"There's a darkness in you, Mary Ann". Primeiro eu gostaria de parabenizar a Joanne Froggatt pela performance maravilhosa nessa micro-série. A personagem da Mary Ann é o simétrico oposto da Anna Bates em "Downton Abbey", e a atriz interpretou ambas brilhantemente. Achei a fidelidade do seriado para com os eventos reais muito acurada, em dois episódios os produtores conseguiram nos passar uma crônica bem detalhada da vida dessa mulher intrigante; uma das primeiras assassinas da história a ter um comportamento correspondente ao que hoje se chama "serial killer". Dito isso, eu achei que o diretor forçou demais o lado "girl power", feminista da Mary. É justamente a falta de informações precisas de como era a personalidade dessa mulher que proporciona a qualquer produtor ou diretor moldar o caráter de Mary Ann Cotton, fazendo dela uma mulher fria e sem remorso, ou, como no caso desse seriado, uma mulher em busca de independência em uma sociedade fundamentalmente patriarcal e sexista, como era a Era Vitoriana, Enquanto eu achei essa ideia super interessante - dar um aspecto de humanidade a uma pessoa capaz de cometer tantos assassinatos quanto Mary Ann foi acusada.-, eu não acho que tenha colado muito. Continuo sob a impressão de que havia mais de uma sociopata em Mary do que de uma mulher lutando por sua libertação das normas da sociedade. Apesar disso, gostei bastante dos dois episódios, e foi legal saber um pouco mais sobre a vida de uma das primeiras serial killers da Grã-Bretanha.
Simplesmente magistral. Obra-prima de Walt Disney, um banquete para a imaginação e a visão, recheado de referências a grandes compositores e autores ( como Beethoven, Goethe, Tchaikovsky ) e à mitologia grega e cristã, bem como um toque científico no ato de Rite of Spring, contando o início da vida na Terra. A cena final é simplesmente linda, com o simbolismo da luz da alvorada vencendo sobre os poderes das trevas. Genial, a must-see.
Achei esse filme melhor do que Annie Hall, apesar de ter muitos dos elementos desse último: romance intelectual, referências cult, Woody Allen e seu tom auto depreciativo, Woody Allen e seu tom auto apreciativo. Achei que Manhattan fala mais ao coração, principalmente na cena final final em que o personagem do Allen lista as coisas que o fazem feliz e, entre elas está o rosto de sua namorada Tracy (se você puder esquecer que ele tinha 42 anos e ela, 18, é bem tocante). Achei interessante a adição de uma Meryl Streep bissexual, principalmente levando em consideração que o filme foi rodado 38 anos atrás, e achei que a discrição que a personagem dela faz do Isaac Davis em seu livro condiz muito com a impressão que tenho do próprio Woody Allen, o que deve ter sido proposital. Diane Keaton linda como sempre, com uma personagem ligeiramente mais digna dela nessa trama: achei a Mary mais madura e estável do que a Annie, e mais racional, por assim dizer ( o que é comum nos filmes do Allen, esse conceito de razão vs. coração. No geral, um bom filme, novamente se você consegue ignorar que o protagonista transava com uma garota de 18 anos ( "somewhere Nabokov is smiling, if you know what I mean.")
[/spoiler]De mórbido, maçante e lento a cenas de tirar o fôlego ( como os tiroteios em que a Dom DiPierro esteve envolvida ), essa temporada de "Mr. Robot" me deixou com mais questões do que respostas, mas ainda assim foi a minha favorita. Rami Malek deu um show como Elliot, tanto que em vários momentos da temporada eu ficava zangado com a ignorância da personagem de suas próprias ações, e a loucura e paranoia dele já estava dando nos meus nervos. Eu gostei da também da adição da DiPierro, que na minha opinião, meio que representa o vazio existencial que as pessoas da nossa geração sentem, mas mesmo assim me passou uma vibe bem agente Scully de "The X-Files" no sentido do compromisso que ela tinha com o trabalho dela; adorei também o desenvolvimento da personagem da Angela Moss, que eu achei que foi muito bem representado por aquela cena em que ela canta "Everybody Wants to Rule the Worls", no sentido de que ela escolheu deliberadamente, apesar de todos os obstáculos que essa decisão acarretou, trabalhar na firma que matou a mãe dela; tudo com o objetivo de destruí-la por dentro. Acho que isso mostra um senso de determinação muito grande na personagem e uma busca por independência. Gostei de ver mais da Joanna, que nessa temporada finalmente ganhou o protagonismo que ela merecia e através de uma performance maravilhosa da Stephanie Corneliuessen mostrou o quão sombria e manipulativa podia ser. Achei o encaixe entre a situação política atual no tocante às relações entre a China e os E.U.A na vida real e as relações mostradas no seriado muito bom; me lembrou bastante a segunda temporada de "House of Cards". Finalmente, eu preciso falar sobre a genialidade dos produtores em acertar bem no coração do mundo contemporâneo: internet, conglomerados comerciais, celulares, hacker, espionagem. Todos esses temas são super recorrentes na sociedade hoje em dia e uma trama que gira em torno deles, tão bem escrita e capaz de nos fazer pensar como a de "Mr. Robot" merece reconhecimento. Apesar de bastante confusos e caóticos, eu não conseguia parar assistir os episódios dessa série.
Quarto filme assistido desse diretor, e ainda não consigo compreender porquê as pessoas o colocam num pedestal. Em Annie Hall, assim como em Hannah and Her Sister, eu percebi uma tentativa desesperada do diretor de se mostrar cult; Allen joga um monte de referências a obras, poetas, movimentos históricos, pintores etc ... tudo com a aparente intenção de nos fazer sentir tão estúpidos quanto ele parece querer que seus pares românticos se sintam. Sim, eu noto um tom ligeiramente machista em Annie Hall: a personagem de Diane Keaton ( que a propósito era realmente linda!) diz pelo menos umas quatro vezes que o seu baixo, feio, quase careca, neurótico, possessivo namorado é mais inteligente do que ela; que ela não é esperta o suficiente para ele; exatamente como o par romântico de Woody em "Hannah" parece se sentir. Woody Allen, você já lisonjeia a si próprio demais, escrevendo um roteiro em que uma mulher linda e determinada como Annie Hall se apaixona por um personagem tão arrogante e deplorável como Alvy Singer, por favor nos poupe do seu machismo velado. Pra mim, o que salvou o filme foi mesmo o desempenho da Diane, que apesar de ter sido dada o papel de uma mulher psicologicamente instável e, claro, dependente da personagem do Allen durante a maior parte do filme ( até que ela decide abandoná-lo, só pra que Alvy pudesse escrever uma peça sobre como amar dói e mulheres são traíras), o fez com beleza e desenvoltura.
