Eu realmente gosto da montagem dos filmes do Edgar Wright, o jogo de cores e a trilha sonora são partes integrantes efetivas do filme. O plot não é nem um pouco surpreendente, mas diverte porque é um filme visualmente muito gostoso de assistir. A atriz principal (Thomasin McKenzie) tem uma voz assoprada/sussurrada extremamente enfadonha a ponto de que no fim do filme a gente não quer mais que ela fale. Anya Taylor-Joy, como sempre, é o maior destaque e o estilo "estranho" dela casa muito com o design de produção do Edgar Wright. Bom filme, em que pese o plot previsível e o terceiro ato demasiadamente alongado e cansativo.
Esse episódio 10 da segunda temporada foi uma das coisas mais bem dirigidas que vi pra TV. Em 15 minutos a gente ri, chora de tristeza, de raiva e se irrita, também. Que série maravilhosa!
Filme começa aparentemente destoando do tom universal que a Marvel emprega nos filmes do MCU. Começa violento, cru, desolador, impactante, e só depois do longo preâmbulo começa a mostrar sua identidade Marvel de ser.
Os pontos altos do filme ficam por conta das excelentes e brutais cenas de ação e pelas cenas entre os personagens principais (o elo familiar é muito explorado, principalmente o debate de família sanguínea/afetiva).
Os contras eu considero em parte roteiro: os filmes de super-herói atualmente já evoluíram muito além do tradicional que o vilão explica seu plano inteiro, com detalhes; falando em antagonista, o personagem do Ray Winstone é extremamente caricato.
Saldo positivo do filme se comparada a outras obras solo recentes da Marvel, como Homem-Formiga, Capitã Marvel ou Dr. Estranho.
Não sei o que o pessoal esperava pra avaliar tão mal kkkkkk mas é melhor que pelo menos os últimos três Saw. Chris Rock não nasceu pra atuar em drama, muito escandaloso pra isso, mas achei muito boa a sacada de fazer uma limpa Institucional ao invés de pessoal
Realmente é o The Boys da Netflix. A diferença é que o Prime Video já passou da fase de mostrar arco de adolescente problemático e drogado, a Netflix aparentemente ama isso.
em algum momento eu pisquei e virou Viagem ao Centro da Terra. O roteiro é péssimo, são menos lutas que eu esperava (mas muito bem feitas). Diverte bastante!
Ainda não entendi muito bem o que todos esses comentários negativos esperavam. Obviamente eu esperava que adaptassem integralmente o cânone do jogo (que é cheio de idas e vindas, muito complexo por sinal, mas deveria ser melhor explorado em série).
Entretanto, dentro das baixas expectativas, achei um excelente filme pra quem gosta da franquia. As lutas são bem violentas, as imagens são bem gráficas (cheio de sangue e tripas), várias referências a golpes originais, fatalities fiéis aos do game. Achei um excelente fã service e me diverti nessa releitura. O Kabal achei muito legal essa versão mais despojada e ácida.
O roteiro acho que conseguiu uma saída eficiente e rápida pros braços do Jax e o "despertar dos poderes mágicos dos lutadores", enfim, achei um filme bem prático, objetivo e direto pra quem consumiu a franquia do jogo. É bom, apensa isso.
Fui surpreendido. Estava sem expectativa nenhuma em cima dessa produção. Não sei se foi pela produções contestadas ou pelas ridicularizadas, em algum momento passei a não me importar mais com os filmes do dito DCEU.
Confesso que Zack Snyder é um diretor que não me cativa tanto. Sua estilística, tão forte que chega a ser uma assinatura, me cansa. Os excessos de takes em câmera lenta, o abuso nas repetições nas características dos personagens (o grito das amazonas sempre que a Mulher-Maravilha pega uma espada por exemplo) é um fator que deixa o filme menos leve do que deveria. Mas há seus pontos positivos, sem dúvida: a emoção e a urgência em determinadas cenas é quase tátil de tão perceptível, o roteiro de suas produções é sempre muito coeso e de fácil acompanhamento, sem ser explicativo ou infantil.
Mas preciso ser sincero que o filme me surpreendeu demais. Muito diferente do Frankestein do Joss Whedon, o filme tem - e não tem outra palavra melhor - nexo! Esse filme tem nexo, a espectador mergulha no sentimento de urgência, do fim de estar próximo. As apresentações dos personagens é bem sedimentada, expõe de forma muito sucinta e clara suas aspirações e limitações. Sim, ainda acho que o desenvolvimento do roteiro é acelerado, embora infinitamente melhor que a versão dos cinemas. Pelo que eles representam, os protagonistas mereciam um mergulho maior em seus elementos do que seus quinze ou vinte minutos de introdução nesse filme, algo que apenas um filme solo poderia fazer.
De qualquer forma, Liga da Justiça é o melhor resultado da parceria DC/Snyder/Warner. Infelizmente, por motivos políticos e marcadológicos, jamais saberemos como poderia ter sido dar sequência à visão do diretor. Não que eu concordasse com o rumo que as coisas estavam tomando, mas não consigo deixar de pensar "e se...".
o filme é tão desinteressante que eu QUASE desisti de assistir até o fim. Personagens genéricos, sem enredo. Realmente, a Sony olhou pro fundo do abismo e não sei como que caiu no canto de uma sereia sem talento chamada Paul WS Anderson
Embora protocolar, novo filme de Aaron Sorkin vai além dos tribunais e demonstra que a polarização do mundo vem de muito antes do século 21
Uma das maiores qualidades do diretor e roteirista Aaron Sorkin é, definitivamente, saber contar uma história de forma dinâmica. Seja no excelente A Rede Social ou no famigerado A Grande Jogada, seu texto sempre soube contar uma história natural de forma dinâmica e fluida.
Assim, quando Os 7 de Chicago foi anunciado pela Netflix, que possui seus direitos de produção e transmissão, houve uma certa euforia contida, considerando estarmos em tempos calamitosos. Aliado a isso, um elenco estelar não fez por menos: Eddie Redmayne, Jeremy Strong, Yahya Abdul-Mateen II, e, claro, um estupendo Sasha Baron Cohen. O cenário da obra, uma sala de tribunal, foi o ambiente perfeito para que Sorkin pudesse alcançar outro patamar na sua excelência com diálogos.
