viver uma vida que valha a pena mesmo sem destino - só ponto de partida.
caí nesse por acaso nas recomendações do YouTube. e ainda bem.
é a história de um cara obcecado com o sentido do número 7, mas vai além.
ele quer encontrar o sentido por trás dos acontecimentos da vida, e como no fim talvez eles nem façam sentido algum e seja tudo tão aleatório que é difícil aceitar. claro, não controlar nossa vida é assustador.
é MUITO curioso, pois essa semana mesmo revi algumas curiosidades sobre Clarice Lispector e como ela se ligava nesse mesmo número 7 e a sua importância mística.
perceba: - na Bíblia, Deus demorou 7 dias para construir o mundo; - existem 7 pecados capitais e também são 7 as virtudes cardinais; - são 7 os sacramentos na igreja, - ao morrer, Jesus falou exatamente 7 palavras; - são 7 as maravilhas mundo; - são 7 as notas musicais; - são 7 os dias da semana; - são 7 as cores do arco-íris; - são 7 as ondas que se pula no réveillon.
e por aí vai.
mas a questão é:
esse curta é de uma sensibilidade tão grande que pensei é isso o que me vem à mente quando falo sobre gente que AMA cinema criando filmes.
tão bonito e ao mesmo tempo tão simples, tão bem executado, desde a parte técnica (o argumento, as imagens que o diretor escolheu captar, movimentos de câmera) até a parte emocional, humana. uma IA jamais conseguiria produzir algo que chegasse perto disso.
transformar experiências pessoais em algo bonito que seja ao mesmo tempo delicado e poderoso não é fácil, e muito menos pra qualquer um. e aqui é o que ele faz perfeitamente.
experiências essas que, com certeza, muita gente se identificaria, assim como eu me identifiquei. um murro no estômago de quem também é meio obcecado com encontrar o sentido das coisas.
talvez no fim das contas seja menos sobre buscar alguma explicação e mais sobre curtir o momento e apreciar as aleatoriedades da vida.
soltar o controle e fazer apenas isso que hoje nos é tão difícil, mas caro: viver.
gente confusa destrói pessoas incríveis, e talvez você seja ambas. ao mesmo tempo.
a história do filme é: lola tem o relacionamento "perfeito", aceita o pedido de casamento e o noivo termina tudo do mais absoluto NADA. tudo isso pertinho do seu aniversário de 29 anos.
enrolei horrores pra ver esse, que já queria há algum tempo. mas acredito muito que só tenho vontade de ver algo quando aquilo será útil de alguma forma. e foi.
nada me tira da cabeça que essa é a Frances Ha (que tinha 27) completando seus 29 anos. porque a semelhança entre ambas é inegável. Lola é uma Frances menos otimista, mais contida, calejada: a versão madura da Frances. mas não muito. porque a gente só muda com as experiências se escolher e se esforçar para isso, e elas ainda pensam muito parecido. Lola também é um pouquinho Fleabag, mas isso já é outra história.
o filme já me pegou no monólogo inicial: quantas vezes já tivemos o mesmo medo de que algo mudasse, mas sempre ignorando que poderia ser uma mudança para melhor? ela ser a doida da astrologia e as risadas que dei no filme todo são só a cereja do bolo.
ela passa por todas as fases de uma recém solteira.
desde chamar os amigos para acolher, a raiva, fazer merda com quem ela ama, as recaídas com o ex, fazer ciúmes a ele e sentir ciúmes dele, tentar outras relações antes de estar com a cabeça no lugar
... 100% a energia "gente como a gente".
mas o mais importante aqui é a amizade. como essa relação dela com eles se desenrola. como ela confunde seus próprios sentimentos a ponto de quase atrapalhar uma relação genuína entre seus dois melhores amigos por puro egoísmo. e como retoma tudo isso de um jeito desastrado, mas sincero.
ela se sentindo abandonada por todos quando só o ex a abandonou, os amigos não. e ela não só não permitiu que eles estivessem ali para ela como repeliu cada um com atitudes péssimas.
mas reconheceu que precisava mudar isso, mesmo que aos poucos.