Achei a ideia do seriado bastante original, e muito de acordo com protagonismo feminino que todos queremos ver - bem, pelo menos eu quero ver. O tema de prostituição, uma das primeiras maneiras em que a mulher foi objetificada na história, e principalmente nos subúrbios de Londres do século XVIII foi muito bem abordado pela série. O que essas mulheres sofreram e sofrem, aqueles que tomam vantagem de seu sofrimento, a perda de inocência, tudo isso foi muito bem inserido na trama; os figurinos eram de tirar o fôlego, as cores e a fotografia muito bonitas, e a série se propôs a tratar de temas cada vez mais recorrentes em seriados: homossexualidade ( a relação da Amelia com uma prostituta, e ainda uma negra, me deixou muito feliz, pois raramente vemos tamanha criatividade da parte de roteiristas, ainda mais no tocante a uma relação lésbica que não é sexualizada), estupro ( principalmente experienciado pela personagem da Lucy Wells ), machismo e gravidez não planejada. Mas, minha intuição me diz que Harlots provavelmente não vai ser renovada para uma segunda temporada, apesar de o season finale meio que sugerir isso. Acho que faltou alguma coisa à história; talvez o ritmo da série tenha sido muito lento, e o episódio final tenha acelerado muito as coisas. Enfim, creio que apesar de uma primeira temporada boa, Harlots provavelmente não verá uma segunda.
[/spoiler]Polêmico. Eu achei a premissa do filme genial, principalmente porque é uma história de racismo baseada numa ideia racista: a de que pessoas de cor têm mais animalidade, são mais bestiais, mais sexualmente ativas do que pessoas brancas. Daí toda a ideia da trama, que no melhor estilo Black Mirror, nos mostra pessoas brancas e velhas trocando de corpo com pessoas negras, jovens e sadias, num processo tão desumano quanto racista. Como os outros filmes do Jordan Peele, temos alguns elementos típicos de terror: cenas de susto, personagens agindo de maneira sinistra; mas Peele também cria situações únicas de seu trabalho, como plot twists tão óbvios que nem nos passam pela cabeça ( é claro que a namorada sabia de tudo ). Enfim, o filme tem os seus clichês, mas a trama é bastante original, e interpretação do Daniel Kaluuya foi incrível, principalmente na primeira cena do hipnotismo, em que Mrs.Armitage o força a lembrar de sua mãe. Aquela cena foi bem forte. Achei o final um tanto anticlimático, mas no geral foi um bom filme, abordando racismo e esteriótipos de uma maneira bem nova.
Nessa nova era do cinema, em que temas como política, corrupção e violência refletem cada vez mais a paisagem política mundial, esse filme foi simplesmente sensacional! Os diálogos rápidos e inteligentes dignos de House of Cards, a determinação, frieza, inteligência e ironia ácida da protagonista não poderiam ter sido melhor retratados; Jessica Chastain se superou como Miss Sloane. Apesar de seus clichês, e de em certas cenas ( como as tentativas frágeis da Elizabeth de se relacionar com o prostituto Forde, ou a "barata espiã") o filme ter forçado um pouco, eu achei um filme bem produzido, com uma protagonista cativante e uma trama relevante à vida real.
Tensa, inteligente, triste, de tirar o fôlego. Breaking Bad é todas essas coisas e mais, com uma estética de cenas e simbolismo impressionantemente organizadas por Vince Gilligan, com uma miscelânea de personagens complexos e variados. Temos um protagonista, Walter White, que na primeira temporada é simetricamente o oposto da personagem que ele se torna na quinta. Walter passa por uma saga de loucura, violência e crime, que o transforma de um professor de ensino médio comum em um sociopata pelo qual ainda é possível sentir alguma empatia. No seu caminho, White destrói a família que se propôs a salvar, corrompe Jesse Pinkman ( seu ex-aluno que passa por muitas de suas desventuras ) ao ponto de enlouquecê-lo de culpa e remorso, acaba com seu casamento com Skyler e deixa para sem´pre uma mancha na vida de seus filhos e esposa. Existe um complexidade no casal White que eu gostaria muito de falar sobre: Walt é um antiheroi, não um mocinho. Ele mata, envenena e rouba e o tempo todo mente para si mesmo, afirmando que fez todas essas coisas pelo bem de sua família, quando no fundo ( como ele finalmente admite no series finale ), Walter fez todas aquelas coisas porque o faziam sentir-se vivo. Todo mundo amo o Walte "say my name" and all that shit. Concordo, ele é um personagem interessante, ainda que arrogante nas duas últimas temporadas. Ao passo que o fandom em massa odeia a Skyler, e isso me irrita profundamente porque é fundamentalmente sexista: Skyler White não é santa, mas definitivamente também não é a vilã que a pintam. Sky foi uma mulher confrontada por uma gravidez inesperada, um marido com câncer que cada vez se distancia mais dela, quem ela percebe estar escondendo algo dela, então ela descobre a verdade inacreditável: Walter White, o homem com quem esteve casada por décadas é um traficante de drogas, e ela precisa se posicionar com relação a isso: ela deve ir à polícia e arriscar perder seus filhos para o governo? Deve tornar-se uma cúmplice para as atividades ilícitas do esposo? A personagem estava diante de uma decisão quase impossível, e ela - uma mulher pragmática e inteligente.- decide que é melhor ajudar o marido estranhado a arriscar destruir sua família e ir presa como cúmplice do Walter ( o que inevitavelmente aconteceria caso ela informasse a polícia). Visto a posição em que Walter põe a esposa, e a maneira quase violenta com a qual ele a trata nas duas últimas temporadas do seriado, não me admira que ela se sinta impotente e fria com relação ao Walter. A atuação da Anna Gunn foi sensacional nesse momento da narrativa, em que Skyler sente-se desamparada e sem saída ( vide a cena da piscina, por exemplo). Em suma, Skyler era uma persongem cinzenta, como todas as outras de Breaking Bad e merece mais reconhecimento. Dito isso, essa foi uma das minhas séries prediletas, digna do hall do qual fazem parte The Sopranos, Game of Thrones, House of Cards , Mad Men, etc.
A síntese perfeita entre comédia, drama e ação. "Fargo" é centrado na simplicidade dos habitantes do sul dos E.U.A, ambientado na clássica "small-town" americana. O filme em si é diferente de tudo que eu já tenha visto, justamente por essa mistura entre violência e comédia, acho que poderia até dizer que o filme tem uma espécie de humor negro. Eu gostei bastante da protagonista principal, Margie, que na minha opinião representou bastante bem o espírito de small southern town que o filme traz. Steve Buscemi também interpretou muito bem (estou gostando bastante dele em "Boardwalk Empire" também). Achei bem interessante o diálogo final entre a Margie (gentil, justa, cativante) e o personagem do Peter Stormare (mórbido, cruel e mau ). Não é um filme pra todo mundo; eu gostei.