Extremamente relevante em conteúdo, o filme é construído de forma indireta, de modo que os eventos que são o cerne do julgamento são enfrentados pouco a pouco, através de flashbacks e lembranças dos personagens. Assim, justamente por não parecer enfadonho, as palavras proferidas em audiência tomam especial relevância no momento em que proferidas.
Se por um lado o filme encanta por seu dinamismo, esta mesma forma indireta já fora usada outras vezes pelo diretor, de modo que pouca inovação se vê no diretor em comparação a ele mesmo. Da mesma forma, embora tão sagaz em suas críticas, o filme ainda se rende ao protocolar, ou seja, coloca na imagem de um jovem promotor um velho recado bem batido no cinema de pseudorredenção – ei, nós éramos assim, mas a nova geração de agentes políticos é nobre, veja só.
Um dos elementos mais atuais na sociedade atualmente é sua total incapacidade de distinção de valores. Ou se é bom, ou se é mal. Esquerda ou direita. Esse pensamento ilusório faz aparentar que não vivemos em um mundo de camadas; há apenas dois lados de uma mesma moeda. Nesse ponto vem a excelência de Sorkin, que usa este caso concreto, para ilustrar que, embora o mundo insista em se manter raso e horizontal, há uma verticalidade inerente a cada um, com seus pensamentos, severidades, abrandamentos.
Não tem dúvidas que o mundo é um local complicado; para isto, as pessoas resolvem procurar semelhanças em seus antagonistas e é justamente disso que nasce a simplificação e a polarização. Em certo momento do filme, o promotor Richard Schultz (Gordon-Levitt) professa: eles são a esquerda radical, apenas com diferente roupagem. Enquanto caráter for julgado apenas por opinião política, o mundo continuará andando em círculos.
Sátira de super-heróis vai muito além de sua aspiração e critica fundamentos do mundo contemporâneo
Lançada em 2019 de forma despretensiosa pela Amazon Prime Video, The Boys parecia ter sido idealizada apenas para completar um nicho que, atualmente, urge ser atendido pelas mais diversas plataformas: os super-heróis. Sem grandes expectativas, a série se mostrou surpreendente, oxigenando o que estava saturado pela nobreza utópica dos protagonistas.
Devido a seus próprios méritos, o segundo ano já era aguardado com certa expectativa. E sua abordagem não poderia ter sido mais acertada. Se no primeiro ano, a obra se preocupou em dispor o cenário e a força motriz dos protagonistas, o segundo ano foi focado em nivelar ambos os lados, dando profundidade e argumentos a eles. O crescimento da trama, realizado de forma orgânica, enche os olhos com a naturalidade que somos conduzidos. Dessa vez, as críticas à sociedade contemporânea são muito mais agudas e assertivas, o que demonstra a ciência dos produtores de que a obra alcançou outro patamar.
Debates como a falácia do genocídio branco, neo-nazismo (e o fato das pessoas idolatrarem o conceito, embora repudiem a palavra), a força comercial da Igreja, e, até mesmo, a formação de opinião através dos memes e das fake news são constantes nesse mundo dominado por, veja só, uma indústria farmacêutica que monopoliza o mercado de segurança. Ora, não precisa ser formado em ciência política para perceber que o discurso populista (maquinado as reais intenções da vilã) de Tempesta é o mais claro retrato de diversos líderes políticos agora.
Ao mesmo tempo que entra de cabeça na sátira, a série reserva tempo, também, para o desenvolvimento psicológico de seus personagens. Apenas para exemplificar, se em um episódio repudiamos as atrocidades do Capitão Pátria, no outro percebemos que ele é apenas um produto desde sua concepção. Billy Bruto, por outro lado, que antes achávamos ser guido tão somente por desejo de vingança, possui feridas que datam de muito antes do próprio Capitão Pátria. Além deles, todos os outros personagens tiverem desenvolvimentos apropriados à sua posição na trama, em especial Kimiko, Francês e Maeve.
Importante destacar também o mérito de como a série foi lançada. O lançamento semanal dos episódios é uma boa fuga para o imediatismo que estamos acostumados hoje: essa semana, queremos uma temporada inteira, e a segunda temporada queremos já semana que vem. Dessa forma, perpetua-se o produto através do debate, do hype.
Ao fim de seu segundo ano, The Boys satisfez expectativas que já não eram baixas. Excelente para nós, espectadores, mas importante frisar que, mais uma vez, eleva-se a régua com a qual o vindouro ano será medido. Nesse momento, acabamos por confiar ainda mais no potencial da série. E eu não vejo a hora de saber onde tudo isso vai dar.
Nota: 5/5
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Filme alegórico, de natureza quase kafkiana, leva o espectador à introspecção e autoaceitação.
Quando eu era mais novo, eu e meus amigos compartilhamos muitas noites em um mesmo local (o salão de festas do prédio que morávamos). Muitas mesmo. Tantas a ponto de que eu, hoje, não me lembro ao certo quem estava em determinada noite, ou o que aconteceu especificamente. A memória se confunde. Às vezes insere, muda, transforma. Deleta.
Da mesma forma, quando estamos à beira da morte, dizem que nossa vida toda passa como se fosse um filme. Não sei bem se essa foi a linha de raciocínio do diretor Charlie Kaufman (roteirista de Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças), mas gosto de pensar que Estou Pensando em Acabar com Tudo nasceu em algum lugar entre essas duas ideias.
Muito além do que parece, o filme narra a história de um novo casal, cuja mulher será apresentada para seus sogros, que moram em uma fazenda. A começar, importante mencionar que o filme propositalmente é mostrado em um aspecto incomodativo (1.33:1 ou 4:3), que nos sufoca e aperta junto dos personagens, amplificando o desconforto da sequência de cenas que beiram o non-sense: a cada troca de cena, os sogros mudam sua idade e comportamento, a protagonista muda seu nome, profissão, roupas.
Não demora muito para que possamos perceber, na narrativa onírica, que há algo mais a ser sentido. Paradoxalmente, o clima frio e o ambiente surreal contrastam com um mise-en-scène aconchegante, cheio de papéis de parede estampados, que trazem ao espectador certa candura na relação com a casa de fazenda.
Conhecedor da obsessão que o diretor tem com a relação mente/corpo, fica muito claro que se trata de uma alegoria à memória e sua constante natureza mutante. EpeAcT nasce como uma tragédia que nos desperta. Uma das maiores pistas da vida adulta é quando adquirimos a capacidade de olhar pra trás e aceitar nossos arrependimentos. Eu errei muito, você também. E agora eu vejo que ainda temos tempo para mudar.
