México, 1925. Dobbs (Humphrey Bogart) e Curtin (Tim Holt) foram tentar a sorte no país, mas as coisas não deram tão certo. Howard (Walter Huston), um velho minerador, convence os dois a juntarem-se a ele na procura por ouro. Os 3 enfrentam enormes dificuldades, mas o principal fator que pode realmente impedir o sucesso da empreitada é a ganância.
Baseado no romance homônimo de B. Traven, que por sua vez foi inspirado em eventos reais ocorridos durante a Revolução Mexicana, o filme segue três homens em busca de ouro nas montanhas mexicanas e explora temas como ganância e paranoia.
A produção foi parcialmente filmada no México, na cidade de Tampico, e isso proporcionou uma autenticidade visual à história muito necessária. John Huston valorizou a atmosfera realista do local, bem como as paisagens montanhosas, contribuindo, assim, para a ambientação do filme.
Além de contar com uma história super envolvente e que toca em temas profundamente humanos, como a tragédia da ganância, o longa é notável pela atuação brilhante de Humphrey Bogart no papel de Fred C. Dobbs. Sua transformação gradual de um homem esperançoso para um ser ganancioso e paranóico é considerada uma das melhores performances de sua carreira, quiçá da história do Cinema.
"O Tesouro de Sierra Madre" recebeu aclamação da crítica e do público, conquistando 3 Oscars, incluindo Melhor Diretor e Melhor Roteiro Adaptado. O filme também teve um impacto significativo na cultura pop, inspirando outras obras cinematográficas e sendo referenciado em diferentes contextos ao longo dos anos.
A combinação de qualidades da obra ajuda a explicar porque ela continua sendo um clássico admirado por milhares de pessoas, mesmo mais de 70 anos depois.
Para fechar, uma curiosidade: o filme apresenta uma rara oportunidade de ver Walter Huston, pai do diretor John Huston, atuando sob o comando de seu filho. Walter interpretou o experiente garimpeiro Howard, um personagem carismático que lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante.
Sherman McCoy (Tom Hanks), um arrogante magnata de Wall Street, está voltando do aeroporto com a sua amante (Melanie Griffith) e erra o caminho para chegar em Manhattan, chegando ao Bronx. Lá, ele atropela um homem negro, o que dá início à sua ruína.
O filme conta com um elenco impressionante, incluindo Tom Hanks, Bruce Willis, Melanie Griffith e Morgan Freeman. A presença de atores renomados contribuiu para o prestígio do filme à época. Mesmo assim, a recepção foi mista.
O livro de Tom Wolfe que serviu como fonte para a adaptação é conhecido por sua complexidade e riqueza de detalhes. A adaptação para o Cinema foi um desafio nesse sentido, já que o roteiro passou por diversas revisões a fim de capturar a essência do livro.
No entanto, mesmo com as tentativas de condensar a trama, o filme foi considerado pela crítica como uma versão simplória de um enredo mais complexo. O que eu, definitivamente, concordo.
O longa fez algumas mudanças significativas na trama em relação ao livro. Algumas delas, muito infelizes, como, por exemplo, o personagem de Tom Hanks ter sido suavizado e apresentado ao público de forma mais simpática e cômica, o que diverge do retrato mais ambíguo do personagem apresentado no livro.
É claro que a obra possui qualidades e a direção de Brian De Palma é a maior delas. Com sua mão sofisticada, De Palma sugere sutilezas interessantes e capta o ar tragicômico de uma comédia de erros que necessita de um olhar mais atento às nuances.
Tom Hanks é o que de melhor se vê no elenco. Bruce Willis também está bom, apesar de apagado. Aparece pouco e timidamente (no livro, seu personagem tem maior destaque já que a história é narrada por ele).
Melanie Griffith... bem, creio que nunca uma voz de uma mulher me irritou tanto quanto a voz dela aqui. Isso é um mérito da atriz. Porém, a personagem como um todo exigia uma veia cômica maior, que Griffith fica devendo, a meu ver. Prefiro Kim Cattrall no papel da esposa traída.
Esse é mais um caso de um filme que serve como um lembrete de como adaptações de livros podem ser mais desafiadoras do que parecem. Até mesmo de histórias triviais.
Dr. Yuri Jivago (Omar Sharif) é um médico e poeta que inicialmente apoia a Revolução Russa, mas, aos poucos, se desilude com o socialismo e se divide entre dois amores: a esposa Tania (Geraldine Chaplin) e a bela plebeia Lara (Julie Christie).
David Lean, meu filho, o que você fez aqui? Fiquei sem ar com esse filme. Um espetáculo! Belíssimo! Bravo! Bravo!
👏👏👏👏👏👏
Baseado no romance de Boris Pasternak, "Doutor Jivago" é um romance épico sobre um homem romântico e idealista que descobre aos poucos que a vida exige de si mais do que amor e ideais. O problema é que essa descoberta acontece da pior maneira, no meio da Revolução Russa.
O elenco está sensacional. A dupla de protagonistas está soberba. Christie e Sharif entregam um dos casais mais humanos, palpáveis e convincentes que já vi num filme. Estão espetaculares em seus papeis. Os dois me emocionaram em vários momentos. O restante do elenco também está formidável, com destaque para Alec Guinness, Geraldine Chaplin, Tom Courtenay, Rod Steiger e Ralph Richardson.
E o que dizer da trilha sonora? Da direção de arte? Da fotografia? Do figurino? Tudo aqui é um primor absoluto. Cinema dos grandes. Feito de um jeito que há muito tempo não se faz mais.
O destaque, assim como toda obra-prima, fica com o roteiro que, apesar de algumas licenças e de possuir alguns pontos que não me agradaram tanto no que tange à abordagem histórica, entrega um romance sensível, tocante e muito bonito. Como eu disse, fiquei emocionado em vários momentos.
Por favor, se você ama Cinema, você precisa assistir essa obra-prima do David Lean. Vai por mim. Sei que o tempo de duração não favorece, mas garanto que seus olhos e ouvidos irão te agradecer.
Uma jovem estudante de direito chamada Darby (Julia Roberts) escreve um artigo que lança suposições sobre o assassinato de duas autoridades da Suprema Corte e isso acaba fazendo com que ela se torne alvo dos mesmos assassinos. Forçada a se tornar uma foragida em Nova Orleans, ela é ajudada por Gray (Denzel Washington), um jornalista investigativo determinado a desmascarar os criminosos.
Olha, assim... por não ter lido o livro escrito por John Grisham, vou deixá-lo fora dessa, mas o fato é que eu fui muito condescendente com a narrativa proposta por Alan J. Pakula.
Quer dizer: vocês querem mesmo me convencer que uma jovem ESTUDANTE de direito cantou a pedra de uma intriga internacional que vitimou duas autoridades máximas da Suprema Corte antes de qualquer outra pessoa do mundo? E mais do que isso: que a redação que ela escreveu abalou as estruturas da organização criminosa que estava a um passo de implodir os alicerces da democracia dos EUA?
Isso apenas para pontuar somente dois aspectos que soam bastante inverossímeis na narrativa. Além, é claro, de outros tantos, como a redação, escrita pela protagonista (importante lembrar: uma ESTUDANTE de direito) ter chegado às mãos do presidente dos EUA em menos de, sei lá, 24 horas. Ou, então, o jornalista ter sido encontrado pela mesma estudante no meio do nada porque, segundo a mesma, ela fez "a pesquisa" dela de onde ele poderia estar.
Ai, gente. Sério? Humm kkkk bjs.
Acho que, se por um lado, o filme tem um apelo interessante da dupla "inovadora" de protagonistas que não vingou à época pelo racismo nosso de cada dia (sim, as pessoas não compraram o romance de Roberts e Washington, tanto que ele é atenuado ao máximo no longa, fazendo com que eles nem chegassem a se beijar por exigência dos produtores), por outro, a trama deixa MUITO a desejar e não convence. Pelo menos, não me convenceu.
Nem o sentido de urgência funciona aqui. Parece que o filme queria que notássemos que toda aquela situação era absurdamente bizarra e surreal, mas, na verdade, era apenas terça-feira e, no fim das contas, as pizzarias faturam mais com promoções. Então, tá tudo bem... rs
Depois da morte de sua esposa, Sam (Tom Hanks) se muda para Seattle com seu filho Jonah (Ross Malinger). Em um programa de rádio, enquanto Sam fala sobre seus sentimentos, a repórter Annie (Meg Ryan) se apaixona pelo homem que ouve e pelas coisas que ele fala.
De todos os filmes protagonizados por essa duplinha de ouro, este é meu favorito. "Sintonia de Amor" foi inspirado na história real de uma criança que ligou para um programa de rádio para encontrar uma nova parceira para o seu pai recém-viúvo. Essa história serviu de base para a trama envolvente escrita por Jeff Arch, Nora Ephron e David S. Ward.
Após o grande fracasso comercial de "Joe Contra o Vulcão", também protagonizado pela dupla, "Sintonia de Amor" foi um grande sucesso de bilheteria, arrecadando mais de 227 milhões de dólares mundialmente. O filme foi adorado pelo público e recebeu elogios da crítica, tornando-se um dos filmes mais memoráveis do gênero nos anos 90.
Hanks e Ryan estão formidáveis. Eles conseguem transmitir humanidade e verossimilhança para as suas personagens, tornando não só as suas respectivas motivações mais críveis, como também a história mais plausível.
Com uma trilha sonora encantadora, incluindo a música "When I Fall in Love", interpretada por Céline Dion e Clive Griffin e indicada ao Grammy de Melhor Canção Original, o filme foi ambientado em Seattle e aproveitou as belas paisagens da cidade como pano de fundo para a história. Alguns locais notáveis incluem o Mercado Pike Place e o Kerry Park.
O sucesso foi tão grande que o filme acabou ajudando a economia da cidade onde foi rodado, aumentando significativamente o turismo dela. Seattle ganhou destaque como um destino romântico para casais apaixonados, com muitos visitantes procurando recriar as cenas do filme.
Uma curiosidade: durante a cena final, em que Tom Hanks se declara para Meg Ryan, a reação que vemos de Ryan é espontânea e genuína, pois a atriz não sabia o que Hanks diria durante aquela cena. Essa espontaneidade conferiu um ar autêntico à cena final, deixando-a ainda mais bonita.
Dona de uma pequena livraria, Kathleen Kelly (Meg Ryan) odeia Joe Fox (Tom Hanks), proprietário da gigantesca rede de livrarias Foxbooks. Quando os dois se conhecem anonimamente pela internet, iniciam um romance on-line intenso e anônimo. Até que um dia, Joe descobre que a encantadora mulher por quem está apaixonado é, na verdade, sua rival número 1.
