"Topázio" é considerado o pior filme dirigido por Alfred Hitchcock. De fato, o segundo e terceiro ato deste longa são vergonhosos na filmografia do mestre, mas saindo em defesa dele, sabemos que a Universal interferiu E MUITO nessa produção em uma tentativa estúpida de "atualizar" os filmes do cineasta inglês.
Ainda sim, mesmo em seu "pior" trabalho, é possível encontrar momentos geniais e a sempre brilhante "câmera-caneta" de um dos melhores cineastas de todos os tempos (na minha humilde opinião: o melhor). Destaque para a sequência de fuga nos primeiros minutos do filme, os sensacionais trechos sem diálogos e a belíssima cena de morte que só Hitch conseguiria filmar.
Uma pena que narrativamente esse filme peque tanto. Ainda sim... é Hitchcock né?
Ao meu ver um filme esquecível. Começa bem, o inicio do segundo ato é bom mas depois ser perde em uma trama previsível, melodramática demais e que abandona toda sutileza tão bem construída na primeira metade do filme. Vale a pena pelo assunto tratado, e pela atuação de jovem David Kross.
Até as 1:30 de filme estava achando "Torn Curtain" impecável. Obviamente não é O grande filme de Hitchcock mas, ainda sim, tem protagonistas carismáticos (mesmo que com pouca complexidade), a sempre brilhante direção do Mestre, e sequencias EXTREMAMENTE tensas como a perseguição no museu, a cena de assassinato (que desconstrói alguns temas recorrentes na filmografia do próprio Hitchcock), e a cena do ônibus.
Porém a partir do fim do 2° ato, o filme começa a cair drasticamente. Começando pela triste falta de desenvolvimento da personagem da Julie Andrews que é muito mais passiva à trama do que deveria, o acréscimo de personagens desnecessários e irritantes, a quantidade de soluções fáceis que, somadas a duração do filme, acaba deixando-o previsível e fazendo-o perder o impacto.
Mas estamos falando de um filme de Alfred Hitchcock, é obvio que a direção inventiva e certeira de um dos maiores cineastas da história é capaz de contornar todos esses problemas transformando "Cortina rasgada" em um filme divertido e tenso. Tem algo mais puramente hitchcockiano que isso?
Começa bem, tem algumas ideias interessantes mas se embaralha no melodrama e no ritmo do segundo ato que não tem peso algum e perde tempo com uns 4 ou 5 personagens dispensáveis (aliás, como todos os filmes que vi do diretor).
Michael Keaton esta bem e consegue dar camadas de complexidade ao seu personagem. O mesmo não pode ser dito dos personagens Mac e Dick que são unidimensionais e pouco explorados o que é um desperdício de ótimos atores como Patrick Wilson, Laura Dern e John Carrol Lynch.
Com cinematografia, trilha sonora e design de produção óbvios e roteiro preguiçoso, fica fácil entender o sumiço desse longa na temporada de premiações.
Vale a pena se quiser conhecer os bastidores da fundação da maior empresa de fast food do mundo, mas nesses tempos de crise, guarda o dinheiro para outro filme, vai por mim melhor esperar o torrent.
Os primeiros 50 minutos são muito bem executados, e mesmo as vezes exagerando no sentimentalismo, a história se encaminha bem. O garotinho que interpreta Saroo criança acaba carregando com maestria esse primeiro terço do filme. O grande problema começa lá no segundo ato quando Sunny Pawar é substituído por Dev Patel que, mesmo se esforçando, entrega uma atuação monotônica e sem inspiração. O miolo do longa não tem ambição alguma e torna-se terrivelmente longo, melodramático e insuportavelmente tedioso.
Garth Davis perde a mão, a quantidade de flashbacks repetitivos, cenas intermináveis de Saroo mexendo no computador e um romance sem sal acabam quebrando de vez o que o primeiro ato construiu tão bem. Na parte final o filme parecia tentar se recuperar mas finaliza de maneira muito apressada utilizando o recurso das famosas "frases na tela escura", um clichê que vários filmes baseados em fatos utilizam mas dificilmente sabem empregar bem.
Inexplicável a indicação para melhor filme, melhor ator coadjuvante e melhor roteiro adaptado. (A indicação em fotografia é certeira e atriz coadjuvante para a Nicole Kidman até da para engolir). De longe o filme mais fraco da temporada de premiações.
Uma daquelas obras primas de 3 horas que passam como se fosse 90 minutos. Leone se tornou aos poucos um dos meu cineastas favoritos, o estilo inconfundível, os personagens carismáticos e a tensão em suas cenas de duelo são simplesmente inesquecíveis.
"The Good, the Bad and the Ugly" é o melhor filme de uma das melhores trilogias da sétima arte.
Uma continuação superior ao original "De volta ao jogo",filme muito bem dirigido; excelente montagem, trilha sonora e Keanu Reeves inspirado e a vontade no papel.
"Jonh Wick: Um novo dia para matar" tem cenas memoráveis, destaque para a delirante abertura e uma cena de luta entre John Wick e o personagem interpretado pelo rapper Common.
Mesmo impressionando o filme peca principalmente ao excesso de algumas cenas e na duração que acaba esticando um pouco mais do que deveria e dando a impressão que algumas subtramas são um pouco dispensáveis.
Por sorte, o filme encerra numa nota alta e amarra o público para assistir ao próximo filme da franquia, o qual aguardo ansiosamente!
Filme simplesmente espetacular. Quanta tensão, quanta carga dramática, quanta emoção! "Matar ou Morrer" torna-se um exercício primoroso de suspense graças a direção precisa de Fred Zinnemann e a montagem que acentua a tensão e mantem o espectador ansioso para saber quando o relógio vai tocar meio dia e prepara o clímax perfeitamente .
Grande atuação de Gary Cooper e ótimas performances de Grace Kelly e Katy Jurado. E ESSA MÚSICA QUE LEMBRA A BATIDA DO TREM MEU DEUS!
Sim, eu fui assistir com a mente aberta mas "Cinquenta tons mais escuro" é sem sal, chato, previsível e extremamente anti-climático (no pior sentido da palavra). Desde primeira cena somos jogados em uma trama sem pé nem cabeça, com personagens que adam em círculos e a todo momento mudam de atitude por motivo nenhum.
