Já há algum tempo venho me decepcionando com os projetos do Stephen Frears. Assim como "Florence Foster Jeankins", seu longa lançado ano passado, "Victoria & Abdul" também sofre por um roteiro burocrático, por escolhas narrativas pouco inspiradas e uma sensação de que diversos elementos do filme poderiam ser melhor explorados. No fim, o meu interesse pela história da monarquia britânica não foi suficiente para suportar as quase duas horas de tédio oferecidas pelo filme. Porém, assim como em "Florence Foster Jeankins", em "Victoria & Abdul", as atuações realmente surpreendem. Judi Dench usa todo o seu talento e experiência na tentativa de dar camadas a uma personagem cujo roteiro pouco se esforça em complexificar; e Ali Fazal, bastante simpático, é a outra ponta exitosa da química estabelecida entre os personagens que dão título ao longa.
Ainda que não seja propriamente um musical, Baby Driver é um filme no qual a música se incorpora como parte integrante da narrativa. Mesmo as cenas de ação parecem seguir uma espécie de coreografia, de ritmo particular que se harmoniza muito bem com as canções escolhidas para compor a trilha sonora do longa. Aliás, que sequências de ação! Talvez o melhor do filme seja o seu trabalho de montagem.
O que é manter as tradições "nacionais" fora de seu país de origem? O que é manter as tradições "nacionais" em um mundo em que as fronteiras, incluindo as que supostamente separam territórios, estão sendo a cada dia redimensionadas e reduzidas? Essa questão que nos parece tão contemporânea (principalmente, num contexto em que o debate sobre a imigração e sobre os refugiados ganha ainda mais fôlego, e numa realidade na qual um sujeito assumidamente xenofóbico e nacionalista assume a presidência dos Estados Unidos) é ponto fundamental, na minha opinião, para a construção do roteiro de "The Big Sick", que tem todos os elementos de uma boa comédia romântica, mas que surpreendentemente consegue entregar mais que isso. Se em Master of None, Dev, personagem de Aziz Ansari, está a todo momento se perguntando: "O que é ser um indiano vivendo na América?", Kumail, protagonista de "The Big Sick", experimenta angústias parecidas, pensando como esse lugar híbrido do sujeito migrante afeta diretamente a sua maneira de se lançar no mundo: sua relação com a família, com a religião, com o afeto. Tanto Dev quanto Kumail parecem estar em constante débito com essa ancestralidade, com esse lugar do qual seus pais partiram: são americanos nascidos na América, mas são indianos, são paquistaneses, têm que honrar com a tradição e com o peso simbólico que trazem no sangue. Devem ser melhores do que seus pais, mas devem fazer o que devem fazer da maneira como seus pais fariam. Que loucura, bicho!
É um filme que, apesar de algumas tiradas satíricas do ótimo roteiro, é bastante incômodo. Poucas vezes, pensei que um final sangrento poderia ser tão catártico como este. Como um jovem negro, me senti, de fato, vingado. Se o início do filme remete a um drama familiar, no estilo "Adivinhe quem vem para o jantar", rapidamente os movimentos de câmera, os efeitos de som e a trilha sonora, a montagem ágil e eficiente nos levam a um clima de suspense e de sufocamento, muito bem mesclado a uma tremenda crítica social, que não esconde o propósito de mostrar o quão nefasto e violento é o racismo, por mais implícito que muitas vezes ele pareça.
Chegando aqui ao Filmow, no momento de avaliar o longa, algumas das questões que me perseguem desde que saí da sessão vêm com toda força: quantas estrelas atribuir ao filme? Será que eu realmente gostei da experiência? Qual é meu sentimento em relação a mãe!? De fato, não sei. É um filme que não funciona necessariamente bem como terror, como drama familiar é apenas bom, dificilmente garante um prazeroso entretenimento. Ainda que os dois primeiros atos tenham me parecido um tanto lentos, às vezes repetitivos, há ali a construção de um suspense e o estabelecimento de uma narrativa que ganha corpo e sentido (será?) a partir do terceiro ato, que é simplesmente arrebatador, grotesco, violento, sujo, explosivo. É o momento em que se faz clara, enfim, a grande proposta de Aronofsky de pensar mãe! como uma alegoria religiosa, como um texto em constante intertexto com a Bíblia, uma extensão, ainda que muito melhor realizada, do filme anterior do cineasta, Noé. Fiquei pensando tantas coisas durante e depois da sessão, defendi e mudei de opinião diversas vezes, tentei mastigar o filme, mas é tão difícil engoli-lo. Acho que isso pode ser um bom sinal. É um filme que provoca. Portanto... 4 estrelas.
