[...] A obra nos apresenta à discussão do pós-guerra na Espanha através da figura do protagonista da história, Diego. Ele, que é um dos líderes do partido comunista, encontra-se dividido entre sua ideologia e a vontade de firmar raízes em algum local, o que pode ser facilmente comparado com a discussão da época, anarquistas contra conservadores. E Yves Montand dá toda a carga dramática ao protagonista, construindo um personagem visivelmente cansado de sua rotina, sempre calmo em sua fala e demonstrando receio em expressar seus sentimentos. [...]
O restante da crítica está em: http://www.planocritico.com/critica-a-guerra-acabou-1966/
[...] O vampiro é um ser que busca o sangue de seres vivos para alimentar-se, ou seja, comete este ato brutal por uma mera questão de sobrevivência. Já o repórter policial também busca sangue, mas cobrindo assassinatos, crimes violentos e estupros, usando-o para construir suas matérias. Esse tipo de jornalista não trabalha sem suas reportagens, portanto, analisando friamente, ele também se “alimenta” do sangue de inocentes, uma vez que o trabalho é seu ganha-pão. Portanto, não seria exagero sugerir que ambos precisam do sangue inocente, mas de maneiras completamente diferentes. Baseado nisso, o longa Voo Noturno, retirado do conto O Piloto da Noite, de Stephen King, constrói uma interessante comparação entre um jornalista implacável e um vampiro cruel. [...]
O restante da crítica está em: http://www.planocritico.com/critica-voo-noturno-1997/
Durante It - A Coisa, nós rimos, nos divertimos, nos emocionamos e sentimos medo, tudo isso em igual proporção. Ou seja, temos aqui um filme primoroso em passear entre gêneros e despertar diferentes emoções no público. Para atingir isso, o roteiro é preciso em não deixar o público esquecer as diferentes vertentes da obra. Veja, por exemplo, que segundos antes dos personagens entrarem na casa do antagonista, rimos com as atitudes das crianças temerosas, para minutos depois, chocar-se com o que ocorre lá dentro, resultando em um longa envolvente e extremamente divertido. Além disso, o roteiro ainda captura muito bem a essência do livro de Stephen King ao trazer a mensagem de que, junto das pessoas que nos acolhem e que amamos, é muito mais fácil superar nossos medos e traumas mais íntimos, explorando isso através da história de amizade daquelas crianças. No que diz respeito ao terror, It mostra o que tem que ser mostrado, apesar dos efeitos especiais um pouco artificiais, e, ainda mais importante, sugere coisas muito incomodas, instigando a imaginação do público e criando uma atmosfera tensa. Com o término do filme, fica claro que o mal está em toda parte, vide os pais daqueles jovens, cabe a nós, unidos, vencê-lo. Mal posso esperar pelo capítulo 2.
[...] Se não bastasse a serenidade do filme, o roteiro ainda apresenta a viagem do protagonista em seu cortador de grama como uma espécie de desconstrução do orgulho, tanto para Alvin quanto para o próprio público, visto que não deixa de ser engraçado acompanhar aquele senhor andando lado a lado com carros, em um veículo tão curioso. Contudo, o que a trama nos ensina é que, mais importante do que o meio de transporte, é saber desfrutar da viagem (mensagem que também serve como alegoria para a própria vida), por isso, Lynch traz vários planos gerais para destacar a beleza das paisagens que cercam Alvin. [...]
O restante da crítica está em: http://www.planocritico.com/critica-uma-historia-real-1999/
[...] A grande diferença de O Bandido da Luz Vermelha, ícone do Cinema Marginal, para o que vinha sendo praticado, é a maneira direta com que a obra dialoga com o público. A estratégia para essa conversação é a mais inteligente possível, optando por narrações em off de personagens, inserindo-nos dentro de suas mentes, mas, principalmente, pela utilização de locutores de rádio, uma vez que não há nada que o público esteja mais habituado a ouvir do que a linguagem midiática. Inclusive, esta era a grande crítica que os cineastas do Cinema Marginal faziam ao Cinema Novo, dizendo que de nada adiantava inspirar-se no cinema europeu, se o público brasileiro não entendesse a abordagem. [...]
O restante da crítica está em: http://www.planocritico.com/critica-o-bandido-da-luz-vermelha/
[...] Como a sinopse revela, o longa é dividido em três histórias independentes, tendo na figura do gato seu único elo de ligação. Mesmo sendo um comentário de praxe, em análises de longas estruturados assim, vale repetir, a grande dificuldade de construir roteiros dessa maneira é o risco da obra oscilar sua qualidade e é exatamente isso o que ocorre aqui.
A primeira e segunda histórias são as que possuem o enredo mais eficiente e atraente. Aliás, as tramas são coerentes com uma das marcas de King, transformar situações comuns do cotidiano, como fumar um cigarro, em algo aterrador. [...]
O restante da crítica está em: http://www.planocritico.com/critica-olhos-de-gato/
[...] a maneira com que o diretor Tobe Hooper cria uma crescente sensação de insegurança e suspense é o melhor fator da obra. Se o início não proporciona quase nenhum susto, apesar de atrair nossa curiosidade logo de cara, principalmente por apresentar a mansão Marsten na primeira cena, jogando o público no mistério de maneira impactante, a partir da metade uma constante desconfiança toma de quem assiste, parecendo que qualquer um ali pode ser um vampiro. A estratégia que Hooper utiliza para isso é escurecer gradativamente a paleta de seu filme, aumentando a freqüência de tomadas noturnas. No entanto, a cinematografia é televisiva demais, por motivos já explicados, utilizando incansavelmente planos médios e close-ups médios. Para compensar, esporadicamente, Hooper recorre à alguns bons movimentos de câmera, como aquele que mostra Ben entrando na mansão Marsten, pela primeira vez, recuando até enquadrá-lo em plongée, ressaltando sua invulnerabilidade, naquele local. [...]
