Tão historicamente fantasioso que faria Dan Brown gargalhar (com direito até a um Drácula pirado)... A fotografia de época em CG em alguns momentos poderia ser bem melhor, mas deixei todas essas observações de lado ao encarar a série não como um retrato 'sério' da vida de Da Vinci - até porque neste caso seria melhor assistir a um documentário - mas sim como uma obra de ficção e fantasia, um passatempo muito divertido acerca das complôs políticos e religiosos por poder e supressão do conhecimento, em especial pela Igreja. Nesse aspecto, "Da Vinci's Demons" não me decepcionou em nenhum momento, somando à trama histórica grandes doses de aventura ao estilo "Três Mosqueteiros" (lutas à espada) e conspirações à "O nome da Rosa" (investigações sobre assassinatos misteriosos). Destaque para Tom Riley e seu Da Vinci comicamente perturbado por suas ideias e insights arrebatadores que salvam Florença mais de uma vez e guiam-no rumo à sua jornada final. E falando em destaque, uma menção honrosa a Blake Ritson com seu Riario: um vilão que consegue se fazer odiar sem esforço.
Com a onda vampiresca que tem impregnado a mídia, chega a vez da Fox: apostando num vampirismo animalesco, um tanto primitivo e 'biológico', "The Strain" tem demonstrado grande fôlego em seu início, misturando elementos dramáticos a uma sólida trama de ficção científica. Até agora o suspense e a tensão estão bem dosados e a história está com os ingredientes necessários para evoluir: basta não escorregar no roteiro, para começar.
Uma série muito bem produzida, porém fica claro logo de cara que é para poucos: não porque "apenas gente culta vai entender", mas por causa da abordagem lenta, por vezes psicológica e confusa (difícil saber quem é quem, já que os personagens não são estereótipos de bem e mal). É perturbador acompanhar o rumo que a história vai tomando sem sabermos o que, de fato, está acontecendo, a começar pelo próprio 'arrebatamento', sua causa e o futuro incerto, caótico e meio apocalíptico dos personagens. Até agora, todos os elementos da série me agradam, das interpretações convincentes aos 'sustos' impactantes e que vão, pouco a pouco revelando detalhes sobre a intrincada trama. Talvez eu esteja mais eufórico que o necessário, mas "The Leftovers" é a minha aposta atual da HBO: já me convenceu até a ler o livro de Perrotta.
Em se tratando de seriado, esta temporada de AHS foi, sem dúvida, a mais interessante experiência de terror psicológico que já acompanhei... Exponencialmente superior à temporada anterior a meu ver, “Asylum” é a parte de American Horror Story que melhor consolida as propostas da série. Mesmo que seja uma temporada independente (como é o estilo desta série), nota-se que os personagens são mais complexos e bem trabalhados, como por exemplo, o personagem de Evan Peters e, claro, da incrível Jessica Lange, mais uma vez roubando a cena. Particularmente, talvez eu seja suspeito para opinar, já que adoro ver o conflito religião/ciência sendo abordado por algum ponto de intersecção, neste caso, a loucura. Interessante ver que ambos, ciência e religião, estão nos seus extremos para proporcionar o horror necessário: de um lado, o fanatismo hipócrita e perverso baseado em castigos físicos e psicológicos degradantes em nome da ‘reconciliação com Deus’, e, de outro, as experiências invasivas sustentadas em uma suposta evolução humana, gerando aberrações. O roteiro desta vez está muito mais ágil, até onde um terror psicológico permite, lidando com possessões, abduções e até um serial killer, tudo muito bem costurado. Podemos sentir a loucura das situações, duvidar de primeiras impressões, ver reviravoltas impactantes e reconsiderar tudo que já foi visto nos episódios anteriores. Só acho que ficaram um tanto arrastados os dois últimos episódios; talvez bastasse uma dúzia de episódios para encerrar com mais agilidade. De toda forma, são 13 episódios hipnóticos e, certamente, eu não me importaria de acompanhar 15 ou 20 episódios que fossem.
Santo Stoker! A espera foi parcialmente recompensada! Primeiro episódio traz logo de cara a bizarrice tão característica da série ao longo desses quase sete anos, abrindo com um massacre e dando espaço até para o sexo tórrido. É óbvio que não dá para dizer que foi inteiramente satisfatório, uma vez que surgiram novas pontas soltas que devem ser 'reatadas', junto com as que ficaram da temporada anterior, o que, dependendo do desenvolvimento nos próximos 9 episódios, podem ter um final muito marcante. Curiosamente, entretanto, já deu para perceber que uma das temáticas da season finale é a segregação social e a revolta decorrente dela, metaforicamente representada pelos vampiros infectados em meio à população amedrontada de Bon Temps. A perspectiva da discriminação abordada no início do seriado retorna de modo mais agressivo: os vampiros não querem ser tratados como coitados ou excluídos; usam agora o 'bônus' de estarem infectados (e, portanto, sem nada a perder) para escandalizar a sociedade com seus instintos primitivos e sanguinários, sem culpa ou vergonha. Aguardemos a continuação, torcendo para que o final faça jus ao que Alan Ball declarou em "True Blood: A farewell to Bon Temps", mencionando que foi o trabalho mais divertido que ele já fez.