Doce, bela e divertida comédia romântica do finzinho dos anos 90, o que também a torna bem nostálgica.
Tom Hanks e Meg Ryan formaram um dos casais fictícios mais icônicos daquele tempo, uma parceria que deu muito certo. "Mensagem para você" marcou a terceira colaboração entre os dois, após o desastroso "Joe Contra o Vulcão" (1990) e o tocante "Sintonia de Amor" (1993). A química entre eles é evidente nos filmes.
O filme foi inspirado na peça de teatro húngara "Parfumerie", escrita por Miklós László. Essa peça também serviu de base para outros filmes, como "The Shop Around the Corner" (1940) e "In the Good Old Summertime" (1949).
A história explora a crescente popularidade da internet e do e-mail na década de 90. Nora Ephron incorporou elementos modernos da tecnologia à trama, mostrando como a comunicação virtual daquele tempo poderia afetar os relacionamentos interpessoais.
Meu problema foi com a “redenção” de Joe. Eu esperava que o personagem demonstrasse algum arrependimento mais contundente e vontade de corrigir os seus erros em relação à Kelly, como ter perseguido e minado o negócio dela, levando-a à falência, mesmo depois de ter descoberto que ela era a mulher anônima por quem havia se apaixonado. Mas não. Aparentemente, o fato dele ser "fofo" já é o suficiente para ser perdoado.
E, para fechar, uma curiosidade que talvez pouca gente saiba: o cineasta francês Jean-Pierre Jeunet, conhecido por dirigir "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" (2001), faz uma pequena aparição nesse filme como um turista num café.
Lord Hidetora (Tatsuya Nakadai), o grande líder do clã dos Ichimonjis, anuncia que pretende passar a "coroa" e dividir seus bens entre os seus três filhos. A notícia, no entanto, lança-os em uma forte disputa, que abala o patriarca e o enfraquece, além de levar todo o feudo e o legado da família à ruína.
UAU. Não é à toa que Kurosawa é o que é. Que obra-prima, meus amigos. Que obra-prima! Fiquei sem palavras ao terminar de assistir. Meu cérebro ficou processando tudo o que vi durante alguns dias.
É espantoso! É brutal! É assustadoramente belo o que esse filme nos entrega. Uma experiência que transcende e revela nuances muito ocultas do ser humano. Algo que apenas os mestres dos mestres conseguem fazer.
Uma história, aparentemente, simples e banal (quem nunca viu famílias brigarem por heranças?) acaba se tornando num emaranhado de acontecimentos que se sobrepõem e empurram a narrativa para uma caótica descida espiral de loucura, dor e sofrimento.
O elenco inteiro é excelente (incluindo os figurantes que são muitos e também dão um show aqui), mas eu gostaria de destacar dois atores: Tatsuya Nakadai e Mieko Harada. O patriarca e a nora. Uma relação deliciosamente ambígua, mas terrivelmente desonesta.
Enfim, OBRA-PRIMA é pouco para definir, mas na ausência de termo melhor, vai esse mesmo.
O chefão chinês Han (Shih Kien) realiza um torneio de artes marciais em sua ilha-fortaleza, mas o evento serve apenas de desculpa para o recrutamento de novos distribuidores de ópio. Lee (Bruce Lee) é chamado para investigar e conseguir provas de que algo muito errado está acontecendo na ilha.
Assistir Bruce Lee em ação é como ver uma águia voando alto no céu ou um tigre atacando de modo certeiro a sua presa. Um animal selvagem em sua plenitude, fazendo o que sabe fazer de melhor. Essa é a sensação que ele evoca em mim, como espectador, assistindo a sua arte.
O filme não é nem de longe um dos melhores filmes lançados em 1973, muito menos um dos melhores lançados na década de 70. Ainda assim, é um filme muito bom e que, apesar de sua história bobinha - uma desculpa para mostrar Lee dando uma surra nos outros -, tem ótimos momentos.
É verdade: ele tem lá alguns momentos que não envelheceram tão bem, talvez por estarem presos às dinâmicas de humor e entretenimento muito próprios da época em que foi lançado. No entanto, vale a pena ser visto. A sequência final, na sala de espelhos, é uma aula de criatividade e inventividade para um filme de ação.
Bonnie Parker (Faye Dunaway) se apaixona por um ex-presidiário, Clyde Barrow (Warren Beatty). Juntos, iniciam uma carreira de crimes, roubando carros e assaltando bancos até serem perseguidos pela polícia por todo o país.
Dirigido por Arthur Penn, "Bonnie e Clyde" é um filme tímida e despretensiosamente revolucionário que redefiniu o gênero dentro da linguagem cinematográfica, deixando uma marca indelével na história do Cinema.
Com uma mistura de drama, romance e ação, o filme conta a história verdadeira do famoso casal de criminosos Bonnie Parker e Clyde Barrow, uma dupla de bandidos que botou os EUA em polvorosa nos idos anos 30.
O filme enfrentou várias dificuldades durante a produção. Inicialmente, o roteiro de David Newman e Robert Benton foi rejeitado por diversos estúdios por sua abordagem inovadora e sua representação mais realista da violência. No entanto, Beatty acreditou no potencial do projeto e conseguiu convencer a Warner Bros. a financiar o filme.
Faye Dunaway foi selecionada entre várias atrizes conceituadas que estavam cotadas à época e seu desempenho impressionante lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz (este era apenas o 3º filme da carreira de Dunaway, um rosto não tão conhecido pelo grande público). Ela perdeu para Katharine Hepburn por "Adivinhe Quem Vem Para Jantar".
Falando em Oscar, o filme foi indicado a 9 categorias na edição de 1968, vencendo apenas duas delas: Melhor Atriz Coadjuvante para Estelle Parsons e Melhor Fotografia.
A direção de Arthur Penn é digna de elogios. Ele utilizou uma abordagem visualmente ousada para a época, com composições imagéticas e enquadramentos de câmera dinâmicos, além de uma edição inovadora. As sequências de ação são intensas e bem coreografadas, criando momentos de tensão que prendem o espectador na tela e que funcionam muito bem até hoje.
Inclusive, muitos afirmam - e não estão errados - que Penn reinventou Hollywood com este filme no fim dos anos 60, abrindo caminhos e dando o pontapé inicial ao que conhecemos hoje como "Nova Hollywood".
Este filmaço está saindo do catálogo da HBO Max. Últimos dias para conferir. Se ainda não viu, veja.
"Uma Aventura na Martinica" é um longa de aventura, suspense e romance dirigido por Howard Hawks, que oferece uma combinação surpreendente de ação, humor e química entre as personagens principais. Baseado no romance de Ernest Hemingway, o filme é tido como um verdadeiro tesouro da Sétima Arte. Não à toa.
Uma curiosidade interessante é o fato de que esse filme foi o responsável por unir pela primeira vez em cena Humphrey Bogart e Lauren Bacall. A química imediata entre os dois na tela é evidente desde o primeiro instante e eles acabaram se casando na vida real após as filmagens, tornando-se um dos casais mais icônicos da Gold Hollywood.
Outro detalhe interessante é que o roteiro passou por diversas revisões durante as filmagens. William Faulkner, um renomado escritor (vencedor do Prêmio Nobel de Literatura), foi contratado para trabalhar no roteiro juntamente com o diretor.
Durante o processo, eles fizeram várias mudanças significativas na trama original e nas falas das personagens, incorporando diálogos que acabaram se tornando memoráveis.
O desempenho de Lauren Bacall em sua estreia no cinema também é digno de destaque. Com apenas 19 aninhos na época, ela demonstrou uma presença magnética e uma maturidade cênica muito além da sua idade, conquistando o público e a crítica com sua voz aveludada e sedutora, além do olhar penetrante.
O famoso diálogo proferido por Bacall "You know how to whistle, don't you, Steve? You just put your lips together and blow" se tornou uma das falas mais icônicas da história do Cinema, servindo de referência para diversos filmes e músicas da cultura pop.
Além das performances memoráveis, o filme também apresenta uma direção habilidosa de Hawks. Ele equilibra perfeitamente a ação, o romance e o suspense, criando sequências de tirar o fôlego e momentos de tensão que mantêm o espectador envolvido ao longo da trama.
A cinematografia de Sidney Hickox é outro aspecto notável. Ele captura o sentido do cenário tropical da Martinica, onde a história se desenrola, com imagens deslumbrantes e composições visualmente belíssimas.
Toscana do século XVII, Itália. Aos 8 anos, a noviça Benedetta Carlini (Virginie Efira) é trazida ao Convento Teatino da Mãe de Deus, em Pescia, como noiva de Jesus Cristo. Dezoito anos depois, a chegada de uma nova freira, Bartolomea (Daphne Patakia), desperta novos sentimentos em Benedetta.
Dirigido por Paul Verhoeven, "Benedetta" é um filme ousado e provocativo (a igreja católica que o diga) que mergulha na vida de uma freira no século XVII e suas experiências de fé, desejo e repressão.
Com uma narrativa corajosa e instigante, contando com performances espetaculares, o filme explora de maneira intensa a sexualidade posta em temas absolutamente tidos como tabus pela sociedade ATÉ os dias de hoje, mesmo 4 séculos depois.
O roteiro foi baseado em uma história real. Ele foi inspirado na vida da freira Benedetta Carlini, que viveu no convento de Pescia, na Itália daquela época. A história de Benedetta, seus supostos milagres e seu relacionamento homoafetivo com uma colega freira foram descobertos em documentos históricos e serviram como base para a trama do filme.
A escolha da atriz Virginie Efira para o papel principal também é digna de nota. Sua atuação é, simplesmente, magnética. Ela incorpora a personagem com uma intensidade impressionante. Efira conseguiu transmitir a complexidade e as emoções conflitantes de Benedetta, fazendo uma entrega arrebatadora. Revendo pela segunda vez, isso ficou ainda mais nítido para mim.
Conhecido por sua abordagem provocadora e por desafiar convenções sociais, Verhoeven cria uma atmosfera visceral e perturbadora. Sua direção habilidosa equilibra os elementos eróticos e religiosos do filme, criando uma sinergia entre as sequências que provoca reflexões sobre o poder e a hipocrisia institucionalizados.
A reconstituição histórica é cuidadosa, minuciosa e transporta o espectador para a Itália do século XVII. A direção de arte e o figurino são deslumbrantes, criando um ambientação visualmente rica e autêntica.
O filme, selecionado para a competição oficial do Festival de Cannes, em 2021, é uma ótima opção para assistir e celebrar o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+. 🌈
Baseado em uma história do folclore da Dinastia Joseon (período da Coreia do Sul, que vai de 1392 a 1897), chamada Janghwa Hongryeon jeon (traduzida, ao pé da letra para "A História de Janghwa (Flor Vermelha) e Hongryeon (Lotus Vermelha), o filme narra a história de duas irmãs que vivem num casarão com o seu pai, sua madrasta e alguns fantasmas do passado que as assombram terrivelmente.
