Demorei pra me envolver com The Wall. A primeira metade (ou seja, até Pink dar "adeus ao mundo cruel") me pareceu um amontoado de representações - muito bem feitas, mas sem unidade narrativa. Já na segunda metade, as transições das músicas/atos tornam-se mais fluidas, o filme ganha em ritmo e coesão e melhora 200%. E ainda que tenha muitos momentos espetaculares (qualquer cena animada, basicamente), tem também umas tosquices - o que é aquela cena do Pink surtando com uma mina na casa dele? Mas, no fim das contas, o saldo é bem positivo (e o disco tá entre os meus favoritos).
É um filme bem particular em relação ao resto da carreira de Hitchcock. Aposta em humor quando a saída mais óbvia seria tornar a trama sombria. O final é tão improvável quanto divertido.
O Iluminado esconde muito por trás da história de um homem enlouquecido pelo isolamento em busca de "corrigir" seu filho e esposa. É um filme de fantasmas sociais e psíquicos. O Overlook representa a abertura que torna a exploração desses elementos possível, como se estivéssemos limitados a alguns poucos cômodos, mas com potencial de desvendar cada um de seus labirintos.
A curtíssima duração não permite que a narrativa se desenvolva da melhor maneira possível, mas é um suspense com ótimas atuações e muito bem orquestrado por Hitchcock, em especial na condução das cenas que carregam maior tensão (a do trem está entre os melhores momentos de sua fase inglesa).
Uma boa premissa arruinada por situações inverossímeis, má condução dos atores e um clima geral meio esquisito. Tirando Peter Lorre, não tem muita coisa a apreciar aqui. Ansioso pra ver a versão hollywoodiana.
HItchcock é um autor, e mesmo na era muda, já experimentava com angulações, planos e até com a arte e tipografia dos intertítulos. Ivor Novello tem uma presença absurda e a incrível trilha-sonora da versão restaurada torna a obra ainda mais distinta.
O vilão (nem perto da qualidade do Síndrome) e o seu plano contra os heróis são tão genéricos e caricatos que impedem esta sequência de ser excelente. Mas, com a divisão entre os núcleos da Mulher Elástica e do Sr. Incrível, é interessante na maneira que oferece novas perspectivas, todas funcionando muito bem. A decisão de colocar a metade feminina do casal no fronte da ação foi muitíssimo correta, pois não só deixou que uma heroína carregasse esta representação, como também deu à luz o arco do Sr. Incrível tendo que lidar com seus filhos e os recém-descobertos poderes do Zezé, que dá ao filme alguns de seus melhores momentos. Talvez haja um excesso de piadas, mas a ação compensa, mesmo que não tenha nada de original nela, são cenas empolgantes que dão o gás que o filme precisa. É um universo que merece outra continuação, pra fechar uma trilogia.
Crescer com Toy Story é praticamente uma característica do público ocidental da minha geração, e minha conexão com esse filme é tamanha que eu nem me sinto apto a analisá-lo de maneira justa. Só sei que foi tão difícil pra mim aceitar a despedida quanto foi pro Andy.
Up encerra a sequência de três bons-porém-inconsistentes filmes da Pixar. O primeiro deles, Ratatouille, tem um começo morno mas ascende a um final genial. WALL-E tem a primeira metade de um dos melhores e mais originais momentos da Pixar, mas descamba numa segunda metade blasé. Up, por fim, tem 20 e poucos minutos brllhantes e devastadores (e sempre que o filme "retorna" a esse começo entrega ótimos momentos), mas no decorrer da aventura propriamente dita, não há nada de tão empolgante ou novo, e o filme acaba caindo numa correria incessante, presa a um vilão sem peso e à péssima ideia dos cachorros falantes (que nem se justifica na lógica daquele universo, afinal, Charles Muntz é um explorador ou inventor-cientista?). Mas ainda que tenha problemas, o saldo em Up é positivo exatamente pela sensibilidade ao tratar da velhice de Carl e da sua relação com Ellie, e o que fica na memória são os momentos que envolvem esses dois temas.