[/spoiler]Essa temporada foi tão intensa. Ela abordou temas tão reais e críveis: diplomacia, lavagem de dinheiro, manobras políticas, aborto, violência sexual ... simplesmente de tirar o fôlego o retrato tão brutal da paisagem política nos E.U.A, da corrupção no Congresso e no Senado, das desavenças entre os Republicanos e os Democratas, do confronto com a China ... A ganância e a capacidade de influência do Frank nessa temporada foi crua e impressionante, a maneira como ele e Claire procuraram as fraquezas do Presidente Walker em seu casamento com a Primeira Dama e destruíram o homem de maneira sutil e fria foi digna de adoração. Aliás, eu amei a interação desses dois nessa segunda temporada, principalmente no tocante ao relacionamento aberto deles (o threesome com o Meechum foi sensacional!). Eu adorei também a performance da Robin Wright nessa temporada, ela deu novos aspectos à personagem da Claire, que é ao mesmo tempo tão sinceramente tocada pela ideia de maternidade, então revive uma violência sexual sofrida no passado, mas ao mesmo tempo é pragmática o suficiente para ter realizado três abortos, manipulado tanto Adam Galloway quanto a Primeira Dama Tricia, bem como ter usado uma garota atormentada pelo estupro sofrido pelo mesmo homem que a violentou como uma maneira de conseguir alcançar seus objetivos políticos com a Jackie no militar. Ou seja, Claire provou ser tão cruel e fria quanto seu marido nessa temporada, ainda que eu sinta que ela tenha um pouco mais de consciência que o Francis, como podemos ver na cena em que ela chora aos pés da escada depois de perceber o quanto ela havia manipulado e arruinado as vidas das personagens que se puseram no seu caminho. Com Frank como presidente, as coisas devem ficar mais perigosas. Ansioso para assistir a próxima temporada.
Vamos lá. Esse seriado tem todos os elementos de uma sitcom: romancezinho, sexo, narrador irônico, se passa numa faculdade ... e ainda aborda de maneira bem-humorada na maior parte, mas também seriamente em algumas cenas-chave, o tema a que se propõe discutir: racismo nos E.U.A. Além da personagem da Sam, que eu achei cativante, irônica, inteligente e determinada, e seu genial broadcast "Dear White People" na universidade de Winchester, o seriado nos mostra uma variedade de personagens de cor que representam a variedade de indivíduos reais de cor, ou seja, a gente tem o Lionel, que está descobrindo a própria sexualidade, temos o Troy que como o próprio Lionel diz tem de ser perfeito em todos os sentidos, só pra ter uma chance de se igualar a um rapaz branco como líder estudantil, temos o pai de Troy, Reitor Fairbanks, que é um homem de cor em uma posição de liderança e tem de manter um equilíbrio entre os interesses de alunos negros na faculdade e o financiamento de pessoas brancas e ricas, temos também a Coco, que sente-se dividida entre vestir a sua cor, protagonizar as reivindicações de sua etnia, e ao mesmo tempo ter de engolir alguns sapos e mediar com pessoas brancas e poderosas afim de alcançar seus objetivos, temos ainda Kelsey, que é completamente ignorante da história de sua própria gente e "age como uma garota branca" durante toda a temporada, somente reconhecendo a causa pela qual Sam e as demais personagens lutam quando é do seu interesse, temos ainda Reggie ( que representou o número alarmante de assassinatos "por engano" por parte da polícia americana de jovens negros, ou pelo menos o preconceito descarado de.policias ao abordarem pessoas de cor ), que é revoltado contra o sistema e agressivo por causa disso, e temos mesmo Gabe, que apesar de não ser negro, é um simpatizante da causa e meio que questiona interiormente algumas das ideias da Samantha. Enfim, o que quero dizer é que "Dear White People" nos mostrou um conjunto de diferentes personagens de cor - e não - que se comportam de maneira diferente, têm visões diferentes sobre o papel do negro na sociedade e as injustiças por ele sofridas, tudo com bastante alívio cômico e ironia ácida.
Simplesmente sensacional. O subtítulo "Do Luxo à Decadência" resume bastante esse filme baseado no documentário de 1975 sobre as vidas de Edith Senior e Junior Bouvier Beale, as primas socialites da Primeira Dama Jacqueline Kennedy. O filme nos mostra o passado ( luxo ) em que ambas as personagens eram vãs, ricas e constantemente procurando por fama e mais dinheiro. Jessica Lange dá um show como Big Edie, uma mulher presa em um casamento sem amor, privada de sua independência e carreira como cantora, e que projeta todas as suas aspirações na filha, Little Edie, também interpretada maravilhosamente pela Drew Barrymore - ela conseguiu toda a excentricidade e instabilidade da modelo, que facou famosa nos anos 60 e 70 por sua doença que a privava de cabelos, fazendo com que ela usasse lenços e suas roupas exóticas. O presente ( decadência ) nos mostra mãe e filha vivendo em condições sub-humanas na antiga propriedade dos Beale em Grey Gardens. A interação entre as duas atrizes é inacreditável, Lange volta a emocionar interpretando mais uma personagem enfrentando a velhice e decadência ( vide Fiona Goode em "American Horror Story" e Crawford em "Feud" ). A.cena final em que Little Edie é aplaudida de pé me emocionou porque a gente percebe o quanto ela desejava reconhecimento e atenção, mas não os obteve durante a vida por causa da alopecia universalis e do relacionamento conturbado com a mãe, enquanto a paixão e determinação da Big Edie em permanecer em Grey Gardens mostra o quanto a personagem estava decidida a ter algo só seu, a ser independente de alguma maneira. Fiquei com muita vontade de ver o documentário!
Um culto à beleza e delicadeza, à objetificação do artista para com sua musa/obra, à efemeridade da vida e à morte. Depois de ter lido esse conto maravilhoso do Thomas Mann, cujo protagonista é quase que o próprio Thomas, espelhando muitas das experiências do autor, eu me deslumbrei com todas as referências à cultura grega, ao conceito de artista, criação e como da relação entre os dois surge o belo, maior que os dois. Enfim, todos esses elementos foram bem retratados no filme, com algumas mudanças tais como Gustave ser um maestro e não um escritor, como no texto. Achei isso um ponto negativo pra quem leu o livro, pois toda a obsessão de Gustave por Tadzio tem raíz na sua carreira como escritor. Perdoável, no entanto, porque afinal a música é também uma forma de arte pura e refinada, também requerendo inspiração. Tadzio, assim como no livro, apesar de o ator ser um pouco mais velho do que a personagem no texto, cativa e encanta o telespectador ao mesmo tempo que ao protagonista. Nas vezes em que o vemos na praia, o garoto está sempre revestido de toalha branca, comendo frutas ou brincando despreocupadamente enquanto sua sedução de Gustave fica ambígua. Percebi uma coisa bastante grega nessas cenas, como se Tadzio fosse um Adonis ou Jacinto, belo e jovem e gracioso, vivendo em hedonismo. "Morte em Veneza" foi um filme a frente de seu tempo, abordando muito mais do que a objetificação de um pedófilo por uma criança, mas temas filosóficos. Quero agora ler "Lolita" de Nabokov e assistir ao filme, para comparar a esse filme, já que ambos parecem ter um roteiro similar.
Nos subúrbios da Inglaterra do início do século XX, a família Shelby, também conhecida como "Peaky Blinders" luta para expandir seu controle sobre a região. Achei a primeira temporada sensacional: uma mistura bem interessante de ação e drama, com diálogos inteligentes e fundamento histórico: Winston Churchill aparece, com seu típico pragmatismo e sede de justiça, a caçada aos Fenians e membros da IRA também tem um papel muito importante no enredo, a questão da espionagem na europa pré-Segunda Guerra também é abordada através da personagem da Grace. Além do contexto histórico excelente, as atuações não deixam nada a desejar: Cillian Murphy deu um show como Thomas Shelby, o antiheroi atormentado pelos horrores da Primeira Guerra, frio e cativante, tomando as decisões necessárias para promover a ascenção de sua família no mundo de gangues e violência da época, Helen McCrory também interpretou muito bem a Polly Shelby, a voz da consciência de Thomas, uma mulher cruel mas ao mesmo tempo religiosa e fervorosamente devotada à sua família, a personagem Sam Neil também me impressionou bastante: ele me lembrou bastante do Inspetor Javert, personagem memorável de Victor Hugo, cuja obsessão com justiça o leva a cometer atos tão terríveis quanto os das pessoas que ele persegue. A cena final foi de tirar o fôlego. Louco pela próxima temporada!