O terror psicológico se destaca pela sua narrativa intricada e atmosférica, cujo visual é impressionante. Dirigido por Kim Jee-woon, ele oferece uma experiência intensa e perturbadora, combinando elementos de suspense, mistério e horror a fim de criar uma obra-prima do gênero.
Cada cena é cuidadosamente construída para transmitir uma sensação de suspense e desconforto, com atenção aos pequenos detalhes que contribuem para a atmosfera sombria do filme. Os cenários e figurinos refletem a dualidade presente na história, criando um contraste visual intrigante.
O desempenho do elenco também merece destaque, especialmente as atrizes Im Soo-jung e Moon Geun-young, que interpretam as irmãs protagonistas. As atuações são convincentes e contribuem para a intensidade emocional requerida pelas cenas.
Além disso, "Medo" é habilmente construído em termos de estrutura narrativa. O filme apresenta reviravoltas surpreendentes e revelações chocantes, que mantêm o espectador engajado, tentando adivinhar o desenrolar da trama. A forma como a história é contada, alternando entre passado e presente, coloca uma cobertura de mistério muito interessante.
Só não dei total porque acho que, em certos momentos, o filme aposta muito num terror hollywoodiano convencional, o que faz com ele traga muitos elementos de computação gráfica que acabaram ficando datados depois de 20 anos, infelizmente. Isso, querendo ou não, tira um pouco o espectador da história contada.
Jack (Leonardo DiCaprio), um pobre artista, e Rose (Kate Winslet), uma jovem rica, se conhecem e se apaixonam durante a primeira e última viagem do Titanic, em 1912.
Podem não gostar ou falar mal, mas essa história é o mais próximo do feito de "Romeu e Julieta", a maior história de amor já contada pelo homem, que a contemporaneidade conseguiu chegar. Um amor absoluto, romântico e idealizado.
Espanta notar "Titanic" como obra cinematográfica. É um marco colossal. O que Cameron e sua equipe conseguiram realizar aqui foi algo assim... sem precedentes. Um feito cinematográfico que se impõe até os dias de hoje, mesmo se passando mais de 25 anos, e me faz ter dor de cabeça só de imaginar todo o perrengue para filmá-lo.
O meticuloso trabalho de pesquisa e recriação do navio e toda a logística para rodar as cenas e sequências é o que, na minha opinião, fez o filme alcançar o sucesso retumbante que alcançou, e que ecoa até os dias de hoje.
O filme, que se vale de um fato histórico, o trágico naufrágio do Titanic que vitimou pouco mais de 1500 pessoas, narra o romance ficcional de dois jovens de classes sociais diferentes, fazendo uma combinação de elementos cinematográficos de alto nível e conquistando um lugar especial na história do Cinema.
James Cameron tinha um interesse genuíno pelo Titanic e dedicou anos de pesquisa para recriar os detalhes históricos com precisão. Muitos elementos, como os trajes, os cenários e a própria aparência do navio, foram cuidadosamente reconstruídos para capturar a atmosfera da época.
A produção enfrentou uma série de desafios técnicos. Cameron utilizou tecnologia de ponta para criar cenas subaquáticas realistas e transmitir a sensação de estar dentro do navio durante o naufrágio. A escala monumental das filmagens e a complexidade das cenas envolvendo efeitos especiais e visuais foram inovadoras para a época. E assusta constatar como elas envelheceram bem quase 3 décadas depois.
O desempenho do elenco é notável. Leonardo DiCaprio e Kate Winslet entregaram atuações excepcionais para a pouca idade que tinham, criando uma química palpável em tela. Eles estão formidáveis e dão credibilidade para o roteiro (que peca um pouco na construção do romance). Há também as participações mais que especiais de Gloria Stuart, Kathy Bates, Frances Fisher, Victor Garber, Bernard Hill e muitos outros. Até Billy Zane dá para passar de ano.
A trilha sonora de James Horner é algo que me emociona de tão linda, delicada e tocante. Composições belíssimas embalam as cenas de uma maneira espetacular. Uma verdadeira aula de trilha incidental bem feita. E não podemos deixar de citar a música tema, "My Heart Will Go On", interpretada por Céline Dion. Outro marco que atravessou gerações de diferentes maneiras, indo de óperas nos maiores teatros do mundo a vídeos engraçados no TikTok.
Bom, eu poderia continuar tecendo elogios e mais elogios à obra. Falando, inclusive, que até mesmo o tempo de duração dele, alvo de críticas de seus detratores, não é um problema para mim. Suas mais de 3 horas de duração passam e não se deixam sentir. Pelo menos, não comigo. Revendo o filme, eu simplesmente não senti o tempo passar. O ritmo é um primor.
Vale dizer que revi o filme semanas antes de toda essa presepada com o submarino da OceanGate. Apenas coincidiu o momento de postá-lo com a fato ocorrido. Mais uma ironia do destino. rsrs
Durante a visita de dois casais às cataratas do Niagara, fortes tensões surgem entre Rose (Marilyn Monroe) e seu marido, George (Joseph Cotten). A situação se agrava quando o segundo casal (Jean Peters e Max Showalter) acaba se envolvendo na história.
Eu não esperava nada desse filme e ele me surpreendeu bastante. Achei ele ousado e, em certa medida, corajoso pelas escolhas que fez. Sobretudo, o filme é muito bem dirigido por Henry Hathaway, que entrega uma direção classuda à altura da Gold Hollywood.
A cereja do bolo, no entanto, é poder conferir Monroe num de seus melhores desempenhos da carreira, vivendo uma de suas fases mais belas diante das câmeras. Ela está ótima como Rose Loomis (e não estou falando isso porque sou seu fã, não). Acho, de verdade, que de muitas maneiras ela se supera nesse papel e vai além.
O roteiro é super criativo e instigante, como todo filme de investigação que se preze deve ser. Você percorre quase boa parte da trama com muitas ideias quase cristalizadas, mas elas se dissipam muitas vezes e se reconstroem. O fato dos personagens não serem tão unilaterais (como se espera de um filme dessa época) também é um fator que conta pontos positivos.
Enfim, taí um ótimo exemplo de um filme que é tido como tímido nas filmografias daqueles que nele estão, mas que se revela deliciosamente notável.
Um filme que faz jus ao seu título, "Contos Imorais" é uma coletânea de 4 episódios autônomos, totalmente imorais e depravados, que incluem cenas de orgias, masturbação e de outras práticas sexuais que chocam pessoas do mundo todo, como incesto, estupro e zoofilia.
Temos aqui um filme que se perde na tentativa de ser provocativo e transgressor, falhando também em oferecer uma narrativa coerente e envolvente. Infelizmente, a falta de coesão e a natureza desarticulada das histórias prejudicam seriamente a experiência, na minha opinião, claro.
Uma das principais falhas é a sua abordagem desleixada em relação aos temas considerados "imorais". Em vez de explorar esses temas de forma provocativa e instigante, o filme se entrega a uma narrativa desorganizada e desconexa, onde o choque e a provocação parecem ser mais importantes do que a construção de personagens ou a criação de um enredo significativo. Fica o choque pelo choque. Um sensacionalismo barato.
Além disso, o filme carece de uma direção menos machista e misógina, como também de uma visão artística mais consistente. Se a ideia era tão simplesmente gravar cenas escandalosas de sexo, por que não fazer um filme pornô de uma vez? O campo pornográfico dá tanto pano pra manga nesse sentido. Inclusive, acho que seria mais honesto da parte de Borowczyk.
Outro aspecto problemático do filme são as representações objetificadoras das mulheres. As personagens femininas são absolutamente reduzidas a estereótipos sexuais, exploradas através de cenas desnecessárias e gratuitas. Isso contribui para uma explícita atmosfera misógina, como poucas vezes vi num filme. O que é bem triste, parando para pensar.
No que diz respeito à execução técnica, "Contos Imorais" também deixa a desejar, o que dificulta seu status "cult". A direção de fotografia é inconsistente, alternando entre momentos visualmente interessantes e sequências mal iluminadas e mal enquadradas. A edição muitas vezes parece desajeitada, prejudicando ainda mais a experiência.
Enfim, terminei de assistir ao filme quase vomitando. Não recomendo, mas, se quiser ver, prepare-se.
Na cidade de Paterson, em Nova Jersey, um pacato motorista de ônibus (Adam Driver) usa sua poesia para destacar eventos do seu cotidiano. Assim, acompanhamos a sua rotina em casa com a esposa (Golshifteh Farahani) e nas ruas, sendo um poeta.
Delicadeza. Acho que essa é a palavra que melhor define "Paterson". Um filme de Jim Jarmusch que, para mim, foi mais uma belíssima experiência proporcionada pelo diretor. Tão delicado, tão sensível. Tão profundo.
Um lindo exercício ao qual podemos nos lançar para treinar nosso olhar sobre as belezas que existem ao redor. E suas potencialidades também. Um motorista de ônibus não é só um motorista de ônibus. Nunca é.
Entre tantas cenas lindas que eu poderia destacar, trago a maravilhosa cena em que Driver conversa com uma garotinha na rua e ela lê para ele um poema que ela escreveu, intitulado "Waterfalls". Que texto lindo. Que interpretação fascinante, tanto da atriz mirim quanto do próprio Driver que apenas fica ali escutando maravilhado. Coisa fina demais.
Fica aqui a recomendação de um filme que eu demorei demais para ver, mas que me cativou bastante. Espero que a beleza dele toque você também.
Na Berlim dos anos 1970, uma adolescente de 13 anos chamada Christiane (Natja Brunckhorst) se apaixona por um traficante de drogas (Thomas Haustein). No entanto, sua vida começa a desmoronar quando ela se torna uma viciada em heroína e começa a se prostituir para bancar seu vício.
"Eu, Christiane F. - 13 Anos, Drogada e Prostituída" é um filme impactante (e que continua assim mesmo mais de 40 anos depois). Retrata a vida turbulenta de uma jovem adolescente em meio ao submundo das drogas e da prostituição.
Baseado em eventos reais e no livro autobiográfico de Christiane Felscherinow, o filme dirigido por Uli Edel aborda temas sombrios e perturbadores, oferecendo uma visão corajosa e honesta sobre os perigos do vício e os desafios enfrentados por jovens que caem nessa cilada.
Christiane Felscherinow, cuja vida serviu de inspiração para a história, participou ativamente das filmagens como consultora e esteve envolvida no processo criativo. Sua presença e contribuição trouxeram uma autenticidade única ao filme, permitindo uma representação mais fiel dos eventos que ela vivenciou.