Interessante como "Pesadelo Mortal" consegue condensar as características mais relevantes do estilo de terror de John Carpenter, resultando numa história ágil (a duração de menos de uma hora exigia isto), mas mantendo e intensificando a tensão proposta pela trama. Tudo é sombrio e incerto até o clímax, aproveitando-se esse tempo para agigantar o mistério e o horror escondidos no nefasto filme 'La Fin Absolue du Monde'. Combinando essa atmosfera apreensiva com os momentos sanguinolentos finais, Carpenter oferece um dos melhores títulos da série 'Mestres do Horror'.
Uma série que, ao menos agora, em seu início, demonstra ser bastante promissora... Situada em uma época e local propícios para o desenvolvimento de tramas de terror e suspense – a Londres vitoriana, palco de muitos clássicos da literatura –, “Penny Dreadful” apresenta uma atmosfera gótica de encher os olhos, com fotografia, figurinos e demais aspectos técnicos excelentes, além do roteiro bem amarrado. Os integrantes do elenco estão muito à vontade em seus respectivos papéis, da misteriosa Vanessa Ives (Eva Green) ao excêntrico e narcisista Dorian Gray (Reeve Carney). Reunindo personagens famosos com alterações evidentes nas histórias individuais, mas costuradas com um fio sofisticado de ação entre eles, a série tem os ingredientes certos para se consolidar como um freak show delicioso, com seus monstros, demônios... e a apelação psicossexual que complementa a identidade de terror e perturbação que o programa sugere. Um programa fantástico para os amantes de um seriado tenso, sombrio e que, de quebra, ainda faz ótimas referências a personagens clássicos do gênero, sem, contudo, ridicularizá-los.
Primeiros episódios aprovados! Era um tanto previsível que a série construísse uma história em detalhes, aprofundando o que foi visto no filme, e cumpre bem esse papel. Desde os surtos constantes do Richie (que no filme, na atuação do Tarantino, ficou algo meio risível) até uma abordagem minuciosa da mitologia dos ancestrais "vampiros-serpente" e seus cultos de sangue, tudo está sendo - até agora - bem elaborado. É aguardar os próximos episódios, o desenrolar da trama e seus resultados.
Começando a acompanhar agora, atraído pela temática obscura aliada à produção de Eli Roth. Um aspecto chama a atenção logo de cara: as lacunas entre os personagens e a forma parcial como são apresentados. É interessante ver que eles não apenas escondem segredos como também ocultam suas relações uns com os outros, algo que vai aos poucos se evidenciando, porém de modo implícito. Assim, o eixo da trama (a investigação acerca do assassinato brutal de uma moça) fica intencionalmente em segundo plano, destacando a dinâmica dos personagens nesse contexto. Ainda é cedo para dizer se a série é boa ou ruim, mas se é verdade aquela história de que a primeira impressão é a que fica, então estou achando ótima.
Ainda que sete temporadas constituam uma duração razoável para um seriado, e que ao longo desse tempo a história tenha cometido alguns deslizes, não há como negar que os acertos foram muito mais notáveis que as falhas. Os vampiros de Charlaine Harris, ao ganhar vida nas mãos de Alan Ball, trouxeram uma perspectiva inovadora à mitologia vampiresca, mas não se limitando a isso: sempre está presente a crítica à sociedade, suas mazelas e restrições: racismo, segregação, homofobia, sexismo, religião, política e muitas outras temáticas críticas. Assim, a série possui uma abordagem adulta não apenas devido a seu conteúdo "forte" em sexo e violência, mas também por causa das questões reflexivas e contemporâneas que suscita, divergindo da temática romanesca e adocicada conferida ao vampirismo pelas recentes produções destinadas ao público teen. Fará falta, certamente, acompanhar a dinâmica de Bon Temps (microcosmo da sociedade em geral), mas se a série deve terminar, que o faça logo, antes de se diluir mais... como sangue em água.
Depois de uma queda significativa em sua 5ª temporada, foi uma grande satisfação ver "True Blood" recuperar o fôlego nessa nova temporada. Se na temporada anterior a história praticamente se restringiu ao universo limitado da Autoridade vampiresca e à mitologia em torno de Lilith - com ação reduzida dentro da Sede subterrânea - , a 6ª temporada ampliou de forma notável seus horizontes, retomando alguns dos caminhos que definiram o contexto original da série. Desta vez, os eventos desencadeados pela exposição desastrosa dos vampiros "sanguinistas" trouxeram à tona a antiga paranoia religiosa abordada brilhantemente na segunda temporada. Agora, o clima de religiosidade radical "antivampiresca" encontra um desvairado apoio (para não usar o termo "patrocínio") político do governador Trumam, que não poderia arranjar uma parceira mais adequada às suas finalidades: Sarah Newlin. O retorno da personagem de Anna Camp, por sua vez, funciona muito bem dentro do contexto de perseguição aos vampiros, com direito até a uma espécie de campo de concentração, onde os sanguessugas são submetidos a experiências humilhantes e executados. De fato, a sexta temporada de "True Blood" supera (ao menos na minha opinião de espectador) a temporada anterior e traz certo ar de renovação ao roteiro já um tanto gasto ao longo da série. Mesmo sendo a temporada mais curta, consegue resolver os conflitos mais imediatos e deixa as últimas pontas soltas para sua literal season finale. Agora é aguardar.