Nota: 5/5
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De certa forma, Ted Lasso é uma das produções mais comoventes de 2020
Não demora muito para entender sobre o que se trata a sequência de abertura de Ted Lasso, a nova série de comédia da AppleTV+: Lasso senta em uma arquibancada repleta de cadeiras azuis e, a partir dele, pouco a pouco os assentos começam a mudar para um vermelho vivo, livre de pichações ou manchas. Está aí uma produção que falará sobre transformação (contaminação), resiliência e coração.
Produzida e protagonizada por Jason Sudeikis – que, diga-se de passagem, faz o trabalho de sua vida –, a série narra a história de um técnico (Lasso) que treina times de futebol americano nos Estados Unidos, mas que recebe uma proposta para treinar um decadente clube de futebol (soccer) da Premier League, em Londres. Por mais bobo que possa parecer o enredo, a trama vai muito além dos gramados e trata de diversos temas, como empatia, humildade, perseverança e liderança.
A positividade e a resiliência nas quais o personagem é moldado, nos dias de hoje, são um alento para um mundo que precisa cada vez mais de referências positivas. Não se trata de conhecer ou não as regras do jogo que se joga, mas sim conhecer as pessoas que estão envolvidas. Trata-se de se mostrar vulnerável para construir pontes, e, nesse ponto especificamente, o sotaque sulista do personagem junto da personalidade mais distante dos ingleses cria um contraste que flutua do constrangedor para o simpático em questão de segundos.
O protagonista, com toda sua proatividade e pureza, remete-nos a outros grandes personagens: uma mistura de Leslie Knope (Amy Poehler em Parks and Recreation) e Michael Scott (Steve Carrel em The Office). Assim, considerando seu objetivo final, a séria não tem problema algum em se jogar no piegas a fim de ilustrar bem a lição a ser aprendida. E é justamente nessa coragem de abraçar o clichê que mora o maior mérito de produção.
Nascida em meio a um dos maiores desastres biológicos da história, em um mundo cada vez mais totalitário e repleto de discursos de ódio e de intolerância. Ted Lasso surge como um farol de esperança; a esperança de que enquanto ao menos um idealista estiver vivo, o bem há de vencer.
Chris Evans em grande papel de um pai que luta para manter sua família incólume
Sempre foi alvo de grande debate os limites que superamos para proteger nossa família. Um dos filmes mais emblemáticos que me vem a memória é Sobre Meninos e Lobos (2003), de Clint Eastwood. Não estranho essa grande obra me vir a cabeça quando termino Em Defesa de Jacob, considerando que a semelhanças são várias.
Na minissérie exclusiva da AppleTV+, Jacob Barber (Martell) é um adolescente que é acusado de assassinar um colega de classe, e cabe a seu pai, Andy Barber (Evans) lutar para provar a inocência de seu filho. A premissa não é inédita, para olhares mais atentos, remetemo-nos quase que diretamente a Precisamos Falar Sobre Kevin ou Tarde Demais.
Entretanto, ao mesmo tempo que se ampara nessa premissa tão conhecida, a obra luta para manter sua identidade própria. Seja pelo carisma de Evans ou pela grande atuação de Martell – por vezes, essa dubiedade que se constrói lembra a de Edward Norton, em As Duas Faces de um Crime –, Em Defesa de Jacob é um thriller lento, que trabalha bem a evolução da trama, mas que, por ansiar tanto em manter o mistério, acaba que estende demais e pode vir a cansar. Das atuações, contudo, precisamos fazer um destaque especial ao trabalho feito por Michelle Dockery, a mãe da família, que é a responsável maior por ir mostrando a desestruturação psicológica que vai tomando conta de todos na casa.
Importante observar que, embora seja um clássico suspense de tribunal, onde se busca a verdade por trás do assassinato, este não é o (único) objetivo da obra. Há uma série de circunstâncias que a tornam singular dentre as outras já citadas. Considerando que a família afetada é de classe média-alta, existe uma série de recursos que o patriarca lança mão para tentar isentar seu filho de culpa.
Seja através de informações privilegiadas de uma detetive amiga ou até ocultação de provas, Andy, o qual fala nos primeiros minutos que só quer descobrir a verdade do caso, é o primeiro a ingressar nos turvos mares da parcialidade e da manipulação.
Em Defesa de Jacob é uma produção que quer ir além do resultado do julgamento, é sobre colar as peças quebradas, ou reduzi-las a pó, caso seja necessário. Em um dos momentos mais marcantes, Laurie (Dockery), querendo retomar o controle de sua vida, sai para fazer compras no supermercado local e começa a cantarolar para disfarçar a angústia, apenas para no quadro seguinte cruzar com a mãe da vítima, que cospe em seu rosto. Lá fica bem claro o intento da obra. De fato, o julgamento condena antes mesmo da sentença.
Nota: 4/5
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Filme independente de ficção científica extremamente sensorial surpreende e homenageia clássicos do gênero
Começo esse texto rememorando uma frase do comediante indiano Hari Kondabolu: Hollywood é um negócio que usa a arte como capa. Nada mais que a verdade. Talvez seja por isso que seja talvez um dos ramos mais cruéis para novatos. Com a chegada do streaming, criou-se uma certa democratização do acesso a obras pequenas e de pouco investimento. Ainda bem, não fosse isso talvez eu nunca visse A Vastidão da Noite.
Apenas para fins de curiosidade: A Vastidão da Noite é um filme independente, dirigido pelo estreante Andrew Patterson, e que penou para conseguir ser incluso em festivais de exibição mundo afora. Entretanto, teve seus direitos adquiridos exclusivamente pela Amazon e passou a constar no catálogo do Prime Video como Amazon Originals.
Sem denunciar a trama (cuja sinopse se encontra na descrição), vemos logo nos primeiros minutos que se trata de uma obra única. Construído em um falso modelo episódico, com diálogos cotidianos, mas inteligentes e rápidos, que remetem facilmente aos trabalhos de Amy Sherman-Palladino, somos conduzidos pelo casal protagonista a fim de criar uma conexão com as personagens e com o que virá a seguir. Partindo disso, fica muito fácil ver as homenagens a obras como Além da Imaginação, Guerra dos Mundos, e, até mesmo, Sinais.