A direção de Uli Edel é habilidosa ao retratar de maneira crua a realidade sombria da vida nas ruas de Berlim na década de 1970. A fotografia sombria contribui para a criação de uma atmosfera pesada e opressiva, refletindo a dura realidade enfrentada pelos personagens.
O elenco está formidável. Brunckhorst está ótima. Ela não era atriz. Era apenas uma garota que recebeu um convite para fazer um filme. A vida quis que ela fizesse sua carreira escrevendo roteiros, mas bem que poderia ter seguido como atriz. Há ainda uma bela participação de David Bowie (como ele mesmo) no filme. Uma cena em que ele canta uma de suas músicas, cuja história de bastidores guarda uma terrível coincidência.
O que mais me impressionou nesse filme é como ele consegue, ainda hoje, mesmo mais de 40 anos depois, ser tão impactante em sua temática e abordagem. Cenas hiper-realistas me fizeram tampar os olhos algumas vezes. É muito devastador notar o que pode acontecer com uma criança ou adolescente numa sociedade indiferente, fria e cruel.
Inspirado em um poema de Castro Alves, o filme faz um retrato da situação política, cultural e racional do Brasil no final dos anos 70. A obra assume um tom profético e religioso, e reconta o mito cristão por meio de símbolos e costumes da cultura brasileira.
ChaaaaatooooozzzZzzZzzz.
Acho a ideia por trás desse filme muito legal e louvável, a crítica que Glauber quis tecer e tal, mas a execução... putz. Definitivamente, um dos filmes mais chatos e maçantes que já assisti.
Queria muito ter gostado, mas não rolou, infelizmente. No entanto, reconheço suas qualidades, como a cinematografia, alguns depoimentos interessantes (como o do jornalista Castelo Branco) e o elenco recheado de boas surpresas. Mas, no geral, a experiência comigo foi bem ruim, sacal e cansativa.
Glauber Rocha, conte comigo para quase todas as coisas.
Alan Parrish (Robin Williams) desapareceu quando era menino e ninguém acredita na história de sua amiga (Bonnie Hunt) de que ele foi sugado por um jogo de tabuleiro.
Vinte e seis anos depois, duas crianças (Kirsten Dunst e Bradley Pierce) acham o jogo no sótão da velha casa dos Parrish e, quando começam a jogar, Alan, finalmente, é libertado. Contudo, a aventura está apenas começando.
Realmente, existe uma grande diferença em assistir um filme como "Jumanji" ainda criança e depois de adulto. Para além de alguns quesitos técnicos e artísticos que envelheceram mal, a história em si não foi concebida para todos os públicos, concentrando-se somente no infantil. O que não é um problema, necessariamente.
Não queira saber o porquê (nem eu saberia dizer), mas eu não havia visto o filme quando criança. Logo, não possuo nenhuma memória afetiva dele. Quando pequeno, via apenas algumas cenas, mas nunca tive a oportunidade de conferi-lo inteiro.
Ouvindo um podcast que falava sobre "Jumanji" e "Zathura" (esse segundo, sim, assistia muito na pré-adolescência), ambos escritos por Chris Van Allsburg, fiquei curioso para conferir "Jumanji".
Muitos efeitos especiais e visuais estão absolutamente datados (acho que os macacos travessos são a maior prova disso). A verdade é que poucos sobreviveram à prova do tempo.
O maior charme de "Jumanji", no entanto, não está em todos esses apetrechos que enchem os olhos infantis (leões ferozes, vespas gigantes e debandadas de rinocerontes). Está em sua deliciosa fábula. Isso, sim, é algo, realmente, encantador no filme e justifica o seu sucesso, que se arrasta até hoje, e o carinho que tantos sentem por ele.
E para completar, "Jumanji" tem um grande trunfo: Robin Williams. É impressionante como Williams era amigo da câmera. O set de filmagem era seu habitat natural. Ele era um ator genuíno, na acepção mais bonita da palavra. Conseguia engrandecer qualquer produção, apenas existindo nela. Como ele faz falta.
Vicky (Sally Dramé) é uma garota solitária que possui um dom quase sobrenatural relacionado a seu olfato. Ela vive com seus pais, Joanne (Adèle Exarchopoulos) e Jimmy (Moustapha Mbengue), numa província francesa. Quando a irmã de seu pai, Julia (Swala Emati), entra em suas vidas após ser libertada da prisão, sua presença traz de volta o passado de uma forma surpreendente.
Rapaz, pense num filme que prendeu minha atenção do início ao fim. Achei super ousado, interessante e, sobretudo, intrigante. Fiquei arquitetando mil e uma possibilidades na minha cabeça enquanto assistia seus pouco mais de 90 minutos.
Trata-se de um filme que permite ao espectador explorar N interpretações. Ele não é tão fechado. Pelo menos, não em tudo. Logo, você está livre para entendê-lo como preferir e achar melhor. Eu, particularmente, acho isso o máximo.
Não sou profundo conhecedor da carreira de Exarchopoulos (essa atriz de talento tão grande quanto o sobrenome impronunciável). Já a vi em dois momentos muito especiais: o primeiro em "Azul é a Cor Mais Quente" (2013), numa atuação bonita e tocante. E o segundo em "Os Cinco Diabos", em outra atuação igualmente bela, contudo, mais sóbria, fria e distante.
Na minha opinião, Dramé, a atriz mirim, é a grata surpresa do longa. A atuação dela é interessantíssima. Suas feições são tão expressivas e marcantes que fica difícil não se encantar ou se deixar levar por onde quer sua personagem transite.
O roteiro é um mistério só. Fala de um monte de coisas e, ao mesmo tempo, é uma aula de como manter o foco de uma história mesmo com tantos elementos ao redor. Eu fiquei vidrado na tela. A narrativa é, realmente, algo muito interessante.
Eu só não dei nota máxima porque acho que a resolução deixou um pouquinho a desejar. Não sei se por pressa ou por falta de tempo, mas deixou (a meu ver).
Ah, e uma coisa que me intrigou bastante. Eu, realmente, não consegui capturar o porquê do título. Fiz todas as somas e equações possíveis, mas não encontrei como resultado o número 5. Vou ficar devendo essa. Se alguém souber explicar, por favor, explique! rs
Uma jovem chamada Tess (Georgina Campbell) descobre que a casa que alugou para passar uns dias já está ocupada por um homem (Bill Skarsgård). Indo contra seu instinto de ir embora e não ficar na casa já ocupada pelo estranho, ela decide passar pelo menos uma noite, mas logo ela irá perceber que fez a pior escolha.
"Noites Brutais" tem uma primeira metade, realmente, muito boa. Excelente, eu diria. Um clima de tensão que te prende na ponta do sofá e te faz pensar em um milhão de possibilidades e hipóteses.
No entanto, eu achei que a segunda metade começa promissora, mas vai decaindo um pouco e perdendo o fôlego à medida que avança para o final. Em termos narrativos, vai se tornando um filme cada vez mais clichê. Diferentemente da primeira metade, em que o filme subverte o gênero várias vezes.
Não vou falar mais para não entregar muito da história e estragar a brincadeira. Vou só dizer que vale a pena assistir. É divertido. Funciona muito bem como um suspense à moda antiga, mas com elementos novos que tornam a experiência mais revigorante.
No dia de sua aposentadoria, o detetive Jerry Black (Jack Nicholson) descobre que o corpo de uma menina de 8 anos de idade é encontrado e se oferece para participar da investigação. Um jovem policial ambicioso arranca uma confissão de um suspeito e o caso parece estar resolvido, mas não para Jerry.
Se Jack Nicholson não é o suficiente para você se convencer de assistir "A Promessa", talvez Robin Wright, Benicio del Toro, Aaron Eckhart, Mickey Rourke, Harry Dean Stanton, Helen Mirren, Patricia Clarkson e Vanessa Redgrave juntos te convençam. Sim, esse filme tem um dos elencos mais incríveis dos anos 2000.
O filme tem um roteiro intrigante que vai prender a sua atenção do início ao fim. E, apesar do final ser um pouco frustrante na minha opinião, reconheço que ele foi bem ousado e corajoso.
Sandra (Marion Cotillard) é uma jovem que tem apenas um fim de semana para convencer seus colegas de que eles devem desistir de seus bônus salariais para que ela mantenha o seu próprio emprego, uma tarefa que se revelará árdua e muito exaustiva mental e emocionalmente.
É curioso notar como histórias simples como essa podem nos ensinar grandes lições de vida. E os irmãos Dardenne conduzem tudo isso muitíssimo bem, transmitindo toda a realidade e os sentimentos de frustração e angústia pelos quais a protagonista passa.
Viver não é fácil. Sobreviver, então, menos ainda. Numa sociedade estruturalmente falha e desonesta chega a ser uma missão impossível. Não quero entregar o cerne da questão, mas o filme consegue tecer sua crítica sem soar panfletário e esse é seu maior mérito, eu diria.
Cotillard é uma grande atriz e aqui ela nos lembra disso, mais uma vez. Defende sua Sandra com uma naturalidade e uma honestidade invejáveis. Talvez por Sandra ser uma mulher tão comum, tão real, tão palpável, que logo na sua primeira cena conseguimos comprar toda a ideia por trás, mas nem por isso podemos tirar o mérito de Cotillard, que defende sua personagem lindamente. Não à toa, o filme recebeu uma nomeação ao Oscar na categoria de Melhor Atriz.
Indicado à Palma de Ouro, "Dois Dias, Uma Noite" é um filme obrigatório que aborda questões sociais e humanas de maneira intensa e comovente, além de nos levar a mergulhar nos dilemas e complexidades de uma pessoa desesperada por sobreviver (leia-se: manter o seu emprego).
O Tesouro de Sierra Madre
4.4 168 Assista AgoraThe Treasure of the Sierra Madre (1948)
México, 1925. Dobbs (Humphrey Bogart) e Curtin (Tim Holt) foram tentar a sorte no país, mas as coisas não deram tão certo. Howard (Walter Huston), um velho minerador, convence os dois a juntarem-se a ele na procura por ouro. Os 3 enfrentam enormes dificuldades, mas o principal fator que pode realmente impedir o sucesso da empreitada é a ganância.
Baseado no romance homônimo de B. Traven, que por sua vez foi inspirado em eventos reais ocorridos durante a Revolução Mexicana, o filme segue três homens em busca de ouro nas montanhas mexicanas e explora temas como ganância e paranoia.
A produção foi parcialmente filmada no México, na cidade de Tampico, e isso proporcionou uma autenticidade visual à história muito necessária. John Huston valorizou a atmosfera realista do local, bem como as paisagens montanhosas, contribuindo, assim, para a ambientação do filme.