A segunda metade joga um balde de água fria num outrora excelente filme. Também questiono a decisão de explorar a relação de WALL-E e EVE como um romance, e acho que falta um fio narrativo mais interessante (não que tenha sido ruim, mas sustentar o filme naquela base de "objetivo-complicação-solução", sem um arco de maior impacto, soou um pouco indiferente), mas tem seus grandes momentos, em especial visualmente, como a belíssima cena da "valsa" no espaço, ou cada momento do WALL-E olhando o mundo como era através de uma fita cassete.
No todo é um filme bastante bom, mas que não atingiu seu máximo potencial.
É um filme que vai crescendo: do início morno e sonolento ao final genial (Ego provando o ratatouille de Remy é inesquecível, assim como o monólogo do primeiro logo após sua noite no Gusteau's: essas duas cenas formam o melhor momento do filme). Tem uma das melhores representações de Paris que já vi em tela, apaixonante em toda sua majestade. A cidade é praticamente um personagem à parte. Mas talvez a qualidade de maior destaque seja a própria mensagem central do filme e a forma como ela é disposta com muita sutilidade, sem nunca apelar para momentos sentimentais demais ou mesmo para clichês e esquematismos muito evidentes. E que melhor situação para dizer que "qualquer um pode cozinhar" do que colocando um rato num restaurante?
É mais longo do que deveria, principalmente pra uma história tão simples, o que resulta num miolo meio parado e repetitivo. Mas o que salva esse filme da mediocridade são os ótimos 20 minutos finais. Além do Mate, é claro.
Sintonia absurda entre fotografia, trilha e roteiro. Uma mistura deliciosa de um Watchmen menos rigoroso com a sensualidade de um bom filme de espionagem. Não tem UM personagem meia-boca. São todos representações perfeitas das suas personalidades e a maneira como funcionam juntos é lindo de assistir. A trilha, ainda que eu já a tenha mencionado, tenho que destacar, é fantástica. Michael Giachinno arregaçou aqui. Seus temas com inspiração no jazz tem tudo que uma soundtrack icônica deve ter: adaptabilidade aos diferentes momentos do filme e o fator "chiclete" (tu fica cantarolando a música tema por pelo menos uma hora depois de assistir). Narrativamente, tem ideias geniais, como aquela introdução à base de entrevistas, ou o estopim de toda a problemática dos heróis sendo um resgate "não autorizado". Não fosse pelo terço final, um tantinho genérico, seria irretocável. É o respiro de ar fresco que a Pixar necessitava após o apenas bom Procurando Nemo.
É um filme bom. Na sua quinta animação em longa-metragem, a Pixar mantinha-se capaz de sustentar uma história através da fórmula de humanização de um mundo escondido dos humanos, atribuindo situações comuns à audiência. A vida marinha de Marlin e Nemo possui o mesmo apelo que a Monstrópolis de Mike e Sullivan ou o quarto de Andy para Woody e Buzz. Além disso, a Dory é ótima (e tem outros coadjuvantes bem legais, como o Crush e o Bruce) e o cenário é rico. Mas mesmo mantendo essas boas qualidades, Procurando Nemo é o primeiro exemplo de certo cansaço nas narrativas da Pixar. Não há aqui os mesmos elementos corajosos das outras animações, e acaba sendo um tanto previsível e simpático demais. Era necessário ao estúdio uma nova direção, novas ideias e conceitos, que chegariam em seu seguinte lançamento.
Durante os dois primeiros atos, é muitíssimo divertido e engraçado, com algumas das melhores gags da Pixar e um grande núcleo de personagens (o trio Sully-Mike-Boo é fantástico, funciona em todas as situações que o roteiro os joga, sejam elas cômicas ou dramáticas), além da inventiva sátira ao mundo corporativo. É no terceiro ato, porém, que o filme deixa uma impressão mais poderosa em sua audiência, das criativas sequências de ação (a perseguição entre as portas!) até a conclusão mais que comovente. A resolução do riso como alternativa ao susto na obtenção de energia chega a ser poética, e aquele último momento... de uma inocência pura e especial.
O porquê deste ser o menos adorado da franquia está além da minha compreensão. Os novos brinquedos são excelentes personagens (Jessie em especial, a única personagem até aqui que carrega um passado, dando mais de uma camada à sua construção), a variedade de cenários e as cenas de ação dão o tom correto de aventura e ajudam no ritmo da narrativa. Tem também um aspecto sentimental muito eficiente, cenas que emocionam de verdade e estabelecem conexões para com o espectador e entre os próprios personagens. É capaz de levantar reflexões sobre lealdade, perda e escolhas de forma sutil e sem pieguices. Diria que é o primeiro exemplar que coloca a Pixar num patamar maior, um estúdio capaz de criar verdadeiras obras-primas.