mesmo que os amigos não a aceitassem de novo, ela precisava tentar. pois, para amar a si, precisava aprender a amar os outros. afinal, como disse bell hooks, o amor próprio só se constrói em comunidade.
lembrei uma amiga dizendo que o filme "O casamento do meu melhor amigo", era uma história sobre amizade. e, nessa mesma perspectiva, Lola Contra o Mundo também. . Lola nunca teve paz de espírito na vida. sempre esteve obcecada com algo e não conseguia viver o momento presente. pra mim, essa é a essência do filme.
o ex pede pra voltar (e eu fiquei NÃO VOLTE), ela reconhece que nunca esteve consigo, mas sempre focada nos outros, em algo externo.
e é uma cena tão poderosa, pois justo no seu aniversário de 29 anos, o tão temido retorno de Saturno, ela reconheceu que a mudança finalmente veio - e que não abrirá mão dela.
não uma mudança repentina, como pensou que seria, mas um processo. e se dessa vez ela não se destruiu a ponto de não poder voltar atrás, ela não o fará mais.
o primeiro encontro com esbarrão saído direto de uma fanfic do wattpad, até Harry sendo corajosa e se declarando para alguém que só viu UMA vez e mal sabia o nome.
o ponto forte da série é: elas são diferentes do mundo, mas cada uma à sua maneira.
Luna com seu problema de só conseguir dormir durante o dia e as outras pessoas darem sempre dicas e soluções fáceis que a fazem se frustrar ainda mais por não conseguir ser assim.
Harry enfrentando problemas por ser uma pessoa com deficiência, como
as empresas não querendo contratá-la, o que demandaria ajustes no ambiente de trabalho. e o próprio irmão dela passando sermão mostrando como Luna deveria estar lá para sua irmã o tempo inteiro, como se ela não conseguisse fazer as coisas sozinha.
óbvio que isso assustaria Luna, fazendo-a duvidar ainda mais da sua capacidade de oferecer algo tão importante. algo que, como ela mesma disse, não consegue dar nem a si: o cuidado.
Luna com MEDO por estar tudo indo bem demais. terminando tudo FUGINDO pra não dar tempo dar errado. pois fazer dar errado é menos assustador do que a possibilidade de funcionar.
esse seria um lugar novo, onde ela não estava acostumada a estar. ah, o controle. a profecia autorrealizável.
Luna não permitindo ter alguém que estivesse ali por ela, por não se julgar merecedora. Harry fazendo o mesmo, mas por ser tão independente que não gostaria de preocupar ninguém. se você disser que nunca esteve no lugar de uma delas (ou de ambas), você está mentindo.
"desenvolvimento de personagem" (risos) da ex da Harry me pegou um pouco, mas desde o início Luna se abrindo para ser amiga da Wendy
foi uma das coisas que mais me fizeram feliz e esperançosa com o rumo dela na série.
quando terminei lembrei de cara da música true blue, de boygenius. especialmente o trecho "mas é bom ser conhecida tão bem, eu não posso me esconder de você como me escondo de mim mesma". porque é isso. resume bem o que Luna sente com Harry. algo tão intenso e esmagador que ela não sabe lidar. não sabe se deve ir, ou ficar.
esse final total "você nunca me fez mal, exceto por aquela vez que não falamos sobre porque isso não importa mais" me deixou muito soft (sim, ainda MAIS do que já estava). a história entre elas foi um ciclo redondinho, e eu amei.
também lembrei de algo que ouvi há alguns anos. que não precisamos tentar igualar a cadência dos nossos passos, só compreender que temos ritmos diferentes. que o meio do caminho também é bom de morar. e que, se alguém disposto chegar antes, esse alguém pode te esperar... se você deixar.
se você pudesse mudar o rumo da história, você o faria?
gosto dos roteiros do Tarantino pois são sempre redondinhos. desde meu encantamento com pulp fiction e aquela cronologia tipo quebra-cabeça que não tinha visto até então.
são sempre um círculo completo de dor, oportunidade e vingança. uma jornada do herói controversa que sempre me agrada muito. foi assim em kill bill, é assim em bastardos inglórios.