O filme simplesmente não anda, só vai criando mais perguntas e deixa a maioria em aberto para possivelmente concluir no (graças a Deus) terceiro e ultimo filme da franquia.
Qual a da mulher interpretada pela Kim Basinger? Personagem mais mal escrita da história; e o Christian Grey se "subordinando" no final? ata. E o arco com aquela mulher que persegue eles? Foi só aquilo mesmo? Sério isso?
As cenas de sexo não tem uma ousadia, são robóticas, mal feitas e nem um pouco excitantes. Até porque se o filme tivesse todos esses problemas, mas ao menos tivessem cenas de sexo com conceitos interessantes, poderia até valer o ingresso, no entanto, o diretor James Foley (e obviamente os produtores com o intuito de diminuir a classificação etária) opta em cenas picotadas, sem atmosfera alguma e em um nu frontal enquadrado da cintura para cima (????).
Em outras palavras... "Cinquentas tons mais escuros" não possui nada realmente "mais escuro" é simplesmente uma TENTATIVA de pornô para menores de idade. Quando resolverem fazer algo realmente ousado e de boa qualidade eu dou uma chance.
Não tem toda a inventividade de "Uma Aventura Lego", porém, "Lego Batman" é tem momentos simplesmente geniais e personagens carismáticos. Possui cenas tão satíricas que lembra inclusive "Deadpool" (obviamente uma versão BEM mais infantil).
Meu grande problema com o filme é sua indecisão em relação ao público-alvo já que em alguns momentos abusa de um humor infantiloide até demais e em outros faz referencias a filmes da década de 80, 90 e começo de 2000, algo que fará com que a experiencia de muitas crianças fique bastante reduzida ja que provavelmente só serão entendidas pelo público mais velho. O problema não é a referencia em si, mas a maneira ela se equilibra na narrativa e que acaba se sobrepondo ao desenvolvimento de alguns personagens como Alfred e a Comissária Gordon. Um problema inclusive bastante persistente nos filmes da DC.
Deixando de lado esses momentos, o filme é deliciosamente engraçado e visualmente impecável, mas o diferencial dele de tantas outras animações é suas sacadas narrativas e visuais que com certeza são o atrativo de qualquer fã da Lego e do Batman.
Rapaz, esse filme utiliza sua premissa tão bem que Hitchcock nem precisava fazer o seu habitual suspense, bastava ser brilhante como sempre. Um ótimo drama policial que subverte alguns clichês de sua própria carreira.
Abusando excessivamente de "deus ex machina" na narrativa e com personagens sem muita complexidade esta película tinha tudo para ser um suspense clichê e esquecível.
Entretanto, utilizando a temática recorrente do homem acusado injustamente; cenas de comédia cheias de humor negro; ângulos e planos extremamente criativos; e a montagem acentuando as cenas de suspense; "Os 39 Degraus" tem tanto a cara de Hitchcock (arrisco dizer, inclusive, que é um dos filmes que mais tem as marcas do Mestre) que consegue torna-se surpreendente, tenso e extremamente divertido parecendo algumas vezes uma auto-homenagem.
Um ponto que notei durante o filme é como algumas sequências deste se assemelharão no futuro à diversas cenas icônicas do cineasta inglês, como por exemplo: A famosa cena no Albert Hall no final de "O Homem que sabia demais"; a situação onde o Tio Charlie tem que esconder a noticia do jornal e musica que sua sobrinha não para de cantarolar em "A sombra de uma dúvida"; a trama de conspiração internacional e a excepcional cena da perseguição em céu aberto em "Intriga Internacional", e etc.
Não existem palavras pra descrever o quanto esse final de me tocou. Chaplin sabia como arrancar gargalhadas em cenas mais complexas, como a maravilhosa luta de boxe, e até "gags" mais simples como comer um macarrão com um som engraçado ao fundo ou caminhar para frente e para trás e quase cair em um buraco que se abre no chão (lá no começo do filme).
Outro ponto que vale ressaltar é a sensibilidade incrível com que trata as cenas mais dramáticas que conseguem se tonar mais inesquecíveis ainda graças a persistência do autor de manter-se nos filmes mudos (irá mudar apenas em "O Grande Ditador").
A história é fraca e cheia de pontas soltas, é verdade. No entanto, esse belíssimo filme do italiano Dario Argento é uma viagem surrealista e extremamente incomoda que vale a passagem. Uma experiencia simplesmente maravilhosa.
Com uma irretocável noção estética, o cineasta consegue trabalhar em cima de um material raso e criar cenas memoráveis, aterrorizantes e fortes utilizando tons vibrantes, uma trilha sonora ensurdecedora e ângulos de câmera esquisitos.
UMA VERDADEIRA AULA DE CINEMA. Pena que esse roteiro...
Apesar de não ser fã da franquia da Samara, estava ansioso para essa continuação, principalmente por causa da interessantíssima proposta de atualizar a franquia e substituir a fita amaldiçoada por arquivos digitais em smartphone e notebooks. Entretanto, o filme de F. Javier Gutiérrez infelizmente não passa de um reciclado de outros ótimos filmes ("It Follows", "O Homem nas trevas") e também do próprio "O Chamado", uma história genérica que sequer aproveita sua premissa preenchida com jumpscares nada orgânicos que parecem decididos a tentar assustar o público de qualquer forma, mas falham miseravelmente.
A insegurança do cineasta transparece no elenco, que se demonstra apático e igualmente perdido, chegando algumas vezes a parecer estar atuando em um tipo paródia à la "Todo mundo em pânico" e "Inatividade Paranormal". Como se não bastasse, a pavorosa edição e a terrível trilha enterram de vez essa "obra" cinematográfica no fundo do poço (sacou?).
Contudo, vale frisar a assustadora cena final, na qual, maleficamente, um dos personagens exclama "Isso nunca vai acabar!"; o que sintomaticamente é hilário, já que perceber que "refilmagens" como essa não estão nem um pouco perto do fim, deixando qualquer fã do gênero de cabelo em pé.
Pegue uma excepcional fotografia, junte com um movimento de câmera assustador, uma trilha sonora macabra e finalize com um banho de sangue. Essa é descrição de "Profondo Rosso" considerado por muitos o melhor Giallo ja feito, e o melhor filme da carreira do cineasta italiano Dario Argento.