Não sei se é a minha nostalgia falando (assistia o VHS desse filme pelo menos umas três vezes por dia, quando tinha 3-4 anos) mas sinto que é menos valorizado do que merece. O roteiro não é tão inspirado, mas os temas tratados são até bastante profundos, no contexto de uma animação. O salto de qualidade tecnológica também é impressionante em relação ao longa de estreia da Pixar. É um mundo muito vivo e belo de se assistir, e muito criativo na forma como é transposto para o olhar diminuto das formigas. Ainda que tenha uma fórmula menos original e personagens não tão bons quanto Toy Story, tem muito a se gostar aqui, em especial a trilha-sonora, uma das melhores em qualquer filme da Pixar. É estimulante e passa perfeitamente o clima de "missão impossível" da luta contra os gafanhotos, mas com um toque quase inocente de esperança. Muito bonita mesmo. Por fim, é praticamente um "comfort movie" pra mim, e um dos mais injustiçados da Pixar.
É um filme simples, mas um começo exemplar para o estúdio. Talvez pela falta de orçamento, acabou saindo curto demais e ao fim parece um pouco apressado. É aqui, porém, que a Pixar já se estabelece como uma produtora capaz de encantar independentemente da idade de sua audiência. O conceito de brinquedos ganharem vida é genial pela forma como é facilmente relacionável. Os personagens são perfeitos, mas à essa altura dizer isso é até redundante: Woody e Buzz estão entre os maiores ícones das animações americanas, e todo o resto do plantel de brinquedos é largamente conhecido, e é impossível separar suas personalidades (vistas em toda a trilogia) de suas figuras e imagens. A Pixar se aperfeiçoaria em todos as frentes, mas é um debute comercial no mínimo impressionante para um estúdio com menos de dez anos, antes com experiência apenas em curtas.
...B.B., o ápice desta humanidade. Na ânsia de criar cenas e planos memoráveis, há deslizes. Em seus melhores momentos, é deliciosamente kitsch, mas também cheio de sentimentos reprimidos e aflições do passado. É assim o épico tarantinesco.
Reverenciando um zilhão de influências da sua vida cinéfila, Tarantino constrói seu filme mais pessoal. A vingança de Beatrix Kiddo talvez seja o melhor exemplo de humanidade em qualquer um de seus filmes, e o encontro com...
Mais sóbrio, Tarantino orquestra com muita habilidade e coesão sua homenagem ao blaxploitation, e mesmo menos apegado à estética extravagante de seus filmes, consegue criar uma obra apaixonada que transmite todo o amor do diretor pelo cinema.
O cume da primeira fase do cinema tarantinesco é também o ponto mais alto de toda a sua carreira. Quando as marcas experimentadas em Cães de Aluguel foram alçadas em ousadia e precisão, ao construir o que é, talvez, o filme americano mais influente da década de 1990.
As transições entre o passado do bando e a situação presente nem sempre são tão naturais, e por vezes tudo o que o filme precisa é que a história se desenvolva logo, mas em Cães Tarantino já mostra segurança, equilíbrio e ousadia, numa estreia que caracteriza o elementar do seu cinema (e que viria a ser lapidado à perfeição no seu próximo filme).
Pink Floyd - The Wall
4.4 702Demorei pra me envolver com The Wall. A primeira metade (ou seja, até Pink dar "adeus ao mundo cruel") me pareceu um amontoado de representações - muito bem feitas, mas sem unidade narrativa.
Já na segunda metade, as transições das músicas/atos tornam-se mais fluidas, o filme ganha em ritmo e coesão e melhora 200%.
E ainda que tenha muitos momentos espetaculares (qualquer cena animada, basicamente), tem também umas tosquices - o que é aquela cena do Pink surtando com uma mina na casa dele?
Mas, no fim das contas, o saldo é bem positivo (e o disco tá entre os meus favoritos).
Os 39 Degraus
3.7 120 Assista AgoraÉ um filme bem particular em relação ao resto da carreira de Hitchcock. Aposta em humor quando a saída mais óbvia seria tornar a trama sombria.