aquele soldado que matou vários e foi recrutado pelos bastardos. ou o jornalista/crítico de cinema que também concordou em colaborar com os planos do grupo.
gente de dentro que sabia o que acontecia, discordavam e foi isso aí.
insubordinação dissimulada (em partes) ainda é uma forma de resistência. começar a quebrar um sistema por dentro também é válido.
as cenas com humor são todas ótimas, mas óbvio que o GORLAMI é impagável. não CONSIGO.
minha única ressalva é que, mesmo sendo uma cena poética,
é melhor ter amado e perdido do que nunca ter amado? pra Marianne e Hélöise sim.
me lembrou muito quando a Sofia Coppola, ao comentar Lost In Translation, disse que queria fazer uma história íntima entre dois personagens e a ideia de que você pode conhecer alguém e passar poucos dias com ele e ser tão importante quanto alguém que você conhece há anos. porque é isso.
o afeto entre elas se desenrola tão "no tempo certo" que nem parece que passaram pouquíssimos dias juntas. é algo tímido, desconfiado (Hélöise que o diga), lento, calmo... como uma pedra chegando à beira do abismo e quando não há mais onde sustentar, ela cai em alta velocidade.
Marianne encarando Hélöise, seu vestido começando apegar fogo enquanto as outras entoam "fugere non possum"...
essa é insuperável. a energia é palpável. dá pra sentir a eletricidade no ar.
a própria tradução "não posso fugir", a inspiração da Céline Sciamma na frase do Nietzsche "quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar" faz todo sentido.
alguns sentimentos são mesmo profundos e esse é um deles. e não, nem todo mundo vai entender a imensidão disso. não precisam. o sentir compartilhado é o suficiente.
fiquei muito risadinhas quando lá pelo começo do filme notei (e não lembro de ter notado quando vi antes) que
a viu uma última vez e não foi vista por Hélöise. mas, Hélöise chorando e sentindo TUDO ao ouvir essa mesma música no teatro, ela não precisa do olhar alheio. ela sabe que, tão certo quanto seu auto retrato na página 28, a mesma na imagem de Hélöise naquela exposição,
como diria o tarantino em kill bill 1: "a vingança é um prato que se come frio. e, convenhamos, 5 anos e uns meses é tempo suficiente pra esse prato esfriar.
foi o que a Debbie Ocean fez. como ela mesma disse antes do grande roubo: nesse tempo todo na cadeia, cada vez ao repassar o plano em sua mente e ser capturada, ela reajustava - até ter o roubo perfeito.
já começa com um elenco de milhões (literalmente). seria muito difícil estragar um filme com tanta mulher maravilhosa aqui e, em último caso, o carisma delas seguraria muito bem as pontas. mas aí que tá: o filme superou qualquer expectativa que eu tivesse.
de cada a cena dela jurando querer uma vida simples e
indo IMEDIATAMENTE roubar uma loja e dar golpe num hotel.
mostrando o que veio depois: ela rouba porque é o que ela sabe fazer, é o negócio da família. e ela é MUITO boa nisso.
agora não dá pra negar (EU não ousaria) a tensão sexual entre a personagem da Sandra Bullock e a da Casa Blanchett. amizade sim, mas igual aquele meme AMIZADE das duas bonecas se agarrando.
e a Sandra faz quase um trabalho de assistência social, tirando cada uma de sua vida pacata e colocando na teta dos muito ricos. quase um Robin Hood mas as pobres são elas mesmas.
quanto mais revejo esse mais percebo uns furos aqui e ali principalmente no Met Gala, mas se for avaliar com a cabeça e não com o coração não vou curtir muita coisa. então não, obrigada. esse merece MUITO um lugar no camarote dos filmes mais divertidos que já vi.
matar quem tentou te matar não com uso da força, como ele o fez, mas de um jeito tanto patético (pela tranquilidade), como poderoso: a técnica que seu mentor não ensinou a ninguém, somente a ela.
e, acima de tudo, sem precisar de fato sujar as próprias mãos (afinal ele precisaria andar os 5 passos e só então morreria).
ela descobrindo que a filha ainda tá viva. não dá pra não emocionar ali. quase dá pra SENTIR o horror e a esperança por ver a filha viva ali, na sua frente.
e, pra mim, isso aqui já vale muito. imagina o conjunto da obra.
não que eu odiasse o filme, mas hoje faço as pazes com ele.
p.s.: os créditos finais são a coisa mais linda do mundo.