O longa faz jus a sua fama. As cenas de morte são simplesmente impecáveis, a coragem do diretor em acrescentar detalhes importantes da trama logo nos primeiros minutos é admirável e a maneira como a câmera se desloca no espaço é digno de uma obra de arte. Detalhe para as cenas em câmera subjetiva que além de climáticas, certamente inspiraram vários slashers dos anos 70 e 80 como "Halloween" (a trilha também lembra bastante) e "Sexta-Feira 13".
Outra nota é sobre uma sequencia em particular que ocorre no lá no final da trama que envolve um ligação e uma mulher se aproximando do telefone para atende-lo, que é uma referencia clara a "Disque M para Matar" do mestre Hitchcock.
Porém, tenho algumas considerações negativas.
Com 126 minutos de duração, o filme acaba se tornando extremamente cansativo no segundo ato com as intermináveis cenas do protagonista andando de um lado para o outro em uma mansão e uma subtrama digna de uma comédia romântica sem sal. Além disso, o roteiro tem algumas conveniências difíceis de engolir e pontas soltas que no final incomodam demais.
Minha conclusão é que "Prelúdio para Matar" é um ótimo filme. Tenso, sangrento, marcante, inovador e importante. No entanto, com alguns problemas de roteiro e ritmo o filme acaba perdendo seu brilho e se transforma em uma obra onde você simplesmente tem que ignorar seu furos para aprecia-la.
Mas, parando para pensar, isso pouco importa no final das contas, afinal o legado deixado por Argento ao cinema de gênero dos anos 80 e 90 graças a esse filme é simplesmente admirável.
Mesmo com uma temática já para lá de ultrapassada, "Aurora" é um dos filmes mais arrojados tecnicamente do Expressionismo Alemão.
A falta de desenvolvimento e profundidade de alguns personagens atrapalha e torna-se um incomodo maior ao notar que cerca de 20 minutos de filme poderiam ser reduzidos sem afetar a trama. Talvez com um roteiro melhor trabalhado a minha experiencia teria sido bem melhor principalmente levando em conta a tensão e as emoções que os primeiros minutos do filme transmitem.
De qualquer forma, é inegável o legado deixado pelo filme e pelo diretor F.W.Murnau. Desde o movimento mais fluido da câmera, a utilização de vários "tracking shots", os efeitos especiais de sobreposição, a fotografia impecável e as cenas antológicas que fazem parte até hoje do repertório de qualquer bom cineasta.
É fácil então perceber a grandeza dessa película na história do cinema.
Carregado por uma performance mais do que inspirada de Andrew Garfield e excelentes aspectos técnicos, "Racksaw Ridge" consegue ser mais poderoso e interessante do que os filmes de guerra convencionais. Dito isso, tenho que fazer uma consideração: Inspirado em uma história surpreendentemente verídica, o filme poderia ser muito melhor com um capricho no roteiro e uma direção menos maniqueísta.
Os problemas de roteiro podem ser percebidos no dispensável primeiro ato da história que além de apressar demais eventos teoricamente importantes, trata os mesmos de forma rasa e unidimensional. Os personagens secundários não tem absolutamente nenhum peso e mal acrescentam a história. Um roteiro muito raso para uma história tão intrigante.
Porém, o filme melhora consideravelmente no segundo ato e o enredo parece finalmente encontrar seu rumo em cenas de batalha simplesmente espetaculares e muito bem dirigidas pelo veterano Mel Gibson.
Mas, se Desmond Doss era um homem que lutava com a sua fé, e não com armas, o cineasta parece não pensar da mesma forma já que durante quase todo o interlúdio, vemos cenas de extermínio que apesar de eficazes e fortes são extremamente espetacularizadas e maniqueístas na maneira como Gibson retrata os japoneses de forma quase animalesca.
Porém, se isso parecia atrapalhar ainda mais o filme, o terceiro ato se redime completamente e entrega um desfecho impecável, fechando muito bem a história desse homem que, mesmo apelidado de covarde, lutou com sua fé e salvou até o ultimo homem.
É possível dizer que Denis Villeneuve é um dos melhores cineastas de sua geração. Com uma habilidade impressionante para contar histórias relativamente difíceis, ele é responsável por verdadeiras obras primas da última década como Incêndios (2010), Os suspeitos (2013), O Homem Duplicado (2013), Sicário – Terra de Ninguém (2015) e finalmente a produção de 2016 A Chegada.
O filme é uma ficção científica em sua essência, gênero que costuma explorar eventos de distopia e tecnologia para conversar sobre a natureza humana e tentar responder perguntas que sempre foram alvo de nossa curiosidade “Para onde vamos?”, “Qual nosso objetivo?”, “Até quando vamos lutar para alcançar um bem comum?”. Dito isso, é notável então, que esse gênero costuma ser extremamente carregado de drama e são verdadeiras aulas sobre a vida quando feitos com a intensidade necessária e o talento dos profissionais envolvidos. E acreditem, talento e intensidade sobram nesse projeto.
O longa narra os eventos de uma invasão alienígena à Terra, sendo necessário estabelecer contato e para essa missão aparentemente impossível o governo americano a renomada linguista Louise Banks que busca obter uma forma de traduzir a complexa linguagem dos visitantes.
Apesar de o filme tratar sobre uma invasão alienígena, não se engane, A Chegada se difere das demais produções lançadas anualmente pelos EUA, que pouco tem a dizer. Apresentando uma trama sobre a humanidade, o destino, decisões, vida e morte, o filme é carregado de tensão e nada é entregue de graça.
Villeneuve conduz a narrativa com paciência, contemplando a situação e os envolvidos, ressaltando suas funções e condensando uma situação que tem consequências globais em apenas uma pessoa; o seu mérito é dar peso a todas as decisões, sejam da protagonista ou até mesmo dos Aliens, além de envolver os espectadores levando-os a pensar sobre os temas propostos.
Para isso ele utiliza perfeitamente a linguagem cinematográfica a seu favor, com uma fotografia inventiva, abusando de planos abertos e contemplativos, mostrando as dimensões do OVNI e até mesmo ocultando-as do plano estabelecendo então, sua grandiosidade. Auxiliados por belíssimos contra-plongée – um recurso que utiliza ângulos de câmera de baixo p/ cima – o longa cria uma noção de tempo, espaço e até mesmo de gravidade bem diferente da que estamos acostumados.