Daniel Radcliffe definitivamente mostra ser bastante competente na atuação cômico/dramática do jovem e inexperiente médico Vladimir, mostrando que não precisa ser lembrado apenas pelo papel de Harry Potter que carregou durante tantos anos. Em "A Young Doctor's Notebook" ele tem uma interpretação onde fica à vontade para dar vida a um personagem um tanto estabanado, inseguro e verborrágico no início do exercício médico e, em conjunto com o não menos talentoso Jon Hamm, forma as duas fases distintas da vida de Vladimir, ambas permeadas de humor - que serve para enfatizar ainda mais as responsabilidades que acompanharam sua carreira a partir do momento em que ele chega a uma pequena comunidade nos confins da Sibéria. Em síntese, é uma (minis)série que intercala muito bem o drama e a comédia: uma ótima "dramédia".
Desde a 3ª temporada, com a invasão de uma miríade de seres sobrenaturais dividindo a tela (ou, antes, disputando) com os vampiros, "True Blood" abriu espaço para diversas subtramas, ofuscando o foco vampiresco com os dramas secundários tanto de personagens "mágicos" quanto dos seres humanos. Por um lado, essas subtramas evitaram que a trama ficasse monotonamente presa aos protagonistas principais e, como consequência, diluísse a história, fazendo-a cair na mesmice; porém, o excesso de tramas paralelas chegou, por ironia, a fragmentar o foco narrativo, deixando-o meio caótico a partir da 4ª temporada. Contudo, é interessante ver os temas discutidos centralmente nas temporadas; nesta 5ª season, o fanatismo religioso tão bem explorado na 2ª retorna sob uma nova perspectiva: agora, a religiosidade vampiresca ganha destaque, através de suas doutrinas radicais (sempre caricaturizando a realidade social), atreladas a certos contextos políticos.
Já familiarizado com a forma peculiar de contar histórias de Alan Ball (sendo fã inveterado de "True Blood"), chega a hora de conferir a série de renome do criador que ajudou a HBO a alcançar um patamar de qualidade mundial notável. Tomando como base as relações de uma família pouco convencional, "Six Feet Under" entrelaça a essas relações o drama perene da morte. Contudo, usando de uma audácia elevadamente curiosa, a abordagem de Alan Ball ao tema mais desagradável que acompanha a existência humana é crivada de um humor negro inteligente, que oscila entre o sarcasmo e a sutileza conforme a situação. Exemplo disso são as "propagandas" dos produtos funerários, que ganham uma conotação quase cômica. Os personagens são muito bem desenvolvidos, tendo o contexto próprio de ação e uma importância relevante para o conjunto da trama, que se desenvolve em vários ângulos gradativamente. É certo que "Six Feet Under" possui qualidade e conteúdo suficientes para figurar em plano de relevo entre os seriados contemporâneos e, ainda que já tenha sido encerrada, continua mais atual e interessante do que muitas outras séries que brotam dia após dia, mas que carecem da criatividade de um autor ousado...visionário.
Quando um personagem icônico do cinema ganha uma nova abordagem, desta vez para a TV, é evidente que a maioria dos fãs fica em apreensão; esta foi minha sensação quando soube que o Dr. Lecter retornaria às telas em formato de seriado. Contudo, minhas expectativas não foram frustradas; a série traz de volta a sofisticação e o estilo sempre elegante do canibal mais inteligente do mundo, sem decepcionar os antigos fãs do "eterno" Anthony Hopkins. De fato, Mads Mikkelsen incorpora satisfatoriamente o psiquiatra Hannibal Lecter, com sua perspicácia sempre aguda e penetrante, de causar arrepios em determinados momentos. A série equilibra cenas de ação e violência (perseguições, assassinatos, etc.) e momentos psicologicamente tensos (sonhos, lembranças, reconstituições), assemelhando-se, às vezes, a Dexter, embora as perspectivas do "anti-herói" sejam notavelmente diferentes. Hannibal não é simplesmente um serial killer de vida dupla, mas um sujeito extremamente articulado no "bom gosto" (a seu ver), um assassino brilhante, de inteligência assustadora, mas que não abre mão da já mencionada sofisticação na execução de seus crimes secretos, a fim de satisfazer seu paladar refinado.
Depois de ler e ouvir muito sobre este polêmico seriado (aliás, que produção da HBO não carrega suas 'polêmicas'?), chegou a hora de conhecer "Tell Me You Love Me" e o resultado não poderia ser mais instigante. Abordando o sexo como eixo das relações frustradas/confusas de três casais, interligados por uma conexão com um quarto, "Tell Me You Love Me" abre espaço para profundas reflexões acerca dos relacionamentos e seus desdobramentos. É interessante que as abordagens das crises enfrentadas por cada um dos casais são diretamente referentes às problemáticas da construção e manutenção de uma relação sexual duradoura e sadia na vida de qualquer pessoa, não se restringindo aos personagens mostrados: há o casal mais jovem, em conflito por conta da 'duração' de sua fidelidade; há o casal frustrado por não ter filhos, o que 'compromete sua evolução pessoal' e há o casal cuja vida corrida, somada à monotonia da vida juntos, não consegue sequer ter uma relação sexual eventual. A exibição de nudez explícita e sexo sem censura dá ao seriado uma visão ainda mais próxima ao espectador, sem 'glamourização' nem maquiagem melodramática às situações apresentadas. O maior destaque, porém, está nas sessões de terapia, de contexto profundamente psicológico, verdadeiras aulas de como lidar com relações em crise e com os tabus sexuais. Recomendadíssimo!
