O estroboscópico, o extravagante, o exagero, tudo isto permanece do primeiro, senão mesmo redimensionado pela existência de outras formas de fazê-lo tomar forma (de um certo modo é o irresponsável divertidinho dos Minions, não é?).
As caricaturas dos estilos musicais é bem engraçada, principalmente a rainha Rock n'Roll! A coisa é bem pensada.
A trama é clichê, mas o desvario estético e o metalinguístico aqui e acolá compensam esse detalhe numa boa.
A estética do filme, com qualquer coisa de animação 2D persistindo discretamente no 3D digital, é muito interessante. O que achei um pouco clichê foi a trama mesmo, previsível sob diversos aspectos, sem grandes picos dramáticos, meio achatada numa planície.
Como eu gosto desses filmes que repousam sobretudo sobre os personagens e o contracenar dos atores! As coisas são sutis, as feições ganham o peso e carregam as entrelinhas dos não-ditos, tudo parece muito mais orgânico, como se fosse "a vida" e você estivesse realmente vendo ela acontecer. Vanessa Kirby está estupenda, e o Casey Affleck inspirado também. Não tanto quanto 'Manchester à beira-mar', mas muito preciso: econômico e expressivo ao mesmo tempo.
Gostei especialmente da premissa estabelecida logo nas primeiras sequências do filme, quando se fala sobre as entrelinhas dos livros contábeis e como as pessoas ali estão, escondidas, abafadas, disfarçadas, travestidas de números, gastos e ganhos. Tem uma certa sensibilidade historiográfica nisto, é muito interessante.
Teria ficado bem melhor sem aquelas pirações visuais do "outro mundo", que poderiam ter sido muito mais sutis, mais sóbrias e condizentes com a trama. Isto, contudo, não torna o filme ruim, só o tira do prumo um pouco.
Visceral de cabo a rabo, de fio a pavio. É um excelente retrato da classe trabalhadora contemporânea. A efemeridade e a instabilidade de condição, confrontada com laços sólidos entre os personagens, gera um efeito terrivel e belo.
E a atuação da Frances McDormand? Uau! Deixou 'Fargo' no chinelo.
A já típica solução de filmes de quadrinhos e heróis, a veia cômica, foi tentada, mas sem sucesso (o caricatural do personagem do Pedro Pascal é terrível). E teve um efeito deletério adicional: tirou o elemento épico que caracteriza grande parte do universo DC. Acabou que o "não se levar tão a sério" dos filmes de heróis acabou extremado aqui, tornando-se o "não dá pra levar a sério".
Com o livro do Jack London na cabeça, não consegui gostar. O contemplativo, mesmo com a verborragia típica do escritor, não incomoda (tanto) na escrita, mas me causou impaciência na tela.
Ótimo filme. O "faroeste" mostrando que ainda tem muito a oferecer como ambiência e como uma identidade estética (senão mesmo filosófica) para quem quiser contar uma história. O contracenar do Tom Hanks e da menina Zegel é maravilhoso, e sustenta o filme, a despeito da cadência mais lenta da trama.
Pensando em termos históricos mais amplos, me pareceu muito engenhosa a amarração entre o drama pessoal do protagonista (sua dificuldade de lidar com o luto, de fazer as pazes e acertar as contas com o passado) e a típica moldura ideológica e filosófica com que a ocupação do Oeste se processou (e que acabou se tornando uma das pedras angulares do chamado "excepcionalismo americano": sua capacidade projetiva, seu voluntarismo-sempre-voltado-ao-porvir). O fato de a menina ter sido criada numa cultura indígena, que entende o passado como condição do devir, realça o dilema do protagonista: espiritualmente atrelado ao "pra-frentismo" da ideologia americana, ele não se permitia desatar os nós do passado para, curiosamente, seguir em frente. Donde sua paradoxal situação: ia materialmente à diante (ele chega a ressaltar as platitudes das pradarias como ambiente perfeito para seguir, seguir e seguir), mas estava espiritualmente preso ao passado (pelo deliberado evitar de reconhecer o passado).