Mergulhando no subconsciente da Dra Louise Banks, somos imersos no universo guiado por seu ponto de vista. Seus medos, seu amor pela linguagem, seus sonhos e pesadelos ficam extremamente claros à medida que o filme avança, utilizando câmeras subjetivas e uma mixagem de som que informam o espectador, desde os primeiros minutos, que o centro da narrativa é sua personagem principal, não os aliens, não a destruição. A afirmação pode parecer um pleonasmo, porém o estabelecimento disso é importantíssimo, já que no terceiro ato, o filme toma uma direção oposta ao que as convencionais ficções costumam navegar.
Ao exibir uma fascinação pelo desconhecido, o roteiro nos beneficia de momentos absolutamente brilhantes e emocionantes, como no plano-detalhe do personagem Ian tocando pela primeira vez a superfície do estranho objeto, as interações entre os cientistas e os seres desconhecidos e as tristes memórias da protagonista. Nesse sentido, o longa acerta perfeitamente onde filmes como Interestelar (2014) erram grotescamente.
Com atuações seguras e carismáticas de Forrester Wintaker e Jeremy Renner e uma atuação contida, forte e carregada de Amy Adams, A Chegada é uma experiência impactante, filosófica e, de certa forma, otimista, tornando-se, facilmente, uma das melhores ficções cientificas da década e o melhor filme do ano, até agora.
Agora é só esperar a continuação do clássico Blade Runner que será conduzida pela enorme habilidade de Denis Villeneuve, um cineasta que não cansa de apresentar futuros clássicos.
Para outras críticas e informações: http://paginacinematografo.wixsite.com/cinematografo
Um filme sensível, melancólico, pesado, extremamente triste e um retrato perfeito do sentimento de culpa que envolve cada um dos personagens e torna-os pessoas praticamente monotônicas mas, ao mesmo tempo, interessantíssimas.
Com destaque para Casey Affleck numa interpretação contida mas extremamente poderosa, dando camadas a um homem fechado que a muito deixou de viver e carrega consigo o peso, a culpa e a dificuldade de esquecer um passado que lhe assombra, e a maravilhosa Michelle Williams, que mesmo com pouco tempo em tela, conseguiu me levar as lagrimas em uma de suas ultimas cenas.
Ao redor de tudo isso temos a espetacular fotografia de Jody Lee Lipes que funciona perfeitamente ao contrastar o clima alegre e ameno do passado com o ambiente conturbado e triste do presente, e uma trilha sonora MARAVILHOSAMENTE climática e desolante (uma das minhas favoritas do ano).
Atrelando tudo a um brilhante roteiro que entende perfeitamente que mesmo em situações tristes e devastadores é possível encontrar momentos de alívio e felicidade, "Manchester à Beira-Mar" torna-se com isso um drama espetacular, humano, realista e sensível.
Antes de fazer os mega clássicos "Um corpo que cai" e "Psicose", Alfred Hitchcock se aventurou fazendo o filme de humor negro "O Terceiro Tiro".
Com uma direção consistente, atores carismáticos e um roteiro fechadinho, "The trouble with Harry" pode não figurar na lista dos melhores do diretor mas ainda assim é um filme delicioso, divertido e fora da zona de conforto do mestre do suspense.
Não é um Hitchcock menor, é Hitchcock em cada plano!
"Truffaut nos deu Alfred Hitchcock. Não o astro da TV, nem o mestre do suspense, mas Alfred Hitchcock, o artista que escrevia com a câmera". Excelente documentário, a visão de diretores como David Fincher, Martin Scorsese e o próprio François Truffaut sobre a obra e a carreira do mestre Hitchcock.
Detalhes, interpretações relevantes e admiração são esboçados durante os 79 minutos de duração; e mesmo resumindo demais algumas coisas (o livro, obviamente, é um material muito mais completo), é algo digno da grandeza de Hitch, um homem que entendia o público e o cinema como ninguém. Um verdadeiro artista.
OBS: Um Corpo que Cai, Psicose, Disque M para Matar e Janela Indiscreta são as obras-primas que mais gosto do Mestre.
Contar um história de romance utilizando como plano de fundo o cinema ou a música não é uma das coisas mais originais que um filme pode trazer hoje em dia em sua temática.
No entanto, Damien Chazelle utiliza esses elementos para homenagear os grandes musicais de Hollywood e ao mesmo tempo fazer um estudo sobre relacionamentos e sonhos de forma bem mais aprofundada do que os romances genéricos que esperamos anualmente.
"La La Land" é tecnicamente perfeito, abusa de planos-sequencia dificílimos ao ritmo de uma maravilhosa trilha sonora, e traz design de produção e figurinos deslumbrantes que, além de simbolizarem o estado mental e emocional dos personagens, ainda se complementam com o recurso de narrar a história através das estações do ano, que, por si só, ja possui muito significado.
Mesmo com um Ryan Gosling extremamente carismático e uma Emma Stone inspiradíssima (Oscar chegando...), Damien Chazelle ainda sim, consegue se sobressair, conduzindo a narrativa através de uma atmosfera de sonho e finalizando-a poeticamente assim como no espetacular "Whiplash",
Em um ano com "A Chegada", "A Criada", "Aquarius" e "Animais Noturnos", é muito difícil pensar em um "melhor filme", mas "La La Land" vem para tornar a escolha mais fácil já que consegue ser emocionante e brilhante do começo ao fim.
Topázio
3.2 83 Assista Agora"Topázio" é considerado o pior filme dirigido por Alfred Hitchcock. De fato, o segundo e terceiro ato deste longa são vergonhosos na filmografia do mestre, mas saindo em defesa dele, sabemos que a Universal interferiu E MUITO nessa produção em uma tentativa estúpida de "atualizar" os filmes do cineasta inglês.
Ainda sim, mesmo em seu "pior" trabalho, é possível encontrar momentos geniais e a sempre brilhante "câmera-caneta" de um dos melhores cineastas de todos os tempos (na minha humilde opinião: o melhor). Destaque para a sequência de fuga nos primeiros minutos do filme, os sensacionais trechos sem diálogos e a belíssima cena de morte que só Hitch conseguiria filmar.