Se no seu início "True Blood" apresentou o contexto de inserção social dos vampiros abertamente entre os seres humanos e abriu espaço para discussões religiosas na segunda temporada, era de se esperar que a série se desdobrasse em questões políticas, o que é feito nesta terceira temporada. Aqui a busca por igualdade de direitos civis dos sanguessugas é confrontada pelo surgimento de um vilão de peso: Russell Edgington (Denis O'Hare em ótima performance), que possui ideologia muito distinta dos demais de sua espécie. Com uma mentalidade semelhante à do vilão Magneto (X-Men), Edgington, prega a superioridade vampiresca, apesar de esta espécie ser numericamente bem inferior ao humanos. O pensamento de Edgington é tipicamente 'ariano' em relação aos humanos, demonstrado com eloquência e intensidade no episódio em que ele faz um discurso ao vivo para a TV americana - certamente um dos pontos altos da temporada. Quanto à inserção de novos personagens, com destaque para os lobisomens, eles tiveram um efeito positivo na série: evitaram que o universo apresentado se restringisse a poucos personagens; neste caso, mais uma vez "True Blood" se expandiu e, embora tenha havido alguns problemas de ritmo, é interessante ver como, no final, os caminhos são preparados para uma abordagem mais profunda dos temas tratados e das realidades, relações e vivências dos personagens apresentados.
Difícil opinar acerca de um seriado que ainda está "mostrando as presas", em seus primeiros episódios. O que até agora foi possível observar é que se trata de uma adaptação livre (talvez até 'livre demais') da obra de Stoker, aproveitando poucos elementos da obra em questão. Na verdade, a fidelidade ao livro está mais nos nomes dos personagens, embora as relações entre eles sejam distintas. Adotando como ponto de partida o plano de vingança de Drácula contra a Ordem do Dragão (um Conselho radical que exterminou os "hereges" no passado e que ainda possui membros em Londres), a série prefere focar nessa liberdade criativa. Entretanto, nota-se com frequência algumas referências claras ao filme de Francis Ford Coppola, incluindo a frase clássica que sintetiza aquele filme: "O sangue é vida!". Quanto ao protagonista, Jonathan Rhys Meyers, também é cedo para falar com imparcialidade de sua performance geral no papel do vampiro; seu personagem aristocrático, culto e por vezes arrogante está sendo consideravelmente bem-sucedido. É esperar o desenrolar da temporada para saber se ele evoluirá ou cairá na mesmice.
A construção do universo de "True Blood" é, de fato, curiosa, por abordar uma realidade alternativa em que as características essenciais dos vampiros foram preservadas, ao mesmo tempo em que consegue evitar apegar-se à temática de romance teen (justificável pelo conteúdo adulto da série, foco das produções da HBO, de forma geral). Contudo, se esta visão vampiresca adulta - que usa e, especialmente, abusa do erotismo - traz alguma inovação a um tema que tornou-se clichê adolescente nos últimos anos, o fato é que o maior mérito de "True Blood" na primeira temporada está no seu conteúdo de denúncia e crítica social, quer seja de forma explícita, através de personagens que vivem à margem de um mundo "exclusivista" (o homossexual tachado de aidético, a negra que se julga vítima de racismo, a mãe bêbada e desequilibrada, etc.), quer seja por meio do próprio universo vampiresco mostrado, repleto de sátiras à sociedade, travestindo o mundo "real" no mundo "ficcional" evidenciado: preconceito contra vampiros, a luta destes por igualdade em direitos e até referências religiosas (que serão melhor trabalhadas na temporada seguinte).
Depois de uma primeira temporada que dividiu opiniões e críticas (confesso que no início considerei um tanto estagnada no ritmo e com personagens meio desfocados), a segunda temporada de "True Blood" vem fazer jus ao "blood" do nome: com muito mais ação, um roteiro mais fluente e a velha pitada de ironia e sarcasmo social (desta vez com uma conotação religiosa). Isso sem falar na presença marcante da vilã Maryann!
Da Vinci's Demons (1ª Temporada)
4.1 194Tão historicamente fantasioso que faria Dan Brown gargalhar (com direito até a um Drácula pirado)... A fotografia de época em CG em alguns momentos poderia ser bem melhor, mas deixei todas essas observações de lado ao encarar a série não como um retrato 'sério' da vida de Da Vinci - até porque neste caso seria melhor assistir a um documentário - mas sim como uma obra de ficção e fantasia, um passatempo muito divertido acerca das complôs políticos e religiosos por poder e supressão do conhecimento, em especial pela Igreja.