[/spoiler]Pontos positivos: as atuações são bastante sólidas, as cores são lindas, os cenários de tirar o fôlego. Pontos negativos: Kurzel distorceu cenas vitais para a narrativa - o suicídio de Lady Macbeth, que o diretor cortou em uma cena anticlimática com ela já morta e deitada em um leito, a execução de Lady Macduff e seus filhos, que foi feita em público, e não de maneira privada e escusa como na peça original e, por fim, a parte de Birnam Wood, o coração dessa peça magistral do Shakespeare, a conclusão e o desenrolar da profecia das Wierd Sisters, e eles me mostram as árvores pegando fogo? Sério? Quem viu as versões anteriores de Macbeth ou leu o roteiro original da peça, sabe que os inimigos de Macbeth usaram galhos das árvores de Birnam para atacá-lo às escondidas, daí a "floresta" se mover ... foi um final que deixou a desejar e um filme que, apesar das grandes interpretações, não deu pra salvar.
O percursor do filme de Polanski ( 1971 ) não deixa nada a desejar, considerando a época que foi feito e sendo um filme low-budget. As atuações de Jeanette Nolan como Lady Macbeth e do Orson Welles como Macbeth foram maravilhosas. Assim como os atores do "Macbeth" de Polanski, esses conseguiram transmitir toda a loucura e paranoia que o casal experimentou depois de ter cometido tantos crimes. Welles também fez um bom trabalho como diretor, reproduzindo de maneira competente a essência do trabalho do Shakespeare. Merece um lugar no hall dos épicos.
Capturou, na medida do possível, a essência dessa peça genial, magistral, fenomenal e mágica de William Shakespeare. Gostei principalmente das performances do John Finch e da Francesca Annis, que transmitiram genialmente a loucura, a culpa e a sede de poder desse casal icônico da dramaturgia, os Macbeths. As cenas de luta foram um pouco fajutas, mas isso é justificável, visto que o filme era low-budget.
Imperfeita, mas genial, essa série recriou e rearranjou as personagens do filme original de Hitchcock e criou outras mais. Ela focou principalmente na relação de Norman e sua mãe ( e eu nunca vi dois atores contracenarem tão espetacularmente ) , que é a pedra de fundação de "Psicóse". Nessa última temporada, apesar de um final já previsível, a série fez algumas mudanças significativas em relação ao roteiro original: Norman, por meio da atuação sensacional do Freddie Highmore torna-se plenamente consciente de seus atos, enquanto sua mente ainda está dividida entre a sua própria consciência e a de sua mãe, interpretada magistralmente pela Vera Farmiga ( esnobada pelo emmy porém talentosíssima). A sintonia desses dois foi o que carregou esse seriado por essas cinco temporadas e se superou nessa última. A melancolia do series finale forma um contraste bem interessante com o terror silencioso do fim do filme. Vai deixar saudade, um bom seriado. Eu te amo, Vera Farmiga!
[spoiler][/spoiler] Achei os primeiros episódios bastante hesitantes e parados, mas conforme a temporada foi evoluindo, eu percebi que "Mad Men", exatamente como "House of Cards" é um seriado focado em diálogos, temas abordados na trama, posicionamento de personagens e ações das mesmas ao invés de cenas eletrizantes e plot twists como "Game of Thrones" por exemplo. A partir do momento que saquei essa nuance da série, ela se tornou mais interessante e fácil de assistir. Temos as personagens da Betty,Peggy e Joan - todas as três mulheres que anseiam por um papel mais ativo e libertador em suas respectivas vidas, porém lidam com essa impotência de maneiras diversas: Peggy lutando para superar o machismo do escritório em que trabalha, Joan usando homens através de sua sensualidade para alcançar uma sensação de independência ( vide o relacionamento dela com Mr. Sterling ), Betty a imagem da dona de casa e esposa perfeitas dos anos 60, uma fachada para a insegurança e a solidão profunda que a personagem sente e só expressa nas sessões com o psiquiatra. Temos Pete Campbell, um garoto que quer desesperadamente ser como os homens para quem trabalha e sente-se preso num casamento que o faz sentir diminuído. Temos Don Traper, um homem de passado obscuro e pragmatismo e desapego imensos ( ele tem pelo menos duas amantes ao longo da primeira temporada, é dominador em casa com a esposa, Betty, e tem um relacionamento no mínimo frio com os filhos ), tudo regado a muito fumo e consumo de whiskey e vinho, como era de se esperar de um seriado ambientado no início dos anos 60. Realmente ansioso para descobrir os destinos da Peggy e da Betty, que foram sinceramente as minhas personagens favoritas nessa primeira temporada.
Um retorno à grandeza do trabalho de Ryan Murphy. Sarandon e Lange capturam com maestria a essência dessas duas divas hollywoodianas, Bette e Joan, com suas mágoas passadas e presentes, obsessões, alcoolismo, e a influência perniciosa da mídia e do sexismo na segunda metade do século XX em Hollywood. Principalmente nos episódios finais, por meio da atuação genial dessas duas grandes atrizes, é possível enxergar o quão Davis e Crawford - apesar de sua rixa - eram similares: ambas mulheres profundamente traumatizadas, lutando com relações familiares conturbadas, ambas solitárias e agarrando até o último resquício de fama que podiam. Jessica Lange deu um show de performance no season finale!
" A feast for the imagination." De fato, o filme traz uma nova perspectiva ao unir a violência, o sexo e a feiura do mundo real à magia dos contos fada traduzidos pelo poeta italiano Giambattista Basile. As atuações, a fotografia, os figurinos , as tramas unidas em um grande conto, tudo culmina em um filme lírico e ao mesmo adulto, como aconteceu com "Stardust", de 2007. Destaque para as personagens femininas que variam das determinadas Rainha de Long trellis e Princesa Violet à vã e cruel Dora.
Dark Angel
3.7 8"There's a darkness in you, Mary Ann". Primeiro eu gostaria de parabenizar a Joanne Froggatt pela performance maravilhosa nessa micro-série. A personagem da Mary Ann é o simétrico oposto da Anna Bates em "Downton Abbey", e a atriz interpretou ambas brilhantemente. Achei a fidelidade do seriado para com os eventos reais muito acurada, em dois episódios os produtores conseguiram nos passar uma crônica bem detalhada da vida dessa mulher intrigante; uma das primeiras assassinas da história a ter um comportamento correspondente ao que hoje se chama "serial killer". Dito isso, eu achei que o diretor forçou demais o lado "girl power", feminista da Mary. É justamente a falta de informações precisas de como era a personalidade dessa mulher que proporciona a qualquer produtor ou diretor moldar o caráter de Mary Ann Cotton, fazendo dela uma mulher fria e sem remorso, ou, como no caso desse seriado, uma mulher em busca de independência em uma sociedade fundamentalmente patriarcal e sexista, como era a Era Vitoriana, Enquanto eu achei essa ideia super interessante - dar um aspecto de humanidade a uma pessoa capaz de cometer tantos assassinatos quanto Mary Ann foi acusada.-, eu não acho que tenha colado muito. Continuo sob a impressão de que havia mais de uma sociopata em Mary do que de uma mulher lutando por sua libertação das normas da sociedade. Apesar disso, gostei bastante dos dois episódios, e foi legal saber um pouco mais sobre a vida de uma das primeiras serial killers da Grã-Bretanha.