A composição das cores, a belíssima fotografia, a mixagem de som, o trabalho de montagem, a trilha sonora excepcional do Hans Zimmer (organicamente tão presente no filme, nunca desnecessária) fazem de Dunkirk uma experiência belíssima. Realmente não há como reclamar da parte técnica do longa e da tentativa muito bem sucedida de Christopher Nolan em nos lançar no meio da Segunda Guerra: uma ousada estratégia de imersão praticamente. Mas saindo da sala de cinema, eu tive uma sensação de... nada. Toda a experiência me pareceu tão fria. Como se eu tivesse experimentado tudo aquilo, tivesse presenciado vários pontos de catarse no desenrolar da sessão, mas no fundo, não me veio nada. A única sensação que fica é a de que o filme não conseguiu se comunicar comigo, de que eu não consegui me conectar o suficiente aos personagens e às ações. Isso é muito frustante!
Sandra Hüller cantando Whitney Houston já é uma das minhas cenas favoritas da temporada!
Há tanta comicidade ali, um sentimento intenso de vergonha alheia, mas ao mesmo tempo uma consciência em mim, espectador, do que aquele momento de cumplicidade entre pai e filha representa para o desenvolvimento dos personagens e para a beleza do filme.
O que mais me surpreende é ver como Asghar Farhadi consegue elaborar tão bem o suspense, criar tão inteligentemente tensão a partir de cenas muito cotidianas: o casal que percorre um provável novo apartamento, a esposa que se prepara para um banho, o marido que, distraído, faz umas compras. É truque de mestre!
Que grata surpresa esse longa, que consegue reafirmar e, ao mesmo tempo, reatualizar algumas características do western. É interessantíssima a discussão que o filme traz sobre a ganância dos bancos, a concentração do dinheiro na mão de poucos, a resistência dos personagens diante da pobreza que lhes é imposta. A fotografia é belíssima e a trilha sonora de Nick Cave, ainda que nada memorável,casa bem com o ritmo do filme. A última hora do longa é bastante emblemática e possibilita que tanto Chris Pine quanto Ben Foster brilhem, em especial o último, que entrega um desempenho enlouquecido, apaixonado. Jeff Bridges está Jeff Bridges, e ainda que os maneirismos do autor permaneçam e que ele não consiga sair do fluxo repetitivo que vem seguindo já há algum tempo, me pareceu interessante a forma como ele se esforça em construir um personagem extremamente contraditório, inespecífico, um sujeito que está preso à força da lei e da tradição, é irreverente, amável, mas é também escroto, destilando cometários racistas, preconceituosos durante boa parte do longa.
A história de vida e de luta dessas mulheres é linda, e é muito importante esse movimento de Hollywood em trazer à tona os obstáculos e os conflitos pelos quais passaram essas personagens. Mas fora seu valor histórico e social, eu, sinceramente, não consegui me empolgar tanto com esse longa de superação e de redenção, proposto pelo Theodore Melfi. A trama é, muitas vezes, desconexa, os movimentos, inverossímeis, com escolhas tão óbvias, com um otimismo tão perturbador. Adoro, por exemplo, como "Loving", do Jeff Nichols, consegue nos lançar em um universo extremamente racista e machista, instaurando, para isso, seleções muito sutis de câmera e roteiro. Não é o que faz "Estrelas além do tempo", que com sua atmosfera feel good se estabelece como um dos meus filmes menos favoritos da temporada.
Uma pena que a segunda metade do filme, ainda que bem orquestrada e emocionante, perca um pouco a potencia e a crueza poética da primeira parte, brilhantemente conduzida pelo espetacular garoto prodígio Sunny Pawar. O longa, no final das contas, nos pega mais pelo coração do que pela razão, e tanto a trilha sonora quanto a impressionante fotografia ajudam a criar o clima familiar tão necessário para o filme. Dev Patel cresceu bastante como ator, Rooney Mara é sempre uma graça, e Nicole Kidman entrega uma das minhas performances favoritas do ano.
Dramas familiares e atuações sutis quase sempre me conquistam e com "Manchester à beira-mar" não poderia ser diferente, ainda que esse interessante projeto do Kenneth Lonergan dure bem mais do que deveria (quase duas horas e meia pra quê, pessoal?) e desperdice a oportunidade de ter mais da maravilhosa Michelle Williams em cena (ela está ótima, mesmo com pouquíssima tempo de tela; fico imaginando como seria se sua personagem tivesse ainda mais presença no longa). O roteiro, temporalmente fragmentado, é perspicaz, nos revelando aos poucos os motivos que levaram Lee a ser esse homem sombrio, amargo, de poucas palavras e nenhum amigo, cheio de uma angústia tangível e paradoxalmente distanciada. Casey Affleck arrebenta, na que talvez seja, até agora, a minha performance masculina favorita do ano. Delicadamente sutil, o ator encarna esse sujeito que depois de tantos laços tragicamente partidos, não quer mais se apegar a nada e nem a ninguém.