Uma pena que narrativamente esse filme peque tanto. Ainda sim... é Hitchcock né?
O Leitor
4.1 1,8K Assista AgoraAo meu ver um filme esquecível. Começa bem, o inicio do segundo ato é bom mas depois ser perde em uma trama previsível, melodramática demais e que abandona toda sutileza tão bem construída na primeira metade do filme. Vale a pena pelo assunto tratado, e pela atuação de jovem David Kross.
Cortina Rasgada
3.4 127 Assista AgoraAté as 1:30 de filme estava achando "Torn Curtain" impecável. Obviamente não é O grande filme de Hitchcock mas, ainda sim, tem protagonistas carismáticos (mesmo que com pouca complexidade), a sempre brilhante direção do Mestre, e sequencias EXTREMAMENTE tensas como a perseguição no museu, a cena de assassinato (que desconstrói alguns temas recorrentes na filmografia do próprio Hitchcock), e a cena do ônibus.
Porém a partir do fim do 2° ato, o filme começa a cair drasticamente. Começando pela triste falta de desenvolvimento da personagem da Julie Andrews que é muito mais passiva à trama do que deveria, o acréscimo de personagens desnecessários e irritantes, a quantidade de soluções fáceis que, somadas a duração do filme, acaba deixando-o previsível e fazendo-o perder o impacto.
Mas estamos falando de um filme de Alfred Hitchcock, é obvio que a direção inventiva e certeira de um dos maiores cineastas da história é capaz de contornar todos esses problemas transformando "Cortina rasgada" em um filme divertido e tenso. Tem algo mais puramente hitchcockiano que isso?
Fome de Poder
3.6 830 Assista AgoraComeça bem, tem algumas ideias interessantes mas se embaralha no melodrama e no ritmo do segundo ato que não tem peso algum e perde tempo com uns 4 ou 5 personagens dispensáveis (aliás, como todos os filmes que vi do diretor).
Michael Keaton esta bem e consegue dar camadas de complexidade ao seu personagem. O mesmo não pode ser dito dos personagens Mac e Dick que são unidimensionais e pouco explorados o que é um desperdício de ótimos atores como Patrick Wilson, Laura Dern e John Carrol Lynch.
Com cinematografia, trilha sonora e design de produção óbvios e roteiro preguiçoso, fica fácil entender o sumiço desse longa na temporada de premiações.
Vale a pena se quiser conhecer os bastidores da fundação da maior empresa de fast food do mundo, mas nesses tempos de crise, guarda o dinheiro para outro filme, vai por mim melhor esperar o torrent.
Lion: Uma Jornada para Casa
4.3 1,9K Assista AgoraOs primeiros 50 minutos são muito bem executados, e mesmo as vezes exagerando no sentimentalismo, a história se encaminha bem. O garotinho que interpreta Saroo criança acaba carregando com maestria esse primeiro terço do filme. O grande problema começa lá no segundo ato quando Sunny Pawar é substituído por Dev Patel que, mesmo se esforçando, entrega uma atuação monotônica e sem inspiração. O miolo do longa não tem ambição alguma e torna-se terrivelmente longo, melodramático e insuportavelmente tedioso.
Garth Davis perde a mão, a quantidade de flashbacks repetitivos, cenas intermináveis de Saroo mexendo no computador e um romance sem sal acabam quebrando de vez o que o primeiro ato construiu tão bem. Na parte final o filme parecia tentar se recuperar mas finaliza de maneira muito apressada utilizando o recurso das famosas "frases na tela escura", um clichê que vários filmes baseados em fatos utilizam mas dificilmente sabem empregar bem.
Inexplicável a indicação para melhor filme, melhor ator coadjuvante e melhor roteiro adaptado. (A indicação em fotografia é certeira e atriz coadjuvante para a Nicole Kidman até da para engolir). De longe o filme mais fraco da temporada de premiações.
Três Homens em Conflito
4.6 1,2K Assista AgoraUma daquelas obras primas de 3 horas que passam como se fosse 90 minutos. Leone se tornou aos poucos um dos meu cineastas favoritos, o estilo inconfundível, os personagens carismáticos e a tensão em suas cenas de duelo são simplesmente inesquecíveis.
"The Good, the Bad and the Ugly" é o melhor filme de uma das melhores trilogias da sétima arte.
John Wick: Um Novo Dia Para Matar
3.9 1,1K Assista AgoraUma continuação superior ao original "De volta ao jogo",filme muito bem dirigido; excelente montagem, trilha sonora e Keanu Reeves inspirado e a vontade no papel.
"Jonh Wick: Um novo dia para matar" tem cenas memoráveis, destaque para a delirante abertura e uma cena de luta entre John Wick e o personagem interpretado pelo rapper Common.
Mesmo impressionando o filme peca principalmente ao excesso de algumas cenas e na duração que acaba esticando um pouco mais do que deveria e dando a impressão que algumas subtramas são um pouco dispensáveis.
Por sorte, o filme encerra numa nota alta e amarra o público para assistir ao próximo filme da franquia, o qual aguardo ansiosamente!
Matar ou Morrer
4.1 205 Assista AgoraFilme simplesmente espetacular. Quanta tensão, quanta carga dramática, quanta emoção! "Matar ou Morrer" torna-se um exercício primoroso de suspense graças a direção precisa de Fred Zinnemann e a montagem que acentua a tensão e mantem o espectador ansioso para saber quando o relógio vai tocar meio dia e prepara o clímax perfeitamente .
Grande atuação de Gary Cooper e ótimas performances de Grace Kelly e Katy Jurado. E ESSA MÚSICA QUE LEMBRA A BATIDA DO TREM MEU DEUS!
Um brilhante western com traços de film noir.
Cinquenta Tons Mais Escuros
2.5 763 Assista AgoraSim, eu fui assistir com a mente aberta mas "Cinquenta tons mais escuro" é sem sal, chato, previsível e extremamente anti-climático (no pior sentido da palavra). Desde primeira cena somos jogados em uma trama sem pé nem cabeça, com personagens que adam em círculos e a todo momento mudam de atitude por motivo nenhum.
O filme simplesmente não anda, só vai criando mais perguntas e deixa a maioria em aberto para possivelmente concluir no (graças a Deus) terceiro e ultimo filme da franquia.