Com uma fotografia simples, resta evidente que, por seu baixo custo, a obra retorna aos fundamentos do cinema, apoiando-se quase que basicamente em diálogos (muito parecido com uma radionovela) e um jogo de sons e silêncio que casam muito bem com sua atmosfera envolvente. Os momentos de escuridão, em que se ouve apenas a voz do interlocutor pelo telefone mantém a tensão do filme a todo o momento.
A Vastidão da Noite é um daqueles filmes singelos, sem pretensão, mas que marcam. É essa pureza que fez eu e tantos outros gostarem de cinema. Intercalando a tensão com nossas simpáticas risadas de algumas construções de diálogos bobas, o filme é um prato cheio para sair da zona de conforto dos blockbusters e, por experiência própria, posso dizer que isso é muito agradável.
Nota: 4/5
PS: Curta Catacrese no instagram (@catcresecc) e fique por dentro de nossas outras críticas.
Filme de interessante argumento se perde em coincidências inexplicáveis e confusão entre amor/obsessão.
Um dos primeiros passos para construir uma boa obra reside, basicamente, no que é posto no papel. Ali, poderemos fazer as melhores discussões, as estruturas mais ousadas, e expor nossas ideias. Nesse quesito, Rede de Ódio nasce com todos os méritos, o tema de fake news é extremamente contemporâneo e uma realidade constante no meio virtual. Cabe a nós saber distinguir a informação forjada da realidade, mas isso nem sempre é fácil, ainda mais quando se tem do outro lado alguém pago apenas para nos ludibriar.
Como é sabido por todos, atualmente, em todos os tópicos, estamos enfrentando uma verdadeira onda de desinformação espalhada por meio da internet e de redes sociais. Na política, não é raro a difusão de imagens tentando ridicularizar ou, até mesmo, criminalizar o oponente para obter a vitória. Nesse ponto que Rede de Ódio triunfa e, ao mesmo tempo, sucumbe.
Com o objetivo de dar estofo às subtramas (como a obsessão de Tomasz por Gabi), o filme começa a conectar uma série de coincidências a fim de que essas possam se unir ao enredo principal, mas acaba ocasionando um produto artificial e novelesco. Não fosse por isso, poder-se-ia, talvez, reduzir seus 135 minutos para abraçar uma trama mais consistente.
Não bastasse a trama demasiadamente capilarizada, a atuação de Maciej Musialowski, o qual vive o sociopata protagonista, embora muito envolvente, por vezes acaba por uma indecisão entre o Patrick Bateman, de Christian Bale (Psicopata Americano), e a Amy Dunne, de Rosamund Pike (Garota Exemplar). Em momento, temos um jovem fútil que almeja crescer sua condição de vida, mal distinguindo a realidade da fantasia, noutro, há um complexo plano engendrado por sua brilhante mente maquiavélica.
Veja que a atuação do protagonista jamais nos permite dizer o que ele genuinamente pensa. As feições fechadas de Tomasz apenas aliviam quando sabemos que ele mente. E, ainda, o mais importante de seu trabalho, em momento algum temos a informação no que ELE realmente crê? Não há indício algum de qual seria o alinhamento ideológico do protagonista, o que o torna mais estranho (e mais doente) ao espectador.
Aliás, infelizmente o diretor Jan Komasa – de repente na tentativa de diminuir a resistência de sua obra – faz questão de mostrar o protagonista como um sociopata. Isso pode até passar despercebido e um primeiro momento, mas é realmente necessário ser um sociopata para difundir informações falsas? Seriam todos, naquela empresa de fake news, sociopatas?
Perdendo muito tempo na trama que trata da ascensão social do protagonista, Rede de Ódio perde preciosos momentos para debater mais profundamente a disseminação de informações falsas e o perigoso efeito manada que gera. Infelizmente, o gosto que fica é de um produto frágil e inacabado, algo que tinha que potencial para ser muito maior, mas que por medo não foi.
Filme com a receita padrão do streaming atualmente: um bom ator pra trazer o espectador, orçamento de moderado a baixo para CGI e locações de filmagens. O grande mérito vai pro enredo que mostra toda a sinergia da tripulação no momento da crise, tirando um pouco o holofote do capitão.
Tom Hanks sempre muito agradável de apreciar na tela, embora não esteja em terreno novo. Em Capitão Phillips ele precisou encarnar o mesmo papel basicamente na tensão naval.
A duração, para a proposta da obra, ficou em um ótimo patamar, sob pena de ficar muito arrastado. Assim o diretor foi muito perspicaz em entender que a tensão que o filme constrói não se sustentaria por mais tempo, conseguindo encerrar o trabalho sem ficar maçante.
Com certeza mais uma boa obra que a Apple Tv+ adicionou ao seu catálogo exclusivo.
o enredo da série foi muito bom até essa temporada. a decisão preguiçosa de criar mundos paralelos deixa tudo muito fácil de resolver. a solução de resolver tudo apenas salvando os filhos do tannhauss soa quase como um deus ex machina de uma trama emaranhada cujos produtores não sabiam como resolver.
They/Them: O Acampamento
2.3 147Quase parei quando virou clipe musical, depois desejei ter parado, no fim fiquei triste porque realmente deveria ter parado.
Noite Passada em Soho
3.6 727 Assista AgoraEu realmente gosto da montagem dos filmes do Edgar Wright, o jogo de cores e a trilha sonora são partes integrantes efetivas do filme. O plot não é nem um pouco surpreendente, mas diverte porque é um filme visualmente muito gostoso de assistir. A atriz principal (Thomasin McKenzie) tem uma voz assoprada/sussurrada extremamente enfadonha a ponto de que no fim do filme a gente não quer mais que ela fale. Anya Taylor-Joy, como sempre, é o maior destaque e o estilo "estranho" dela casa muito com o design de produção do Edgar Wright. Bom filme, em que pese o plot previsível e o terceiro ato demasiadamente alongado e cansativo.
Não Olhe para Cima
3.7 1,9K Assista AgoraPau no cy dos negacionistas e bolsominions.
Halloween Kills: O Terror Continua
3.0 683 Assista AgoraDistorceram tanto o menino Michael que já podemos chamar de Jason. ou Michael Voorhees. Ou Jason Myers.
PS: ridícula a romantização do linchamento também pra matar o Jason, digo Michael.