- como assim ela só mata 2/5 nesse filme???? na minha cabeça a contagem toda errada;
- também notei que confundi algumas cenas do 2º filme com esse. talvez pra mim ambos sejam um só, se o Tarantino disse que é QUEM sou eu para discordar;
- senti um pouco mais o passar do tempo dessa vez, mas disso já lembrava pois a ação é bem mais pontual (mesmo considerando esse mais movimentado e interessante que o 2º).
pra mim, continua não sendo o melhor do Tarantino, mas um grande filme. do tipo se voltasse aos cinemas por algum motivo que me foge à mente agora eu com certeza PAGARIA pra reassisti-lo (e isso já diz muito sobre).
finalmente história de sapatonas trambiqueiras ninguém aguenta mais história de sapatão triste queremos mais sapatonas assim enganando macho, dando golpe, atirando. TUDO
Nothing, Except Everything
3.5 1viver uma vida que valha a pena mesmo sem destino - só ponto de partida.
caí nesse por acaso nas recomendações do YouTube. e ainda bem.
é a história de um cara obcecado com o sentido do número 7, mas vai além.
ele quer encontrar o sentido por trás dos acontecimentos da vida, e como no fim talvez eles nem façam sentido algum e seja tudo tão aleatório que é difícil aceitar. claro, não controlar nossa vida é assustador.
é MUITO curioso, pois essa semana mesmo revi algumas curiosidades sobre Clarice Lispector e como ela se ligava nesse mesmo número 7 e a sua importância mística.
perceba:
- na Bíblia, Deus demorou 7 dias para construir o mundo;
- existem 7 pecados capitais e também são 7 as virtudes cardinais;
- são 7 os sacramentos na igreja,
- ao morrer, Jesus falou exatamente 7 palavras;
- são 7 as maravilhas mundo;
- são 7 as notas musicais;
- são 7 os dias da semana;
- são 7 as cores do arco-íris;
- são 7 as ondas que se pula no réveillon.
e por aí vai.
mas a questão é:
esse curta é de uma sensibilidade tão grande que pensei é isso o que me vem à mente quando falo sobre gente que AMA cinema criando filmes.
tão bonito e ao mesmo tempo tão simples, tão bem executado, desde a parte técnica (o argumento, as imagens que o diretor escolheu captar, movimentos de câmera) até a parte emocional, humana. uma IA jamais conseguiria produzir algo que chegasse perto disso.
transformar experiências pessoais em algo bonito que seja ao mesmo tempo delicado e poderoso não é fácil, e muito menos pra qualquer um. e aqui é o que ele faz perfeitamente.
experiências essas que, com certeza, muita gente se identificaria, assim como eu me identifiquei. um murro no estômago de quem também é meio obcecado com encontrar o sentido das coisas.
talvez no fim das contas seja menos sobre buscar alguma explicação e mais sobre curtir o momento e apreciar as aleatoriedades da vida.
soltar o controle e fazer apenas isso que hoje nos é tão difícil, mas caro: viver.
visto em 01/05/2024
Lola Contra o Mundo
3.3 174gente confusa destrói pessoas incríveis, e talvez você seja ambas. ao mesmo tempo.
a história do filme é: lola tem o relacionamento "perfeito", aceita o pedido de casamento e o noivo termina tudo do mais absoluto NADA. tudo isso pertinho do seu aniversário de 29 anos.
enrolei horrores pra ver esse, que já queria há algum tempo. mas acredito muito que só tenho vontade de ver algo quando aquilo será útil de alguma forma. e foi.
nada me tira da cabeça que essa é a Frances Ha (que tinha 27) completando seus 29 anos. porque a semelhança entre ambas é inegável. Lola é uma Frances menos otimista, mais contida, calejada: a versão madura da Frances. mas não muito. porque a gente só muda com as experiências se escolher e se esforçar para isso, e elas ainda pensam muito parecido. Lola também é um pouquinho Fleabag, mas isso já é outra história.
