picotada e pontuada por fades tenebrosos que ligam cenas do que aconteceu nos dois filmes anteriores para mostrar que “olha, isso aqui é uma trilogia, a gente já passou por tudo isso e agora estamos aqui!“. O que jamais vamos entender é como uma trilogia sobre “sexo diferentão” e as relações que envolvem esse tipo de sexo se tornou Girls In The House – 69ª Temporada: Os Herdeiros das Kardashians. [...]
Crítica completa, escrita em conjunto com meu amigo Luiz Santiago, em: http://www.planocritico.com/critica-cinquenta-tons-de-liberdade-com-spoilers-18/
Eros
3.6 34[...] Donos de estilos bem definidos, o olhar de cada diretor fica bastante evidente em Eros. Portanto, temos a irreverência de Soderbergh, parecida com a de Onze Homens e Um Segredo; o existencialismo de Antonioni, como do filme Profissão: Repórter; e a riqueza visual de Kar-Wai, como em seu longa Amor à Flor da Pele. Porém, a liberdade dos diretores em seguir seus estilos resulta em histórias que oscilam de qualidade e é aí que os problemas surgem. Como acontece na maioria das obras desse tipo, há em Eros uma disparidade entre as tramas. [...]
Crítica completa: http://www.planocritico.com/critica-eros/
O Poderoso Chefinho
3.4 521 Assista AgoraPara uma criança, a vinda de um irmão pode ser bastante impactante. Alguns lidam melhor, outros nem tanto, mas, caso sintam que estão recebendo menos atenção dos pais, os pequenos podem nutrir ciúmes pelo irmãozinho, resultando em pequenos conflitos. Baseado nessa situação, The Boss Baby cria sua boa premissa, utilizando a imaginação do protagonista para conduzir a história.
Dito isso, fica claro o potencial do roteiro, tendo a oportunidade de trabalhar um tema importante e facilmente identificável, aliado ao mundo fértil da imaginação infantil. Contudo, tudo cai por terra quando o roteirista Michael McCullers opta por construir o coprotagonista, o bebê, através de piadas sobre negócios que não combinam em nada com o tom da obra. Aliás, pior do que isso, são as motivações do ''chefinho'', que almeja tornar-se CEO de uma empresa comandada por bebês (sim, isso mesmo).
Devido a esse caminho seguido pelo texto, vemo-nos diante de uma obra que falha tanto em agradar o público infantil, que obviamente não entenderá piadas que utilizam o termo ''ganha-ganha'', quanto os adultos, uma vez que a história é extremamente previsível.
Além disso, o roteiro quebra a própria premissa ao apresentar, com o decorrer da projeção, o chefe dos pais como o verdadeiro vilão, deixando de lado a relação dos irmãos para desenvolver uma trama ridícula de vingança envolvendo filhotes (sim, isso mesmo²). A partir daí, a obra cai em soluções fáceis, como na horrível batalha final, e cenas entediantes, como na explicação sobre os objetivos da Baby Corp.
Ademais, o roteiro falha na construção da química entre os irmãos, resultando em dois personagens nada cativantes; afinal de contas, quem quer ver um bebê fazendo piadas sobre o mercado de trabalho durante uma hora e meia? Para piorar, as reações do irmão mais velho, que demonstra uma ingenuidade absurda, o tornam um personagem que beira o irritante.
Para compensar, a direção de arte funciona, principalmente na criação da Baby Corp, e o diretor Tom McGrath acerta ao utilizar técnicas de animação variadas, como nas cenas mais imaginativas do longa, originando um filme visualmente bonito. Uma pena que o bom trabalho técnico fique à mercê de um roteiro tão chato.
Blade: Trinity
2.8 340 Assista Agora[...] Com um roteiro tão fraco e uma direção tão comum, David S. Goyer não só falhou em dar uma conclusão digna para Blade, que vinha de dois bons filmes, como enterrou qualquer possibilidade do personagem ter continuidade no cinema nos anos seguintes. O caçador de vampiros merecia um final digno. [...]
Crítica completa: www.planocritico.com/critica-blade-trinity/
Blade II: O Caçador de Vampiros
3.1 295 Assista Agora[...] Além de ser bem melhor que seu antecessor, Blade II chama a atenção por apresentar fatores que tornaram-se marca registrada da carreira de Guillermo Del Toro, como a precisa criação de universo por intermédio de uma direção que valoriza seus elementos técnicos. Através do personagem da Marvel, Del Toro já dava indícios do grande cineasta que se tornaria. [...]