Nesse aspecto, "Da Vinci's Demons" não me decepcionou em nenhum momento, somando à trama histórica grandes doses de aventura ao estilo "Três Mosqueteiros" (lutas à espada) e conspirações à "O nome da Rosa" (investigações sobre assassinatos misteriosos).
Destaque para Tom Riley e seu Da Vinci comicamente perturbado por suas ideias e insights arrebatadores que salvam Florença mais de uma vez e guiam-no rumo à sua jornada final. E falando em destaque, uma menção honrosa a Blake Ritson com seu Riario: um vilão que consegue se fazer odiar sem esforço.
The Strain: Noite Absoluta (1ª Temporada)
3.9 392 Assista AgoraCom a onda vampiresca que tem impregnado a mídia, chega a vez da Fox: apostando num vampirismo animalesco, um tanto primitivo e 'biológico', "The Strain" tem demonstrado grande fôlego em seu início, misturando elementos dramáticos a uma sólida trama de ficção científica. Até agora o suspense e a tensão estão bem dosados e a história está com os ingredientes necessários para evoluir: basta não escorregar no roteiro, para começar.
The Leftovers (1ª Temporada)
4.2 583 Assista AgoraUma série muito bem produzida, porém fica claro logo de cara que é para poucos: não porque "apenas gente culta vai entender", mas por causa da abordagem lenta, por vezes psicológica e confusa (difícil saber quem é quem, já que os personagens não são estereótipos de bem e mal). É perturbador acompanhar o rumo que a história vai tomando sem sabermos o que, de fato, está acontecendo, a começar pelo próprio 'arrebatamento', sua causa e o futuro incerto, caótico e meio apocalíptico dos personagens.
Até agora, todos os elementos da série me agradam, das interpretações convincentes aos 'sustos' impactantes e que vão, pouco a pouco revelando detalhes sobre a intrincada trama. Talvez eu esteja mais eufórico que o necessário, mas "The Leftovers" é a minha aposta atual da HBO: já me convenceu até a ler o livro de Perrotta.
American Horror Story: Asylum (2ª Temporada)
4.3 2,7KEm se tratando de seriado, esta temporada de AHS foi, sem dúvida, a mais interessante experiência de terror psicológico que já acompanhei... Exponencialmente superior à temporada anterior a meu ver, “Asylum” é a parte de American Horror Story que melhor consolida as propostas da série. Mesmo que seja uma temporada independente (como é o estilo desta série), nota-se que os personagens são mais complexos e bem trabalhados, como por exemplo, o personagem de Evan Peters e, claro, da incrível Jessica Lange, mais uma vez roubando a cena.
Particularmente, talvez eu seja suspeito para opinar, já que adoro ver o conflito religião/ciência sendo abordado por algum ponto de intersecção, neste caso, a loucura. Interessante ver que ambos, ciência e religião, estão nos seus extremos para proporcionar o horror necessário: de um lado, o fanatismo hipócrita e perverso baseado em castigos físicos e psicológicos degradantes em nome da ‘reconciliação com Deus’, e, de outro, as experiências invasivas sustentadas em uma suposta evolução humana, gerando aberrações.
O roteiro desta vez está muito mais ágil, até onde um terror psicológico permite, lidando com possessões, abduções e até um serial killer, tudo muito bem costurado. Podemos sentir a loucura das situações, duvidar de primeiras impressões, ver reviravoltas impactantes e reconsiderar tudo que já foi visto nos episódios anteriores. Só acho que ficaram um tanto arrastados os dois últimos episódios; talvez bastasse uma dúzia de episódios para encerrar com mais agilidade. De toda forma, são 13 episódios hipnóticos e, certamente, eu não me importaria de acompanhar 15 ou 20 episódios que fossem.
True Blood (7ª Temporada)
3.4 485 Assista AgoraSanto Stoker! A espera foi parcialmente recompensada! Primeiro episódio traz logo de cara a bizarrice tão característica da série ao longo desses quase sete anos, abrindo com um massacre e dando espaço até para o sexo tórrido.
É óbvio que não dá para dizer que foi inteiramente satisfatório, uma vez que surgiram novas pontas soltas que devem ser 'reatadas', junto com as que ficaram da temporada anterior, o que, dependendo do desenvolvimento nos próximos 9 episódios, podem ter um final muito marcante.
Curiosamente, entretanto, já deu para perceber que uma das temáticas da season finale é a segregação social e a revolta decorrente dela, metaforicamente representada pelos vampiros infectados em meio à população amedrontada de Bon Temps. A perspectiva da discriminação abordada no início do seriado retorna de modo mais agressivo: os vampiros não querem ser tratados como coitados ou excluídos; usam agora o 'bônus' de estarem infectados (e, portanto, sem nada a perder) para escandalizar a sociedade com seus instintos primitivos e sanguinários, sem culpa ou vergonha.
Aguardemos a continuação, torcendo para que o final faça jus ao que Alan Ball declarou em "True Blood: A farewell to Bon Temps", mencionando que foi o trabalho mais divertido que ele já fez.