Não, Pablo Larraín não desvenda Jackie Kennedy. A pretensão aqui nem é essa. Construindo um retrato estilhaçado, delicado e intimista da ex-primeira dama, o diretor chileno coloca no centro da narrativa uma mulher forte, porém cheia de fragilidades e contradições, que tenta à todo custo construir a imagem que as próximas gerações terão de John Kennedy, de seu governo inacabado, de sua família e de seu legado. É um filme sobre o luto, mas é também um filme sobre como os mitos, a performance, as histórias que se contam acabam, muitas vezes, se confundindo com os fatos, com o que ainda temos de "real". Natalie Portman, como Jackie, é a personificação da dor, da angústia, da apreensão de não saber o que se tem, agora que o mundo então conhecido lhe foi abruptamente tirado. É uma atuação cheia de matizes, que vão da fabricação do sotaque e da postura, nunca uma imitação forçada, até à composição dos olhares e dos gestos, numa clara tentativa de humanizar uma persona que pensávamos conhecer tão bem, mas que nunca permitiu, afinal, vejam só, ser decifrada.
Primeiramente, tenho que declarar o prazer de ver Rachel Griffiths, uma das minhas atrizes favoritas, ganhando a oportunidade de mostrar seu talento em um pequeno, porém interessante, papel aqui em 'Hacksaw Ridge'. Muito feliz com a escalação e com o filme também. Ainda que o longa do Mel Gibson não se sustente necessariamente como um drama (o primeiro ato é bem problemático, e amontoado de clichês), e que o diretor não consiga (nem tente, na verdade) se afastar muito da exaltação da supremacia norte-americana, 'Hacksaw Ridge' encanta na montagem das cenas de guerra, lindamente dirigidas, contando ainda com uma presente fotografia e todo um trabalho de mixagem e edição de som fenomenal! Andrew Garfield entrega seu desempenho mais maduro aqui, não apenas pela criação de um sotaque que nunca soa artificial, mas principalmente pela maneira como consegue conduzir um personagem cheio de inquietações e conflitos interiores, dividido entre a dureza da guerra e a fé em seu Deus, em sua religião.
Este é definitivamente um filme que funciona muito mais por sua poderosa mensagem do que necessariamente por sua competência cinematográfica. Aliás, o grande problema de "Fences", em minha opinião, é que todo o longa parece não querer se distanciar nada do projeto idealizado por August Wilson para o teatro, transformando-se, portanto, em uma requintada, no entanto, nada original, peça gravada. Em parte, isso é culpa da direção de pouca personalidade de Denzel Washington, ainda que, como ator, ele entregue uma das performances mais interessantes do ano, construindo com maestria um Troy Maxson verborrágico, odiável, cheio de vícios e contradições. Um personagem que me deixou desconfortável, um tanto sem fôlego. Viola Davis está sensacional aqui. Se no início, ela funciona apenas como um suporte para o desempenho de Denzel, logo, ela, verdadeira força da natureza, se coloca à frente das cenas, comprovando o porquê de ser uma das grandes favoritas para o Óscar desse ano.
Saí do cinema com vontade de ser feliz, de correr mais e mais atrás dos meus sonhos, de estar com as pessoas que eu mais amo. Em tempos de Temer, de Trump, de Bolsonaros, de precarização da educação, do transporte, de nosso presídios, de nossa saúde, enfim, de tantos desafios, La La Land é um sopro de esperança no coração. Filme bonito da porra! A direção de Damien Chazelle é tão astuciosa, o trabalho de montagem é extremamente bem executado (com destaque, na minha opinião, para as cenas sobrepostas, que reforçam ainda mais a homenagem que o longa concede aos filmes antigos), figurino, direção de arte... tudo formidável. Ryan Gosling brilha, mas é a Emma Stone que realmente parece ser a dona do show aqui. A coisa fica ainda mais interessante quando os dois estão juntos. Quanta química!
Coincidentemente, pouco antes de assistir "Moonlight", estive lendo, para um trabalho da faculdade, alguns capítulos de "Confidências da Carne", livro de Pedro de Souza, no qual o autor analisa modos de subjetivação de sujeitos homossexuais durante a ditadura militar no Brasil. No livro, Pedro de Souza afirma algo que me fez pensar bastante na jornada do protagonista do longa dirigido pelo Barry Jenkins: “Expressar-se a respeito de sua própria sexualidade é um ato concomitante ao da consciência do si." Obrigado a recalcar a sua identidade, os seus desejos, as suas angústias, o que sobra para Little, Shannon, Black, todos esses nomes, acepções do mesmo sujeito, é uma vida fragmentada, estilhaçada, construída a partir do trauma. Ao mesmo tempo, penso "Moonlight" como uma espécie de "Boyhood" às avessas: diferente do projeto do Richard Linklater, a ideia aqui é perseguir a existência de uma pessoa ao qual o "sonho americano" não alcança. É difícil medir, nesse sentido, a quantidade de sofrimento e de indecisão que esse homem, negro e gay, duplamente discriminado, passa durante o filme. Estou também totalmente fascinado pela atuação sensível de Mahershala Ali na primeira parte do filme; pela trilha sonora delicada, mas ao tempo, presente; e pela fotografia. "Moonlight" é cinema dos grandes, daqueles que nos fazem pensar.