Além de contar com uma história super envolvente e que toca em temas profundamente humanos, como a tragédia da ganância, o longa é notável pela atuação brilhante de Humphrey Bogart no papel de Fred C. Dobbs. Sua transformação gradual de um homem esperançoso para um ser ganancioso e paranóico é considerada uma das melhores performances de sua carreira, quiçá da história do Cinema.
"O Tesouro de Sierra Madre" recebeu aclamação da crítica e do público, conquistando 3 Oscars, incluindo Melhor Diretor e Melhor Roteiro Adaptado. O filme também teve um impacto significativo na cultura pop, inspirando outras obras cinematográficas e sendo referenciado em diferentes contextos ao longo dos anos.
A combinação de qualidades da obra ajuda a explicar porque ela continua sendo um clássico admirado por milhares de pessoas, mesmo mais de 70 anos depois.
Para fechar, uma curiosidade: o filme apresenta uma rara oportunidade de ver Walter Huston, pai do diretor John Huston, atuando sob o comando de seu filho. Walter interpretou o experiente garimpeiro Howard, um personagem carismático que lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante.
A Fogueira das Vaidades
3.1 89The Bonfire of the Vanities (1990)
Sherman McCoy (Tom Hanks), um arrogante magnata de Wall Street, está voltando do aeroporto com a sua amante (Melanie Griffith) e erra o caminho para chegar em Manhattan, chegando ao Bronx. Lá, ele atropela um homem negro, o que dá início à sua ruína.
O filme conta com um elenco impressionante, incluindo Tom Hanks, Bruce Willis, Melanie Griffith e Morgan Freeman. A presença de atores renomados contribuiu para o prestígio do filme à época. Mesmo assim, a recepção foi mista.
O livro de Tom Wolfe que serviu como fonte para a adaptação é conhecido por sua complexidade e riqueza de detalhes. A adaptação para o Cinema foi um desafio nesse sentido, já que o roteiro passou por diversas revisões a fim de capturar a essência do livro.
No entanto, mesmo com as tentativas de condensar a trama, o filme foi considerado pela crítica como uma versão simplória de um enredo mais complexo. O que eu, definitivamente, concordo.
O longa fez algumas mudanças significativas na trama em relação ao livro. Algumas delas, muito infelizes, como, por exemplo, o personagem de Tom Hanks ter sido suavizado e apresentado ao público de forma mais simpática e cômica, o que diverge do retrato mais ambíguo do personagem apresentado no livro.
É claro que a obra possui qualidades e a direção de Brian De Palma é a maior delas. Com sua mão sofisticada, De Palma sugere sutilezas interessantes e capta o ar tragicômico de uma comédia de erros que necessita de um olhar mais atento às nuances.
Tom Hanks é o que de melhor se vê no elenco. Bruce Willis também está bom, apesar de apagado. Aparece pouco e timidamente (no livro, seu personagem tem maior destaque já que a história é narrada por ele).
Melanie Griffith... bem, creio que nunca uma voz de uma mulher me irritou tanto quanto a voz dela aqui. Isso é um mérito da atriz. Porém, a personagem como um todo exigia uma veia cômica maior, que Griffith fica devendo, a meu ver. Prefiro Kim Cattrall no papel da esposa traída.
Esse é mais um caso de um filme que serve como um lembrete de como adaptações de livros podem ser mais desafiadoras do que parecem. Até mesmo de histórias triviais.
Doutor Jivago
4.2 311Doctor Zhivago (1965)
Dr. Yuri Jivago (Omar Sharif) é um médico e poeta que inicialmente apoia a Revolução Russa, mas, aos poucos, se desilude com o socialismo e se divide entre dois amores: a esposa Tania (Geraldine Chaplin) e a bela plebeia Lara (Julie Christie).
David Lean, meu filho, o que você fez aqui? Fiquei sem ar com esse filme. Um espetáculo! Belíssimo! Bravo! Bravo!
👏👏👏👏👏👏
Baseado no romance de Boris Pasternak, "Doutor Jivago" é um romance épico sobre um homem romântico e idealista que descobre aos poucos que a vida exige de si mais do que amor e ideais. O problema é que essa descoberta acontece da pior maneira, no meio da Revolução Russa.
O elenco está sensacional. A dupla de protagonistas está soberba. Christie e Sharif entregam um dos casais mais humanos, palpáveis e convincentes que já vi num filme. Estão espetaculares em seus papeis. Os dois me emocionaram em vários momentos. O restante do elenco também está formidável, com destaque para Alec Guinness, Geraldine Chaplin, Tom Courtenay, Rod Steiger e Ralph Richardson.
E o que dizer da trilha sonora? Da direção de arte? Da fotografia? Do figurino? Tudo aqui é um primor absoluto. Cinema dos grandes. Feito de um jeito que há muito tempo não se faz mais.
O destaque, assim como toda obra-prima, fica com o roteiro que, apesar de algumas licenças e de possuir alguns pontos que não me agradaram tanto no que tange à abordagem histórica, entrega um romance sensível, tocante e muito bonito. Como eu disse, fiquei emocionado em vários momentos.
Por favor, se você ama Cinema, você precisa assistir essa obra-prima do David Lean. Vai por mim. Sei que o tempo de duração não favorece, mas garanto que seus olhos e ouvidos irão te agradecer.
O Dossiê Pelicano
3.4 158The Pelican Brief (1993)
Uma jovem estudante de direito chamada Darby (Julia Roberts) escreve um artigo que lança suposições sobre o assassinato de duas autoridades da Suprema Corte e isso acaba fazendo com que ela se torne alvo dos mesmos assassinos. Forçada a se tornar uma foragida em Nova Orleans, ela é ajudada por Gray (Denzel Washington), um jornalista investigativo determinado a desmascarar os criminosos.
Olha, assim... por não ter lido o livro escrito por John Grisham, vou deixá-lo fora dessa, mas o fato é que eu fui muito condescendente com a narrativa proposta por Alan J. Pakula.
Quer dizer: vocês querem mesmo me convencer que uma jovem ESTUDANTE de direito cantou a pedra de uma intriga internacional que vitimou duas autoridades máximas da Suprema Corte antes de qualquer outra pessoa do mundo? E mais do que isso: que a redação que ela escreveu abalou as estruturas da organização criminosa que estava a um passo de implodir os alicerces da democracia dos EUA?
Isso apenas para pontuar somente dois aspectos que soam bastante inverossímeis na narrativa. Além, é claro, de outros tantos, como a redação, escrita pela protagonista (importante lembrar: uma ESTUDANTE de direito) ter chegado às mãos do presidente dos EUA em menos de, sei lá, 24 horas. Ou, então, o jornalista ter sido encontrado pela mesma estudante no meio do nada porque, segundo a mesma, ela fez "a pesquisa" dela de onde ele poderia estar.
Ai, gente. Sério? Humm kkkk bjs.
Acho que, se por um lado, o filme tem um apelo interessante da dupla "inovadora" de protagonistas que não vingou à época pelo racismo nosso de cada dia (sim, as pessoas não compraram o romance de Roberts e Washington, tanto que ele é atenuado ao máximo no longa, fazendo com que eles nem chegassem a se beijar por exigência dos produtores), por outro, a trama deixa MUITO a desejar e não convence. Pelo menos, não me convenceu.
Nem o sentido de urgência funciona aqui. Parece que o filme queria que notássemos que toda aquela situação era absurdamente bizarra e surreal, mas, na verdade, era apenas terça-feira e, no fim das contas, as pizzarias faturam mais com promoções. Então, tá tudo bem... rs
Sintonia de Amor
3.4 232Sleepless in Seattle (1993)
Depois da morte de sua esposa, Sam (Tom Hanks) se muda para Seattle com seu filho Jonah (Ross Malinger). Em um programa de rádio, enquanto Sam fala sobre seus sentimentos, a repórter Annie (Meg Ryan) se apaixona pelo homem que ouve e pelas coisas que ele fala.
De todos os filmes protagonizados por essa duplinha de ouro, este é meu favorito. "Sintonia de Amor" foi inspirado na história real de uma criança que ligou para um programa de rádio para encontrar uma nova parceira para o seu pai recém-viúvo. Essa história serviu de base para a trama envolvente escrita por Jeff Arch, Nora Ephron e David S. Ward.
Após o grande fracasso comercial de "Joe Contra o Vulcão", também protagonizado pela dupla, "Sintonia de Amor" foi um grande sucesso de bilheteria, arrecadando mais de 227 milhões de dólares mundialmente. O filme foi adorado pelo público e recebeu elogios da crítica, tornando-se um dos filmes mais memoráveis do gênero nos anos 90.
Hanks e Ryan estão formidáveis. Eles conseguem transmitir humanidade e verossimilhança para as suas personagens, tornando não só as suas respectivas motivações mais críveis, como também a história mais plausível.
Com uma trilha sonora encantadora, incluindo a música "When I Fall in Love", interpretada por Céline Dion e Clive Griffin e indicada ao Grammy de Melhor Canção Original, o filme foi ambientado em Seattle e aproveitou as belas paisagens da cidade como pano de fundo para a história. Alguns locais notáveis incluem o Mercado Pike Place e o Kerry Park.
O sucesso foi tão grande que o filme acabou ajudando a economia da cidade onde foi rodado, aumentando significativamente o turismo dela. Seattle ganhou destaque como um destino romântico para casais apaixonados, com muitos visitantes procurando recriar as cenas do filme.
Uma curiosidade: durante a cena final, em que Tom Hanks se declara para Meg Ryan, a reação que vemos de Ryan é espontânea e genuína, pois a atriz não sabia o que Hanks diria durante aquela cena. Essa espontaneidade conferiu um ar autêntico à cena final, deixando-a ainda mais bonita.
Mens@gem Para Você
3.4 427 Assista AgoraYou've Got Mail (1998)
Dona de uma pequena livraria, Kathleen Kelly (Meg Ryan) odeia Joe Fox (Tom Hanks), proprietário da gigantesca rede de livrarias Foxbooks. Quando os dois se conhecem anonimamente pela internet, iniciam um romance on-line intenso e anônimo. Até que um dia, Joe descobre que a encantadora mulher por quem está apaixonado é, na verdade, sua rival número 1.
Doce, bela e divertida comédia romântica do finzinho dos anos 90, o que também a torna bem nostálgica.
Tom Hanks e Meg Ryan formaram um dos casais fictícios mais icônicos daquele tempo, uma parceria que deu muito certo. "Mensagem para você" marcou a terceira colaboração entre os dois, após o desastroso "Joe Contra o Vulcão" (1990) e o tocante "Sintonia de Amor" (1993). A química entre eles é evidente nos filmes.