Ora, foi preciso um personagem não enredado nessa cultura para desenrolar esse imbróglio subjetivo. Diferentemente da mentalidade do americanismo dominante, para a qual o passado interessa somente ao museu, a garotinha indígena entendia como fundamental a exposição ao passado, a resolução de seus conflitos como condição de identidade e forma de seguir a diante. Ela faz questão de visitar a casa de onde fora subtraída (i.e., revisitar seu passado doloroso) para poder como que 'fazer as pazes' com ele, indo contra todas as recomendações do personagem de Tom Hanks, que evitava a todo o custo fazer o mesmo quanto ao seu próprio passado doloroso, no caso a morte da esposa.
A sequência de ouro nesse sentido (a despeito das diversas cenas oriundas da estupenda fotografia estupenda do filme) é aquela em que os dois personagens conversam a bordo da carroça: enquanto ele indica sua filosofia de vida com o sinal de 'ir em diante, em linha reta'; ela indica a sua própria, o abraço ao todo, o reconhecimento do mundo ao seu redor como parte substancial dela, e ela como parte dele. Ele segue focalmente em frente para não se distrair da tentativa de se afastar de seu passado ruim; ela espalhando-se horizontalmente pelo panorama do mundo, já que não precisa aferrar-se a essa fuga.
É uma fina crítica ao "americanismo" dominante, que não somente vive presa do futuro, como também praticamente eliminou seu passado "não-americanista", qual seja, os nativos, os indígenas - aqueles mesmos a cuja cultura pertence a sábia garotinha que chega aos braços do personagem de Tom Hanks no início do filme.
Poxa, notas baixas aqui e no Imdb. Achei que esse filme valia mais. Eu gostei, na pegada de outros filmes-meio-Sessão-da-Tarde, uma comédia apimentada com algumas espinafradas na política externa norte-americana e com protagonistas patéticos que acabam se sobressaindo apesar (ou por causa?) dessa mesma condição.
É um 'Divertidamente' mais holístico, menos racional e mais espiritual - donde o nome, aliás. Muito tocante e bem feito, e extremamente bem equilibrado entre um humor mais adulto e um propriamente infantil. Arranca lágrimas.
Para mim ainda não supera 'Divertidamente', mas é sublime.
É como uma estória do Steinbeck contada por um republicano. Muito bom. Como filme sobre a crise de 1929 (ainda que ela esteja lá em segundo plano) é bem interessante também.
O mais impressionante, contudo, é terem conseguido fazer o Clint cantar.
Kate Winslet e Saoirse Ronan contracenando? É sucesso garantido. Mas não é só isto: o filme é delicado, cheio de poesia nas entrelinhas e extremamente inteligente na construção do mise-en-scène e da narrativa. Econômico e muito competente.
Começou muito bem, sutil e equilibrado, criando a aura ao redor do tal Tio Frank, repousando no foco narrativo da menina, deixando um ar misterioso. Depois, contudo, descamba demais para uma função argumentativa (a despeito da justeza do argumento, bem entendido), se aproximando demais de um filme de tese. Esqueceu-se quase completamente da perspectiva da Beth.
E não sei se é implicância minha, mas o personagem Wally tinha muito cara de fake. O cabelo e a barba dele tinham cara de coisa postiça. Me dava um troço toda vez que ele aparecia.
O roteiro é uma pérola: a casa, o cavalo, a escola, a iluminação, a trilha sonora (etc.etc.etc.) tudo conta a estória do filme. Tudo conspira para adensar os estados de espírito dos personagens e o sentido de seus relacionamentos uns com os outros. Este é daqueles filmes em que tudo que acontece e aparece é de caso pensado.
O ritmo pode ser um pouco lento para quem espera um drama mais agudo e catártico, mas tudo fica devidamente compensado e equilibrado no correr da trama. A classe das cenas ao redor da casa é estonteante. O filme é lindo e um tanto perturbador, cumprindo também com mestria sua crítica social da ganância e do arrivismo, e sua exploração psicológica dos efeitos colaterais disto.
Perto de outros grandes filmes que formam a galeira do Clint, esse acaba passando despercebido, mas é um ótimo filme. Tem a assinatura ideológica conservadora do diretor, mas com uma humanidade muito sensível e delicada, que desafia a medula casca grossa da linguagem e dos personagens. O final arranca lágrimas e aperta o peito.