Fantasia
4.1 300 Assista AgoraSimplesmente magistral. Obra-prima de Walt Disney, um banquete para a imaginação e a visão, recheado de referências a grandes compositores e autores ( como Beethoven, Goethe, Tchaikovsky ) e à mitologia grega e cristã, bem como um toque científico no ato de Rite of Spring, contando o início da vida na Terra. A cena final é simplesmente linda, com o simbolismo da luz da alvorada vencendo sobre os poderes das trevas. Genial, a must-see.
Manhattan
4.1 596 Assista AgoraAchei esse filme melhor do que Annie Hall, apesar de ter muitos dos elementos desse último: romance intelectual, referências cult, Woody Allen e seu tom auto depreciativo, Woody Allen e seu tom auto apreciativo. Achei que Manhattan fala mais ao coração, principalmente na cena final final em que o personagem do Allen lista as coisas que o fazem feliz e, entre elas está o rosto de sua namorada Tracy (se você puder esquecer que ele tinha 42 anos e ela, 18, é bem tocante). Achei interessante a adição de uma Meryl Streep bissexual, principalmente levando em consideração que o filme foi rodado 38 anos atrás, e achei que a discrição que a personagem dela faz do Isaac Davis em seu livro condiz muito com a impressão que tenho do próprio Woody Allen, o que deve ter sido proposital. Diane Keaton linda como sempre, com uma personagem ligeiramente mais digna dela nessa trama: achei a Mary mais madura e estável do que a Annie, e mais racional, por assim dizer ( o que é comum nos filmes do Allen, esse conceito de razão vs. coração. No geral, um bom filme, novamente se você consegue ignorar que o protagonista transava com uma garota de 18 anos ( "somewhere Nabokov is smiling, if you know what I mean.")
Mr. Robot (2ª Temporada)
4.4 518[/spoiler]De mórbido, maçante e lento a cenas de tirar o fôlego ( como os tiroteios em que a Dom DiPierro esteve envolvida ), essa temporada de "Mr. Robot" me deixou com mais questões do que respostas, mas ainda assim foi a minha favorita. Rami Malek deu um show como Elliot, tanto que em vários momentos da temporada eu ficava zangado com a ignorância da personagem de suas próprias ações, e a loucura e paranoia dele já estava dando nos meus nervos. Eu gostei da também da adição da DiPierro, que na minha opinião, meio que representa o vazio existencial que as pessoas da nossa geração sentem, mas mesmo assim me passou uma vibe bem agente Scully de "The X-Files" no sentido do compromisso que ela tinha com o trabalho dela; adorei também o desenvolvimento da personagem da Angela Moss, que eu achei que foi muito bem representado por aquela cena em que ela canta "Everybody Wants to Rule the Worls", no sentido de que ela escolheu deliberadamente, apesar de todos os obstáculos que essa decisão acarretou, trabalhar na firma que matou a mãe dela; tudo com o objetivo de destruí-la por dentro. Acho que isso mostra um senso de determinação muito grande na personagem e uma busca por independência. Gostei de ver mais da Joanna, que nessa temporada finalmente ganhou o protagonismo que ela merecia e através de uma performance maravilhosa da Stephanie Corneliuessen mostrou o quão sombria e manipulativa podia ser. Achei o encaixe entre a situação política atual no tocante às relações entre a China e os E.U.A na vida real e as relações mostradas no seriado muito bom; me lembrou bastante a segunda temporada de "House of Cards". Finalmente, eu preciso falar sobre a genialidade dos produtores em acertar bem no coração do mundo contemporâneo: internet, conglomerados comerciais, celulares, hacker, espionagem. Todos esses temas são super recorrentes na sociedade hoje em dia e uma trama que gira em torno deles, tão bem escrita e capaz de nos fazer pensar como a de "Mr. Robot" merece reconhecimento. Apesar de bastante confusos e caóticos, eu não conseguia parar assistir os episódios dessa série.
[spoiler]
Noivo Neurótico, Noiva Nervosa
4.1 1,1K Assista AgoraQuarto filme assistido desse diretor, e ainda não consigo compreender porquê as pessoas o colocam num pedestal. Em Annie Hall, assim como em Hannah and Her Sister, eu percebi uma tentativa desesperada do diretor de se mostrar cult; Allen joga um monte de referências a obras, poetas, movimentos históricos, pintores etc ... tudo com a aparente intenção de nos fazer sentir tão estúpidos quanto ele parece querer que seus pares românticos se sintam. Sim, eu noto um tom ligeiramente machista em Annie Hall: a personagem de Diane Keaton ( que a propósito era realmente linda!) diz pelo menos umas quatro vezes que o seu baixo, feio, quase careca, neurótico, possessivo namorado é mais inteligente do que ela; que ela não é esperta o suficiente para ele; exatamente como o par romântico de Woody em "Hannah" parece se sentir. Woody Allen, você já lisonjeia a si próprio demais, escrevendo um roteiro em que uma mulher linda e determinada como Annie Hall se apaixona por um personagem tão arrogante e deplorável como Alvy Singer, por favor nos poupe do seu machismo velado. Pra mim, o que salvou o filme foi mesmo o desempenho da Diane, que apesar de ter sido dada o papel de uma mulher psicologicamente instável e, claro, dependente da personagem do Allen durante a maior parte do filme ( até que ela decide abandoná-lo, só pra que Alvy pudesse escrever uma peça sobre como amar dói e mulheres são traíras), o fez com beleza e desenvoltura.
Harlots (1ª Temporada)
4.1 14Achei a ideia do seriado bastante original, e muito de acordo com protagonismo feminino que todos queremos ver - bem, pelo menos eu quero ver. O tema de prostituição, uma das primeiras maneiras em que a mulher foi objetificada na história, e principalmente nos subúrbios de Londres do século XVIII foi muito bem abordado pela série. O que essas mulheres sofreram e sofrem, aqueles que tomam vantagem de seu sofrimento, a perda de inocência, tudo isso foi muito bem inserido na trama; os figurinos eram de tirar o fôlego, as cores e a fotografia muito bonitas, e a série se propôs a tratar de temas cada vez mais recorrentes em seriados: homossexualidade ( a relação da Amelia com uma prostituta, e ainda uma negra, me deixou muito feliz, pois raramente vemos tamanha criatividade da parte de roteiristas, ainda mais no tocante a uma relação lésbica que não é sexualizada), estupro ( principalmente experienciado pela personagem da Lucy Wells ), machismo e gravidez não planejada. Mas, minha intuição me diz que Harlots provavelmente não vai ser renovada para uma segunda temporada, apesar de o season finale meio que sugerir isso. Acho que faltou alguma coisa à história; talvez o ritmo da série tenha sido muito lento, e o episódio final tenha acelerado muito as coisas. Enfim, creio que apesar de uma primeira temporada boa, Harlots provavelmente não verá uma segunda.