O final é tão improvável quanto divertido.
O Iluminado
4.3 4,0K Assista AgoraO Iluminado esconde muito por trás da história de um homem enlouquecido pelo isolamento em busca de "corrigir" seu filho e esposa. É um filme de fantasmas sociais e psíquicos. O Overlook representa a abertura que torna a exploração desses elementos possível, como se estivéssemos limitados a alguns poucos cômodos, mas com potencial de desvendar cada um de seus labirintos.
Sabotagem
3.7 74 Assista AgoraA curtíssima duração não permite que a narrativa se desenvolva da melhor maneira possível, mas é um suspense com ótimas atuações e muito bem orquestrado por Hitchcock, em especial na condução das cenas que carregam maior tensão (a do trem está entre os melhores momentos de sua fase inglesa).
O Homem que Sabia Demais
3.5 74 Assista AgoraUma boa premissa arruinada por situações inverossímeis, má condução dos atores e um clima geral meio esquisito. Tirando Peter Lorre, não tem muita coisa a apreciar aqui.
Ansioso pra ver a versão hollywoodiana.
O Pensionista
3.9 80 Assista AgoraHItchcock é um autor, e mesmo na era muda, já experimentava com angulações, planos e até com a arte e tipografia dos intertítulos. Ivor Novello tem uma presença absurda e a incrível trilha-sonora da versão restaurada torna a obra ainda mais distinta.
Os Incríveis 2
4.1 1,4K Assista AgoraO vilão (nem perto da qualidade do Síndrome) e o seu plano contra os heróis são tão genéricos e caricatos que impedem esta sequência de ser excelente. Mas, com a divisão entre os núcleos da Mulher Elástica e do Sr. Incrível, é interessante na maneira que oferece novas perspectivas, todas funcionando muito bem.
A decisão de colocar a metade feminina do casal no fronte da ação foi muitíssimo correta, pois não só deixou que uma heroína carregasse esta representação, como também deu à luz o arco do Sr. Incrível tendo que lidar com seus filhos e os recém-descobertos poderes do Zezé, que dá ao filme alguns de seus melhores momentos.
Talvez haja um excesso de piadas, mas a ação compensa, mesmo que não tenha nada de original nela, são cenas empolgantes que dão o gás que o filme precisa.
É um universo que merece outra continuação, pra fechar uma trilogia.
Toy Story 3
4.4 3,6K Assista AgoraCrescer com Toy Story é praticamente uma característica do público ocidental da minha geração, e minha conexão com esse filme é tamanha que eu nem me sinto apto a analisá-lo de maneira justa.
Só sei que foi tão difícil pra mim aceitar a despedida quanto foi pro Andy.
Up: Altas Aventuras
4.3 3,8K Assista AgoraUp encerra a sequência de três bons-porém-inconsistentes filmes da Pixar. O primeiro deles, Ratatouille, tem um começo morno mas ascende a um final genial. WALL-E tem a primeira metade de um dos melhores e mais originais momentos da Pixar, mas descamba numa segunda metade blasé.
Up, por fim, tem 20 e poucos minutos brllhantes e devastadores (e sempre que o filme "retorna" a esse começo entrega ótimos momentos), mas no decorrer da aventura propriamente dita, não há nada de tão empolgante ou novo, e o filme acaba caindo numa correria incessante, presa a um vilão sem peso e à péssima ideia dos cachorros falantes (que nem se justifica na lógica daquele universo, afinal, Charles Muntz é um explorador ou inventor-cientista?).
Mas ainda que tenha problemas, o saldo em Up é positivo exatamente pela sensibilidade ao tratar da velhice de Carl e da sua relação com Ellie, e o que fica na memória são os momentos que envolvem esses dois temas.
WALL·E
4.3 2,8K Assista AgoraA segunda metade joga um balde de água fria num outrora excelente filme. Também questiono a decisão de explorar a relação de WALL-E e EVE como um romance, e acho que falta um fio narrativo mais interessante (não que tenha sido ruim, mas sustentar o filme naquela base de "objetivo-complicação-solução", sem um arco de maior impacto, soou um pouco indiferente), mas tem seus grandes momentos, em especial visualmente, como a belíssima cena da "valsa" no espaço, ou cada momento do WALL-E olhando o mundo como era através de uma fita cassete.
