Um filme que trata da transição para a vida adulta tanto quanto trata da transição da sociedade americana no pós-guerra. Sem pesar a mão, Bogdanovich filma seus personagens com muita intensidade e leveza, quando necessária, e o roteiro afiadíssimo complementa a direção com simbolismos que dão um significado maior à vida cotidiana no interior texano.
Filme delicioso. Humor e drama nas medidas acertadas e um trio de protagonistas que funciona bem demais - juntos, os atores minimizam suas fraquezas mais aparentes e realçam as qualidades.
Pode não ser o filme mais visualmente aguçado do Wes Anderson - longe disso - mas talvez seja o mais leve, natural. Isto é, com exceção de algumas cenas forçadamente "cools", tipo os trocentos slow-motions com músicas dos anos 1960 e 1970.
As músicas são muito boas e a Úrsula é uma das grandes vilãs da história da animação americana. Tão aí os óbvios destaques, mas o restante não é ruim, não. Os personagens ao redor da Ariel trazem uma boa comicidade à trama - que é das mais bobinhas, é verdade, mas satisfaz.
Um problema costumeiro dos filmes da Disney, na minha opinião, é o atropelamento de acontecimentos narrativos pra encaixar tudo nos 90 minutos tradicionais. Aqui, isso não acontece, o que me deu a sensação de algo mais bem estruturado.
O principal objetivo de 'Através do Aranhaverso' é claro: entorpecer o espectador com seu vislumbrante design artístico e sua criatividade infinita. É um filme que testa os limites da animação enquanto meio de expressão artística e só por isso vale o ingresso.
Todos os outros elementos ao redor da animação em si, incluindo a trama, são um pouco frágeis e sem brilho. Falando do roteiro, ele não é ruim, mas é pouco original e muito baseado em fan service, e por isso não gostei. Por mim, a história poderia ser ainda mais simples para dar mais tempo de tela à loucura visual que é a razão desse filme existir.
Demy se apoia no uso das cores para compor sua impecável mise-en-scène, que é a alma de Os Guarda-Chuvas do Amor. O enredo, singelo, serve de mero fio condutor para a expressão visual do filme.
Como um filho da Nouvelle Vague, Demy não poderia apenas copiar a estrutura dos musicais era de ouro hollywoodiana - embora a reverencie aqui - e por isso opta por tornar todo o filme cantado. Ainda que seja refrescante ver algo assim, tal escolha priva o filme da catarse dos números musicais tradicionais.
Até certo ponto, é um grande filme concentrado em um personagem em busca de retomar o gosto pela vida diante da morte certa. Um tema de apelo praticamente universal que é muito bem trabalhado em sua condução, seja por meio da forma íntima com que filma Kurosawa, seja pela melancolia extrema na atuação de Shimura.
Desde o início, porém, senti problemas no roteiro. As relações são pouco desenvolvidas, o tom é expositivo demais e a história avança com pouca sutileza. E tudo piora nos 50 minutos finais.
Não vou contar o que acontece, mas não gosto da decisão tomada pelos roteiristas. Sinto que enfraquece o filme por privá-lo de sua força motriz e o torna enfadonho ao limitá-lo a apenas um ambiente e um punhado de personagens absolutamente unidimensionais, salvo uma cena ou outra.
Em Pierrot le Fou, Godard faz seu grande testamento - ao menos até aquele ponto - sobre o fazer cinematográfico, a capacidade de gerar emoções e significados por meio da junção de imagem e som. Ao mesmo tempo, Pierrot le Fou serve de instrumento de protesto e sátira política e artística.
Essa dualidade de exercícios que compõem o filme o tornam tanto atemporal em seu comentário sobre arte e cinema quanto produto muito específico de sua época.
Mas por mais admiração que eu nutra por Pierrot le Fou, estarei mentido se eu disser que estava entretido durante as duas horas. A falta de foco narrativo pesa em algum momento e o filme torna-se um pouquinho enfadonho.
Uma vez que se entra no ritmo do filme (demora um pouco), é impossível desviar o olho de cada detalhe do plano de fuga de Fontaine. Os poucos elementos do filme são tão bem usados e com tamanha sinergia que nada parece estar ali por acaso.