Ted Lasso (1ª Temporada)
4.4 244 Assista AgoraEsse episódio 10 da segunda temporada foi uma das coisas mais bem dirigidas que vi pra TV. Em 15 minutos a gente ri, chora de tristeza, de raiva e se irrita, também. Que série maravilhosa!
Observadores
3.0 411 Assista AgoraComeça meio interessante, depois vai piorando, tem um plot twist total rolê aleatório, piora mais até o final que é péssimo.
Se tivesse terminado no "suicídio" do thomas, teria sido melhor, embora super radical
Jungle Cruise
3.1 352 Assista AgoraFilme bacaninha, mas a química to The Rock com a Emily Blunt é terrível
Viúva Negra
3.5 1,0K Assista AgoraFilme começa aparentemente destoando do tom universal que a Marvel emprega nos filmes do MCU. Começa violento, cru, desolador, impactante, e só depois do longo preâmbulo começa a mostrar sua identidade Marvel de ser.
Os pontos altos do filme ficam por conta das excelentes e brutais cenas de ação e pelas cenas entre os personagens principais (o elo familiar é muito explorado, principalmente o debate de família sanguínea/afetiva).
Os contras eu considero em parte roteiro: os filmes de super-herói atualmente já evoluíram muito além do tradicional que o vilão explica seu plano inteiro, com detalhes; falando em antagonista, o personagem do Ray Winstone é extremamente caricato.
Saldo positivo do filme se comparada a outras obras solo recentes da Marvel, como Homem-Formiga, Capitã Marvel ou Dr. Estranho.
Espiral: O Legado de Jogos Mortais
2.2 526 Assista AgoraNão sei o que o pessoal esperava pra avaliar tão mal kkkkkk mas é melhor que pelo menos os últimos três Saw. Chris Rock não nasceu pra atuar em drama, muito escandaloso pra isso, mas achei muito boa a sacada de fazer uma limpa Institucional ao invés de pessoal
O Legado de Júpiter (1ª Temporada)
2.7 172 Assista AgoraRealmente é o The Boys da Netflix. A diferença é que o Prime Video já passou da fase de mostrar arco de adolescente problemático e drogado, a Netflix aparentemente ama isso.
Fora isso, é boazinha. The Boys meets Malhação.
Godzilla vs. Kong
3.1 794 Assista Agoraem algum momento eu pisquei e virou Viagem ao Centro da Terra. O roteiro é péssimo, são menos lutas que eu esperava (mas muito bem feitas). Diverte bastante!
Mortal Kombat
2.7 1,0K Assista AgoraAinda não entendi muito bem o que todos esses comentários negativos esperavam. Obviamente eu esperava que adaptassem integralmente o cânone do jogo (que é cheio de idas e vindas, muito complexo por sinal, mas deveria ser melhor explorado em série).
Entretanto, dentro das baixas expectativas, achei um excelente filme pra quem gosta da franquia. As lutas são bem violentas, as imagens são bem gráficas (cheio de sangue e tripas), várias referências a golpes originais, fatalities fiéis aos do game. Achei um excelente fã service e me diverti nessa releitura. O Kabal achei muito legal essa versão mais despojada e ácida.
O roteiro acho que conseguiu uma saída eficiente e rápida pros braços do Jax e o "despertar dos poderes mágicos dos lutadores", enfim, achei um filme bem prático, objetivo e direto pra quem consumiu a franquia do jogo. É bom, apensa isso.
Liga da Justiça de Zack Snyder
4.0 1,3KFui surpreendido. Estava sem expectativa nenhuma em cima dessa produção. Não sei se foi pela produções contestadas ou pelas ridicularizadas, em algum momento passei a não me importar mais com os filmes do dito DCEU.
Confesso que Zack Snyder é um diretor que não me cativa tanto. Sua estilística, tão forte que chega a ser uma assinatura, me cansa. Os excessos de takes em câmera lenta, o abuso nas repetições nas características dos personagens (o grito das amazonas sempre que a Mulher-Maravilha pega uma espada por exemplo) é um fator que deixa o filme menos leve do que deveria. Mas há seus pontos positivos, sem dúvida: a emoção e a urgência em determinadas cenas é quase tátil de tão perceptível, o roteiro de suas produções é sempre muito coeso e de fácil acompanhamento, sem ser explicativo ou infantil.
Mas preciso ser sincero que o filme me surpreendeu demais. Muito diferente do Frankestein do Joss Whedon, o filme tem - e não tem outra palavra melhor - nexo! Esse filme tem nexo, a espectador mergulha no sentimento de urgência, do fim de estar próximo. As apresentações dos personagens é bem sedimentada, expõe de forma muito sucinta e clara suas aspirações e limitações. Sim, ainda acho que o desenvolvimento do roteiro é acelerado, embora infinitamente melhor que a versão dos cinemas. Pelo que eles representam, os protagonistas mereciam um mergulho maior em seus elementos do que seus quinze ou vinte minutos de introdução nesse filme, algo que apenas um filme solo poderia fazer.
De qualquer forma, Liga da Justiça é o melhor resultado da parceria DC/Snyder/Warner. Infelizmente, por motivos políticos e marcadológicos, jamais saberemos como poderia ter sido dar sequência à visão do diretor. Não que eu concordasse com o rumo que as coisas estavam tomando, mas não consigo deixar de pensar "e se...".
Monster Hunter
2.4 407 Assista Agorao filme é tão desinteressante que eu QUASE desisti de assistir até o fim. Personagens genéricos, sem enredo. Realmente, a Sony olhou pro fundo do abismo e não sei como que caiu no canto de uma sereia sem talento chamada Paul WS Anderson
Os 7 de Chicago
4.0 580 Assista AgoraOs 7 de Chicago - Crítica
Embora protocolar, novo filme de Aaron Sorkin vai além dos tribunais e demonstra que a polarização do mundo vem de muito antes do século 21
Uma das maiores qualidades do diretor e roteirista Aaron Sorkin é, definitivamente, saber contar uma história de forma dinâmica. Seja no excelente A Rede Social ou no famigerado A Grande Jogada, seu texto sempre soube contar uma história natural de forma dinâmica e fluida.