Mestres do Terror (1ª Temporada)
3.2 780Interessante como "Pesadelo Mortal" consegue condensar as características mais relevantes do estilo de terror de John Carpenter, resultando numa história ágil (a duração de menos de uma hora exigia isto), mas mantendo e intensificando a tensão proposta pela trama. Tudo é sombrio e incerto até o clímax, aproveitando-se esse tempo para agigantar o mistério e o horror escondidos no nefasto filme 'La Fin Absolue du Monde'. Combinando essa atmosfera apreensiva com os momentos sanguinolentos finais, Carpenter oferece um dos melhores títulos da série 'Mestres do Horror'.
Penny Dreadful (1ª Temporada)
4.3 1,0K Assista AgoraUma série que, ao menos agora, em seu início, demonstra ser bastante promissora... Situada em uma época e local propícios para o desenvolvimento de tramas de terror e suspense – a Londres vitoriana, palco de muitos clássicos da literatura –, “Penny Dreadful” apresenta uma atmosfera gótica de encher os olhos, com fotografia, figurinos e demais aspectos técnicos excelentes, além do roteiro bem amarrado. Os integrantes do elenco estão muito à vontade em seus respectivos papéis, da misteriosa Vanessa Ives (Eva Green) ao excêntrico e narcisista Dorian Gray (Reeve Carney).
Reunindo personagens famosos com alterações evidentes nas histórias individuais, mas costuradas com um fio sofisticado de ação entre eles, a série tem os ingredientes certos para se consolidar como um freak show delicioso, com seus monstros, demônios... e a apelação psicossexual que complementa a identidade de terror e perturbação que o programa sugere.
Um programa fantástico para os amantes de um seriado tenso, sombrio e que, de quebra, ainda faz ótimas referências a personagens clássicos do gênero, sem, contudo, ridicularizá-los.
Um Drink no Inferno (1ª Temporada)
3.5 179Primeiros episódios aprovados! Era um tanto previsível que a série construísse uma história em detalhes, aprofundando o que foi visto no filme, e cumpre bem esse papel. Desde os surtos constantes do Richie (que no filme, na atuação do Tarantino, ficou algo meio risível) até uma abordagem minuciosa da mitologia dos ancestrais "vampiros-serpente" e seus cultos de sangue, tudo está sendo - até agora - bem elaborado.
É aguardar os próximos episódios, o desenrolar da trama e seus resultados.
Hemlock Grove (1ª Temporada)
3.7 292Começando a acompanhar agora, atraído pela temática obscura aliada à produção de Eli Roth. Um aspecto chama a atenção logo de cara: as lacunas entre os personagens e a forma parcial como são apresentados. É interessante ver que eles não apenas escondem segredos como também ocultam suas relações uns com os outros, algo que vai aos poucos se evidenciando, porém de modo implícito. Assim, o eixo da trama (a investigação acerca do assassinato brutal de uma moça) fica intencionalmente em segundo plano, destacando a dinâmica dos personagens nesse contexto.
Ainda é cedo para dizer se a série é boa ou ruim, mas se é verdade aquela história de que a primeira impressão é a que fica, então estou achando ótima.
True Blood (7ª Temporada)
3.4 485 Assista AgoraAinda que sete temporadas constituam uma duração razoável para um seriado, e que ao longo desse tempo a história tenha cometido alguns deslizes, não há como negar que os acertos foram muito mais notáveis que as falhas. Os vampiros de Charlaine Harris, ao ganhar vida nas mãos de Alan Ball, trouxeram uma perspectiva inovadora à mitologia vampiresca, mas não se limitando a isso: sempre está presente a crítica à sociedade, suas mazelas e restrições: racismo, segregação, homofobia, sexismo, religião, política e muitas outras temáticas críticas.
Assim, a série possui uma abordagem adulta não apenas devido a seu conteúdo "forte" em sexo e violência, mas também por causa das questões reflexivas e contemporâneas que suscita, divergindo da temática romanesca e adocicada conferida ao vampirismo pelas recentes produções destinadas ao público teen.
Fará falta, certamente, acompanhar a dinâmica de Bon Temps (microcosmo da sociedade em geral), mas se a série deve terminar, que o faça logo, antes de se diluir mais... como sangue em água.
True Blood (6ª Temporada)
3.8 482 Assista AgoraDepois de uma queda significativa em sua 5ª temporada, foi uma grande satisfação ver "True Blood" recuperar o fôlego nessa nova temporada.
Se na temporada anterior a história praticamente se restringiu ao universo limitado da Autoridade vampiresca e à mitologia em torno de Lilith - com ação reduzida dentro da Sede subterrânea - , a 6ª temporada ampliou de forma notável seus horizontes, retomando alguns dos caminhos que definiram o contexto original da série. Desta vez, os eventos desencadeados pela exposição desastrosa dos vampiros "sanguinistas" trouxeram à tona a antiga paranoia religiosa abordada brilhantemente na segunda temporada.
Agora, o clima de religiosidade radical "antivampiresca" encontra um desvairado apoio (para não usar o termo "patrocínio") político do governador Trumam, que não poderia arranjar uma parceira mais adequada às suas finalidades: Sarah Newlin. O retorno da personagem de Anna Camp, por sua vez, funciona muito bem dentro do contexto de perseguição aos vampiros, com direito até a uma espécie de campo de concentração, onde os sanguessugas são submetidos a experiências humilhantes e executados.