O restante da crítica está em: http://www.planocritico.com/critica-a-mansao-marsten-1979/
[...] O roteiro, escrito por Nelson Nadotti — que depois faria carreira em novelas — é basicamente uma coletânea de pequenos curtas-metragens, com Faustão dando uma de Deadpool brasileiro, quebrando a quarta parede o tempo todo e fazendo observações inúteis e questionavelmente hilárias sobre um assunto qualquer. No todo, o filme fala sobre tráfico e maus tratos de animais silvestres, mas a essência da obra (se é que podemos chamar assim) é sobre um famoso casal de codornas que botam ovos gigantes para o seu tamanho (ovos totalmente brancos, por sinal!) e que são vendidas para um americano cujo maior sonho é se relacionar com uma mulher brasileira. Viciado em afrodisíacos, Tom Cru (Cláudio Mamberti) fará de tudo para conseguir as codornas e talvez assim alcançar o seu sonho — falaremos mais dele adiante. [...]
O restante da crítica, escrita em conjunto com o crítico Luiz Santiago, está em: http://www.planocritico.com/critica-inspetor-faustao-e-o-mallandro-a-missao-primeira-e-unica/
[...] O diretor Uli Edel utiliza a história de Christiane F. justamente para retratar uma geração de adolescentes que teve na rebeldia o escape para a monotonia da vida. No filme, embalados ao som de David Bowie, os jovens utilizam a música, a amizade e as drogas para terem seus momentos de descarrego. Portanto, logo no início, o diretor Uli Edel mostra como funciona a mente de Christiane F., uma dessas adolescentes e protagonista do filme, mostrando-na correndo por um corredor escuro e vazio, enquanto ela diz, em off, ‘‘a podridão está em toda parte, é só dar uma olhada’’, ressaltando como a garota vê o mundo de maneira melancólica. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-eu-christiane-f-13-anos-drogada-e-prostituida/
[...] se o primeiro ato é bem sucedido em estabelecer a história e personagens, o mesmo não deve ser dito sobre os seguintes. O romance entre os protagonistas é mal desenvolvido, e não há uma preparação até o momento do primeiro beijo deles, pelo contrário, quando isso ocorre é mais curioso do que emocionante. Além disso, a primeira parte do filme coloca Miles e Marylin tão bem como pessoas solitárias que quando eles demonstram o contrário, soa incoerente com o que foi mostrado. [...]
O restante da crítica, em: http://www.planocritico.com/critica-o-amor-custa-caro/
A adolescência traz diversos dramas. É um período que acarreta em um verdadeiro turbilhão de emoções e experiências. Tudo é potencializado na adolescência, seja para o bem ou para o mal, seja um amor ou uma decepção.
Homem-Aranha: De Volta ao Lar trata desses dramas de adolescentes de maneira leve e divertida. O desejo de agradar nossa referência (aqui, Tony Stark), a vontade de ser aceito pelos "populares" (no caso, OS Vingadores) e a dificuldade em ser o que somos em um período que a aparência conta muito (o diálogo que Stark fala sobre o uniforme do Homem-Aranha destaca isso), todos esses elementos que permeiam a adolescência estão aqui e são bem trabalhados pelo roteiro.
Aliás, não é coincidência que o sogro de Peter Parker seja o vilão do filme, uma vez que conhecer o pai da namorada é, indiscutivelmente, uma das experiências mais assustadoras e tensas da adolescência. Portanto, além da reviravolta surpreender e ser bem desenvolvida, ela se encaixa perfeitamente na proposto do filme de abordar dramas adolescentes.
Tecnicamente, as cenas de ação poderiam ser melhores e a edição é um verdadeiro problema aqui, mostrando-se afoita em alguns momentos e promovendo cortes em cenas poderiam durar segundos a mais. Mesmo assim, Homem Aranha: De Volta Lar é muito mais do que um divertido filme de herói, sendo um ótimo retrato sobre os dramas da adolescência.
[...] a obra acerta em diferenciar a atitude dos “monstros” e das pessoas “normais”, uma vez que, aqueles que deveriam causar medo no público são extremamente caridosos, gentis, educados e protegem uns aos outros. Já os que se consideram saudáveis são orgulhosos, agressivos, mentirosos e gananciosos. O longa explora até que ponto a maldade humana pode chegar, quando Cleópatra, junto de Hércules, planeja a morte de Hans. Além de não ter medo em apresentar portadores de necessidades como protagonistas, o roteiro também não hesita em mostrar o lado ruim da humanidade. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-monstros-1932/
Incrível como, dentro do mesmo filme, senti vontade de dar uma 1 estrela, em alguns momentos, e 5 estrelas, em outros. Até mesmo as obras-primas de Mallick, como Além da Linha Vermelha, são filmes difíceis de digerir e assimilar, uma vez que ele é um poeta, não se preocupa com a percepção do público, apenas deixa a poesia discorrer pela tela. Em De Canção Em Canção, temos um primeiro ato que peca na apresentação de seus personagens, demora para entender o que cada um faz da vida e como se conheceram, são muitas elipses para um momento do filme que deveria ambientar. Outra falha da obra está na utilização da personagem de Natalie Portman, parecendo deslocada da história e sem muita função na narrativa principal. Contudo, a partir do segundo ato, a obra torna-se uma experiência fascinante, a narração em off e o misancene aproxima-nos daqueles personagens, os temores e amores deles ficam claros e a câmera inquieta utilizada aqui dá um sensação de observador, como se fizéssemos parte daquele universo. Tematicamente, De Canção em Canção talvez não seja a obra mais ousada de Mallick, mas ainda assim é um belo retrato de como o ser humano anseia pelo amor e teme a solidão, buscando, muitas vezes, a música e a festa para fugir disso, mas, ainda assim, a verdadeira liberdade que buscamos em nossa vida pode estar ao lado de quem amamos, como o longa destaca.