Assim, quando Os 7 de Chicago foi anunciado pela Netflix, que possui seus direitos de produção e transmissão, houve uma certa euforia contida, considerando estarmos em tempos calamitosos. Aliado a isso, um elenco estelar não fez por menos: Eddie Redmayne, Jeremy Strong, Yahya Abdul-Mateen II, e, claro, um estupendo Sasha Baron Cohen. O cenário da obra, uma sala de tribunal, foi o ambiente perfeito para que Sorkin pudesse alcançar outro patamar na sua excelência com diálogos.
Extremamente relevante em conteúdo, o filme é construído de forma indireta, de modo que os eventos que são o cerne do julgamento são enfrentados pouco a pouco, através de flashbacks e lembranças dos personagens. Assim, justamente por não parecer enfadonho, as palavras proferidas em audiência tomam especial relevância no momento em que proferidas.
Se por um lado o filme encanta por seu dinamismo, esta mesma forma indireta já fora usada outras vezes pelo diretor, de modo que pouca inovação se vê no diretor em comparação a ele mesmo. Da mesma forma, embora tão sagaz em suas críticas, o filme ainda se rende ao protocolar, ou seja, coloca na imagem de um jovem promotor um velho recado bem batido no cinema de pseudorredenção – ei, nós éramos assim, mas a nova geração de agentes políticos é nobre, veja só.
Um dos elementos mais atuais na sociedade atualmente é sua total incapacidade de distinção de valores. Ou se é bom, ou se é mal. Esquerda ou direita. Esse pensamento ilusório faz aparentar que não vivemos em um mundo de camadas; há apenas dois lados de uma mesma moeda. Nesse ponto vem a excelência de Sorkin, que usa este caso concreto, para ilustrar que, embora o mundo insista em se manter raso e horizontal, há uma verticalidade inerente a cada um, com seus pensamentos, severidades, abrandamentos.
Não tem dúvidas que o mundo é um local complicado; para isto, as pessoas resolvem procurar semelhanças em seus antagonistas e é justamente disso que nasce a simplificação e a polarização. Em certo momento do filme, o promotor Richard Schultz (Gordon-Levitt) professa: eles são a esquerda radical, apenas com diferente roupagem. Enquanto caráter for julgado apenas por opinião política, o mundo continuará andando em círculos.
Nota: 4/5
The Boys (2ª Temporada)
4.3 647 Assista AgoraThe Boys: 2a Temporada - Crítica
Sátira de super-heróis vai muito além de sua aspiração e critica fundamentos do mundo contemporâneo
Lançada em 2019 de forma despretensiosa pela Amazon Prime Video, The Boys parecia ter sido idealizada apenas para completar um nicho que, atualmente, urge ser atendido pelas mais diversas plataformas: os super-heróis. Sem grandes expectativas, a série se mostrou surpreendente, oxigenando o que estava saturado pela nobreza utópica dos protagonistas.
Devido a seus próprios méritos, o segundo ano já era aguardado com certa expectativa. E sua abordagem não poderia ter sido mais acertada. Se no primeiro ano, a obra se preocupou em dispor o cenário e a força motriz dos protagonistas, o segundo ano foi focado em nivelar ambos os lados, dando profundidade e argumentos a eles. O crescimento da trama, realizado de forma orgânica, enche os olhos com a naturalidade que somos conduzidos. Dessa vez, as críticas à sociedade contemporânea são muito mais agudas e assertivas, o que demonstra a ciência dos produtores de que a obra alcançou outro patamar.
Debates como a falácia do genocídio branco, neo-nazismo (e o fato das pessoas idolatrarem o conceito, embora repudiem a palavra), a força comercial da Igreja, e, até mesmo, a formação de opinião através dos memes e das fake news são constantes nesse mundo dominado por, veja só, uma indústria farmacêutica que monopoliza o mercado de segurança. Ora, não precisa ser formado em ciência política para perceber que o discurso populista (maquinado as reais intenções da vilã) de Tempesta é o mais claro retrato de diversos líderes políticos agora.
Ao mesmo tempo que entra de cabeça na sátira, a série reserva tempo, também, para o desenvolvimento psicológico de seus personagens. Apenas para exemplificar, se em um episódio repudiamos as atrocidades do Capitão Pátria, no outro percebemos que ele é apenas um produto desde sua concepção. Billy Bruto, por outro lado, que antes achávamos ser guido tão somente por desejo de vingança, possui feridas que datam de muito antes do próprio Capitão Pátria. Além deles, todos os outros personagens tiverem desenvolvimentos apropriados à sua posição na trama, em especial Kimiko, Francês e Maeve.
Importante destacar também o mérito de como a série foi lançada. O lançamento semanal dos episódios é uma boa fuga para o imediatismo que estamos acostumados hoje: essa semana, queremos uma temporada inteira, e a segunda temporada queremos já semana que vem. Dessa forma, perpetua-se o produto através do debate, do hype.
Ao fim de seu segundo ano, The Boys satisfez expectativas que já não eram baixas. Excelente para nós, espectadores, mas importante frisar que, mais uma vez, eleva-se a régua com a qual o vindouro ano será medido. Nesse momento, acabamos por confiar ainda mais no potencial da série. E eu não vejo a hora de saber onde tudo isso vai dar.
Nota: 5/5
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Estou Pensando em Acabar com Tudo
3.1 1,0K Assista AgoraEstou Pensando em Acabar com Tudo – Crítica
Filme alegórico, de natureza quase kafkiana, leva o espectador à introspecção e autoaceitação.
Quando eu era mais novo, eu e meus amigos compartilhamos muitas noites em um mesmo local (o salão de festas do prédio que morávamos). Muitas mesmo. Tantas a ponto de que eu, hoje, não me lembro ao certo quem estava em determinada noite, ou o que aconteceu especificamente. A memória se confunde. Às vezes insere, muda, transforma. Deleta.
Da mesma forma, quando estamos à beira da morte, dizem que nossa vida toda passa como se fosse um filme. Não sei bem se essa foi a linha de raciocínio do diretor Charlie Kaufman (roteirista de Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças), mas gosto de pensar que Estou Pensando em Acabar com Tudo nasceu em algum lugar entre essas duas ideias.
Muito além do que parece, o filme narra a história de um novo casal, cuja mulher será apresentada para seus sogros, que moram em uma fazenda. A começar, importante mencionar que o filme propositalmente é mostrado em um aspecto incomodativo (1.33:1 ou 4:3), que nos sufoca e aperta junto dos personagens, amplificando o desconforto da sequência de cenas que beiram o non-sense: a cada troca de cena, os sogros mudam sua idade e comportamento, a protagonista muda seu nome, profissão, roupas.