Crítica completa: www.planocritico.com/critica-blade-ii-o-cacador-de-vampiros/
Blade: O Caçador de Vampiros
3.2 356 Assista Agora[...] Mesmo prejudicado pelo tempo, resultando em efeitos visuais patéticos, o filme é extremamente eficiente em seu objetivo maior, ser um bom filme de ação, principalmente pela vitalidade de Wesley Snipes. Pode não ter sido o início ideal para a Marvel no cinema, mas Blade justifica seu sucesso. [...]
Crítica completa: www.planocritico.com/critica-blade-o-cacador-de-vampiros/
Corretores do Amor
3.0 12[...] Tendo um protagonista tão tímido, o roteiro, escrito por Lowell Ganz e Babaloo Mandel, acerta em cheio na construção do arco de Chuck, tornando visível o aprendizado que ele teve ao longo da história. No início, somos apresentados a um sujeito que é o resumo da caretice: submisso aos outros, incapaz de se impor e que mal consegue ter relações sexuais com a namorada; e o longa apresenta essas características sem caricaturismo, pelo contrário, é através de cenas sutis, como não querer pedir para trocar o jantar para não incomodar o atendente. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-corretores-do-amor/
Lincoln
3.5 1,5K[...] Apesar das tentativas do roteiro em não glorificar demasiadamente Lincoln, destacando como ele era, às vezes, um pai e marido falho, inclusive, ignorando o filho mais velho e chamando sua esposa de desequilibrada, Steven Spielberg demonstra total desinteresse por essa parte da história e foca no desenvolvimento de uma aura mística em torno do personagem-título
A direção de Spielberg aqui é contemplativa, mostrando Lincoln em contra luz ou filmando-o de perfil, evocando sua silhueta eternizada por estátuas, quadros e monumentos. Além disso, há sempre uma luz intensa entrando pelas janelas dos cenários, criando uma sensação de misticidade e, até mesmo, fantasia. Já a trilha sonora de John Willians, com seus característicos instrumentos de sopro, transmite sabedoria sempre que o presidente discursa ou dialoga. [...]
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Profissão: Repórter
4.0 90[...] Em Profissão: Repórter, a primeira fala do filme ocorre com cinco minutos de projeção, quando o protagonista pergunta para um nativo: “você sabe falar inglês?”. Durante o tempo em que ficou calado, acompanhamos o homem tentando chegar a algum local, que não sabemos onde é, com a ajuda da população, mas falhando em seu objetivo. Sem o apoio necessário, o protagonista só encontra seu destino após uma exaustiva caminhada pelo deserto. Nessa sequência, Antonioni utiliza planos abertos que isolam o personagem em uma paisagem desértica, ressaltando sua solidão e desorientação.
Esse início poderoso e bem construído serve como síntese do filme, de poucas falas, mas repleto de mensagens, principalmente acerca da falta de comunicabilidade das pessoas. Aliás, não é a toa que o protagonista seja um jornalista, profissional responsável por retratar a realidade, mas, como vemos durante o longa, falha nisso por olhar as pessoas com um filtro de arrogância e pré-julgamento, impedindo-as de se expressarem, defeito também presente em uma sociedade cada vez mais preocupada em responder e não em ouvir. [...]
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Zabriskie Point
3.9 109[...] Por mais que o roteiro de Zabriskie Point seja eficiente em provocar o público, trazendo críticas pertinentes á sociedade americana e até mesmo aos que se dizem revolucionários, com um boa sequência inicial para isso, o texto, escrito por Antonioni, Franco Rossetti, Sam Shepard, Torino Guerra e Clare Peploe (geralmente, não é um bom sinal um roteiro escrito por tantos roteiristas), falha drasticamente na apresentação e desenvolvimento de seus protagonistas. [...]
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O Mundo de Jack e Rose
3.4 116 Assista Agora[...] Para um longa-metragem cujos protagonistas são remanescentes da cultura hippie, com direito a um discurso eloquente de Jack enquanto pichava uma construção no primeiro ato, O Mundo de Jack e Rose é demasiadamente morno. Aliás, a sensação é que o roteiro, escrito pela diretora Rebecca Miller, possui um punhado de boas ideias, mas mal exploradas.