No todo é um filme bastante bom, mas que não atingiu seu máximo potencial.
Ratatouille
3.9 1,3K Assista AgoraÉ um filme que vai crescendo: do início morno e sonolento ao final genial (Ego provando o ratatouille de Remy é inesquecível, assim como o monólogo do primeiro logo após sua noite no Gusteau's: essas duas cenas formam o melhor momento do filme).
Tem uma das melhores representações de Paris que já vi em tela, apaixonante em toda sua majestade. A cidade é praticamente um personagem à parte.
Mas talvez a qualidade de maior destaque seja a própria mensagem central do filme e a forma como ela é disposta com muita sutilidade, sem nunca apelar para momentos sentimentais demais ou mesmo para clichês e esquematismos muito evidentes. E que melhor situação para dizer que "qualquer um pode cozinhar" do que colocando um rato num restaurante?
Carros
3.4 727 Assista AgoraÉ mais longo do que deveria, principalmente pra uma história tão simples, o que resulta num miolo meio parado e repetitivo. Mas o que salva esse filme da mediocridade são os ótimos 20 minutos finais. Além do Mate, é claro.
Os Incríveis
3.9 1,1K Assista AgoraSintonia absurda entre fotografia, trilha e roteiro. Uma mistura deliciosa de um Watchmen menos rigoroso com a sensualidade de um bom filme de espionagem.
Não tem UM personagem meia-boca. São todos representações perfeitas das suas personalidades e a maneira como funcionam juntos é lindo de assistir. A trilha, ainda que eu já a tenha mencionado, tenho que destacar, é fantástica. Michael Giachinno arregaçou aqui. Seus temas com inspiração no jazz tem tudo que uma soundtrack icônica deve ter: adaptabilidade aos diferentes momentos do filme e o fator "chiclete" (tu fica cantarolando a música tema por pelo menos uma hora depois de assistir).
Narrativamente, tem ideias geniais, como aquela introdução à base de entrevistas, ou o estopim de toda a problemática dos heróis sendo um resgate "não autorizado". Não fosse pelo terço final, um tantinho genérico, seria irretocável.
É o respiro de ar fresco que a Pixar necessitava após o apenas bom Procurando Nemo.
Procurando Nemo
4.2 1,9K Assista AgoraÉ um filme bom. Na sua quinta animação em longa-metragem, a Pixar mantinha-se capaz de sustentar uma história através da fórmula de humanização de um mundo escondido dos humanos, atribuindo situações comuns à audiência. A vida marinha de Marlin e Nemo possui o mesmo apelo que a Monstrópolis de Mike e Sullivan ou o quarto de Andy para Woody e Buzz. Além disso, a Dory é ótima (e tem outros coadjuvantes bem legais, como o Crush e o Bruce) e o cenário é rico.
Mas mesmo mantendo essas boas qualidades, Procurando Nemo é o primeiro exemplo de certo cansaço nas narrativas da Pixar. Não há aqui os mesmos elementos corajosos das outras animações, e acaba sendo um tanto previsível e simpático demais.
Era necessário ao estúdio uma nova direção, novas ideias e conceitos, que chegariam em seu seguinte lançamento.
Monstros S.A.
4.2 1,5K Assista AgoraDurante os dois primeiros atos, é muitíssimo divertido e engraçado, com algumas das melhores gags da Pixar e um grande núcleo de personagens (o trio Sully-Mike-Boo é fantástico, funciona em todas as situações que o roteiro os joga, sejam elas cômicas ou dramáticas), além da inventiva sátira ao mundo corporativo.
É no terceiro ato, porém, que o filme deixa uma impressão mais poderosa em sua audiência, das criativas sequências de ação (a perseguição entre as portas!) até a conclusão mais que comovente. A resolução do riso como alternativa ao susto na obtenção de energia chega a ser poética, e aquele último momento... de uma inocência pura e especial.
Toy Story 2
4.0 711 Assista AgoraO porquê deste ser o menos adorado da franquia está além da minha compreensão. Os novos brinquedos são excelentes personagens (Jessie em especial, a única personagem até aqui que carrega um passado, dando mais de uma camada à sua construção), a variedade de cenários e as cenas de ação dão o tom correto de aventura e ajudam no ritmo da narrativa.