O uso do som é especialmente impressionante, pra mim. A forma como o Bresson manipula nossa percepção sobre o que acontece fora da cela, por exemplo, ou o seu uso como instrumento pra criar tensão nos minutos finais. Uau.
Aliás, sobre os minutos finais. Não é como se eles constituíssem um clímax - pelo menos não no sentido mais usual da coisa, Bresson segue sem fazer concessões quanto ao seu estilo rigidamente naturalista. Mas é tão perfeito o uso de todos os elementos dispostos em tela (e fora dela) que, mesmo à la Bresson, são alguns dos minutos mais tensos que eu já assisti.
Para alguém que acreditava no potencial violento da humanidade e a importância de assumí-lo, Peckimpah praticamente realiza seu testamento em Straw Dogs ao narrar a historia de um homem que é obrigado aos poucos a sair de seu casulo pacifista.
Além da discussão filosófica, a construção de tensão é muito eficiente e a explosão da meia hora final é nada menos que brilhante.
A ressalva que faço é sobre o papel das mulheres aqui. Há de se admitir, elas servem como meros instrumentos pra violência retratada quase que inteiramente em figuras masculinas. E a leitura do Peckimpah sobre liberdade sexual feminina é defasada até pros padrões de cinco décadas atrás.
Um filme obcecado pelo próprio argumento. Martela a mesma mensagem um zilhão de vezes e quando parece caminhar para um clímax interessante, se estende desnecessariamente por mais um ato inteiro.
Tem seus grandes momentos, mas o recheio entre eles é repetitivo, pouco sutil e, no geral, desinteressante.
Merece toda a aclamação só pela qualidade da animação. Que filme bonito da porra, e cheio de detalhes e movimento. Certamente o stop-motion mais impressionante que eu já vi.
A história é bem contada e gosto de como não fica na sombra do clássico da Disney. No entanto, com exceção de algumas ambientações, achei a animação pouco inventiva (ainda mais tratando-se de um Del Toro).
Exceto por alguns aspectos, não é exatamente um filme brilhante e tem lá seus excessos - aqui falo especialmente daquelas cenas explicativas que se intrometem na história. É legal da primeira vez com a Margot Robbie, depois fica tosco.
Mas mesmo assim, diria que é um dos meus filmes favoritos, ou ao menos um dos que mais me dá prazer de assistir. Adoro a edição e roteiro ágeis e a forma ao mesmo tempo cínica e preocupado como trata o escândalo que culminou na maior crise econômica de nosso tempo. Entretém muito, mas é aterrador na mesma medida.
Um conto sobre o homem animal e as atrocidades de que é capaz. Enquanto a guerra come solta lá fora, um bando de gente alienada molesta adolescentes, espalha intriga,
Tem pouquíssimo valor artístico, mas muito valor histórico. É um retrato cru e preciso de uma das figuras mais abjetas dos tempos recentes. Me faz pensar no quão mal essa rebeldia pretenciosa e vazia pode fazer a um ser humano e a outros ao seu redor.
Tár gravita ao redor de sua atriz principal. Que atuação de Cate Blanchett, essa mulher é simplesmente de outro mundo. É a melhor performance de uma das maiores atrizes da história. Coisa histórica mesmo.
O restante, da direção ao roteiro, é correto e contido o suficiente pra não atrapalhar o espetáculo principal - com alguns ocasionais momentos de maior destaque pro diretor Todd Field. Acho só que o filme é um pouco inchado, em algum momento tem dificuldade de encontrar um destino e se alonga um pouco.
Fiquei surpreso com o nível de criatividade visual desse filme. É tudo muito charmoso e isso por si só me conquistou. O Lupin, por mais arquetípico que seja, é um personagem muito legal de acompanhar.
Pro meu gosto, tem muita cara de episódio de anime estendido. O formato funciona bem para narrativas de meia hora, mas cansa aplicada a um longa-metragem. Faltou um desenvolvimento mais fino ao roteiro e soluções menos previsíveis ou rocambolescas.