No entanto, o início é promissor. Logo de cara, público é jogado na relação entre Jack e Rose e, graças a uma ótima sequência inicial, entendemos a filosofia de vida e o carinho entre os protagonistas. Na cena, Miller intercala o uso de uma Steadicam e de uma grua para ressaltar a vestidão e natureza do local, inserindo um senso de liberdade e respeito ao ecossistema enquanto a câmera viaja pela propriedade de Jack. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-o-mundo-de-jack-e-rose/
O Lutador
3.4 23 Assista Agora[...] O roteiro de O Lutador, escrito por Jim Sheridan e Terry George, propõe-se a abordar o evento denominado “The Troubles”, evento que marcou a luta de determinados grupos pela independência da Irlanda do Norte. No entanto, a disputa ia além da mera briga territorial, uma vez que protestantes eram contra a independência, enquanto os católicos eram a favor. Ou seja, a rivalidade religiosa também marcou esse tenso momento da história irlandesa. Contudo, mesmo diante de um assunto complexo, marcante na história da região e rico em conteúdo, o longa jamais consegue passar da abordagem rasa sobre o tema. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-o-lutador-1997/
Rastros
3.2 46[...] O que diferencia o assassinato de um ser humano e o de um animal? Por que eliminar a própria espécie é errado (e realmente é), mas matar outros seres vivos não é? Muitos argumentam que dependemos dos animais para nos alimentarmos, mas não seria a natureza abundante o suficiente para isso? O fato é que, diariamente, ocorrem assassinatos em escala industrial, de maneira bastante cruel, para satisfazer os desejos humanos. Durante todo esse tempo, os animais assistiram a esse holocausto calados, porém, nada impede que, um dia, alguém procure vingar-los. O filme polonês Pokot nos apresenta justamente essa situação, mas trazendo uma relação interessante entre público e assassino. [...]
O restante da crítica (com spoilers) está em: http://www.planocritico.com/critica-pokot/
Orlando, A Mulher Imortal
3.8 113 Assista Agora[...] O que aprendemos com trajetória de Orlando é que, antes de apaixonar-se por alguém, é fundamental amar a si mesmo, não através do egocentrismo, mas no sentido de olhar-se no espelho e gostar do que vê. A história do protagonista mostra que um amor pode sim preencher nossa vida, mas não podemos tratá-lo como fundamental para nossa felicidade. Por isso, o arco em torno do personagem, mesmo com algumas elipses demasiadamente bruscas, é perfeito em pontuar o amadurecimento de Orlando. Dividido em capítulos, o roteiro mostra com precisão como seus desejos mudaram com o decorrer de vida e a influência que cada um teve em seu amadurecimento. [...]
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Prevenge
3.0 39[...] É através das vítimas que a protagonista escolhe que o roteiro faz suas críticas à sociedade e o machismo presente nela. Cada personagem morto por Ruth possui características repulsivas, vide o vendedor de animais que paquera com frases de duplo sentido, como, por exemplo, “minha cobra é grossa e lisa não é?”; ou o DJ que tenta convencer Ruth a transar com ele criticando a aparência dela, comentando “sempre me excitei com mulheres acima do peso”. Aliás, curiosamente, uma das únicas mulheres vitimadas por Ruth é uma executiva indiferente com com a causa feminina, dizendo que não pode contratá-la por estar grávida, destacando como uma mulher que não se importa com as demais pode ser tão prejudicial quanto um homem, mesmo que estes sejam os responsáveis pela cultura patriarcal. [...]
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Estrada para Perdição
3.9 400[...] com um início que remete diretamente à clássicos do gênero, fica a expectativa de que o filme siga por essa linha, até porque, a obra sugere uma trama de traição e poder dentro da organização criminosa. Contudo, no segundo ato, somos surpreendidos por uma mudança temática e tonal dentro do longa. A violência e calculismo dos mafiosos dá espaço para uma bela história entre pai e filho. Aliás, Michael Sullivan cresce consideravelmente com isso, uma vez que nuances suas começam a aparecer, como o medo e a raiva, e sua frieza mostra-se, na verdade, arrependimento pelo caminho que seguiu. Ademais, se o relacionamento de Sullivan com o filho parecia distante (repare como, no primeiro ato, Mendes apresenta-os com certa distância para a câmera e fora do mesmo quadro), descobrimos que a indiferença do pai é medo que o filho siga seus passos, resultando em uma obra que aborda a paternidade de maneira surpreendentemente profunda e verdadeira. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-estrada-para-perdicao/