Não demora muito para que possamos perceber, na narrativa onírica, que há algo mais a ser sentido. Paradoxalmente, o clima frio e o ambiente surreal contrastam com um mise-en-scène aconchegante, cheio de papéis de parede estampados, que trazem ao espectador certa candura na relação com a casa de fazenda.
Conhecedor da obsessão que o diretor tem com a relação mente/corpo, fica muito claro que se trata de uma alegoria à memória e sua constante natureza mutante. EpeAcT nasce como uma tragédia que nos desperta. Uma das maiores pistas da vida adulta é quando adquirimos a capacidade de olhar pra trás e aceitar nossos arrependimentos. Eu errei muito, você também. E agora eu vejo que ainda temos tempo para mudar.
Nota: 5/5
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Ted Lasso (1ª Temporada)
4.4 244 Assista AgoraTed Lasso – Crítica
De certa forma, Ted Lasso é uma das produções mais comoventes de 2020
Não demora muito para entender sobre o que se trata a sequência de abertura de Ted Lasso, a nova série de comédia da AppleTV+: Lasso senta em uma arquibancada repleta de cadeiras azuis e, a partir dele, pouco a pouco os assentos começam a mudar para um vermelho vivo, livre de pichações ou manchas. Está aí uma produção que falará sobre transformação (contaminação), resiliência e coração.
Produzida e protagonizada por Jason Sudeikis – que, diga-se de passagem, faz o trabalho de sua vida –, a série narra a história de um técnico (Lasso) que treina times de futebol americano nos Estados Unidos, mas que recebe uma proposta para treinar um decadente clube de futebol (soccer) da Premier League, em Londres. Por mais bobo que possa parecer o enredo, a trama vai muito além dos gramados e trata de diversos temas, como empatia, humildade, perseverança e liderança.
A positividade e a resiliência nas quais o personagem é moldado, nos dias de hoje, são um alento para um mundo que precisa cada vez mais de referências positivas. Não se trata de conhecer ou não as regras do jogo que se joga, mas sim conhecer as pessoas que estão envolvidas. Trata-se de se mostrar vulnerável para construir pontes, e, nesse ponto especificamente, o sotaque sulista do personagem junto da personalidade mais distante dos ingleses cria um contraste que flutua do constrangedor para o simpático em questão de segundos.
O protagonista, com toda sua proatividade e pureza, remete-nos a outros grandes personagens: uma mistura de Leslie Knope (Amy Poehler em Parks and Recreation) e Michael Scott (Steve Carrel em The Office). Assim, considerando seu objetivo final, a séria não tem problema algum em se jogar no piegas a fim de ilustrar bem a lição a ser aprendida. E é justamente nessa coragem de abraçar o clichê que mora o maior mérito de produção.
Nascida em meio a um dos maiores desastres biológicos da história, em um mundo cada vez mais totalitário e repleto de discursos de ódio e de intolerância. Ted Lasso surge como um farol de esperança; a esperança de que enquanto ao menos um idealista estiver vivo, o bem há de vencer.
Nota: 5/5
Em Defesa de Jacob
4.0 229 Assista AgoraEm Defesa de Jacob – Crítica
Chris Evans em grande papel de um pai que luta para manter sua família incólume
Sempre foi alvo de grande debate os limites que superamos para proteger nossa família. Um dos filmes mais emblemáticos que me vem a memória é Sobre Meninos e Lobos (2003), de Clint Eastwood. Não estranho essa grande obra me vir a cabeça quando termino Em Defesa de Jacob, considerando que a semelhanças são várias.
Na minissérie exclusiva da AppleTV+, Jacob Barber (Martell) é um adolescente que é acusado de assassinar um colega de classe, e cabe a seu pai, Andy Barber (Evans) lutar para provar a inocência de seu filho. A premissa não é inédita, para olhares mais atentos, remetemo-nos quase que diretamente a Precisamos Falar Sobre Kevin ou Tarde Demais.
Entretanto, ao mesmo tempo que se ampara nessa premissa tão conhecida, a obra luta para manter sua identidade própria. Seja pelo carisma de Evans ou pela grande atuação de Martell – por vezes, essa dubiedade que se constrói lembra a de Edward Norton, em As Duas Faces de um Crime –, Em Defesa de Jacob é um thriller lento, que trabalha bem a evolução da trama, mas que, por ansiar tanto em manter o mistério, acaba que estende demais e pode vir a cansar. Das atuações, contudo, precisamos fazer um destaque especial ao trabalho feito por Michelle Dockery, a mãe da família, que é a responsável maior por ir mostrando a desestruturação psicológica que vai tomando conta de todos na casa.
Importante observar que, embora seja um clássico suspense de tribunal, onde se busca a verdade por trás do assassinato, este não é o (único) objetivo da obra. Há uma série de circunstâncias que a tornam singular dentre as outras já citadas. Considerando que a família afetada é de classe média-alta, existe uma série de recursos que o patriarca lança mão para tentar isentar seu filho de culpa.
Seja através de informações privilegiadas de uma detetive amiga ou até ocultação de provas, Andy, o qual fala nos primeiros minutos que só quer descobrir a verdade do caso, é o primeiro a ingressar nos turvos mares da parcialidade e da manipulação.
Em Defesa de Jacob é uma produção que quer ir além do resultado do julgamento, é sobre colar as peças quebradas, ou reduzi-las a pó, caso seja necessário. Em um dos momentos mais marcantes, Laurie (Dockery), querendo retomar o controle de sua vida, sai para fazer compras no supermercado local e começa a cantarolar para disfarçar a angústia, apenas para no quadro seguinte cruzar com a mãe da vítima, que cospe em seu rosto. Lá fica bem claro o intento da obra. De fato, o julgamento condena antes mesmo da sentença.
Nota: 4/5
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A Vastidão da Noite
3.5 574 Assista AgoraA Vastidão da Noite – Crítica
Filme independente de ficção científica extremamente sensorial surpreende e homenageia clássicos do gênero
Começo esse texto rememorando uma frase do comediante indiano Hari Kondabolu: Hollywood é um negócio que usa a arte como capa. Nada mais que a verdade. Talvez seja por isso que seja talvez um dos ramos mais cruéis para novatos. Com a chegada do streaming, criou-se uma certa democratização do acesso a obras pequenas e de pouco investimento. Ainda bem, não fosse isso talvez eu nunca visse A Vastidão da Noite.