Claro que o elenco está maravilhosamente bem e a química entre DiCaprio e Winslet é sensacional, mas o mais interessante na composição do elenco está no quão emblemática ela é. Sam Mendes brilhantemente pega um dos casais mais icônicos do cinema e subverte isso em uma história melancólica e triste, dando um verdadeiro tapa na cara do público. Foi Apenas um Sonho escancara como nós, mesmo com todas as oportunidades de viver uma vida feliz, tendemos a nos enquadrarmos no padrão de vida imposto pela sociedade e as consequências trágicas disso. Aliás, a fotografia e direção de arte ressaltam o monotonia da vida daquelas pessoas, trazendo vestimentas e ambientes, em sua maioria, preenchidos com branco, marrom ou cinza (cores bastante apagadas). Uma pena que a utilização dos filhos do casal principal tenha sido extremamente falha (em alguns momentos, parece que eles simplesmente não existem), algo que poderia potencializar ainda mais o drama. Contudo, apesar do erro crasso do roteiro, o filme consegue ser impactante e extremamente reflexivo.
E não é que um dos filmes que melhor exploram os traumas de Batman surgiu de uma animação Lego? Por mais que aqui tenham cenas de ação legais, momentos engraçados e um final pulsante, o destaque fica mesmo para o arco do personagem principal, abordando através do protagonista temas importantes, como a dor da perda, a solidão e o medo de seguir em frente. Outro destaque da obra é o humor, que destaca-se por trazer um universo do Batman que sabe rir de si mesmo. Além disso, o roteiro é extremamente eficiente em desenvolver as relações entre os personagens, seja do vilão que está insatisfeito com a falta de respeito do herói ou dos amigos que só querem um voto de confiança de Batman. O que parecia um mero marketing para a Lego, tornou-se uma das melhores animações do ano e um dos filmes mais interessantes sobre o Batman. Grata surpresa.
[...] David Lynch nos entrega aqui uma verdadeira subversão dos contos de fada, deixando clara sua estratégia logo na cena inicial, quando somos apresentados a um ambiente polido e com música clássica que logo é rompida por uma guitarra alta e um assassinato brutal, cometido pelo protagonista. Mas, assim como em qualquer outro conto de fadas, há um casal apaixonado como protagonista, mas o roteiro, escrito por Lynch, conta a história de amor com uma pegada juvenil e atual, por exemplo, a demonstração de afeto dos dois personagens acontece durante o sexo e os elogios apaixonados são referentes à atuação do parceiro na cama ou ao tamanho do pênis dele e peito dela, aliás, repare como Sailor presenteia Lula com uma pulseira feita de doces, destacando a infantilidade da paixão deles. Além disso, Lynch desenvolve a relação dos protagonistas durante sua viagem pela estrada, que, inclusive, é comparada várias vezes com o caminho de tijolinhos amarelos, de O Mágico de Oz, dando um ritmo leve e dinâmico ao longa, que torna-se uma divertida mistura de conto de fadas com road movie. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-coracao-selvagem-1990/
[...] O longa aborda vários tipos de amor: o platônico, entre um homem ciumento e sua amada; o amor ao próximo, exemplificado em pequenos gestos de caridade; e o amor próprio, como o de um velhinho por suas obras de arte. A montagem intercala bem esses tipos de afeto, dando a mesma importância para todos. Transmitindo que o importante é amar, independente de que maneira. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-o-fabuloso-destino-de-amelie-poulain/
[...] o destaque está em como o roteiro é hábil em criar situações absurdas, por exemplo, mostrando crianças agindo como adultos, velhinhas falando gírias para negros ou um boneco inflável dirigindo o avião. Mas a maior graça está no fato de os personagens encararem esses momentos com seriedade total. Por isso, vale destacar a habilidade incrível do elenco em manter frieza nos momentos cômicos, principalmente na figura do gênio do humor Leslie Nielsen. Dono de um carisma imenso, ele consegue arrancar risadas mesmo com o semblante sempre sério. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-apertem-os-cintos-o-piloto-sumiu/
Imagino como foi a produção de Vida: "cara tenho uma ideia, vamos misturar Alien, Gravidade e outras ficções científicas no mesmo filme?". O resultado é um longa eficientíssimo em entreter, honesto em sua proposta e que não tenta ser mais do que pode (erro recorrente em algumas ficções científicas). No entanto, falta um pouco de originalidade aqui (algo explicado pela clara inspiração em obras já citadas), algumas mortes são previsíveis e até mesmo o final é esperado. Para compensar, Espinosa entrega um direção segura, com bom senso de ritmo e um plano sequência inicial sensacional. O elenco também cumpre bem o seu papel, fazer o público se apegar nos personagens, apesar do roteiro pouco aprofundá-los. Não é um longa memorável, não é daqueles que a gente coloca na lista de melhores do ano, mas Vida é perfeito em sua proposta, entreter e homenagear outras ficções científicas.