O personagem do Kevin Costner é muito interessante e cheio de nuances. O fato de ele ter o que em termos freudianos talvez se pudesse chamar de "complexo paterno" define o arco dramático do filme, dando-lhe sentido (em termos mais filosóficos) e direção (em termos de enredo). A alternância de dois núcleos dramáticos estabelece um ritmo narrativo ágil e faz adensar a ambiguidade do protagonista: se por um lado vemos ele se comportar de modo bondoso com o molequinho, de outro somos constantemente lembrados de que a roadtrip em que eles estão é um sequestro.
Eu sinceramente não sei avaliar se esse filme é coerente. Me deu nó na cabeça. Pode ser brilhante ou medíocre, não dou conta de descobrir.
Como impressão mais empírica, digamos assim, me deu cansaço. Parece que aumentou demais a complexidade da premissa, tornando o filme intrincadíssimo de se acompanhar, sem conseguir elevar ao mesmo patamar as cenas de ação e a atuação dos personagens. Se comparado com 'Inception', 'Tenet' perde. Enquanto aquele é ágil e engenhoso, este está mais para pesadão e intrincado.
Perturbador. Um pesadelo feito de coisas simples, um suspense que não não se contenta em te assustar, quer também poder falar de questões psicológicas e subjetivas tais como
a mãe-corujice da mãe, que é elevada à enésima potência até chegar ao grotesco que constitui, por fim, a parte de terror propriamente dito do filme. Ao fim e ao cabo, quem sabe possamos dizer que é um filme sobre os dilemas da maternidade; uma exploração, via terror, das angústias dos pais diante do "ninho vazio".
Um filme para mostrar às mães superprotetoras, hahaha.
Grata surpresa! Despretensioso e com tudo muito encaixado e justinho. O roteiro impõe um enredo com ritmo e muito seguro de seu drama, o diretor é muito competente em encontrar a moldura certa para adensar o subtexto desse drama e Diane Lane e Kevin Costner estão muito discretamente excelentes. Pareceu um 'faroeste moderno', na linha de 'Hell or high water' e 'Onde os fracos não têm vez' (embora não no mesmo patamar desse último).
Um ponto que achei digno de nota nesse filme foi o uso muito inteligente da iluminação para construir a narrativa e os personagens. Compare a casa do início do filme, super iluminada e arejada, e a cena do jantar com os Weeboy lá pela metade. É tudo muito bem pensado e montado.
Fraquinho que só. Não sei se foi porque estou com o '300' na memória, mas o Gerard Butler envelheceu pra cacete, né? A vida tratou ele mal de lá pra cá.
Nossa mãe, que filme ruim. Vai uma estrelinha em consideração ao Alec Baldwin.
O momento que ficou na memória nesse mar de porcaria foi quando a protagonista leva uma cocada na virilha. Tudo aquilo é extremamente desnecessário (do ponto de vista do roteiro, só serve para o médico confessar que não transou com a outra) e sem sentido (quem fica batendo bola com um coco?).
O Terry Eagleton é um dos roteiristas do filme! Só isto já valeria para me fazer assistir. Para além disto, contudo, há uma biografia idiossincrática para fazer jus à idiossincrasia de Wittgenstein. Achei muito bem pensado e com um estofo de erudição que não se torna maçante apesar de todo o aspecto conceitual do filme (marciano, fundo escuro de teatro etc.).
Trolls 2
3.4 80 Assista AgoraO estroboscópico, o extravagante, o exagero, tudo isto permanece do primeiro, senão mesmo redimensionado pela existência de outras formas de fazê-lo tomar forma (de um certo modo é o irresponsável divertidinho dos Minions, não é?).
As caricaturas dos estilos musicais é bem engraçada, principalmente a rainha Rock n'Roll! A coisa é bem pensada.
A trama é clichê, mas o desvario estético e o metalinguístico aqui e acolá compensam esse detalhe numa boa.
Big Pai, Big Filho 2
2.6 5 Assista AgoraDa série 'Assistido com as(os) sobrinhas(os)'.