Apenas para fins de curiosidade: A Vastidão da Noite é um filme independente, dirigido pelo estreante Andrew Patterson, e que penou para conseguir ser incluso em festivais de exibição mundo afora. Entretanto, teve seus direitos adquiridos exclusivamente pela Amazon e passou a constar no catálogo do Prime Video como Amazon Originals.
Sem denunciar a trama (cuja sinopse se encontra na descrição), vemos logo nos primeiros minutos que se trata de uma obra única. Construído em um falso modelo episódico, com diálogos cotidianos, mas inteligentes e rápidos, que remetem facilmente aos trabalhos de Amy Sherman-Palladino, somos conduzidos pelo casal protagonista a fim de criar uma conexão com as personagens e com o que virá a seguir. Partindo disso, fica muito fácil ver as homenagens a obras como Além da Imaginação, Guerra dos Mundos, e, até mesmo, Sinais.
Com uma fotografia simples, resta evidente que, por seu baixo custo, a obra retorna aos fundamentos do cinema, apoiando-se quase que basicamente em diálogos (muito parecido com uma radionovela) e um jogo de sons e silêncio que casam muito bem com sua atmosfera envolvente. Os momentos de escuridão, em que se ouve apenas a voz do interlocutor pelo telefone mantém a tensão do filme a todo o momento.
A Vastidão da Noite é um daqueles filmes singelos, sem pretensão, mas que marcam. É essa pureza que fez eu e tantos outros gostarem de cinema. Intercalando a tensão com nossas simpáticas risadas de algumas construções de diálogos bobas, o filme é um prato cheio para sair da zona de conforto dos blockbusters e, por experiência própria, posso dizer que isso é muito agradável.
Nota: 4/5
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Rede de Ódio
3.7 362 Assista AgoraRede de Ódio – Crítica
Filme de interessante argumento se perde em coincidências inexplicáveis e confusão entre amor/obsessão.
Um dos primeiros passos para construir uma boa obra reside, basicamente, no que é posto no papel. Ali, poderemos fazer as melhores discussões, as estruturas mais ousadas, e expor nossas ideias. Nesse quesito, Rede de Ódio nasce com todos os méritos, o tema de fake news é extremamente contemporâneo e uma realidade constante no meio virtual. Cabe a nós saber distinguir a informação forjada da realidade, mas isso nem sempre é fácil, ainda mais quando se tem do outro lado alguém pago apenas para nos ludibriar.
Como é sabido por todos, atualmente, em todos os tópicos, estamos enfrentando uma verdadeira onda de desinformação espalhada por meio da internet e de redes sociais. Na política, não é raro a difusão de imagens tentando ridicularizar ou, até mesmo, criminalizar o oponente para obter a vitória. Nesse ponto que Rede de Ódio triunfa e, ao mesmo tempo, sucumbe.
Com o objetivo de dar estofo às subtramas (como a obsessão de Tomasz por Gabi), o filme começa a conectar uma série de coincidências a fim de que essas possam se unir ao enredo principal, mas acaba ocasionando um produto artificial e novelesco. Não fosse por isso, poder-se-ia, talvez, reduzir seus 135 minutos para abraçar uma trama mais consistente.
Não bastasse a trama demasiadamente capilarizada, a atuação de Maciej Musialowski, o qual vive o sociopata protagonista, embora muito envolvente, por vezes acaba por uma indecisão entre o Patrick Bateman, de Christian Bale (Psicopata Americano), e a Amy Dunne, de Rosamund Pike (Garota Exemplar). Em momento, temos um jovem fútil que almeja crescer sua condição de vida, mal distinguindo a realidade da fantasia, noutro, há um complexo plano engendrado por sua brilhante mente maquiavélica.
Veja que a atuação do protagonista jamais nos permite dizer o que ele genuinamente pensa. As feições fechadas de Tomasz apenas aliviam quando sabemos que ele mente. E, ainda, o mais importante de seu trabalho, em momento algum temos a informação no que ELE realmente crê? Não há indício algum de qual seria o alinhamento ideológico do protagonista, o que o torna mais estranho (e mais doente) ao espectador.
Aliás, infelizmente o diretor Jan Komasa – de repente na tentativa de diminuir a resistência de sua obra – faz questão de mostrar o protagonista como um sociopata. Isso pode até passar despercebido e um primeiro momento, mas é realmente necessário ser um sociopata para difundir informações falsas? Seriam todos, naquela empresa de fake news, sociopatas?
Perdendo muito tempo na trama que trata da ascensão social do protagonista, Rede de Ódio perde preciosos momentos para debater mais profundamente a disseminação de informações falsas e o perigoso efeito manada que gera. Infelizmente, o gosto que fica é de um produto frágil e inacabado, algo que tinha que potencial para ser muito maior, mas que por medo não foi.
Nota: 2/5
Greyhound: Na Mira do Inimigo
3.3 246 Assista AgoraFilme com a receita padrão do streaming atualmente: um bom ator pra trazer o espectador, orçamento de moderado a baixo para CGI e locações de filmagens. O grande mérito vai pro enredo que mostra toda a sinergia da tripulação no momento da crise, tirando um pouco o holofote do capitão.
Tom Hanks sempre muito agradável de apreciar na tela, embora não esteja em terreno novo. Em Capitão Phillips ele precisou encarnar o mesmo papel basicamente na tensão naval.
A duração, para a proposta da obra, ficou em um ótimo patamar, sob pena de ficar muito arrastado. Assim o diretor foi muito perspicaz em entender que a tensão que o filme constrói não se sustentaria por mais tempo, conseguindo encerrar o trabalho sem ficar maçante.
Com certeza mais uma boa obra que a Apple Tv+ adicionou ao seu catálogo exclusivo.
Dark (3ª Temporada)
4.3 1,3Ko enredo da série foi muito bom até essa temporada. a decisão preguiçosa de criar mundos paralelos deixa tudo muito fácil de resolver. a solução de resolver tudo apenas salvando os filhos do tannhauss soa quase como um deus ex machina de uma trama emaranhada cujos produtores não sabiam como resolver.
Um Crime Para Dois
3.2 215 Assista Agora80 minutos de gente berrando