Corra!
4.2 3,6K Assista Agora[/spoiler]Polêmico. Eu achei a premissa do filme genial, principalmente porque é uma história de racismo baseada numa ideia racista: a de que pessoas de cor têm mais animalidade, são mais bestiais, mais sexualmente ativas do que pessoas brancas. Daí toda a ideia da trama, que no melhor estilo Black Mirror, nos mostra pessoas brancas e velhas trocando de corpo com pessoas negras, jovens e sadias, num processo tão desumano quanto racista. Como os outros filmes do Jordan Peele, temos alguns elementos típicos de terror: cenas de susto, personagens agindo de maneira sinistra; mas Peele também cria situações únicas de seu trabalho, como plot twists tão óbvios que nem nos passam pela cabeça ( é claro que a namorada sabia de tudo ). Enfim, o filme tem os seus clichês, mas a trama é bastante original, e interpretação do Daniel Kaluuya foi incrível, principalmente na primeira cena do hipnotismo, em que Mrs.Armitage o força a lembrar de sua mãe. Aquela cena foi bem forte. Achei o final um tanto anticlimático, mas no geral foi um bom filme, abordando racismo e esteriótipos de uma maneira bem nova.
[spoiler]
Armas na Mesa
4.0 223 Assista AgoraNessa nova era do cinema, em que temas como política, corrupção e violência refletem cada vez mais a paisagem política mundial, esse filme foi simplesmente sensacional! Os diálogos rápidos e inteligentes dignos de House of Cards, a determinação, frieza, inteligência e ironia ácida da protagonista não poderiam ter sido melhor retratados; Jessica Chastain se superou como Miss Sloane. Apesar de seus clichês, e de em certas cenas ( como as tentativas frágeis da Elizabeth de se relacionar com o prostituto Forde, ou a "barata espiã") o filme ter forçado um pouco, eu achei um filme bem produzido, com uma protagonista cativante e uma trama relevante à vida real.
Please Like Me (2ª Temporada)
4.3 136Hannah e Arnold <3
Breaking Bad (5ª Temporada)
4.8 3,0K Assista AgoraTensa, inteligente, triste, de tirar o fôlego. Breaking Bad é todas essas coisas e mais, com uma estética de cenas e simbolismo impressionantemente organizadas por Vince Gilligan, com uma miscelânea de personagens complexos e variados. Temos um protagonista, Walter White, que na primeira temporada é simetricamente o oposto da personagem que ele se torna na quinta. Walter passa por uma saga de loucura, violência e crime, que o transforma de um professor de ensino médio comum em um sociopata pelo qual ainda é possível sentir alguma empatia. No seu caminho, White destrói a família que se propôs a salvar, corrompe Jesse Pinkman ( seu ex-aluno que passa por muitas de suas desventuras ) ao ponto de enlouquecê-lo de culpa e remorso, acaba com seu casamento com Skyler e deixa para sem´pre uma mancha na vida de seus filhos e esposa. Existe um complexidade no casal White que eu gostaria muito de falar sobre: Walt é um antiheroi, não um mocinho. Ele mata, envenena e rouba e o tempo todo mente para si mesmo, afirmando que fez todas essas coisas pelo bem de sua família, quando no fundo ( como ele finalmente admite no series finale ), Walter fez todas aquelas coisas porque o faziam sentir-se vivo. Todo mundo amo o Walte "say my name" and all that shit. Concordo, ele é um personagem interessante, ainda que arrogante nas duas últimas temporadas. Ao passo que o fandom em massa odeia a Skyler, e isso me irrita profundamente porque é fundamentalmente sexista: Skyler White não é santa, mas definitivamente também não é a vilã que a pintam. Sky foi uma mulher confrontada por uma gravidez inesperada, um marido com câncer que cada vez se distancia mais dela, quem ela percebe estar escondendo algo dela, então ela descobre a verdade inacreditável: Walter White, o homem com quem esteve casada por décadas é um traficante de drogas, e ela precisa se posicionar com relação a isso: ela deve ir à polícia e arriscar perder seus filhos para o governo? Deve tornar-se uma cúmplice para as atividades ilícitas do esposo? A personagem estava diante de uma decisão quase impossível, e ela - uma mulher pragmática e inteligente.- decide que é melhor ajudar o marido estranhado a arriscar destruir sua família e ir presa como cúmplice do Walter ( o que inevitavelmente aconteceria caso ela informasse a polícia). Visto a posição em que Walter põe a esposa, e a maneira quase violenta com a qual ele a trata nas duas últimas temporadas do seriado, não me admira que ela se sinta impotente e fria com relação ao Walter. A atuação da Anna Gunn foi sensacional nesse momento da narrativa, em que Skyler sente-se desamparada e sem saída ( vide a cena da piscina, por exemplo). Em suma, Skyler era uma persongem cinzenta, como todas as outras de Breaking Bad e merece mais reconhecimento. Dito isso, essa foi uma das minhas séries prediletas, digna do hall do qual fazem parte The Sopranos, Game of Thrones, House of Cards , Mad Men, etc.
Eraserhead
3.9 927 Assista AgoraNão tem de fazer sentido; é David Lynch.
Fargo: Uma Comédia de Erros
3.9 921 Assista AgoraA síntese perfeita entre comédia, drama e ação. "Fargo" é centrado na simplicidade dos habitantes do sul dos E.U.A, ambientado na clássica "small-town" americana. O filme em si é diferente de tudo que eu já tenha visto, justamente por essa mistura entre violência e comédia, acho que poderia até dizer que o filme tem uma espécie de humor negro. Eu gostei bastante da protagonista principal, Margie, que na minha opinião representou bastante bem o espírito de small southern town que o filme traz. Steve Buscemi também interpretou muito bem (estou gostando bastante dele em "Boardwalk Empire" também). Achei bem interessante o diálogo final entre a Margie (gentil, justa, cativante) e o personagem do Peter Stormare (mórbido, cruel e mau ). Não é um filme pra todo mundo; eu gostei.