Em dado momento da trama fiquei cético quanto a história que o filme tava começando a construir. De início, a reviravolta um pouco antes da metade parece uma tentativa meio desastrada de Glass Onion se diferenciar do seu antecessor.
Exposição excessiva à parte, a tal reviravolta é bem construída e leva a caminhos muito interessantes. Soma-se isso ao ritmo delicioso e ao ótimo elenco, Glass Onion é dos filmes mais divertidos do ano. Não tão bem amarradinho quanto o Knives Out, mas igualmente bom.
É ágil e descompromissado na medida certa. Uma boa diversão casual de um domingo à tarde com uma meia hora final muito gostosa de acompanhar, depois de um começo morno. Sean Connery está mais à vontade no papel.
O status de clássico da franquia é um pouco exagerado, ao meu ver. Pode ser minha falta de apreço a trejeitos definitivos dessa época do Bond, mas os diálogos risíveis e a misoginia excessiva até pros padrões do início dos anos 1960 me afastam.
Passada a euforia depois do filme, é difícil ignorar as várias coreografias mal montadas e ensaiadas e o fato de que há um desequilíbrio grande na dupla de protagonistas - Stone, óbvio, muito melhor que Gosling.
Mas é um musical com muita alma e amor pelo cinema, impossível de não se deixar entregar. Sua nostalgia é sempre contrabalanceada pela ânsia de dar ao público algo novo e narrativamente instigante.
La La Land não esconde sua natureza escapista - pelo contrário, faz questão de expô-la, e por isso é tão especial.
Um típico del Toro. Seus filmes são bonitos e bem filmados, com boas ideias visuais e objetos marcantes. O texto, porém, não acompanha - honrosa exceção à Labirinto do Fauno.
A boa construção da atmosfera é podada por um enredo que pena em achar uma direção e que, ao fim, é cafona na melhor das hipóteses.
Nunca vi um filme retratar uma doença degenerativa como faz Meu Pai. Ao invés de se limitar a retratar o processo de degeneração, o filme molda sua narrativa em torno da natureza gradativa do Alzheimer, convidando o espectador à confusão e angústia vividas pelo personagem central.
A partir disso, o filme se constrói e se desconstrói ao mesmo tempo. Ganha corpo ao passo em que se despedaça mais e mais.
Além da atuação magistral de Anthony Hopkins (o tempo dirá se estou certo, mas acho das melhores que já vi), que estreia de Florian Zeller na direção. O uso dos espaços como objetos desconcertantes é nada menos que brilhante.
Um estudo de personagem muito sensível e que trata a protagonista-título de forma bastante respeitosa, sem abusar de clichês narrativos ou escolher caminhos fáceis para a trama.
Com exceção de um único momento, achei que o filme equilibrou muitíssimo bem a necessidade por mostrar os percalços da vida de uma travesti no interior do Pernambuco com suas alegrias e sonhos - por mais fugazes que sejam.
Depois de vê-lo pela quarta ou quinta vez (desta vez, no cinema), cheguei a uma conclusão: Laranja Mecânica é um dos filmes mais pessimistas que existem. Tudo é corrompido ou corrompível. Não há aspecto deste mundo desconfortavelmente parecido com o nosso que se redime. É tudo sujeira, violência e ganância.
Um Dia de Cão
4.2 734 Assista Agora"Attica! Attica!". Poucas vezes o cinema gritou liberdade com tanto gosto.
Obs.: Não lembrava como o começo desse filme é engraçado.
A Última Sessão de Cinema
4.1 123 Assista AgoraUm filme que trata da transição para a vida adulta tanto quanto trata da transição da sociedade americana no pós-guerra. Sem pesar a mão, Bogdanovich filma seus personagens com muita intensidade e leveza, quando necessária, e o roteiro afiadíssimo complementa a direção com simbolismos que dão um significado maior à vida cotidiana no interior texano.
Viagem a Darjeeling
3.8 430 Assista AgoraFilme delicioso. Humor e drama nas medidas acertadas e um trio de protagonistas que funciona bem demais - juntos, os atores minimizam suas fraquezas mais aparentes e realçam as qualidades.