De fato, a sexta temporada de "True Blood" supera (ao menos na minha opinião de espectador) a temporada anterior e traz certo ar de renovação ao roteiro já um tanto gasto ao longo da série. Mesmo sendo a temporada mais curta, consegue resolver os conflitos mais imediatos e deixa as últimas pontas soltas para sua literal season finale. Agora é aguardar.
Diário de um Jovem Médico (1ª Temporada)
3.9 139Daniel Radcliffe definitivamente mostra ser bastante competente na atuação cômico/dramática do jovem e inexperiente médico Vladimir, mostrando que não precisa ser lembrado apenas pelo papel de Harry Potter que carregou durante tantos anos. Em "A Young Doctor's Notebook" ele tem uma interpretação onde fica à vontade para dar vida a um personagem um tanto estabanado, inseguro e verborrágico no início do exercício médico e, em conjunto com o não menos talentoso Jon Hamm, forma as duas fases distintas da vida de Vladimir, ambas permeadas de humor - que serve para enfatizar ainda mais as responsabilidades que acompanharam sua carreira a partir do momento em que ele chega a uma pequena comunidade nos confins da Sibéria.
Em síntese, é uma (minis)série que intercala muito bem o drama e a comédia: uma ótima "dramédia".
True Blood (5ª Temporada)
3.8 684 Assista AgoraDesde a 3ª temporada, com a invasão de uma miríade de seres sobrenaturais dividindo a tela (ou, antes, disputando) com os vampiros, "True Blood" abriu espaço para diversas subtramas, ofuscando o foco vampiresco com os dramas secundários tanto de personagens "mágicos" quanto dos seres humanos.
Por um lado, essas subtramas evitaram que a trama ficasse monotonamente presa aos protagonistas principais e, como consequência, diluísse a história, fazendo-a cair na mesmice; porém, o excesso de tramas paralelas chegou, por ironia, a fragmentar o foco narrativo, deixando-o meio caótico a partir da 4ª temporada.
Contudo, é interessante ver os temas discutidos centralmente nas temporadas; nesta 5ª season, o fanatismo religioso tão bem explorado na 2ª retorna sob uma nova perspectiva: agora, a religiosidade vampiresca ganha destaque, através de suas doutrinas radicais (sempre caricaturizando a realidade social), atreladas a certos contextos políticos.
A Sete Palmos (1ª Temporada)
4.5 391 Assista AgoraJá familiarizado com a forma peculiar de contar histórias de Alan Ball (sendo fã inveterado de "True Blood"), chega a hora de conferir a série de renome do criador que ajudou a HBO a alcançar um patamar de qualidade mundial notável.
Tomando como base as relações de uma família pouco convencional, "Six Feet Under" entrelaça a essas relações o drama perene da morte. Contudo, usando de uma audácia elevadamente curiosa, a abordagem de Alan Ball ao tema mais desagradável que acompanha a existência humana é crivada de um humor negro inteligente, que oscila entre o sarcasmo e a sutileza conforme a situação. Exemplo disso são as "propagandas" dos produtos funerários, que ganham uma conotação quase cômica.
Os personagens são muito bem desenvolvidos, tendo o contexto próprio de ação e uma importância relevante para o conjunto da trama, que se desenvolve em vários ângulos gradativamente.
É certo que "Six Feet Under" possui qualidade e conteúdo suficientes para figurar em plano de relevo entre os seriados contemporâneos e, ainda que já tenha sido encerrada, continua mais atual e interessante do que muitas outras séries que brotam dia após dia, mas que carecem da criatividade de um autor ousado...visionário.
Hannibal (1ª Temporada)
4.4 983 Assista AgoraQuando um personagem icônico do cinema ganha uma nova abordagem, desta vez para a TV, é evidente que a maioria dos fãs fica em apreensão; esta foi minha sensação quando soube que o Dr. Lecter retornaria às telas em formato de seriado. Contudo, minhas expectativas não foram frustradas; a série traz de volta a sofisticação e o estilo sempre elegante do canibal mais inteligente do mundo, sem decepcionar os antigos fãs do "eterno" Anthony Hopkins.
De fato, Mads Mikkelsen incorpora satisfatoriamente o psiquiatra Hannibal Lecter, com sua perspicácia sempre aguda e penetrante, de causar arrepios em determinados momentos. A série equilibra cenas de ação e violência (perseguições, assassinatos, etc.) e momentos psicologicamente tensos (sonhos, lembranças, reconstituições), assemelhando-se, às vezes, a Dexter, embora as perspectivas do "anti-herói" sejam notavelmente diferentes. Hannibal não é simplesmente um serial killer de vida dupla, mas um sujeito extremamente articulado no "bom gosto" (a seu ver), um assassino brilhante, de inteligência assustadora, mas que não abre mão da já mencionada sofisticação na execução de seus crimes secretos, a fim de satisfazer seu paladar refinado.
Tell Me You Love Me (1ª Temporada)
3.7 14 Assista AgoraDepois de ler e ouvir muito sobre este polêmico seriado (aliás, que produção da HBO não carrega suas 'polêmicas'?), chegou a hora de conhecer "Tell Me You Love Me" e o resultado não poderia ser mais instigante. Abordando o sexo como eixo das relações frustradas/confusas de três casais, interligados por uma conexão com um quarto, "Tell Me You Love Me" abre espaço para profundas reflexões acerca dos relacionamentos e seus desdobramentos.