o filme já me pegou no monólogo inicial: quantas vezes já tivemos o mesmo medo de que algo mudasse, mas sempre ignorando que poderia ser uma mudança para melhor? ela ser a doida da astrologia e as risadas que dei no filme todo são só a cereja do bolo.
ela passa por todas as fases de uma recém solteira.
desde chamar os amigos para acolher, a raiva, fazer merda com quem ela ama, as recaídas com o ex, fazer ciúmes a ele e sentir ciúmes dele, tentar outras relações antes de estar com a cabeça no lugar
mas o mais importante aqui é a amizade. como essa relação dela com eles se desenrola. como ela confunde seus próprios sentimentos a ponto de quase atrapalhar uma relação genuína entre seus dois melhores amigos por puro egoísmo. e como retoma tudo isso de um jeito desastrado, mas sincero.
algo bem marcante foi
ela se sentindo abandonada por todos quando só o ex a abandonou, os amigos não. e ela não só não permitiu que eles estivessem ali para ela como repeliu cada um com atitudes péssimas.
mesmo que os amigos não a aceitassem de novo, ela precisava tentar. pois, para amar a si, precisava aprender a amar os outros. afinal, como disse bell hooks, o amor próprio só se constrói em comunidade.
lembrei uma amiga dizendo que o filme "O casamento do meu melhor amigo", era uma história sobre amizade. e, nessa mesma perspectiva, Lola Contra o Mundo também.
.
Lola nunca teve paz de espírito na vida. sempre esteve obcecada com algo e não conseguia viver o momento presente. pra mim, essa é a essência do filme.
no final, quando
o ex pede pra voltar (e eu fiquei NÃO VOLTE), ela reconhece que nunca esteve consigo, mas sempre focada nos outros, em algo externo.
não uma mudança repentina, como pensou que seria, mas um processo. e se dessa vez ela não se destruiu a ponto de não poder voltar atrás, ela não o fará mais.
visto em 26/04/2024
Sleep With Me
4.3 2o que acontece quando um bloqueio emocional encontra alguém bom demais pra ser real?
fui assistir essa sem expectativas, e até diria que por isso a experiência foi tão boa. mas a minissérie é tudo isso mesmo.
desde
o primeiro encontro com esbarrão saído direto de uma fanfic do wattpad, até Harry sendo corajosa e se declarando para alguém que só viu UMA vez e mal sabia o nome.
o ponto forte da série é: elas são diferentes do mundo, mas cada uma à sua maneira.
Luna com seu problema de só conseguir dormir durante o dia e as outras pessoas darem sempre dicas e soluções fáceis que a fazem se frustrar ainda mais por não conseguir ser assim.
Harry enfrentando problemas por ser uma pessoa com deficiência, como
as empresas não querendo contratá-la, o que demandaria ajustes no ambiente de trabalho. e o próprio irmão dela passando sermão mostrando como Luna deveria estar lá para sua irmã o tempo inteiro, como se ela não conseguisse fazer as coisas sozinha.
óbvio que isso assustaria Luna, fazendo-a duvidar ainda mais da sua capacidade de oferecer algo tão importante. algo que, como ela mesma disse, não consegue dar nem a si: o cuidado.
e aí entra como um bloqueio emocional é cruel.
Luna com MEDO por estar tudo indo bem demais. terminando tudo FUGINDO pra não dar tempo dar errado. pois fazer dar errado é menos assustador do que a possibilidade de funcionar.