Pode não ser o filme mais visualmente aguçado do Wes Anderson - longe disso - mas talvez seja o mais leve, natural. Isto é, com exceção de algumas cenas forçadamente "cools", tipo os trocentos slow-motions com músicas dos anos 1960 e 1970.
A Pequena Sereia
3.7 577 Assista AgoraAs músicas são muito boas e a Úrsula é uma das grandes vilãs da história da animação americana. Tão aí os óbvios destaques, mas o restante não é ruim, não. Os personagens ao redor da Ariel trazem uma boa comicidade à trama - que é das mais bobinhas, é verdade, mas satisfaz.
Um problema costumeiro dos filmes da Disney, na minha opinião, é o atropelamento de acontecimentos narrativos pra encaixar tudo nos 90 minutos tradicionais. Aqui, isso não acontece, o que me deu a sensação de algo mais bem estruturado.
Homem-Aranha: Através do Aranhaverso
4.3 522 Assista AgoraO principal objetivo de 'Através do Aranhaverso' é claro: entorpecer o espectador com seu vislumbrante design artístico e sua criatividade infinita. É um filme que testa os limites da animação enquanto meio de expressão artística e só por isso vale o ingresso.
Todos os outros elementos ao redor da animação em si, incluindo a trama, são um pouco frágeis e sem brilho. Falando do roteiro, ele não é ruim, mas é pouco original e muito baseado em fan service, e por isso não gostei. Por mim, a história poderia ser ainda mais simples para dar mais tempo de tela à loucura visual que é a razão desse filme existir.
Os Guarda-Chuvas do Amor
3.9 159 Assista AgoraDemy se apoia no uso das cores para compor sua impecável mise-en-scène, que é a alma de Os Guarda-Chuvas do Amor. O enredo, singelo, serve de mero fio condutor para a expressão visual do filme.
Como um filho da Nouvelle Vague, Demy não poderia apenas copiar a estrutura dos musicais era de ouro hollywoodiana - embora a reverencie aqui - e por isso opta por tornar todo o filme cantado. Ainda que seja refrescante ver algo assim, tal escolha priva o filme da catarse dos números musicais tradicionais.
Viver
4.4 166 Assista AgoraAté certo ponto, é um grande filme concentrado em um personagem em busca de retomar o gosto pela vida diante da morte certa. Um tema de apelo praticamente universal que é muito bem trabalhado em sua condução, seja por meio da forma íntima com que filma Kurosawa, seja pela melancolia extrema na atuação de Shimura.
Desde o início, porém, senti problemas no roteiro. As relações são pouco desenvolvidas, o tom é expositivo demais e a história avança com pouca sutileza. E tudo piora nos 50 minutos finais.
Não vou contar o que acontece, mas não gosto da decisão tomada pelos roteiristas. Sinto que enfraquece o filme por privá-lo de sua força motriz e o torna enfadonho ao limitá-lo a apenas um ambiente e um punhado de personagens absolutamente unidimensionais, salvo uma cena ou outra.
O Demônio das Onze Horas
4.2 430 Assista AgoraEm Pierrot le Fou, Godard faz seu grande testamento - ao menos até aquele ponto - sobre o fazer cinematográfico, a capacidade de gerar emoções e significados por meio da junção de imagem e som. Ao mesmo tempo, Pierrot le Fou serve de instrumento de protesto e sátira política e artística.
Essa dualidade de exercícios que compõem o filme o tornam tanto atemporal em seu comentário sobre arte e cinema quanto produto muito específico de sua época.
Mas por mais admiração que eu nutra por Pierrot le Fou, estarei mentido se eu disser que estava entretido durante as duas horas. A falta de foco narrativo pesa em algum momento e o filme torna-se um pouquinho enfadonho.
Um Condenado à Morte Escapou
4.4 69Uma vez que se entra no ritmo do filme (demora um pouco), é impossível desviar o olho de cada detalhe do plano de fuga de Fontaine. Os poucos elementos do filme são tão bem usados e com tamanha sinergia que nada parece estar ali por acaso.