[...] O que poderia ser uma experiência construtiva, divertida e repleta de aprendizado, torna-se uma representação extremamente infeliz dos fetiches apresentados, uma vez que as soluções que os personagens encontram para viver suas fantasias ou satisfazer seus parceiros são esdrúxulas, para dizer o mínimo. O protagonista com sonofilia, por exemplo, dopa a mulher para transar com ela, sem o seu consentimento, ou seja, a estuprou; mas o longa mostra o momento com uma nojenta aura de humor, como se houvesse graça em assistir alguém tendo relações sem consciência disso. Outro momento infeliz ocorre quando o namorado da garota que se excita com assaltos simula um, apenas por ciúmes, resultando em uma tentativa de violentá-la. Sem contar na fatídica cena que a esposa de um homem finge estar com câncer para vê-lo chorar e transar com ele, ficando claro o tipo de humor esdrúxulo, sem graça e irresponsável do longa, transmitindo a perigosa mensagem de que, para satisfazer-se, tudo é possível. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-kiki-os-segredos-do-desejo/
É normal um filme oscilar durante a projeção (apenas obras-primas são excelentes o tempo todo), mas, curiosamente, Mulher Maravilha possui 3 atos de qualidade distinta. O início da obra é excepcional, apresentando a mitologia das valquírias sem parecer algo irreal e estabelecendo a personalidade da personagem-título com maestria, através de diálogos bem construídos, um bom misancene (quando vemos Diana criança emulando movimentos de luta fica claro seu espírito guerreiro) e um visual belíssimo (a sequência que a mãe dela conta o surgimento das valquírias através de imagens com estilo pintura clássica é sensacional). Já o segundo ato, apesar de não ser bom como o primeiro e parecer clichê em alguns momentos (há cenas idênticas ao primeiro filme do Capitão América), é ótimo em criar o choque de realidade que a protagonista enfrenta, repare como a diretora inteligentemente muda a paleta de cores do colorido da Ilha Paraíso para o cinza de Londres até o completo escuro da guerra. Além disso, há boas cenas em que Diana é inserida em ambientes masculinos, resultando em diálogos contundentes e com um interessante tom anti-bélico.
Contudo, quando o longa atinge o terceiro ato, a história cai em uma megalomania totalmente anti-climática, o cru da guerra é substituído por um clímax repleto de explosões, frases de efeito e CGI em demasia; personagens que até então pareciam importantes, como a Dra Veneno, mostram-se descartáveis e até mesmo bons pontos estabelecidos parecem incoerentes (de nada adiantou Diana ser escondida por sua mãe se Ares reconheceu-a na primeira vez que a viu, como ele mesmo destaca em sua fala). Ademais, toda a questão de emponderamento feminino é abordada de maneira rasa, não passando de algo construído com frases prontas ("a mulher não precisa do homem para o prazer"), caindo no absurdo clichê de "o ser humano é ruim mas pode ser mais do que isso" e "eu escolhi o amor".
Mulher Maravilha é um bom divertimento, possui um excepcional início, mas poderia ir muito além disso, com potencial para ser um filme contundente sobre o papel da mulher na guerra e na sociedade, contudo, não é o que acontece aqui; deixando, ao término, um gosto ruim devido ao péssimo e exagerado terceiro ato.
Talvez, se o roteiro fosse baseado em esquetes, como e Apertem os Cintos o Piloto Sumiu, o longa seria bem melhor, no entanto, não é o que acontece. O filme opta por construir diversas narrativas de maneira paralela e o resultado é catastrófico, uma vez que todos os personagens são estereotipados, as histórias clichê e o humor antiquado, apostando em palavrões. Além disso, o longa é absurdamente impreciso em sua mensagem, tratando a obsessão dos fãs como algo fútil em alguns momentos, mas, logo após, falando como isso pode ser benéfico para os YouTubers. Para piorar, as atuações são patéticas e é visível que ninguém ali tem o dom para atuar, ficando evidente que a escolha dos atores ocorreu devido ao número de inscritos em seus canais, algo que jamais pode ser o principal critério para a escolha de um elenco. Isso aqui é uma hecatombe do cinema brasileiro, lamentável.
[...] Scorsese desenvolve sua trama através de um ritmo vagaroso, utilizando o tempo que julga necessário para a passagem dos acontecimentos, construindo cenas com longos diálogos e poucos cortes durante as falas, como a conversa de Cristo com Pôncio Pilatos (em uma ótima participação de David Bowie). Essa escolha do diretor culmina em um filme de ritmo lento, mas necessário para que o público entenda o peso sobre os ombros que Jesus sente sobre a função que lhe foi designada por Deus. Essa estratégia de Scorsese valoriza a visão intimista da obra, ou seja, mais do que mostrar o sacrifício de Cristo, o que o realizador quer aqui é transmitir o que o processo significou para Jesus enquanto homem. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-a-ultima-tentacao-de-cristo/
[...] Martin Scorsese sempre foi um especialista em produzir intensos estudos de personagem, como, por exemplo, o de Travis Bickle, em Taxi Driver, e Jake LaMotta, em Touro Indomável. A estratégia do diretor não é diferente em O Rei da Comédia e o roteiro, escrito por Paul D. Zimmerman, mergulha fundo na psique de Rupert Pupkin. Baseado nisso, o grande mérito do roteirista está na sutil construção dos transtornos do protagonista. Se, no início, Pupkin parece ser apenas um fã apaixonado e empenhado em ser um comediante profissional, como seu ídolo; com o decorrer da história, ele mostra-se uma pessoa transtornada, iludida e capaz de criar uma realidade paralela em sua mente. Portanto, a genialidade do longa de Scorsese está em subverter a expectativa do público sobre a abordagem do longa, fazendo uma trama que, aparentemente, envolve apenas o fanatismo de um fã, tornar-se uma obra verdadeiramente perturbadora. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-o-rei-da-comedia/
A Guerra Acabou
3.8 6[...] A obra nos apresenta à discussão do pós-guerra na Espanha através da figura do protagonista da história, Diego. Ele, que é um dos líderes do partido comunista, encontra-se dividido entre sua ideologia e a vontade de firmar raízes em algum local, o que pode ser facilmente comparado com a discussão da época, anarquistas contra conservadores. E Yves Montand dá toda a carga dramática ao protagonista, construindo um personagem visivelmente cansado de sua rotina, sempre calmo em sua fala e demonstrando receio em expressar seus sentimentos. [...]