O filme foi inspirado na peça de teatro húngara "Parfumerie", escrita por Miklós László. Essa peça também serviu de base para outros filmes, como "The Shop Around the Corner" (1940) e "In the Good Old Summertime" (1949).
A história explora a crescente popularidade da internet e do e-mail na década de 90. Nora Ephron incorporou elementos modernos da tecnologia à trama, mostrando como a comunicação virtual daquele tempo poderia afetar os relacionamentos interpessoais.
Meu problema foi com a “redenção” de Joe. Eu esperava que o personagem demonstrasse algum arrependimento mais contundente e vontade de corrigir os seus erros em relação à Kelly, como ter perseguido e minado o negócio dela, levando-a à falência, mesmo depois de ter descoberto que ela era a mulher anônima por quem havia se apaixonado. Mas não. Aparentemente, o fato dele ser "fofo" já é o suficiente para ser perdoado.
E, para fechar, uma curiosidade que talvez pouca gente saiba: o cineasta francês Jean-Pierre Jeunet, conhecido por dirigir "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" (2001), faz uma pequena aparição nesse filme como um turista num café.
Joe Contra o Vulcão
2.8 66É... todos têm boletos a pagar.
Ran
4.5 262Ran (1985)
Lord Hidetora (Tatsuya Nakadai), o grande líder do clã dos Ichimonjis, anuncia que pretende passar a "coroa" e dividir seus bens entre os seus três filhos. A notícia, no entanto, lança-os em uma forte disputa, que abala o patriarca e o enfraquece, além de levar todo o feudo e o legado da família à ruína.
UAU. Não é à toa que Kurosawa é o que é. Que obra-prima, meus amigos. Que obra-prima! Fiquei sem palavras ao terminar de assistir. Meu cérebro ficou processando tudo o que vi durante alguns dias.
É espantoso! É brutal! É assustadoramente belo o que esse filme nos entrega. Uma experiência que transcende e revela nuances muito ocultas do ser humano. Algo que apenas os mestres dos mestres conseguem fazer.
Uma história, aparentemente, simples e banal (quem nunca viu famílias brigarem por heranças?) acaba se tornando num emaranhado de acontecimentos que se sobrepõem e empurram a narrativa para uma caótica descida espiral de loucura, dor e sofrimento.
O elenco inteiro é excelente (incluindo os figurantes que são muitos e também dão um show aqui), mas eu gostaria de destacar dois atores: Tatsuya Nakadai e Mieko Harada. O patriarca e a nora. Uma relação deliciosamente ambígua, mas terrivelmente desonesta.
Enfim, OBRA-PRIMA é pouco para definir, mas na ausência de termo melhor, vai esse mesmo.
Operação Dragão
3.9 219Enter the Dragon (1973)
O chefão chinês Han (Shih Kien) realiza um torneio de artes marciais em sua ilha-fortaleza, mas o evento serve apenas de desculpa para o recrutamento de novos distribuidores de ópio. Lee (Bruce Lee) é chamado para investigar e conseguir provas de que algo muito errado está acontecendo na ilha.
Assistir Bruce Lee em ação é como ver uma águia voando alto no céu ou um tigre atacando de modo certeiro a sua presa. Um animal selvagem em sua plenitude, fazendo o que sabe fazer de melhor. Essa é a sensação que ele evoca em mim, como espectador, assistindo a sua arte.
O filme não é nem de longe um dos melhores filmes lançados em 1973, muito menos um dos melhores lançados na década de 70. Ainda assim, é um filme muito bom e que, apesar de sua história bobinha - uma desculpa para mostrar Lee dando uma surra nos outros -, tem ótimos momentos.
É verdade: ele tem lá alguns momentos que não envelheceram tão bem, talvez por estarem presos às dinâmicas de humor e entretenimento muito próprios da época em que foi lançado. No entanto, vale a pena ser visto. A sequência final, na sala de espelhos, é uma aula de criatividade e inventividade para um filme de ação.
Bonnie e Clyde - Uma Rajada de Balas
4.0 399Bonnie and Clyde (1967)
Bonnie Parker (Faye Dunaway) se apaixona por um ex-presidiário, Clyde Barrow (Warren Beatty). Juntos, iniciam uma carreira de crimes, roubando carros e assaltando bancos até serem perseguidos pela polícia por todo o país.
Dirigido por Arthur Penn, "Bonnie e Clyde" é um filme tímida e despretensiosamente revolucionário que redefiniu o gênero dentro da linguagem cinematográfica, deixando uma marca indelével na história do Cinema.
Com uma mistura de drama, romance e ação, o filme conta a história verdadeira do famoso casal de criminosos Bonnie Parker e Clyde Barrow, uma dupla de bandidos que botou os EUA em polvorosa nos idos anos 30.
O filme enfrentou várias dificuldades durante a produção. Inicialmente, o roteiro de David Newman e Robert Benton foi rejeitado por diversos estúdios por sua abordagem inovadora e sua representação mais realista da violência. No entanto, Beatty acreditou no potencial do projeto e conseguiu convencer a Warner Bros. a financiar o filme.
Faye Dunaway foi selecionada entre várias atrizes conceituadas que estavam cotadas à época e seu desempenho impressionante lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz (este era apenas o 3º filme da carreira de Dunaway, um rosto não tão conhecido pelo grande público). Ela perdeu para Katharine Hepburn por "Adivinhe Quem Vem Para Jantar".
Falando em Oscar, o filme foi indicado a 9 categorias na edição de 1968, vencendo apenas duas delas: Melhor Atriz Coadjuvante para Estelle Parsons e Melhor Fotografia.
A direção de Arthur Penn é digna de elogios. Ele utilizou uma abordagem visualmente ousada para a época, com composições imagéticas e enquadramentos de câmera dinâmicos, além de uma edição inovadora. As sequências de ação são intensas e bem coreografadas, criando momentos de tensão que prendem o espectador na tela e que funcionam muito bem até hoje.
Inclusive, muitos afirmam - e não estão errados - que Penn reinventou Hollywood com este filme no fim dos anos 60, abrindo caminhos e dando o pontapé inicial ao que conhecemos hoje como "Nova Hollywood".
Este filmaço está saindo do catálogo da HBO Max. Últimos dias para conferir. Se ainda não viu, veja.
Uma Aventura na Martinica
3.9 66 Assista AgoraTo Have and Have Not (1944)
"Uma Aventura na Martinica" é um longa de aventura, suspense e romance dirigido por Howard Hawks, que oferece uma combinação surpreendente de ação, humor e química entre as personagens principais. Baseado no romance de Ernest Hemingway, o filme é tido como um verdadeiro tesouro da Sétima Arte. Não à toa.
Uma curiosidade interessante é o fato de que esse filme foi o responsável por unir pela primeira vez em cena Humphrey Bogart e Lauren Bacall. A química imediata entre os dois na tela é evidente desde o primeiro instante e eles acabaram se casando na vida real após as filmagens, tornando-se um dos casais mais icônicos da Gold Hollywood.
Outro detalhe interessante é que o roteiro passou por diversas revisões durante as filmagens. William Faulkner, um renomado escritor (vencedor do Prêmio Nobel de Literatura), foi contratado para trabalhar no roteiro juntamente com o diretor.
Durante o processo, eles fizeram várias mudanças significativas na trama original e nas falas das personagens, incorporando diálogos que acabaram se tornando memoráveis.
O desempenho de Lauren Bacall em sua estreia no cinema também é digno de destaque. Com apenas 19 aninhos na época, ela demonstrou uma presença magnética e uma maturidade cênica muito além da sua idade, conquistando o público e a crítica com sua voz aveludada e sedutora, além do olhar penetrante.
O famoso diálogo proferido por Bacall "You know how to whistle, don't you, Steve? You just put your lips together and blow" se tornou uma das falas mais icônicas da história do Cinema, servindo de referência para diversos filmes e músicas da cultura pop.
Além das performances memoráveis, o filme também apresenta uma direção habilidosa de Hawks. Ele equilibra perfeitamente a ação, o romance e o suspense, criando sequências de tirar o fôlego e momentos de tensão que mantêm o espectador envolvido ao longo da trama.
A cinematografia de Sidney Hickox é outro aspecto notável. Ele captura o sentido do cenário tropical da Martinica, onde a história se desenrola, com imagens deslumbrantes e composições visualmente belíssimas.
Enfim, temos aqui um filmaço imperdível.
Benedetta
3.5 198Benedetta (2021)
Toscana do século XVII, Itália. Aos 8 anos, a noviça Benedetta Carlini (Virginie Efira) é trazida ao Convento Teatino da Mãe de Deus, em Pescia, como noiva de Jesus Cristo. Dezoito anos depois, a chegada de uma nova freira, Bartolomea (Daphne Patakia), desperta novos sentimentos em Benedetta.
Dirigido por Paul Verhoeven, "Benedetta" é um filme ousado e provocativo (a igreja católica que o diga) que mergulha na vida de uma freira no século XVII e suas experiências de fé, desejo e repressão.
Com uma narrativa corajosa e instigante, contando com performances espetaculares, o filme explora de maneira intensa a sexualidade posta em temas absolutamente tidos como tabus pela sociedade ATÉ os dias de hoje, mesmo 4 séculos depois.
O roteiro foi baseado em uma história real. Ele foi inspirado na vida da freira Benedetta Carlini, que viveu no convento de Pescia, na Itália daquela época. A história de Benedetta, seus supostos milagres e seu relacionamento homoafetivo com uma colega freira foram descobertos em documentos históricos e serviram como base para a trama do filme.
A escolha da atriz Virginie Efira para o papel principal também é digna de nota. Sua atuação é, simplesmente, magnética. Ela incorpora a personagem com uma intensidade impressionante. Efira conseguiu transmitir a complexidade e as emoções conflitantes de Benedetta, fazendo uma entrega arrebatadora. Revendo pela segunda vez, isso ficou ainda mais nítido para mim.
Conhecido por sua abordagem provocadora e por desafiar convenções sociais, Verhoeven cria uma atmosfera visceral e perturbadora. Sua direção habilidosa equilibra os elementos eróticos e religiosos do filme, criando uma sinergia entre as sequências que provoca reflexões sobre o poder e a hipocrisia institucionalizados.
A reconstituição histórica é cuidadosa, minuciosa e transporta o espectador para a Itália do século XVII. A direção de arte e o figurino são deslumbrantes, criando um ambientação visualmente rica e autêntica.
O filme, selecionado para a competição oficial do Festival de Cannes, em 2021, é uma ótima opção para assistir e celebrar o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+. 🌈
#Orgulho #Pride
Medo
3.5 421Janghwa, Hongryeon (2003)
Baseado em uma história do folclore da Dinastia Joseon (período da Coreia do Sul, que vai de 1392 a 1897), chamada Janghwa Hongryeon jeon (traduzida, ao pé da letra para "A História de Janghwa (Flor Vermelha) e Hongryeon (Lotus Vermelha), o filme narra a história de duas irmãs que vivem num casarão com o seu pai, sua madrasta e alguns fantasmas do passado que as assombram terrivelmente.