Luna não permitindo ter alguém que estivesse ali por ela, por não se julgar merecedora. Harry fazendo o mesmo, mas por ser tão independente que não gostaria de preocupar ninguém. se você disser que nunca esteve no lugar de uma delas (ou de ambas), você está mentindo.
aqui, o
"desenvolvimento de personagem" (risos) da ex da Harry me pegou um pouco, mas desde o início Luna se abrindo para ser amiga da Wendy
quando terminei lembrei de cara da música true blue, de boygenius. especialmente o trecho "mas é bom ser conhecida tão bem, eu não posso me esconder de você como me escondo de mim mesma". porque é isso. resume bem o que Luna sente com Harry. algo tão intenso e esmagador que ela não sabe lidar. não sabe se deve ir, ou ficar.
esse final total "você nunca me fez mal, exceto por aquela vez que não falamos sobre porque isso não importa mais" me deixou muito soft (sim, ainda MAIS do que já estava). a história entre elas foi um ciclo redondinho, e eu amei.
também lembrei de algo que ouvi há alguns anos. que não precisamos tentar igualar a cadência dos nossos passos, só compreender que temos ritmos diferentes. que o meio do caminho também é bom de morar. e que, se alguém disposto chegar antes, esse alguém pode te esperar... se você deixar.
visto em 25/04/2024
Bastardos Inglórios
4.4 4,9K Assista Agorase você pudesse mudar o rumo da história, você o faria?
gosto dos roteiros do Tarantino pois são sempre redondinhos. desde meu encantamento com pulp fiction e aquela cronologia tipo quebra-cabeça que não tinha visto até então.
são sempre um círculo completo de dor, oportunidade e vingança. uma jornada do herói controversa que sempre me agrada muito. foi assim em kill bill, é assim em bastardos inglórios.
a tensão da cena inicial
com a Shosanna correndo por sua vida e lá na frente quando diz "eu tenho uma mensagem para a Alemanha..." e se vingando queimando os povo lá,
a morte do bigodudo desgraçado (vocês sabem quem)
e também as sutilezas como
o homem infernizando a vida da mulher sendo agressivo até pensar que ela enfim cedeu.
o destino político da guerra mais comentada da história sendo selado em uma negociação simples e até patética.
a natureza humana de buscar se livrar da responsabilidade por seus atos podres e ainda buscando benefícios e glória para si,
o homem é o lobo do homem e sabe muito bem quando e o por quê disso. uma prova é
aquele soldado que matou vários e foi recrutado pelos bastardos. ou o jornalista/crítico de cinema que também concordou em colaborar com os planos do grupo.
gente de dentro que sabia o que acontecia, discordavam e foi isso aí.
as cenas com humor são todas ótimas, mas óbvio que o GORLAMI é impagável. não CONSIGO.
minha única ressalva é que, mesmo sendo uma cena poética,
Shosanna merecia viver para ver o que causou. ela merecia isso.
adoro quando ele reescreve a história como todos nós um dia quisemos ao cogitar "E SE". como diz o personagem do Brad Pitt no final:
também acho que esse é uma das obras-primas do diretor.
visto em 20/04/2024
Retrato de uma Jovem em Chamas
4.4 899 Assista Agoraé melhor ter amado e perdido do que nunca ter amado? pra Marianne e Hélöise sim.
me lembrou muito quando a Sofia Coppola, ao comentar Lost In Translation, disse que queria fazer uma história íntima entre dois personagens e a ideia de que você pode conhecer alguém e passar poucos dias com ele e ser tão importante quanto alguém que você conhece há anos. porque é isso.
o afeto entre elas se desenrola tão "no tempo certo" que nem parece que passaram pouquíssimos dias juntas. é algo tímido, desconfiado (Hélöise que o diga), lento, calmo... como uma pedra chegando à beira do abismo e quando não há mais onde sustentar, ela cai em alta velocidade.
tenho três diálogos preferidos:
1. "sozinha, senti a liberdade de que você falou. mas também senti a sua falta."
2. "quando você me perguntou se eu já tinha amado. eu senti que a resposta era 'sim', e que era agora."
3. "- está entediada?