O restante da crítica está em: http://www.planocritico.com/critica-a-guerra-acabou-1966/
Vôo Noturno
3.2 124[...] O vampiro é um ser que busca o sangue de seres vivos para alimentar-se, ou seja, comete este ato brutal por uma mera questão de sobrevivência. Já o repórter policial também busca sangue, mas cobrindo assassinatos, crimes violentos e estupros, usando-o para construir suas matérias. Esse tipo de jornalista não trabalha sem suas reportagens, portanto, analisando friamente, ele também se “alimenta” do sangue de inocentes, uma vez que o trabalho é seu ganha-pão. Portanto, não seria exagero sugerir que ambos precisam do sangue inocente, mas de maneiras completamente diferentes. Baseado nisso, o longa Voo Noturno, retirado do conto O Piloto da Noite, de Stephen King, constrói uma interessante comparação entre um jornalista implacável e um vampiro cruel. [...]
O restante da crítica está em: http://www.planocritico.com/critica-voo-noturno-1997/
It: A Coisa
3.9 3,0K Assista AgoraDurante It - A Coisa, nós rimos, nos divertimos, nos emocionamos e sentimos medo, tudo isso em igual proporção. Ou seja, temos aqui um filme primoroso em passear entre gêneros e despertar diferentes emoções no público. Para atingir isso, o roteiro é preciso em não deixar o público esquecer as diferentes vertentes da obra. Veja, por exemplo, que segundos antes dos personagens entrarem na casa do antagonista, rimos com as atitudes das crianças temerosas, para minutos depois, chocar-se com o que ocorre lá dentro, resultando em um longa envolvente e extremamente divertido. Além disso, o roteiro ainda captura muito bem a essência do livro de Stephen King ao trazer a mensagem de que, junto das pessoas que nos acolhem e que amamos, é muito mais fácil superar nossos medos e traumas mais íntimos, explorando isso através da história de amizade daquelas crianças. No que diz respeito ao terror, It mostra o que tem que ser mostrado, apesar dos efeitos especiais um pouco artificiais, e, ainda mais importante, sugere coisas muito incomodas, instigando a imaginação do público e criando uma atmosfera tensa. Com o término do filme, fica claro que o mal está em toda parte, vide os pais daqueles jovens, cabe a nós, unidos, vencê-lo. Mal posso esperar pelo capítulo 2.
Uma História Real
4.2 298[...] Se não bastasse a serenidade do filme, o roteiro ainda apresenta a viagem do protagonista em seu cortador de grama como uma espécie de desconstrução do orgulho, tanto para Alvin quanto para o próprio público, visto que não deixa de ser engraçado acompanhar aquele senhor andando lado a lado com carros, em um veículo tão curioso. Contudo, o que a trama nos ensina é que, mais importante do que o meio de transporte, é saber desfrutar da viagem (mensagem que também serve como alegoria para a própria vida), por isso, Lynch traz vários planos gerais para destacar a beleza das paisagens que cercam Alvin. [...]
O restante da crítica está em: http://www.planocritico.com/critica-uma-historia-real-1999/
O Bandido da Luz Vermelha
3.9 267 Assista Agora[...] A grande diferença de O Bandido da Luz Vermelha, ícone do Cinema Marginal, para o que vinha sendo praticado, é a maneira direta com que a obra dialoga com o público. A estratégia para essa conversação é a mais inteligente possível, optando por narrações em off de personagens, inserindo-nos dentro de suas mentes, mas, principalmente, pela utilização de locutores de rádio, uma vez que não há nada que o público esteja mais habituado a ouvir do que a linguagem midiática. Inclusive, esta era a grande crítica que os cineastas do Cinema Marginal faziam ao Cinema Novo, dizendo que de nada adiantava inspirar-se no cinema europeu, se o público brasileiro não entendesse a abordagem. [...]
O restante da crítica está em: http://www.planocritico.com/critica-o-bandido-da-luz-vermelha/
Olhos de Gato
3.3 128 Assista Agora[...] Como a sinopse revela, o longa é dividido em três histórias independentes, tendo na figura do gato seu único elo de ligação. Mesmo sendo um comentário de praxe, em análises de longas estruturados assim, vale repetir, a grande dificuldade de construir roteiros dessa maneira é o risco da obra oscilar sua qualidade e é exatamente isso o que ocorre aqui.
A primeira e segunda histórias são as que possuem o enredo mais eficiente e atraente. Aliás, as tramas são coerentes com uma das marcas de King, transformar situações comuns do cotidiano, como fumar um cigarro, em algo aterrador. [...]
O restante da crítica está em: http://www.planocritico.com/critica-olhos-de-gato/
Os Vampiros de Salem
3.3 79[...] a maneira com que o diretor Tobe Hooper cria uma crescente sensação de insegurança e suspense é o melhor fator da obra. Se o início não proporciona quase nenhum susto, apesar de atrair nossa curiosidade logo de cara, principalmente por apresentar a mansão Marsten na primeira cena, jogando o público no mistério de maneira impactante, a partir da metade uma constante desconfiança toma de quem assiste, parecendo que qualquer um ali pode ser um vampiro. A estratégia que Hooper utiliza para isso é escurecer gradativamente a paleta de seu filme, aumentando a freqüência de tomadas noturnas. No entanto, a cinematografia é televisiva demais, por motivos já explicados, utilizando incansavelmente planos médios e close-ups médios. Para compensar, esporadicamente, Hooper recorre à alguns bons movimentos de câmera, como aquele que mostra Ben entrando na mansão Marsten, pela primeira vez, recuando até enquadrá-lo em plongée, ressaltando sua invulnerabilidade, naquele local. [...]