House of Cards (2ª Temporada)
4.6 497[/spoiler]Essa temporada foi tão intensa. Ela abordou temas tão reais e críveis: diplomacia, lavagem de dinheiro, manobras políticas, aborto, violência sexual ... simplesmente de tirar o fôlego o retrato tão brutal da paisagem política nos E.U.A, da corrupção no Congresso e no Senado, das desavenças entre os Republicanos e os Democratas, do confronto com a China ... A ganância e a capacidade de influência do Frank nessa temporada foi crua e impressionante, a maneira como ele e Claire procuraram as fraquezas do Presidente Walker em seu casamento com a Primeira Dama e destruíram o homem de maneira sutil e fria foi digna de adoração. Aliás, eu amei a interação desses dois nessa segunda temporada, principalmente no tocante ao relacionamento aberto deles (o threesome com o Meechum foi sensacional!). Eu adorei também a performance da Robin Wright nessa temporada, ela deu novos aspectos à personagem da Claire, que é ao mesmo tempo tão sinceramente tocada pela ideia de maternidade, então revive uma violência sexual sofrida no passado, mas ao mesmo tempo é pragmática o suficiente para ter realizado três abortos, manipulado tanto Adam Galloway quanto a Primeira Dama Tricia, bem como ter usado uma garota atormentada pelo estupro sofrido pelo mesmo homem que a violentou como uma maneira de conseguir alcançar seus objetivos políticos com a Jackie no militar. Ou seja, Claire provou ser tão cruel e fria quanto seu marido nessa temporada, ainda que eu sinta que ela tenha um pouco mais de consciência que o Francis, como podemos ver na cena em que ela chora aos pés da escada depois de perceber o quanto ela havia manipulado e arruinado as vidas das personagens que se puseram no seu caminho. Com Frank como presidente, as coisas devem ficar mais perigosas. Ansioso para assistir a próxima temporada.
[spoiler]
Cara Gente Branca (Volume 1)
4.3 304 Assista AgoraVamos lá. Esse seriado tem todos os elementos de uma sitcom: romancezinho, sexo, narrador irônico, se passa numa faculdade ... e ainda aborda de maneira bem-humorada na maior parte, mas também seriamente em algumas cenas-chave, o tema a que se propõe discutir: racismo nos E.U.A. Além da personagem da Sam, que eu achei cativante, irônica, inteligente e determinada, e seu genial broadcast "Dear White People" na universidade de Winchester, o seriado nos mostra uma variedade de personagens de cor que representam a variedade de indivíduos reais de cor, ou seja, a gente tem o Lionel, que está descobrindo a própria sexualidade, temos o Troy que como o próprio Lionel diz tem de ser perfeito em todos os sentidos, só pra ter uma chance de se igualar a um rapaz branco como líder estudantil, temos o pai de Troy, Reitor Fairbanks, que é um homem de cor em uma posição de liderança e tem de manter um equilíbrio entre os interesses de alunos negros na faculdade e o financiamento de pessoas brancas e ricas, temos também a Coco, que sente-se dividida entre vestir a sua cor, protagonizar as reivindicações de sua etnia, e ao mesmo tempo ter de engolir alguns sapos e mediar com pessoas brancas e poderosas afim de alcançar seus objetivos, temos ainda Kelsey, que é completamente ignorante da história de sua própria gente e "age como uma garota branca" durante toda a temporada, somente reconhecendo a causa pela qual Sam e as demais personagens lutam quando é do seu interesse, temos ainda Reggie ( que representou o número alarmante de assassinatos "por engano" por parte da polícia americana de jovens negros, ou pelo menos o preconceito descarado de.policias ao abordarem pessoas de cor ), que é revoltado contra o sistema e agressivo por causa disso, e temos mesmo Gabe, que apesar de não ser negro, é um simpatizante da causa e meio que questiona interiormente algumas das ideias da Samantha. Enfim, o que quero dizer é que "Dear White People" nos mostrou um conjunto de diferentes personagens de cor - e não - que se comportam de maneira diferente, têm visões diferentes sobre o papel do negro na sociedade e as injustiças por ele sofridas, tudo com bastante alívio cômico e ironia ácida.
Grey Gardens: Do Luxo à Decadência
4.0 172 Assista AgoraSimplesmente sensacional. O subtítulo "Do Luxo à Decadência" resume bastante esse filme baseado no documentário de 1975 sobre as vidas de Edith Senior e Junior Bouvier Beale, as primas socialites da Primeira Dama Jacqueline Kennedy. O filme nos mostra o passado ( luxo ) em que ambas as personagens eram vãs, ricas e constantemente procurando por fama e mais dinheiro. Jessica Lange dá um show como Big Edie, uma mulher presa em um casamento sem amor, privada de sua independência e carreira como cantora, e que projeta todas as suas aspirações na filha, Little Edie, também interpretada maravilhosamente pela Drew Barrymore - ela conseguiu toda a excentricidade e instabilidade da modelo, que facou famosa nos anos 60 e 70 por sua doença que a privava de cabelos, fazendo com que ela usasse lenços e suas roupas exóticas. O presente ( decadência ) nos mostra mãe e filha vivendo em condições sub-humanas na antiga propriedade dos Beale em Grey Gardens. A interação entre as duas atrizes é inacreditável, Lange volta a emocionar interpretando mais uma personagem enfrentando a velhice e decadência ( vide Fiona Goode em "American Horror Story" e Crawford em "Feud" ). A.cena final em que Little Edie é aplaudida de pé me emocionou porque a gente percebe o quanto ela desejava reconhecimento e atenção, mas não os obteve durante a vida por causa da alopecia universalis e do relacionamento conturbado com a mãe, enquanto a paixão e determinação da Big Edie em permanecer em Grey Gardens mostra o quanto a personagem estava decidida a ter algo só seu, a ser independente de alguma maneira. Fiquei com muita vontade de ver o documentário!
Morte em Veneza
4.0 211 Assista AgoraUm culto à beleza e delicadeza, à objetificação do artista para com sua musa/obra, à efemeridade da vida e à morte. Depois de ter lido esse conto maravilhoso do Thomas Mann, cujo protagonista é quase que o próprio Thomas, espelhando muitas das experiências do autor, eu me deslumbrei com todas as referências à cultura grega, ao conceito de artista, criação e como da relação entre os dois surge o belo, maior que os dois. Enfim, todos esses elementos foram bem retratados no filme, com algumas mudanças tais como Gustave ser um maestro e não um escritor, como no texto. Achei isso um ponto negativo pra quem leu o livro, pois toda a obsessão de Gustave por Tadzio tem raíz na sua carreira como escritor. Perdoável, no entanto, porque afinal a música é também uma forma de arte pura e refinada, também requerendo inspiração. Tadzio, assim como no livro, apesar de o ator ser um pouco mais velho do que a personagem no texto, cativa e encanta o telespectador ao mesmo tempo que ao protagonista. Nas vezes em que o vemos na praia, o garoto está sempre revestido de toalha branca, comendo frutas ou brincando despreocupadamente enquanto sua sedução de Gustave fica ambígua. Percebi uma coisa bastante grega nessas cenas, como se Tadzio fosse um Adonis ou Jacinto, belo e jovem e gracioso, vivendo em hedonismo. "Morte em Veneza" foi um filme a frente de seu tempo, abordando muito mais do que a objetificação de um pedófilo por uma criança, mas temas filosóficos. Quero agora ler "Lolita" de Nabokov e assistir ao filme, para comparar a esse filme, já que ambos parecem ter um roteiro similar.