É interessante que as abordagens das crises enfrentadas por cada um dos casais são diretamente referentes às problemáticas da construção e manutenção de uma relação sexual duradoura e sadia na vida de qualquer pessoa, não se restringindo aos personagens mostrados: há o casal mais jovem, em conflito por conta da 'duração' de sua fidelidade; há o casal frustrado por não ter filhos, o que 'compromete sua evolução pessoal' e há o casal cuja vida corrida, somada à monotonia da vida juntos, não consegue sequer ter uma relação sexual eventual.
A exibição de nudez explícita e sexo sem censura dá ao seriado uma visão ainda mais próxima ao espectador, sem 'glamourização' nem maquiagem melodramática às situações apresentadas. O maior destaque, porém, está nas sessões de terapia, de contexto profundamente psicológico, verdadeiras aulas de como lidar com relações em crise e com os tabus sexuais.
Recomendadíssimo!
True Blood (3ª Temporada)
4.1 496Se no seu início "True Blood" apresentou o contexto de inserção social dos vampiros abertamente entre os seres humanos e abriu espaço para discussões religiosas na segunda temporada, era de se esperar que a série se desdobrasse em questões políticas, o que é feito nesta terceira temporada. Aqui a busca por igualdade de direitos civis dos sanguessugas é confrontada pelo surgimento de um vilão de peso: Russell Edgington (Denis O'Hare em ótima performance), que possui ideologia muito distinta dos demais de sua espécie. Com uma mentalidade semelhante à do vilão Magneto (X-Men), Edgington, prega a superioridade vampiresca, apesar de esta espécie ser numericamente bem inferior ao humanos. O pensamento de Edgington é tipicamente 'ariano' em relação aos humanos, demonstrado com eloquência e intensidade no episódio em que ele faz um discurso ao vivo para a TV americana - certamente um dos pontos altos da temporada.
Quanto à inserção de novos personagens, com destaque para os lobisomens, eles tiveram um efeito positivo na série: evitaram que o universo apresentado se restringisse a poucos personagens; neste caso, mais uma vez "True Blood" se expandiu e, embora tenha havido alguns problemas de ritmo, é interessante ver como, no final, os caminhos são preparados para uma abordagem mais profunda dos temas tratados e das realidades, relações e vivências dos personagens apresentados.
Drácula (1ª Temporada)
3.7 194Difícil opinar acerca de um seriado que ainda está "mostrando as presas", em seus primeiros episódios. O que até agora foi possível observar é que se trata de uma adaptação livre (talvez até 'livre demais') da obra de Stoker, aproveitando poucos elementos da obra em questão.
Na verdade, a fidelidade ao livro está mais nos nomes dos personagens, embora as relações entre eles sejam distintas. Adotando como ponto de partida o plano de vingança de Drácula contra a Ordem do Dragão (um Conselho radical que exterminou os "hereges" no passado e que ainda possui membros em Londres), a série prefere focar nessa liberdade criativa. Entretanto, nota-se com frequência algumas referências claras ao filme de Francis Ford Coppola, incluindo a frase clássica que sintetiza aquele filme: "O sangue é vida!".
Quanto ao protagonista, Jonathan Rhys Meyers, também é cedo para falar com imparcialidade de sua performance geral no papel do vampiro; seu personagem aristocrático, culto e por vezes arrogante está sendo consideravelmente bem-sucedido. É esperar o desenrolar da temporada para saber se ele evoluirá ou cairá na mesmice.
True Blood (1ª Temporada)
4.2 592 Assista AgoraA construção do universo de "True Blood" é, de fato, curiosa, por abordar uma realidade alternativa em que as características essenciais dos vampiros foram preservadas, ao mesmo tempo em que consegue evitar apegar-se à temática de romance teen (justificável pelo conteúdo adulto da série, foco das produções da HBO, de forma geral).
Contudo, se esta visão vampiresca adulta - que usa e, especialmente, abusa do erotismo - traz alguma inovação a um tema que tornou-se clichê adolescente nos últimos anos, o fato é que o maior mérito de "True Blood" na primeira temporada está no seu conteúdo de denúncia e crítica social, quer seja de forma explícita, através de personagens que vivem à margem de um mundo "exclusivista" (o homossexual tachado de aidético, a negra que se julga vítima de racismo, a mãe bêbada e desequilibrada, etc.), quer seja por meio do próprio universo vampiresco mostrado, repleto de sátiras à sociedade, travestindo o mundo "real" no mundo "ficcional" evidenciado: preconceito contra vampiros, a luta destes por igualdade em direitos e até referências religiosas (que serão melhor trabalhadas na temporada seguinte).
True Blood (2ª Temporada)
4.2 373Depois de uma primeira temporada que dividiu opiniões e críticas (confesso que no início considerei um tanto estagnada no ritmo e com personagens meio desfocados), a segunda temporada de "True Blood" vem fazer jus ao "blood" do nome: com muito mais ação, um roteiro mais fluente e a velha pitada de ironia e sarcasmo social (desta vez com uma conotação religiosa). Isso sem falar na presença marcante da vilã Maryann!