O restante da crítica está em: http://www.planocritico.com/critica-a-mansao-marsten-1979/
Inspetor Faustão e o Mallandro: A Missão (Primeira e Única)
2.0 256[...] O roteiro, escrito por Nelson Nadotti — que depois faria carreira em novelas — é basicamente uma coletânea de pequenos curtas-metragens, com Faustão dando uma de Deadpool brasileiro, quebrando a quarta parede o tempo todo e fazendo observações inúteis e questionavelmente hilárias sobre um assunto qualquer. No todo, o filme fala sobre tráfico e maus tratos de animais silvestres, mas a essência da obra (se é que podemos chamar assim) é sobre um famoso casal de codornas que botam ovos gigantes para o seu tamanho (ovos totalmente brancos, por sinal!) e que são vendidas para um americano cujo maior sonho é se relacionar com uma mulher brasileira. Viciado em afrodisíacos, Tom Cru (Cláudio Mamberti) fará de tudo para conseguir as codornas e talvez assim alcançar o seu sonho — falaremos mais dele adiante. [...]
O restante da crítica, escrita em conjunto com o crítico Luiz Santiago, está em: http://www.planocritico.com/critica-inspetor-faustao-e-o-mallandro-a-missao-primeira-e-unica/
Eu, Christiane F.,13 Anos, Drogada e Prostituída
3.6 1,2K Assista Agora[...] O diretor Uli Edel utiliza a história de Christiane F. justamente para retratar uma geração de adolescentes que teve na rebeldia o escape para a monotonia da vida. No filme, embalados ao som de David Bowie, os jovens utilizam a música, a amizade e as drogas para terem seus momentos de descarrego. Portanto, logo no início, o diretor Uli Edel mostra como funciona a mente de Christiane F., uma dessas adolescentes e protagonista do filme, mostrando-na correndo por um corredor escuro e vazio, enquanto ela diz, em off, ‘‘a podridão está em toda parte, é só dar uma olhada’’, ressaltando como a garota vê o mundo de maneira melancólica. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-eu-christiane-f-13-anos-drogada-e-prostituida/
O Amor Custa Caro
2.8 204 Assista Agora[...] se o primeiro ato é bem sucedido em estabelecer a história e personagens, o mesmo não deve ser dito sobre os seguintes. O romance entre os protagonistas é mal desenvolvido, e não há uma preparação até o momento do primeiro beijo deles, pelo contrário, quando isso ocorre é mais curioso do que emocionante. Além disso, a primeira parte do filme coloca Miles e Marylin tão bem como pessoas solitárias que quando eles demonstram o contrário, soa incoerente com o que foi mostrado. [...]
O restante da crítica, em: http://www.planocritico.com/critica-o-amor-custa-caro/
Homem-Aranha: De Volta ao Lar
3.8 1,9K Assista AgoraA adolescência traz diversos dramas. É um período que acarreta em um verdadeiro turbilhão de emoções e experiências. Tudo é potencializado na adolescência, seja para o bem ou para o mal, seja um amor ou uma decepção.
Homem-Aranha: De Volta ao Lar trata desses dramas de adolescentes de maneira leve e divertida. O desejo de agradar nossa referência (aqui, Tony Stark), a vontade de ser aceito pelos "populares" (no caso, OS Vingadores) e a dificuldade em ser o que somos em um período que a aparência conta muito (o diálogo que Stark fala sobre o uniforme do Homem-Aranha destaca isso), todos esses elementos que permeiam a adolescência estão aqui e são bem trabalhados pelo roteiro.
Aliás, não é coincidência que o sogro de Peter Parker seja o vilão do filme, uma vez que conhecer o pai da namorada é, indiscutivelmente, uma das experiências mais assustadoras e tensas da adolescência. Portanto, além da reviravolta surpreender e ser bem desenvolvida, ela se encaixa perfeitamente na proposto do filme de abordar dramas adolescentes.
Tecnicamente, as cenas de ação poderiam ser melhores e a edição é um verdadeiro problema aqui, mostrando-se afoita em alguns momentos e promovendo cortes em cenas poderiam durar segundos a mais. Mesmo assim, Homem Aranha: De Volta Lar é muito mais do que um divertido filme de herói, sendo um ótimo retrato sobre os dramas da adolescência.
Monstros
4.3 509 Assista Agora[...] a obra acerta em diferenciar a atitude dos “monstros” e das pessoas “normais”, uma vez que, aqueles que deveriam causar medo no público são extremamente caridosos, gentis, educados e protegem uns aos outros. Já os que se consideram saudáveis são orgulhosos, agressivos, mentirosos e gananciosos. O longa explora até que ponto a maldade humana pode chegar, quando Cleópatra, junto de Hércules, planeja a morte de Hans. Além de não ter medo em apresentar portadores de necessidades como protagonistas, o roteiro também não hesita em mostrar o lado ruim da humanidade. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-monstros-1932/
De Canção Em Canção
2.9 373 Assista AgoraIncrível como, dentro do mesmo filme, senti vontade de dar uma 1 estrela, em alguns momentos, e 5 estrelas, em outros. Até mesmo as obras-primas de Mallick, como Além da Linha Vermelha, são filmes difíceis de digerir e assimilar, uma vez que ele é um poeta, não se preocupa com a percepção do público, apenas deixa a poesia discorrer pela tela. Em De Canção Em Canção, temos um primeiro ato que peca na apresentação de seus personagens, demora para entender o que cada um faz da vida e como se conheceram, são muitas elipses para um momento do filme que deveria ambientar. Outra falha da obra está na utilização da personagem de Natalie Portman, parecendo deslocada da história e sem muita função na narrativa principal. Contudo, a partir do segundo ato, a obra torna-se uma experiência fascinante, a narração em off e o misancene aproxima-nos daqueles personagens, os temores e amores deles ficam claros e a câmera inquieta utilizada aqui dá um sensação de observador, como se fizéssemos parte daquele universo. Tematicamente, De Canção em Canção talvez não seja a obra mais ousada de Mallick, mas ainda assim é um belo retrato de como o ser humano anseia pelo amor e teme a solidão, buscando, muitas vezes, a música e a festa para fugir disso, mas, ainda assim, a verdadeira liberdade que buscamos em nossa vida pode estar ao lado de quem amamos, como o longa destaca.