Se depois de 'Other People', filme também de 2016, dirigido pelo Chris Kelly, "Drops of Jupiter" ganhou, para mim, um novo (e intenso) significado, ao terminar de ver 'Capitão Fantástico', escutar "Sweet Child O'Mine nunca mais será a mesma coisa. A cena em que a canção é executada é de uma simplicidade tão tocante, de uma delicadeza tremenda, assim como todo o filme, eu diria. Por trás de um falso clima de conto de fadas, o longa do Matt Ross consegue tratar de diversos temas políticos, traz crítica social, fala sobre depressão, repensa o lugar da família, dos valores, da cultura. É reflexão atrás de reflexão e é interessante como a narrativa ainda nos permite imensos momentos de riso, de lágrimas nos olhos, de contemplação. O elenco infantil brilha demais. Tão é o clima de comunhão que todos parecem fazer parte efetivamente da mesma família. E como capitão de tudo, está Virgo Mortensen, que transforma um personagem que poderia muito bem ser representado como uma caricatura, em uma persona humana, aturdida, tão arraigada às suas convicções, porém ao mesmo tempo, tendo que lidar com uma série de mudanças no caminho. A cena em que ele fala para os filhos o que houve com a esposa, logo nos primeiros vinte minutos de filme, já exemplifica a dimensão dramática que o Viggo, que já nos surpreendeu tanto, consegue dar a esse novo personagem. É lindo!
Muito interessante toda a dinâmica da história sendo lida dentro de outra história, mas no geral, "Animais Noturnos" me pareceu um projeto apenas.... pretensioso. Talvez por conta da minha admiração pelo primeiro projeto do Tom Ford, o excelente e delicado "Direito de Amar", eu esperasse nesse novo filme a mesma potência na dissecação dos detalhes como elementos que provocassem uma explosão narrativa. Mas a catarse não veio para mim, com exceção das ótimas cenas da perseguição na estrada e da belíssima sequência final, que colocou como destaque a sensacional Amy Adams e a trilha sonora extremamente perturbadora e nada harmoniosa.
O que me machuca mais é que eu precisava desse filme, e mais ainda, que parte da vivência do David, protagonista do longa, é também a minha atual vivência. "Other People" é um filme tão simples, não há nada de tão surpreendente na narrativa, mas a trama toda se desenrola com tanto realismo, as situações parecem todas tão espontâneas, que é difícil não se encantar com o resultado final. As últimas cenas me deixaram com lágrimas nos olhos.... Destaque total para a excelente atuação da Molly Shannon.
Pode alguém ser fisgado por um filme já na primeira cena? Pode uma trilha sonora harmonizar com um ímpeto tão verdadeiro emoções tão contraditórias e estáveis? Porque somado a uma confusão deliciosa ao final, foram essas sensações que ficaram em mim após assistir "Arrival", novo filme do Denis Villeneuve, diretor nada fácil que constrói aqui uma narrativa que se utiliza da ficção científica para problematizar o poder da linguagem, os limites e artifícios da comunicação, a nossa relação com o tempo, com os outros, consigo mesmo. É um filme gigante, tanto do ponto de vista técnico, com uma fotografia arrasadoramente bonita e delicada, todo um trabalho de som e efeitos visuais dignos de nota, assim como uma direção sustentada a partir da elaboração do suspense; mas também um filme gigante pela quantidade de informações e diálogos que cria em pouco menos de duas horas, pelas metáforas nada dóceis que produz. Amy Adams talvez tenha o papel mais complexo até aqui. Há uma angústia em sua personagem, uma busca desenfreada pelo outro, uma aura de mistério e de tensão. Lidando com o desconhecido, representado tanto pelos alienígenas quanto pelo próprio futuro e passado da personagem, Adams enfim parece tomar as rédeas de sua própria carreira, criando uma protagonista que talvez a coloque mais perto de seu tão esperado Óscar.
Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha
3.5 169 Assista AgoraJá há algum tempo venho me decepcionando com os projetos do Stephen Frears. Assim como "Florence Foster Jeankins", seu longa lançado ano passado, "Victoria & Abdul" também sofre por um roteiro burocrático, por escolhas narrativas pouco inspiradas e uma sensação de que diversos elementos do filme poderiam ser melhor explorados. No fim, o meu interesse pela história da monarquia britânica não foi suficiente para suportar as quase duas horas de tédio oferecidas pelo filme. Porém, assim como em "Florence Foster Jeankins", em "Victoria & Abdul", as atuações realmente surpreendem. Judi Dench usa todo o seu talento e experiência na tentativa de dar camadas a uma personagem cujo roteiro pouco se esforça em complexificar; e Ali Fazal, bastante simpático, é a outra ponta exitosa da química estabelecida entre os personagens que dão título ao longa.