O terror psicológico se destaca pela sua narrativa intricada e atmosférica, cujo visual é impressionante. Dirigido por Kim Jee-woon, ele oferece uma experiência intensa e perturbadora, combinando elementos de suspense, mistério e horror a fim de criar uma obra-prima do gênero.
Cada cena é cuidadosamente construída para transmitir uma sensação de suspense e desconforto, com atenção aos pequenos detalhes que contribuem para a atmosfera sombria do filme. Os cenários e figurinos refletem a dualidade presente na história, criando um contraste visual intrigante.
O desempenho do elenco também merece destaque, especialmente as atrizes Im Soo-jung e Moon Geun-young, que interpretam as irmãs protagonistas. As atuações são convincentes e contribuem para a intensidade emocional requerida pelas cenas.
Além disso, "Medo" é habilmente construído em termos de estrutura narrativa. O filme apresenta reviravoltas surpreendentes e revelações chocantes, que mantêm o espectador engajado, tentando adivinhar o desenrolar da trama. A forma como a história é contada, alternando entre passado e presente, coloca uma cobertura de mistério muito interessante.
Só não dei total porque acho que, em certos momentos, o filme aposta muito num terror hollywoodiano convencional, o que faz com ele traga muitos elementos de computação gráfica que acabaram ficando datados depois de 20 anos, infelizmente. Isso, querendo ou não, tira um pouco o espectador da história contada.
Titanic
4.0 4,6KTitanic (1997)
Jack (Leonardo DiCaprio), um pobre artista, e Rose (Kate Winslet), uma jovem rica, se conhecem e se apaixonam durante a primeira e última viagem do Titanic, em 1912.
Podem não gostar ou falar mal, mas essa história é o mais próximo do feito de "Romeu e Julieta", a maior história de amor já contada pelo homem, que a contemporaneidade conseguiu chegar. Um amor absoluto, romântico e idealizado.
Espanta notar "Titanic" como obra cinematográfica. É um marco colossal. O que Cameron e sua equipe conseguiram realizar aqui foi algo assim... sem precedentes. Um feito cinematográfico que se impõe até os dias de hoje, mesmo se passando mais de 25 anos, e me faz ter dor de cabeça só de imaginar todo o perrengue para filmá-lo.
O meticuloso trabalho de pesquisa e recriação do navio e toda a logística para rodar as cenas e sequências é o que, na minha opinião, fez o filme alcançar o sucesso retumbante que alcançou, e que ecoa até os dias de hoje.
O filme, que se vale de um fato histórico, o trágico naufrágio do Titanic que vitimou pouco mais de 1500 pessoas, narra o romance ficcional de dois jovens de classes sociais diferentes, fazendo uma combinação de elementos cinematográficos de alto nível e conquistando um lugar especial na história do Cinema.
James Cameron tinha um interesse genuíno pelo Titanic e dedicou anos de pesquisa para recriar os detalhes históricos com precisão. Muitos elementos, como os trajes, os cenários e a própria aparência do navio, foram cuidadosamente reconstruídos para capturar a atmosfera da época.
A produção enfrentou uma série de desafios técnicos. Cameron utilizou tecnologia de ponta para criar cenas subaquáticas realistas e transmitir a sensação de estar dentro do navio durante o naufrágio. A escala monumental das filmagens e a complexidade das cenas envolvendo efeitos especiais e visuais foram inovadoras para a época. E assusta constatar como elas envelheceram bem quase 3 décadas depois.
O desempenho do elenco é notável. Leonardo DiCaprio e Kate Winslet entregaram atuações excepcionais para a pouca idade que tinham, criando uma química palpável em tela. Eles estão formidáveis e dão credibilidade para o roteiro (que peca um pouco na construção do romance). Há também as participações mais que especiais de Gloria Stuart, Kathy Bates, Frances Fisher, Victor Garber, Bernard Hill e muitos outros. Até Billy Zane dá para passar de ano.
A trilha sonora de James Horner é algo que me emociona de tão linda, delicada e tocante. Composições belíssimas embalam as cenas de uma maneira espetacular. Uma verdadeira aula de trilha incidental bem feita. E não podemos deixar de citar a música tema, "My Heart Will Go On", interpretada por Céline Dion. Outro marco que atravessou gerações de diferentes maneiras, indo de óperas nos maiores teatros do mundo a vídeos engraçados no TikTok.
Bom, eu poderia continuar tecendo elogios e mais elogios à obra. Falando, inclusive, que até mesmo o tempo de duração dele, alvo de críticas de seus detratores, não é um problema para mim. Suas mais de 3 horas de duração passam e não se deixam sentir. Pelo menos, não comigo. Revendo o filme, eu simplesmente não senti o tempo passar. O ritmo é um primor.
Vale dizer que revi o filme semanas antes de toda essa presepada com o submarino da OceanGate. Apenas coincidiu o momento de postá-lo com a fato ocorrido. Mais uma ironia do destino. rsrs
Enfim, obra-prima.
Torrentes de Paixão
3.7 73Niagara (1953)
Durante a visita de dois casais às cataratas do Niagara, fortes tensões surgem entre Rose (Marilyn Monroe) e seu marido, George (Joseph Cotten). A situação se agrava quando o segundo casal (Jean Peters e Max Showalter) acaba se envolvendo na história.
Eu não esperava nada desse filme e ele me surpreendeu bastante. Achei ele ousado e, em certa medida, corajoso pelas escolhas que fez. Sobretudo, o filme é muito bem dirigido por Henry Hathaway, que entrega uma direção classuda à altura da Gold Hollywood.
A cereja do bolo, no entanto, é poder conferir Monroe num de seus melhores desempenhos da carreira, vivendo uma de suas fases mais belas diante das câmeras. Ela está ótima como Rose Loomis (e não estou falando isso porque sou seu fã, não). Acho, de verdade, que de muitas maneiras ela se supera nesse papel e vai além.
O roteiro é super criativo e instigante, como todo filme de investigação que se preze deve ser. Você percorre quase boa parte da trama com muitas ideias quase cristalizadas, mas elas se dissipam muitas vezes e se reconstroem. O fato dos personagens não serem tão unilaterais (como se espera de um filme dessa época) também é um fator que conta pontos positivos.
Enfim, taí um ótimo exemplo de um filme que é tido como tímido nas filmografias daqueles que nele estão, mas que se revela deliciosamente notável.
Contos Imorais
2.9 43Contes Immoraux (1973)
Um filme que faz jus ao seu título, "Contos Imorais" é uma coletânea de 4 episódios autônomos, totalmente imorais e depravados, que incluem cenas de orgias, masturbação e de outras práticas sexuais que chocam pessoas do mundo todo, como incesto, estupro e zoofilia.
Temos aqui um filme que se perde na tentativa de ser provocativo e transgressor, falhando também em oferecer uma narrativa coerente e envolvente. Infelizmente, a falta de coesão e a natureza desarticulada das histórias prejudicam seriamente a experiência, na minha opinião, claro.
Uma das principais falhas é a sua abordagem desleixada em relação aos temas considerados "imorais". Em vez de explorar esses temas de forma provocativa e instigante, o filme se entrega a uma narrativa desorganizada e desconexa, onde o choque e a provocação parecem ser mais importantes do que a construção de personagens ou a criação de um enredo significativo. Fica o choque pelo choque. Um sensacionalismo barato.
Além disso, o filme carece de uma direção menos machista e misógina, como também de uma visão artística mais consistente. Se a ideia era tão simplesmente gravar cenas escandalosas de sexo, por que não fazer um filme pornô de uma vez? O campo pornográfico dá tanto pano pra manga nesse sentido. Inclusive, acho que seria mais honesto da parte de Borowczyk.
Outro aspecto problemático do filme são as representações objetificadoras das mulheres. As personagens femininas são absolutamente reduzidas a estereótipos sexuais, exploradas através de cenas desnecessárias e gratuitas. Isso contribui para uma explícita atmosfera misógina, como poucas vezes vi num filme. O que é bem triste, parando para pensar.
No que diz respeito à execução técnica, "Contos Imorais" também deixa a desejar, o que dificulta seu status "cult". A direção de fotografia é inconsistente, alternando entre momentos visualmente interessantes e sequências mal iluminadas e mal enquadradas. A edição muitas vezes parece desajeitada, prejudicando ainda mais a experiência.
Enfim, terminei de assistir ao filme quase vomitando. Não recomendo, mas, se quiser ver, prepare-se.
Paterson
3.9 353Paterson (2016)
Na cidade de Paterson, em Nova Jersey, um pacato motorista de ônibus (Adam Driver) usa sua poesia para destacar eventos do seu cotidiano. Assim, acompanhamos a sua rotina em casa com a esposa (Golshifteh Farahani) e nas ruas, sendo um poeta.
Delicadeza. Acho que essa é a palavra que melhor define "Paterson". Um filme de Jim Jarmusch que, para mim, foi mais uma belíssima experiência proporcionada pelo diretor. Tão delicado, tão sensível. Tão profundo.
Um lindo exercício ao qual podemos nos lançar para treinar nosso olhar sobre as belezas que existem ao redor. E suas potencialidades também. Um motorista de ônibus não é só um motorista de ônibus. Nunca é.
Entre tantas cenas lindas que eu poderia destacar, trago a maravilhosa cena em que Driver conversa com uma garotinha na rua e ela lê para ele um poema que ela escreveu, intitulado "Waterfalls". Que texto lindo. Que interpretação fascinante, tanto da atriz mirim quanto do próprio Driver que apenas fica ali escutando maravilhado. Coisa fina demais.
Fica aqui a recomendação de um filme que eu demorei demais para ver, mas que me cativou bastante. Espero que a beleza dele toque você também.
Eu, Christiane F.,13 Anos, Drogada e Prostituída
3.6 1,2KChristiane F. - Wir Kinder vom Bahnhof Zoo (1981)
Na Berlim dos anos 1970, uma adolescente de 13 anos chamada Christiane (Natja Brunckhorst) se apaixona por um traficante de drogas (Thomas Haustein). No entanto, sua vida começa a desmoronar quando ela se torna uma viciada em heroína e começa a se prostituir para bancar seu vício.
"Eu, Christiane F. - 13 Anos, Drogada e Prostituída" é um filme impactante (e que continua assim mesmo mais de 40 anos depois). Retrata a vida turbulenta de uma jovem adolescente em meio ao submundo das drogas e da prostituição.