Peaky Blinders: Sangue, Apostas e Navalhas (1ª Temporada)
4.4 462 Assista AgoraNos subúrbios da Inglaterra do início do século XX, a família Shelby, também conhecida como "Peaky Blinders" luta para expandir seu controle sobre a região. Achei a primeira temporada sensacional: uma mistura bem interessante de ação e drama, com diálogos inteligentes e fundamento histórico: Winston Churchill aparece, com seu típico pragmatismo e sede de justiça, a caçada aos Fenians e membros da IRA também tem um papel muito importante no enredo, a questão da espionagem na europa pré-Segunda Guerra também é abordada através da personagem da Grace. Além do contexto histórico excelente, as atuações não deixam nada a desejar: Cillian Murphy deu um show como Thomas Shelby, o antiheroi atormentado pelos horrores da Primeira Guerra, frio e cativante, tomando as decisões necessárias para promover a ascenção de sua família no mundo de gangues e violência da época, Helen McCrory também interpretou muito bem a Polly Shelby, a voz da consciência de Thomas, uma mulher cruel mas ao mesmo tempo religiosa e fervorosamente devotada à sua família, a personagem Sam Neil também me impressionou bastante: ele me lembrou bastante do Inspetor Javert, personagem memorável de Victor Hugo, cuja obsessão com justiça o leva a cometer atos tão terríveis quanto os das pessoas que ele persegue. A cena final foi de tirar o fôlego. Louco pela próxima temporada!
Macbeth: Ambição e Guerra
3.5 383 Assista Agora[/spoiler]Pontos positivos: as atuações são bastante sólidas, as cores são lindas, os cenários de tirar o fôlego.
Pontos negativos: Kurzel distorceu cenas vitais para a narrativa - o suicídio de Lady Macbeth, que o diretor cortou em uma cena anticlimática com ela já morta e deitada em um leito, a execução de Lady Macduff e seus filhos, que foi feita em público, e não de maneira privada e escusa como na peça original e, por fim, a parte de Birnam Wood, o coração dessa peça magistral do Shakespeare, a conclusão e o desenrolar da profecia das Wierd Sisters, e eles me mostram as árvores pegando fogo? Sério? Quem viu as versões anteriores de Macbeth ou leu o roteiro original da peça, sabe que os inimigos de Macbeth usaram galhos das árvores de Birnam para atacá-lo às escondidas, daí a "floresta" se mover ... foi um final que deixou a desejar e um filme que, apesar das grandes interpretações, não deu pra salvar.
[spoiler]
Macbeth: Reinado de Sangue
4.0 43 Assista AgoraO percursor do filme de Polanski ( 1971 ) não deixa nada a desejar, considerando a época que foi feito e sendo um filme low-budget. As atuações de Jeanette Nolan como Lady Macbeth e do Orson Welles como Macbeth foram maravilhosas. Assim como os atores do "Macbeth" de Polanski, esses conseguiram transmitir toda a loucura e paranoia que o casal experimentou depois de ter cometido tantos crimes. Welles também fez um bom trabalho como diretor, reproduzindo de maneira competente a essência do trabalho do Shakespeare. Merece um lugar no hall dos épicos.
Macbeth
3.9 51Capturou, na medida do possível, a essência dessa peça genial, magistral, fenomenal e mágica de William Shakespeare. Gostei principalmente das performances do John Finch e da Francesca Annis, que transmitiram genialmente a loucura, a culpa e a sede de poder desse casal icônico da dramaturgia, os Macbeths. As cenas de luta foram um pouco fajutas, mas isso é justificável, visto que o filme era low-budget.
Bates Motel (5ª Temporada)
4.4 757Imperfeita, mas genial, essa série recriou e rearranjou as personagens do filme original de Hitchcock e criou outras mais. Ela focou principalmente na relação de Norman e sua mãe ( e eu nunca vi dois atores contracenarem tão espetacularmente ) , que é a pedra de fundação de "Psicóse".
Nessa última temporada, apesar de um final já previsível, a série fez algumas mudanças significativas em relação ao roteiro original: Norman, por meio da atuação sensacional do Freddie Highmore torna-se plenamente consciente de seus atos, enquanto sua mente ainda está dividida entre a sua própria consciência e a de sua mãe, interpretada magistralmente pela Vera Farmiga ( esnobada pelo emmy porém talentosíssima). A sintonia desses dois foi o que carregou esse seriado por essas cinco temporadas e se superou nessa última. A melancolia do series finale forma um contraste bem interessante com o terror silencioso do fim do filme. Vai deixar saudade, um bom seriado. Eu te amo, Vera Farmiga!
Mad Men (1ª Temporada)
4.4 346[spoiler][/spoiler]
Achei os primeiros episódios bastante hesitantes e parados, mas conforme a temporada foi evoluindo, eu percebi que "Mad Men", exatamente como "House of Cards" é um seriado focado em diálogos, temas abordados na trama, posicionamento de personagens e ações das mesmas ao invés de cenas eletrizantes e plot twists como "Game of Thrones" por exemplo.
A partir do momento que saquei essa nuance da série, ela se tornou mais interessante e fácil de assistir. Temos as personagens da Betty,Peggy e Joan - todas as três mulheres que anseiam por um papel mais ativo e libertador em suas respectivas vidas, porém lidam com essa impotência de maneiras diversas: Peggy lutando para superar o machismo do escritório em que trabalha, Joan usando homens através de sua sensualidade para alcançar uma sensação de independência ( vide o relacionamento dela com Mr. Sterling ), Betty a imagem da dona de casa e esposa perfeitas dos anos 60, uma fachada para a insegurança e a solidão profunda que a personagem sente e só expressa nas sessões com o psiquiatra. Temos Pete Campbell, um garoto que quer desesperadamente ser como os homens para quem trabalha e sente-se preso num casamento que o faz sentir diminuído. Temos Don Traper, um homem de passado obscuro e pragmatismo e desapego imensos ( ele tem pelo menos duas amantes ao longo da primeira temporada, é dominador em casa com a esposa, Betty, e tem um relacionamento no mínimo frio com os filhos ), tudo regado a muito fumo e consumo de whiskey e vinho, como era de se esperar de um seriado ambientado no início dos anos 60. Realmente ansioso para descobrir os destinos da Peggy e da Betty, que foram sinceramente as minhas personagens favoritas nessa primeira temporada.
Feud: Bette and Joan (1ª Temporada)
4.6 284 Assista AgoraUm retorno à grandeza do trabalho de Ryan Murphy. Sarandon e Lange capturam com maestria a essência dessas duas divas hollywoodianas, Bette e Joan, com suas mágoas passadas e presentes, obsessões, alcoolismo, e a influência perniciosa da mídia e do sexismo na segunda metade do século XX em Hollywood.
Principalmente nos episódios finais, por meio da atuação genial dessas duas grandes atrizes, é possível enxergar o quão Davis e Crawford - apesar de sua rixa - eram similares: ambas mulheres profundamente traumatizadas, lutando com relações familiares conturbadas, ambas solitárias e agarrando até o último resquício de fama que podiam. Jessica Lange deu um show de performance no season finale!
O Conto dos Contos
3.4 176 Assista Agora" A feast for the imagination." De fato, o filme traz uma nova perspectiva ao unir a violência, o sexo e a feiura do mundo real à magia dos contos fada traduzidos pelo poeta italiano Giambattista Basile. As atuações, a fotografia, os figurinos , as tramas unidas em um grande conto, tudo culmina em um filme lírico e ao mesmo adulto, como aconteceu com "Stardust", de 2007. Destaque para as personagens femininas que variam das determinadas Rainha de Long trellis e Princesa Violet à vã e cruel Dora.