Raya e o Último Dragão
4.0 645 Assista AgoraA estética do filme, com qualquer coisa de animação 2D persistindo discretamente no 3D digital, é muito interessante. O que achei um pouco clichê foi a trama mesmo, previsível sob diversos aspectos, sem grandes picos dramáticos, meio achatada numa planície.
Um Fascinante Novo Mundo
3.5 123 Assista AgoraComo eu gosto desses filmes que repousam sobretudo sobre os personagens e o contracenar dos atores! As coisas são sutis, as feições ganham o peso e carregam as entrelinhas dos não-ditos, tudo parece muito mais orgânico, como se fosse "a vida" e você estivesse realmente vendo ela acontecer. Vanessa Kirby está estupenda, e o Casey Affleck inspirado também. Não tanto quanto 'Manchester à beira-mar', mas muito preciso: econômico e expressivo ao mesmo tempo.
Gostei especialmente da premissa estabelecida logo nas primeiras sequências do filme, quando se fala sobre as entrelinhas dos livros contábeis e como as pessoas ali estão, escondidas, abafadas, disfarçadas, travestidas de números, gastos e ganhos. Tem uma certa sensibilidade historiográfica nisto, é muito interessante.
Um Olhar do Paraíso
3.7 2,7K Assista AgoraTeria ficado bem melhor sem aquelas pirações visuais do "outro mundo", que poderiam ter sido muito mais sutis, mais sóbrias e condizentes com a trama. Isto, contudo, não torna o filme ruim, só o tira do prumo um pouco.
Nomadland
3.9 895 Assista AgoraVisceral de cabo a rabo, de fio a pavio. É um excelente retrato da classe trabalhadora contemporânea. A efemeridade e a instabilidade de condição, confrontada com laços sólidos entre os personagens, gera um efeito terrivel e belo.
E a atuação da Frances McDormand? Uau! Deixou 'Fargo' no chinelo.
Mulher-Maravilha 1984
3.0 1,4K Assista AgoraA já típica solução de filmes de quadrinhos e heróis, a veia cômica, foi tentada, mas sem sucesso (o caricatural do personagem do Pedro Pascal é terrível). E teve um efeito deletério adicional: tirou o elemento épico que caracteriza grande parte do universo DC. Acabou que o "não se levar tão a sério" dos filmes de heróis acabou extremado aqui, tornando-se o "não dá pra levar a sério".
Martin Eden
3.7 23Com o livro do Jack London na cabeça, não consegui gostar. O contemplativo, mesmo com a verborragia típica do escritor, não incomoda (tanto) na escrita, mas me causou impaciência na tela.
Relatos do Mundo
3.5 312 Assista AgoraÓtimo filme. O "faroeste" mostrando que ainda tem muito a oferecer como ambiência e como uma identidade estética (senão mesmo filosófica) para quem quiser contar uma história. O contracenar do Tom Hanks e da menina Zegel é maravilhoso, e sustenta o filme, a despeito da cadência mais lenta da trama.
Pensando em termos históricos mais amplos, me pareceu muito engenhosa a amarração entre o drama pessoal do protagonista (sua dificuldade de lidar com o luto, de fazer as pazes e acertar as contas com o passado) e a típica moldura ideológica e filosófica com que a ocupação do Oeste se processou (e que acabou se tornando uma das pedras angulares do chamado "excepcionalismo americano": sua capacidade projetiva, seu voluntarismo-sempre-voltado-ao-porvir). O fato de a menina ter sido criada numa cultura indígena, que entende o passado como condição do devir, realça o dilema do protagonista: espiritualmente atrelado ao "pra-frentismo" da ideologia americana, ele não se permitia desatar os nós do passado para, curiosamente, seguir em frente. Donde sua paradoxal situação: ia materialmente à diante (ele chega a ressaltar as platitudes das pradarias como ambiente perfeito para seguir, seguir e seguir), mas estava espiritualmente preso ao passado (pelo deliberado evitar de reconhecer o passado).
Ora, foi preciso um personagem não enredado nessa cultura para desenrolar esse imbróglio subjetivo. Diferentemente da mentalidade do americanismo dominante, para a qual o passado interessa somente ao museu, a garotinha indígena entendia como fundamental a exposição ao passado, a resolução de seus conflitos como condição de identidade e forma de seguir a diante. Ela faz questão de visitar a casa de onde fora subtraída (i.e., revisitar seu passado doloroso) para poder como que 'fazer as pazes' com ele, indo contra todas as recomendações do personagem de Tom Hanks, que evitava a todo o custo fazer o mesmo quanto ao seu próprio passado doloroso, no caso a morte da esposa.