Baseado em eventos reais e no livro autobiográfico de Christiane Felscherinow, o filme dirigido por Uli Edel aborda temas sombrios e perturbadores, oferecendo uma visão corajosa e honesta sobre os perigos do vício e os desafios enfrentados por jovens que caem nessa cilada.
Christiane Felscherinow, cuja vida serviu de inspiração para a história, participou ativamente das filmagens como consultora e esteve envolvida no processo criativo. Sua presença e contribuição trouxeram uma autenticidade única ao filme, permitindo uma representação mais fiel dos eventos que ela vivenciou.
A direção de Uli Edel é habilidosa ao retratar de maneira crua a realidade sombria da vida nas ruas de Berlim na década de 1970. A fotografia sombria contribui para a criação de uma atmosfera pesada e opressiva, refletindo a dura realidade enfrentada pelos personagens.
O elenco está formidável. Brunckhorst está ótima. Ela não era atriz. Era apenas uma garota que recebeu um convite para fazer um filme. A vida quis que ela fizesse sua carreira escrevendo roteiros, mas bem que poderia ter seguido como atriz. Há ainda uma bela participação de David Bowie (como ele mesmo) no filme. Uma cena em que ele canta uma de suas músicas, cuja história de bastidores guarda uma terrível coincidência.
O que mais me impressionou nesse filme é como ele consegue, ainda hoje, mesmo mais de 40 anos depois, ser tão impactante em sua temática e abordagem. Cenas hiper-realistas me fizeram tampar os olhos algumas vezes. É muito devastador notar o que pode acontecer com uma criança ou adolescente numa sociedade indiferente, fria e cruel.
A Idade da Terra
3.6 52 Assista AgoraA Idade da Terra (1980)
Inspirado em um poema de Castro Alves, o filme faz um retrato da situação política, cultural e racional do Brasil no final dos anos 70. A obra assume um tom profético e religioso, e reconta o mito cristão por meio de símbolos e costumes da cultura brasileira.
ChaaaaatooooozzzZzzZzzz.
Acho a ideia por trás desse filme muito legal e louvável, a crítica que Glauber quis tecer e tal, mas a execução... putz. Definitivamente, um dos filmes mais chatos e maçantes que já assisti.
Queria muito ter gostado, mas não rolou, infelizmente. No entanto, reconheço suas qualidades, como a cinematografia, alguns depoimentos interessantes (como o do jornalista Castelo Branco) e o elenco recheado de boas surpresas. Mas, no geral, a experiência comigo foi bem ruim, sacal e cansativa.
Glauber Rocha, conte comigo para quase todas as coisas.
Jumanji
3.7 1,5K Assista AgoraJumanji (1995)
Alan Parrish (Robin Williams) desapareceu quando era menino e ninguém acredita na história de sua amiga (Bonnie Hunt) de que ele foi sugado por um jogo de tabuleiro.
Vinte e seis anos depois, duas crianças (Kirsten Dunst e Bradley Pierce) acham o jogo no sótão da velha casa dos Parrish e, quando começam a jogar, Alan, finalmente, é libertado. Contudo, a aventura está apenas começando.
Realmente, existe uma grande diferença em assistir um filme como "Jumanji" ainda criança e depois de adulto. Para além de alguns quesitos técnicos e artísticos que envelheceram mal, a história em si não foi concebida para todos os públicos, concentrando-se somente no infantil. O que não é um problema, necessariamente.
Não queira saber o porquê (nem eu saberia dizer), mas eu não havia visto o filme quando criança. Logo, não possuo nenhuma memória afetiva dele. Quando pequeno, via apenas algumas cenas, mas nunca tive a oportunidade de conferi-lo inteiro.
Ouvindo um podcast que falava sobre "Jumanji" e "Zathura" (esse segundo, sim, assistia muito na pré-adolescência), ambos escritos por Chris Van Allsburg, fiquei curioso para conferir "Jumanji".
Muitos efeitos especiais e visuais estão absolutamente datados (acho que os macacos travessos são a maior prova disso). A verdade é que poucos sobreviveram à prova do tempo.
O maior charme de "Jumanji", no entanto, não está em todos esses apetrechos que enchem os olhos infantis (leões ferozes, vespas gigantes e debandadas de rinocerontes). Está em sua deliciosa fábula. Isso, sim, é algo, realmente, encantador no filme e justifica o seu sucesso, que se arrasta até hoje, e o carinho que tantos sentem por ele.
E para completar, "Jumanji" tem um grande trunfo: Robin Williams. É impressionante como Williams era amigo da câmera. O set de filmagem era seu habitat natural. Ele era um ator genuíno, na acepção mais bonita da palavra. Conseguia engrandecer qualquer produção, apenas existindo nela. Como ele faz falta.
Os Cinco Diabos
3.9 44Les Cinq Diables (2022)
Vicky (Sally Dramé) é uma garota solitária que possui um dom quase sobrenatural relacionado a seu olfato. Ela vive com seus pais, Joanne (Adèle Exarchopoulos) e Jimmy (Moustapha Mbengue), numa província francesa. Quando a irmã de seu pai, Julia (Swala Emati), entra em suas vidas após ser libertada da prisão, sua presença traz de volta o passado de uma forma surpreendente.
Rapaz, pense num filme que prendeu minha atenção do início ao fim. Achei super ousado, interessante e, sobretudo, intrigante. Fiquei arquitetando mil e uma possibilidades na minha cabeça enquanto assistia seus pouco mais de 90 minutos.
Trata-se de um filme que permite ao espectador explorar N interpretações. Ele não é tão fechado. Pelo menos, não em tudo. Logo, você está livre para entendê-lo como preferir e achar melhor. Eu, particularmente, acho isso o máximo.
Não sou profundo conhecedor da carreira de Exarchopoulos (essa atriz de talento tão grande quanto o sobrenome impronunciável). Já a vi em dois momentos muito especiais: o primeiro em "Azul é a Cor Mais Quente" (2013), numa atuação bonita e tocante. E o segundo em "Os Cinco Diabos", em outra atuação igualmente bela, contudo, mais sóbria, fria e distante.
Na minha opinião, Dramé, a atriz mirim, é a grata surpresa do longa. A atuação dela é interessantíssima. Suas feições são tão expressivas e marcantes que fica difícil não se encantar ou se deixar levar por onde quer sua personagem transite.
O roteiro é um mistério só. Fala de um monte de coisas e, ao mesmo tempo, é uma aula de como manter o foco de uma história mesmo com tantos elementos ao redor. Eu fiquei vidrado na tela. A narrativa é, realmente, algo muito interessante.
Eu só não dei nota máxima porque acho que a resolução deixou um pouquinho a desejar. Não sei se por pressa ou por falta de tempo, mas deixou (a meu ver).
Ah, e uma coisa que me intrigou bastante. Eu, realmente, não consegui capturar o porquê do título. Fiz todas as somas e equações possíveis, mas não encontrei como resultado o número 5. Vou ficar devendo essa. Se alguém souber explicar, por favor, explique! rs
Noites Brutais
3.4 1,0KBarbarian (2022)
Uma jovem chamada Tess (Georgina Campbell) descobre que a casa que alugou para passar uns dias já está ocupada por um homem (Bill Skarsgård). Indo contra seu instinto de ir embora e não ficar na casa já ocupada pelo estranho, ela decide passar pelo menos uma noite, mas logo ela irá perceber que fez a pior escolha.
"Noites Brutais" tem uma primeira metade, realmente, muito boa. Excelente, eu diria. Um clima de tensão que te prende na ponta do sofá e te faz pensar em um milhão de possibilidades e hipóteses.
No entanto, eu achei que a segunda metade começa promissora, mas vai decaindo um pouco e perdendo o fôlego à medida que avança para o final. Em termos narrativos, vai se tornando um filme cada vez mais clichê. Diferentemente da primeira metade, em que o filme subverte o gênero várias vezes.
Não vou falar mais para não entregar muito da história e estragar a brincadeira. Vou só dizer que vale a pena assistir. É divertido. Funciona muito bem como um suspense à moda antiga, mas com elementos novos que tornam a experiência mais revigorante.
A Promessa
3.3 162 Assista AgoraThe Pledge (2001)
No dia de sua aposentadoria, o detetive Jerry Black (Jack Nicholson) descobre que o corpo de uma menina de 8 anos de idade é encontrado e se oferece para participar da investigação. Um jovem policial ambicioso arranca uma confissão de um suspeito e o caso parece estar resolvido, mas não para Jerry.
Se Jack Nicholson não é o suficiente para você se convencer de assistir "A Promessa", talvez Robin Wright, Benicio del Toro, Aaron Eckhart, Mickey Rourke, Harry Dean Stanton, Helen Mirren, Patricia Clarkson e Vanessa Redgrave juntos te convençam. Sim, esse filme tem um dos elencos mais incríveis dos anos 2000.
O filme tem um roteiro intrigante que vai prender a sua atenção do início ao fim. E, apesar do final ser um pouco frustrante na minha opinião, reconheço que ele foi bem ousado e corajoso.
Dois Dias, Uma Noite
3.9 542Deux Jours, Une Nuit (2014)
Sandra (Marion Cotillard) é uma jovem que tem apenas um fim de semana para convencer seus colegas de que eles devem desistir de seus bônus salariais para que ela mantenha o seu próprio emprego, uma tarefa que se revelará árdua e muito exaustiva mental e emocionalmente.
É curioso notar como histórias simples como essa podem nos ensinar grandes lições de vida. E os irmãos Dardenne conduzem tudo isso muitíssimo bem, transmitindo toda a realidade e os sentimentos de frustração e angústia pelos quais a protagonista passa.
Viver não é fácil. Sobreviver, então, menos ainda. Numa sociedade estruturalmente falha e desonesta chega a ser uma missão impossível. Não quero entregar o cerne da questão, mas o filme consegue tecer sua crítica sem soar panfletário e esse é seu maior mérito, eu diria.
Cotillard é uma grande atriz e aqui ela nos lembra disso, mais uma vez. Defende sua Sandra com uma naturalidade e uma honestidade invejáveis. Talvez por Sandra ser uma mulher tão comum, tão real, tão palpável, que logo na sua primeira cena conseguimos comprar toda a ideia por trás, mas nem por isso podemos tirar o mérito de Cotillard, que defende sua personagem lindamente. Não à toa, o filme recebeu uma nomeação ao Oscar na categoria de Melhor Atriz.
Indicado à Palma de Ouro, "Dois Dias, Uma Noite" é um filme obrigatório que aborda questões sociais e humanas de maneira intensa e comovente, além de nos levar a mergulhar nos dilemas e complexidades de uma pessoa desesperada por sobreviver (leia-se: manter o seu emprego).