Qual a da mulher interpretada pela Kim Basinger? Personagem mais mal escrita da história; e o Christian Grey se "subordinando" no final? ata. E o arco com aquela mulher que persegue eles? Foi só aquilo mesmo? Sério isso?
As cenas de sexo não tem uma ousadia, são robóticas, mal feitas e nem um pouco excitantes. Até porque se o filme tivesse todos esses problemas, mas ao menos tivessem cenas de sexo com conceitos interessantes, poderia até valer o ingresso, no entanto, o diretor James Foley (e obviamente os produtores com o intuito de diminuir a classificação etária) opta em cenas picotadas, sem atmosfera alguma e em um nu frontal enquadrado da cintura para cima (????).
Em outras palavras... "Cinquentas tons mais escuros" não possui nada realmente "mais escuro" é simplesmente uma TENTATIVA de pornô para menores de idade. Quando resolverem fazer algo realmente ousado e de boa qualidade eu dou uma chance.
LEGO Batman: O Filme
3.9 384 Assista AgoraNão tem toda a inventividade de "Uma Aventura Lego", porém, "Lego Batman" é tem momentos simplesmente geniais e personagens carismáticos. Possui cenas tão satíricas que lembra inclusive "Deadpool" (obviamente uma versão BEM mais infantil).
Meu grande problema com o filme é sua indecisão em relação ao público-alvo já que em alguns momentos abusa de um humor infantiloide até demais e em outros faz referencias a filmes da década de 80, 90 e começo de 2000, algo que fará com que a experiencia de muitas crianças fique bastante reduzida ja que provavelmente só serão entendidas pelo público mais velho. O problema não é a referencia em si, mas a maneira ela se equilibra na narrativa e que acaba se sobrepondo ao desenvolvimento de alguns personagens como Alfred e a Comissária Gordon. Um problema inclusive bastante persistente nos filmes da DC.
Deixando de lado esses momentos, o filme é deliciosamente engraçado e visualmente impecável, mas o diferencial dele de tantas outras animações é suas sacadas narrativas e visuais que com certeza são o atrativo de qualquer fã da Lego e do Batman.
A Tortura do Silêncio
3.9 139 Assista AgoraRapaz, esse filme utiliza sua premissa tão bem que Hitchcock nem precisava fazer o seu habitual suspense, bastava ser brilhante como sempre. Um ótimo drama policial que subverte alguns clichês de sua própria carreira.
Os 39 Degraus
3.7 120 Assista AgoraAbusando excessivamente de "deus ex machina" na narrativa e com personagens sem muita complexidade esta película tinha tudo para ser um suspense clichê e esquecível.
Entretanto, utilizando a temática recorrente do homem acusado injustamente; cenas de comédia cheias de humor negro; ângulos e planos extremamente criativos; e a montagem acentuando as cenas de suspense; "Os 39 Degraus" tem tanto a cara de Hitchcock (arrisco dizer, inclusive, que é um dos filmes que mais tem as marcas do Mestre) que consegue torna-se surpreendente, tenso e extremamente divertido parecendo algumas vezes uma auto-homenagem.
Um ponto que notei durante o filme é como algumas sequências deste se assemelharão no futuro à diversas cenas icônicas do cineasta inglês, como por exemplo: A famosa cena no Albert Hall no final de "O Homem que sabia demais"; a situação onde o Tio Charlie tem que esconder a noticia do jornal e musica que sua sobrinha não para de cantarolar em "A sombra de uma dúvida"; a trama de conspiração internacional e a excepcional cena da perseguição em céu aberto em "Intriga Internacional", e etc.
Luzes da Cidade
4.6 622 Assista AgoraNão existem palavras pra descrever o quanto esse final de me tocou. Chaplin sabia como arrancar gargalhadas em cenas mais complexas, como a maravilhosa luta de boxe, e até "gags" mais simples como comer um macarrão com um som engraçado ao fundo ou caminhar para frente e para trás e quase cair em um buraco que se abre no chão (lá no começo do filme).
Outro ponto que vale ressaltar é a sensibilidade incrível com que trata as cenas mais dramáticas que conseguem se tonar mais inesquecíveis ainda graças a persistência do autor de manter-se nos filmes mudos (irá mudar apenas em "O Grande Ditador").
Suspiria
3.8 978 Assista AgoraA história é fraca e cheia de pontas soltas, é verdade. No entanto, esse belíssimo filme do italiano Dario Argento é uma viagem surrealista e extremamente incomoda que vale a passagem. Uma experiencia simplesmente maravilhosa.
Com uma irretocável noção estética, o cineasta consegue trabalhar em cima de um material raso e criar cenas memoráveis, aterrorizantes e fortes utilizando tons vibrantes, uma trilha sonora ensurdecedora e ângulos de câmera esquisitos.
UMA VERDADEIRA AULA DE CINEMA. Pena que esse roteiro...
O Chamado 3
2.3 1,2K Assista AgoraApesar de não ser fã da franquia da Samara, estava ansioso para essa continuação, principalmente por causa da interessantíssima proposta de atualizar a franquia e substituir a fita amaldiçoada por arquivos digitais em smartphone e notebooks. Entretanto, o filme de F. Javier Gutiérrez infelizmente não passa de um reciclado de outros ótimos filmes ("It Follows", "O Homem nas trevas") e também do próprio "O Chamado", uma história genérica que sequer aproveita sua premissa preenchida com jumpscares nada orgânicos que parecem decididos a tentar assustar o público de qualquer forma, mas falham miseravelmente.
A insegurança do cineasta transparece no elenco, que se demonstra apático e igualmente perdido, chegando algumas vezes a parecer estar atuando em um tipo paródia à la "Todo mundo em pânico" e "Inatividade Paranormal". Como se não bastasse, a pavorosa edição e a terrível trilha enterram de vez essa "obra" cinematográfica no fundo do poço (sacou?).
Contudo, vale frisar a assustadora cena final, na qual, maleficamente, um dos personagens exclama "Isso nunca vai acabar!"; o que sintomaticamente é hilário, já que perceber que "refilmagens" como essa não estão nem um pouco perto do fim, deixando qualquer fã do gênero de cabelo em pé.