O uso do som é especialmente impressionante, pra mim. A forma como o Bresson manipula nossa percepção sobre o que acontece fora da cela, por exemplo, ou o seu uso como instrumento pra criar tensão nos minutos finais. Uau.
Aliás, sobre os minutos finais. Não é como se eles constituíssem um clímax - pelo menos não no sentido mais usual da coisa, Bresson segue sem fazer concessões quanto ao seu estilo rigidamente naturalista. Mas é tão perfeito o uso de todos os elementos dispostos em tela (e fora dela) que, mesmo à la Bresson, são alguns dos minutos mais tensos que eu já assisti.
Sob o Domínio do Medo
3.8 268Para alguém que acreditava no potencial violento da humanidade e a importância de assumí-lo, Peckimpah praticamente realiza seu testamento em Straw Dogs ao narrar a historia de um homem que é obrigado aos poucos a sair de seu casulo pacifista.
Além da discussão filosófica, a construção de tensão é muito eficiente e a explosão da meia hora final é nada menos que brilhante.
A ressalva que faço é sobre o papel das mulheres aqui. Há de se admitir, elas servem como meros instrumentos pra violência retratada quase que inteiramente em figuras masculinas. E a leitura do Peckimpah sobre liberdade sexual feminina é defasada até pros padrões de cinco décadas atrás.
Triângulo da Tristeza
3.6 730 Assista AgoraUm filme obcecado pelo próprio argumento. Martela a mesma mensagem um zilhão de vezes e quando parece caminhar para um clímax interessante, se estende desnecessariamente por mais um ato inteiro.
Tem seus grandes momentos, mas o recheio entre eles é repetitivo, pouco sutil e, no geral, desinteressante.
Pinóquio
4.2 542 Assista AgoraMerece toda a aclamação só pela qualidade da animação. Que filme bonito da porra, e cheio de detalhes e movimento. Certamente o stop-motion mais impressionante que eu já vi.
A história é bem contada e gosto de como não fica na sombra do clássico da Disney. No entanto, com exceção de algumas ambientações, achei a animação pouco inventiva (ainda mais tratando-se de um Del Toro).
A Grande Aposta
3.7 1,3KExceto por alguns aspectos, não é exatamente um filme brilhante e tem lá seus excessos - aqui falo especialmente daquelas cenas explicativas que se intrometem na história. É legal da primeira vez com a Margot Robbie, depois fica tosco.
Mas mesmo assim, diria que é um dos meus filmes favoritos, ou ao menos um dos que mais me dá prazer de assistir. Adoro a edição e roteiro ágeis e a forma ao mesmo tempo cínica e preocupado como trata o escândalo que culminou na maior crise econômica de nosso tempo. Entretém muito, mas é aterrador na mesma medida.
Os Banshees de Inisherin
3.9 571 Assista AgoraUm conto sobre o homem animal e as atrocidades de que é capaz. Enquanto a guerra come solta lá fora, um bando de gente alienada molesta adolescentes, espalha intriga,
corta seus próprios dedos e incendeia a casa dos outros.
Gosto muito de como o roteiro, atuações e trabalho de câmera criam essa atmosfera tragicômica incômoda e instigante.
Hated: GG Allin and the Murder Junkies
3.7 74Tem pouquíssimo valor artístico, mas muito valor histórico. É um retrato cru e preciso de uma das figuras mais abjetas dos tempos recentes. Me faz pensar no quão mal essa rebeldia pretenciosa e vazia pode fazer a um ser humano e a outros ao seu redor.
Tár
3.7 395 Assista AgoraTár gravita ao redor de sua atriz principal. Que atuação de Cate Blanchett, essa mulher é simplesmente de outro mundo. É a melhor performance de uma das maiores atrizes da história. Coisa histórica mesmo.
O restante, da direção ao roteiro, é correto e contido o suficiente pra não atrapalhar o espetáculo principal - com alguns ocasionais momentos de maior destaque pro diretor Todd Field. Acho só que o filme é um pouco inchado, em algum momento tem dificuldade de encontrar um destino e se alonga um pouco.