Tem também um aspecto sentimental muito eficiente, cenas que emocionam de verdade e estabelecem conexões para com o espectador e entre os próprios personagens. É capaz de levantar reflexões sobre lealdade, perda e escolhas de forma sutil e sem pieguices.
Diria que é o primeiro exemplar que coloca a Pixar num patamar maior, um estúdio capaz de criar verdadeiras obras-primas.
Vida de Inseto
3.8 990 Assista AgoraNão sei se é a minha nostalgia falando (assistia o VHS desse filme pelo menos umas três vezes por dia, quando tinha 3-4 anos) mas sinto que é menos valorizado do que merece. O roteiro não é tão inspirado, mas os temas tratados são até bastante profundos, no contexto de uma animação. O salto de qualidade tecnológica também é impressionante em relação ao longa de estreia da Pixar. É um mundo muito vivo e belo de se assistir, e muito criativo na forma como é transposto para o olhar diminuto das formigas.
Ainda que tenha uma fórmula menos original e personagens não tão bons quanto Toy Story, tem muito a se gostar aqui, em especial a trilha-sonora, uma das melhores em qualquer filme da Pixar. É estimulante e passa perfeitamente o clima de "missão impossível" da luta contra os gafanhotos, mas com um toque quase inocente de esperança. Muito bonita mesmo.
Por fim, é praticamente um "comfort movie" pra mim, e um dos mais injustiçados da Pixar.
Toy Story
4.2 1,3K Assista AgoraÉ um filme simples, mas um começo exemplar para o estúdio. Talvez pela falta de orçamento, acabou saindo curto demais e ao fim parece um pouco apressado. É aqui, porém, que a Pixar já se estabelece como uma produtora capaz de encantar independentemente da idade de sua audiência.
O conceito de brinquedos ganharem vida é genial pela forma como é facilmente relacionável. Os personagens são perfeitos, mas à essa altura dizer isso é até redundante: Woody e Buzz estão entre os maiores ícones das animações americanas, e todo o resto do plantel de brinquedos é largamente conhecido, e é impossível separar suas personalidades (vistas em toda a trilogia) de suas figuras e imagens.
A Pixar se aperfeiçoaria em todos as frentes, mas é um debute comercial no mínimo impressionante para um estúdio com menos de dez anos, antes com experiência apenas em curtas.
Junho - O Mês que Abalou o Brasil
3.9 67 Assista AgoraComeça a se perder no terço final e o desfecho é bem confuso, mas é muito relevante como retrato imediato do que aconteceu neste mês de 2013.
Kill Bill: Volume 2
4.2 1,5K Assista Agora...B.B., o ápice desta humanidade. Na ânsia de criar cenas e planos memoráveis, há deslizes. Em seus melhores momentos, é deliciosamente kitsch, mas também cheio de sentimentos reprimidos e aflições do passado. É assim o épico tarantinesco.
Kill Bill: Volume 1
4.2 2,3K Assista AgoraReverenciando um zilhão de influências da sua vida cinéfila, Tarantino constrói seu filme mais pessoal. A vingança de Beatrix Kiddo talvez seja o melhor exemplo de humanidade em qualquer um de seus filmes, e o encontro com...
Jackie Brown
3.8 739 Assista AgoraMais sóbrio, Tarantino orquestra com muita habilidade e coesão sua homenagem ao blaxploitation, e mesmo menos apegado à estética extravagante de seus filmes, consegue criar uma obra apaixonada que transmite todo o amor do diretor pelo cinema.
Pulp Fiction: Tempo de Violência
4.4 3,7K Assista AgoraO cume da primeira fase do cinema tarantinesco é também o ponto mais alto de toda a sua carreira. Quando as marcas experimentadas em Cães de Aluguel foram alçadas em ousadia e precisão, ao construir o que é, talvez, o filme americano mais influente da década de 1990.
Cães de Aluguel
4.2 1,9K Assista AgoraAs transições entre o passado do bando e a situação presente nem sempre são tão naturais, e por vezes tudo o que o filme precisa é que a história se desenvolva logo, mas em Cães Tarantino já mostra segurança, equilíbrio e ousadia, numa estreia que caracteriza o elementar do seu cinema (e que viria a ser lapidado à perfeição no seu próximo filme).