A sequência de ouro nesse sentido (a despeito das diversas cenas oriundas da estupenda fotografia estupenda do filme) é aquela em que os dois personagens conversam a bordo da carroça: enquanto ele indica sua filosofia de vida com o sinal de 'ir em diante, em linha reta'; ela indica a sua própria, o abraço ao todo, o reconhecimento do mundo ao seu redor como parte substancial dela, e ela como parte dele. Ele segue focalmente em frente para não se distrair da tentativa de se afastar de seu passado ruim; ela espalhando-se horizontalmente pelo panorama do mundo, já que não precisa aferrar-se a essa fuga.
É uma fina crítica ao "americanismo" dominante, que não somente vive presa do futuro, como também praticamente eliminou seu passado "não-americanista", qual seja, os nativos, os indígenas - aqueles mesmos a cuja cultura pertence a sábia garotinha que chega aos braços do personagem de Tom Hanks no início do filme.
Ishtar
2.5 13Poxa, notas baixas aqui e no Imdb. Achei que esse filme valia mais. Eu gostei, na pegada de outros filmes-meio-Sessão-da-Tarde, uma comédia apimentada com algumas espinafradas na política externa norte-americana e com protagonistas patéticos que acabam se sobressaindo apesar (ou por causa?) dessa mesma condição.
Soul
4.3 1,4KÉ um 'Divertidamente' mais holístico, menos racional e mais espiritual - donde o nome, aliás. Muito tocante e bem feito, e extremamente bem equilibrado entre um humor mais adulto e um propriamente infantil. Arranca lágrimas.
Para mim ainda não supera 'Divertidamente', mas é sublime.
Honkytonk Man: A Última Canção
3.7 28 Assista AgoraÉ como uma estória do Steinbeck contada por um republicano. Muito bom. Como filme sobre a crise de 1929 (ainda que ela esteja lá em segundo plano) é bem interessante também.
O mais impressionante, contudo, é terem conseguido fazer o Clint cantar.
Ammonite
3.6 243 Assista AgoraKate Winslet e Saoirse Ronan contracenando? É sucesso garantido. Mas não é só isto: o filme é delicado, cheio de poesia nas entrelinhas e extremamente inteligente na construção do mise-en-scène e da narrativa. Econômico e muito competente.
É um 'Call me by your name' do outro lado.
À Sombra do Vulcão
3.7 21O Albert Finney está estupendo nesse filme! É a decadência personificada.
Tio Frank
3.9 240 Assista AgoraComeçou muito bem, sutil e equilibrado, criando a aura ao redor do tal Tio Frank, repousando no foco narrativo da menina, deixando um ar misterioso. Depois, contudo, descamba demais para uma função argumentativa (a despeito da justeza do argumento, bem entendido), se aproximando demais de um filme de tese. Esqueceu-se quase completamente da perspectiva da Beth.
E não sei se é implicância minha, mas o personagem Wally tinha muito cara de fake. O cabelo e a barba dele tinham cara de coisa postiça. Me dava um troço toda vez que ele aparecia.
O Refúgio
3.3 69 Assista AgoraO roteiro é uma pérola: a casa, o cavalo, a escola, a iluminação, a trilha sonora (etc.etc.etc.) tudo conta a estória do filme. Tudo conspira para adensar os estados de espírito dos personagens e o sentido de seus relacionamentos uns com os outros. Este é daqueles filmes em que tudo que acontece e aparece é de caso pensado.
O ritmo pode ser um pouco lento para quem espera um drama mais agudo e catártico, mas tudo fica devidamente compensado e equilibrado no correr da trama. A classe das cenas ao redor da casa é estonteante. O filme é lindo e um tanto perturbador, cumprindo também com mestria sua crítica social da ganância e do arrivismo, e sua exploração psicológica dos efeitos colaterais disto.