Prelúdio Para Matar
4.0 255 Assista AgoraPegue uma excepcional fotografia, junte com um movimento de câmera assustador, uma trilha sonora macabra e finalize com um banho de sangue. Essa é descrição de "Profondo Rosso" considerado por muitos o melhor Giallo ja feito, e o melhor filme da carreira do cineasta italiano Dario Argento.
O longa faz jus a sua fama. As cenas de morte são simplesmente impecáveis, a coragem do diretor em acrescentar detalhes importantes da trama logo nos primeiros minutos é admirável e a maneira como a câmera se desloca no espaço é digno de uma obra de arte. Detalhe para as cenas em câmera subjetiva que além de climáticas, certamente inspiraram vários slashers dos anos 70 e 80 como "Halloween" (a trilha também lembra bastante) e "Sexta-Feira 13".
Outra nota é sobre uma sequencia em particular que ocorre no lá no final da trama que envolve um ligação e uma mulher se aproximando do telefone para atende-lo, que é uma referencia clara a "Disque M para Matar" do mestre Hitchcock.
Porém, tenho algumas considerações negativas.
Com 126 minutos de duração, o filme acaba se tornando extremamente cansativo no segundo ato com as intermináveis cenas do protagonista andando de um lado para o outro em uma mansão e uma subtrama digna de uma comédia romântica sem sal. Além disso, o roteiro tem algumas conveniências difíceis de engolir e pontas soltas que no final incomodam demais.
Minha conclusão é que "Prelúdio para Matar" é um ótimo filme. Tenso, sangrento, marcante, inovador e importante. No entanto, com alguns problemas de roteiro e ritmo o filme acaba perdendo seu brilho e se transforma em uma obra onde você simplesmente tem que ignorar seu furos para aprecia-la.
Mas, parando para pensar, isso pouco importa no final das contas, afinal o legado deixado por Argento ao cinema de gênero dos anos 80 e 90 graças a esse filme é simplesmente admirável.
Aurora
4.4 204 Assista AgoraMesmo com uma temática já para lá de ultrapassada, "Aurora" é um dos filmes mais arrojados tecnicamente do Expressionismo Alemão.
A falta de desenvolvimento e profundidade de alguns personagens atrapalha e torna-se um incomodo maior ao notar que cerca de 20 minutos de filme poderiam ser reduzidos sem afetar a trama. Talvez com um roteiro melhor trabalhado a minha experiencia teria sido bem melhor principalmente levando em conta a tensão e as emoções que os primeiros minutos do filme transmitem.
De qualquer forma, é inegável o legado deixado pelo filme e pelo diretor F.W.Murnau. Desde o movimento mais fluido da câmera, a utilização de vários "tracking shots", os efeitos especiais de sobreposição, a fotografia impecável e as cenas antológicas que fazem parte até hoje do repertório de qualquer bom cineasta.
É fácil então perceber a grandeza dessa película na história do cinema.
Até o Último Homem
4.2 2,0K Assista AgoraCarregado por uma performance mais do que inspirada de Andrew Garfield e excelentes aspectos técnicos, "Racksaw Ridge" consegue ser mais poderoso e interessante do que os filmes de guerra convencionais. Dito isso, tenho que fazer uma consideração: Inspirado em uma história surpreendentemente verídica, o filme poderia ser muito melhor com um capricho no roteiro e uma direção menos maniqueísta.
Os problemas de roteiro podem ser percebidos no dispensável primeiro ato da história que além de apressar demais eventos teoricamente importantes, trata os mesmos de forma rasa e unidimensional. Os personagens secundários não tem absolutamente nenhum peso e mal acrescentam a história. Um roteiro muito raso para uma história tão intrigante.
Porém, o filme melhora consideravelmente no segundo ato e o enredo parece finalmente encontrar seu rumo em cenas de batalha simplesmente espetaculares e muito bem dirigidas pelo veterano Mel Gibson.
Mas, se Desmond Doss era um homem que lutava com a sua fé, e não com armas, o cineasta parece não pensar da mesma forma já que durante quase todo o interlúdio, vemos cenas de extermínio que apesar de eficazes e fortes são extremamente espetacularizadas e maniqueístas na maneira como Gibson retrata os japoneses de forma quase animalesca.
Porém, se isso parecia atrapalhar ainda mais o filme, o terceiro ato se redime completamente e entrega um desfecho impecável, fechando muito bem a história desse homem que, mesmo apelidado de covarde, lutou com sua fé e salvou até o ultimo homem.
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraÉ possível dizer que Denis Villeneuve é um dos melhores cineastas de sua geração. Com uma habilidade impressionante para contar histórias relativamente difíceis, ele é responsável por verdadeiras obras primas da última década como Incêndios (2010), Os suspeitos (2013), O Homem Duplicado (2013), Sicário – Terra de Ninguém (2015) e finalmente a produção de 2016 A Chegada.
O filme é uma ficção científica em sua essência, gênero que costuma explorar eventos de distopia e tecnologia para conversar sobre a natureza humana e tentar responder perguntas que sempre foram alvo de nossa curiosidade “Para onde vamos?”, “Qual nosso objetivo?”, “Até quando vamos lutar para alcançar um bem comum?”. Dito isso, é notável então, que esse gênero costuma ser extremamente carregado de drama e são verdadeiras aulas sobre a vida quando feitos com a intensidade necessária e o talento dos profissionais envolvidos. E acreditem, talento e intensidade sobram nesse projeto.
O longa narra os eventos de uma invasão alienígena à Terra, sendo necessário estabelecer contato e para essa missão aparentemente impossível o governo americano a renomada linguista Louise Banks que busca obter uma forma de traduzir a complexa linguagem dos visitantes.
Apesar de o filme tratar sobre uma invasão alienígena, não se engane, A Chegada se difere das demais produções lançadas anualmente pelos EUA, que pouco tem a dizer. Apresentando uma trama sobre a humanidade, o destino, decisões, vida e morte, o filme é carregado de tensão e nada é entregue de graça.
Villeneuve conduz a narrativa com paciência, contemplando a situação e os envolvidos, ressaltando suas funções e condensando uma situação que tem consequências globais em apenas uma pessoa; o seu mérito é dar peso a todas as decisões, sejam da protagonista ou até mesmo dos Aliens, além de envolver os espectadores levando-os a pensar sobre os temas propostos.