- não. estou interessada em você."
e três cenas visuais queridinhas também:
1. Hélöise de costas na praia, a cena em si é uma pintura belíssima;
2. Marianne abraçando Hélöise por trás se acabando de chorar enquanto a gata lá estática, sem reação, e enfim, um beijo;
3. Marianne se desenhando no livro para Hélöise, no espelho estrategicamente colocado, numa sensualidade e delicadeza impecáveis.
mas a cena que dá nome ao filme,
Marianne encarando Hélöise, seu vestido começando apegar fogo enquanto as outras entoam "fugere non possum"...
a própria tradução "não posso fugir", a inspiração da Céline Sciamma na frase do Nietzsche "quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar" faz todo sentido.
alguns sentimentos são mesmo profundos e esse é um deles. e não, nem todo mundo vai entender a imensidão disso. não precisam. o sentir compartilhado é o suficiente.
fiquei muito risadinhas quando lá pelo começo do filme notei (e não lembro de ter notado quando vi antes) que
a música tocada no piano por Marianne é Vivaldi, Four Seasons: Summer. ela explicando o enredo da música me pegou muito.
a Marianne diz que
a viu uma última vez e não foi vista por Hélöise. mas, Hélöise chorando e sentindo TUDO ao ouvir essa mesma música no teatro, ela não precisa do olhar alheio. ela sabe que, tão certo quanto seu auto retrato na página 28, a mesma na imagem de Hélöise naquela exposição,
visto em 20/04/2024
Oito Mulheres e um Segredo
3.6 1,1K Assista Agoracomo diria o tarantino em kill bill 1: "a vingança é um prato que se come frio. e, convenhamos, 5 anos e uns meses é tempo suficiente pra esse prato esfriar.
foi o que a Debbie Ocean fez. como ela mesma disse antes do grande roubo: nesse tempo todo na cadeia, cada vez ao repassar o plano em sua mente e ser capturada, ela reajustava - até ter o roubo perfeito.
já começa com um elenco de milhões (literalmente). seria muito difícil estragar um filme com tanta mulher maravilhosa aqui e, em último caso, o carisma delas seguraria muito bem as pontas. mas aí que tá: o filme superou qualquer expectativa que eu tivesse.
de cada a cena dela jurando querer uma vida simples e
indo IMEDIATAMENTE roubar uma loja e dar golpe num hotel.
agora não dá pra negar (EU não ousaria) a tensão sexual entre a personagem da Sandra Bullock e a da Casa Blanchett. amizade sim, mas igual aquele meme AMIZADE das duas bonecas se agarrando.
e a Sandra faz quase um trabalho de assistência social, tirando cada uma de sua vida pacata e colocando na teta dos muito ricos. quase um Robin Hood mas as pobres são elas mesmas.
quanto mais revejo esse mais percebo uns furos aqui e ali principalmente no Met Gala, mas se for avaliar com a cabeça e não com o coração não vou curtir muita coisa. então não, obrigada. esse merece MUITO um lugar no camarote dos filmes mais divertidos que já vi.
uma coisa besta que não me conformo:
mesmo sabendo que a Anne Hathaway participa do golpe e o título sendo OITO mulheres e não SETE (as do grupo)
sem aprofundar muito nisso mas é bonito demais como a amizade entre mulheres é mostrada e funciona aqui. até porque mesmo
o roubo sendo uma vingança contra o ex,
aliás, esse é o único filme (de 3) que vi 2x no cinema em dias seguidos e de fato entrou pros meus favoritos. o que já diz muito.
por fim, queria muito que a gabs marx avaliasse este no índice LRS. fica o apelo.
visto em 19/04/2024
Kill Bill: Volume 2
4.2 1,5K Assista Agorasempre achei esse inferior ao 1º filme, mas sem saber muito bem o porquê.
talvez pelo ritmo consideravelmente mais lento, por ter menos cenas de ação e mostrar mais da história dos demais personagens
(que, incrivelmente aqui ela mata 3/5 em sua vingança, mais do que no filme anterior).
hoje, essas "fraquezas" pegaram pra mim como o ponto forte do filme.
esse é bem mais contemplativo. mais tempo para entender as motivações dela, partindo do
massacre na capela (que no outro ainda parecia um mito)
da 1ª vez que assisti achei meio meh como ela mata o Bill pois tanta expectativa em cima da morte, mas fez sentido.
matar quem tentou te matar não com uso da força, como ele o fez, mas de um jeito tanto patético (pela tranquilidade), como poderoso: a técnica que seu mentor não ensinou a ninguém, somente a ela.
e, acima de tudo, sem precisar de fato sujar as próprias mãos (afinal ele precisaria andar os 5 passos e só então morreria).