Verão 1993
3.8 45 Assista Agora"Y tú, ¿por qué no lloras?"
Em Ritmo de Fuga
4.0 1,9K Assista AgoraAinda que não seja propriamente um musical, Baby Driver é um filme no qual a música se incorpora como parte integrante da narrativa. Mesmo as cenas de ação parecem seguir uma espécie de coreografia, de ritmo particular que se harmoniza muito bem com as canções escolhidas para compor a trilha sonora do longa. Aliás, que sequências de ação! Talvez o melhor do filme seja o seu trabalho de montagem.
Doentes de Amor
3.7 379 Assista AgoraO que é manter as tradições "nacionais" fora de seu país de origem? O que é manter as tradições "nacionais" em um mundo em que as fronteiras, incluindo as que supostamente separam territórios, estão sendo a cada dia redimensionadas e reduzidas? Essa questão que nos parece tão contemporânea (principalmente, num contexto em que o debate sobre a imigração e sobre os refugiados ganha ainda mais fôlego, e numa realidade na qual um sujeito assumidamente xenofóbico e nacionalista assume a presidência dos Estados Unidos) é ponto fundamental, na minha opinião, para a construção do roteiro de "The Big Sick", que tem todos os elementos de uma boa comédia romântica, mas que surpreendentemente consegue entregar mais que isso. Se em Master of None, Dev, personagem de Aziz Ansari, está a todo momento se perguntando: "O que é ser um indiano vivendo na América?", Kumail, protagonista de "The Big Sick", experimenta angústias parecidas, pensando como esse lugar híbrido do sujeito migrante afeta diretamente a sua maneira de se lançar no mundo: sua relação com a família, com a religião, com o afeto. Tanto Dev quanto Kumail parecem estar em constante débito com essa ancestralidade, com esse lugar do qual seus pais partiram: são americanos nascidos na América, mas são indianos, são paquistaneses, têm que honrar com a tradição e com o peso simbólico que trazem no sangue. Devem ser melhores do que seus pais, mas devem fazer o que devem fazer da maneira como seus pais fariam. Que loucura, bicho!
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraÉ um filme que, apesar de algumas tiradas satíricas do ótimo roteiro, é bastante incômodo. Poucas vezes, pensei que um final sangrento poderia ser tão catártico como este. Como um jovem negro, me senti, de fato, vingado. Se o início do filme remete a um drama familiar, no estilo "Adivinhe quem vem para o jantar", rapidamente os movimentos de câmera, os efeitos de som e a trilha sonora, a montagem ágil e eficiente nos levam a um clima de suspense e de sufocamento, muito bem mesclado a uma tremenda crítica social, que não esconde o propósito de mostrar o quão nefasto e violento é o racismo, por mais implícito que muitas vezes ele pareça.
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraChegando aqui ao Filmow, no momento de avaliar o longa, algumas das questões que me perseguem desde que saí da sessão vêm com toda força: quantas estrelas atribuir ao filme? Será que eu realmente gostei da experiência? Qual é meu sentimento em relação a mãe!? De fato, não sei. É um filme que não funciona necessariamente bem como terror, como drama familiar é apenas bom, dificilmente garante um prazeroso entretenimento. Ainda que os dois primeiros atos tenham me parecido um tanto lentos, às vezes repetitivos, há ali a construção de um suspense e o estabelecimento de uma narrativa que ganha corpo e sentido (será?) a partir do terceiro ato, que é simplesmente arrebatador, grotesco, violento, sujo, explosivo. É o momento em que se faz clara, enfim, a grande proposta de Aronofsky de pensar mãe! como uma alegoria religiosa, como um texto em constante intertexto com a Bíblia, uma extensão, ainda que muito melhor realizada, do filme anterior do cineasta, Noé. Fiquei pensando tantas coisas durante e depois da sessão, defendi e mudei de opinião diversas vezes, tentei mastigar o filme, mas é tão difícil engoli-lo. Acho que isso pode ser um bom sinal. É um filme que provoca. Portanto... 4 estrelas.