Para isso ele utiliza perfeitamente a linguagem cinematográfica a seu favor, com uma fotografia inventiva, abusando de planos abertos e contemplativos, mostrando as dimensões do OVNI e até mesmo ocultando-as do plano estabelecendo então, sua grandiosidade. Auxiliados por belíssimos contra-plongée – um recurso que utiliza ângulos de câmera de baixo p/ cima – o longa cria uma noção de tempo, espaço e até mesmo de gravidade bem diferente da que estamos acostumados.
Mergulhando no subconsciente da Dra Louise Banks, somos imersos no universo guiado por seu ponto de vista. Seus medos, seu amor pela linguagem, seus sonhos e pesadelos ficam extremamente claros à medida que o filme avança, utilizando câmeras subjetivas e uma mixagem de som que informam o espectador, desde os primeiros minutos, que o centro da narrativa é sua personagem principal, não os aliens, não a destruição. A afirmação pode parecer um pleonasmo, porém o estabelecimento disso é importantíssimo, já que no terceiro ato, o filme toma uma direção oposta ao que as convencionais ficções costumam navegar.
Ao exibir uma fascinação pelo desconhecido, o roteiro nos beneficia de momentos absolutamente brilhantes e emocionantes, como no plano-detalhe do personagem Ian tocando pela primeira vez a superfície do estranho objeto, as interações entre os cientistas e os seres desconhecidos e as tristes memórias da protagonista. Nesse sentido, o longa acerta perfeitamente onde filmes como Interestelar (2014) erram grotescamente.
Com atuações seguras e carismáticas de Forrester Wintaker e Jeremy Renner e uma atuação contida, forte e carregada de Amy Adams, A Chegada é uma experiência impactante, filosófica e, de certa forma, otimista, tornando-se, facilmente, uma das melhores ficções cientificas da década e o melhor filme do ano, até agora.
Agora é só esperar a continuação do clássico Blade Runner que será conduzida pela enorme habilidade de Denis Villeneuve, um cineasta que não cansa de apresentar futuros clássicos.
Para outras críticas e informações: http://paginacinematografo.wixsite.com/cinematografo
Manchester à Beira-Mar
3.8 1,4K Assista AgoraUm filme sensível, melancólico, pesado, extremamente triste e um retrato perfeito do sentimento de culpa que envolve cada um dos personagens e torna-os pessoas praticamente monotônicas mas, ao mesmo tempo, interessantíssimas.
Com destaque para Casey Affleck numa interpretação contida mas extremamente poderosa, dando camadas a um homem fechado que a muito deixou de viver e carrega consigo o peso, a culpa e a dificuldade de esquecer um passado que lhe assombra, e a maravilhosa Michelle Williams, que mesmo com pouco tempo em tela, conseguiu me levar as lagrimas em uma de suas ultimas cenas.
Ao redor de tudo isso temos a espetacular fotografia de Jody Lee Lipes que funciona perfeitamente ao contrastar o clima alegre e ameno do passado com o ambiente conturbado e triste do presente, e uma trilha sonora MARAVILHOSAMENTE climática e desolante (uma das minhas favoritas do ano).
Atrelando tudo a um brilhante roteiro que entende perfeitamente que mesmo em situações tristes e devastadores é possível encontrar momentos de alívio e felicidade, "Manchester à Beira-Mar" torna-se com isso um drama espetacular, humano, realista e sensível.
Um dos melhores filmes de 2016!
O Terceiro Tiro
3.7 145Antes de fazer os mega clássicos "Um corpo que cai" e "Psicose", Alfred Hitchcock se aventurou fazendo o filme de humor negro "O Terceiro Tiro".
Com uma direção consistente, atores carismáticos e um roteiro fechadinho, "The trouble with Harry" pode não figurar na lista dos melhores do diretor mas ainda assim é um filme delicioso, divertido e fora da zona de conforto do mestre do suspense.
Não é um Hitchcock menor, é Hitchcock em cada plano!
Hitchcock/Truffaut
4.2 38"Truffaut nos deu Alfred Hitchcock. Não o astro da TV, nem o mestre do suspense, mas Alfred Hitchcock, o artista que escrevia com a câmera". Excelente documentário, a visão de diretores como David Fincher, Martin Scorsese e o próprio François Truffaut sobre a obra e a carreira do mestre Hitchcock.
Detalhes, interpretações relevantes e admiração são esboçados durante os 79 minutos de duração; e mesmo resumindo demais algumas coisas (o livro, obviamente, é um material muito mais completo), é algo digno da grandeza de Hitch, um homem que entendia o público e o cinema como ninguém. Um verdadeiro artista.
OBS: Um Corpo que Cai, Psicose, Disque M para Matar e Janela Indiscreta são as obras-primas que mais gosto do Mestre.
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraBarry Jenkis ensinando como se dirige um filme. Forte, sutil, necessário, profundo e especialmente verdadeiro. Uma tocante obra de arte!
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraContar um história de romance utilizando como plano de fundo o cinema ou a música não é uma das coisas mais originais que um filme pode trazer hoje em dia em sua temática.
No entanto, Damien Chazelle utiliza esses elementos para homenagear os grandes musicais de Hollywood e ao mesmo tempo fazer um estudo sobre relacionamentos e sonhos de forma bem mais aprofundada do que os romances genéricos que esperamos anualmente.
"La La Land" é tecnicamente perfeito, abusa de planos-sequencia dificílimos ao ritmo de uma maravilhosa trilha sonora, e traz design de produção e figurinos deslumbrantes que, além de simbolizarem o estado mental e emocional dos personagens, ainda se complementam com o recurso de narrar a história através das estações do ano, que, por si só, ja possui muito significado.
Mesmo com um Ryan Gosling extremamente carismático e uma Emma Stone inspiradíssima (Oscar chegando...), Damien Chazelle ainda sim, consegue se sobressair, conduzindo a narrativa através de uma atmosfera de sonho e finalizando-a poeticamente assim como no espetacular "Whiplash",
Em um ano com "A Chegada", "A Criada", "Aquarius" e "Animais Noturnos", é muito difícil pensar em um "melhor filme", mas "La La Land" vem para tornar a escolha mais fácil já que consegue ser emocionante e brilhante do começo ao fim.