agora uma cena que SEMPRE me pega é
ela descobrindo que a filha ainda tá viva. não dá pra não emocionar ali. quase dá pra SENTIR o horror e a esperança por ver a filha viva ali, na sua frente.
não que eu odiasse o filme, mas hoje faço as pazes com ele.
p.s.: os créditos finais são a coisa mais linda do mundo.
visto em 14/04/2024
Kill Bill: Volume 1
4.2 2,3K Assista Agoranão revia esse há algum tempo e de cara lembrei porque curtia tanto.
lembro que foi meu primeiro do Tarantino. a primeira vez que vi fiquei FASCINADA e, mesmo após tanto tempo sem rever, a magia dele ainda existe.
agora algumas coisas que tinha esquecido pois MUITO TEMPO sem ver:
- como assim ela só mata 2/5 nesse filme???? na minha cabeça a contagem toda errada;
- também notei que confundi algumas cenas do 2º filme com esse. talvez pra mim ambos sejam um só, se o Tarantino disse que é QUEM sou eu para discordar;
- senti um pouco mais o passar do tempo dessa vez, mas disso já lembrava pois a ação é bem mais pontual (mesmo considerando esse mais movimentado e interessante que o 2º).
pra mim, continua não sendo o melhor do Tarantino, mas um grande filme. do tipo se voltasse aos cinemas por algum motivo que me foge à mente agora eu com certeza PAGARIA pra reassisti-lo (e isso já diz muito sobre).
visto em 13/04/2024
O Mundo por Philomena Cunk (1ª Temporada)
4.2 31 Assista Agorase michael scott fosse documentarista
Vjeran Tomic: O Homem-Aranha de Paris
3.3 3 Assista AgoraARSÈNE LUPIN DA VIDA REAL
Meninas Malvadas
3.2 179 Assista Agorafilmes cringe DEMAIS mas com momentos ótimos como
a cena da auli'i (janis) cantando perto do final
a cena do baile muito bonitinha.
lindsay lohan aparecendo DO NADA tbm fiquei AAAAAAAAAAAA!!!
dito isso. MINHA CASA E EU SERVIMOS A RENEÉ RAPP. DEUSA
Tudo em Todo O Lugar ao Mesmo Tempo
4.0 2,1K Assista Agorarever esse com mãe é OUTRA coisa
Meu Nome era Eileen
3.0 55 Assista Agoraquem reclamou por esperar romance sáfico não leu o livro né
Stalled
4.0 10não acredito que ainda me surpreendi com o final mesmo ele dizendo NA CARA que
um paradoxo não se resolve, se termina
O Sequestro do Voo 375
3.8 190 Assista Agorao aviso final sobre o Osama bin Laden e Al-Qaeda terem estudado esse caso antes dos ataques no 11 de setembro me pegou MUITO
Addicted to Fresno
2.7 17 Assista Agoranão sabia que precisava do casal natasha lyonne e aubrey plaza até ter o casal natasha lyonne e aubrey plaza
Jogos Mortais X
3.4 479 Assista Agoranão sabia que o jigsaw era coach
O Casamento do Meu Melhor Amigo
3.4 900 Assista Agoraeu também quero um george pra mim
O Urso (2ª Temporada)
4.5 234o richie naquele ep do restaurante chique TO ME THAT'S CINEMA!!!
Yuri!!! on Ice
4.4 89MEU DEUS QUE COISA MAIS LINDA
Ligadas pelo Desejo
3.5 174 Assista Agorafinalmente história de sapatonas trambiqueiras ninguém aguenta mais história de sapatão triste queremos mais sapatonas assim enganando macho, dando golpe, atirando. TUDO
The L Word: Geração Q (3ª Temporada)
2.9 23há um mês pensei: meu deus só queria Dani e Alice felizes, é pedir muito???
NÃO ERA. pedi um lanche e me deram um banquete 😭😭😭❤️
Hacks (2ª Temporada)
4.3 41deborah vance eu te vejo como uma figura materna
O Urso (1ª Temporada)
4.3 410 Assista Agorauma palavra: família