Dunkirk
3.8 2,0K Assista AgoraA composição das cores, a belíssima fotografia, a mixagem de som, o trabalho de montagem, a trilha sonora excepcional do Hans Zimmer (organicamente tão presente no filme, nunca desnecessária) fazem de Dunkirk uma experiência belíssima. Realmente não há como reclamar da parte técnica do longa e da tentativa muito bem sucedida de Christopher Nolan em nos lançar no meio da Segunda Guerra: uma ousada estratégia de imersão praticamente. Mas saindo da sala de cinema, eu tive uma sensação de... nada. Toda a experiência me pareceu tão fria. Como se eu tivesse experimentado tudo aquilo, tivesse presenciado vários pontos de catarse no desenrolar da sessão, mas no fundo, não me veio nada. A única sensação que fica é a de que o filme não conseguiu se comunicar comigo, de que eu não consegui me conectar o suficiente aos personagens e às ações. Isso é muito frustante!
As Faces de Toni Erdmann
3.8 257 Assista AgoraSandra Hüller cantando Whitney Houston já é uma das minhas cenas favoritas da temporada!
O Apartamento
3.9 257 Assista AgoraO que mais me surpreende é ver como Asghar Farhadi consegue elaborar tão bem o suspense, criar tão inteligentemente tensão a partir de cenas muito cotidianas: o casal que percorre um provável novo apartamento, a esposa que se prepara para um banho, o marido que, distraído, faz umas compras. É truque de mestre!
Mulheres do Século XX
4.0 415 Assista Agora"I just think that, you know, having your heart broken is a tremendous way to learn about the world."
A Qualquer Custo
3.8 803 Assista AgoraQue grata surpresa esse longa, que consegue reafirmar e, ao mesmo tempo, reatualizar algumas características do western. É interessantíssima a discussão que o filme traz sobre a ganância dos bancos, a concentração do dinheiro na mão de poucos, a resistência dos personagens diante da pobreza que lhes é imposta. A fotografia é belíssima e a trilha sonora de Nick Cave, ainda que nada memorável,casa bem com o ritmo do filme. A última hora do longa é bastante emblemática e possibilita que tanto Chris Pine quanto Ben Foster brilhem, em especial o último, que entrega um desempenho enlouquecido, apaixonado. Jeff Bridges está Jeff Bridges, e ainda que os maneirismos do autor permaneçam e que ele não consiga sair do fluxo repetitivo que vem seguindo já há algum tempo, me pareceu interessante a forma como ele se esforça em construir um personagem extremamente contraditório, inespecífico, um sujeito que está preso à força da lei e da tradição, é irreverente, amável, mas é também escroto, destilando cometários racistas, preconceituosos durante boa parte do longa.
Estrelas Além do Tempo
4.3 1,5K Assista AgoraA história de vida e de luta dessas mulheres é linda, e é muito importante esse movimento de Hollywood em trazer à tona os obstáculos e os conflitos pelos quais passaram essas personagens. Mas fora seu valor histórico e social, eu, sinceramente, não consegui me empolgar tanto com esse longa de superação e de redenção, proposto pelo Theodore Melfi. A trama é, muitas vezes, desconexa, os movimentos, inverossímeis, com escolhas tão óbvias, com um otimismo tão perturbador. Adoro, por exemplo, como "Loving", do Jeff Nichols, consegue nos lançar em um universo extremamente racista e machista, instaurando, para isso, seleções muito sutis de câmera e roteiro. Não é o que faz "Estrelas além do tempo", que com sua atmosfera feel good se estabelece como um dos meus filmes menos favoritos da temporada.
Lion: Uma Jornada para Casa
4.3 1,9K Assista AgoraUma pena que a segunda metade do filme, ainda que bem orquestrada e emocionante, perca um pouco a potencia e a crueza poética da primeira parte, brilhantemente conduzida pelo espetacular garoto prodígio Sunny Pawar. O longa, no final das contas, nos pega mais pelo coração do que pela razão, e tanto a trilha sonora quanto a impressionante fotografia ajudam a criar o clima familiar tão necessário para o filme. Dev Patel cresceu bastante como ator, Rooney Mara é sempre uma graça, e Nicole Kidman entrega uma das minhas performances favoritas do ano.
Manchester à Beira-Mar
3.8 1,4K Assista AgoraDramas familiares e atuações sutis quase sempre me conquistam e com "Manchester à beira-mar" não poderia ser diferente, ainda que esse interessante projeto do Kenneth Lonergan dure bem mais do que deveria (quase duas horas e meia pra quê, pessoal?) e desperdice a oportunidade de ter mais da maravilhosa Michelle Williams em cena (ela está ótima, mesmo com pouquíssima tempo de tela; fico imaginando como seria se sua personagem tivesse ainda mais presença no longa). O roteiro, temporalmente fragmentado, é perspicaz, nos revelando aos poucos os motivos que levaram Lee a ser esse homem sombrio, amargo, de poucas palavras e nenhum amigo, cheio de uma angústia tangível e paradoxalmente distanciada. Casey Affleck arrebenta, na que talvez seja, até agora, a minha performance masculina favorita do ano. Delicadamente sutil, o ator encarna esse sujeito que depois de tantos laços tragicamente partidos, não quer mais se apegar a nada e nem a ninguém.