Um Mundo Perfeito
4.0 248 Assista AgoraPerto de outros grandes filmes que formam a galeira do Clint, esse acaba passando despercebido, mas é um ótimo filme. Tem a assinatura ideológica conservadora do diretor, mas com uma humanidade muito sensível e delicada, que desafia a medula casca grossa da linguagem e dos personagens. O final arranca lágrimas e aperta o peito.
O personagem do Kevin Costner é muito interessante e cheio de nuances. O fato de ele ter o que em termos freudianos talvez se pudesse chamar de "complexo paterno" define o arco dramático do filme, dando-lhe sentido (em termos mais filosóficos) e direção (em termos de enredo). A alternância de dois núcleos dramáticos estabelece um ritmo narrativo ágil e faz adensar a ambiguidade do protagonista: se por um lado vemos ele se comportar de modo bondoso com o molequinho, de outro somos constantemente lembrados de que a roadtrip em que eles estão é um sequestro.
A Galeria dos Corações Partidos
3.5 95Bobinho, clichê, previsível, mas bem executado. Ou melhor: bem executado, mas bobinho, clichê e previsível.
Tenet
3.4 1,3K Assista AgoraEu sinceramente não sei avaliar se esse filme é coerente. Me deu nó na cabeça. Pode ser brilhante ou medíocre, não dou conta de descobrir.
Como impressão mais empírica, digamos assim, me deu cansaço. Parece que aumentou demais a complexidade da premissa, tornando o filme intrincadíssimo de se acompanhar, sem conseguir elevar ao mesmo patamar as cenas de ação e a atuação dos personagens. Se comparado com 'Inception', 'Tenet' perde. Enquanto aquele é ágil e engenhoso, este está mais para pesadão e intrincado.
Fuja
3.4 1,1K Assista AgoraPerturbador. Um pesadelo feito de coisas simples, um suspense que não não se contenta em te assustar, quer também poder falar de questões psicológicas e subjetivas tais como
a mãe-corujice da mãe, que é elevada à enésima potência até chegar ao grotesco que constitui, por fim, a parte de terror propriamente dito do filme. Ao fim e ao cabo, quem sabe possamos dizer que é um filme sobre os dilemas da maternidade; uma exploração, via terror, das angústias dos pais diante do "ninho vazio".
Um filme para mostrar às mães superprotetoras, hahaha.
Deixe-o Partir
3.3 79 Assista AgoraGrata surpresa! Despretensioso e com tudo muito encaixado e justinho. O roteiro impõe um enredo com ritmo e muito seguro de seu drama, o diretor é muito competente em encontrar a moldura certa para adensar o subtexto desse drama e Diane Lane e Kevin Costner estão muito discretamente excelentes. Pareceu um 'faroeste moderno', na linha de 'Hell or high water' e 'Onde os fracos não têm vez' (embora não no mesmo patamar desse último).
Um ponto que achei digno de nota nesse filme foi o uso muito inteligente da iluminação para construir a narrativa e os personagens. Compare a casa do início do filme, super iluminada e arejada, e a cena do jantar com os Weeboy lá pela metade. É tudo muito bem pensado e montado.
Destruição Final: O Último Refúgio
3.2 583 Assista AgoraFraquinho que só. Não sei se foi porque estou com o '300' na memória, mas o Gerard Butler envelheceu pra cacete, né? A vida tratou ele mal de lá pra cá.
Clube da Luta Para Mulheres
2.4 20 Assista AgoraNossa mãe, que filme ruim. Vai uma estrelinha em consideração ao Alec Baldwin.
O momento que ficou na memória nesse mar de porcaria foi quando a protagonista leva uma cocada na virilha. Tudo aquilo é extremamente desnecessário (do ponto de vista do roteiro, só serve para o médico confessar que não transou com a outra) e sem sentido (quem fica batendo bola com um coco?).
Wittgenstein
4.1 39O Terry Eagleton é um dos roteiristas do filme! Só isto já valeria para me fazer assistir. Para além disto, contudo, há uma biografia idiossincrática para fazer jus à idiossincrasia de Wittgenstein. Achei muito bem pensado e com um estofo de erudição que não se torna maçante apesar de todo o aspecto conceitual do filme (marciano, fundo escuro de teatro etc.).