Foi Apenas um Sonho
3.6 1,3K Assista AgoraClaro que o elenco está maravilhosamente bem e a química entre DiCaprio e Winslet é sensacional, mas o mais interessante na composição do elenco está no quão emblemática ela é. Sam Mendes brilhantemente pega um dos casais mais icônicos do cinema e subverte isso em uma história melancólica e triste, dando um verdadeiro tapa na cara do público. Foi Apenas um Sonho escancara como nós, mesmo com todas as oportunidades de viver uma vida feliz, tendemos a nos enquadrarmos no padrão de vida imposto pela sociedade e as consequências trágicas disso. Aliás, a fotografia e direção de arte ressaltam o monotonia da vida daquelas pessoas, trazendo vestimentas e ambientes, em sua maioria, preenchidos com branco, marrom ou cinza (cores bastante apagadas). Uma pena que a utilização dos filhos do casal principal tenha sido extremamente falha (em alguns momentos, parece que eles simplesmente não existem), algo que poderia potencializar ainda mais o drama. Contudo, apesar do erro crasso do roteiro, o filme consegue ser impactante e extremamente reflexivo.
LEGO Batman: O Filme
3.9 383 Assista AgoraE não é que um dos filmes que melhor exploram os traumas de Batman surgiu de uma animação Lego? Por mais que aqui tenham cenas de ação legais, momentos engraçados e um final pulsante, o destaque fica mesmo para o arco do personagem principal, abordando através do protagonista temas importantes, como a dor da perda, a solidão e o medo de seguir em frente. Outro destaque da obra é o humor, que destaca-se por trazer um universo do Batman que sabe rir de si mesmo. Além disso, o roteiro é extremamente eficiente em desenvolver as relações entre os personagens, seja do vilão que está insatisfeito com a falta de respeito do herói ou dos amigos que só querem um voto de confiança de Batman. O que parecia um mero marketing para a Lego, tornou-se uma das melhores animações do ano e um dos filmes mais interessantes sobre o Batman. Grata surpresa.
Coração Selvagem
3.7 340 Assista Agora[...] David Lynch nos entrega aqui uma verdadeira subversão dos contos de fada, deixando clara sua estratégia logo na cena inicial, quando somos apresentados a um ambiente polido e com música clássica que logo é rompida por uma guitarra alta e um assassinato brutal, cometido pelo protagonista. Mas, assim como em qualquer outro conto de fadas, há um casal apaixonado como protagonista, mas o roteiro, escrito por Lynch, conta a história de amor com uma pegada juvenil e atual, por exemplo, a demonstração de afeto dos dois personagens acontece durante o sexo e os elogios apaixonados são referentes à atuação do parceiro na cama ou ao tamanho do pênis dele e peito dela, aliás, repare como Sailor presenteia Lula com uma pulseira feita de doces, destacando a infantilidade da paixão deles. Além disso, Lynch desenvolve a relação dos protagonistas durante sua viagem pela estrada, que, inclusive, é comparada várias vezes com o caminho de tijolinhos amarelos, de O Mágico de Oz, dando um ritmo leve e dinâmico ao longa, que torna-se uma divertida mistura de conto de fadas com road movie. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-coracao-selvagem-1990/
O Fabuloso Destino de Amélie Poulain
4.3 5,0K Assista Agora[...] O longa aborda vários tipos de amor: o platônico, entre um homem ciumento e sua amada; o amor ao próximo, exemplificado em pequenos gestos de caridade; e o amor próprio, como o de um velhinho por suas obras de arte. A montagem intercala bem esses tipos de afeto, dando a mesma importância para todos. Transmitindo que o importante é amar, independente de que maneira. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-o-fabuloso-destino-de-amelie-poulain/
Apertem os Cintos... O Piloto Sumiu
3.6 617 Assista Agora[...] o destaque está em como o roteiro é hábil em criar situações absurdas, por exemplo, mostrando crianças agindo como adultos, velhinhas falando gírias para negros ou um boneco inflável dirigindo o avião. Mas a maior graça está no fato de os personagens encararem esses momentos com seriedade total. Por isso, vale destacar a habilidade incrível do elenco em manter frieza nos momentos cômicos, principalmente na figura do gênio do humor Leslie Nielsen. Dono de um carisma imenso, ele consegue arrancar risadas mesmo com o semblante sempre sério. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-apertem-os-cintos-o-piloto-sumiu/
Vida
3.4 1,2K Assista AgoraImagino como foi a produção de Vida: "cara tenho uma ideia, vamos misturar Alien, Gravidade e outras ficções científicas no mesmo filme?". O resultado é um longa eficientíssimo em entreter, honesto em sua proposta e que não tenta ser mais do que pode (erro recorrente em algumas ficções científicas). No entanto, falta um pouco de originalidade aqui (algo explicado pela clara inspiração em obras já citadas), algumas mortes são previsíveis e até mesmo o final é esperado. Para compensar, Espinosa entrega um direção segura, com bom senso de ritmo e um plano sequência inicial sensacional. O elenco também cumpre bem o seu papel, fazer o público se apegar nos personagens, apesar do roteiro pouco aprofundá-los. Não é um longa memorável, não é daqueles que a gente coloca na lista de melhores do ano, mas Vida é perfeito em sua proposta, entreter e homenagear outras ficções científicas.