Jackie
3.4 739 Assista AgoraNão, Pablo Larraín não desvenda Jackie Kennedy. A pretensão aqui nem é essa. Construindo um retrato estilhaçado, delicado e intimista da ex-primeira dama, o diretor chileno coloca no centro da narrativa uma mulher forte, porém cheia de fragilidades e contradições, que tenta à todo custo construir a imagem que as próximas gerações terão de John Kennedy, de seu governo inacabado, de sua família e de seu legado. É um filme sobre o luto, mas é também um filme sobre como os mitos, a performance, as histórias que se contam acabam, muitas vezes, se confundindo com os fatos, com o que ainda temos de "real". Natalie Portman, como Jackie, é a personificação da dor, da angústia, da apreensão de não saber o que se tem, agora que o mundo então conhecido lhe foi abruptamente tirado. É uma atuação cheia de matizes, que vão da fabricação do sotaque e da postura, nunca uma imitação forçada, até à composição dos olhares e dos gestos, numa clara tentativa de humanizar uma persona que pensávamos conhecer tão bem, mas que nunca permitiu, afinal, vejam só, ser decifrada.
Até o Último Homem
4.2 2,0K Assista AgoraPrimeiramente, tenho que declarar o prazer de ver Rachel Griffiths, uma das minhas atrizes favoritas, ganhando a oportunidade de mostrar seu talento em um pequeno, porém interessante, papel aqui em 'Hacksaw Ridge'. Muito feliz com a escalação e com o filme também. Ainda que o longa do Mel Gibson não se sustente necessariamente como um drama (o primeiro ato é bem problemático, e amontoado de clichês), e que o diretor não consiga (nem tente, na verdade) se afastar muito da exaltação da supremacia norte-americana, 'Hacksaw Ridge' encanta na montagem das cenas de guerra, lindamente dirigidas, contando ainda com uma presente fotografia e todo um trabalho de mixagem e edição de som fenomenal! Andrew Garfield entrega seu desempenho mais maduro aqui, não apenas pela criação de um sotaque que nunca soa artificial, mas principalmente pela maneira como consegue conduzir um personagem cheio de inquietações e conflitos interiores, dividido entre a dureza da guerra e a fé em seu Deus, em sua religião.
Um Limite Entre Nós
3.8 1,1K Assista AgoraEste é definitivamente um filme que funciona muito mais por sua poderosa mensagem do que necessariamente por sua competência cinematográfica. Aliás, o grande problema de "Fences", em minha opinião, é que todo o longa parece não querer se distanciar nada do projeto idealizado por August Wilson para o teatro, transformando-se, portanto, em uma requintada, no entanto, nada original, peça gravada. Em parte, isso é culpa da direção de pouca personalidade de Denzel Washington, ainda que, como ator, ele entregue uma das performances mais interessantes do ano, construindo com maestria um Troy Maxson verborrágico, odiável, cheio de vícios e contradições. Um personagem que me deixou desconfortável, um tanto sem fôlego. Viola Davis está sensacional aqui. Se no início, ela funciona apenas como um suporte para o desempenho de Denzel, logo, ela, verdadeira força da natureza, se coloca à frente das cenas, comprovando o porquê de ser uma das grandes favoritas para o Óscar desse ano.
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraSaí do cinema com vontade de ser feliz, de correr mais e mais atrás dos meus sonhos, de estar com as pessoas que eu mais amo. Em tempos de Temer, de Trump, de Bolsonaros, de precarização da educação, do transporte, de nosso presídios, de nossa saúde, enfim, de tantos desafios, La La Land é um sopro de esperança no coração. Filme bonito da porra! A direção de Damien Chazelle é tão astuciosa, o trabalho de montagem é extremamente bem executado (com destaque, na minha opinião, para as cenas sobrepostas, que reforçam ainda mais a homenagem que o longa concede aos filmes antigos), figurino, direção de arte... tudo formidável. Ryan Gosling brilha, mas é a Emma Stone que realmente parece ser a dona do show aqui. A coisa fica ainda mais interessante quando os dois estão juntos. Quanta química!
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraCoincidentemente, pouco antes de assistir "Moonlight", estive lendo, para um trabalho da faculdade, alguns capítulos de "Confidências da Carne", livro de Pedro de Souza, no qual o autor analisa modos de subjetivação de sujeitos homossexuais durante a ditadura militar no Brasil. No livro, Pedro de Souza afirma algo que me fez pensar bastante na jornada do protagonista do longa dirigido pelo Barry Jenkins: “Expressar-se a respeito de sua própria sexualidade é um ato concomitante ao da consciência do si." Obrigado a recalcar a sua identidade, os seus desejos, as suas angústias, o que sobra para Little, Shannon, Black, todos esses nomes, acepções do mesmo sujeito, é uma vida fragmentada, estilhaçada, construída a partir do trauma. Ao mesmo tempo, penso "Moonlight" como uma espécie de "Boyhood" às avessas: diferente do projeto do Richard Linklater, a ideia aqui é perseguir a existência de uma pessoa ao qual o "sonho americano" não alcança. É difícil medir, nesse sentido, a quantidade de sofrimento e de indecisão que esse homem, negro e gay, duplamente discriminado, passa durante o filme. Estou também totalmente fascinado pela atuação sensível de Mahershala Ali na primeira parte do filme; pela trilha sonora delicada, mas ao tempo, presente; e pela fotografia. "Moonlight" é cinema dos grandes, daqueles que nos fazem pensar.