O Castelo de Cagliostro
4.0 146 Assista AgoraFiquei surpreso com o nível de criatividade visual desse filme. É tudo muito charmoso e isso por si só me conquistou. O Lupin, por mais arquetípico que seja, é um personagem muito legal de acompanhar.
Pro meu gosto, tem muita cara de episódio de anime estendido. O formato funciona bem para narrativas de meia hora, mas cansa aplicada a um longa-metragem. Faltou um desenvolvimento mais fino ao roteiro e soluções menos previsíveis ou rocambolescas.
Glass Onion: Um Mistério Knives Out
3.5 651 Assista AgoraEm dado momento da trama fiquei cético quanto a história que o filme tava começando a construir. De início, a reviravolta um pouco antes da metade parece uma tentativa meio desastrada de Glass Onion se diferenciar do seu antecessor.
Exposição excessiva à parte, a tal reviravolta é bem construída e leva a caminhos muito interessantes. Soma-se isso ao ritmo delicioso e ao ótimo elenco, Glass Onion é dos filmes mais divertidos do ano. Não tão bem amarradinho quanto o Knives Out, mas igualmente bom.
Moscou Contra 007
3.7 198 Assista AgoraÉ ágil e descompromissado na medida certa. Uma boa diversão casual de um domingo à tarde com uma meia hora final muito gostosa de acompanhar, depois de um começo morno. Sean Connery está mais à vontade no papel.
O status de clássico da franquia é um pouco exagerado, ao meu ver. Pode ser minha falta de apreço a trejeitos definitivos dessa época do Bond, mas os diálogos risíveis e a misoginia excessiva até pros padrões do início dos anos 1960 me afastam.
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraPassada a euforia depois do filme, é difícil ignorar as várias coreografias mal montadas e ensaiadas e o fato de que há um desequilíbrio grande na dupla de protagonistas - Stone, óbvio, muito melhor que Gosling.
Mas é um musical com muita alma e amor pelo cinema, impossível de não se deixar entregar. Sua nostalgia é sempre contrabalanceada pela ânsia de dar ao público algo novo e narrativamente instigante.
La La Land não esconde sua natureza escapista - pelo contrário, faz questão de expô-la, e por isso é tão especial.
A Espinha do Diabo
3.8 350 Assista AgoraUm típico del Toro. Seus filmes são bonitos e bem filmados, com boas ideias visuais e objetos marcantes. O texto, porém, não acompanha - honrosa exceção à Labirinto do Fauno.
A boa construção da atmosfera é podada por um enredo que pena em achar uma direção e que, ao fim, é cafona na melhor das hipóteses.
Meu Pai
4.4 1,2K Assista AgoraNunca vi um filme retratar uma doença degenerativa como faz Meu Pai. Ao invés de se limitar a retratar o processo de degeneração, o filme molda sua narrativa em torno da natureza gradativa do Alzheimer, convidando o espectador à confusão e angústia vividas pelo personagem central.
A partir disso, o filme se constrói e se desconstrói ao mesmo tempo. Ganha corpo ao passo em que se despedaça mais e mais.
Além da atuação magistral de Anthony Hopkins (o tempo dirá se estou certo, mas acho das melhores que já vi), que estreia de Florian Zeller na direção. O uso dos espaços como objetos desconcertantes é nada menos que brilhante.
Paloma
3.9 59Um estudo de personagem muito sensível e que trata a protagonista-título de forma bastante respeitosa, sem abusar de clichês narrativos ou escolher caminhos fáceis para a trama.
Com exceção de um único momento, achei que o filme equilibrou muitíssimo bem a necessidade por mostrar os percalços da vida de uma travesti no interior do Pernambuco com suas alegrias e sonhos - por mais fugazes que sejam.
Laranja Mecânica
4.3 3,8K Assista AgoraDepois de vê-lo pela quarta ou quinta vez (desta vez, no cinema), cheguei a uma conclusão: Laranja Mecânica é um dos filmes mais pessimistas que existem. Tudo é corrompido ou corrompível. Não há aspecto deste mundo desconfortavelmente parecido com o nosso que se redime. É tudo sujeira, violência e ganância.