Kiki: Os Segredos do Desejo
3.3 86 Assista Agora[...] O que poderia ser uma experiência construtiva, divertida e repleta de aprendizado, torna-se uma representação extremamente infeliz dos fetiches apresentados, uma vez que as soluções que os personagens encontram para viver suas fantasias ou satisfazer seus parceiros são esdrúxulas, para dizer o mínimo. O protagonista com sonofilia, por exemplo, dopa a mulher para transar com ela, sem o seu consentimento, ou seja, a estuprou; mas o longa mostra o momento com uma nojenta aura de humor, como se houvesse graça em assistir alguém tendo relações sem consciência disso. Outro momento infeliz ocorre quando o namorado da garota que se excita com assaltos simula um, apenas por ciúmes, resultando em uma tentativa de violentá-la. Sem contar na fatídica cena que a esposa de um homem finge estar com câncer para vê-lo chorar e transar com ele, ficando claro o tipo de humor esdrúxulo, sem graça e irresponsável do longa, transmitindo a perigosa mensagem de que, para satisfazer-se, tudo é possível. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-kiki-os-segredos-do-desejo/
Mulher-Maravilha
4.1 2,9K Assista AgoraÉ normal um filme oscilar durante a projeção (apenas obras-primas são excelentes o tempo todo), mas, curiosamente, Mulher Maravilha possui 3 atos de qualidade distinta. O início da obra é excepcional, apresentando a mitologia das valquírias sem parecer algo irreal e estabelecendo a personalidade da personagem-título com maestria, através de diálogos bem construídos, um bom misancene (quando vemos Diana criança emulando movimentos de luta fica claro seu espírito guerreiro) e um visual belíssimo (a sequência que a mãe dela conta o surgimento das valquírias através de imagens com estilo pintura clássica é sensacional). Já o segundo ato, apesar de não ser bom como o primeiro e parecer clichê em alguns momentos (há cenas idênticas ao primeiro filme do Capitão América), é ótimo em criar o choque de realidade que a protagonista enfrenta, repare como a diretora inteligentemente muda a paleta de cores do colorido da Ilha Paraíso para o cinza de Londres até o completo escuro da guerra. Além disso, há boas cenas em que Diana é inserida em ambientes masculinos, resultando em diálogos contundentes e com um interessante tom anti-bélico.
Contudo, quando o longa atinge o terceiro ato, a história cai em uma megalomania totalmente anti-climática, o cru da guerra é substituído por um clímax repleto de explosões, frases de efeito e CGI em demasia; personagens que até então pareciam importantes, como a Dra Veneno, mostram-se descartáveis e até mesmo bons pontos estabelecidos parecem incoerentes (de nada adiantou Diana ser escondida por sua mãe se Ares reconheceu-a na primeira vez que a viu, como ele mesmo destaca em sua fala). Ademais, toda a questão de emponderamento feminino é abordada de maneira rasa, não passando de algo construído com frases prontas ("a mulher não precisa do homem para o prazer"), caindo no absurdo clichê de "o ser humano é ruim mas pode ser mais do que isso" e "eu escolhi o amor".
Mulher Maravilha é um bom divertimento, possui um excepcional início, mas poderia ir muito além disso, com potencial para ser um filme contundente sobre o papel da mulher na guerra e na sociedade, contudo, não é o que acontece aqui; deixando, ao término, um gosto ruim devido ao péssimo e exagerado terceiro ato.
Internet: O Filme
1.5 317Talvez, se o roteiro fosse baseado em esquetes, como e Apertem os Cintos o Piloto Sumiu, o longa seria bem melhor, no entanto, não é o que acontece. O filme opta por construir diversas narrativas de maneira paralela e o resultado é catastrófico, uma vez que todos os personagens são estereotipados, as histórias clichê e o humor antiquado, apostando em palavrões. Além disso, o longa é absurdamente impreciso em sua mensagem, tratando a obsessão dos fãs como algo fútil em alguns momentos, mas, logo após, falando como isso pode ser benéfico para os YouTubers. Para piorar, as atuações são patéticas e é visível que ninguém ali tem o dom para atuar, ficando evidente que a escolha dos atores ocorreu devido ao número de inscritos em seus canais, algo que jamais pode ser o principal critério para a escolha de um elenco. Isso aqui é uma hecatombe do cinema brasileiro, lamentável.
A Última Tentação de Cristo
4.0 297 Assista Agora[...] Scorsese desenvolve sua trama através de um ritmo vagaroso, utilizando o tempo que julga necessário para a passagem dos acontecimentos, construindo cenas com longos diálogos e poucos cortes durante as falas, como a conversa de Cristo com Pôncio Pilatos (em uma ótima participação de David Bowie). Essa escolha do diretor culmina em um filme de ritmo lento, mas necessário para que o público entenda o peso sobre os ombros que Jesus sente sobre a função que lhe foi designada por Deus. Essa estratégia de Scorsese valoriza a visão intimista da obra, ou seja, mais do que mostrar o sacrifício de Cristo, o que o realizador quer aqui é transmitir o que o processo significou para Jesus enquanto homem. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-a-ultima-tentacao-de-cristo/
O Rei da Comédia
4.0 366 Assista Agora[...] Martin Scorsese sempre foi um especialista em produzir intensos estudos de personagem, como, por exemplo, o de Travis Bickle, em Taxi Driver, e Jake LaMotta, em Touro Indomável. A estratégia do diretor não é diferente em O Rei da Comédia e o roteiro, escrito por Paul D. Zimmerman, mergulha fundo na psique de Rupert Pupkin. Baseado nisso, o grande mérito do roteirista está na sutil construção dos transtornos do protagonista. Se, no início, Pupkin parece ser apenas um fã apaixonado e empenhado em ser um comediante profissional, como seu ídolo; com o decorrer da história, ele mostra-se uma pessoa transtornada, iludida e capaz de criar uma realidade paralela em sua mente. Portanto, a genialidade do longa de Scorsese está em subverter a expectativa do público sobre a abordagem do longa, fazendo uma trama que, aparentemente, envolve apenas o fanatismo de um fã, tornar-se uma obra verdadeiramente perturbadora. [...]
O restante da crítica em: http://www.planocritico.com/critica-o-rei-da-comedia/