Sing Street - Música e Sonho
4.1 714 Assista Agora"No woman can truly love a man who listens to Phil Collins." </3
Capitão Fantástico
4.4 2,7K Assista AgoraSe depois de 'Other People', filme também de 2016, dirigido pelo Chris Kelly, "Drops of Jupiter" ganhou, para mim, um novo (e intenso) significado, ao terminar de ver 'Capitão Fantástico', escutar "Sweet Child O'Mine nunca mais será a mesma coisa. A cena em que a canção é executada é de uma simplicidade tão tocante, de uma delicadeza tremenda, assim como todo o filme, eu diria. Por trás de um falso clima de conto de fadas, o longa do Matt Ross consegue tratar de diversos temas políticos, traz crítica social, fala sobre depressão, repensa o lugar da família, dos valores, da cultura. É reflexão atrás de reflexão e é interessante como a narrativa ainda nos permite imensos momentos de riso, de lágrimas nos olhos, de contemplação. O elenco infantil brilha demais. Tão é o clima de comunhão que todos parecem fazer parte efetivamente da mesma família. E como capitão de tudo, está Virgo Mortensen, que transforma um personagem que poderia muito bem ser representado como uma caricatura, em uma persona humana, aturdida, tão arraigada às suas convicções, porém ao mesmo tempo, tendo que lidar com uma série de mudanças no caminho. A cena em que ele fala para os filhos o que houve com a esposa, logo nos primeiros vinte minutos de filme, já exemplifica a dimensão dramática que o Viggo, que já nos surpreendeu tanto, consegue dar a esse novo personagem. É lindo!
Animais Noturnos
4.0 2,2K Assista AgoraMuito interessante toda a dinâmica da história sendo lida dentro de outra história, mas no geral, "Animais Noturnos" me pareceu um projeto apenas.... pretensioso. Talvez por conta da minha admiração pelo primeiro projeto do Tom Ford, o excelente e delicado "Direito de Amar", eu esperasse nesse novo filme a mesma potência na dissecação dos detalhes como elementos que provocassem uma explosão narrativa. Mas a catarse não veio para mim, com exceção das ótimas cenas da perseguição na estrada e da belíssima sequência final, que colocou como destaque a sensacional Amy Adams e a trilha sonora extremamente perturbadora e nada harmoniosa.
Outras Pessoas
3.7 116O que me machuca mais é que eu precisava desse filme, e mais ainda, que parte da vivência do David, protagonista do longa, é também a minha atual vivência. "Other People" é um filme tão simples, não há nada de tão surpreendente na narrativa, mas a trama toda se desenrola com tanto realismo, as situações parecem todas tão espontâneas, que é difícil não se encantar com o resultado final. As últimas cenas me deixaram com lágrimas nos olhos.... Destaque total para a excelente atuação da Molly Shannon.
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraPode alguém ser fisgado por um filme já na primeira cena? Pode uma trilha sonora harmonizar com um ímpeto tão verdadeiro emoções tão contraditórias e estáveis? Porque somado a uma confusão deliciosa ao final, foram essas sensações que ficaram em mim após assistir "Arrival", novo filme do Denis Villeneuve, diretor nada fácil que constrói aqui uma narrativa que se utiliza da ficção científica para problematizar o poder da linguagem, os limites e artifícios da comunicação, a nossa relação com o tempo, com os outros, consigo mesmo. É um filme gigante, tanto do ponto de vista técnico, com uma fotografia arrasadoramente bonita e delicada, todo um trabalho de som e efeitos visuais dignos de nota, assim como uma direção sustentada a partir da elaboração do suspense; mas também um filme gigante pela quantidade de informações e diálogos que cria em pouco menos de duas horas, pelas metáforas nada dóceis que produz. Amy Adams talvez tenha o papel mais complexo até aqui. Há uma angústia em sua personagem, uma busca desenfreada pelo outro, uma aura de mistério e de tensão. Lidando com o desconhecido, representado tanto pelos alienígenas quanto pelo próprio futuro e passado da personagem, Adams enfim parece tomar as rédeas de sua própria carreira, criando uma protagonista que talvez a coloque mais perto de seu tão esperado Óscar.